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MAURICIO
CERSOSIMO
Novamente a caminho
de Nova York, produtor e
engenheiro conta a sua
história profissional
O
INFECTED PRODUÇÃ IVO
I CA AO V
N
TÉC ZER PARA O
MUSHROOM PUSHER O QUE FA ONAR?
NCI
Waves Signature Series chega SHOW FU
à música eletrônica
INSPIRAÇÃO E
lucinda@musitec.com.br
Edição jornalística: Marcio Teixeira
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi
54
58
capa
iluminando
Casa Iluminada – Wesley
Quanto vale seu suor? Relação entre arte e
Safadão grava DVD em Fortaleza
trabalho e quanto cobrar por seus serviços
com luz artística e arquitetural
por Rodrigo Sabatinelli por Rodrigo Horse
PRODUTOS .................................. 50
EM FOCO .................................... 52
NoTíCiAs DE MERCADO
AM&T
poucas que lá estiveram acabaram concentrando
toda a atenção de quem tem interesse pelo setor.
Mas, de fato, praticamente não se viu luz na feira.
Responsável pelo primeiro alto-falante dedicado para gabinetes de guitarra, os falantes da Celestion estão associados a apre-
sentações memoráveis de guitarristas como Jimi Hen-
Divulgação
drix e Slash até as atuais gerações de solistas mundial-
mente consagrados. Os falantes e drivers da Celestion
equipam algumas das caixas acústicas mais renomadas
do mundo, como EAW, Fender, Mackie, Marshall, QSC,
Renkus-Heinz e Yamaha, entre outras.
O encontro será dividido em quatro áreas: área de formação – espaço de realização de workshops e ações de qualificação
técnica, com transmissão via internet; área de exposição – espaço destinado para montagem de exposições de empresas,
equipamentos e serviços; área de informação – espaço destinado à realização de palestras e apresentações expositivas das
instituições e parceiros do evento; e área de negócios – espaço destinado à promoção de encontros de negócios, previamente
agendados e articulados por meio de metodologias consagradas de promoção de negócios.
E como forma de estimular o segmento de Artes e Entretenimento, o IATEC, em parceria com o Espaço Cultural Escola Sesc
promovem a segunda edição do Prêmio Profissão Entretenimento – 2016, que premiará profissionais nas categorias Produtor
de Eventos, Produtor de Shows, Iluminador de Shows,
Divulgação
Divulgação
históricos, certificado e adesivo comemorativos, foto- “Para nós, é uma grande emoção e honra celebrar este
grafias e manual do usuário em versão retrô. marco histórico, e mal podemos esperar para conhecer as
experiências de fãs do SM58 no mundo inteiro”, concluiu.
Além do modelo especial de aniversário, a Shure irá
doar unidades do SM58 autografadas por Lulu Santos, www.shure.com
Chitãozinho e Xororó, Diogo Nogueira, Aline Barros e br.shure.com
Divulgação
horizontal de 130° e vertical de 20°. Faz parte do conjunto também um subwoofer de 18”.
Entre as quatro opções de processamento definidas estão “Voice”, que apresenta nitidez e fidelidade na voz,
“Acustic”, que permite cortes perfeitos para bandas e conjuntos musicais, “Flat”, para uma livre equaliza-
ção, e “DJ”, especialmente desenvolvido para quem deseja um boost nas frequências baixas. De acordo
com a fabricante, essas configurações geram um timbre único, característico da TGR.
www.taigar.com.br
us.focusrite.com
www.habro.com.br
Esta linha de amplificadores de uma unidade de rack é a extensão da já consagrada linha DB Series. Seus diferenciais são os
terminais Euroblock e Speakon em suas saídas, filtros passa-alta e passa-baixas, modo normal e bridge, além de outros diferen-
ciais oferecidos pela linha DS e QS, como módulo de amplificador Classe D e fonte linear para uma maior segurança e resposta.
A linha é composta por um total de sete equipamentos: o DS 400, com 2 x 200 W RMS 4 ohms; DS 800, que traz 2 x 800
RMS 4 ohms; DS 1.2k, com 2x600 RMS 2 ohms; QS1200 (foto) e seus 4 x 300 W RMS 4 ohms; QS1600, com 4 x 400 RMS
4 ohms; QS 1.2k, com 4z300w RMS 4 ohms; e
DS800/70v, que possui 2 x 400 W em 70 volts.
Divulgação
www.dbseries.com.br
MarcELinHo
GuErra
M
úsico, produtor musical e engenheiro timos anos produziu mais de 300 canções, lançadas
de gravação, mixagem e masterização, em singles, EPs, CDs e DVDs, e, hoje, além de admi-
Marcelinho Guerra é também sócio de um nistrar o Locomotiva, viaja o país ao lado de Wilson
dos mais bem equipados estúdios de Belo Horizonte, Sideral, artista com o qual trabalha há seis anos.
o Locomotiva, por onde já passaram artistas como
Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Otto, Rogério A seguir, as preferências do profissional, que sonha
Flausino, Flávio Renegado, Toninho Horta e Samuel trabalhar para sempre com nomes ligados 100% à
Rosa, entre muitos outros. música e à arte.
Aos 11 anos de idade, quando montou sua primeira MICROFONES: Gosto muito do TM-1, da Pearl-
banda, “um poderoso power trio”, ele se viu literal- man Microphones, que é um clone do U47, da Neu-
mente apaixonado pela música, e desde então não mann. Trata-se de um mic valvulado, de cápsula
se distanciou dela. De lá para cá, saboreou cada eta- larga, que acabou se tornando o meu preferido
pa de sua evolução, que, como ocorre com parte dos para captação de voz, dentre outras aplicações,
jovens nessa faixa etária, iniciou-se, basicamente, como, por exemplo, em gabinetes de baixo e gui-
nas descobertas e nos experimentos. tarra. Ele tem muito “corpo” e, mesmo nas vozes
mais estridentes, soa macio. Curiosamente, o me-
“O pai do baterista [da banda] montou um estúdio lhor som de violão de aço que já tirei na vida foi
para que nós ensaiássemos durante os finais de se- com ele. Mas engana-se quem pensa que é um
mana. Eu, como sempre fui muito curioso, adorava microfone fácil de lidar. Por ter muita sensibilida-
estar lá, mexendo em tudo, testando todas as pos- de, ele capta muito as salas e qualquer mudança
sibilidades”, lembra Marcelinho, que ao longo dos úl- de angulação já modifica o som do instrumento.
Produção
técnica ao vivo
O que podemos fazer para o
show funcionar? (Parte 1)
N
este artigo, assim como fiz
Desta vez falarei sobre um profissional que está do tamanho do evento, do que será necessário para
envolvido não só com o áudio, mas com todos os que este evento funcione. O produtor técnico res-
outros aspectos técnicos dentro de um show. Na ponde a um produtor executivo e deve estar prepa-
verdade, ele deve entender bem de tudo o que rado para prever problemas e apresentar soluções.
acontece tecnicamente e logisticamente dentro
do universo de um show ou de um evento com De uma forma geral, produtores técnicos são pessoas
diversos aspectos técnicos (iluminação, sonori- que já possuem alguma experiência de trabalho técni-
zação, projeção, energia elétrica, carregadores, co dentro de um show. Muitos já trabalharam ou ainda
horários etc.). trabalham com sonorização ou iluminação, outros fo-
ram roadies... O mais importante é terem um conhe-
Este profissional é o produtor técnico. Como o nome cimento geral dos aspectos técnicos, um bom senso
já diz, é a pessoa ou pessoas responsáveis por to- de organização e planejamento, pois boa parte do seu
dos os fornecedores. Suas atribuições vão depender trabalho será feito na pré-produção.
A pré-produção pode ser dividida em partes. Vere- Quando o produtor técnico tem um pouco mais de
FORNECEDORES
DE SERVIÇOS
Baseado nas informações O produtor técnico deve perceber quando pedidos desnecessários
colhidas nesta primeira são feitos, para, assim, evitar desperdício no orçamento
reunião técnica, um bom
produtor técnico reconhecerá as necessidades téc- nico. Um bom produtor técnico deve saber o que
nicas do evento e poderá, então, preparar uma lista é essencial e o que pode ser supérfluo dentro das
de fornecedores que irão prover os equipamentos necessidades que lhe foram pedidas na reunião de
necessários. As suas escolhas podem representar produção, assim como conseguir identificar os for-
uma grande economia ou um grande gasto para o necedores certos para cada tipo de evento.
evento, além de poder comprometer tecnicamente
todo o trabalho. Muitas vezes o produtor técnico precisa atender a
necessidades estabelecidas por terceiros, principal-
Em eventos de grande porte poderemos encontrar mente quando existem bandas envolvidas. Alguns
mais de um produtor técnico trabalhando em seg- pedidos podem ser claramente desproporcionais ou
mentos diferentes. Por exemplo, um produtor pode desnecessários, e cabe ao produtor técnico consul-
ficar com iluminação, sonorização e painel de LED tar o produtor executivo se tais pedidos devem ou
(palco), enquanto outro pode ficar com geradores, não ser atendidos, pois, antes de mais nada, po-
barricadas e estruturas (extra palco). Assim não ha- dem gerar gastos elevados.
verá sobrecarga de trabalho e os produtores pode-
rão ficar mais focados nas suas áreas. VISITAS TÉCNICAS
Normalmente, o produtor técnico escolhe dois ou Ainda dentro da pré-produção, uma outra ativi-
três fornecedores de cada área com a qual irá traba- dade importante que acontece é a visita técnica.
lhar e então tem início a troca de informações para Depois de estabelecidas algumas necessidades em
que estes possam começar a pensar em necessida- termos de equipamentos, sempre é bom que tanto
des técnicas e valores. Neste momento, o melhor é o produtor técnico quanto os representantes dos
ser o mais realista possível com os fornecedores: fornecedores possam ir ao local do evento para
nada de esconder informações ou minimizar o servi- entender como as coisas irão funcionar. Estas visi-
ço para conseguir preços mais baratos. tas podem ser marcadas com vários fornecedores
em diferentes dias ou horários.
Saber falar “tecnicamente” com os fornecedores
e “financeiramente” com as pessoas do dinheiro é O representante técnico de cada fornecedor deve
uma qualidade que procuramos no produtor téc- fazer as suas anotações (tudo relacionado às suas
ÚLTIMAS
ETAPAS DA PRÉ-
PRODUÇÃO
Espaço para os caminhões é um dos pontos a serem Uma vez estabelecidas
vistos pelo produtor técnico na visita técnica todas as necessidades
técnicas para o evento,
necessidades) e, principalmente, checar se o que o produtor técnico se reúne novamente com o pro-
lhe foi informado pelo produtor técnico bate com dutor executivo para que possam analisar os orça-
o que ele está vendo no local. Tamanho do local, mentos mandados pelos fornecedores e finalmente
estrutura, acessos e todos os demais detalhes definir quais deles participarão do evento. Mais uma
são importantes, pois o orçamento final pode de- vez poderão acontecer discussões sobre qualidade
pender deles. técnica vs. preço, porém a palavra final normalmen-
te é do produtor executivo.
Durante a visita técnica, o produtor técnico deve fi-
car atento a detalhes referentes aos fornecedores e Quando finalmente forem escolhidos todos os for-
ao local propriamente dito, como acesso dos cami- necedores, o produtor técnico precisa estabelecer
nhões, posicionamento dos geradores (se forem ne- um contato direto com eles. Deve ficar claro que o
cessários), acesso dos equipamentos ao palco (será produtor técnico não é responsável por pagamentos
apenas um ou mais?) e disponibilidade de espaço para (isto fica a cargo do produtor executivo). Neste mo-
o armazenamento de cases vazias. Algum fornecedor mento, o produtor técnico deve colher informações
pode atrapalhar o outro na sua montagem? secundárias dos fornecedores, como acessos, carre-
gadores e tempo para montagem e desmontagem.
Depois de um tempo participando de reuniões téc-
nicas, posso afirmar algumas coisas: sim, eu acho Depois deste levantamento o produtor técnico pode
que elas são necessárias e importantes para um começar a elaborar o cronograma que será entre-
bom trabalho, porém nem sempre o que se diz, o gue aos fornecedores. Quanto mais específico este
que se vê ou o que se combina em uma reunião cronograma, melhor – com horários de chegada dos
técnica é o que realmente acontece. Isto se dá por caminhões (nem todos podem ou devem chegar ao
diversos motivos, e nem sempre existe apenas um mesmo tempo), chegada dos técnicos, início da
culpado. É bom ficar atento a possíveis mudanças, montagem, ensaios, shows, desmontagem, saída
que certamente ocorrerão. dos caminhões etc.
Representantes de fornecedores e produtores téc- Quanto mais fornecedores e mais pessoas traba-
inFEctEd
MuSHrooM PuSHEr
Waves Signature Series chegam à música eletrônica
J
á fizemos diversas resenhas e artigos sobre plug-ins
da Waves desenvolvidos em parcerias com grandes
produtores e engenheiros de som da música pop/
rock como Eddie Krammer, Joseph Puig, Greg Wells e Tony
Maserati, entre outros.
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os trei-
namentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha Sonora, Gravação e Mixagem
de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br
Mauricio
cErSoSiMo
Em detalhes, a história do produtor e engenheiro
brasileiro, novamente a caminho de nova York
N
osso encontro com o produtor e engenheiro ainda espera do universo da produção musical.
de gravação e mixagem Mauricio Cersosimo
– que, de 1995 até hoje, finalizou uma infi- Comemorando pouco mais de duas décadas de car-
nidade de trabalhos de nomes como Ney Matogros- reira, ele – que fez parte do staff do Skyline, um dos
so, Skank, Lobão, Titãs, Emicida, Sepultura, Max de mais movimentados estúdios de Nova York, e man-
Castro e Nando Reis, entre muitos outros – havia teve no Brasil, até então, o Mix Nova, seu estúdio
sido planejado para 2011. Quis a vida, então, que particular – está de malas prontas para uma nova
levasse mais cinco anos para que, de fato, rolas- empreitada: reinventar-se e reafimar-se profissio-
se um super bate-papo sobre suas preferências por nalmente na cidade que muito bem o acolheu quan-
equipamentos, sua forma de trabalhar e sobre o que do ainda era um mero estudante do SAE Institute,
Fiquei três anos à frente do Ouvir, e nesse período Sim. O Ron [Allaire], sócio e engenheiro chefe do
gravei um sem-número de bandas e artistas, en- estúdio. Uma entidade em gravação e mixagem,
tre eles o Sepultura, que fez com a gente a pré- com quem tive o prazer de trabalhar em diversos
-produção do disco Sepulnation, produzido pelo projetos. Na verdade, Ron me ensinou muito do que
Steve Evetts. Em determinado momento, a econo- sei. Não somente pelo fato de ser um engenheiro
mia se estabilizou no Brasil, o dólar se manteve em ultraexperiente, que gravou de Ramones a Pantera,
paridade com o real, e entendi que era a hora de ir. passando por Bad Brains e Keith Richards, mas por
Além do mais, eu já pensava em estudar áudio e me mostrar desde como ouvir as coisas no estúdio
produção musical no SAE Institute, de Nova York, o até o que fazer diante de uma máquina de rolo des-
que, de fato, acabou acontecendo. calibrada e de uma mesa “travada”.
Mas o mais curioso foi que, ao final do curso, eu O Ron tinha toda aquela bagagem do som clássi-
acabei parando no Skyline, tradicional estúdio da co de Nova York, que veio do Media Sound Studios,
cidade por onde passaram nomes como Madonna, do jeito de usar os compressores em multi-bus, e,
David Bowie, Eric Clapton, Mariah Carey, Stee- nas horas de folga, construia pré-amplificadores de
ly Dan, Chic e até Marisa Monte, entre muitos microfone para o Lenny Kravitz. Ele era e ainda é,
alugou o espaço para gravar os ensaios de seu novo gravar, produzir etc. Encontrei um local próximo de
show, o Inclassificáveis. casa, que me pareceu ideal, e ali fundei o Mix Nova.
Como foi essa passagem pelo Na Cena? E de que forma o Renato auxiliou na montagem
desse estúdio?
O estúdio ainda não estava totalmente pronto,
mas conseguimos fazer os últimos ajustes “em Bem, primeiramente ele representa a WSDG, que,
cima do laço” e o trabalho acabou rolando. Deu na minha opinião, faz os melhores projetos acústi-
tudo tão certo que o Ney decidiu gravar e mixar cos do mundo. Além disso, a gente sempre falou a
o disco lá comigo. E foi ótimo, pois se tratava de mesma língua em termos técnicos e musicais. Rena-
um projeto que era a minha cara. Um projeto que to me trouxe, ainda, a informação de que o André
marcava a volta dele ao rock. Além do disco de [Rafael, então dono do AR Studios] iria se desfazer
estúdio, indicado ao Grammy, ainda no estúdio fi- dos seus equipamentos para se dedicar aos negócios
nalizei o DVD desse espetáculo, além de muitos da família. Naquele momento eu não tinha a pre-
outros trabalhos. tensão de adquirir uma SSL 4000 G [que pertencia
ao AR], mas acabei pensando no caso, e, por fim,
Depois do Na Cena, fiquei um ano de freelancer e comprei a mesa e alguns outboards, como os Urei
fui para BH gravar o Estandarte, do Skank, produ- 1176, dentre outros, que pertenciam a ele. O André,
zido pelo Dudu Marote, que se tornou um grande na real, foi muito generoso e facilitou a negociação
parceiro e por quem tenho grande admiração. Na- o máximo que pôde. Não fosse isso, eu não teria
quele momento, saquei que ter novamente o meu ficado com os equipamentos.
próprio estúdio era a única saída, afinal de contas,
os orçamentos não contemplavam mais engenheiros Com que artistas você trabalhou no Mix Nova?
e salas separadamente.
Nos últimos anos, aqui no estúdio, que agora será
Conversei, então, com o Cipriano [Renato, enge- tocado por outra pessoa, gravei e/ou mixei de tudo.
nheiro acústico] e decidi montar uma sala num lu- De Lobão a Emicida, passando por Marcelo D2, Ti-
gar pequeno, mas que comportasse toda e qualquer tãs, Sepultura, Max de Castro, Nando Reis, Toyshop
produção que caísse na minha mão. Meu foco, na e Rael, entre muitos outros. O legal de atuar com
época, era mixar discos, mas, claro, estava aberto a alguns desses artistas foi ter a liberdade de impri-
mir a minha assinatura no
trabalho deles. Na minha
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
compressão, mas mais para timbrar
do que para comprimir. Diante desse
tipo de equipamento, eu gosto de ir
ao limite, de gerar uma sonoridade a
partir desse limite, pois acredito mui-
to na força de um timbre numa mix.
Arquivo Pessoal
fluenciou?
Arquivo Pessoal
mixa um trabalho? Existe uma
fórmula, um “caminho”?
a Hora
do BraZa
Novo projeto de ex-integrantes
do Forfun ganha a estrada
A
pós 15 anos de estrada, os cariocas do For- grupo mal havia lançado,
fun anunciaram, no ano passado, que dariam comprovando mais uma
um tempo. A “aposentadoria merecida”, ter- vez a força das composi-
mo utilizado pelos integrantes da banda, acabou ga- ções de Danilo & Cia.
nhando novos contornos e o surgimento do Braza,
projeto atual de três dos quatro músicos, acabou Em entrevista com Marcos
preenchendo uma lacuna que, por um curtíssimo es- Doñate, técnico de PA que,
paço de tempo, atingiu os fãs da rapaziada. assim como os músicos,
é oriundo do Forfun, co-
O primeiro show do Braza “em casa”, ou seja, no nhecemos um pouco mais
Rio de Janeiro, se deu no Circo Voador em junho sobre o que eles vêm uti-
passado. A expectativa, que já era das maiores, lizando na estrada e quais
conseguiu pegar de surpresa a banda, que subiu são as dificuldades enfren-
ao palco diante de uma plateia que lotou o lugar tadas na rotina que todos
e cantou, curiosamente, todas as músicas que o ali conhecem muito bem.
SHURE NA CAPTAÇÃO
Nos tambores do instrumento, o técnico utiliza os
Para a captação dos instrumentos e das vozes, por Beta 98, no entanto, quando estes modelos não
exemplo, ele conta que solicita, basicamente, micro- estão disponíveis, ele opta pelos MD 421 ou pe-
fones Shure “pela qualidade e disponibilidade” por los e604, da Sennheiser. “Mas somente em último
parte das empresas de sonorização. “Mas não tenho caso!”, afirma.
ressalvas a outras marcas, como AKG e Sennheiser,
que também têm opções bem legais”, diz. A captação do baixo, que passa por um direct
box, é feita com um MD 421 ou com um D112,
No bumbo da bateria são usados, em conjunto, da AKG. “Essa soma”, diz ele, “pinta no PA ora de
o Beta 92 e o SM91, que têm seus timbres cui- forma mais grande, ora com médias [frequências]
dadosamente fundidos na mix para o PA. Na cai- mais presentes”.
xa, como de costume, a opção se dá pelos SM57,
que, por serem direcionais, atuam muito bem na Já as guitarras, que também passam por DIs, rece-
Caio Humberto Ferreira
bem os SM57, prioritariamente, ou os 609, “ambos a mix o mais equilibrada possível, com pressão so-
responsáveis por captarem a essência dos instrumen- nora adequada e, claro, as vozes em primeiro plano.
tos”, justifica, acrescentando, por fim, que as vozes
recebem os modelos com e sem fio do clássico SM58. As automações de volumes, diz ele, são feitas so-
mente em casos de necessidade, mas os efeitos,
Sobre o posicionamento desses microfones, Marcos como reverbs, usados na bateria, na percussão, nas
conta que costuma sempre mantê-los próximos das vozes e nos sopros, e delays, também lançados em
fontes emissoras – obviamente, quando não são percussões, vozes e sopros, são muito presentes.
muito altas – e voltados para suas regiões centrais.
“Eles [os delays], inclusive, atuam de forma artística
“Com isso”, diz ele, “obtém-se uma captação mais sob os arranjos quando lançados com tempos mais
real. Porém, quando quero um timbre mais voltado longos e feedbacks mais curtos. Isso é uma caracte-
para o médio-agudo, posiciono os microfones a 45 rística do estilo musical da banda, que tem bastante
graus da fonte”. influência do reggae, do ragga e do hip-hop”, explica.
EXPLorando
PartE 2
aS EntranHaS
do LoGic coM
o EnvironMEnt
dando sequência à nossa exploração no
ambiente menos explorado – porém muito
útil quando compreendido – do Logic Pro X
C
onforme prometido, eis a segunda parte da série seu estúdio, predominantemente aqueles baseados no
“Explorando as entranhas do Logic com o Envi- famoso protocolo MIDI. Consequentemente, a partir do
ronment”. Nela, daremos sequência, obviamen- momento em que estivermos satisfeitos com nossa con-
te, à primeira parte, publicada na coluna passada, onde figuração, podemos salvar todas as conexões como um
fiz uma pequena introdução sobre o que se trata, incluin- template de usuário para futuras produções.
do uma informação básica, que diz respeito às diferentes
interfaces, ou melhor, camadas, utilizadas para visuali- Para entender melhor a relação entre um canal e um
zar seu projeto da forma mais adequada, dependendo objeto – e a diferença entre os dois –, basta criar, por
de cada situação. exemplo, um track de instrumento virtual (Software
Instrument) e gravar ou desenhar algumas notas MIDI.
Apesar da semelhança com o Mixer – pois a camada pa- Logo descobriremos que regiões com conteúdo MIDI po-
drão que visualizamos, ao abrir o Environment, é jus- dem ser facilmente indexadas a qualquer outro objeto
tamente uma versão mais complexa dessa janela –, o capaz de lidar com MIDI, sem a necessidade de se criar
buraco é bem mais embaixo. Trata-se de uma represen- um novo canal ou mesmo copiar a mesma região para
tação virtual não apenas de todos os objetos presen- outro. Isso significa que diversas fontes sonoras podem
tes num determinado projeto do Logic, como também estar conectadas a uma mesma região, o que facilita
de todos os elementos físicos conectados no set up do muito as experimentações sonoras, especialmente com
sintetizadores externos. Lembre-se de que estamos
falando de MIDI, não de áudio, neste caso.
André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, mendões. Atualmente finaliza o projeto Fora do Ritmo, um disco autoral
TV, publicidade e cinema. Já trabalhou como roteirista nos canais Te- com 12 bateristas, entre eles Wilson das Neves, Pupillo, Guto Goffi,
lecine e Multishow. Assinou a direção musical de espetáculos teatrais Marcelo Callado, Bacalhau (Ultraje a Rigor) e Rodrigo Barba, entre ou-
como “Medea en Promenade” e “O Médico que Tinha Letra Bonita”. tros. Acesse foradoritmo.com e descubra mais.
O SuperStudio é a sua casa e também de artistas que passam por lá.
Alguns deles chegam ao mundo através do selo Super Discos. Como andre@suprasonica.com.br
músico, gravou e lançou discos com bandas como Acabou la tequila, www.superstudio.com.br
Matanza, Beach Lizards, Nervoso e os Calmantes e Lafayete e os Tre- www.facebook.com/DesafiandoLogic
FraSEoLoGia
MuSicaL aPLicada
À MaStEriZação
E
xiste um conceito que me parece ser é obrigatório para profissionais de estúdio.
entendido intuitivamente por todos
que trabalham com música, mas que O pulso é a divisão do discurso musical em “tem-
é pouco racionalizado, principalmente no pos”, subdivisões regulares que marcam o anda-
campo da operação de estúdio: é a ideia de mento da música. Apesar de regulares e aparen-
“pulso”, ou “tempo musical”. Não vou usar temente iguais, algumas dessas subdivisões dão
partituras ou escrita musical para falar des- uma sensação maior de repouso ou chegada, ou-
tes assuntos, porque a ideia é falar de forma tras simplesmente geram movimento. Essa sen-
intuitiva, dentro da área de atuação do enge- sação de estabilidade costuma acontecer a cada
nheiro de áudio. Claro que saber ler partitu- dois, três, quatro ou mais tempos – esses pontos
ras é um complemento importante, mas não são os chamados “tempos fortes”.
quer dizer, na “cabeça”, ou início do compas- O que isso tem a ver com o tempo de entrefai-
so. Cabeça em francês se diz “tête”. Por isso a xa? Se pensarmos musicalmente, a entrefaixa
melodia que começa na cabeça do compasso é deve criar uma conexão entre as músicas. A sua
chamada de “tética”. duração é muitas vezes medida em segundos,
mas, se a gente pensar musicalmente, é muito
“O Cravo Brigou Com a Rosa”, com compassos mais interessante se a entrefaixa usar como re-
de três tempos, tem sua primeira sílaba no ter- ferência o tempo musical – um ou dois compas-
ceiro tempo, que é o último tempo do compas- sos, em vez de segundos. Para que a conexão
so, um tempo “fraco”. A sílaba que cai no tempo faça sentido, usamos como referência o pulso
forte é “cra”, primeira sílaba da palavra “cravo”. da música que está acabando, e encaixamos a
Acontece uma nota de preparação na palavra faixa seguinte nesse pulso, de forma que o seu
“o”. É uma nota que gera movimento antes de tempo forte caia no tempo forte do compasso,
chegar ao tempo forte. Essa nota que antecede usando como referência a faixa que terminou.
o tempo forte se chama “anacruse”, e esse tipo
de melodia é chamada de “anacrústica”. Se tivéssemos um CD com “Atirei o Pau no
Gato” tocado duas vezes, contaríamos um ou
Em “A Barata Diz Que Tem”, o tempo forte cai dois compasso após “no berro que o gato DEU”,
na palavra “tem”. Para que isso aconteça, a fra- e entraríamos novamente no tempo forte com
se começa no segundo tempo do compasso. A “AAAA-tirei o pau no gato-to”. A escolha de um
palavra “A”, de “A barata”, cai no tempo dois, ou dois compassos depende da velocidade ou
tempo fraco, o que faz com que a frase comece agilidade que a gente quer dar ao disco. Pes-
com um silêncio no primeiro tempo, tempo for- soalmente, gosto de discos ágeis, mas tendo a
te. Como a cabeça do compasso tem um silên- deixar um tempo maior quando há uma diferen-
cio, dizemos que esse tipo de frase é “acéfala”, ça muito grande no clima ou no andamento de
ou sem cabeça. faixas consecutivas.
Wiki Images
Rodrigo Lopes é engenheiro de áudio graduado na Berklee College of Music e bacharel em Música pela Universidade de
Brasília. Indicado ao Grammy 2015 na categoria Engenharia de Áudio e ganhador do Prêmio Profissionais da Música 2015 na
categoria Engenheiro de Mixagem, trabalhou na Visom, PolyGram, Herbert Richers e Biscoito Fino. Atualmente leciona maté-
rias de áudio e de música na Faculdade Souza Lima, em São Paulo. Site: www.rodrigodecastrolopes.com.br
N
o fim dos anos 1960, a empresa Automated tação do circuito dentro do módulo.
Processes Inc., hoje mundialmente conheci-
da como API, colocou em prática o conceito de Outra grande vantagem criada pela padronização das
console modular, que consiste em um mixer em que os dimensões dos módulos foi a possibilidade da mudança
processadores de sinais eram montados a partir de um na ordem entre equalizador e compressor ou ainda a
encaixe padrão. Essa configuração dimensional forne- composição de variados modelos de módulos para os
cia aos seus clientes um mixer funcional e montado diferentes canais do console. Por fim, a criação de um
sob medida. Nesse momento da história, outras em- console a partir de módulos série 500 aproximava o
presas, como a Allison Research, DBX e Valley Audio, produtor fonográfico do conceito de “suitable”. Ou seja,
também apostaram em criar soluções em áudio basea- se necessário, o produtor poderia possuir diversos mo-
das no conceito de módulos conectados por encaixe. No delos de compressores e equalizadores (figura 2), os
entanto, foi com a série 500, da API, que o conceito de quais seriam montados de acordo com a necessidade
mixer modular ganhou notoriedade no console API 3208. do projeto a ser gravado. Além disso, a padronização
das dimensões dos módulos e do sistema de alimen-
A PADRONIZAÇÃO tação elétrica proporcionou a diminuição do custo de
produção de cada módulo, tornando-o muito atraente
O conceito de módulo série 500, criado pela API, parte da se comparado aos consoles Neve e SSL.
padronização dimensional dos pré-amplificadores e pro-
cessadores de áudio. Sendo assim, independentemente
do tipo de processador, circuito ou recurso, todos os mó-
dulos deveriam ser acondicionados em baias com dimen-
sões predeterminadas (figura 1). Além das dimensões
padronizadas, também foram padronizadas as voltagens
de alimentação, o projeto do circuito de entrada e saída
de áudio e o tipo de encaixe entre o módulo e o console
(pins). Sendo assim, cada módulo recebia a alimentação
de energia de um power supply externo, não sendo neces-
sária a inclusão de pesados transformadores para alimen- Figura 1 – Visão interna da lunchbox API
ESQUECIMENTO
Foi então que a API, a partir de sua
reestruturação comercial, colocou no
Apesar de todas as vantagens tra-
zidas pela série 500, a API passou mercado seu antigo projeto de Lunch
por um período de ofuscamento de- Box, que consiste em uma “lanchei-
vido ao grande desenvolvimento de ra” com oito baias para módulos série
grandes fábricas de consoles como 500 alimentados um power supply de-
a Neve, Harrison, SSL e, finalmente, dicado. Uma das particularidades da
a colossal Yamaha. O principal ponto Lunch Box API era a possibilidade do
negativo para os sistemas modula- cliente poder montar sua configuração
res da série 500 foi a dificuldade de com oito canais com um módulo cada,
implementação do Total Recall. Com ou quatro canais com dois módulos
a entrada dos anos 1980 e o surgi- em série (um pré + um processador).
mento dos sistemas computacionais Figura 2 – Módulo pré- Além disso, o cliente poderia combinar
para controle de dispositivos de áu- amplificador modelo 535 diversos modelos de preamp, com-
dio, muitos fabricantes de consoles pressor e/ou equalizadores de acordo
apostaram em um recurso que possibilitava a armazena- com sua necessidade, podendo ainda comprar os módulos
gem e recuperação das posições dos parâmetros de cada gradativamente até completar as baias da Lunch Box sem
processador no canal da mesa. que isso impedisse o funcionamento parcial dela.
“...de olho no mercado internacional” dos módulos série formação importante é que podemos comprar módulos
500, as consagradas AMS Neve, SSL e Rupert Neve De- preamp série 500 desenvolvidos e fabricados no Brasil
signs colocaram no mercado produtos no formato série pela Deep Blue Audio, que vem realizando um belíssimo
500. Inclusive, módulos como os lendários Neve 1073 e esmerado trabalho de pesquisa e desenvolvimento de
e SSL G-Master Buscomp foram adaptados para a série produtos originais (figura 6).
500 e em pouco tempo também foram absorvidos pelo
mercado “alternativo”. Atualmente, uma grande variedade conSidEraçÕES FinaiS
de processadores consagrados pode ser encontrada nas
versões original, réplica ou kit para montar em casa. Ta- Certamente o investimento em outboards série 500 é
manho foi o impacto causado no mercado que a Vintage de longe um dos melhores investimentos em equipa-
King, loja especializada em outboards e consoles de alto mentos que um estúdio pequeno pode fazer. Seja pela
desempenho, tem uma sessão inteira em seu site dedica- maior aceitação mercadológica dos modelos clássicos
da aos módulos série 500, oferecendo produtos que vão ou pela relação custo-benefício das réplicas e/ou de-
de US$ 200 a US$ 3.000 (figura 4). senvolvimentos originais recentes, a série 500 consoli-
da-se como um bem durável, portátil e, principalmen-
Outro produto importante lançado no mercado interna- te, muito barato, comparado aos recursos hi-end para
cional em 2014 foi o console SSL XL-Desk, que consiste racks ou em forma de console.
em um mixer ana-
lógico/digital que Sendo assim, para
conta com 16 baias você que está pen-
para módulos série sando em investir
500 insertáveis nos algum recurso finan-
canais. Vale lembrar ceiro na aquisição de
que no ano passa- equipamentos para
do o curso de Pro- seu estúdio, consi-
dução Fonográfica dere a possibilida-
da Fatec-Tatuí teve de de iniciar seu kit
a oportunidade de com uma Luchbox
testar uma SSL XL- e um bom preamp
-Desk que nos foi clássico, e já prepa-
trazida pelo Conrado re a poupança para
Ruther, representan- os próximos módu-
te da SSL no Brasil los, que certamente
Figura 5 – SSL XL-Desk com 16 baias série 500
(figura 5). Outra in- virão. •
José Carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de Gravação e Acústica Aplicada ao Ins-
trumento. E-mail: cravelha@gmail.com.
Divulgação
O painel de luz ACME LED LP-F100, indicado para a ilu- o sistema conta também com
minação de estúdios de televisão, teatros e cenários, um controle rotatório que atua
tem índice de rendimento de cor de 96 pontos e utiliza como dimmer, permitindo a cria-
24 LEDs CREE como fonte de luz para uma iluminação ção de diferentes ambientes. Leve (pesa apenas 6 kg)
estável em um ângulo de 120 graus. Ele conta com pai- e compacta (mede 387 x 230 x 276 mm), a luminária
néis de fósforo intercambiáveis para que seja possível também é isenta de mercúrio e não gera radiação no-
conseguir uma ampla variedade de temperaturas de cor. civa, como raios infravermelhos ou ultravioleta.
Prático e bastante eficiente, o equipamento, que tem preço competitivo, é leve e tem dimen-
sões reduzidas, podendo, por isso, ser facilmente transportado, trabalha no modo automático
e também com ativação sonora. Possui seis LEDs de 1 watt RGB e é bivolt, evitando, assim,
Divulgação
www.proshows.com.br
O Clarity LX 300, da LSC Lighting, é um console multi- pixel LED com ima-
mídia que permite o controle integrado contínuo de LED gem e reprodução
e moving lights, servidores de mídia e até mesmo de de vídeo; tela tou-
reprodução de áudio a partir de um único dispositivo. ch screen de 10,4”
O equipamento é dotado de um software com ênfase 800 x 600 pixels e tela
em fluxo de trabalho rápido e lógico para permitir ao individual 120 x 140 px para
operador conseguir mais em menos tempo. cada reprodução. Tudo em um console com dimensões
de 895 x 590 x 296 mm e que pesa 22 kg.
Entre outras características do LX 300 estão as opções
Cue, Copy/Paste & Freesets; armazenamento de duas a www.lsclighting.com
três horas de programação por show; mapeamento de www.hpl.com.br
áudio música e tecnologia | 51
em fo c o
A nova portaria complementa outras duas, publicadas anteriormente, que detalham o cronograma de implantação do sistema de
TV digital no país. O documento também determina mudanças no conversor digital, de acordo com o que foi proposto e autorizado
pelo Grupo de Implantação da TV Digital (Gired). O equipamento garante interatividade ao telespectador e terá, obrigatoriamente,
controle remoto, interface USB, dois tipos de saída de áudio e vídeo, além de
technozed.com
permitir a utilização de recursos de acessibilidade.
Ainda de acordo com a portaria 3.493, as cidades que não estão listadas nos Segundo o ministério, 966 municípios
cronogramas de 2016, 2017 e 2018 deverão ser desligadas até 31 de dezem- terão o sinal analógico desligado em 2018,
bro de 2023. Com o desligamento analógico, a faixa de frequência de 700 MHz passando a contar apenas com o digital
fica livre para a expansão da internet 4G em todo o país.
CASA ILUMINADA
wesley Safadão grava dvd em Fortaleza
com luz artística e arquitetural
N
o último dia 20 de julho, o cantor Wesley há um ano havia deixado sua marca artística no pri-
Safadão – um dos maiores vendedores de meiro trabalho solo do cantor, Ao Vivo em Brasília.
discos do Brasil – gravou, em sua casa, num
bairro nobre de Fortaleza, Ceará, seu mais novo “Venho numa ‘batida’ boa de trabalho. Depois de
DVD. Em uma apresentação para cerca de 500 16 anos ao lado de Marcos Olivio, com quem fiz
convidados, o artista registrou 20 canções, sen- inúmeros trabalhos, assinei as luzes de DVDs de
do grande parte de-
las inéditas, e contou
com a participação Divulgação
Moving lights Robe, dentre outros, foram cedidos para a gravação pela
Apple Produções. Rider verticalizado foi uma escolha de Carlinhos
para valorizar a arquitetura da casa de Wesley.
áudio música e tecnologia | 55
Capa
Divulgação
Quanto vale
seu suor?
Relação entre arte e trabalho e
quanto cobrar por seus serviços
Wiki Images
Q
uanto vale o seu trabalho? Quanto você Mas eu gostaria de fazer a pergunta de uma forma
cobra? Está aí uma pergunta que todo um pouco diferente: quanto você cobraria para criar
mundo ouve quando é convidado para um trabalho de iluminação artística para meu espe-
executar um trabalho de iluminação ou outro ser- táculo? Isso porque o que executamos em nossos
viço do gênero. Mas, afinal de contas, quanto vale trabalhos é arte, é algo subjetivo, é sensibilidade
seu trabalho? através da luz. Me diga: qual outra profissão pode
mudar o visual de um objeto usando somente luz?
Às vezes esta é uma pergunta difícil de se res- Qual outro trabalho lhe permite modificar o espaço
ponder, ainda mais em um mercado como o nos- utilizando fontes de luz artificial (fig. 1)?
so, que tem todo tipo de profissional com suas
diversas qualidades. O cálculo do trabalho como Até mesmo o termo que alguns profissionais da área
iluminador às vezes é influenciado pela dificuldade utilizam, lighting designer, traz esta característica
da execução, pela forma do pagamento – se rece- artística, pois o “lighting” vem de iluminar e “de-
berá à vista ou a prazo – e até mesmo pelo vínculo sign” vem da expressão de representar em desenho
de amizade que temos com o cliente. Enfim, são e perspectiva. Então, esta relação de projeto e arte
várias as formas de executar o pagamento. é muito estreita, e os dois caminham juntos em nos-
tre os profissionais
do ramo. Digo por
mim mesmo, pois
aqui, na minha ci-
dade, Goiânia, a
Sated-GO (Sindi-
cato dos Artistas
e Técnicos em Es-
petáculos e Diver-
sões) não acompa-
nha estes valores
e nem procura
um diálogo com a
sociedade, então
cria-se um valor
entre os profissio-
nais e este é o que
fica valendo para
todos os profissio-
Figura 1 – Fontes de luz artificial nais da área.
sos trabalhos de iluminação. Para entender um pou- Beleza. Até aí, tudo bem, mas o problema no nos-
co mais a fundo, indico para leitura o artigo Design, so mercado de trabalho é que alguns profissionais
cena e luz: anotações, do amigo e iluminador Eduar- usam de má-fé. Eles não têm a experiência ou não
do Tudella, que está disponível em http://migre.me/ conseguem executar com a mesma qualidade e
t43r4. No texto, ele discorre sobre o termo “lighting compromisso que fazemos. Muitos destes problemas
designer” e suas atribuições no nosso mercado. Vale estão relacionados ao fato deles estarem há pouco
a leitura, que é muito boa, por sinal. tempo no mercado de trabalho e ficarem sabendo
do valor. Aí cobram o mesmo que
TÉCNICA E ARTE COM nós, mais experientes, executam
SEUS VALORES mal e assim toda uma classe de
profissionais fica mal falada.
Mas, voltando à nossa conversa, quando pensamos
em um valor para nossos trabalhos, devemos levar Mas antes de esbravejar aos qua-
em conta a questão artística de criação, pois, como tro ventos o que digo, não quero
já disse, algumas vezes, não somos apenas executo- aqui criticar quem começou há
res – somos artistas que usam um palco escuro como pouco tempo, dizendo que fa-
tela e nossos refletores como pincéis para desenhar e zem um trabalho ruim. Longe
representar um significado para a cena. Claro que há disso. O que quero falar é que,
outros fatores que vão influenciar no valor a ser co- independentemente do tempo de
brado, como tempo de criação, ensaio, deslocamen- trabalho e estudo, o profissional
tos, viagens, se vamos operar ou não a luz, se vamos precisa ter consciência de suas
viajar em turnê, se você vai somente montar a luz habilidades para trabalhar com
de outro iluminador ou apenas operar a luz, dentre aquilo que sabe, e, assim, procu-
outros fatores. Mas, infelizmente, aqui no Brasil não rar parceiros para executar com
se tem um teto básico para cobrar valores. perfeição seu trabalho.
Alguns estados estabelecem um valor médio, mas Falando por mim mesmo, meu
sos valores, mas, afinal de contas, o que é arte judicar outras pessoas e nem denegrir a profissão
(fig. 3)? Antes de mais nada, vamos entender a de iluminador. Nossa área de trabalho já enfrentou
origem da palavra, que vem do latim “ars” (“ha- e ainda enfrenta tanta dificuldade e ainda assim
bilidade”, em português). Agora, a aplicação de aparecem pessoas com má índole para prejudicar
sua definição é controversa. Alguns defendem nosso ramo. Então, se valorize, mas tenha cons-
que a pessoa nasce com a aptidão de executar ciência de sua capacidade como artista e técnico
trabalhos artísticos com mais facilidade, outras de luz ou iluminador. Exercer estas duas funções,
defendem que as pessoas têm habilidades para juntando a arte e a ciência, sei que é difícil e exige
materializar as ideias, outros defendem que ela muito trabalho, mas o que adianta fazer algo fácil
estudou e trabalhou sua técnica até conseguir se o resultado final não lhe trará satisfação? O que
exercer com perfeição um trabalho em específico, adianta, se você não consegue realizar na prática o
independentemente se é de iluminação, cenogra- que sua mente e coração desejam para o trabalho?
fia, figurino ou qualquer outro trabalho que en- Ficam a dica e o convite à reflexão. •
volva criação e execução de conceitos construídos
para tal. Estas características não são exclusivas
Reprodução
da iluminação, mas inerentes a tudo que envolve
colocar em prática um trabalho visual ou artísti-
co. Então, colocar preço em seus trabalhos de-
manda também consciência do que você é capaz,
de como é esta área em que você atua, no que
você está disposto a trabalhar e o que quer criar
para seu cliente.
Não estou falando para você cobrar um valor super- Figura 3 – Afinal, o que é arte? Jorge Coli
elevado para que se sinta feliz, mas para que cobre fez essa pergunta e deu resposta a ela no
algo justo, que não gere arrependimento, sem pre- clássico da coleção Primeiros Passos
62 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Gigplace 61 www.gigplace.com.br
Powerclick 33 www.powerclick.com.br
Sonotec 11 www.sonotec.com.br
TSI 9 www.microfonetsi.com.br
O
utro dia um aluno dos meus treinamentos Mix Pode parecer romântico demais, mas quem é músico
Secrets me perguntou qual software seria “cor- instrumentista sabe que um instrumento musical, uma
reto” ele usar em seu estúdio, pois o que estava guitarra, um pedal, um amplificador, um sintetizador,
usando havia sido julgado como “não-profissional” por um instrumento virtual (plug-in synth) pode te inspirar
um colega de trabalho. E como esta não foi nem a primei- a compor novas músicas, fazer novos arranjos ou de-
ra e nem a segunda vez em que ouvi esta pergunta, achei senvolver novas produções. O mesmo acontece com os
que neste momento podia vir a ser de alguma utilidade softwares. Mas como assim? O som deles é tão diferen-
botar o meu ponto de vista em forma de artigo aqui na te assim, como num instrumento musical, a ponto de
nossa última página da Áudio Música & Tecnologia. mudar o seu resultado de trabalho ou a sua produção?
O som pode até não não ter essa diferença toda, mas
Vale lembrar que apesar de estar obviamente falando garanto que com a maneira de trabalhar mudando, o
pelo meu ponto de vista, minha opinião aqui relatada resultado final muda.
não tem peso pra nenhum lado, nenhuma plataforma,
nenhum fabricante, nenhum favor, nenhuma amizade E então? Depois dessa salada de informações, qual software
ou nenhum pedido especial! é o melhor? Bem, antes da conclusão, é importante lembrar
um último tópico: você está trabalhando sozinho ou com
Começo respondendo mais uma pergunta dentro deste outros produtores e engenheiros? Seu software estará ins-
mesma: sim, os softwares ou DAW (Digital Audio Works- talado num estúdio para ser alugado a outros profissionais?
tations) variam em sonoridade de um para outro. Não é Você vai abrir sessões que já chegam iniciadas e depois vai
porque “é tudo arquivo digital” que soa tudo igual. Cada precisar enviá-las para outros estúdios para serem continu-
software tem uma maneirade gerenciar seus audios, DSP adas e terminadas? Se sim, o melhor software é aquele que
(processamento) e, sobretudo, seus drivers, ou seja, como seus clientes mais usam, pois estar compatível com eles é
o software “fala com o hardware” que te permite ouvir o obviamente uma questão importante ou até definitiva.
som. Além disso, os cálculos que cada software faz em
seus mixers internos (a maneira como cada um soma os Mas, se as suas produções são suas, se é você quem as
vários tracks de áudio em um master estéreo) podem va- idealiza, as inicia e as termina, se o material que você
riar de fabricante para fabricante. Sendo assim, você pode, recebe no seu estúdio chega em tracks de áudio avulsos
sim, perceber diferenças sônicas entre cada aplicativo. e, depois de trabalhar, você só envia canais de áudio de
volta pra o cliente, o seu meio de trabalho pouco importa
Ainda não estou aqui julgando qual é bom e qual é ruim. para os outros, mas certamente importa para você e para
Pensemos da seguinte forma: um console SSL tem um suas inspirações.
tipo de sonoridade, uma Neve tem outro tipo, uma API
já difere das duas anteriores... Se pensarmos em mesas Continua na dúvida? A maioria dos softwares permite que
digitais atuais usadas em shows, veremos que o mesmo você faça download de versões demo. Ou, melhor que
se aplica: uma Yamaha tem um som, uma Avid tem outro, isso, veja os profissionais que você mais gosta trabalhan-
uma Soundcraft, outro. Aliás, essas marcas (e todas as do e o que eles usam. Hoje em dia isso é fácil... e qual-
outras) de consoles de shows já têm o som bem diferente quer YouTube, Facebook ou Rede Social permite que você
até entre modelos da mesma marca! acompanhe trabalhos de outras pessoas com algum nível
de detalhes. Se a pessoa que te inspira usa um leque de
Diferenças de sonoridade à parte, vem outra caracterís- ferramentas, talvez isso seja motivo suficiente pra você
tica tão ou mais importante: a ergonomia do software. ao menos experimentar algo parecido!
Cada um trabalha de um jeito diferente. E, como as pes-
soas nem sempre pensam da mesma forma, às vezes Eu tenho minhas ferramentas de costume e de con-
o software que combina com uma pessoa pode não ser fiança. Coisas que são difíceis de abrir mão. Mas, ainda
exatamente feito para a outra. Isso vai de detalhes da UI assim, gosto de conhecer novos métodos e estilos de
(User Interface) até a logística e estilo de uso. E isso me outros profissionais que me agradam, mas sempre me
leva a mais um tópico importantíssimo no que diz respeito apoiando no mais valioso dos meus equipamentos: um
a diferenças entre DAWs: inspiração. par de ouvidos. Até mês que vem! •
Enrico De Paoli é engenheiro e produtor de música. Trabalhou com artistas dentre os quais estão Jota Quest, Cidade Negra, Djavan,
Ana Carolina, Titãs, Ray Charles e Elton John. Conheça também seus treinamentos particulares online Mix Secrets visitando o site
www.EnricoDePaoli.com.