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le DAWA CE asce. {INOWSKI: UMA NOVA BE A Di caensce da Chere. Castes de Kanaghege 2 Rando Copactraty, 2004 Malinowski: uma nova visio da antropologia* obra de Bronislaw Malinowski move-e dentro de uma contradigio: enorme rquers, vvacidade ecomplexdade da descrigio etnogrifica so simplimo de cers concepgbes teres, que facili actin wtvaeconcorre para encobriaimportincia real de sua contrbui- antropologia moderna Essa coexstnca de interpretagesextremamente originals, com- sas prolundas com conclndes apresadae supericas, ambas das com gual zoe pix, reletem, na obra, 3 facetas da pr lidade do autor. Professor brihante, extic mpiedos, simultane te compreensivo e intansgente, Malinowski desperto, 0 long> sua careira, admirago fervorosaeoposiloimplaciel,infuind, de modo ou de outro em toda uma gerasdo de antropélogos. ‘Su carrera foi muito pid am 1943 publicavao seu primeira 0, The Family among the Australien Aborigenes, baseado incegral- re em fontesbibliogrifcas, como quaserodaa literatura antropolé- da epoca. O que encontramos de fundamental nese ivr poco cido & uma erie radical 20 evolucionismo entio vigents, ¢ 3 osta de um modo novo de iaterpretagio emogeificanfluenciado Malinowski flo primeira antropologe que eu i, quand ainda etava M0 ncionalismo cultural”, Cole fascnio que ele despertou er mim fo um dos mativos que me levaram a cursarcénels sais. Ese fascino munca arefeces, Deft fl 2 partir da anise da obra etmordica de Malinowski, da qual resto Inka tese de re doctncianulads A reconstrapto da relied (2978) {ue contrat 0 conceto de cultura com aul teo rabalhado «que ¢ d= ‘idem outs texts desta coetnea Est artigo em particular fi exert coma inradog a uma caletinet e wabalhs de Malinows 0 eriinalincua @apresenagde de cada Ut os atigns que compunha 0 iro, a ua i retada nesta verso period, em que Malinowski nicia sua carer, esti marcado por fama enorme efervescincia intelectual na antropologia. A publica, Pua gre cme “Una nova vod Anolon so nt (gE Dar) ole rnd Centos Scans orl de Pom Se Pee Ala yh ‘0 final do séculox1x, da obra de Spencer & Gin sobre a Aust, bbseada em material colhidodirtamente com os aativos ea organizae ‘n,n mesma época, da Expedigio Cambridge a esto de Tores a Drimeira grande expedisio antopolégica, que conto com a participa (0 de Haddon, Rivers e Seligman ~abriam novas fonteiea par a Sntropolgia. A pesquisa de Rivers entre os Tadd em 1901 €0extens levantamento da Melanésa empreendid por Seligman em 1904 niciam 1a Inglaterra a grande fase do trabalho de campo, que Malinowski ira ‘evolucionar, Nessa mesma época, nos Estados Unidos, Boas promovi Jgualmente a peaquisa de campo, constrindo wma outa abordagem calturlsa. A experiéncia desesponeios, acrexcida da reflex teéri ‘ade Durkheim, formou uma nova gerago de ateoplogos, qu an ormou profundamente esa disciplina. Malinowski é uma das figuras central dessa grag. ‘A experiénia de campo de Malinowski iniiou-se em 1914, ene (os Mail (Malinowshi 1915) na Melanésa, sobre os quas pulicou, no ‘mesmo ano, uma pequena monograf Impedido de volar Inglacerea ‘0 inicio da Primeira Guerra Mundial, comegou entio nova pesquisa ‘que olevou is ilas Trobrand, pequeno arqupélag stuado a nodes ‘eda Nova Guiné, cujs habitants ele rornaria mundialmente famosas ys de ingimeros artigos ensuosetrés grandes monografas ‘Su primeira permanéncia entre os trobriandeses extendeu-se de jnho de 195 4 maio de 1916. Voltando 4 Austria, de onde patra, passou cera de um ano e meio tabalhando o material que coletara Er ‘outubro de 197 inca nova estada, de um ano entre os robiandeses Esa long convivéncia com um tnico povo primitiva, oaprendizado @ 1 luéacia a lingua naivaconstituem imensa inovagio na tonica de t= bulho de campe, permitindo uma anise em profundidade de uma cul tua diferente ds nossa Embora nlo se posa dizer qu essa experéncia de trabalho de ‘campo tena sido responsive pla orientagio metodolgia desenvok vida por Malinowski, uma ver que sins premissas bisicas ja extavam preseates de modo muito claro no trabalho sobre os aborigines austa=| Tans, no resta dvida de que sua longa permanéncia ene os natives teve infldnciadecisiva em toda a sua obra posterior. A vivéncia dt fe lee da gine i 306 Mea a rd tts ago de campo eas caractersticas da socedade robriandesa fone fam os matcrits com os quai Malinowski desenvolveu nia vs par~ lac do objet do método da antopologi. ‘Depois de deixar alas Trobriand, Malinowski esreveu sua pri- ra monograta sobre os trobiandeses,drgonoutar do Pacific Osi- ‘Em isnt retornow & Inglaterra, onde por mais de vinte anos jonou esreveuViajou muito durante todo esse peiodo, mas so- ue em 1934 voltou a campo, desta ver na Aifica do Sule por apenas meses, para acompanharo trabalho que seus diseplosralzavam ‘em diversas tribosaficanas, Fratos dessa viagem so suas rele sabre o process de madang cultural criticadas na ocd e hoje ne speradas, Em 193, Malinowski dicgin-se para os Estados Unidos, que jé das vezes, por brevesperiodos. Com a eclosio da Segunda erra Mundial, sua permanéncia na América tornou-se definitiva. dessa época wi vagens a0 México, onde comegou a extudar oF on indigenas. Faleceu em New Haven, em 194, deixando uma carateristica central do trabalho de Malinowski é a habiliade com para leior imagem viva e humana de um powo eramente diferente de ns. Através daletura de seus rabalhos, 0s indexes x tornam primo faiiares, ses costumes estranhon tornam compreensves os “selvagens” se tornam homers Essa reeriagio da vida trobriandesa se apa numa imensa riqueza informagies, que tradus a valorizagio dos dads empircos, cua ra Malinowski, ésimultaneament uma cignciae uma arte. Ele as se contenta com uma nia afimagio obtida de um informante ivilegiado: cota diferentes informasties, veriica-as através da obser direta do comportamento das pessoas em stages soins espe- examina a coerénca dauilo que observou em ouras siwapbes, iso contedo emocioal do comportamento manifesto Para cle, é sro contraporasidéis 3s emoges, 0 eomportamento observado -comentirio que sobre ele tece 0 natva, avis que oantroplogo ri da cultura a sinteseinconseiente que, presente “na sabesa do vo" orienta ed significado 3s suas apes. Esse espeito aos dados emptios eo vrtuosismo na sua manipula {0 so essencais na obra de Malinowski porque, sem eles, ¢impossivel Caactriare preservaraguilo que consiui uma preocupasio central do autor: a espciicidade de cada cultura. A preservago dessa especif cidade € fandamenal, porque s6 através dela € possvel entender 9 comportamento eonereto de eres humanos reas que viver uma real dade cultural diferente da nossa ( pressupostocontido nes pongo 60 de que o comportamento 4 "prmitivo” no € nem incoerente nem iacional, mass explca por uma lgiea propria qu precisa ser descoberta plo investigador. Para Malinowski, avsdo do homem “primitivo” como ignorane, aad superstciosa iracionale infant, visio esa até ento comum mesma «em obras de cunho cient, édecorrénia de um defeito da observa {a endo reflexo de uma propriedade do objeto, Results de um conta ‘Superficial, dependente de entrevista ets com radutores, na base de tum questonério previament preparada A busca de instumentos de ‘nvestgasieapropriado para mpera ess visi est permenda por um Inumanismo apaixonado, que defende de modo intransigente a digida- de humana dos chamados“povos primitives” Assim, podemos dizer que o grande merida obra de Malinowski reside na sua capacidade de econsri, como univer integrado de sige cas, uma experiéncia cultural esecfia. E que a obtensio dese resultado no pode ser considrada como simples produto de um inti ‘lo feliz, mas est sssetada numa refeo tebriea que encaminha nova ‘éenicas de investigaio e novos nsiramentos de anilivecapazes de cap ‘are preservar a especifiidade da realidad que se desea investiga. Essa reflex tedrica ests baseada numa critica radical a cetos postulados e métodos da antopologiaclisica (volucionista ou dif Sonia), critica esta, ais, comparilhada po todos os autores com ‘mente designados como fancionalsas. © fundamento dessa cred Aliigese&natureza das unidades de anise empreyadss pelos autres cllssicos, nos quais a reflerdoterica deriva da comparaso entre cul ‘ras diversas e procede a um desmembrament da tealdade em ites separados dese context cultural: rcnologi,crengas, mito, orga 280 familiar, parenescoe asim por dante. A manipula compars= tiva desesfragmentos leva a composigdo de categoria nas qua © arranjoente 35 partes é mposto pelo investigador eno pode, porate a, conferir uma unidade rel a0 objet, Pende-se assim a powbiidade ting o significado desse objet, assim como a de entender as dfe- ces cuturasesoctedades, ’A contraparid postva dessa critica consist naafiemagho,j fo por Boas, de que os elementos culturas no podem ser manip 5 compostosarbitrariamente, pore fzem parte de sistemas con- 3s defnidos,e sua natreza e sentido dependem da posiglo que am nese sistema. A nogdo de que arealidade social 56 pode ser ida enquanto sistema consti a base ea origem dos concitos otalidade, de integragao ede fungio na ands da cultura conceitos que so entrain funcionalisma. Para se entender o alcance es limita da obra de Malinowski & nal analsar 9 modo pelo qual ele manipula e como define coneetos, numa perspectvaessencialment cultural. ‘Segundo a orienar clisica da antropoogi, Malinowki conce- acaltura como um conceito muito amplo que engloba tecnologia, 28 es sociisordenadas através de reras as crengas, otal are, tudo aqulo que ¢ produto ds vida do homem em sociedad. Aino de Malinowski na ulzago dese conceit et em tenarapreea- cultura no apenas como cajun de maifeaie, ms ome ste veprade de uma multiplicidade de aspectox. O comportamento reco de persas reas consi sempre uma uidade ruleiacetada, engloba ncesarament a utlzagio de objeto, a alvidade grupal¢ ipulago de simbolos. Elementos materials, relagdes sons, expres= simbolicas construem as rs faces de uma nia realidade, eno & vel entender nenhuma dlas sem as demas. Por isso mesmo, Mali- sempre se recuso a dinsociar 0 social do extra, no podendo reender a clara como lmitada quer dimensiosimbslca do com- mento humana, quer Ss formas aparentemente arbitra do costi- A grande contibugio de Malinowsk a deter sempre presente

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