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Crianças Índigo

Não Existem

Uma criação do mercado de auto-ajuda norte-americano confunde pais e professores


misturando misticismo e educação

Por Paulo Henrique de Figueiredo

De vez em quando surge um modismo. Um dos atuais são as crianças índigo. A idéia
surgiu entre palestrantes de auto-ajuda norte-americanos. Criança índigo é uma
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hipótese criada por Lee Carroll e Jan Tober em suas palestras. Eles leram um livro
sobre cores de "auras", escrito pela espiritualista Nancy Tappe em 1982, no qual a
escritora imaginou o surgimento de crianças superdotadas relacionando suas auras
com a cor índigo, ou azul-escura.

Carroll e Tober acreditam que esses seres finalmente chegaram. As crianças índigo
seriam líderes de uma nova civilização. O mundo será transformado por elas e então
surgirá uma nova era. Outro palestrante de auto-ajuda, Robert Gerard, opina: "Os
índigos vieram para servir ao planeta, aos pais e aos amigos como emissários do céu
e disseminadores da sabedoria. Para mim são emissários do criador".

A nova geração

Mas o que interessa esse tema ao Espiritismo? Desde 1868, os Espíritos anunciaram
no livro A Gênese a chegada da uma nova geração. Pode-se considerar a percepção
dos norte-americanos quanto a essa mudança a constatação de um fato natural: "A
Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo
que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe
sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das
coisas. A época atual é de transição, assistimos à partida de uma e à chegada da
outra".

Até aqui, tudo bem, mas segundo os escritores que defendem as crianças índigo elas
são identificadas como extremamente inteligentes, só que também agem com
orgulho, agressividade e prepotência. Na descrição feita pela Doutrina Espírita,
conforme descrito em A Gênese, a nova geração se destaca pelo "sentimento inato do
bem e nas crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de
adiantamento anterior". A marca da nova geração é a fraternidade.

A descrição das crianças índigo revela seres com um grande desenvolvimento


intelectual, mas com imaturidade emocional ainda maior. Elas não têm paciência com
os mais simples, preferem o isolamento, são dispersas, ficam traumatizadas quando
erram e frustradas quando suas idéias não são aceitas. A mãe de uma delas descreve:
"Desde a pré-escola tinha sido hiperativo, respondia mal aos professores, queria fazer
tudo à sua maneira e era manipulador, percebendo a maneira de ser das pessoas e
usando isso contra elas", conta no livro Criança Índigo - de autoria de Lee Carroll e Jan
Tober. "Se uma delas é trancada em um quarto, irá rabiscar as paredes e arrancar os
tacos ou o carpete do chão. Tornam-se destrutivos", afirma a espiritualista Nancy
Tappe, na mesma obra.

Crianças índigo: uma simples opinião


Por Rita Foelker*

A obra Crianças Índigo afirma, entre outras coisas, que a missão dessas crianças "é
desenvolver uma nova consciência no planeta" e que "vieram para nos apresentar um
novo conceito de humanidade". Diz ainda que "essas novas crianças podem nos
ensinar a ter uma nova consciência de nossa auto-imagem" e "farão com que a
sociedade viva o seu momento presente, pois é para isso que vieram".
No entanto, o mesmo livro descreve desajustes comportamentais e outros problemas
de alguns índigos, como dificuldade de concentração e irritação emocional, sendo por

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vezes confundidas com crianças portadoras de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA)
ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

A propósito das características relacionadas aos índigos, podemos observar que elas
não apontam para uma evolução global do ser espiritual, mas para certas habilidades
que se referem a um alto grau de desenvolvimento da inteligência intrapessoal. A
inteligência intrapessoal - pertencente ao espectro das inteligências múltiplas
estudadas por Howard Gardner e outros pesquisadores - quando bem desenvolvida,
proporciona a capacidade de autoconhecimento e de estar bem consigo mesmo, de
administrar os próprios sentimentos e emoções, além de autodisciplina e auto-estima.

Entretanto, muitos dos casos descritos como sendo de crianças índigo não revelam,
por exemplo, um grande desenvolvimento da inteligência interpessoal, pois vemos
que tendem a se isolar, têm problemas no relacionamento social, irritam-se quando
não são compreendidas pelos outros e podem ter condutas anti-sociais.

Agora, se essas crianças podem contribuir conosco? Claro. Se elas têm algo a nos
ensinar? Muito provavelmente. Mas daí a dizer que são "filhos da luz" e "crianças da
Nova Era" vai uma boa distância, criando expectativas que muito possivelmente
recairão sobre elas mesmas, no presente ou no futuro.
Preocupa-me também a possibilidade de diferenças e discriminações feitas em
relação aos "não-considerados-índigos" numa mesma família ou grupo de alunos.
Dizem, os que apóiam a tese dos índigos, que eles vieram para nos ajudar a evoluir.
Então, eu encerro perguntando: qual é a criança que NÃO nos ajuda a evoluir?

*Artigo publicado no site da Fundação Espírita André Luiz (www.feal.com.br)

Com o rei na barriga

Ryan Maluski é um jovem de 20 anos considerado índigo por Caroll e Tober. "Desde
pequeno me senti muito diferente e só. Se quiser uma descrição ainda mais precisa,
me sentia como um rei trabalhando como empregado e tratado como escravo",
relata. Quando tinha 2 anos, Ryan visitou o circo com os pais: "Veja os palhaços e os
elefantes!", disse sua mãe bastante animada. Inesperadamente seu filhou lhe virou
um tapa no rosto, e continuou a assistir ao espetáculo. O mais incrível é um medico
ter repreendido a mãe por ter estimulado a criança. "Da próxima vez, deveria deixá-lo
mais à vontade para fazer as coisas ao seu modo", afirmou (!). Liberdade e falta de
educação são coisas diferentes. Educar significa saber quando dizer não e quando
dizer sim. Limites são balizas da educação. Parece que a cultura norte-americana está
perdendo completamente essa noção.

Um comentário de Nancy Tappe é surpreendente: "Todas as crianças que mataram


colegas de escola ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos.
Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de
pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá-lo em prática.
Já os índigos não têm esse tipo de medo", relata no livro Criança Índigo.

Uma proposta perigosa

Crianças índigo não existem! Em verdade, são espíritos com a missão de superar seu
exaltado orgulho, aproveitando as últimas chances neste planeta para mudar de
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rumo. Os pais devem esclarecer a relativa importância do desenvolvimento
intelectual quando a evolução moral é negligenciada. O educador desatento, entregue
às falsas idéias sobre crianças índigo, poderá considerar o autoritarismo e malcriação
como indício de superioridade. Terrível engano! Agem ainda pior os pais que,
obedecendo ao modismo, exibem seus filhos com orgulho, declarando serem índigos.
A criança pode até fingir não perceber quando é elogiada. Parece distraída enquanto
os pais contam os feitos maravilhosos tomando café com as visitas. Contudo, está
atenta, e a tudo observa. Ao perceber que seu comportamento contenta os pais, ela
repete e os acentua, condicionando ainda mais seus hábitos presunçosos.
Este é um dos maiores perigos da tese das crianças índigo: quando os pais se deixam
manipular pelos filhos, seduzidos pelas habilidades intelectuais precoces, eles estão
falhando em sua missão educativa.
Modismos continuarão existindo. De olho nas vendas, autores norte-americanos já
inventaram as crianças crystal. E a mais recente descoberta são as rainbow, ou
"crianças arco-íris" como ficarão conhecidas em nossas terras se aqui aportarem.

Se lidos esses livros, como todos, é necessário separar o joio do trigo. E sem bom
senso para distinguir um de outro, corre-se o risco de ser arrebatado pelo canto da
sereia do falso profetismo, como adverte o Evangelho: "Levantar-se-ão muitos falsos
profetas que seduzirão a muitas pessoas e, porque abundará a iniqüidade, a caridade
de muitos esfriará" (Mateus, 24:11).

A missão dos pais

A regeneração do planeta não se dará por uma simples substituição dos espíritos
atrasados por superiores vindos do espaço. O mundo futuro "não se comporá
exclusivamente de espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo
progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a
secundar o movimento de regeneração", completam os Espíritos, também em A
Gênese.

Todo pai quer ver em seu filho uma criança especial ou justificar sua frustração diante
de crianças difíceis. Isso explica o sucesso dessas idéias. Mas qual criança não é
especial? Todas elas nos desafiam a perceber seus valores e distinguir seus defeitos
no trabalho da educação. A vida no lar é a oportunidade para pais e filhos
compreenderem suas almas. Mas ninguém vira santo do dia para a noite. O começo é
uma mudança de propósitos: "A regeneração da humanidade não exige
absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas
disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão
predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim,
nem sempre os que voltam são outros espíritos; são com freqüência os mesmos, mas
pensando e sentindo de outra maneira", conclui Allan Kardec, num dos últimos
parágrafos de A Gênese. E os incrédulos que acham tudo isso motivo de riso? Estes,
diante da morte, "viverão, a despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a
abrir os olhos". E com essa frase Kardec encerra o livro.

Crianças de um mundo novo

As crianças do mundo regenerado serão espíritos sem preconceitos, criativas,


inteligentes e amorosas. Diante de pessoas menos inteligentes agirão com
humildade, valorizando-as para que se sintam melhores. Despreocupadas de si
mesmas, voltarão sua atenção para auxiliar exatamente os menos capacitados, os
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reconhecendo como iguais, por terem os mesmos valores em potencial em nas almas
- as diferenças restringem-se à idade do espírito, alguns são mais velhos e outros
mais novos. A atitude dessas crianças será de respeito, esperança e compaixão.
Acima de tudo, seu lema será a fraternidade. Seus instrumentos serão caridade,
diálogo e senso de justiça. (P.H.F.)

Crianças Índigo e Cristal


Entrevista de Divaldo Pereira Franco ao Programa Televisivo O Espiritismo
Responde, da União Regional Espírita – 7ª Região, Maringá, em 21.03.2007.

Espiritismo Responde - Um de seus mais recentes livros publicados tem por título “A
Nova Geração: A visão Espírita sobre as crianças índigo e cristal”. Quem são as
crianças índigo e cristal?

Divaldo – Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e


pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar.

Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas


como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as
observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova
geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição
de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de
regeneração.

As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul,
aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).

O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração
que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre
apresentam um comportamento sui generis.

Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração


especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente,
foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e
interdimensionais ou transdimensionais.

As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual
passaram a ser denominadas dessa maneira.

A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma
necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia
a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento
intelecto-moral da Humanidade.

ER – Essas crianças não poderiam ser confundidas com as portadoras de transtornos


da personalidade, de comportamento, distúrbios da atenção? Como identificá-las com
segurança?

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Divaldo - Essa é uma grande dificuldade que os psicólogos têm experimentado,
porque normalmente existem as crianças que são portadoras de transtornos da
personalidade (DDA) e aquelas que, além dos transtornos da aprendizagem, são
também hiperativas (DTAH), mas os estudiosos classificaram em 10 itens as
características de uma criança índigo, assim como de uma criança cristal.

A criança índigo tem absoluta consciência daquilo que está fazendo, é rebelde por
temperamento, não fica em fila, não é capaz de permanecer sentada durante um
determinado período, não teme ameaças...

Não é possível com essas crianças fazermos certos tipos de chantagem. É necessário
dialogar, falar com naturalidade, conviver e amá-las.

Para tanto, os especialistas elegem como métodos educacionais algumas das


propostas da doutora Maria Montessori, que criou, em Roma, no ano de 1907, a sua
célebre Casa dei Bambini, assim como as notáveis contribuições pedagógicas do Dr.
Rudolf Steiner. Steiner é o criador da antroposofia. Ele apresentou, em Stuttgart, na
Alemanha, os seus métodos pedagógicos, a partir de 1919, que foram chamados
Waldorf.

A partir daquela época, os métodos Waldorf começaram a ser aplicados em diversos


países. Em que consistem? Amor à criança. A criança não é um adulto em miniatura. É
um ser que está sendo formado, que merece o nosso melhor carinho. A criança não é
objeto de exibição, e deve ser tratada como criança. Sem pieguismo, mas também
sem exigências acima do seu nível intelectual.

Então, essas crianças esperam encontrar uma visão diferenciada, porque, ao serem
matriculadas em escolas convencionais, tornam-se quase insuportáveis. São tidas
como DDA ou DTAH. São as crianças com déficit de atenção e hiperativas. Nesse
caso, os médicos vêm recomendando, principalmente nos Estados Unidos e na
Europa, a Ritalina, uma droga profundamente perturbadora. É chamada a droga da
obediência.

A criança fica acessível, sim, mas ela perde a espontaneidade. O seu cérebro
carregado da substância química, quando essa criança atinge a adolescência,
certamente irá ter necessidade de outro tipo de droga, derrapando na drogadicção.
Daí é necessário muito cuidado.

Os pais, em casa (como normalmente os pais quase nunca estão em casa e suas
crianças são cuidadas por pessoas remuneradas que lhes dão informações, nem
sempre corretas) deverão observar a conduta dos filhos, evitar punições quando
errem, ao mesmo tempo colocando limites. Qualquer tipo de agressividade torna-as
rebeldes, o que pode levar algumas a se tornar criminosos seriais. Os estudos
generalizados demonstram que algumas delas têm pendores artísticos especiais,
enquanto outras são portadoras de grandes sentimentos humanistas, outras mais são
emocionais e outras ainda são portadoras de natureza transcendental.

Aquelas transcendentais, provavelmente serão os grandes e nobres governantes da


Humanidade no futuro.

As artísticas vêm trazer uma visão diferenciada a respeito do Mundo, da arte, da


beleza. Qualquer tipo de punição provoca-lhes ressentimento, amargura que podem
levar à violência, à perversidade.
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ER – Você se referiu às características mentais, emocionais dessas crianças. Elas têm
alguma característica física própria? Você tem informação se o DNA delas é diferente?

Divaldo - Ainda não se tem, que eu saiba, uma especificação sobre ela, no que diz
respeito ao DNA, mas acredita-se que, através de gerações sucessivas, haverá uma
mudança profunda nos genes, a fim de poderem ampliar o neocórtex, oferecendo-lhe
mais amplas e mais complexas faculdades. Tratando-se de Espíritos de uma outra
dimensão, é como se ficassem enjauladas na nossa aparelhagem cerebral, não
encontrando correspondentes próprios para expressar-se. Através das gerações
sucessivas, o perispírito irá modelar-lhes o cérebro, tornando-o ainda mais
privilegiado.

Como o nosso cérebro de hoje é um edifício de três andares, desde a parte réptil, à
mamífera e ao neocórtex que é a área superior, as emoções dessas crianças irão criar
uma parte mais nobre, acredito, para propiciar-lhes a capacidade de comunicar-se
psiquicamente, vivenciando a intuição.

Características físicas existem, sim, algumas. Os estudiosos especializados na área,


dizem que as crianças cristal têm os olhos maiores, possuem a capacidade para
observar o mundo com profundidade, dirigindo-se às pessoas com certa altivez e até
com certo atrevimento... Têm dificuldade em falar com rapidez, demorando-se para
consegui-lo a partir dos 3 ou dos 4 anos. Entendemos a ocorrência, considerando-se
que, vindo de uma dimensão em que a verbalização é diferente, primeiro têm que
ouvir muito para criar o vocabulário e poderem comunicar-se conosco. Então, são
essas observações iniciais que estão sendo debatidas pelos pedagogos.

ER – Com que objetivo estão reencarnando na Terra?

Divaldo - Allan Kardec, com a sabedoria que lhe era peculiar, no último capítulo do
livro A Gênese, refere-se à nova geração que viria de uma outra dimensão. Da mesma
forma que no tempo do Pithecanthropus erectus vieram os denominados Exilados de
Capela ou de onde quer que seja, porque há muita resistência de alguns estudiosos a
respeito dessa tese, a verdade é que vieram muitos Espíritos de uma outra dimensão.
Foram eles que produziram a grande transição, denominada por Darwin como o Elo
Perdido, porque aqueles Espíritos que vieram de uma dimensão superior traziam o
perispírito já formado e plasmaram, nas gerações imediatas, o nosso biótipo, o corpo,
conforme o conhecemos.

Logo depois, cumprida a tarefa na Terra, retornaram aos seus lares, como diz a Bíblia,
ao referir-se ao anjo que se rebelara contra Deus – Lúcifer.

Na atualidade, esses lucíferes voltaram. Somente que, neste outro grande momento,
estão vindo de Alcione, uma estrela de 3ª. grandeza do grupo das plêiades,
constituídas por sete estrelas, conhecidas pelos gregos, pelos chineses antigos e que
fazem parte da Constelação de Touro.

Esses Espíritos vêm agora em uma missão muito diferente dos capelinos.

É claro que nem todos serão bons. Todos os índigos apresentarão altos níveis
intelectuais, mas os cristais serão, ao mesmo tempo, intelectualizados e moralmente
elevados.

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ER – Já que eles estão chegando há cerca de 20, 30 anos, nós temos aí uma juventude
que já está fazendo diferença no Mundo?

Divaldo – Acredito que sim. Podemos observar, por exemplo, e a imprensa está
mostrando, nesse momento, gênios precoces, como o jovem americano Jay
Greenberg considerado como o novo Mozart. Ele começou a compor aos quatro anos
de idade. Aos seis anos, compôs a sua sinfonia. Já compôs cinco. Recentemente, foi
acompanhar a gravação de uma das suas sinfonias pela Orquestra Sinfônica de
Londres para observar se não adulteravam qualquer coisa.

O que é fascinante neste jovem, é que ele não compõe apenas a partitura central,
mas todos os instrumentos, e quando lhe perguntam como é possível, ele responde:
“Eu não faço nenhum esforço, está tudo na minha mente”.

Durante as aulas de matemática, ele compõe música. A matemática não lhe interessa
e nem uma outra doutrina qualquer. É mais curioso ainda, quando afirma que o seu
cérebro possui três canais de músicas diferentes. Ele ouve simultaneamente todas,
sem nenhuma perturbação. Concluo que não é da nossa geração, mas que veio de
outra dimensão.

Não somente ele, mas muitos outros, que têm chamado a atenção dos estudiosos. No
México, um menino de seis anos dá aulas a professores de Medicina e assim por
diante... Fora aqueles que estão perdidos no anonimato.

ER – O que você diria aos pais que se encontram diante de filhos que apresentam
essas características?

Divaldo - Os técnicos dizem que é uma grande honra tê-los e um grande desafio,
porque são crianças difíceis no tratamento diário. São afetuosas, mas tecnicamente
rebeldes. Serão conquistadas pela ternura. São crianças um pouco destrutivas, mas
não por perversidade, e sim por curiosidade.

Como vêm de uma dimensão onde os objetos não são familiares, quando vêem
alguma coisa diferente, algum objeto, arrebentam-no para poder olhar-lhes a
estrutura.

São crianças que devemos educar apelando para a lógica, o bom tom. A criança deve
ser orientada, esclarecida, repetidas vezes.

Voltarmos aos dias da educação doméstica, quando nossas mães nos colocavam no
colo, falavam conosco, ensinavam-nos a orar, orientavam-nos nas boas maneiras, nas
técnicas de uma vida saudável, nos falavam de ternura e nos tornavam o coração
muito doce, são os métodos para tratar as modernas crianças, todas elas, índigo,
cristal ou não.

Fonte: http://www.divaldofranco.com/noticias.php?not=42

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As "Crianças Índigo" e a
Transição Planetária
Por Eurípedes
Kühl

Nada há no Espiritismo sobre “crianças índigo”. No entanto, será aqui tratado porque
pequenas notas espíritas sobre tais crianças e sua participação na transição
planetária estão despontando na mídia, além do que, alguma coisa daquilo que a
respeito é encontrado com abundância na internet pode, sim, ficar paralelo ou ao
abrigo da Doutrina dos Espíritos.

Em se tratando de transição planetária não tenho conhecimento de nenhuma religião


ou sistema que trate do tema com tanta lógica, propriedade e bom senso como o faz
o Espiritismo.

Sendo rigorosamente kardequiano, não me abalanço a elencar particularidades dos


“índigos” com o propósito de acoplá-las à Doutrina dos Espíritos, mas sim, possibilitar
aos leitores reflexões que os levem a aceitar ou não o que sobre isso se diz.

- E o que é que se anda dizendo sobre isso?

1. Crianças Índigo

Em Maio/99, Lee Carroll e Jan Tober, ambos escritores e palestrantes norte-


americanos sobre auto-ajuda, publicaram o livro “The Indigo Children” (As Crianças
Índigo), nele narrando suas observações sobre as crianças que estão chegando ao
mundo...

Antes deles, foi Nancy Ann Tape, uma sua conhecida, parapsicóloga, também
americana, quem primeiro (desde 1980) cunhou a expressão “crianças índigo”, com
base na cor por ela observada na aura de crianças que de alguma forma se
destacavam das demais.

Nancy escreveu um livro narrando suas observações: Understandig Your Life Through
Color – Entendendo sua vida através da cor. A partir daí, tais crianças também
passaram a ser denominadas de “Crianças da Luz”, “Crianças do Milênio”, “Crianças
Estrela”, “Meninos Índigo”.

Já de início, como se pode observar, toda essa matéria vem do pessoal que mora
acima do Rio Grande , sabidamente pródigo em criar-anunciar-divulgar “novidades
novidadeiras” para o mundo todo (“remember” o que Hollywood exporta...).

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Indeclinável relembrar também o Espírito Erasto, quando em “O Livro dos Médiuns”,
Cap XX, dá-nos regra áurea no caso de quaisquer dúvidas: Melhor é repelir dez
verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.

- Afinal: o que são “crianças índigo”?

- Dizem os norte-americanos citados que:

a) trata-se de uma nova geração de Mestres aportando no planeta para ajudarem a


modificá-lo — social, educacional e espiritualmente(!);

b) estarão catalisando mudanças comportamentais, no sentido de que a humanidade


proceda como pensa, sem mascaramentos, sempre com sólida base no que é certo,
mudando o foco do individual para o coletivo, isto é, mais o próximo, menos o EU;

c) em tudo, só admitem a verdade, daí que se comportam com senso de realeza;


d) para elas auto-estima não é essencial e talvez por isso é que não aceitam
autoridade absoluta, mormente aquela que não explica ou não oferta alternativas;

e) frustram-se com a rotina e por isso são incapazes de se manterem quietas (numa
fila, por ex.);

f) têm sempre a melhor forma de fazer as coisas, pois extrapolam o plano intelectual;

g) por intuição não se deixam enganar jamais: intuitivamente percebem quando a


verdade está ou não em tela;

h) parecem anti-sociais quando distantes de outras crianças semelhantes (em nível de


consciência);

i) para elas não funcionam ameaças ou pressões vindas de alguém que lhes prometa
retaliações por alguns dos seus atos, naturalmente incompreendidos...

j) trazem o propósito de ajudar às massas e por isso apresentam alguma


hiperatividade , sempre positiva;
l) estão voltadas para atividades:

- humanísticas (servir às massas)


- conceituais (projetos técnicos)
- artísticas (sensibilidade maior no que fazem)
- interdimensionais (precoces no saber – implantando novas filosofias e mais
espiritualidade para o mundo);

m) operam com base no amor: sempre abertos e honestos;


n) não são perfeitas, em absoluto: eventualmente, podem apresentar irritação ou
pouco poder de concentração.
Bem: na internet há muito mais. De minha parte, julgo que já é o suficiente o que
acima expus, no sentido de formar um ligeiro painel sobre as “crianças índigo”.

2. Transição Planetária
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É verdade que todos nós notamos que o mundo vem passando por mudanças
expressivas e rápidas, mormente com as gerações de jovens do pós 2ª Guerra
Mundial (1939-1945) que tanta presença vêm marcando, notadamente:
a) as mulheres, praticamente, igualaram-se social e profissionalmente aos homens,
quebrando tabus seculares;

b) no inter-relacionamento familiar desapareceram do vocabulário filial as palavras


“senhor” ou “senhora”, no tratamento com os pais, que foram substituídas
simplesmente por “você”;

c) os pais aceitam que o filho ou a filha (às vezes, menores de idade...) tragam para
casa a namorada, ou o namorado, por pernoite ou dias, em muitos casos permitindo-
lhes relacionarem-se sexualmente, o que eufemisticamente é denominado “ficar”...
(sexo avulso, irresponsável...);

d) o pai, dantes 100% ausente das lides domésticas, agora as divide com a esposa e
os filhos; em alguns casos assume tudo, por ele estar desempregado e ela, a esposa,
exercer alguma atividade dentro ou fora de casa, com o que garante o sustento do
lar...

e) os adultos, modo geral, preocupam-se em passar valores morais para as crianças,


trazendo à tona a verdade, sobre qualquer assunto (drogas e sexo, em particular).

Em “O Livro dos Espíritos”, obra basilar do Espiritismo, vemos na 3ª Parte que a Lei
Divina do Progresso submete tudo e todos à incessante evolução, com sistemática
nem sempre compreendida pelo homem. Com efeito, a atmosfera se mostra saneada
após as tempestades ou ventos fortes e o solo sempre se torna mais generoso depois
das erupções vulcânicas.

Se assim é quanto ao mundo físico, outra não será a sistemática quanto à


Humanidade...

Relembremos que pedagogicamente Kardec classificou a Terra como planeta de


“Provas e Expiações e o Espírito de Santo Agostinho declarou que chegou a hora
deste mundo ser promovido a Planeta de Regeneração” .

Essa promoção é bem explicitada no livro “A Gênese”, última obra literária de Kardec,
que no derradeiro capítulo (XVIII) deixou registrado:

São chegados os tempos - Sinais dos tempos – A geração nova

1. São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em


que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade.

(...) A Terra, como tudo o que existe, está submetida à lei do progresso que,
moralmente, se dará pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que a
povoam.

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(...) Restam aos homens fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a
solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral.

(...) A geração futura (estávamos em 1868) desembaraçada das escórias do velho


mundo e formada de elementos mais depurados, se achará possuída de idéias e
sentimentos muito diversos dos da geração presente.
(...) O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que, com efeito, surgiram
homens novos, ou, melhor, regenerados.

(...) A geração que surge, retemperada em fonte mais pura, imbuída de idéias mais
sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido do progresso moral que
assinalará a nova fase da evolução humana.
(...) Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a
dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os
quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos. Irão expiar o
endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças
terrestres ainda atrasadas.

(...) A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um
cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e
a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem
natural das coisas.

(...) Pela natureza das disposições morais, sobretudo das disposições intuitivas e
inatas das duas gerações, da que parte e da que chega, torna-se fácil distinguir a qual
das duas pertence cada indivíduo.
(...) A regeneração da Humanidade não exige absolutamente a renovação integral dos
Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais.

Conclusão
“Crianças Índigo” ajudarão a regenerarão do mundo, no dizer dos autores citados...
Sobre elas e sua missão, segundo o que dizem os norte-americanos, há alguns dados
que, sem esforço, podem ser aproximados do Espiritismo. Não são muitos, mas
existem.

Situo isso com a expressão da qual muito gosto: “Pode haver algum ouro na ganga”.

“Crianças índigos” é teoria que surgiu da observação de auras azul brilhante, isso
significando diferença (para melhor) entre os que a possuem e os que a têm de outra
cor.

O Espírito André Luiz, em sua abençoada série “A Vida No Mundo Espiritual” (13
livros, psicografados por F.C.Xavier, alguns com W.Vieira), traz notícias de auras e
cores, em vários livros. Destaco apenas “Os Mensageiros”, em seu Cap. 24, quando se
refere a um Espírito evoluído - Ismália, em preces -, com luzes diamantinas que do
tórax irradiavam todo o corpo. Dois outros Espíritos que acompanhavam Ismália
estavam quase semelhantes a ela, “como se trajassem soberbos costumes radiosos,
em que predominava a cor azul”. (Grifos meus).

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Da minha parte, o que já aprendi do Espiritismo não me autoriza, de forma alguma,
acatar receitas de ingredientes novos e menos ainda provar o bolo pronto. Assim,
embora considerando instigante o tema “crianças índigo”, não o tenho nem como
comprovado ou comprovável, nem como reprovado ou reprovável.

Deixar que o Tempo se encarregue de mostrar o que há de verdade é atitude que a


prudência bem recomenda, dirimindo se tudo não passa de opinião pessoal de
algumas pessoas, respeitáveis todas. Kardec, em se referindo ao Espiritismo e
eventuais novidades, sempre combateu energicamente as opiniões pessoais...

1) ÍNDIGO: planta cultivada originalmente na Índia e que fornece material para tingir
as calças jeans com a cor característica.

2) RIO GRANDE: Rio que serve de fronteira em área do México com os EUA. Tem o
nome de “Grande”, mas na verdade, sua largura, em vários pontos, não excede cinco
metros; em muitos outros pontos, permite travessia a pé, de margem a margem.

3) Hiperatividade: não me refiro, aqui, ao que a Medicina denomina DDA (desordem


do déficit de atenção), e sim à capacidade de realizar bem (e em quantidade) tarefas
de diferentes áreas.

4) Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap III.

5) OPINIÃO PESSOAL: Vide alertas de Kardec, na “Introdução” de “O Evangelho


Segundo o Espiritismo”.

Eurípedes Kühl: Eurípedes Kühl, 1934, paulista, casado, 2 filhos. Oficial do Exército,
pára-quedista militar, na Reserva Remunerada, após 31 anos de carreira castrense.
Bacharel em Administração de Empresas e Economia. Espírita de berço. Médium
psicógrafo e escritor espírita. Vinte e dois livros editados. Doze, psicografados, e dez,
de lavra própria. Palestrante espírita, responsável por vários cursos sobre Espiritismo,
articulista e colaborador de vários órgãos de divulgação espíritas, inclusive "O
REFORMADOR", da Federação Espírita Brasileira.

O texto publicado nesta coluna é de responsabilidade do autor, e pode não expressar


a opinião total ou parcial do Portal Panorama Espírita sobre o assunto.

Fonte: http://www.panoramaespirita.com.br/modules/eNoticias/article.php?
articleID=331

Os obscuros conceitos de
uma seita
13
Sociedade Espírita NOVA ERA

Por Paulo Henrique Figueiredo

Você pode fazer o download e imprimir o jornal


mensagem.

As suspeitas levantadas sobre essa obra nos


motivaram a investigar mais profundamente seus
autores, a origem, as finalidades de sua publicação, e
quem está divulgando seus conceitos no país em que
surgiu, os Estados Unidos. O que encontramos é
grave e é preciso esclarecer os fatos.

Desde 2006, pesquisadores espíritas, como Rita Foelker, Dora Incontri, Heloísa Pires,
e a Revista Universo Espírita vêm alertando para as inúmeras contradições entre a
Doutrina Espírita e o best-seller Crianças Índigo, publicado nos Estados Unidos em
1999, e no Brasil em 2005.

Algumas das características das crianças índigo são alarmantes:

“Nascem, sentem-se e agem com realeza. (...) Conseguem inverter as situações,


manipulando ao invés de serem manipulados, especialmente seus pais. (...) Não se
relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (...) Alguns têm
propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência”.

Citada em Crianças Índigo como a primeira a supostamente reconhecer a aura azul


dessas crianças, diz a vidente Nancy Ann Tappe:

“Todas as crianças que mataram colegas de escola ou os próprios pais, com as quais
pude ter contato, eram índigos. Eles tinham uma visão clara de sua missão, mas algo
entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo.
Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de
pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá- lo em prática.
Já os índigos não têm esse tipo de medo”.

Esse é o novo conceito de sobrevivência das crianças índigo? Matar os pais e colegas
de escola? O que isso tem a ver com o Espiritismo?

A pedra angular é a fraternidade

Os Espíritos da Codificação realmente anunciaram uma nova geração, mas nos


seguintes termos: “Cabendo a eles fundar a era do progresso moral, a nova geração
se distingue por uma precoce inteligência e razão, juntas ao sentimento inato do bem
e das crenças espiritualistas, constituindo um sinal indiscutível de um adiantamento
anterior”, explicaram em A Gênese.

Os Espíritos estão falando de progresso moral e de uma geração com o sentimento


inato do bem. Isso pressupõe a habilidade de resolver conflitos, paciência,
solidariedade e tolerância. Segundo o Espiritismo, “a fraternidade será a pedra
angular da nova ordem social”. Já as crianças índigo descritas são revoltadas,
agressivas e prepotentes. A chegada de uma nova geração anunciada na Doutrina

14
Espírita nada tem a ver com o conceito de Crianças Índigo pertencente à seita
estrangeira criada por Lee Carroll.

As suspeitas levantadas sobre essa obra nos motivaram a investigar mais


profundamente seus autores, a origem, as finalidades de sua publicação, e quem está
divulgando seus conceitos no país em que surgiu, os Estados Unidos. O que
encontramos é grave e é preciso esclarecer os fatos.

O Grupo Iluminação Kryon

Um dos autores de Crianças Índigo é Lee Carroll, formado em Economia pela


Universidade da Carolina do Norte. Durante 30 anos trabalhou em sua empresa de
engenharia de som, em Del Mar, San Diego, onde vive até hoje.

O ano em que tudo começou foi1989, quando um sensitivo disse ter visto ao lado de
Lee Carroll uma entidade extraterrestre que se identificou pelo nome “Kryon”.

Intrigado, Lee começou a “canalizar” (esse é o nome que ele dá para as psicografias)
textos da entidade extraterrestre Kryon num grupo esotérico de sua cidade.

A co-autora do livro Crianças Índigo é a cantora Jan Tober, ex-mulher de Lee Carroll.
Ela o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo Iluminação Kryon, em 1991.

Durante 10 anos, as mensagens renderam a publicação de 12 livros, As edições,


traduzidas para 23 línguas, venderam mais de um milhão de exemplares.

Os encontros do Grupo Iluminação Kryon, onde é possível consultar-se pessoalmente


com Kryon por meio de Lee Carroll, reúnem platéias pagantes de 3 mil pessoas. Elas
lotam caríssimos salões e teatros da Europa e Estados Unidos. Lá também são
vendidos livros, filmes, souvenires e bijuterias. As mensagens do extraterrestre Kryon
na internet recebem cerca de 20 mil visitas por dia.

Uma tese panteísta

Quem é esse ser que se diz extraterrestre e que revelou as crianças índigo?

O site oficial da seita dá sua versão:

“Kryon é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso. Proveniente do
‘Sol Central’, com a função primordialmente técnica ligada ao ‘serviço
eletromagnético’. Foi enviado por um grupo de ‘Mestres Extrafísicos’, chamado ‘A
Irmandade’. Veio dessa vez para reordenar a ‘rede magnética planetária’, visando
uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano de
2012”.

Em O Livro dos Espíritos, “Jesus foi o ser mais puro que já apareceu na Terra”.

Ainda há muito mais. De acordo com Kryon, Deus não existe. Ele propõe o panteísmo,
ou seja, segundo ele, “todos os seres do Universo são parte de um todo e as
individualidades são apenas ilusões”.

Esse pensamento panteísta se opõe claramente aos ensinamentos do Espiritismo.


Basta ler a o seguinte diálogo em O Livro dos Espíritos: “Que pensar da opinião
15
segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do
Universo, seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria
Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta?”, perguntou Allan Kardec. E os
Espíritos responderam: “Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma
parte de Deus.”.

Quem são as crianças índigo

A doutrina do Grupo Iluminação Kryon vai ainda mais longe. Damos aqui apenas um
resumo das palavras de Krion:

“Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos que assinaram
um contrato para vivenciar uma experiência humana no planeta Terra, motivo pelo
qual seríamos honrados e celebrados em todo o Universo.”

De acordo com o “extraterrestre”, “a humanidade atingiu a ‘Convergência Harmônica’


necessária. Essa experiência é a de vivermos com um nível vibracional rebaixado
para a terceira dimensão, sem as memórias ou lembranças de nossa origem divina”.

O que seria “Convergência Harmônica”? Nos livros psicografados por Lee Carroll,
informações pseudocientíficas como essa estão por todo o texto, sem explicação
alguma.

Segundo Kryon, desde 1987 estariam nascendo crianças com o DNA alterado, que
seriam as tão comentadas “crianças índigo”. Há também referências às crianças
cristal.

Todavia, de acordo com a Doutrina Espírita a moral é um atributo do Espírito e não do


corpo. Nenhuma alteração do DNA transformaria moralmente indivíduo algum.

E quais as conseqüências dessa suposta mutação das crianças? Segundo o


extraterrestre Kryon, “elas se tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia
que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra”. A astrofísica está bastante
avançada e podemos afirmar que a idéia da criação tardia de uma galáxia não tem
embasamento científico algum.

Mais uma vez, é Kardec quem alerta: “Toda heresia científica notória, todo princípio
que choque o bom-senso, aponta a fraude, desde que o Espírito se dê por ser um
Espírito esclarecido”, em O Livro dos Médiuns.

Idéias estranhas

As mensagens publicadas no site da seita criada por Lee Carroll falam do novo
acontecimento programado, segundo ele, para 2012: “Celebremos o fim do teste! As
estrelas são nossas. Agora é chegado o momento de uma parte da família ir para
casa, precisamente em 2012. E ele, Kryon, estará lá quando chegarmos”.

Sobre questões como essa, disse Kardec: “Os bons Espíritos nunca determinam datas.
A previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de
mistificação”, em O Livro dos Médiuns.

Nos encontros do grupo, Kryon responde indagações do público que paga para ser
atendido. Um adepto perguntou: “Querido Kryon, na Califórnia você nos falou que
16
segurar pílulas na mão pode curar. Isso eliminará os efeitos colaterais? É seguro ficar
segurando Prozac?”. A resposta foi:

“Seu corpo sabe que substância vocês estão segurando. Portanto, é possível
impregnar as propriedades da intenção de usar a substância em suas células. Assim
não há o efeito colateral de uma droga, por exemplo. Apenas pensem... um frasco de
aspirina ou antiácidos durará anos!”.

Kardec alertou: “Jamais os bons Espíritos aconselham senão o que seja perfeitamente
racional. Qualquer recomendação que se afaste da linha reta do bom-senso, ou das
leis imutáveis da Natureza, denuncia um Espírito atrasado e, portanto, pouco
merecedor de confiança”, em O Livro dos Médiuns.

A fragmentação de um meteoro

Outra questão intrigante proposta por um seguidor da seita é sobre o fim do mundo:
“Algum planeta irá se chocar com a Terra? Irá haver extinção da raça humana?”. E
Kryon respondeu:

“Depende do que os Humanos fizerem. Já revelamos que, antes de começar a


canalizar, em 1989, o primeiro trabalho conjunto de Kryon e Lee Carroll foi fragmentar
um meteoro (Myrva) que vinha, realmente, em rota de colisão com a Terra. Era um
dos instrumentos das catástrofes previstas para o fim do século”.

O Espiritismo afirma com clareza que o mundo não será destruído fisicamente: “Não é
racional se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entre no
caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos”, em A Gênese.

Além dos milhares de dólares arrecadados pela venda de produtos, nos encontros da
seita, há outra fonte de renda: os tratamentos patenteados por Peggy Phoenix Dubro,
parceira de Lee Carroll.

Segundo as idéias da seita, as pessoas que nasceram antes de 1987 não são índigo,
mas para ganhar o direito de habitar a nova “galáxia” poderiam ter seu DNA alterado
por meio do tratamento proposto por Peggy Dubro.Eles criaram uma empresa, A
Energy Extension Incorporation (Empresa de Ampliação Energética) que detém os
direitos da Universal Calibration Lattice® (Malha de Calibração Universal), e também
da EMF Balancing Technique® (Técnica de Equilíbrio). São tratamentos pagos
aplicados nas sedes espalhadas pelo mundo (inclusive no Brasil).

Acreditamos que as informações listadas são suficientes para dar uma idéia do que
está por trás da obra Crianças Índigo. Quem ainda desejar conferir os volumosos
livros e mensagens “canalizadas” por Lee Carrol e tudo mais sobre a seita Grupo
Iluminação Kryon basta digitar “Kryon” nos sites de busca da internet.

A maquiagem na edição brasileira

As obras de Lee Carroll adotam o panteísmo, doutrina negada pelo Espiritismo. Mas
na edição brasileira os trechos panteístas foram alterados

Lee Carroll, que com Jan Tober escreveu Crianças Índigo, publicou outros 11 livros.
Dez deles são psicografados, com a autoria creditada ao “extraterrestre” Kryon.Esses
volumosos livros trazem muitos conceitos conflitantes com a Doutrina Espírita.
17
Já no primeiro, Os Tempos Finais, publicado em 1990, Kryon descreve seu
ensinamento panteísta: “Todos nós estamos vinculados. Eu assino Kryon, mas
pertenço à totalidade. Você é uma parte de Deus. Todos somos coletivos em espírito,
mesmo enquanto vocês estão encarnados na Terra”.

Allan Kardec explicou essa doutrina em O Céu e o Inferno: “O panteísmo


propriamente dito considera o principio universal de vida e de inteligência como
constituindo a Divindade. Todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a
Divindade (...). Esse sistema não satisfaz nem a razão nem a aspiração humanas”.

Constatamos, porém, um fato intrigante: todos os livros de Lee Carroll trazerem


afirmações panteístas, mas na edição brasileira não há uma só frase. Assim,
consultamos a edição original em inglês, The Indigo Children, de 1999. Estava lá, no
depoimento da psicóloga Doreen Virtue, a seguinte frase, que traduzimos: “Todas as
crianças de Deus são iguais, porque todos são um só ser”. A mesma frase na edição
brasileira, na página 153, foi alterada para: “Todas as crianças de Deus são iguais,
pois somos todos iguais”.

Encontramos outra alteração na página anterior, na qual lemos a seguinte frase: “Não
existem indivíduos, apenas uma ilusão de que somos diferentes”. Mas a tradução da
versã original é mais extensa: “Não existem indivíduos separados, apenas a ilusão de
que os outros estão separados de nós mesmos”. Esta reproduz o panteísmo do
extraterrestre Kryon, mentor de Lee Carrol.

A constatação desse fato nos levou a folhear o livro para conferir o restante da
tradução. No depoimento da reverenda Laurie Joy, na página 164 do livro brasileiro,
lemos a seguinte frase: “Kathryn Elizabeth, fala sempre de seu anjo da guarda.
Depois vai brincar com as outras crianças”. Mas a tradução da obra original é
diferente: “Kathryn Elizabeth fala sempre de seu anjo da guarda.

Depois sorri, dá a mão ao anjo, e os dois vão cavar túneis na areia”.

Há uma menção em Crianças Índigo sobre os livros psicografados do “extraterreste”


Kryon por Lee Carroll. Mas na tradução brasileira há uma alteração que modifica o
sentido, e faz parecer que Kryon é um médium, e que nada tem a ver com Lee Carroll.

Veja: “I sent him all the Kryon books by Lee Carroll…” (Versão original, p. 147).

“Enviei todos os livros de Kryon por Lee Carroll...” (Tradução correta).

“Enviei todos os do médium Kryon e Lee Carroll...” (Trecho alterado da edição


brasileira, p. 162).

Peggy Dubro é uma integrante da seita “Grupo Iluminação Kryon”, onde atua como
médium. Os seres que dirigem o grupo teriam transmitido a ela o “tratamento
magnético para alterar o DNA”, denominada EMF Balancing Technique. Na versão
brasileira, o fato foi alterado:

“She also channeled the Phoenix Factor information, which contained the EMF
Balancing Technique...”. (Versão original, p. 226)

“Ela também recebeu mediunicamente a informação Phoenix Factor, que inclui a EMF
Balancing Technique...”. (Tradução correta).
18
“Desenvolveu, igualmente, a informação Phoenix Factor, que inclui a EMF Balancing
Technique...”. (Trecho alterado da edição brasileira, p. 243)

Na descrição do comportamento do rapaz Mark, ele demonstra o comportamento


esquizofrênico de não distinguir o certo do errado. Na versão brasileira do livro Mark
se torna apenas irresponsável.

“... could never see the consequences of his intended actions. He literally just did not
get it. After the fact, his face would always be so blank, as if he couldn’t believe he
hadn’t realized that what he was doing would get him into trouble…” (Versão original,
p. 145).

“... O problema é que não entendia as conseqüências de seus atos. Ele literalmente
não compreendia. Depois do ocorrido, ficava com o rosto sem expressão, como se não
acreditasse que tivesse feito algo que lhe trouxesse problemas...” (Tradução correta).

“... O problema é que não entendia as conseqüências de seus atos. Cometia erros,
mas não percebia que teria que pagar por eles...” (Trecho alterado da edição
brasileira, p. 161).

Paulo Henrique Figueiredo é editor da revista Universo Espírita, que preparou o


especial mensagem, sobre as crianças índigo. Você pode fazer o download e imprimir
o jornal mensagem.

Fonte: http://www.se-novaera.org.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=758

A verdade sobre a seita


que inventou as
“crianças índigo”
Na luta contra os conceitos absurdos dos "falsos
profetas" que teimam em deturpar a Doutrina
dos Espíritos, um grupo de pensadores e
pesquisadores espíritas, capitaneados pela
Associação Brasileira de Pedagogia - ABPE,
editou o jornal Mensagem, com vários artigos e
reportagens que revelam a verdade por trás da
seita e da mistificação que criaram o conceito
de “crianças índigo” que infelizmente
contamina casas espíritas, associações e o
movimento como um todo. Baseados nas obras
da codificação e nas orientações de Alan
19
Kardec, os textos provam que esta teoria não sobrevive ao crivo da razão e da análise
científica. Participam do especial, com reportagens e artigos: Paulo Henrique
Figueiredo, Franklin Santana Santos, Dora Incontri, Heloisa Pires, Rita Foelker,
Alessandro Bigheto, além de textos, estudos e documentos de Herculano Pires, que
sempre foi um expoente na luta por um Movimento Espírita ativo na pesquisa, na
razão e no bom senso.

Você pode fazer o download e imprimir o jornal mensagem.

Ou acompanhar textos sobre o assunto no site da Sociedade Espírita Nova Era, que
tem sua história baseada na pesquisa, no estudo e na coerência doutrinária.

Na foto, tomate de cor azul criado por cientistas espanhóis.

Fonte: http://www.se-novaera.org.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=754

As crianças índigo e o
movimento espírita
Como explicar a adesão de lideranças e instituções
em uma tese tão absurda.
Por Dora Incontri, para o Especial Mensagem - Faça o Download

A entrada livre do movimento índigo dentro do movimento espírita brasileiro revela


apenas o que os espíritas conscientes já sabem (e estes infelizmente são em muito
pequeno número): nosso movimento anda longe da trilha proposta por Kardec.
Entenda-se que não tomamos aqui essa trilha como um conjunto de dogmas fixos,
como um sistema fechado de pensamento. O espiritismo – como queria Kardec – deve
estar inserido no mundo, na cultura de seu tempo, deve dialogar com outras
correntes de pensamento, deve continuar seu caminho de ciência e de pesquisa.

Mas para isto é preciso um método. A principal contribuição de Kardec foi a criação de
um método de abordagem da realidade, que inclui a observação científica, a reflexão
filosófica e a revelação espiritual. Esses três caminhos convergem na busca da
verdade e um elemento controla o outro. Não se pode aceitar cegamente o que vem
pela revelação mediúnica – é preciso passá-la pelo crivo da razão e pela análise do
método científico. Aliás, somos nós, encarnados, que fazemos a ciência, e não os
Espíritos, que vêm apenas nos intuir, nos ajudar, sobretudo no plano moral. Uma
ciência que supostamente nos viesse pronta do Além já deveria ser motivo de
desconfiança e é própria de Espíritos pseudo-sábios.

20
No caso de Lee Carrol, Jan Tober e o Espírito de Kryon (que a tradução brasileira
mudou para médium Kryon, quando se trata de um Espírito que se afirma extra-
terrestre e o Espírito mais próximo de Deus!), defrontamo-nos com uma grande
mistificação, com fins comerciais, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum critério
científico... e os espíritas embarcaram gostosamente na idéia. Por quê?

Alguns certamente o fizeram de boa-fé, outros com claros interesses financeiros,


porque se trata de um tema vendável, na linha de auto-ajuda descompromissada,
aquela que agrada ao leitor, por trazer receitinhas prontas de como tratar um filho
índigo – e muitos podem se iludir no orgulho de ter um filho de aura azul,
predestinado a mudar o mundo, um mutante genético!

Os que aceitaram a idéia de boa-fé não são menos desculpáveis, principalmente em


se tratando de lideranças, formadoras de opinião, que publicam livros, fazem
palestras, porque deveriam ter a responsabilidade ética e intelectual de falar apenas
sobre aquilo que pesquisaram em profundidade e manifestarem uma opinião
abalizada sobre o assunto. Aos que fazem publicações com fins comerciais, não temos
o que dizer. Kardec advertia que contra interesses não há fatos que prevaleçam.

É preciso esclarecer bem o que criticamos na questão de fins comerciais, pois temos
também uma editora e podemos ser mal interpretados. É óbvio que o setor editorial
espírita precisa ser profissional, movimentar dinheiro, contratar pessoas, trabalhar na
base do profissionalismo e não do amadorismo. Isto também vale para uma escola,
uma universidade, um empreendimento qualquer que leve o nome de espírita. Ou
seja, temos pleno direito ético de vender um livro espírita (porque senão não
podemos publicar outros), de cobrar um curso ou um congresso, para cobrir os custos
e, inclusive, para reinvestirmos na própria divulgação do espiritismo. O que
criticamos, que é próprio da mentalidade capitalista, é quando passamos o lucro na
frente do ideal. Ou seja, quando traímos os princípios da doutrina espírita, publicamos
qualquer coisa, para ganhar dinheiro, fazemos qualquer negócio, para obter
dividendos e buscamos com isso enriquecimento pessoal.

É isso o que o capitalismo preconiza: lucro acima de tudo e princípios éticos


totalmente descartáveis e secundários. A qualidade de um produto, as
responsabilidades social, ideológica, moral ficam subordinadas ao desejo de venda
fácil. As editoras espíritas que trabalham seriamente, com cultura e livros de
conteúdo, sabem o quanto é preciso se sacrificar para manter bem alto o ideal!

A falta do espírito crítico

O outro aspecto comprometedor que afasta o movimento espírita do rumo de Kardec


é a ausência de criticidade, debates e exame livre das questões. Quando surgem às
vezes alguns críticos, cometem o deslize que discutir pessoas, ao invés de discutir
idéias. Mas a grande maioria, acostumada à cultura do “brasileiro cordial”, acrescida
pelo estereótipo de “espírita caridoso”, não está habituada a nenhum exercício de
crítica construtiva. Considera-se que crítica é falta de caridade.

Ora, Kardec, nos 12 volumes da Revista Espírita, estabelecia um debate eloqüente,


ardido e, muitas vezes, usando aquele fino espírito francês de ironia, para colocar-se
ante adversários e para esclarecer questões polêmicas. Não que transformasse as
páginas da Revista em arena de combate, mas não deixava de exercitar o saudável
espírito da análise crítica, inclusive como instrumento de construção do conhecimento
espírita.
21
Todos os grandes pensadores agiram assim. Basta lembrar Sócrates, com sua fina
ironia, debatendo com os sofistas; basta rememorar Descartes, com seu método
racionalista, desmontando a teologia jesuítica. Toda a história do pensamento
humano constitui-se no debate de idéias.

Quando a discussão é implicitamente proibida, cria-se o autoritarismo disfarçado, a


idolatria por líderes, que passam a pontificar sem nenhum questionamento,
dominando as consciências, e não há progresso e nem liberdade de pensamento.

É isso o que se vê no meio espírita atualmente. Qualquer pessoa pode publicar, falar,
pontificar o que for, e ninguém rebate uma vírgula, ninguém faz uma objeção. Por
isso, multiplicam-se os absurdos e estamos imersos numa avalanche de frivolidades.

Enquanto não aprendermos a debater sem melindres, a discutir idéias sem paixões
pessoais, a criticar construtivamente e a exercitar o livre-exame (que já Lutero
propunha há 500 anos), não teremos um movimento espírita esclarecido e
progressista, que não engula mistificações tão grosseiras como essa das crianças
índigo. Obviamente que só é possível criticar construtivamente a partir de um
conhecimento aprofundado das questões. Para isso, é preciso estudar Kardec e
procurar sempre ampliar o horizonte cultural.

Fonte: http://www.se-novaera.org.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=748

REFLETINDO SOBRE
CRIANÇAS ÍNDIGO E
CRISTAL
Por Tereza Rodrigues
Professora e Palestrante Espírita

Allan Kardec aborda, no capítulo final de A Gênese, o tempo da renovação moral da


humanidade através do que ele denomina "A Geração Nova". Posteriormente, os
compiladores de Obras Póstumas, incluíram as comunicações espirituais que deram
origem a tal capítulo. O Codificador afirma, então, que a época de transição já era
vivida naqueles dias, quando elementos das gerações se misturavam, podendo tanto
a que partia quanto a que chegava, serem analisadas por suas características
predominantes.1

Na nova geração que tem como missão fundar a era do progresso moral, Kardec
22
identifica "inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do
bem e a crenças espiritualistas", acrescentando que "Não se comporá exclusivamente
de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham
predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o
movimento de regeneração." (nosso grifo)2 É evidente, portanto, que não se trata de
uma geração missionária, embora muitos espíritos nessa condição devam reencarnar,
como, aliás, reencarnaram em todas as épocas da humanidade, especialmente em
momentos de grande renovação social e moral. Essa geração (ou seja, um grande
contingente de espíritos), estará apta às novas idéias e a "secundar" o movimento
regenerador, este, sim, comandado por espíritos para isso designados, por suas
condições intelectuais e morais.

Kardec define, ainda, a ação dessa nova geração da seguinte maneira: "Sejam os que
componham a nova geração. Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se
melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há
sempre uma renovação. Assim, segundo suas disposições naturais, os Espíritos
encarnados formam duas categorias: de um lado, os retardatários, que partem; de
outro, os progressistas, que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará,
portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com
aquela das duas categorias que preponderar." (nosso grifo)3 Do que se subentende,
perfeitamente, que a renovação moral da humanidade não se dará por uma "invasão"
de seres de outros orbes, porque os "espíritos antigos que se melhoraram" têm seu
papel no novo estágio evolutivo. Ou, repetindo Kardec: "A regeneração da
Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos:
basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em
todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência
perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são
com freqüência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira".
(nosso grifo)4 Os "retardatários" que se vão são de duas categorias: os decididamente
empedernidos, refratários ao bem e que serão alocados em mundos adequados à sua
situação vibratória; e aqueles que, "aí voltarão, porquanto muitos há que o são
porque cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo" (nosso grifo)5 e,
no plano espiritual poderão rever suas posições, trabalhar no bem e propor-se a uma
encarnação com vistas ao melhoramento individual e coletivo.

Nossas observações, referem-se claramente à "onda índigo/cristal" que avança sobre


o movimento espírita, sem o precioso e indispensável estudo da Codificação. Ali
encontramos os critérios fundamentais para a análise das informações/revelações que
nos cheguem: o critério da universalidade do ensino dos espíritos e o uso da razão.
Assim se expressa o Codificador: "O primeiro exame comprovativo é, pois, sem
contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha
dos Espíritos. Toda teoria em manifesta contradição com o bom senso, com uma
lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais
respeitável que seja o nome que traga como assinatura.(...) Uma só garantia séria
existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que

23
eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos
uns aos outros e em vários lugares. (nosso grifo)6

Todos os pais e educadores conscientes, há muito notaram que as crianças "não são
mais as mesmas", ou melhor, não obedecem ao padrão que se tinha até bem pouco
tempo atrás, para o comportamento nos períodos de infância e adolescência.
Obviamente que isso não tem nada de anormal e muito menos de místico, pois com
tanta tecnologia e informação ao alcance das mãos, os espíritos reencarnados,
especialmente, nos últimos cinquenta anos, não poderiam ter o mesmo
desenvolvimento dos nascidos anteriormente.

Exige-se dos educadores contemporâneos uma análise e um tato específico para lidar
com as novas gerações a cada dia mais capacitadas intelectualmente, mas nem
sempre no mesmo patamar moral. Todas as crianças merecem atenção especial no
seu processo educativo e aquelas que se destacam por caracteres diferenciados como
superdotação, déficit de atenção, hiperatividade, deficiências físicas e mentais, etc,
precisam da dedicação e do amor necessários a suavizar sua diferenciação diante dos
demais e a proporcionar um bom aproveitamento de seu potencial. Não se educa para
a regeneração formando castas.

Em recente reportagem, o jornal O Globo7 chama a atenção para os portadores de


altas habilidades (superdotados) e seu correto desenvolvimento escolar e familiar.
Segundo a mesma reportagem, a Unesco identifica entre a população estudantil de
10 a 20% de superdotados citando um endereço para melhor conhecimento do
assunto: www.altashabilidades.com.br. Atente-se, também, para análises feitas por
neuropsiquiatras mostrando que os rótulos de déficit de atenção e hiperatividade
escondem , muitas vezes, uma família omissa e desatenta que prefere aceitar um
diagnóstico apressado a repensar sua responsabilidade no comportamento dos filhos.

Não se trata, portanto, de elevar tais crianças ou jovens à condição de salvadores da


humanidade porque não o são: são espíritos que têm um papel a desempenhar (como
todos nós) e cabe ao adulto educador o trabalho de sustentação para que suas
tendências sejam devidamente conduzidas. Se fraternos e amorosos, para o exercício
desses sentimentos; se orgulhosos, egoístas ou propensos ao vício, trabalhados para
a renovação interior.

Há, ainda, a refletir sobre a forma de divulgação da existência de crianças índigo e


cristal. Em primeiro lugar, não existe, até o momento, nenhuma pesquisa abalizada
por profissionais das áreas pedagógica ou científica sobre o assunto; os mentores da
idéia não são pedagogos ou psicólogos; na descrição dessas crianças especiais há
verdadeiras aberrações de comportamento, pois elas poderiam até transformar-se em
serial killers; "a revelação" vem a público através e uma "entidade" extraterrestre -
Kryon - que manda "canalizações" por, até agora conhecidos, dois "médiuns".

A essas "canalizações", facilmente encontradas na Internet, deve o estudioso espírita


aplicar os critérios expostos por Kardec em O Livro dos Médiuns, quanto à análise de
toda e qualquer comunicação tida como espiritual: "Reconhecem-se ainda os Espíritos
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levianos, pela facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais de que
não nos é dado ter conhecimento. Os bons Espíritos fazem que as coisas futuras
sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha; nunca, porém,
determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época
determinada é indício de mistificação. Os Espíritos superiores se exprimem com
simplicidade, sem prolixidade. (...) Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, ocultam
sob o empolamento, ou a ênfase, o vazio de suas idéias. Usam de uma linguagem
pretensiosa, ridícula, ou obscura, à força de quererem pareça profunda." (nosso grifo)8
Exercitada a razão, verifique-se o acima citado critério da universalidade do ensino
dos espíritos.

Aos livros e publicações, da autoria de encarnados, que tratem do assunto,


apliquemos o critério do bom senso para analisar os conceitos e revelações e, como
espíritas, tenhamos ainda o mesmo bom senso, para não adaptar misticismos a uma
Doutrina racional por excelência.

Diante de nossas crianças, não cedamos à tentação da vaidade e do orgulho de


considerá-las "seres de luz", levando-as, também à perda da oportunidade evolutiva
pelo cultivo desses mesmos vícios. Vejamos nesses espíritos, trazidos à nossa
responsabilidade, irmãos em trabalho de progresso individual, inseridos na tarefa
coletiva de regeneração da humanidade em nome do Amor do Cristo.

Referências:

(1) Kardec, Allan. A Gênese. 24a. Ed. FEB, cap. XVIII, item 28.
(2) Id. Ibid, item 28.
(3) Id. Ibid. item, 30.
(4) Id. Ibid. item 33.
(5) Id.Ibid. item 29.
(6) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112a Ed.FEB, Introdução, item
II.
(7) O Globo, domingo, 9 de setembro de 2007, p.40.
(8) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. 39a Ed. FEB, cap. XXIV, item 267, n° 8 e 9.

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