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Manual do

Jovem Advogado

Comissão do Jovem Advogado


Gestão 2013/2015
DIRETORIA DA OAB GUARULHOS
Gestão 2013/2015

Presidente Fabio de Souza Santos


Vice-Presidente Rogério Martir
Secretário Geral José Pedro Chebbat Júnior
Secretária Geral Adjunta Clarice Vaitekunas Arquely
Tesoureira Selma Regina G.de Souza

OAB GUARULHOS
Rua Ipê, 185 e 201 CAASP GUARULHOS
Centro, Guarulhos/SP Livraria: (11) 2463-3809
CEP 07090-130 Farmácia: (11) 2461-3905
(11) 2468-8199 Odontologia: (11) 2461-2311
(11) 2468-9800 www.caasp.org.br
www.oabguarulhos.org.br guarulhos@caasp.org.br
guarulhos@oabsp.org.br

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Este Manual é resultado de um grupo de Trabalho da

COMISSÃO DO JOVEM ADVOGADO


Gestão 2013/2015

Presidente Rodrigo Prates


Vice-Presidente Francine Delfino Gomes

Membros Participantes Adriano Rodrigues de Souza Silva


Agueda Letícia Santana Matioli
Danny Cheque
Denis Taderi
Eizani Rigopoulos Simões Moreira
Eveline do Nascimento Ishiara Adashi
Gabriel Sousa Palma
Giuliana Chagas Franciulli
Gustavo Marques de Sá Gomes
Jaqueline Berardinelli
Katia Lma Barbosa
Lincoln Biela de Souza Vale Júnior
Monique Barreto Pontirolli Natali
Natalia Ferreira Rosignoli
Patrícia Ferreira Lima
Renato Evangelista Romão

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Sérgio Luís Martins Vieira
Sheila Fernanda da Silva Paz
Silvia Regina Pinheiro Gonçalves
Tatiane Pannocchia
Thiago Vieira de Souza
Valdir Julião
Vinicius Jacintho de Oliveira
Vladir Ignácio da Silva Negreiro Alves

Acadêmicos Participantes Danielle Denardi


Debora Russo Vasconcelos
Francisleine Francisca Souza Roma
Jefferson Pedro da Costa
Nadia Letícia Rosa de Lima
Roberto Alves Bezerra

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SUMÁRIO

Apresentação ....................................................................................... 6
Palavra do Presidente da Subseção .................................................... 8
Palavra do Presidente da C. Jovem Advogado ................................... 12
Doze Conselhos aos Jovens Advogados ............................................ 16
A Ordem dos Advogados do Brasil ...................................................... 26
Composição da OAB ........................................................................... 29
A OAB Guarulhos ................................................................................. 34
A Importância da OAB e de suas Comissões de Trabalho .................. 39
A Comissão do Jovem Advogado ........................................................ 43
Networking na Advocacia ..................................................................... 48
Ética Profissional ................................................................................. 50
Prerrogativas Profissionais .................................................................. 65
A Advocacia Criminal ........................................................................... 71
Peticionamento Eletrônico .................................................................... 76
A Tributação do Jovem Advogado ....................................................... 82
Gestão de Escritório ............................................................................. 86
Advogado Respeitado, Cidadão Valorizado ......................................... 92

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APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que a Comissão do


Jovem Advogado da OAB Guarulhos apresenta aos
advogados, estagiários e público em geral a nova versão do
Manual do Jovem Advogado, um instrumento com dicas e
orientações para aqueles que estão iniciando sua carreira ou
que queiram se aperfeiçoar no dia a dia.

Esta obra é de extrema importância para todos os


profissionais do Direito, especialmente aqueles que
escolheram a advocacia como profissão.

A seguir, serão expostos os principais pontos na


relação do advogado, tais como Ética, Prerrogativas
Profissionais, Estruturação da OAB, além de sua importância
Histórica e na Atualidade, sempre com capítulos claros e
objetivos, no intuito de esclarecer eventuais dúvidas e
transferir novos aprendizados.

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Agradecemos a todos que contribuíram para que
esse manual fosse lançado, em especial aos Diretores da
OAB Guarulhos, aos colegas da Comissão do Jovem
Advogado da Secional e a todos os funcionários da OAB
Guarulhos.

A Comissão do Jovem Advogado recebe


sugestões, elogios e esclarecimentos por meio do e-mail
institucional jovemadvogado@oabguarulhos.org.br.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

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PALAVRA DO PRESIDENTE DA SUBSEÇÃO
Dr. Fabio de Souza Santos

Ao terminar a universidade, caso pretenda exercer


a advocacia, o Bacharel em Direito deve prestar o “temido”
exame da Ordem, o qual irá avaliar se ele está apto ao
exercício profissional e se ultrapassá-lo, poderá requerer sua
inscrição junto aos quadros da Ordem dos Advogados do
Brasil, que emitirá a sua Carteira de Identidade Profissional,
que lhe será entregue em Sessão Solene, a ser realizada na
respectiva Subseção a qual pertencerá sua inscrição, depois
de prestado o devido Compromisso Legal, quando então se
comprometerá: Prometo exercer a advocacia com dignidade e
independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas
profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do
Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a
boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o
aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.

Contudo, nesse novo ciclo muitas dúvidas surgem,


pois, até então apenas teorias foram adquiridas nos bancos

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das universidades, mas experiência profissional quase
nenhuma, exceção àquelas que alguns poucos tiveram a
oportunidade de “vivenciar”, ainda que de forma parcial, por
meio dos estágios que realizaram em escritórios de
advocacia.

Portanto, o lançamento desse “manual” ou “guia”


para o Jovem Advogado, é a concretização de mais um sonho
que desde a 1ª gestão, como Presidente da 4ª maior
Subseção do Estado, tinha em ver uma OAB mais acessível a
todos, em especial àqueles novos colegas que chegam a
nossa Entidade, que agora se materializa nessa 2ª gestão,
fruto do esforço, empenho e dedicação de um grupo de
advogados abnegados que nessa importante Comissão de
Trabalho que à sua frente tem como Presidente o Dr. Rodrigo
Prates e Vice a Dra. Francine Delfino Gomes, jovens
advogados que de forma incansável, contribuem, uma vez
mais, para que haja uma aproximação entre a Subseção e os
novos advogados. Não posso deixar de mencionar a Dra.
Tatiane Pannocchia, Presidente da Comissão pelo período de
2013/2014 e que muito colaborou com a classe, tendo sido

9
uma das responsáveis pelo lançamento da primeira versão
deste manual.

Manual que apresenta a Instituição ao novo


advogado, mostrando-lhe como é a composição da Ordem
dos Advogados do Brasil, a história da 57ª Subseção
Guarulhos, falando um pouco sobre a importância da OAB no
Brasil, discorrendo também sobre os 2 pilares da advocacia
que são a Ética e as Prerrogativas profissionais, além de
orientações sobre o peticionamento eletrônico. Finalizando
com os serviços que a OAB oferece para a advocacia.

Por esse modo, se antes ao receber a carteira da


OAB o advogado não tinha muitas vezes a noção do tamanho
e o que era a sua entidade de classe e como funcionava,
agora, o advogado de Guarulhos, por meio desse Manual,
poderá ele se inteirar de tudo aquilo que gostaria e necessita
saber no início de sua carreira, além de constatar, que a OAB
também precisa dele para cerrar fileiras em prol do
fortalecimento da classe e da própria Instituição, fazendo
parte em uma das Comissões de Trabalho que a Subseção

10
Guarulhos possui, pois, "Um sonho sonhado sozinho é
apenas um sonho. Um sonho sonhado juntos é o princípio de
uma nova realidade." (Dom Hélder Pessoa Câmara)

Parabéns a todos, que de forma verdadeira têm


compartilhado conosco desse sonho, desse desafio e desse
trabalho realizado na Subseção Guarulhos, razão pela qual, é
com imenso prazer e alegria que fazemos chegar até você,
Jovem Advogado, este “Manual”, que foi criado pensando em
você. Por isso, esperamos possa ele ajudá-lo na construção
de sua carreira e que você possa alcançar o sucesso
profissional sonhado.

11
PALAVRA DO PRESIDENTE DA COMISSÃO DO
JOVEM ADVOGADO
Dr. Rodrigo Prates

Certo dia, no ano de 2011, encaminhei à OAB


Guarulhos um e-mail questionando se havia uma comissão
voltada aos estagiários de Direito. Eu estava no quarto ano da
faculdade e não sabia ao certo como funcionava a OAB e
nem tudo o que ela poderia fazer em nossa sociedade.

Após alguns dias o então Secretário Geral, Antonio


Carlos Kazuo Maeda, respondeu ao meu e-mail afirmando
que não havia, até então, uma comissão voltada aos
estagiários, mas, que sua criação seria muito interessante já
que poderia estreitar os laços entre as faculdades e à OAB.

Depois de conversarmos pessoalmente, bem como


uma maior reflexão sobre como funcionaria a comissão, fui
convidado a compor a nova Comissão do Estagiário na
condição de coordenador geral, encargo que prontamente
aceitei.

12
Ao longo do período em que atuei na Comissão do
Estagiário posso afirmar que fizemos uma gestão ímpar, com
participação paritária das faculdades de Direito da cidade
(UnG, FIG-UNIMESP e Anhnanguera), participação em
eventos voltados aos acadêmicos e esclarecendo as dúvidas
mais comuns aos estudantes, tais como os requisitos
necessários para inscrição nos quadros da OAB e
armazenando currículos para oportunidades de estágio.

Superado esse desafio, no ano de 2013 fui


convidado pela amiga Tatiane Pannocchia a atuar como Vice-
Presidente da então Comissão do Novo Advogado,
nomenclatura anterior da Comissão do Jovem Advogado.
Várias foram as nossas conquistas, tais como reuniões
periódicas, participação em eventos e o lançamento da
primeira versão deste manual que hoje chega em suas mãos,
caro leitor.

Já no ano de 2014 fui nomeado para exercer a


presidência de referida comissão, situação que muito me

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honra. Fazer parte do seleto número de advogados que
presidiu a Comissão do Jovem Advogado é um fator de
extremo orgulho para mim.

No período em que estou presidente da CJA local


estreitamos os laços com a CJA da Secional, realizamos
reuniões mensais periódicas e, além disso, instituímos
projetos que irão muito além desta gestão. Realizamos
palestras voltadas à Ética Profissional, ao Marketing do
Advogado, aos Recursos nos Processos Trabalhistas e
muitas outras atividades.

Acredito que este Manual, com os temas mais


necessários e importantes aos jovens advogados lhe serão de
grande valia. Tenha certeza de que cada palavra foi escrita
com carinho e pensando no aprimoramento dos advogados
da nossa Subseção de Guarulhos.

Por fim, quero convidar você, minha amiga, meu


amigo, a participar da OAB. A OAB vai muito além de prédios
e paredes, ela é o coletivo de todos os valorosos advogados

14
que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. Seja
você a mudança que quer no mundo. Participe da sua
entidade de classe. A OAB PRECISA DE VOCÊ!

15
DOZE CONSELHOS AOS JOVENS ADVOGADOS
Dr. Ulisses César Martins de Sousa1

Há pouco mais de um mês, correndo de uma


reunião para outra no trânsito da cidade de São Paulo, fui
alcançado, através do celular, por uma ligação dos
organizadores do ‘VIII Encontro Nacional dos Advogados em
Início de Carreira’ que, naquele momento, me indagavam
acerca do tema que iria abordar nesse evento. Vários temas
passaram pela minha cabeça, alguns ligados ao Processo
Civil, outros ao Direito do Consumidor, ao Direito
Administrativo, ao Direito Eleitoral. Porém, indaguei-me sobre
o que eu gostaria de ouvir em um evento como esse. Percebi
então, sem menosprezar o estudo do Direito, que não era
sobre esses temas que eu gostaria de ouvir em um congresso
de advogados em início de carreira. O que desejaria ouvir
seria sobre coisas que não estudamos nem aprendemos na
faculdade de Direito. Decidi então falar sobre algumas lições

1
Ulisses César Martins de Sousa autorizou a divulgação de texto neste
Manual. Original publicado em Revista Consultor Jurídico, 3 de junho de
2009, 9h40.

16
que aprendi na escola da vida e na leitura de livros que não
tratavam de assuntos jurídicos.

Para tornar mais didática a exposição, resolvi fazer


essa apresentação em forma de conselhos. Não que tenha
idade ou conhecimento para dar conselhos, mas por entender
que ao me convidarem para esse evento – e aceitarem o
tema da palestra – me autorizaram a tanto. Esses conselhos,
repito, não obtive em livros de Direito. Não os escutei de
meus professores. São eles o resultado da luta diária de um
advogado que já conta com 15 anos de profissão e que, até
hoje, não exerceu outro ofício senão a advocacia. Seguem
aqui, portanto, doze conselhos para os jovens advogados:

1. Comunique-se bem – o advogado deve escrever


com objetividade, de forma clara e elegante. Além disso, deve
ter a leitura como obrigação diária. A boa leitura contribui para
o aperfeiçoamento dos conhecimentos do advogado, além de
tornar mais fácil a tarefa de escrever.

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Vale lembrar o conselho do publicitário Roberto
Justus, que adverte que “tudo na vida de um homem de
negócios deve ser pautado por uma absoluta precisão: suas
decisões, seus projetos, suas finanças. Não se pode permitir
nenhuma imprecisão com a língua que se fala”.

Ao advogado é ainda recomendável falar pouco.


Apenas o essencial. Lembrando aqui que, em nenhuma
hipótese, poderá o advogado revelar a terceiros segredos que
lhe foram confiados em razão do exercício da profissão.

2. Zele pela sua reputação pessoal e profissional –


o valor do trabalho de um advogado está diretamente ligado à
sua reputação. Por isso os cuidados com a reputação são
essenciais. Na advocacia é impossível – ou pelo menos muito
difícil – adquirir prestígio profissional sem uma reputação
sólida.

É preciso lembrar que, como bem assinala Roberto


Dualibi, “uma imagem não se impõe, se constrói”. Por essa

18
razão é necessário que, desde o início da carreira, o
advogado trabalhe na construção de uma reputação sólida.

3. Faça sempre melhor, não importando quanto


você está recebendo por isso – o advogado, no exercício da
profissão, deve sempre tentar se superar. Deve dar o melhor
de si em todos os casos que lhe forem confiados, mesmo
naqueles em que a remuneração é pequena ou inexistente.

Na advocacia, o dinheiro é consequência de


trabalho bem feito. Aliás, o único lugar em que dinheiro e
sucesso são encontrados antes do trabalho é no dicionário.

A vitória em um determinado caso nem sempre


depende apenas do trabalho do advogado. Existem outros
fatores que podem influenciar nesse resultado. Porém, uma
coisa depende apenas do advogado: fazer, na defesa dos
interesses do seu cliente, o melhor trabalho possível.

Sobre o tema, vale o recado transmitido por Nizan


Guanaes que, ao proferir discurso aos formandos – que não

19
eram do curso de Direito – da FAAP, recomendou: “Não paute
sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com
todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo
realizar, que o dinheiro virá como consequência. Quem pensa
só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido,
nem um grande canalha”.

4. Aprenda a conquistar e cativar clientes – esse,


segundo o advogado paulista Raul Haidar, é o segredo do
sucesso na advocacia: saber conquistar, conservar e cobrar
dos clientes. Não existe advocacia sem cliente. E para
aqueles que pretendem abraçar a advocacia como carreira é
preciso ter bem claro que o relacionamento com o cliente é
uma das chaves do sucesso.

Em um mercado com mais de 700 mil advogados é


essencial saber conquistar a clientela e, tão importante quanto
essa tarefa, é a de realizar a manutenção da carteira de
clientes. É mais fácil prestar serviços a um cliente já fidelizado
do que sair no mercado em busca de novos clientes.
Desnecessário dizer que não adianta conquistar clientes e

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prestar serviços de excelência a estes sem ser remunerado
por isso. O advogado deve saber cobrar por seus serviços,
evitando tanto a cobrança de valores abusivos, quanto a de
valores ínfimos, que aviltem a dignidade da profissão.

5. Planeje sempre até o final – o advogado deve


aprender a planejar, quer seja a sua agenda diária quer seja a
estratégia para enfrentar um determinado caso.

É preciso ter atenção com os detalhes. O


planejamento, como disse o navegador Amyr Klink, “aumenta
as chances de dar certo, à medida que minimiza as chances
de dar errado”. É planejando que o advogado poderá
caprichar nos detalhes, prever todas as consequências
possíveis decorrentes da prática de um determinado ato e,
estabelecer, com antecedência, os passos a serem dados em
uma determinada situação, permitindo assim agir com rapidez
quando a execução de tais medidas for uma necessidade.

6. Saiba quanto custa o seu trabalho e quanto você


pode cobrar por ele – antes de aceitar qualquer demanda, o

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advogado deve aprender a calcular os custos necessários
para a execução de seus serviços. Somente sabendo quanto
custa o seu serviço é que o advogado poderá cobrar
honorários que suportem esses custos e que sejam ainda
suficientes para pagar os tributos incidentes sobre o valor dos
honorários e, ainda, remunerar o serviço contratado. Não são
poucos os advogados que, em uma época de concorrência
acirrada, aceitam trabalhar mediante o recebimento de
honorários cujo valor é insuficiente até mesmo para suportar
os custos necessários à execução dos serviços.

7. Aprenda a dominar a arte de saber o tempo certo


– Couture, nos “Dez Mandamentos do Advogado”, já advertia
que o advogado deveria ter paciência, posto que o tempo
costuma se vingar de tudo que era feito sem a sua
colaboração.

Em suas “Cartas a um Jovem Advogado”, o


brilhante causídico carioca Francisco Musnich recomenda ao
jovem advogado que “não desista antes da hora e nem cante
vitória antes do tempo”.

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Quando se trata de tempo e processo é preciso
lembrar que nem sempre uma decisão rápida é a melhor
decisão. O processo precisa de um tempo para amadurecer.
Não estamos aqui a defender as chicanas processuais ou o
retardamento do andamento dos processos. De forma
alguma. Não é isso. O que se prega é que, da mesma forma
em que luta pela celeridade dos processos, o advogado deve
buscar evitar que façam julgamentos apressados, realizados
de forma açodada, muitas vezes sem permitir que o juiz
conheça e compreenda a causa e os seus detalhes e, o que é
pior, com o sacrifício da realização de uma adequada
instrução processual. Quantos e quantos são os processos
anulados nas instâncias superiores por cerceamento de
defesa?

8. Ande na rua e saiba o que está acontecendo


com as pessoas – essa recomendação é dada pelo banqueiro
Joseph Safra e serve perfeitamente aos advogados, que
devem evitar – principalmente os mais jovens – o isolamento
de seus escritórios.

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O advogado deve participar da vida em sua
comunidade social. Deve acompanhar, de acordo com a sua
área de atuação, as discussões realizadas nas federações
das indústrias, nas associações comerciais, nos sindicatos, ou
seja, deve estar sintonizado com os problemas daqueles que
podem ser seus futuros clientes, antenado com as questões
que podem se transformar em demanda de serviço do
escritório.

9. Destaque-se – o jovem advogado deve buscar


não ser mais um no meio da multidão. Deve se destacar por
meio de produção intelectual, produzindo artigos, participando
de debates, expondo as suas posições acerca das questões
da atualidade. A concorrência é uma realidade. Aqueles que
não buscarem se destacar terão menores chances de êxito no
mercado de trabalho.

10. Seja ousado e inovador – a advocacia é uma


profissão conservadora. Porém, aqueles que nela iniciam não
devem ter medo de ousar, de inovar, de buscar fazer o melhor

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de uma forma diferente. É preciso fugir dos dogmas. Seguir o
que diz Steve Jobs e evitar que “o barulho da opinião dos
outros cale a sua própria voz interior”.

11. Acredite que a sorte existe – é verdade, sorte


existe. Porém, sorte é estar preparado no lugar certo e na
hora certa. Como dizem, a sorte acontece quando a
oportunidade encontra a preparação.

12. Tenha paixão por sua profissão – Couture já


dizia que o advogado deveria ter orgulho da sua profissão.
Vou mais além, acredito que, além de orgulho, o advogado
deve ter uma verdadeira paixão pela sua profissão. Isso
porque, lembrando Donald Trump, “você precisa amar o que
faz ou nunca será bem sucedido, não importa o que fizer na
vida. O mais importante é conhecer o seu trabalho e amar o
que faz, e essas duas coisas resolverão um monte de
problemas para você”.

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A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

A Ordem dos Advogados do Brasil teve sua origem


calcada no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB),
organização fundada em agosto de 1843 e composta pelos
advogados formados nas primeiras turmas dos cursos
jurídicos de São Paulo/SP e Olinda/PE. Sua finalidade era
organizar a Ordem dos Advogados, em proveito geral da
ciência da jurisprudência.

O Decreto n° 19.408 que autorizava a criação da


Ordem dos Advogados do Brasil foi aprovado apenas 87 anos
depois, em 18 de novembro de 1930, e foi um dos primeiros
atos assinados pelo então Presidente da República Getúlio
Vargas assim que assumiu o poder. No ano seguinte, foi
aprovado seu regulamento interno e, em 1934, o Código de
Ética da Ordem.

Com a criação da OAB, iniciou-se, no Brasil, a


regulamentação profissional do advogado, com exigência de
formação universitária. Hoje se exige, para a obtenção de

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licença para advogar, a aprovação do Bacharel em Direito no
Exame de Ordem, além de outros requisitos colacionados no
artigo 8° da Lei n° 8.906/94.

A OAB é uma entidade sui generis, instituída e


regida por Lei Federal. É a entidade máxima de
representação dos advogados brasileiros, sendo responsável
pela regulamentação da advocacia no Brasil.

A OAB viabiliza o exercício da cidadania,


trabalhando pela defesa da cidadania, da dignidade da
pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa, bem como do pluralismo político.

Trata-se de uma das instituições mais importantes


em atuação. Presente na vida da população brasileira de
maneira salutar, por meio da defesa da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos, da Constituição Federal,
da ordem jurídica e da justiça social, ganhando cada vez mais
notoriedade.

27
Por sua estrutura privada, seus funcionários são
contratados e regidos pela CLT. Goza de imunidade tributária
total em relação a seus bens, rendas e serviços, e suas
contas não estão submetidas ao Tribunal de Contas, mas aos
próprios inscritos na Ordem, muito embora existam auditorias
externas em suas contas bancárias.

A Ordem desempenha funções de entidade de


classe, gerenciando a categoria dos advogados; e também
um papel institucional dentro do espectro político pátrio,
promovendo a defesa da Constituição, da ordem jurídica do
Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos, da
justiça social, e pugnando pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da
cultura e das instituições jurídicas.

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COMPOSIÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

CONSELHO FEDERAL

A OAB é centralizada por um Conselho Federal


(instituído por força do artigo 4º do Decreto nº 20.784, de
Dezembro de 1931), composto por sua Diretoria, por seus
conselheiros federais, que são integrantes das delegações de
cada Unidade Federativa e dos seus ex-presidentes (na
qualidade de membros honorários vitalícios).

É o órgão supremo da OAB, com sede no Distrito


Federal. Nele são tomadas todas as deliberações nos casos
em que convém recorrer a instâncias superiores.

Compete-lhe cumprir as finalidades da OAB:


representar judicial ou extrajudicialmente os interesses
coletivos ou individuais dos advogados; zelar pela dignidade,
independência, prerrogativas e valorização da advocacia;
editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e
Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários;

29
assegurar o regular funcionamento dos Conselhos
Seccionais, neles intervindo quando constatar grave violação
do Estatuto ou de seu Regulamento.

CONSELHOS SECCIONAIS

Logo abaixo, têm-se os Conselhos Seccionais, que


por sua vez estão sediados nos Estados, Distritos e
Territórios. São órgãos regionais da OAB, que têm como
função dar cumprimento efetivo às finalidades da Ordem, no
âmbito de sua jurisdição, exercendo e observando as
competências, vedações e funções que são atribuídas pela
legislação ao Conselho Federal.

São administrados cada um por uma Diretoria,


composta por um Presidente, um Vice-Presidente, um
Secretário-Geral, um Secretário-Geral Adjunto e um
Tesoureiro.

30
Compete ao Conselho Seccional editar seu
Regimento Interno e Resoluções, criar tanto a Caixa de
Assistência dos Advogados, quanto as Subseções. Cabe-lhe
ainda definir a composição e o funcionamento do Tribunal de
Ética e Disciplina, escolhendo seus membros entre os
advogados que apresentem condições para tanto, mesmo que
não tomem parte no Conselho.

SUBSEÇÕES

As Seccionais dividem-se em Subseções, que não


são detentoras de personalidade jurídica própria, tendo,
portanto, dotação orçamentária específica.

A sua área territorial pode abranger um ou mais


municípios, ou parte de um município, inclusive da Capital do
Estado, contando com um mínimo de 15 (quinze) advogados,
nela profissionalmente domiciliados.

31
A Subseção é administrada por uma Diretoria com
atribuições e composição equivalente às da Diretoria do
Conselho Seccional. Compete-lhe efetivar, no âmbito de seu
território, as finalidades da OAB, zelando pela dignidade,
independência e valorização da advocacia, fazendo valer as
prerrogativas do advogado e buscando o cumprimento do
Estatuto da Advocacia.

CAIXAS DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS

As Caixas de Assistência dos Advogados (CAA)


têm personalidade jurídica própria e destinam-se a promover
serviços de assistência e seguridade aos profissionais
inscritos nos Conselhos Seccionais da OAB. Adquire
personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu
Estatuto pelo respectivo Conselho, podendo, em benefício
dos advogados, promover a seguridade complementar (Lei
8.906/45 – artigo 45).

32
A Caixa de Assistência dos Advogados de São
Paulo (CAASP) foi instituída por deliberação do Conselho
Seccional da OAB, em sessão de 3 de fevereiro de 1936,
constituindo serviço público federal, nos termos do parágrafo
5º do artigo 45 e 62 da Lei nº 8.906 de 4 de julho de 1994, o
Estatuto da Advocacia e da OAB.

Diferentemente dos demais órgãos pertencentes à


OAB, as Caixas de Assistência não gozam de imunidade
tributária. Enquanto o Conselho Federal e as Seccionais
atuam na representação, defesa, seleção e disciplina dos
advogados, as Caixas de Assistência lhes suplementam o
papel e a importância. Para cumprir tais finalidades, recebem
50% da receita bruta mensal das anuidades pagas à
Seccional.

A CAASP possui sede na Capital e sedes regionais


espalhadas pelo Estado.

33
A OAB GUARULHOS

A criação da 57ª Subseção do Conselho Seccional


de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
Guarulhos, foi realizada pelo Conselho Seccional em 14 de
setembro de 1976, sendo que sua instalação ocorreu aos 29
de outubro de 1976.

Naquele tempo 21 advogados destemidos


pleitearam a instalação da Subseção de Guarulhos, sendo
eles:

 Agenello Herton Trama OAB/SP n° 22.979;


 Aparecido Dias Cassiano OAB/SP n° 11.515;
 Aparício Bacarini OAB/SP n° 31.712;
 Áureo Antônio Trevisan OAB/SP n° 31.517;
 Benedito Édison Trama OAB/SP n° 24.415;
 Bertolino Luiz da Silva OAB/SP n° 16.303;
 Candida Maria Ribamar OAB/SP n° 26.617;
 Cleber de Jesus Ferreira OAB/SP n° 22.679;
 Delano Licarião de Albuquerque OAB/SP n° 27.115;
 Deonízio Marcial Fernandes OAB/SP n° 22.538;

34
 Gasparino José Romão OAB/SP n° 9.131;
 Guilherme Florindo Figueiredo OAB/SP n° 22.546;
 Harly Nogueira OAB/SP n° 15.102;
 Heitor Maurício de Oliveira OAB/SP n° 4.213;
 João Luiz Lopes OAB/SP n° 27.114;
 José Ribamar Matos da Silva OAB/SP n° 9.130;
 Leonildo Zampolli OAB/SP n° 25.651;
 Máximo Kotuhiro Senday OAB/SP n° 24.502;
 Moacir Carlos Mesquita OAB/SP n° 18.053;
 Mylton Mesquita OAB/SP n° 9.197;
 Sylvio Pasetto OAB/SP n° 9.990.

Em uma cidade ainda pequena, em


desenvolvimento, a Casa do Advogado foi primeiramente
instalada em uma sala junto ao Fórum Cível e Criminal, já
situado na Rua José Maurício.

Sem dúvida, a criação e instalação da Subseção de


Guarulhos foi um grande avanço para a advocacia local, haja
vista que os advogados começaram a participar ainda mais
ativamente das atividades promovidas pela Ordem e, não

35
obstante, contribuiu para o estreitamento dos laços de
amizades profissionais.

Em 23 de setembro de 1976, por convocação do


Dr. Aparício Bacarini, então Presidente da Associação dos
Advogados de Guarulhos, ocorreu a assembleia de eleição da
Diretoria Provisória da OAB Guarulhos, ocasião em que foi
apresentada chapa única constitutiva e, por unanimidade,
eleito como Presidente da 1ª Diretoria da Subseção o Dr.
Brenno Bechelli, nascido na cidade de Bauru/SP e formado
em Direito na Universidade Federal Fluminense, inscrito na
OAB/SP sob n° 10.483.

Na ocasião foram eleitos como Vice-Presidente o


Dr. Moacyr Carlos Mesquita, como Secretário o Dr. João
Batista Gonçalves e como Tesoureiro o Dr. Bertolino Luiz da
Silva. A Diretoria provisória tomou posse oficial na data de 29
de outubro de 1976 e encerrou seu mandato em 31 de janeiro
de 1977.

36
Foram Presidentes da OAB Garulhos os
advogados Brenno Bechelli (1ª Diretoria), Mylton Mesquita (2ª
Diretoria), Aparício Baccarini (3ª, 4ª e 6ª Diretorias), Agnello
Herton Trama (5ª Diretoria), José Gonçalves Ribeiro (7ª
Diretoria), Benedito Édison Trama (8ª e 9ª Diretorias),
Leonildo Zampolli (10ª Diretoria), Fábio Marcos Bernardes
Trombetti (11ª e 12ª Diretoria), Joenice Aparecida de Moura
Barba (13ª Diretoria) e Airton Trevisan (14ª e 15ª Diretorias).

Hoje a Subseção está sob a presidência do Dr.


Fabio de Souza Santos, natural da Capital e inscrito sob nº
86.952, o qual foi reeleito em 2012 para mais um triênio à
frente da entidade encabeçando a 16ª e a 17ª Diretorias da
Subseção.

Para o triênio 2016/2018 foi eleito o Dr. Alexandre


de Sá Domingues, natural de Guarulhos e inscrito sob n°
164.098, o qual encabeçará a 18ª Diretoria da Subseção.

Com mais de sessenta comissões de trabalho dos


mais diversos e importantes temas, a OAB Guarulhos possui

37
atualmente mais de 6.000 advogados e 300 estagiários
inscritos junto a sua jurisdição, um aumento significativo
desde a sua fundação, já que em agosto de 1976, por
exemplo, possuía 140 inscrições definitivas e 6 provisórias.

A OAB Guarulhos, buscando aproximar-se de


todos os inscritos, possui diversos serviços, tais como cursos
e palestras e o plantão das prerrogativas, que fica 24 horas
disponível para o caso de qualquer colega necessite de apoio
no momento em que os agentes públicos, infelizmente,
violarem suas prerrogativas.

Além disso, a OAB Guarulhos sedia a Escola


Superior da Advocacia, a XVIII Turma do Tribunal de Ética e
Disciplina e a Sede Regional da CAASP, onde é possível
comprar medicamentos e livros com desconto e utilizar-se dos
serviços de odontologia.

38
A IMPORTÂNCIA DA OAB E DE SUAS
COMISSÕES DE TRABALHO

A Ordem dos Advogados do Brasil, por sua


trajetória na defesa das liberdades democráticas, estando
voltada para a ampliação e consolidação da Cidadania,
vislumbrando por uma Justiça mais ágil e eficiente para todos,
cuidou de Instituir Comissões, estas que são voltadas para
assuntos específicos, e, que na atuação conjunta com
Advogados e Cidadãos, volta-se para a atividade Social,
visando promover, informar e propagar os deveres e direitos
de todos, e também da atuação do Advogado, de suas
prerrogativas, e de seu dever em se atentar à Lei

No âmbito de sua atuação social e classista,


organiza-se também através de comissões, que podem ser
permanentes ou temáticas, cuja função é dar suporte ao
presidente, otimizando o desempenho da entidade e da
prática da advocacia em geral.

39
A advocacia, longe de ser uma profissão exata,
exige do profissional que a exerce aprimoramento constante,
justamente no inicio que aparecem as dificuldades.

A comissão é um grupo de advogados que se


reúnem para dar auxilio à OAB, além de manter estudos
sobre determinado tema e assim colaborar com a sociedade
civil, organizando palestras, simpósios, estabelecendo
parcerias, dentre outras atividades, amplamente divulgadas
nos meios de comunicação de nossa entidade.

Além disso, têm por finalidade promover atividades


culturais e artísticas, visando também á valorização das
questões jurídicas e do Direito, além de incentivar a
participação ativa dos advogados nas promoções da OAB e
demais órgãos de classe, fomentando o acesso à cultura e às
artes.

Ser membro de uma Comissão é participar de


forma ativa da OAB, construindo cotidianamente uma
instituição melhor para todos os que dela fazem parte e, bem

40
como, para a sociedade civil como um todo, na medida em
que uma OAB forte, coesa e atuante resulta em melhores
profissionais e na manutenção da justiça e da ordem
democrática, dentro da ótica dos direitos humanos.

Neste sentido, o jovem advogado, ao participar de


uma comissão terá visão diferenciada e poderá contar com
auxílios de colegas experientes trocando informações,
buscando conhecer a instituição do qual se torna parte,
encontrando informações para ajudar as primeiras
diversidades da profissão.

No desempenho de sua função institucional, a OAB


incisivamente busca representar, defender, selecionar e
disciplinar os Advogados, promovendo uma atuação
participativa, reunindo-os em várias discussões que visam à
concretização de um Estado Democrático, com Comissões
ativas e militantes desenvolvendo o importante trabalho de
pesquisa, estudo, aperfeiçoamento e adequação da legislação
nas tendências atuais, além de zelar pelo bom desempenho
da nobre profissão da advocacia.

41
A OAB é independente dos demais poderes, não
se vinculando sequer com o Poder Judiciário, haja vista que
não há qualquer hierarquia entre magistrados, advogados e
membros do Ministério Público, devendo estes tratar-se com
cordialidade e respeito mútuos.

Nos sites da OABSP e da OAB Guarulhos, nas


abas “Comissões” é possível verificar quais são suas
atribuições, suas cartilhas, seus membros efetivos,
colaboradores e consultores.

42
A COMISSÃO DO JOVEM ADVOGADO

A Comissão do Jovem Advogado da OAB


Guarulhos tem como objetivo primordial apoiar os advogados
em início de carreira, de modo a traduzir o verdadeiro espírito
da advocacia, trazendo-o à sua entidade de classe,
estimulando a troca de experiências e levando para a Ordem
dos Advogados de Brasil a visão do mais atual advogado
iniciante.

Esta comissão, em seu campo de atuação, tem por


objetivo realizar, debater e impulsionar propostas básicas,
indispensáveis, e de extrema importância ao Estado
Democrático de Direito, promovendo a integração dos jovens
advogados com a OAB, além de incentivá-los a participar das
questões afetas a sua classe, fomentando a melhora do
exercício da profissão dos advogados em início de carreira, e
amenizando, assim, as dificuldades iniciais inerentes a todo e
qualquer jovem advogado.

43
É natural que os recém-formados, normalmente
desorientados, possuam diversas dúvidas sobre o caminho e
a direção a seguir no início da carreira. Os primeiros passos
sobre como iniciar a carreira jurídica, como exercer a
advocacia de forma autônoma, como se preparar para uma
audiência, como peticionar, fixar honorários, atender a
clientes, vender seus serviços, lidar com prazos, entre tantas
outras dúvidas pertinentes e totalmente legítimas para quem
está ingressando no mercado de trabalho são naturais e
comuns, além de ilimitados.

Diante desta realidade, e da necessidade clara e


incontestável da existência de um órgão institucional de apoio
aos jovens advogados, se mostra mais do que indispensável
a existência da Comissão do Jovem Advogado, que atua
incessantemente não só como base de apoio às
necessidades mais peculiares dos jovens em início de
carreira, mas também como impulsionadora da mais nova
geração de advogados a alçarem voos favoráveis ao
crescimento da instituição, trazendo novo vigor e nova visão
da atividade profissional à classe.

44
Assim, a Comissão do Jovem Advogado se coloca
como um órgão essencial, podendo ser decisivo na formação
da carreira do jovem advogado, que certamente agirá com
mais segurança quando apoiado e resguardado pela troca de
experiências que se vivencia no órgão também destinado a
este fim.

É importante destacar que a Comissão do Jovem


Advogado se compõe não só por jovens advogados, mas
também por estagiários a caminho de suas formações,
trazendo ao debate os pontos fundamentais da atividade
profissional da classe, desde a formação do futuro jovem
advogado.

A Comissão tem como ferramenta o debate


constante, propiciando grande integração entre os seus
membros, e a rica troca de experiências, além da incessante
exposição de informações sobre questões institucionais
permanentes da Ordem dos Advogados do Brasil,

45
proporcionando uma maior abertura no tocante à participação
dos jovens à classe dos advogados.

Neste sentido, a Comissão possui papel


informativo, esclarecendo aos seus membros e tornando ativa
a defesa das prerrogativas profissionais da classe, de modo a
propiciar aos jovens advogados a defesa de seus direitos e o
conhecimento do fundamento legal de cada um deles, visando
a garantia do exercício saudável e respeitado da atividade
jurídica pelo jovem, repugnando qualquer diferença de
tratamento em razão da pouca experiência.

Além disto, a Comissão atua também como


incentivadora do crescimento e aperfeiçoamento profissional,
possibilitando o aprofundamento de questões práticas através
de palestras que são oferecidas e ministradas de forma
gratuita, com o fim de agregar à formação do recém
advogado.

Por fim, cumpre mencionar o papel vigilante da


Comissão, que se posiciona não somente como um órgão de

46
proteção ao Jovem Advogado, tendo também sua vertente
fiscalizadora, que atua visando uma postura diligente e ética,
tanto dos demais profissionais da Justiça quanto também dos
Jovens Advogados, que por vezes, ante a falta de prática e
informação tomam posturas indevidas.

47
NETWORKING NA ADVOCACIA

Sabemos que uma carreira de sucesso se alcança


com base na relação de confiança entre o cliente e o
Advogado. E a grande dificuldade para o Advogado no início
de sua carreira é dar publicidade ao seu trabalho de forma
ética.

E dentre várias, trabalhar o networking é uma das


consideradas mais importes, devido à necessidade de estar
em evidencia para mostrar seu trabalho. Quanto maior o ciclo
de contatos, maior a chance de realizar negócios.

Participar de palestras, cursos, associações,


eventos sociais, dentre outro, fazem parte da construção da
rede de contatos profissionais, lembrando-se em ter sempre
em mãos o cartão de visita, para entregar sempre que tiver
oportunidades.

As comissões da OAB, por outro lado, são


excelentes meios de contatar outros colegas que, por vezes,

48
podem ser os responsáveis por parcerias e até mesmo
sociedades futuras.

Assim é possível dar publicidade ao trabalho


realizado, bem como transmitir confiança, pois será um fator
importante e estratégico para alcançar o tão almejado
sucesso de forma ética, respeitando e valorizando a
advocacia.

49
ÉTICA PROFISSIONAL

Falar de ética profissional não é tarefa fácil, pois


ética envolve comportamento, envolve moral, conflitos de
interesses, pensar em ética na carreira jurídica é fundamental.

Sem o conhecimento técnico em qualquer área


jurídica profissional é sabido que não é necessariamente ser
um especialista para falar ou defender qualquer assunto, mas
em se tratando do assunto ética o profissional advogado
dever ter o completo conhecimentos e equilíbrio dos seus
direitos e deveres. Onde mesmo sendo um Advogado de
carreira pública ou privada deve este seguir o regramento do
Estatuto da advocacia lei (8.906/90), seus provimentos,
resoluções e Regulamento Geral.

Para este comportamento ético padrão a Ordem


dos Advogados do Brasil, estabelece umas séries de regras
ao postulante a ingressar nos quadros como inscrito, seja
como estagiário ou de forma definitiva como Advogado, onde

50
a sua conduta pessoal será avaliada e levada em
consideração para efeito ou não da sua inscrição.

A seguir estabeleceremos alguns pontos quanto à


ética profissional.

1. Indispensabilidade para Administração da Justiça

Segundo a Constituição Federal em seu art. 133:


“O advogado é indispensável à administração da justiça,
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício
da profissão, nos limites da lei”. Desta forma, o Estatuto da
Advocacia e da OAB considera que, no seu ministério privado,
o advogado presta serviço público e exerce função social,
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício
da profissão e nos limites da lei.

Assim, no processo judicial, o advogado contribui


na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao
convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus
público.

51
Paulo Lobo2 salienta que a razão da colocação na
Constituição Federal do Princípio da Indispensabilidade é de
ordem pública e de relevante interesse social, como
instrumento de garantia de efetivação da cidadania, sendo
garantia da parte e não do profissional.

Para justificarmos o múnus público que muitos


advogados não (re)conhecem, esse mister, ou seja, a
advocacia, além de profissão, é múnus, pois cumpre o
encargo indeclinável de contribuir para a realização da justiça,
ao lado do patrocínio da causa, quando atua em juízo.

Paulo Lobo que, com a permissa vênia, será


sempre citado na presente cartilha, pois foi ele quem presidiu
a comissão para elaboração da Lei n. 8.906/94 – o Estatuto
da Advocacia e da OAB. Segundo o mestre, “o advogado
realiza função social, quando concretiza a aplicação do direito
(e não apenas da lei), quando obtém a prestação jurisdicional

2
Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5.ed. São
Paulo: Saraiva, 2009, p. 26.

52
e quando, mercê de seu saber especializado, participa da
construção da justiça social”3.

2. Da Postulação em Juízo.

O ato de postular em juízo é privativo do advogado


(EOAB, art. 1º, I), todavia, há exceções.

No nosso caso, o que o advogado em início de


carreira deve observar é que para postular, em juízo ou fora
dele, deve fazer prova do mandato. Contudo, se afirmar
urgência, poderá atuar sem procuração, obrigando-se a
apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual
período. E, tais atos se não ratificados no prazo, serão
havidos por inexistentes, respondendo o advogado por
despesas e perdas e danos.

A procuração para o foro em geral habilita o


advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo
ou instância, inerentes à atividade, salvo os que exijam
3
Op. cit., p. 29.

53
poderes especiais (transigir, salvo para receber citação inicial,
confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir,
desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação,
receber, dar quitação e firmar compromisso).

Atualmente, a procuração pode ser assinada


digitalmente com Certificado Digital, (orientamos que o leitor
acesse a Cartilha do Processo Eletrônico elaborado por essa
Comissão).

Ainda com relação ao mandato, o advogado pode


renunciá-lo, sem necessidade de motivação, mas, durante os
dez dias seguintes à notificação da renúncia, continuará a
representar o mandante, salvo se for substituído antes do
término desse prazo.

3. Sobre o Cancelamento e Licenciamento do Advogado.

O cancelamento é o ato pelo qual o advogado


desvincula-se dos quadros da OAB e está previsto no art. 11.
Portanto, se você, advogado, passar no concurso do

54
Ministério Público, da Polícia, da Magistratura, serviços
notariais e de registro, dentre outros previstos no art. 28 do
EOAB e, sendo em caráter definitivo, sua inscrição será
cancelada.

Por outro lado, o licenciamento é ato pelo qual o


advogado se afasta temporariamente do exercício da
advocacia, geralmente, para fazer um curso no exterior, ou
por doença mental curável, ou quando assume o cargo de
chefe do Executivo.

Se aquele que cancelou sua inscrição na OAB


praticar ato de advogado será tipificado na contravenção
penal de exercício ilegal da profissão. Já o licenciado que
praticar atos privativos no período de seu afastamento, estes
serão nulos.

4. Da sociedade de Advogados.

Saiba que você, jovem advogado, que manter


sociedade profissional fora das normas e preceitos

55
estabelecidos no EOAB comete infração disciplinar punível
com censura. Portanto, sua sociedade deve ser devidamente
constituída e registrada no Conselho Seccional da sede.

É possível a constituição de filial, desde que em


outro Conselho Seccional e não no mesmo.

Nome fantasia é proibido, bem como que referida


sociedade realize atividades estranhas à advocacia e/ou
incluam sócios que não sejam advogados. Lembrando, ainda,
que é proibido ao advogado integrar mais de uma sociedade
de advogados com sede ou filial na mesma área territorial do
respectivo Conselho Seccional, sob pena de ocorrer conflito
de interesses, bem como, captação direta ou indireta de
clientela e, via de consequência, concorrência desleal.

5. Do Contrato de Honorários.

O contrato de honorários é documento


importantíssimo para o advogado. Cuidado com modelos

56
captados da internet, nem sempre eles suprem as
necessidades do caso concreto.

A estrutura do Contrato é a mesma dos demais


contratos. Lembre-se que este contrato envolve o contrato de
mandato, bem como a prestação de serviços.

Deve conter a qualificação das partes; o objeto da


contratação (quanto mais detalhado melhor); a remuneração e
as condições de pagamento (sob pena de receber na forma
do art. 22 § 3º do EOAB); os direitos e obrigações das partes,
bem como a cláusula de eleição de foro.

Lembre-se, ainda, que devem ser fixados com


MODERAÇÃO conforme previsão do art. 36 do CED. É
importante ressaltar que a decisão judicial e o contrato escrito
têm eficácia de título executivo e a prescrição para ser cobrar
tais honorários é de 5 anos.

57
6. Da Responsabilidade Civil do Advogado.

O artigo 32 do EOAB estabelece a


responsabilidade civil do advogado, que é fundada na culpa.
Portanto, jovem advogado, seja diligente e não negligente,
seja prudente e não imprudente, pois tais atos, se
acarretarem prejuízo, geram o direito à indenização. Já
pensaram na teoria da perda de uma chance? Vale a pena
pensar!

7. Deveres Éticos do Advogado.

Os deveres éticos do advogado estão previstos no


art. 2º do CED. Preste muita atenção neles:

São deveres do advogado:


I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da
profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e
indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro,
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;

58
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento
pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e
das leis;
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre
que possível, a instauração de litígios;
VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
VIII – abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à
advocacia, em que também atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho
manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
honestidade e a dignidade da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono
constituído, sem o assentimento deste.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela
efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no
âmbito da comunidade.

Lembre-se de ser transparente com seu cliente,


informando-lhe quanto a eventuais riscos das demandas e

59
suas consequências, sugerimos que faça por escrito, nem que
seja por e-mail e com a confirmação do cliente.

Uma prática constante, porém, com falta de ética, é


aceitar procuração de quem já tenha advogado constituído,
sem prévio conhecimento deste. A exceção é a medida de
urgência ou justo motivo (ex., o único advogado constituído
está internado).

Poderá o advogado renunciar ao mandato, sem


necessidade de motivação da renúncia, todavia, com a
obrigação de dar ciência ao cliente e permanecer nos autos
do processo pelo prazo de 10 dias (CPC, art. 45), salvo se o
cliente constituir um novo advogado. Importante salientar que
o advogado terá o direito ao recebimento dos honorários,
inclusive de sucumbência, na devida proporcionalidade.

Note-se o que o CED não tolera algumas práticas,


tais como: qualquer procedimento de mercantilização; a
exposição de fatos em Juízo falseando deliberadamente a
verdade, bem como, oferecer serviços profissionais que

60
impliquem, direta ou indiretamente, inculca ou captação de
clientela.

7.1. Do Sigilo Profissional

Trata-se de dever, inerente à profissão, razão pela


qual o impõe-se ao advogado o seu respeito. Vejam que,
também, se trata de prerrogativa profissional prevista no art.
7º, XIX do EOAB. Sua violação acarreta responsabilidade
penal (CP, art. 154), responsabilidade disciplinar (EOAB, art.
34, VII) com a sanção de censura e, se causar dano,
responsabilidade civil nos termos do art. 32 do EOAB.

Entretanto, ocorrendo as hipóteses de justa causa


elencadas no art. 25 do CED, ou seja, grave ameaça ao
direito à vida, à honra ou quando o advogado se veja
afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que
revelar segredo.

É importante observar que, as confidências feitas


pelo cliente ao advogado podem ser utilizadas pelo advogado

61
nos limites da defesa, desde aquele que tenha autorizado
expressamente pelo cliente. Portanto, no caso do cliente
contar algo sobre o comportamento de sua ex-mulher para
uma ação de divórcio litigioso ou ação de guarda, para que
aquela confidência seja utilizada há necessidade de
autorização do cliente.

7.2. Da Publicidade na Advocacia.

Inúmeras são as hipóteses de publicidade na


advocacia em que há violação à ética, seja porque extrapolam
os limites da discrição, moderação, informação ou porque têm
uma conotação extremante mercantilista.

Primeiramente, o advogado, em qualquer anúncio,


deve colocar seu nome e número de inscrição, sendo
facultado informar seus meios de contato, endereço, áreas de
especialização e de atuação. Vedado qualquer anúncio no
rádio, na televisão, em outdoor, nas partes externas de
veículos, em divulgação com outras atividades, com lista de

62
clientes, fazendo menção a qualquer espécie de valores dos
serviços prestados ou, ainda, sob a denominação fantasia.

Temos visto muitos anúncios sob a denominação


fantasia, inclusive na forma de associações, para captação de
clientela, tais como aqueles que oferecem Assessoria Jurídica
Previdenciária, Assessoria Jurídica em Direito de Trânsito,
dentre outros. Bem como sites com lista de clientes e fotos de
dependências internas do escritório, o que é vedado pelo
CED.

Desta forma, é vedada a mala direta, só sendo


permitida para as comunicações de mudança de endereço,
telefone, área de atuação, composição dos membros do
escritório.

Vale ressaltar que o advogado pode participar de


programas de TV, contudo, lhe é vedado participar com
habitualidade ou fazer sua autopromoção. Vale dizer, deverá
pautar-se na entrevista visando em sua manifestação
objetivos ilustrativos, educativos e instrutivos de forma a fazer

63
com que o público compreenda a mensagem, livre do muitas
vezes ininteligível “juridiquês”.

64
PRERROGATIVAS PROFISSIONAIS

Como indispensável à administração da Justiça, ao


advogado devem ser garantidas prerrogativas que, longe de
constituírem vagos privilégios, servem ao propósito de
conferir-lhe independência e liberdade para o desempenho de
seu múnus, o que de resto é interesse do cidadão e da
sociedade.

A defesa das prerrogativas profissionais é missão


de todos os Advogados, e não só da OAB enquanto entidade.
É fundamental que a cada ofensa a direito da advocacia o
advogado faça o devido contraponto, fazendo constar em
documento a violação, provocando autoridades e
corregedorias, convocando a presença da OAB, sempre de
maneira independente, criteriosa, leal e fundamentada.

De fato, a despeito de ser sinônimo também de


“privilégio” – que pode soar pejorativo – consiste a
prerrogativa, na verdade, em direito profissional indissociável,
sem o qual se torna inviável o exercício de uma determinada

65
atividade profissional. Logo, constitui também dever
profissional a intransigente defesa dessas garantias.

O Ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal


Federal, considera que “na realidade, as prerrogativas
profissionais dos Advogados representam emanações da
própria Constituição, pois, embora explicitada no Estatuto da
Advocacia (Lei nº 8.906/94), foram concebidas com o elevado
propósito de viabilizar a defesa da integridade das liberdades
públicas, tais como formuladas e proclamadas em nosso
ordenamento constitucional. As prerrogativas profissionais de
que se acham investidos os Advogados, muito mais do que
faculdades jurídicas que lhes são inerentes, traduzem, na
concreção de seu alcance, meios essenciais destinados a
ensejar a proteção e o amparo dos direitos e garantias que o
sistema de direito constitucional reconhece às pessoas e à
coletividade em geral”.

De tão relevantes para o Estado Democrático de


Direito, se violadas as prerrogativas do Advogado, o fato
poderá constituir abuso de autoridade (art. 3º, alínea J,

66
acrescentada pela Lei nº 6.657/1979, a Lei nº 4.898/1965),
com reflexos administrativos, civis e penais ao agente (art. 6,
da Lei n. 4.898/1965).

O bacharel em direito inscrito no quadro de


advogados de um Conselho Seccional da OAB pode exercer
a profissão em todo o território nacional, perante quaisquer
órgãos do Poder Judiciário, do juizado especial ao Supremo
Tribunal Federal.

No Estado da federação, onde tem sua inscrição, o


advogado não tem limite de causas para atuar. Entretanto, se
pretender exercer a advocacia, também, em outro Estado,
pode fazê-lo até o limite de cinco causas por ano. Havendo
superação deste número, é obrigatória a inscrição
suplementar perante o outro Conselho Seccional.

É assegurada a inviolabilidade do advogado por


seus atos e manifestações no exercício da profissão (art. 133,
CF; art. 142, I, CP; art. 7º, §2º do EOAB), bem como a
chamada imunidade profissional, o Estatuto da Advocacia e

67
da OAB asseguram a inviolabilidade do escritório, local de
trabalho, correspondências, arquivos e dados do advogado
relativos ao exercício da profissão.

Nos últimos anos, em virtude de operações da


Polícia Federal em grandes empresas, com realização de
busca e apreensão nos respectivos departamentos jurídicos,
a Ordem dos Advogados do Brasil vem se insurgindo contra
esta prática, pois aqueles departamentos de empresas
privadas ou públicas constituem local de trabalho de
advogado e não podem ser alvo de busca, salvo no caso de
haver advogado investigado, o que não tem sido o caso nas
referidas operações policiais.

A inviolabilidade do escritório de advocacia está


intimamente ligada ao sigilo profissional imposto ao
advogado. De nada adiantaria ter o advogado o dever do
sigilo profissional, se seu escritório pudesse ser invadido. Na
verdade, tanto a inviolabilidade do escritório de advogado,
quanto o seu dever de sigilo profissional, protege o cidadão

68
que, necessitando dos serviços profissionais do advogado,
com o mesmo conversa e a ele entrega documentos.

Neste caminho tortuoso e repleto de obstáculos, é


importante que se tente alcançar um resultado: a plena
conscientização de que o artigo 133 da Constituição Federal e
os artigos 6º e 7º da Lei n. 8.906/94 devem ser reconhecidos
e aplicados.

Para isso, a Cartilha de Prerrogativas é mais um


instrumento para que a classe dos advogados fique amparada
na defesa de seus direitos.

A OAB mantém, no Conselho Federal e nas


Seccionais, Comissões especialmente voltadas à defesa das
prerrogativas e prestação de defesa e assistência aos
advogados, quando sofrerem violações aos seus direitos no
exercício da profissão.

Assim, a Comissão assistirá de imediato qualquer


membro da OAB que esteja sofrendo ameaça ou efetiva

69
violação, e promoverá todas as medidas e diligências
necessárias à defesa e preservação dos direitos e
prerrogativas, conforme cada caso e mediante a respectiva
modalidade de intervenção.

70
A ADVOCACIA CRIMINAL

Naturalmente quando ingressamos no curso de


Direito, uma das matérias que mais nos cativa é o Direito
Penal, e a cada aula que assistimos temos a impressão de
que é o ramo mais objetivo e prático do Direito.

Desse modo, quando ingressamos no “sexto ano


da faculdade”, isto é, começamos a exercer a advocacia
propriamente dita, temos a sensação de que, após meia
década, sentados aprendendo sobre crime e processo penal,
é só vestir o melhor terno e dar “o show”.

Todavia, quando o telefone toca, informando que


existe um cliente com problemas na Delegacia, no Fórum ou
mesmo em um Cárcere, entramos em desespero, pensando:
- O que Fazer?
- Onde ir?
- Pra quem ligar?

71
Assim, nos deparamos com circunstâncias e
duvidas que colocam em xeque tudo o que aprendemos
durante o curso, pois por muitas vezes a teoria é bem
diferente da prática.

Nesse sentido, o presente texto pretende trazer, de


forma básica e sucinta, dicas e orientações de como o
Advogado Iniciante deve proceder quando se deparar com o
“caos” do caso prático.

CLIENTE PRESO EM FLAGRANTE DELITO (DELEGACIA)


1. Comparecer imediatamente no respectivo DP (munido
dos dados pessoais do cliente).
2. Gentilmente apresentar-se ao plantonista atendente
(pois uma boa relação com os funcionários pode
facilitar em muito o trabalho).
3. Solicitar: informações sobre os motivos da prisão,
acesso ao cliente e vistas dos documentos disponíveis
no momento, caso ainda esteja sendo lavrado o Auto
de Prisão em Flagrante Delito, acompanhar o

72
procedimento (verificando se há vícios ou ilegalidades
no APFD).
4. Buscar conhecer da real situação do cliente, se é
primário, se realmente cometeu o delito, por exemplo:
se é mero usuário, enfim, buscar também conversar
com o Delegado a fim de que o flagrante não se
concretize.
5. Uma coisa, porém, recomendamos, é de que o cliente
preste depoimento após as devidas orientações,
evitando que permaneça calado. É que embora este
seja um direito constitucional muitos magistrados
consideram que o primeiro momento de defesa é
exatamente o depoimento na fase policial.
6. Verificar a possibilidade do arbitramento de fiança.
(sempre apresentando a situação financeira do cliente
ao Delegado).

CLIENTE PRESO EM CDP OU PRESÍDIO


1. Diligenciar no Fórum ou Tribunal onde tramita o
processo (buscado conhecer o caso e tirar cópias do

73
processo, em caso de duvidas converse com o diretor
da Vara ou o responsável pelos autos).
2. Crie uma linha do tempo com os acontecimentos da
ação,verificando a legalidade e formalidade de cada
ato (pois assim será fácil identificar o momento
processual e determinar os próximos passos).
3. Vá até a instituição prisional a fim de esclarecer ao
cliente a real situação processual, bem como assinar a
Procuração Judicial, colha também dados referentes à
localização do preso seja Bloco (Raio), Cela (Xis) e
Matrícula. (evite portar assessórios de metais e leve
caneta cujo modelo seja desmontável, pois pelos furos
do Parlatório não é possível passá-la inteira, apenas
sua carga).
4. Oriente a família do cliente sobre os procedimentos
necessários para realizar visitas (horários e cadastro
no presídio) bem como a entrega de mantimento
(Jumbo). Atenção: todas essas informações também
devem ser colhidas no próprio estabelecimento
prisional, pois tais procedimentos variam entre as
instituições.

74
5. Estabeleça o valor dos honorários de acordo com os
seguintes binômios: Complexidade do caso x
Possibilidade financeira do réu; (Valorize o seu
trabalho!).

Na advocacia em geral é primordial e imperativo


que o advogado, seja iniciante ou veterano, conheça seus
direitos e prerrogativas, devendo conhecer o EAOAB e o
RGOAB.

Assim, evitará passar por situações delicadas,


constrangedoras e desnecessárias, pois quem conhece a lei
evita uma série de situações. Havendo necessidade deve-se
invocar a os órgãos fiscalizadores competentes como
Corregedorias e Ouvidorias.

75
PETICIONAMENTO ELETRÔNICO

O Peticionamento Eletrônico, denominado também


como Processo Judicial Eletrônico no Brasil, ganhou forma
com a Lei 11.419/06, que prevê o uso do meio de transmissão
eletrônico para a tramitação de qualquer peça processual em
qualquer grau de jurisdição.

A Lei 11.419/06 faculta aos órgãos do Poder


Judiciário informatizar integralmente o processo judicial, para
torná-lo acessível pela Internet.

Desta forma, temos como objetivo orientar o novo


advogado a utilizar os procedimentos básicos e necessários
para que o Processo Eletrônico atinja sua plena efetividade
para o ajuizamento de demandas, protocolo de petições
intermediárias tais como contestação, reconvenção, exceções
e recursos, devendo sempre ser observadas as
especificidades de cada tribunal e suas resoluções.

76
Nota-se que a Justiça brasileira está cada vez mais
digital, e o Peticionamento Eletrônico é uma prerrogativa do
advogado, pois seu ato é exclusivo.

Hoje, estamos vivendo em um mundo


ambientalmente equilibrado, visando a globalização mundial e
a preservação do ecossistema, com a diminuição gradativa da
utilização de papeis diários tanto no Poder Judiciário, quanto
nos escritórios de advocacia.

Está ocorrendo um fato inédito na justiça brasileira,


momento em que a papelada está sendo armazenada e
substituída por arquivos eletrônicos autenticados com
certificado digital.

O Processo será eletrônico quando não houver


papel, ocasião em que as petições, despachos, sentenças,
acórdãos e demais atos são praticados, comunicados,
armazenados e disponibilizados por meio da via eletrônica. A
informação do processo é regida pela Lei nº 11.419/06.

77
Documento eletrônico é aquele gerado e mantido
em sua forma eletrônica, sem necessidade de ser impresso
em papel ou assinado manualmente para ter valor. Assim, o
vínculo do arquivo eletrônico com o seu autor é estabelecido
por meio de assinatura digital.

A petição eletrônica é a mesma que aquela em


papel, mas em versão eletrônica. É gerada e mantida em sua
forma original, com uma assinatura digital, ao invés de uma
assinatura manuscrita.

As vantagens são inúmeras: a agilidade é


considerável, os deslocamentos até os fóruns estão sendo
dispensados, economia de recursos de ambas as partes,
facilitação de acesso para eventuais consultas ao desenvolver
do processo, além de todo aspecto ambiental que é levado
em conta ao não imprimir milhões de folhas de papéis.

Cada tribunal criou sistema próprio de envio de


petições por meio do seu respectivo site. Geralmente é

78
solicitado um cadastramento prévio feito pela internet de
acordo com as instruções especificas.

Os documentos em papel podem ser anexados, se


forem previamente digitalizados, utilizando um scanner.

Alguns Tribunais solicitam softwares/programas


específicos para a operacionalização do Peticionamento
Eletrônico, tais como navegador de Internet, JAVA, Adobe
Reader ou Adobe PDF Creator. Assim, certifique-se antes de
iniciar o peticionamento eletrônico sobre quais são os
programas e softwares recomendados por cada Tribunal.

A certificação digital é a tecnologia de identificação


que permite realizar transações eletrônicas, preservando a
integridade, a autenticidade e a confidencialidade, de forma a
evitar adulterações, captura de informações privadas e outras
ações indevidas.

A certificação digital tem por fim associar uma


pessoa ou assinatura a uma chave pública, de modo a

79
comprovar a autoria do documento eletrônico e proteger a
integridade do documento assinado. O certificado tem
validade de 03 (três) anos.

Recomenda-se que o advogado providencie a


renovação do certificado digital 60 dias antes da expiração,
uma vez que se expirando não será possível realizar nenhum
ato do peticionamento eletrônico.

O Advogado que optar por ter um certificado digital


emitido pela OAB valoriza sua entidade de classe e tem à sua
disposição diversos benefícios disponibilizados pelo Conselho
Federal.

O Peticionamento Eletrônico com certificado digital


da OAB oferece uma série de vantagens e facilidades para os
advogados, vejamos:

 Horário de peticionamento não condicionado ao horário


do Fórum – até às 24 horas.

80
 Autos disponíveis em tempo integral, evitando
transtornos e indisponibilidades.
 Consulta aos autos e envio de petições sem a
necessidade de deslocamento até o Fórum.
 Eliminação do risco de extravio de processos.
 Numeração das páginas de forma automática.
 Economia de material, em especial tonners e papeis.

ATENÇÃO: RECOMENDA-SE QUE O


ADVOGADO CONHEÇA O SISTEMA
QUE O TRIBUNAL RESPECTIVO
UTILIZA, A FIM DE SE EVITAR
SITUAÇÕES DESAGRADÁVEIS E,
EVENTUALMENTE, PERDER PRAZOS.

81
A TRIBUTAÇÃO DO JOVEM ADVOGADO

O jovem advogado ao iniciar suas atividades,


devidamente regulamentado e inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, depara-se com a obrigação de pagar o
imposto fruto do seu trabalho.

Inicialmente o jovem advogado tem opções de


escolha na forma de tributação, que dependendo do caso
absorve parte considerável da sua receita com pagamento de
impostos, tanto na esfera municipal como federal.

Existe a possibilidade do advogado de trabalhar


apenas como profissional liberal, ou seja, sem abertura de
Pessoa Jurídica (escritório de advocacia).

Nesta hipótese o advogado irá recolher ISS com


alíquota a ser regulamentada por cada município, bem como
as contribuições sociais INSS com alíquota em 20% conforme
lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, além do Imposto de
Renda Pessoa Física – IRPF.

82
Neste sentido o advogado autônomo deve pagar o
Imposto de Renda da Pessoa Física, estando sujeito à
alíquota de 0 (zero) até 27,5%, conforme tabela progressiva
do IRPF, dependendo da sua receita mensal, o que
demonstra ser consideravelmente maior esta forma de
tributação.

De outro giro, considerando a abertura de Pessoa


Jurídica (escritório de advocacia), o jovem advogado deverá
analisar criteriosamente a forma de tributação do escritório de
advocacia. Se no simples nacional, conforme Lei
Complementar LC 147/14, ou pela forma de tributação lucro
presumido.

No caso do simples nacional, é importante observar


que, em tese, engloba todos os tributos (PIS COFINS IRPJ
CDLL E ISS). Importante salientar que a alíquota varia de
4,5% a 16,85% no Simples, dependendo da receita do
escritório, o que demonstra ser na maior parte dos casos, a
melhor opção para os advogados.

83
Entretanto cumpre observar que de acordo com a
Lei complementar 174/14, Anexo IV do Simples precisam
recolher ainda a Contribuição previdenciária patronal em 20%
sobre a sua folha de pagamento.

Quanto a forma de tributação sobre o lucro


presumido, este possui em média uma carga tributária de
16,33% sobre o seu faturamento, este percentual é composto
pelos seguintes impostos: PIS COFINS IRPJ CDLL E ISS. A
contribuição para o INSS também é obrigatória na alíquota de
20%.

Por fim, também existe regime especial de


sociedade, SUP, a sigla significa “SOCIEDADE
UNIPROFISSIONAL”. Trata-se de uma sociedade que atua
em apenas uma profissão, nesta modalidade os sócios
precisam ter a mesma especialidade, o mesmo poder de
gerência e o mesmo percentual de quotas, não é permitida a
participação de pessoas jurídicas no quadro societário.

84
A única vantagem de se enquadrar neste regime é
em relação ao ISS – Imposto Sobre Serviços. Assim o
escritório de advocacia fica isento da incidência do ISS, que
em geral é de 5% sobre o valor total da receita, pagando
apenas uma valor fixo por profissional para a Prefeitura.

É Importante, o jovem advogado com escritório de


advocacia, no final do ano fiscal, analisar seu faturamento
bruto anual para escolher seu regime de tributação, se no
Simples nacional, Lucro Presumido, ou na Sociedade
Uniprofissional.

85
GESTÃO DE ESCRITÓRIO

Alguns advogados têm a vontade de abrir o próprio


escritório e em conjunto com esta vontade há o objetivo de
atingir o sucesso profissional. Entretanto, na faculdade não
aprendemos como montar nosso escritório nem a sua gestão,
tarefa de grande dificuldade nos dias de hoje.

A princípio, devemos analisar o conceito de gestão,


donde podemos auferir vários, mas todos viabilizam o
entendimento de gerenciamento, organização, administração.

Partindo destes entendimentos, vê-se que a gestão


é tão importante como seu conhecimento técnico, a gestão
influencia diretamente em outros aspectos, pois um escritório
desorganizado (mal gerido), não irá conseguir fidelizar os
seus clientes.

A gestão de escritório no cenário atual da


advocacia é uma atividade que tem sido alvo de muitos
estudos, cursos e palestras proferidas não só por advogados

86
com escritórios bem-sucedidos, mas também por gestores do
âmbito empresarial em geral, dada a evolução do assunto e a
visão de empresa que os escritórios de advocacia hoje
possuem.

Estudos recentes apontam que o advogado gestor


utiliza a maior parte de seu tempo em tarefas não
relacionadas à advocacia propriamente dita, ou seja, a menor
parte do tempo despendido por um advogado que trabalha na
gestão de seu escritório se dá em audiências ou na
elaboração de petições.

Para um bom planejamento e boa estratégia o ideal


é saber o que deseja para o futuro e como fará para chegar
onde deseja, sem se esquecer que os riscos inerentes a
atividade devendo ser quantificados, calculados, e na medida
do possível, extintos ao longo do caminho.

É importante ter um plano de negocio e entender


que o cliente também tem que fazer parte deste plano e que
ele faz parte dos pilares do escritório.

87
Outro importante aspecto é definir a área de
atuação de seu escritório, saber claramente, quais as
matérias que irão atuar mapeando a rentabilidade deste
segmento levando-se em conta a região em que esta
montando o escritório, a conjunção da área de atuação com a
localização do escritório é muito importante.

É necessário um planejamento prévio identificando


qual o seu ponto de origem e qual o caminho deve ser trilhado
para chegar ao sucesso enquanto escritório.

Hoje, além de sermos advogados somos e


devemos ser empreendedores. São inúmeras variáveis que
devemos levar em conta no momento de abrir o escritório
próprio além das já mencionadas, como exemplo, controle de
processos e prazos, contabilidade, marketing entre outros.

Em suma, hoje em dia o êxito de um escritório não


depende unicamente dos títulos e do conhecimento técnico de
seu titular, mas sim de um grande conjunto que alia a

88
conhecimento técnico como advogado, atendimento e
captação de clientes, controle de receitas e despesas,
constante investimento, compreendendo o avanço da área
que pretende atuar não apenas na legislação, mas sim na
sociedade a fim de se preparar para oferecer aos clientes o
que eles de fato precisam.

Vistas essas primeiras noções, o advogado deve


ter em mente a criação de um diferencial para o seu escritório,
ou seja, um "plus", que seja capaz de tornar o novo escritório
especial em relação aos demais existentes.

Assim, diversas são as ferramentas que podem


auxiliar em sua gestão. Em plena ascensão tecnológica, não
seja retrógrado e fique refém de papéis, utilize à tecnologia a
seu favor. Aproveite os diversos softwares facilitadores de sua
gestão, a exemplo: PROMAD (Programa de Modernização da
Advocacia), que permite cadastro de clientes, financeiro,
agenda, relatório de processos entre outras funções;
ZEROPAPER, programa gratuito que facilitará a gestão dos
honorários e despesas, e o ONE DRIVE (sistema de

89
armazenamento de documentos na “nuvem”), assim, poderá
acessar e viabilizar documentos de onde quer que esteja.

Outro ponto importante é saber como gerenciar


pessoas. Em escritórios de advocacia as pessoas podem
garantir a sustentação e o crescimento do escritório, devemos
identificar a capacidade e competência de cada um
aumentando a produtividade. Dificilmente iremos encontrar o
colaborador perfeito, precisamos encontrar aquele que possui
as características que irão acrescentar ao escritório moldá-lo
e capacitá-lo. Neste momento é que o advogado
empreendedor precisa ser um líder.

Outro ponto de extrema importância é a gestão


financeira. Há o dever de saber qual o custo do escritório,
para então poder criar uma estratégia para maximizá-los.

Oportuno salientar que a perfeita gestão, lhe


aperfeiçoará tempo, e lhe oportunizará a realização de outras
atividades com melhor dedicação, hoje, o tempo é muito
valioso.

90
Desta forma, estude a gestão do seu escritório,
mapeie suas necessidades e possibilidades, pense que
qualquer retirada com “gestão” é investimento e não despesa.

91
ADVOGADO RESPEITADO, CIDADÃO VALORIZADO

A advocacia é uma das profissões mais antigas e,


desde o seu surgimento, tem sido de grande relevância social,
tendo em vista ser essencial à manutenção da justiça.
Relevância esta devidamente reconhecida no cenário juridico
e social brasileiro, por meio do arcabouço legislativo.

Nesse sentido, a Carta Magna, em seu artigo 133,


prescreve: “O advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei”.

Nesta mesma esteira, o Estatuto da Advocacia e a


Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 8.906/94), em seu art.
2º, ratifica a ideia de indispensabilidade do advogado na
administração da justiça, bem como estabelece (§1º) que “no
seu ministério privado, o advogado presta serviço público e
exerce função social”.

92
Ao que se vislumbra, os textos supracitados
afirmam, categoricamente, a significância do exercício da
advocacia na sociedade, uma vez que reconhecem a função
social da profissão e a natureza pública dos serviços
prestados, os quais, segundo a lei, constituem múnus público.

Em razão da mencionada importância da


advocacia, o seu respectivo Código de Ética, em seu art. 2º,
parágrafo único, estabelece que é dever do advogado manter
uma conduta de honra e nobreza, a fim de preservar a
dignidade da profissão, bem como zelar pelo seu caráter de
essencialidade e indispensabilidade.

Portanto, é responsabilidade de cada advogado,


individualmente, se empenhar na construção de uma
atmosfera em que a sua categoria seja devidamente
valorizada. Valorização esta que reflete diretamente no
fortalecimento da sociedade.

A referida valorização do advogado é conquistada,


em termos práticos, por meio do respeito às prerrogativas da

93
profissão e através de remuneração justa e compatível com
os serviços prestados, tendo em vista que a atividade
advocatícia exige que este suporte todos os custos
decorrentes da manutenção do exercício profissional e
também de suas despesas de caráter alimentar.

Nesse sentido, a lei assegura aos inscritos nos


quadros da OAB, em razão de prestação de serviço, o direito
aos honorários, quer sejam os convencionados ou os
arbitrados judicialmente, quer sejam os sucumbenciais.

Em virtude da importância dos honorários na


valorização dos advogados, o respectivo Código de Ética
profissional, em seu art. 41, estabelece que “o advogado deve
evitar o aviltamento de valores dos serviços profissionais, não
os fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo
estabelecido pela Tabela de Honorários, salvo motivo
plenamente justificável”.

94
Destarte, verifica-se a proibição legal da prática do
aviltamento de honorários, entretanto, este vem sendo um
grande problema enfrentado pela OAB, na atualidade.

O aviltamento de honorários pode ser dividido em


duas modalidades:

A primeira é aquela, por vezes, praticada no


Judiciário, em casos de honorários irrisórios e arbitrários,
eventualmente fixados pelo Magistrado (§4º do art. 20 do
CPC) ou nas eventuais compensações de honorários
sucumbenciais, em casos de condenação parcial ou recíproca
entre as partes (art. 21 do CPC).

Há que se destacar, acerca dos supracitados


dispositivos, que o novo Código de Processo Civil, o qual
entrará em vigor no ano de 2016, trouxe alterações que
representam grandes conquistas à classe dos advogados, tais
como a vedação da mencionada compensação de honorários,
reconhecendo-os como de caráter alimentar, o fim do
supracitado §4º do art. 20 do atual CPC, bem como a criação

95
de critérios objetivos para a fixação de honorários nas causas
em que a Fazenda Pública é parte vencida.

A OAB, atualmente, conta com algumas


ferramentas para o combate ao aviltamento de honorários,
tais como, a Procuradoria Nacional de Defesa das
Prerrogativas, criada pelo Conselho Federal da OAB, por
meio da Resolução n. 01, de 2013, a qual tem por finalidade a
defesa da dignidade e a valorização do exercício da
advocacia, porém, está adstrita às questões de repercussão
nacional e aos processos em trâmite nos Tribunais Superiores
e Tribunais Regionais Federais.

Outrossim, disponibiliza, ainda, aos advogados, a


Ouvidoria de Honorários, canal de denúncias contra
aviltamento de honorários, criado na atual gestão, e também,
a Campanha Nacional Pela Dignidade dos Honorários, a qual
disponibiliza materiais de divulgação, para conscientização,
com a mensagem “Honorários Dignos: Uma Questão de
Justiça”.

96
Ademais, o advogado pode buscar apoio na sua
seccional, através das comissões de prerrogativas e
valorização da advocacia.

Contudo, a crescente profusão do problema em


tela se dá na forma de sua segunda modalidade – o
aviltamento dos honorários por parte do próprio advogado.

Aqueles que possuem o dever legal e ético de zelar


pela dignidade da profissão são os que, por vezes, se
contaminam na seara do aviltamento de honorários e,
consequentemente, contribuem para a sua
autodesvalorização profissional, refletindo negativamente em
toda sua classe.

A cobrança de honorários abaixo dos valores


estipulados na tabela da OAB é uma infração ética muito
praticada por advogados, em considerável maioria jovens
advogados, que, assim fazendo, comprometem a dignidade
da advocacia.

97
Além disso, não raras são as vezes em que,
infelizmente, ocorre a exploração entre os próprios
advogados. Grandes escritórios de advocacia ou mesmo
advogados mais experientes que contratam, normalmente,
advogados com pouco tempo de inscrição na OAB,
oferecendo salários extremamente aviltantes, os quais não
condizem com o grau de escolaridade e, tampouco, com a
relevância da profissão praticada.

É imperioso ressaltar, ainda, acerca dos valores


vexatórios pagos aos advogados correspondentes, por
ocasião das realizações de diligências, chegando a existir
casos em que realizam audiências pelo pagamento de taxas
estipuladas em valores abaixo de cinquenta reais. Situação
que caracteriza grande exploração imoral por parte dos
profissionais contratantes, bem como pelos canais que
“agenciam” a contratação de correspondentes.

Entretanto, há que se frisar, que, infelizmente, tais


fatos ocorrem, apenas, porque existem advogados que se

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submetem a essas situações extremamente desonrosas, as
quais desgastam a autoestima e a virtude profissional.

Isto posto, à vista da importância da advocacia,


bem como dos elencados problemas que ameaçam sua
dignidade, cabe a você, jovem advogado leitor, o
cumprimento de seu dever ético e legal de zelar pela
valorização da advocacia, para que, dessa forma, preserve a
integridade de sua profissão, a fim de que se mantenha
tangível a relevância social desta.

Lutemos, pois, por uma circunstância em que se


mantenha o advogado como profissional digno, indispensável
à administração da justiça, defensor do Estado democrático
de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e
da paz social!

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