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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI – UFSJ

CAMPUS SANTO ANTÔNIO

PROJETO SLINGSHOT

São João del-Rei, Dezembro de 2017

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 2
2. Objetivos .................................................................................................................. 2
3. Revisão bibliográfica .............................................................................................. 3
3.1. Constante elástica ...................................................................................................... 3
3.2. Energia potencial elástica ......................................................................................................... 3
3.3. Conservação da energia............................................................................................... 4
3.4. Lançamento de projéteis ............................................................................................. 4
3.5. Estimativa das forças agindo durante uma colisão .......................................................... 5
4. Metodologia experimental ...................................................................................... 5
4.1. Materiais utilizados ..................................................................................................... 5
4.2. Construção ................................................................................................................. 5
5. Resultados ............................................................................................................... 9
6. Conclusão .............................................................................................................. 12
7. Referências bibliográficas ................................................................................... 12

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1. Introdução

Desenvolvemos nesse projeto um Slingshot cuja única força motora é a energia potencial
elástica. Todo impulso necessário para a movimentação do projetil será gerado na transformação
da energia potencial elástica em energia cinética.

Conforme (Hewitt, 2009), um objeto pode armazenar energia em virtude de sua posição com
relação a outro objeto. Essa energia armazenada e prontamente disponível é chamada de energia
potencial, porque nesta forma ela tem o potencial de realizar trabalho. Por exemplo, em uma mola
esticada ou comprimida tem-se o potencial de realizar trabalho. Quando um arco é vergado, energia
é armazenada nele. Ele, então, pode realizar trabalho sobre a flecha. Uma tira de borracha esticada
possui energia potencial elástica. Se for parte de um estilingue, ele é capaz de realizar trabalho.

A energia que um corpo adquire quando está em movimento chama-se energia cinética. A
energia cinética depende de dois fatores: da massa e da velocidade do corpo em movimento.
Qualquer corpo que possuir velocidade terá energia cinética.

A ideia do experimento é fazer um estilingue, mas de modo a podermos observar mais


facilmente o processo de acumulação e, depois, de transferência de energia potencial elástica.
Trata-se de um arranjo onde pode-se observar em sequência, a colocação de uma bolinha de gude
(e portanto pode-se ter uma ideia de sua quantidade de energia cinética), e a transformação da
energia potencial elástica do conjunto estilingue e bolinha em energia potencial cinética.

Analisamos a viabilidade desse projeto levando em conta seus aspectos de pré-


dimensionamento, custo, peso, eficiência e sustentabilidade ecológica. Todos os elementos que
podem influenciar e definir de forma direta no projeto foram analisados.

2. Objetivos

O objetivo desse trabalho é fazer com que grupos de alunos construam um Slingshot,
desenvolvendo métodos de eficazes de transformação da energia potencial elástica em cinética,
que tenha potência e controle para derrubar alvos pré-estabelecidos à 8 metros de distância
utilizando como munição bolinhas de gude. A competição terá 2 rounds, e em cada round, a equipe
terá 6 oportunidades para derrubar 6 garrafas PETs, com diferentes massas e pontuações.

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3. Revisão bibliográfica

Usaremos para desenvolver o projeto conceitos básicos da Dinâmica, que é um ramo das
ciências físicas que trata da cinemática, que analisa os aspectos geométricos do movimento, e a
dinâmica, que analisa as relações entre as forças e o movimento.

3.1. Constante elástica

É preciso determinar a constante elástica de uma mola para saber sua capacidade de produzir uma
força elástica (ou força restauradora), para isso, é possível utilizar a Lei de Hooke. Através desta lei
é possível encontrar a força elástica, que corresponde a constante elástica da mola (k), que
depende do material de que a mola é feita e das suas dimensões, multiplicada pela deformação da
mola (∆𝑙 ), gerada por uma massa m.

𝐹 = 𝑘∆𝑙

Para que seja possível descobrir a constante elástica, é necessário conhecer a força que age na
mola, o que pode ser definido por:

𝐹 = 𝑚𝑔

Sendo m a massa do corpo deformador e g a aceleração da gravidade.

Figura 01: Sistema massa-mola em equilíbrio.

3.2. Energia potencial elástica

É a energia associada as propriedades elásticas de uma mola. Um corpo possui a


capacidade de produzir trabalho quando está ligado a extremidade comprimida ou esticada de uma
mola.

𝑘𝑥²
𝐸𝑃𝐸 =
2
3
Figura 02: Energia potencial elástica

Estando a mola deformada, a força que ela exerce no corpo sempre tem a capacidade de
realizar trabalho positivo quando ela retornar à sua configuração de mola não deformada.

3.3. Conservação da energia

A seguinte equação expressa a conservação da energia, que estabelece que durante o


movimento a soma das energias cinética e potencial permanecem constantes. Para isso ocorrer, a
energia cinética deve ser transformada em potencial, e vice-versa.

T1 + V1 = T2 + V2

Através desta equação é possível encontrar e velocidade inicial de um objeto a ser


arremessado.

3.4. Lançamento de projéteis

Considerando que analisaremos somente a movimentação horizontal de um projetil, temos


que 𝑎𝑥 = 0, desta forma, aplicando as equações de aceleração constante, obtemos:

+
(→) 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑐 𝑡; (𝑣)𝑥 = (𝑣0 )𝑥

+ 1
(→) 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0 𝑡 + 2 𝑎𝑐 𝑡² ; 𝑥 = 𝑥0 + (𝑣0 )𝑥 𝑡
+
(→) 𝑣² = 𝑣 2 0 + 2𝑎𝑐 (𝑠 − 𝑠0 ) ; (𝑣)𝑥 = (𝑣0 )𝑥

Desta maneira, podemos observar que a componente horizontal da velocidade permanece


constante durante o movimento.

Através destas equações podemos determinar o tempo necessário para o projetil atingir o
alvo a uma certa distância x.

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3.5. Estimativa das forças agindo durante uma colisão

Pela conservação da quantidade de movimento obtemos a velocidade de impacto:

𝑚1 𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 = (𝑚1 + 𝑚2 )𝑣3

Energia cinética antes do impacto:

𝑚1 𝑣1 ² + 𝑚2 𝑣2 ²
𝐸𝐶0 =
2

Energia cinética após o impacto:

(𝑚1 + 𝑚2 )(𝑣3 )2
𝐸𝐶1 =
2

Perda de energia no impacto:

∆𝐸 = 𝐸𝐶0 − 𝐸𝐶1

4. Metodologia experimental

4.1. Materiais utilizados

Os materiais e ferramentas utilizados para a fabricação do SLINGSHOT foram: uma serra,


lixadeira, esquadro, trena, furadeira com uma broca de 3/16”, chave de fenda, parafusos, ganchos
de vaso de planta, lixa de mão, uma mola para a construção do gatilho, um pedaço de cano de
PVC, uma tira de courvin, uma tira de couro, uma goma de látex com 50cm de comprimento e uma
peça de nylon com aproximadamente 1,5m de comprimento para a construção da base do
SLINGSHOT.

4.2. Construção

O primeiro passo foi medir o máximo de alongamento que a goma de látex alcançaria sem
se deformar plasticamente e conseguir acumular a maior energia potencial possível. Para isso,
utilizamos um balde preso ao couro, unido a dois pedaços de goma de látex com as dimensões
desejadas. Foi adicionada água ao balde até a goma atingir a deformação necessária para efetuar

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o disparo no estilingue. Após atingir a deformação, foi medida a massa do balde com água para
posterior analise da rigidez elástica da goma de látex através de fórmulas.

Figura 03: Medição de carga máxima para posterior obtenção da constante elástica.

Com os dados do máximo alongamento da goma partimos para o corte da peça de nylon,
que foi feito através de uma lixadeira, o corte foi de 104cm de comprimento, considerando o
alongamento da goma, mais o comprimento do gatilho e o apoio de ombro. Juntamente com o corte
da base do SLINGSHOT, foram feitos os cortes da peça onde foi fixada a goma de látex, peça que
foi fixada perpendicular à base do SLINGSHOT com comprimento de 30cm e o corte do apoio da
mão, cuja intenção é facilitar a mira. Os cortes serão mostrados nas figuras abaixo.

Figura 04: Peça da base do SLINGSHOT e peça para a fixação dos ganchos.

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Figura 05: Apoio para a mão pronto, cortado com a lixadeira, preparada com um disco de corte.

Após as peças base estarem prontas, o passo seguinte foi realizar o rebaixo na peça base
onde o projétil será colocado e onde será feito o gatilho, para o lançamento do projétil. O rebaixo foi
de 1,4cm de profundidade e 5cm de comprimento, feito a partir de 60cm da extremidade da peça
base, baseado no alongamento desejado da goma de látex. Com o rebaixo pronto, foi feito um furo
para que se passe um pino que terá a função de lançar o projétil. As figuras abaixo ilustram o
trabalho realizado.

Figura 06: Base do SLINGSHOT com o rebaixo pronto.

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Figura 07: Furo feito na extremidade do rebaixo e ao lado o pino de lançamento do projétil.

O passo seguinte foi fixar a peça onde serão parafusados os ganchos do vaso de planta
para fixação da goma. A peça foi fixada com dois parafusos, foi utilizada uma furadeira com uma
broca de 3/16” para realizar os dois furos. A peça foi colocada perpendicularmente à peça base do
SLINGSHOT.

Figura 08: SLINGSHOT basicamente montado.

Os próximos passos foram de finalização do SLINGSHOT. A próxima etapa foi a construção


do gatilho, que foi feito com um pedaço de cano de PVC, foi cortada uma tira de 20cm de
comprimento. Para a tira tomar a forma desejada foi feito o aquecimento da tira. Em seguida foi
parafusada o pino no “gatilho” juntamente com a fixação da mola, cuja função é fazer com que o
pino desça após lançar o projétil. A etapa final foi parafusar os ganchos de vaso de planta nas
extremidades da peça perpendicular à base do SLINGSHOT. Novamente foi utilizada a furadeira.
Com os ganchos parafusados o passo seguinte foi fixar a goma, que foi partida ao meio, a fixação
da goma nos ganchos foi feita com abraçadeiras de nylon, e na outra extremidade das gomas
cortadas foi colocado uma peça” de couro também fixada com abraçadeiras na goma. A função da

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peça de couro é segurar o projétil no SLINGSHOT. Realizadas essas etapas o equipamento está
pronto. As figuras abaixo mostram o que foi realizado.

Figura 09: Gatilho pronto, com o pino parafusado e mola fixada.

Figura 10: SLINGSHOT pronto.

5. Resultados

Após procedimentos para medição da massa do balde (𝑚𝐵 ) com água, obtemos:

𝑚𝐵 = 6,5𝑘𝑔

Força atuante na goma de látex:

𝐹 = 𝑚𝐵 𝑎

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𝐹 = (6,5𝑘𝑔)(9,81 𝑚⁄𝑠 2 )

𝐹 = 65,765𝑁

Deformação da goma de látex:

∆𝑠 = 0,58𝑚

Rigidez elástica da goma de látex através da Lei de Hooke:

𝐹 = 𝑘∆𝑠

𝐹
𝑘=
∆𝑠

63,765𝑁
𝑘=
0,58𝑚

𝑘 = 109,94 𝑁⁄𝑚

Velocidade inicial:

𝑇1 + 𝑉1 = 𝑇2 + 𝑉2

𝑚(𝑣0 )²𝑥 𝑘𝑠²0 𝑚(𝑣)²𝑥 𝑘𝑠²


+ = +
2 2 2 2

(0,009𝑘𝑔)(0)² (109,94𝑁⁄𝑚)(0,58𝑚2 )² (0,009𝑘𝑔)(𝑣)²𝑥 (109,94𝑁⁄𝑚)(0)²


+ = +
2 2 2 2

(𝑣)𝑥 = 64,1𝑚⁄𝑠

A velocidade na direção horizontal é constante, isto é, (𝑣)𝑥 = (𝑣0 )𝑥 .

Obtendo o tempo necessário para atingir os alvos a 8m de distância, atirando da posição


inicial 𝑥0 = 0.

𝑥 = 𝑥0 + (𝑣0 )𝑥 𝑡

8𝑚 = 0 + (64,1𝑚⁄𝑠)𝑡

𝑡 = 0,1248𝑠

Pela conservação da quantidade de movimento obtemos a velocidade de impacto:

𝑚1 𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 = (𝑚1 + 𝑚2 )𝑣3

(0,009𝑘𝑔)(64,1𝑚⁄𝑠) + (2𝑘𝑔)(0) = (0,009𝑘𝑔 + 2𝑘𝑔)𝑣3

𝑣3 = 0,287𝑚⁄𝑠

Energia cinética antes do impacto:

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𝑚1 𝑣1 ² + 𝑚2 𝑣2 ²
𝐸𝐶0 =
2

(0,009𝑘𝑔)(64,1𝑚⁄𝑠)2 + (2𝑘𝑔)(0)²
𝐸𝐶0 =
2

𝐸𝐶0 = 18,49𝐽

Energia cinética após o impacto:

(𝑚1 + 𝑚2 )(𝑣3 )2
𝐸𝐶1 =
2

(0,009𝑘𝑔 + 2𝑘𝑔)(0,287𝑚⁄𝑠)²
𝐸𝐶1 =
2

𝐸𝐶1 = 0,083𝐽

Perda de energia no impacto:

∆𝐸 = 𝐸𝐶0 − 𝐸𝐶1

∆𝐸 = 18,49𝐽 − 0,083𝐽

∆𝐸 = 18,407𝐽

Para descobrir a força que um projétil faz sobre um alvo, devemos dividir a energia cinética
antes do impacto, em J, pela distância, em m, de penetração do projétil no alvo, porém, não
dispomos de recursos para fazer tal analise. Desta forma, considerando a alta velocidade do
lançamento da bolinha de gude, causada pela rigidez elástica da goma de látex, e pelo fato do
objeto alvo ser mais rígido, não permitindo a penetração, sabemos que neste caso a força de
impacto é maior, se comparada a um objeto penetrável, assim, chegamos à conclusão de que é
possível derrubar alvos mais pesados, o que foi comprovado nos testes.

O teste consistiu em realizar vários disparos a uma distância de 8m do alvo, na qual obtemos
excelentes resultados, sendo possível derrubar alvos de 2kg.

Para a realização do teste, encontramos inicialmente obstáculos ao realizar disparos, pois a


princípio utilizamos uma tira de courvin para o arremesso da bolinha de gude, porém a mesmo não
apresentou resistência suficiente para suportar os esforços causados pela goma de látex, vindo a
rasgar. Apresentava também maior dificuldade de fixação no rebaixo do estilingue, o que não nos
permitiu efetuar os disparos corretamente. Posteriormente, substituímos a tira de courvin por uma
de couro, obtendo resultados satisfatórios quanto a fixação e a resistência aos esforços. Com o
estilingue finalizado, observamos que ele não teve uma boa precisão, sendo que o disparo saia
pouco acima do alvo mirado, isso se pode justificar pelo fato do gancho de fixação estar a uma
altura ligeiramente superior ao rebaixo do estilingue, fazendo com que a goma de látex, quando

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esticada na posição de disparo, tenha uma pequena inclinação, fazendo com que o disparo saísse
para cima. Desta forma, tivemos que mirar na parte inferior do alvo, o que dificultou um pouco o
alcance do objetivo final, que é derrubar as garrafas.

6. Conclusão

Neste trabalho, tivemos a oportunidade de aprofundar os nossos estudos acerca dos


conteúdos da disciplina de Dinâmica, sobretudo os assuntos ligados à energia potencial elástica,
conservação de energia, lançamento de projétil, entre outros.

Pudemos ainda aprofundar os conhecimentos dos diversos tipos de mecanismos de


lançamento de projétil utilizando energia elástica e, utilizando os conhecimentos adquiridos na sala
de aula, fomos capazes de escolher o modelo que mais se mostrava eficiente ao nosso propósito e
projetamos de acordo com nossas necessidades, buscando maximizar as medidas de velocidade e
força alcançadas pelo projétil para cumprirmos com excelência os desafios da competição.

Concluímos, pois, que este trabalho foi uma excelente oportunidade para alinhar os
conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula com os conhecimentos práticos que a profissão
do engenheiro exige, bem como a fase de planejamento, elaboração, construção e execução do
projeto, e dessa forma, pudemos ter contato com o dia a dia de um profissional encarregado de
colocar projetos em prática, o que nos motiva a, cada vez mais, buscar colocar nossos
conhecimentos teóricos em prática na execução de projetos.

7. Referências bibliográficas

HIBBELER, R. C. Dinâmica- Mecânica para Engenharia. 10 ª edição. Pearson Education –


Br,2008.

http://www.fem.unicamp.br/~impact/forcab.htm

http://www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=297

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