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Relações entre l n ua e sociedade

Aula

Quadro 1: Correlaç o entre as conce ç es de linguagem, l ngua e gram tica

Linguagem m t
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1. R pr s ntaç o do mundo Formas d xpr ss o produzidas. ram t ca trad c onal e gram t cas normat -
e xpr ss o do pensamento Como há uma preocupaç o com a vas em geral, cujo objeto uma l ngua
(a metáfora do espelho clare a e a organi aç o l gica das homog nea, ideali ada, baseada na
costuma ser evocada aqui). id ias que s o expressas, busca-se escrita literária clássica. medida que
O homem representa para uma l ngua homog nea, tomando- impõe regras r gidas para falar e escrever
si o mundo atrav s da lin- se como modelo a escrita padr o corretamente , a gramática normativa
guagem, constr i em sua (de prefer ncia aquela elaborada tradicional impõe julgamentos de valor,
mente a express o e ent o a literariamente), que, n o raro, constituindo-se numa doutrina: a doutrina
externaliza. Da capacidade acaba representando a pr pria gramatical. o resultado do trabalho dos
de organi aç o l gica do l ngua, confundindo-se com ela. gramáticos
pensamente dependerá a Em ltima inst ncia equaciona-se:
organi aç o l gica das id ias l ngua scr ta padr o
expressas.
2. Capacidade inata e univer- Conjunto de propriedades es- Gramática internali ada, entendida como
sal, que fa parte da herança truturais abstratas, complexas e um sistema de regras, unidades e estru-
gen tica do ser humano e altamente espec ficas, que s o turas que o falante de uma l ngua tem
permite a ele reconhecer e conhecidas pelos indiv duos in- programado em sua mem ria e que lhe
produ ir um n mero in ni- dependentemente do contexto, permite usar a l ngua (PERINI, 2006,
to de sentenças gramaticais e que podem ser descritas numa p.23). Em outras palavras, a gramática
atribuindo-lhes, respectiva- perspectiva matematicamente internali ada corresponde à compet ncia
mente, uma interpretaç o precisa. Trata-se de um conjunto ling stica do falante.
sem ntica e uma interpreta- ( nito ou in nito) de sentenças,
ç o fonol gica. cada uma nita em comprimento e
constru da a partir de um conjunto
nito de elementos (CHOMSKY,
1957, p. 13). L ngua = conhecimen-
to internalizado; atividade mental.
3. Instrumento de comuni- C digo: um conjunto de signos Perspectiva formalista que se ocupa da
caç o, cuja principal funç o que se combinam segundo certas descriç o da l ngua enquanto estrutura,
a transmiss o de informa- regras que os organi am em n veis vista em geral como um sistema homog -
ções. colocado em relevo hierárquicos (fonol gico, mor- neo. Enquadram-se aqui as gramáticas
o circuito da comunicaç o: fol gico, sintático), e que deve ser descritivas formais.
um emissor transmite a conhecido pelos falantes para que
um receptor, atrav s de a comunicaç o possa acontecer.
um canal, uma informaç o Embora seu uso seja um ato so-
colocada em c digo. cial, a l ngua pr -estabelecida e
concebida como um sistema con-
vencional imanente, desvinculado
dos indiv duos. L ngua = c digo;
estrutura.
4. Forma ou lugar de aç o ou Conjunto de usos concretos, O conjunto de usos efetivos historica-
interaç o. Os interlocutores historicamente situados, que en- mente situados, portanto heterog nea
s o sujeitos que ocupam volvem sempre um locutor e um (representável por regras variáveis lin-
determinados lugares sociais interlocutor, localizados num gu stica e socialmente motivadas), está
num dado contexto s cio- espaço particular, interagindo a atrelado ao que podemos chamar de
hist rico e em diferentes prop sito de um t pico conver- gramáticas descritivas funcionais. De-
situações comunicativas, n o sacional previamente negociado scritivas, porque registram e descrevem
s tradu indo e externando (CASTILHO, 1998, p. 11). A diferentes variedades da l ngua em uso;
pensamentos e sentimentos, l ngua uma realidade s cio- e funcionais, porque procuram explicitar
transmitindo informações, historicamente constru da pelos as regras que regem o funcionamento
mas principalmente atuando sujeitos/interlocutores. L ngua = dos itens lingu sticos em todos os n veis,
uns sobre os outros atrav s enunciaç o; atividade social. principalmente o discursivo. Esse tipo
da linguagem. de gramática n o se ocupa apenas das
formas, mas de formas e funções.

Fonte: GORSKI; FREITAG, 2008, p. 103

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