You are on page 1of 39

GEOARQUEOLOGIA EM

SÍTIOS ABRIGADOS:
PROCESSOS DE FORMAÇÃO,
ESTRATIGRAFIA E
POTENCIAL INFORMATIVO
Devidy Francisco
Gabriela Neves
José Ronaldo
Luan Rodrigues
Marinês da Costa
Introdução

• Breve definição

• Relevância para estudos arqueológicos :

➢ Concentração de material ;

➢ Conservação de matéria orgânica ;

➢ Estratigrafia.
Sítios abrigados: principais tipos e características

• Podem ser categorizados de acordo com sua :

➢ Morfologia ;

➢ Litologia.
Sítios abrigados: principais tipos e características

• Abrigos rochosos:

➢ Afloramentos ;
➢ Escarpas ;
➢ Matacões ;
➢ Cavernas ;
➢ Cavidades naturais.
Sítios abrigados: principais tipos e características

• Os abrigos formam-se com mais frequência no


arenito e quartzito, e em alguns casos, podem
ocorrer no calcário.

• Cavernas são comuns em áreas cársticas, e se


formam a partir da dissolução do calcário.
Arenito Quartzito

Fonte: Carlos Rabello Fonte: Wikimedia

Calcário

Fonte: CDRM
Sítios abrigados: principais tipos e características

Fonte: André Godinho


Sítios abrigados: principais tipos e características
• No geral, sítios abrigados sob rocha apresentam uma ou mais
das seguintes características:

➢ Pequena incidência de água meteórica, podendo porém, estar


sujeita a inundações periódicas ;

➢ Incidência limitada de radiação solar ;

➢ Amplitude térmica pouco pronunciada ;

➢ Pouca atividade biológica, seja fauna ou flora ;

➢ Tendência a acumulação de sedimentos (“armadilha


sedimentar”).
Sítios abrigados: principais tipos e características

• Apesar das semelhanças, cada abrigo é um caso


isolado, pois pode apresentar condições muito
específicas de formação, erosão e sedimentação.

• Porém, um sitio abrigado sempre apresenta


condições diferentes dos sítios que ocorrem a céu
aberto.
Processos de formação em sítios abrigados

• Estudos chamados de processos de formação


foram empreendidos por vários autores desde dos
anos 1960.

• Michael Schiffer, em seus trabalhos sobre ciências


da Terra, conseguiu capturar a atenção da
comunidade arqueológica de maneira geral.
Processos de formação em sítios abrigados

• Abrigos e entradas de cavernas são, via de regra,


‘’armadilha sedimentares’’.

• Quase todo abrigo com interesse arqueológico, a


exceção dos abrigos que só apresentam gravuras e
pinturas rupestres, apresentam também, um balaço
positivo entre deposição e erosão , posto que é na
matriz sedimentar que reside o interesse da
arqueologia.
Processos de formação em sítios abrigados

• Não há meio de se entender, e interpretar o


registro arqueológico sem utilização de métodos e
técnicas provenientes das geociências.

• Acumulação e transformação são processos de


formação de qualquer sitio arqueológico.
Modalidades de acumulação sedimentar

• A ação dos diferentes agentes colaboram para a formação dos


sedimentos encontrados em sítios abrigados, e os processos
envolvidos dependem de qual natureza procede às contribuições.
• A acumulação sedimentar de abrigos e cavernas envolve os
componentes, geogênicos, biogênicos e antropogênicos. Facilitando e
auxiliando, respectivamente na separação de alguns tipos de
acumulação de sedimento e compreensão desses processos de
formação.
• Esses componentes podem se formar simultaneamente no mesmo
sítio arqueológico abrigado, se modificando apenas à intensidade de
cada um deles.
Depósitos Geogênicos
• Os depósitos geogênicos, são de origem natural, porém, pode
ter a interferência do homem, que pode posteriormente
modificá-lo, também podem ter origens externa (exógenos) e
interna (endógenos) ao meio abrigado.

Fonte: Google Imagens


Depósitos Geogênicos
• Matacões, blocos, seixos, grânulos e areias

➢ Ocorrem a partir da desagregação da rocha fornecendo material


clástico de vários tamanhos.

• Entrada do abrigo ou condutos verticais (chaminés) dentro do


abrigo

➢ Entrada de material coluvionar (solo) por gravidade.

Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens


Depósitos Geogênicos
• Processos eólicos
➢ Entrada de sedimento por ação do vento.

Fonte: Google Imagens

• Inundações periódicas
➢ Deposição em meio aquático, seja marinha, aluvionar ou lacustre.

Fonte: Google Imagens


Depósitos Geogênicos
• estalactites, estalagmite e travertinos

➢ Precipitação química

estalactite

estalagmite

Fonte: Google Imagens


travertinos

Fonte: Google Imagens

Fonte: Google Imagens


Depósitos biogênicos (não antrópicos)
• São depósitos pouco espessos, portanto, discreto, procedentes de
animais e de plantas que viveram no abrigo e depositaram ossos,
carapaças e matéria orgânica.

• Esse tipo de depósito pode induzir a grave erros de interpretação.


Veja exemplos:

• Morte natural de animais no abrigo :


OSSOS CARAPAÇAS

Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens


Depósitos biogênicos (não antrópicos)
• Resto de alimentos deixados por animais que habitam o abrigo
(corujas, gaviões, onças etc.);

Fonte: Google Imagens

• Guano de morcegos e pássaros, coprólitos.

Fonte: Google Imagens


Depósitos antropogênicos
• Mais complexos talvez de se entender, apesar da utilização de
analogias etnográficas, que fornecem informações valiosas, porém,
limitadas, quando se recua no tempo ou muda-se o enfoque
geográfico.

• A participação e contribuição do homem nas taxas de sedimentação


em abrigos, provém de inúmeras atividades, sejam elas, intencionais
ou não.
Depósitos antropogênicos
• Madeiras, galhos, capim (combustível)
➢ depósitos de cinza;

• Material lítico, cerâmica e vegetal (modificado)


➢ cestaria, jiraus;

• Ossos, carapaças de animais e material vegetal (restos


alimentares);

• Solo, rochas e sedimentos (trazidos para melhorar as condições


de habitação do abrigo);

• Sedimento ou solo aderido aos pés, lenha, raízes, tubérculos


(para o consumo).
Modalidades de transformação
• Senso comum como limite

• Principais processos de transformação:


➢ Transformações locacionais ;
➢ Transformações físicas ;
➢ Transformações químicas.
Estratigrafia em Abrigos: Algumas Observações

• Preservação de vestígios X Preservação de atividades


“impossibilitando, na maior parte das vezes, interpretações de cunho
paleoetnográfico do gênero ‘alguém sentou aqui e lascou este seixo,
enquanto outro raspava couro ao lado da fogueira”(BINFORD, 1980).

• Alta resolução x baixa resolução

Fonte: Araújo, 2008


Estratigrafia e Processos de Formação em
Abrigos: Alguns Exemplos de Lagoa Santa (MG)
Os exemplos que apresentaremos a seguir são de sítios em abrigo
localizados na região de Lagoa Santa (MG).

Região que tem sido objeto de pesquisa desde o século XIX, desde
Peter W. Lund, passando por outros pesquisadores entre os anos 50 e
70, e desde 2001, vem sendo alvo de pesquisas do Laboratório de
Estudos Evolutivos Humanos do IB-USP.

Os abrigos a serem tratados são três; Lapa das Boieiras, Lapa do Santo
e Lapa Grande de Taquaraçu.
ESTRATIGRAFIA E PROCESSOS DE FORMAÇÃO
EM ABRIGOS: ALGUNS EXEMPLOS DE LAGOA
SANTA (MG)

Fonte: Google Imagens


Lapa das Boleiras

• A Lapa das Boleiras é um


grande abrigo rochoso
com abertura para o
oeste.

Fonte: Araújo, 2008


Lapa das Boleiras
• A Lapa das Boleiras é um
grande abrigo rochoso com
abertura para o oeste.

• Os canais de escoamento
preenchidos por colúvio -
presentes em algumas
quadras – Datam de 800 a
140 anos A.P

Fonte: Araújo, 2008


• Erosão de todo pacote arqueológico superior, que conteria
materiais datados entre 7500 e 800 A.P.

• Ausência ou diminuição de ocupação durante o período.


Significando quase total ausência de deposição de artefatos
e de sedimentos de origem antrópica
Estratigrafia e processos de formação em abrigos
Caverna Lapa do Santo

Fonte: FAPESP Fonte : El País


Caverna Lapa do Santo em Lagoa Santa

Fonte: Google Imagens Fonte: El País


Caverna Lapa do Santo em Lagoa Santa
• Apresentando logo à entrada uma extensa área abrigada, a caverna da
lapa do santo, possui um sítio com área coberta de 1.300m²
aproximadamente.

Fonte: Araújo, 2008


Caverna Lapa do Santo em Lagoa Santa
• Em tempo de chuva forma-se uma lagoa sazonal, em 2001, a
estratigrafia realizada em uma área de 1m², mostrou em torno de
2,30m de sedimento arqueológico ininterrupto.

• Através de duas amostras de carvão foi possível precisar idades


bastante recuadas: 25 cm de profundidade = 7.940±50 a.p e 210 cm =
8.800±50 a.p. em 2002 as pesquisas confirmaram à ocupação
humana no início do holoceno, a fisiografia atual não identifica a
fonte externa dos sedimentos que entram no abrigo, pois, não há
cone de dejeção, existe uma fenda ou fissuras no calcário, na área
mais alta do abrigo, porém, o possível conduto inflete para baixo, não
para cima.
Caverna Lapa do Santo em Lagoa Santa
• Mesmo sem explicar a origem dos sedimentos, que formaram uma
coluna de 4m, em 1000 anos, mais ou menos, que adentram de cima
à baixo, com material arqueológico (cinzas, artefatos e restos
orgânicos, etc.), há hipótese que houve ação antrópica, pela
presença de sedimento cinza pulverulento dominante na área,
indicativo de cinzas de fogueira.

• O aspecto alaranjado/avermelhada na porção inferior da


estratigrafia, confirma, através de análises químicas do sedimento,
um maior aporte de sedimentos geogênicos ou terrígenos, nos
primeiros milênios de ocupação do sítio. contudo para os
pesquisadores, a hipótese mais aplausível, seria que a origem do
material terrígeno (sedimentação lacustre), composto por solo, viria
do topo do maciço, levado pelas chuvas e lançado o lago,
acumulando-se na superfície do sítio por decantação, em ambiente
subaquático, não por processos subaéreos.
DOLINA SUMIDOURO

Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens


Lapa Grande de Taquaraçu
• Lapa grande de Taquaraçu é um grande abrigo
rochoso localizado na margem esquerdado rio
Taquaraçu, no município de Jabuticabas (MG).

• Ao contrario do que ocorre na lapa das boleiras, não


há indícios de entrada significativa de material
coluvional ou fluvial no sitio.
Lapa Grande de Taquaraçu

Fonte: Google Imagens


Lapa Grande de Taquaraçu

Fonte: Google Imagens


Lapa Grande de Taquaraçu

Fonte: Google Imagens


Referência bibliográfica
• ARAUJO, A. G. M. Geoarqueologia em Sítios Abrigados: Processos
de Formação, Estratigrafia e Potencial Informativo. In: Julio Cesar
Rubin de Rubin; Rosiclér Teodoro da Silva. (Org.). Geoarqueologia -
Teoria e Prática. Goiânia: Editora da Universidade Católica de Goiás,
2009, v. , p. 71-92.

You might also like