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I – DOS FATOS
Por volta das 8h do dia 6 de outubro, no Complexo do Porto de Vila do Conde, área de
responsabilidade da Companhia das Docas do Pará (CDP), ocorreu um acidente com o
navio Haidar Beirut. Fotos por Walrimar Santos, da assessoria de comunicação da Polícia
Civil do Estado do Pará.
Em 7 de outubro, manchas de óleo nas praias de Barcarena. Fotos por Sidney Oliveira, da
Agência Pará
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Restos dos bois que morreram afogados após o navio onde estavam afundar na cidade de
Barcarena começaram a boiar no rio. Imagem de Cezar Magalhães/Diário Online
publicada pelo site Uol Notícias em 8 de outubro
Em 9 de outubro, manchas de óleo nas águas de Barcarena são maiores. Fotos por Sidney
Oliveira, da Agência Pará.
Em 9 de outubro, manchas de óleo nas águas de Barcarena são maiores. Fotos por Sidney
Oliveira, da Agência Pará.
Mapa com a marcação aproximada, em círculos vermelhos, dos locais onde registradas as
imagens acima; respectivamente (de cima para baixo), Ilha de Cotijuba (Belém/PA),
Município de Barcarena e Município de Abaetetuba.
Imagem das carcaças nas praias de Barcarena registrada em 12 de outubro por inspeção
do MPF
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II – PRELIMINARMENTE
Aliás, outra não poderia ser a dicção da Lei Nacional, vez que
a Constituição da República assim preceitua:
indenizar e/ou reparar, bem como ser delineada qual a atuação de cada uma
deles no contexto do dano ambiental. Senão vejamos:
III. DO DIREITO
Figura 01 - Mapa de Localização dos pontos de amostragem de água superficial, na área próxima ao
acidente – Barcarena/Pa
*Nomenclatura dos Pontos: PT 01- VDCAS01; PT 02 - VDCAS 02; PT 03 - VDCAS 03; PT 04 - VDCAS 04; PT 05 -
VDCAS 05; PT 06 - VDCAS 06; PT 07 - VDCAS 07; PT 08 - VDCAS 08; PT 09 - VDCAS 09; PT 10 - VDCAS 10
E conclui:
Figura 13: Avaliação comparativa das médias dos valores de Oxigênio Dissolvido (mg/L) entre o período do
evento e o Grupo 02 (média de outubro de 2014)
Comportamento similar, foi constatado pelo IEC quando comparou o valor mé-
dio do Oxigênio Dissolvido no período do acidente (outubro de 2015) e a média do Oxigênio Dis-
solvido do período de setembro de 2014 à setembro de 2015 (Figura 14, constante à fl. 53, do Re -
latório nº 028/2015).
Figura 14: Avaliação comparativa das médias dos valores de OD (mg/L) entre o período do acidente e o
período anterior (setembro de 2014 a setembro de 2015)
Figura 15: Avaliação comparativa das médias dos valores de DBO (mg/L) entre o período do acidente e o
Grupo 02 (outubro de 2014)
Figura 16: Avaliação comparativa das médias dos valores de DBO (mg/L) entre o período do acidente e o
Grupo 01 (setembro de 2014 a setembro de 2015)
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Figura 17: Avaliação comparativa das médias dos valores de Fósforo Total (mg/L) entre o período do acidente
e o Grupo 02 (outubro de 2014)
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Figura 18: Avaliação comparativa das médias dos valores de Fósforo Total (mg/L) entre o período do acidente
e o Grupo 01 (setembro de 2014 a setembro de 2015)
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Figura 21: Média da concentração de DBO das quatro amostragens realizadas na área próxima ao acidente,
no período de 07 a 15 de outubro de 2015
Figura 22: Média da concentração de coliformes termotolerantes das quatro amostragens realizadas no Porto
de Vila do Conde (PVC) no período de 07 a 15 de outubro de 2015.
Exa., como se não bastasse tudo o que foi narrado até aqui. É
fato notório que os bois ficaram presos no NAVIO HAIDAR BEIRUT, morrendo
por afogamento, sendo que os que conseguiram nadar, em sua maioria não
foram resgatados, tendo morrido por exaustão e afogamento, às margens do
cais.
Os bois que foram salvos (içados por guindaste) e que
absorveram óleo sofreram matança na praia por parte dos ribeirinhos e foram
sumariamente esquartejados, porque a população desejava consumir a carne
bovina.
A vedação de maus-tratos contra os animais encontra amparo
no direito internacional.
A Assembleia da UNESCO, realizada em Bruxelas, em 27 de
janeiro de 1978, promulgou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais,
um importante documento Soft Law, que é fonte de Direito, e que condena a
prática de abusos e maus-tratos aos animais.
A crueldade e os maus-tratos contra os animais são práticas
vedadas no ordenamento jurídico brasileiro, inclusive, com amparo
constitucional:
solo possa ser utilizado de forma saudável pela população local, tampouco
que volte a ser um ecossistema em que a vida aquática se prolifere.
Essa realidade atual prejudica todos os dias e de maneira
renovada toda a população de Barcarena, que perde um de seus recursos
ambientais e, principalmente, gera danos à saúde e à própria subsistência
das comunidades afetadas.
Vale frisar, que no caso em comento, não se trata de mero
receio de dano irreparável, mas sim, de certeza de danos irreparáveis,
comprovados pelas fotografias, laudos técnicos, depoimentos de moradores
do entorno e informações jornalísticas, trazidas com a inicial.
A grande demora para apresentar os planos necessários
para mitigar os danos ambientais que ainda estão ocorrendo e os iminentes,
além de não remediar os danos causados que vem ocorrendo para a
salvaguarda ambiental, defluem para a natural necessidade de que seja
concedida TUTELA ANTECIPADA, a fim de que medidas concretas sejam
tomadas e que os atos de salvaguarda se deem com regularidade e com a
chancela judicial e dos órgãos ambientais e não por intermédio de medidas
desencontradas, sem constância ou regularidade, tampouco sem qualquer
tipo de chancela.
Em relação às pessoas direta e indiretamente atingidas a
TUTELA ANTECIPADA também deve ser igualmente assegurada, vejamos:
No que tange aos prejuízos materiais causados a terceiros,
há que se salientar que os mesmos deverão ser analisados, caso a caso,
levando-se em consideração o efetivo prejuízo às comunidades ou populações
envolvidas no incidente.
De toda forma, deve-se ter em mente que tais fatos
aconteceram e são públicos e notórios, vez que o acidente ambiental afetou
de maneira direta boa parte da população dos Municípios de Barcarena e de
Abaetetuba, que tem como base de suas economias a pesca e o turismo.
Aqui, salienta-se o que disse a Secretaria Municipal de
Assistência Social do Município de Barcarena:
"O odor dos corpos em putrefação a beira da praia,
misturado com o forte cheiro de óleo combustível obrigou
os habitantes mais próximos do epicentro da crise a
abandonar suas casas às pressas, manifestando, além do
descontentamento natural, sintomas característicos, como
dors de cabeça, nauseas e enjôos" (p. 13 do Diagnóstico
Socioeconomico realizado pela Secretaria Municipal de
Assistência Social do Município de Barcarena)
"Com a interdição da praia, o comércio local, que
sobrevive do turismo estagnou. Os pescadores
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1 DIDIER JR, Fredie. BRAGA, Paula Sarno. OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual
Civil. V.2. Salvador: Jus Podivm, 2007, p. 530.
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V. DO PEDIDO
ROL DE DOCUMENTOS
2.2. Ata de reunião entre Minerva e CDP (ação penal, vol. 3, p. 516/518)
4.6. Nota técnica do IBAMA sobre destinação adequada (ação penal, vol. 3, p.
507/512)
4.8. Planos consolidados apresentado pela CDP (ação penal, vol. 5, p. 885/893
e 929/941)
4.10. Área destinada para recebimento provisório das carcaças (ação penal,
vol. 5, p. 905/917)
4.20. Proposta apresentada pelo Instituto Evandro Chagas com medidas que
precisam ser tomadas (dropbox, principal, proposta Barcarena)