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Nunca entendi por que o compositor era idolatrado. Agora que sei, confesso: eu
era uma besta
PETER MOON
Peter Moon
O repórter especial de ÉPOCA vive No mundo da Lua, um espaço onde dá
vazão ao seu fascínio por aventura, cultura, ciência e tecnologia.
petermoon@edglobo.com.br
Aí, descobri! Fez-se a luz e tudo ficou claro. Mahler foi o último dos românticos
e o primeiro dos modernos - e não Stravinsky, como eu sempre imaginara. Foi
Mahler quem pegou o romantismo das barras de Brahms e Bruckner para
esgotar as suas possibilidades, propondo o novo caminho a ser trilhado, o da
música atonal. Mahler abriu as portas para a música do século XX, mas não
teve tempo de cruzar o vão de entrada. Morreu em 1911. Coube a Stravinsky
inaugurar a música moderna com A sagração da primavera (1913).
Gostaria de poder dizer que basta ouvir Mahler para gostar de Mahler. Isto
pode ser verdade para você. Mas aposto que para a maioria dos amantes da
música – e aí me incluo – esta não é uma condição suficiente. Para gostar de
Mahler é necessário ouvir e entender Mahler. E entender Mahler significa
conhecer – ao menos em pinceladas – a trajetória da música ocidental, do
barroco de Vivaldi à atonalidade de Schoenberg.
O maestro
A profissão maestro tem um início bem claro e definido na história da música; a
surdez de Beethoven. Até o fim do século XVIII, eram os próprios compositores
que regiam suas obras. A música era de câmara ou para pequenas formações.
Bach (1685-1750) e Mozart (1756-1791) regiam sentados ao cravo ou tocando
violino. Com as sinfonias de Beethoven (1770-1827), as orquestras se tornaram
grandes demais para poder ser regidas por um dos músicos. O momento de
inflexão é a Heróica (1803), a 3a Sinfonia de Beethoven. Quem fosse regê-la,
não poderia tocar nenhum instrumento. Toda a sua atenção teria que estar
voltada à partitura e à direção dos músicos. Este alguém era Beethoven – mas
Beethoven nunca mais poderia reger. O ano de 1803 marca tanto o surgimento
da Heróica (e da consagração de Beethoven como o maior compositor vivo da
época) quanto à consumação da sua surdez.
Se Beethoven não podia reger, quem o faria? Por que não elevar um músico à
condição de regente? Criar um profissional cujo papel seria apenas e tão
somente reger as obras de outros, o primeiro maestro. Durante o século XIX,
houve vários. O mais importante foi Hans von Bülow (1830-1894). Ele era o
regente das óperas de Richard Wagner. Também era seu empregado, seu
vassalo, seu capacho – inclusive perdendo para Wagner a sua esposa, Cosima.
Mahler é multiplicidade. Ele próprio dizia que tinha três origens, mas nenhuma
identidade. Nasceu na Boêmia e era judeu. Brilhava na capital do império, cujo
público não esquecia as suas origens na província. Com a conversão, tornou-se
um estranho entre os judeus.
Mahler é amargura. O artista que se entrega de tal forma à sua música que
acaba por perder o amor da amada mulher, Alma. Ela passa a traí-lo
abertamente. Toda a Viena – assim como ele – sabem disso.
A hora chegou
Há 100 anos, o público não estava preparado para a revolução mahleriana.
Como poderia? Mahler estava além do seu tempo. Ele sabia disso, tanto que
certa vez afirmou: “Minha hora chegará”. Ele viveu desesperadamente, como
quem sabia que tinha pouco tempo para completar a sua missão na Terra –
exaurir as possibilidades do romantismo, reinventar a orquestra e a arte da
regência. Todas estas eram pré-condições necessárias para que Mahler pudesse
acenar na direção da música moderna. Conseguiu realizar quase tudo, antes de
morrer prematuramente de uma falha cardíaca aos 50 anos, em 1911.
Por que Mahler? Creio que cada leitor e cada ouvinte terão as suas próprias
respostas para esta pergunta. Mas está na hora de começarmos a respondê-la.
P.S.:
Fica aqui um agradecimento especial ao meu querido amigo Luis Antônio Giron,
o editor de cultura da ÉPOCA. Foi ele quem me mostrou o caminho das pedras
para começar a devassar o universo de Mahler.
De 16 a 18 de setembro:
Sinfonia nº 7 em mi menor
De 7 a 9 de outubro
Sinfonia nº 3 em ré menor
Gustav Mahler
Gustav Mahler
Informação geral
Nome Gustav Mahler
completo
Origem Eisenach
País
Boémia
Índice
1Biografia
o 1.1Primeiros anos
o 1.2Formação musical
o 1.3A amizade com Bruckner
o 1.4A carreira de regente
o 1.5Viena
o 1.6Da Europa para os Estados Unidos
o 1.7Últimos anos
2O legado de Mahler
3Conjunto da obra
4Principais obras
o 4.1Sinfonias
o 4.2Ciclos de canções, coleções e outros trabalhos vocais
5Filmes
o 5.1Sobre o compositor
o 5.2Trilha sonora
6Referências
7Bibliografia
8Ligações externas
O primeiro filho dos Mahler, Isidor, nascido em 1858, sofreu um acidente fatal
ainda durante a infância[2] , passando Gustav a ser o mais velho de seus
irmãos. Os Mahler tiveram ao todo catorze filhos, contudo oito não chegaram a
atingir a fase adulta.
Gustav e sua família eram judeus e faziam parte de uma minoria alemã que
vivia na Boêmia. Anos mais tarde, Gustav Mahler lembraria essa condição:
"Sou três vezes apátrida! Como natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco,
na Alemanha; como judeu, no mundo inteiro. Em toda parte um intruso, em
nenhum lugar desejado!"
Nunca fui aluno de Bruckner. Todos pensavam que estudei com ele
porque em meus dias de estudante em Viena era visto frequentemente
em sua companhia e por isso me incluíam entre seus primeiros
discípulos. A disposição feliz de Bruckner e sua natureza infantil e
confiante fizeram do nosso relacionamento uma amizade franca,
espontânea. Naturalmente, a compreensão que obtive então de seus
ideais não pode ter deixado de influenciar meu desenvolvimento como
artista e como homem.
Em Junho de 1880, Mahler decidiu trabalhar por três meses como maestro
do teatro de Hall, estação de águas da Alta Áustria, onde dirigiu farsas e
operetas. Mahler não tinha demonstrado anteriormente desejo em tornar-se
regente. Alguns esperavam que ele se tornasse pianista, por causa de seu
ótimo desempenho, principalmente em obras de Beethoven e Bach.
Seu trabalho com a Ópera Real foi coroado de êxito e ele mostrou ser, além
de grande regente, um excelente administrador. Tanto o público como os
lucros da companhia aumentaram. Em Janeiro de 1891, Brahms teria
assistido a uma apresentação de Don Giovanni, de Mozart e dito que nunca
antes assistira a um espetáculo de nível tão elevado.
Por essa época Mahler estudou com afinco Literatura e Filosofia, para
completar a sua formação intelectual. Entre os autores lidos por ele
constam Fiódor Dostoiévski, Jean Paul e Nietzsche. Ele também estudara a
coleção de poemas folclóricos Des Knaben Whuderhorn (A Cornucópia do
Menino).
O casal Mahler teve duas filhas, Anna (1904-1988) que depois se tornou
escultora, e Maria Anna (1902-1907) que morreu de difteria em 1907. Neste
mesmo ano, Mahler descobriu que tinha uma doença cardíaca (infective
endocarditis) e perdeu o emprego na Ópera.
Depois que saiu da Ópera de Viena, Mahler aceitou um convite para dirigir
a Ópera Metropolitana de Nova Iorque (Metropolitan Opera). Em 21 de
Dezembro de 1907 ele chegou a Nova Iorque. Sua estreia na Metropolitana
ocorreu em 1 de Janeiro de 1908 com "Tristão e Isolda". Nessa época
Mahler tinha 48 anos.
Nesse ano, sua esposa Alma precipitou uma crise conjugal ao fazer
amizade com Walter Gropius. Em Leyden, Mahler teve uma consulta com o
psicanalista Sigmund Freud.
Por um breve período, Mahler teve uma pequena melhora e chegou até a
planejar uma viagem para o Egito. Contudo, ele não conseguiu se
recuperar. Um médico especialista em hematologia sugeriu que Mahler
fosse internado em Viena e para lá ele foi levado.
1974 - Mahler[6][7]
2001 - Paixões ao vento (Bride of the Wind)[8][9]
Referências
Gustav Mahler
Gustav Mahler em outros
projetos:
Wikipédia
Wikimedia Commons
Wikisource
- citado em "A hundred years of music" - Vol. 85, Página 261, de Gerald
Abraham - Aldine Pub. Co., 1964 - 325 páginas
Seu pai era dono de uma taverna, tinha problemas com o alcoolismo
e freqüentemente batia na mulher. O compositor teve 14 irmãos e
chegou a presenciar a morte de alguns deles, como o querido Ernst.
Seu irmão Otto, também músico, suicidou-se em 1895.
Respeitado por grandes nomes como Hans von Büllow, foi convidado,
em 1892, para reger uma obra de Wagner no Royal Opera House de
Londres. Em 1897 ele alcançou o cargo musical mais cobiçado de
toda a Europa, a cadeira de Maestro Titular da Ópera Imperial de
Viena, onde permaneceu por uma década.
Contexto histórico
Curiosidades
Só Freud explica
Guerra e racismo
O fato de ser judeu e morar numa área tomada pela guerra o fazia se
sentir deslocado. Diante disso, tornou- se célebre sua seguinte frase:
“ Sou três vezes apátrida, como nativo da Boêmia na Áustria, como
austríaco entre os alemães, e como judeu perante o mundo. Sou um
intruso em todos os lugares, nunca bem recebido”.
Longas sinfonias
Fofoqueiros clássicos
Seu comprometimento com a arte fez com que sua carreira tomasse
rumos invejados pelos colegas de profissão. Como responsável pela
atividade musical de um dos principais centros culturais da Europa,
era comum que se envolvesse em diversas intrigas.
Perfeccionista e insatisfeito