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Jararaca

Por Camila Oliveira da Cruz


Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)

A jararaca (Bothrops jararaca) é uma serpente venenosa (Ordem Squamata) que


pertence à família Viperidae (Subfamília Crotalinae) e pode ser encontrada no Brasil
nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia em ambientes de Mata Atlântica, Cerrado e áreas
antrópicas ─ mais comum em áreas rurais perto de plantações, mas também podem
aparecer em áreas periurbanas.

Possui um padrão de escamas bem caracterizada por desenhos dorsais em "V" invertido
escuros bem destacados, orlados de cores mais claras, corpo delgado tendo em media
120 cm de comprimento. Há variação nas cores ao longo de sua distribuição geográfica,
com indivíduos apresentando tons cinza, pardo-esverdeados, amarelados e marrons.
Geralmente o ventre é claro com manchas irregulares. A jararaca é ativa durante a maior
parte do ano e as fêmeas tendem a serem maiores e mais pesadas do que os machos da
espécie.
Cobra jararaca (Bothrops jararaca). Foto: FCG / Shutterstock.com

A jararaca possui hábitos predominantemente terrestres, podendo apresentar hábitos


arborícolas, principalmente os juvenis. O grau de locomoção da jararaca é baixo, se
movimentando pouco sobre o substrato. Possui atividade crepuscular e noturna sendo
mais intensa na estação chuvosa. Os juvenis de Bothrops jararaca têm a dieta composta
principalmente de anfíbios anuros, enquanto os adultos alimentam-se basicamente de
roedores e ocasionalmente de lagartos. As serpentes juvenis fazem uso de sua cauda de
cor amarela clara para atrair suas presas em potencial, enquanto que as adultas utilizam
a tática do bote para caçar.

As fêmeas são vivíparas, produzindo cerca de doze a 18 filhotes por vez e os


nascimentos ocorrem na estação das chuvas.
As cobras Bothrops causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil. A
camuflagem e a imobilidade das jararacas dificultam a sua visualização e facilita deste
modo os acidentes ofídicos. Esta serpente possui dois dentes inoculadores de veneno
(dentição solenóglifa), retráteis, localizados na parte anterior do maxilar superior. Estes
dentes são projetados para fora, durante o ataque, agravando muito as consequências da
picada. Seu veneno é muito potente e causa muita dor e edema no local da picada,
podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-
existentes. Contra estes efeitos, o antídoto correto é o soro antibotrópico, específico para
picadas de jararacas. Como medida preventiva, ao entrar em uma mata, deve-se sempre
calçar botas, tomando cuidado ao aproximar as mãos e o próprio rosto do chão,
evitando, dessa forma, um possível bote e a inoculação do veneno.

O veneno da Bothrops jararaca despertou o interesse médico, levando a diversas


pesquisas para os meios de utilização de substâncias presentes no veneno como
fármacos. Em 1965 foi isolada a proteína de veneno da jararaca que, depois de estudos e
testes, resultou em um remédio controlador da hipertensão, o captopril. Logo, a
conservação das serpentes venenosas brasileiras e mais estudos sobre a composição
bioquímica das suas glândulas de veneno são importantes também pelo seu potencial
farmacêutico, além do valor biológico em preservar a nossa biodiversidade animal.

Referências Bibliográficas:

SAZIMA, I. 1992. Natural history of the jararaca pitviper, Bothrops jararaca, in


Southeastern Brazil. In: Campbel, J. A. &. Brodie, E. D. Jr. (Eds). Biology of the
Pitvipers, Texas, Selva Tyler. 199-216 p.

Meregalli, Bruna; Moreira, Joyce Martins dos S.; Ferri, Mariel & Renner, Márcia
Ferret. 2013. Veneno de Bothrops jararaca na utilização de medicamentos para
hipertensão. Anais da IV Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório ano
4. v. 4. – JUN/2013.

Hartmann, Paulo Afonso; Hartmann, Marília Teresinha; Giasson, Luis Olímpio Menta.
2003. Uso do habitát e alimentação em juvenis de Bothrops jararaca (Serpentes,
Viperidae) na Mata Atlântica do sudoeste do Brasil. Phyllomedusa 2(1): 35-41 p.

Janeiro-Cinquini, Thélia Rosana. 2004. Capacidade reprodutiva de Bothrops jararaca


(Serpentes, Viperidae). Iheringia, Série Zoológica 94(4): 429-431 p.

FREITAS, Marco Antonio de. Serpentes brasileiras. Feira de Santana, BA, 2003. 120 p.
ISBN: 85-86967-02-5.

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