Professional Documents
Culture Documents
10
http://enem.fdr.com.br radas da Fundação Demócrito Rocha
.
e Ensino a Distância são marcas regist
Universidade Aberta do Nordeste não autorizada é Crime.
dução deste fascículo. Cópia
É proibida a duplicação ou repro
culo
fascí
Matemática e suas
Tecnologias
r Targino
Carlos Davyson Xavie
Ma rtin(Max)
Francisco Antônio
Sílvio Mota
Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias
Ana Barros Jucá
Cláudio Neves
D
esde que o homem começou a observar ver a evolução de um sistema no espaço e no tempo.
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/amatematica.htm.
os fenômenos naturais e verificar que Acesso em 07/06/2010 (Adaptado).
esses seguiam princípios constantes,
verificou que tais fenômenos podiam ser repre- des H-19
Desenvolvendo Habilida
sentados por meio de “fórmulas”. Este princípio
algébri-
levou-o à utilização da matemática como uma Identificar representações
o entre
ferramenta para auxiliá-lo nessas observações. cas que expressem a relaçã
Este é o princípio da matemática como um mo- grandezas.
delo, ou seja, modelar matematicamente o mun-
do em que vivemos e suas leis naturais. Texto de referência
A partir da Idade Média até o fim do século Tarifas da Cagece
passado, os grandes pensadores utilizaram a mate- O modelo tarifário da Cagece leva em conside-
mática como uma ferramenta para modelar os fe- ração o custo dos serviços e uma parcela destinada
nômenos da natureza (gravidade, luz, reflexo, velo- a investimentos. Este custo é representado pelas
cidade, tempo, etc...). Renné Descartes (matemático despesas de pessoal, energia elétrica, material de
e filósofo francês) foi um pesquisador das ciências, manutenção, produtos de tratamento, combustí-
filosofia, direito, entre outras, que procurou mode- veis, depreciação e uma parcela para fazer frente
lar situações do cotidiano e da natureza por meio aos juros e às amortizações de financiamentos re-
da geometria analítica. alizados para implantação de sistemas de água e
Descartes foi quem, em primeiro lugar, repre- esgoto. A estrutura tarifária da Cagece, após apro-
sentou funções por meio de representações gráfi- aprovação das Agências Reguladoras de Serviços
cas. Muitas das modelagens que Descartes fez com Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce) e
a geometria analítica são base, hoje, para situações de Fortaleza (Arfor).
da administração, economia, ciências contábeis, TABELA DE TARIFAS
Expediente
Presidente: Luciana Dummar Coordenação de Design Gráfico: Deglaucy Jorge Teixeira
Coordenação da Universidade Aberta do Nordeste: Sérgio Falcão Projeto Gráfico e Capas: Mikael Baima, Suzana Paz, Welton Travassos
Coordenação do Curso: Sílvio Mota Editoração Eletrônica: Mikael Baima, Welton Travassos
Coordenação Editorial: Eloísa Vidal, Ricardo Moura Ilustrações: Suzana Paz
Coordenação Acadêmico-Administrativa: Ana Paula Costa Salmin Revisão: Wilson Pereira da Silva
Os 25m3 são divididos por faixas de deman-
des H-20
da e calculados considerando os valores corres- Desenvolvendo Habilida
pondentes para cada faixa: o que re-
Interpretar gráfico cartesian
A. Os primeiros 10m3 são calculados conside- grand ezas.
presente relações entre
rando a primeira faixa de demanda no valor de
R$ 1,18. Portanto, por esses 10m3, serão pagos
10 x R$ 1,18 = R$ 11,80. Questão 2
O gráfico que modela corretamente o valor(P) da con-
B. Os 5m3(consumo de 10m3 até 15m3)
ta de água de uma residência, quando são consumi-
seguintes são calculados considerando a
dos “C” m3 de água, é:
segunda faixa de demanda no valor de R$ 2,00.
Por esses 5m3, serão pagos 5 x R$ 2,00 = R$
10,00.
C. Os próximos 5m3(consumo de 15m3 a
20m3) serão calculados considerando a terceira
a) b)
faixa de demanda no valor de R$ 2,14. O custo
desses 5m3 será 5 x R$ 2,14 = R$ 10,70.
D. Finalmente, os últimos 5m3(consumo de
20m3 a 25m3) serão calculados considerando a
quarta faixa de demanda no valor de R$ 3,67. O
valor para esses 5m3 será de 5 x R$ 3,67 = R$ c) d)
18,35.
A conta de água final dessa residência será o so-
matório dessas quatro faixas, portanto, um total
de (11,80 + 10,00 + 10,70 + 18,35) = R$ 50,85.
Disponível em: www.cagece.com.br/portal/seguro/agencia . Aces- e)
so:28/05/2010 (Adaptado). Solução comentada: Nesse caso, para a construção do
gráfico, é importante que escolhamos os pontos limí-
Questão 1 trofes, aqueles nos quais há alteração no valor do m3, e
Para uma casa cujo consumo(C) de água por mês é que calculemos o valor a ser pago para cada um deles.
sempre superior a 50m3, é possível estabelecer uma Vejamos:
correspondência entre este consumo(C) e o valor da Se C = 0m3, implica que P = R$0,00.
conta de água(P) dada por: Se C = 10m3, implica que P = 10x1,18.
a) P = 6,45.C. P = R$11,80.
b) P = 6,45.C – 322,50. Se C = 15m3, implica que
c) P = 6,45.C + 142,60. P = 10x1,18 + 5x2,00 e P = R$21,80.
d) P = 6,45.C – 179,90. Se C = 20m3, implica que
e) P = 6,45.C – 142,60. P = 10x1,18 + 5x2,00 + 5x2,14 e P = R$32,50.
Solução comentada: O raciocínio é idêntico ao do Se C = 50m3, implica que
exemplo dado, veja: P = 10x1,18 + 5x2,00 + 5x2,14 + 30x3,67 e
- Primeiros 10m3: 10xR$1,18 = R$11,80 P = R$142,60.
- 5m3(de 10m3 a 15m3): 5xR$2,00 = R$10,00 Finalmente, devemos escolher algum valor superior
- 5m3(de 15m3 a 20m3): 5xR$2,14 = R$10,70 a 50m3 para direcionar o segmento final do gráfico.
- 30m3(de 20m3 a 50m3): 30xR$3,67 = R$110,10 Escolhemos 60m3 .
Atenção, o consumo acima de 50m3 será:(C – 50)m3 e o Se C = 60m3, implica que
valor pago referente a esta parte será: P = 10x1,18+ 5x2,00+ 5x2,14+30x3,67+10x6,45
(C – 50) x 6,45 = 6,45.C – 322,50. P = R$207,10.
Portanto, o valor a ser cobrado por um consumo C >
Resposta: A
50m3 deverá ser:
P = 11,80+10,00+10,70+110,10+6,45C –322,50
P = 6,45.C – 179,90.
Resposta: D
Questão 3
No porto de Boston, a altura da maré é aproximada Concluímos, então, que ,
pela fórmula: e
Com este resultado, concluímos que de 12 em 12 ho-
ras a maré atinge sua altura máxima, e se:
Em que t é o tempo em horas decorrido desde a meia-
noite de 10 de fevereiro de 1990. De acordo com as k = 0, temos t = 0, ou seja, a maré estava alta exata-
informações do texto e da fórmula citada acima, po- mente no início
demos afirmar que a altura máxima da maré em Bos- da adoção da fórmula, à meia-noite de 10 de fevereiro
de 1990.
164
k = 1, temos t = 12, logo a maré estará em seu ápice q2
novamente Questão 4
12 horas após a adoção da fórmula, portanto ao meio- Não satisfeita com o terceiro lugar do Brasil na com-
dia de 11 de fevereiro de 1990. petição, uma professora de Matemática sugeriu que
O raciocínio nos permite concluir que, sempre ao a classificação geral deveria ser feita pelo total de
meio-dia e à meia-noite de cada dia, a maré estará em pontos obtidos por cada equipe segundo o seguinte
sua altura máxima. critério: cada medalha de bronze valeria 1 ponto, cada
Resposta: C medalha de prata q pontos e a cada medalha de ouro
pontos, sendo q um natural maior que 1. Sobre a pro-
des H-22
Desenvolvendo Habilida posta da professora, podemos observar que:
a) mesmo com esse critério, independente do valor de
ébricos
Utilizar conhecimentos alg q, o Brasil não ultrapassará Cuba.
o rec urs o para a
/ geométricos com b) o Brasil só conseguirá ultrapassar Cuba caso q seja
um en taç ão .
construção de arg igual a 2.
c) para qualquer valor de q superior a 2, o Brasil ultra-
Texto de referência passará Cuba.
Os Jogos Pan-Americanos são um evento d) se 2< q < 5, o Brasil ultrapassará Cuba na classifi-
cação geral.
multiesportivo, que têm como base os Jogos
e) admitindo que q é natural maior que 1, indepen-
Olímpicos e são organizados pela Organização
dentemente do valor de q, o Brasil ultrapassará
Desportiva Pan-Americana (Odepa). Funcionam
Cuba na classificação geral.
como uma versão das Olimpíadas modernas, Solução comentada: Adotando este critério, temos que
das quais participam os países do continente observar a pontuação obtida por cada delegação, veja:
americano. Brasil 54.q2 + 40.q + 67.1
Nos Jogos, são praticados esportes incluídos Cuba 59.q2 + 35.q + 41.1
no Programa Olímpico e outros não realizados em Para o Brasil conseguir ultrapassar Cuba, é necessário
Olimpíadas. Acontecem a cada quatro anos e, tra- então que:
dicionalmente, seguem um rodízio entre as três re-
giões do continente: América do Sul, Central e do
Norte. A primeira edição foi realizada em Buenos
Aires, capital da Argentina, em 1951, a última, em
2007, no Rio de Janeiro, Brasil (Pan 2007).
54.q2 + 40.q + 67.1 > 59.q2 + 35.q + 41.1
O histórico dos atletas brasileiros no Pan 2007 5.q2 + 5.q + 26 > 0
(54 de ouro, 40 de prata e 67 de bronze, total de 5.q2 - 5.q - 26 < 0, uma inequação do 2º grau.
161 medalhas) superou os objetivos traçados Para a resolução da inequação, devemos conhecer as
pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). raízes de 5.q2 - 5.q - 26 = 0, no caso e
A delegação de atletas brasileiros, embora a seguir construir o esboço do gráfico.
tenha superado, em quantidade total de meda-
lhas, Cuba (59 de ouro, 35 de prata e 41 de bron-
ze, total de 135 medalhas), terminou os Jogos em
terceiro lugar no quadro, atrás de Cuba (segun-
do) e Estados Unidos (primeiro lugar, com 237
medalhas), pois o critério de classificação dos
países contempla primeiramente a quantidade
de medalhas de ouro, em caso de empate, pratas
e, na persistência do empate, as de bronze.
Há algum tempo, esse modelo de classifica- Veja pelo esboço que a condição 5.q2 - 5.q - 26 < 0 é
ção que considera apenas as medalhas de ouro, satisfeita somente quando:
e, posteriormente, em caso de empates, pratas e
bronzes, é questionado por atletas e delegações.
Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Pan-Americanos È importante, neste momento, saber que
166
b) C = M – 622 + (C – 622/32). dados de que dispõe. Ele sabe que a porção de batatas
c) C = M – 622 – (M/33). tem 200g, o que equivale a 560 calorias, e que o sandu-
d) C = M – 622 + (C – 622/33). íche tem 250g e 500 calorias. Como ele deseja comer
e) C = M + 622 – (M/32). um pouco do sanduíche e um pouco das batatas, ele se
__________________________________________ vê diante da questão: “Quantos gramas de sanduíche e
quantos gramas de batata eu posso comer para ingerir
Q2. Área- 5 / Habilidade 20 (Enem 2009 anulada) apenas as 462 calorias permitidas para esta refeição?”
Uma empresa produz jogos pedagógicos para com- Considerando que x e y representam, respectivamen-
putadores, com custos fixos de R$1.000,00 e custos va- te, em gramas, as quantidades do sanduíche e das ba-
riáveis de R$100,00 por unidade de jogo produzida. tatas que o garoto pode ingerir, assinale a alternativa
Desse modo, o custo total para x jogos produzidos é correspondente à expressão algébrica que relaciona
dado por C(x) = 1 + 0,1 x (em R$1.000,00). corretamente essas quantidades:
A gerência da empresa determina que o preço de ven- a) 2x+ 2,8y = 462 b) 2,8x + 2y = 462
da do produto seja de R$700,00. Com isso a receita
bruta para x jogos produzidos é dada por R(x) = 0,7x c) 1,8x + 2,3y= 1.060 d) + 0,4y = 462
(em R$1.000,00). O lucro líquido, obtido pela venda
de x unidades de jogos, é calculado pela diferença en- e) 0,4x+ = 462
tre a receita bruta e os custos totais.
O gráfico que modela corretamente o lucro líquido
dessa empresa, quando são produzidos x jogos, é: __________________________________________
Q4. Área- 5 / Habilidade 20
Um usuário pagou R$2.000,00 para adaptar o motor
do seu carro, originalmente movido a gasolina, para
funcionar também com gás natural. Considerando
que esse carro faz, em média, 10 km por litro de gaso-
lina, cujo preço é de R$2,00 o litro, e 15 km por metro
cúbico de gás, cujo preço é de R$0,90 o metro cúbico,
assinale a alternativa em que o gráfico descreve cor-
retamente os custos totais (C) em função da distância
percorrida (d):
a) b)
c) d)
e)
__________________________________________
Q5. Habilidade 21 (Enem 2009 anulada)
__________________________________________
A empresa WQTU Cosmético vende um determinado
Q3. Área- 5 / Habilidade 19 (Enem 2009 anulada) produto x, cujo custo de fabricação de cada unidade é
Diante de um sanduíche e de uma porção de batatas dado por 3x2 + 232, e o seu valor de venda é expresso
fritas, um garoto, muito interessado na quantidade de pela função 180x - 116. A empresa vendeu 10 unidades
calorias que pode ingerir em cada refeição, analisa os do produto x, contudo deseja saber quantas unidades
168
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
T
omemos aqui os termos “opiniões” e pectos mais cotidianos de nossa vida. A religião,
“pontos de vista” como sinônimos fun- por exemplo, pressupõe a existência de uma
cionais. Ainda que pudéssemos nos esten- divindade (ou mais de uma delas, no caso das
der na análise de cada um deles, isso de pouco religiões politeístas), de uma ordem superior e
valeria para nosso objetivo inicial – que é o de transcendente, que nos ultrapassa, limita e obri-
compreender em profundidade a área de com- ga. Por isso, numa discussão entre um cristão e
petência e, claro, saber o que ela implica e que um judeu, ainda que ambas as religiões sejam
dificuldades pode trazer a você na hora da pro- monoteístas e tenham boa parte de sua doutrina
va. Confrontar opiniões significa, como sabe- em comum, o papel de Jesus é bem diverso – o
mos, cotejar, comparar. Também significa, num que fará com que, a partir de certo ponto, as di-
nível outro (e mais profundo), decompor cada vergências sejam inconciliáveis. O mesmo acon-
uma dessas opiniões nos diversos elementos que tece na política. Um comunista ferrenho se opõe
a constituem. ao conceito de “propriedade”, e, a partir dessa
Mas do que se compõem opiniões? Ba- convicção profunda, desacredita de todo e qual-
sicamente de argumentos e valores. Sim, porque quer sistema baseado nela. Por outro lado, um
opinar é, naturalmente, propor uma visão de ultraliberal acredita na propriedade e no Estado
mundo, ou seja, argumentar em favor de algo ou mínimo, o que inviabiliza um possível acordo ou
de alguém, ainda que essa argumentação seja, um possível convencimento de uma das partes
muitas vezes, apenas parcial e, nem sempre, envolvidas na discussão.
científica ou empiricamente comprovável. Acontece que você deve, com razão, estar se
É o que aprendemos, por exemplo, no perguntando: mas todo mundo discute sobre
conhecidíssimo ditado: “Sobre política e religião política e religião? Sim, claro. Sobre política, reli-
não se discute”. Ora, essa máxima admite que, gião, arte, direito, etc. Discutir, opinar é próprio
em campos do conhecimento cruciais, mas que do ser humano e é, talvez, o uso mais ancestral e
despertam paixões e arrebatamentos, a discus- produtivo da linguagem.
são costuma dar em nada e levar a um agasta- E aqui chegamos ao centro de nossa introdução.
mento daqueles que discutem. Isso se dá porque A área de competência 7 não pede que você se
os conceitos religiosos e políticos são, via de posicione sobre os pontos de vista que lhe serão
regra, “preconceitos”, ou seja, ideias pré-conce- apresentados nas questões. Até porque, numa
bidas cujo proponente não deixará de defender, questão de múltipla escolha, as opções já lhe são
ainda que confrontado, pelo adversário, com ar- dadas. O que a competência exige é que você re-
gumentos razoáveis. conheça os procedimentos usados pelo autor ou
O ditado, todavia, nos diz mais – e sem atores para expor e defender sua opinião.
dizê-lo explicitamente. Ele nos diz que, no cam- Assim, poderíamos associar alguns temas
po da religião e da política, estão em jogo não e pontos de vista a certos procedimentos argu-
apenas argumentos, proposições gratuitas ou mentativos. Por exemplo:
instigantes – estão em jogo “valores”. a) Temas técnico-científicos, em que as opi-
E o que é valor? Podemos dizer com al- niões e argumentos se baseiam em dados con-
guma segurança que é um “bem” sempre e em cretos, verificáveis, oriundos de um campo de
certa medida subjetivo, porém cultural, de raiz conhecimento definido.
ética sobre o qual fundamentamos mesmo os as- b) Temas religiosos, em que os procedimen-
170
profundo, se não consegue resolver discordâncias ba- com um homem que se chamava
nais como a apresentada. Pedro João Boa-Morte,
Resposta: A lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
des H-22
Desenvolvendo Habilida porque vida ele não tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasi-
tos,
Relacionar, em diferentes tex
leira, 1983).
172
e) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumen- Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é
tação, ao afirmar que a crença em Deus é algo pri- muito mais! É saber que todos os amigos já morreram
mitivo, criado na época cambriana, enquanto o e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, in-
religioso baseia sua argumentação no fato de que terminavelmente, não por necessidade interior, mas
algumas coisas podem “surgir do nada”. porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que
Solução comentada: Trata-se de mais um capítulo da a arcada.
FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos
discussão interminável entre a religião e a ciência so- (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva,
bre a origem da vida. 2005. p. 225.
Como já dissemos no início deste fascículo, o argu-
mento religioso não é (nem deve ser) comprovável, Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos
pois se baseia em dogmas, ou seja, verdades aceitas para definir as fases da vida, entre eles:
como evidentes por si mesmas. a) expressões coloquiais com significados semelhantes.
O arcebispo deixa implícito que admite que Deus b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres
pode não ter criado todos os seres tais como hoje os humanos.
conhecemos, mas que, em algum momento, interveio c) recursos específicos de textos escritos em lingua-
para que surgisse a vida. Vida essa que, claro, segun- gem formal.
do suas palavras, pode ter evoluído – mas evoluído a d) termos denotativos que se realizam com sentido
partir de alguma coisa já existente. O religioso utiliza- objetivo.
se de um silogismo, ou seja, de uma proposição que e) metalinguagem que explica com humor o sentido
parte de uma premissa para chegar a uma dedução. de palavras.
Já o filósofo zomba de tal argumento, afirmando que __________________________________________
qualquer fator externo (chega ironicamente a aludir ao
super-homem) pode tê-lo feito, o que não tem, necessa- Q2. Área-7 / Habilidade 22 (Enem 2009 anulada)
riamente, ligação com qualquer gesto ou vontade divina.
O problema, porém, é que a ciência até hoje não re- TEXTO A
solveu o enigma do exato instante em que tudo come-
çou. E é exatamente disso que o religioso se aproveita,
beneficiando-se dessa “lacuna” para introduzir um
raciocínio que, embora dogmático, parece (e em certa
medida é) lógico. Ora, se houve um ponto de mudan-
ça, e se não sabemos qual foi, por que não terá sido
esse ponto a Criação (no sentido divino)?
Percebe-se, portanto, que a alternativa correta é a letra D.
OITICICA, H. Metaesquema I, 1958. Guache s/ cartão 52 cm x 64 cm.
Talvez a única alternativa que possa oferecer alguma Museu de Arte Contemporânea – MAC/USP. Disponível em: http://
dificuldade é a A. Note, contudo, que o religioso não
www.mac.usp.br. Acesso em: 01 maio 2009.
“desqualifica” a Teoria da Evolução. Ele a admite, em-
TEXTO B
bora a partir de um primeiro e primordial gesto divino.
Metaesquema I
Resposta: D Alguns artistas remobilizam as linguagens geométri-
cas no sentido de permitir que o apreciador partici-
pe da obra de forma mais efetiva. Nesta obra, como
Aprenda fazendo
o próprio nome define: meta - dimensão virtual de
movimento, tempo e espaço; esquema - estruturas,
Q1. Área-7 / Habilidade 22 (Simulado Enem – Inep) os Metaesquemas são estruturas que parecem movi-
Texto I mentar-se no espaço. Esse trabalho mostra o desloca-
Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é mento de figuras geométricas simples dentro de um
muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos ho- campo limitado: a superfície do papel. A isso pode-
mens e rir interminavelmente das mulheres, rir como mos somar a observação da precisão na divisão e no
se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tos- espaçamento entre as figuras, mostrando que, além
se de riso irresistível. de transgressor e muito radical, Oiticica também era
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferrei- um artista extremamente rigoroso com a técnica.
ra dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 02 maio 2009
Objetiva, 2005. p. 91.
(adaptado).
Levando-se em consideração o texto e a obra Metaes-
Texto II quema I, reproduzidos acima verifica-se que:
174
d) certificação de que o produto foi fabricado de acor- senta aquele primeiro contato. Da mesma forma que
do com os princípios éticos. o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 mi-
e) verificação da garantia de tratamento dos recursos lhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram
naturais utilizados em cada produto. para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo
__________________________________________ quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós
fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O
Q6. Área-7 / Habilidade 23 (Enem 2009) seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua?
O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pe-
daço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante
é que vocês olhem para a gente como seres humanos,
como pessoas que nem precisam de paternalismos,
nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não
queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos
compartilhar esse Brasil com vocês.
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio
de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).
Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acres- Linguagens e Códigos - Gabarito