Professional Documents
Culture Documents
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
O autor ajuizou a presente ação com pedido de tutela de urgência para impor à ré a obrigação de não
fazer, consubstanciada na impossibilidade de que paralise, no dia 20 de setembro a prestação dos serviços
executados.
Verifico que pretensão se amolda ao conceito de tutela de urgência, sendo uma das modalidades da tutela
provisória prevista no artigo 294 e seguintes do Código de Processo Civil vigente.
As tutelas provisórias (de urgência e de evidência) vieram sedimentar a teoria das tutelas diferenciadas,
que rompeu com o modelo neutro e único de processo ordinário de cognição plena. São provisórias
porque as possibilidades de cognição do processo ainda não se esgotaram, o que apenas ocorrerá no
provimento definitivo.
Os requisitos da tutela de urgência estão previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil, sendo eles:
probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Neste caso verifico que não estão presentes os requisitos legais autorizadores da medida.
A leitura perfunctória da petição inicial já demonstra a própria inviabilidade da presente ação pela total
ausência de fundamentação jurídica para a pretensão formulada.
O autor pretende impor à ré uma obrigação de não-fazer (não obstante a nomenclatura utilizada na
verdade trata-se de pretensão positiva, qual seja, compelir a ré à prestação do serviço), porém só é
possível exigir o cumprimento de obrigação positiva ou negativa quando haja previsão legal ou contratual,
o que não ocorre neste caso.
O autor afirma na petição inicial que o serviço que pretende compelir a ré a prestar por intermédio do
Poder Judiciário não foi objeto de licitação e tampouco de contrato, logo, ausente o requisito da obrigação
contratual.
Afirma o autor que não está pagando o serviço prestado (não obstante não tenha informado quando parou
de pagar os serviços) e que esse precisa ser auditado antes de que seja realizado o pagamento, o que
demonstra que não houve reconhecimento da dívida e nenhum dos documentos anexados aos autos
demonstra o reconhecimento da dívida, mas muito pelo contrário, sugere uma série de atos burocráticos
que podem, inclusive, culminar com o não pagamento do serviço. Destaca-se que neste juízo tramitam
vários processos em que o autor se recusa ao pagamento de serviços não contratados, ainda que tenham
sido efetivamente prestados.
Para justificar seu pedido o autor afirma que a ré tentar agilizar o recebimento dos valores pelos serviços
prestados, mas que deveria ser observado todo um procedimento e ela só poderia suspender o serviço
depois de 90 (noventa) dias. O serviço prestado deve ser remunerado, não estando a empresa obrigada a
trabalhar sem a devida contraprestação.
O documento de ID 22902809 demonstra que há mais de 90 (noventa) dias que os serviços não foram
pagos e que não houve o reconhecimento formal desses, portanto, seguindo a linha de argumento do autor
a ré teria aguardado o prazo sugerido para então suspender os serviços.
O serviço de saúde é obrigação do autor e não da ré, por isso, mesmo se tratando de serviço essencial ela
não pode ser compelida a prestar um serviço sem a devida contraprestação e, principalmente, sem a
existência de contrato e reconhecimento formal da dívida.
Assim, está evidenciado que o pedido formulado não encontra nenhum amparo jurídico, razão pela qual o
pedido não pode ser deferido.
Cite-se.
Juíza de Direito