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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

8ª Vara da Fazenda Pública do DF


Fórum VERDE, Sala 408, 4º andar, Setores Complementares, BRASÍLIA -
DF - CEP: 70620-000
Horário de atendimento: 12:00 às 19:00

Número do processo: 0709197-82.2018.8.07.0018

Classe judicial: PROCEDIMENTO COMUM (7)

Assunto: Antecipação de Tutela / Tutela Específica (8961)

Requerente: DF DISTRITO FEDERAL

Requerido: MARIANA VAN ERVEN SANTOS

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

O autor ajuizou a presente ação com pedido de tutela de urgência para impor à ré a obrigação de não
fazer, consubstanciada na impossibilidade de que paralise, no dia 20 de setembro a prestação dos serviços
executados.

Verifico que pretensão se amolda ao conceito de tutela de urgência, sendo uma das modalidades da tutela
provisória prevista no artigo 294 e seguintes do Código de Processo Civil vigente.

As tutelas provisórias (de urgência e de evidência) vieram sedimentar a teoria das tutelas diferenciadas,
que rompeu com o modelo neutro e único de processo ordinário de cognição plena. São provisórias
porque as possibilidades de cognição do processo ainda não se esgotaram, o que apenas ocorrerá no
provimento definitivo.

Os requisitos da tutela de urgência estão previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil, sendo eles:
probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Neste caso verifico que não estão presentes os requisitos legais autorizadores da medida.

Os motivos para o indeferimento do pedido são vários.

A leitura perfunctória da petição inicial já demonstra a própria inviabilidade da presente ação pela total
ausência de fundamentação jurídica para a pretensão formulada.

O autor pretende impor à ré uma obrigação de não-fazer (não obstante a nomenclatura utilizada na
verdade trata-se de pretensão positiva, qual seja, compelir a ré à prestação do serviço), porém só é
possível exigir o cumprimento de obrigação positiva ou negativa quando haja previsão legal ou contratual,
o que não ocorre neste caso.

O autor afirma na petição inicial que o serviço que pretende compelir a ré a prestar por intermédio do
Poder Judiciário não foi objeto de licitação e tampouco de contrato, logo, ausente o requisito da obrigação
contratual.

Número do documento: 18091919183711700000022026661


https://pje.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18091919183711700000022026661
Assinado eletronicamente por: MARA SILDA NUNES DE ALMEIDA - 19/09/2018 19:18:37 Num. 22920976 - Pág. 1
Não há no ordenamento jurídico nenhuma lei que estabeleça a obrigação de pessoa jurídica de direito
privado de prestar serviços, especialmente sem a devida contraprestação, ainda que se trata de serviço
essencial e a Constituição Federal estabelece que ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer
algo sem previsão legal.

Afirma o autor que não está pagando o serviço prestado (não obstante não tenha informado quando parou
de pagar os serviços) e que esse precisa ser auditado antes de que seja realizado o pagamento, o que
demonstra que não houve reconhecimento da dívida e nenhum dos documentos anexados aos autos
demonstra o reconhecimento da dívida, mas muito pelo contrário, sugere uma série de atos burocráticos
que podem, inclusive, culminar com o não pagamento do serviço. Destaca-se que neste juízo tramitam
vários processos em que o autor se recusa ao pagamento de serviços não contratados, ainda que tenham
sido efetivamente prestados.

Para justificar seu pedido o autor afirma que a ré tentar agilizar o recebimento dos valores pelos serviços
prestados, mas que deveria ser observado todo um procedimento e ela só poderia suspender o serviço
depois de 90 (noventa) dias. O serviço prestado deve ser remunerado, não estando a empresa obrigada a
trabalhar sem a devida contraprestação.

O documento de ID 22902809 demonstra que há mais de 90 (noventa) dias que os serviços não foram
pagos e que não houve o reconhecimento formal desses, portanto, seguindo a linha de argumento do autor
a ré teria aguardado o prazo sugerido para então suspender os serviços.

O serviço de saúde é obrigação do autor e não da ré, por isso, mesmo se tratando de serviço essencial ela
não pode ser compelida a prestar um serviço sem a devida contraprestação e, principalmente, sem a
existência de contrato e reconhecimento formal da dívida.

Assim, está evidenciado que o pedido formulado não encontra nenhum amparo jurídico, razão pela qual o
pedido não pode ser deferido.

Em face das considerações alinhadas INDEFIRO A TUTELA DE URGÊNCIA.

Tendo em vista a ausência da possibilidade de transação acerca de direitos indisponíveis, deixo de


determinar a designação de audiência de conciliação.

Cite-se.

BRASÍLIA-DF, Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018 19:17:32.

MARA SILDA NUNES DE ALMEIDA

Juíza de Direito

Número do documento: 18091919183711700000022026661


https://pje.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18091919183711700000022026661
Assinado eletronicamente por: MARA SILDA NUNES DE ALMEIDA - 19/09/2018 19:18:37 Num. 22920976 - Pág. 2

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