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Moção
A crescente preocupação com as Alterações Climáticas permite-nos repensar num futuro que se
avizinha climaticamente estranho e contraditório a nível nacional e internacional.
Com o aquecimento global e o degelo dos polos prevê-se a subida do nível da água do mar
ameaçando milhões de pessoas nas cidades costeiras. Ao invés, a escassez crescente de água
potável também ameaça populações litorais inteiras podendo dar origem a conflitos entre
nações.
Com a necessidade de alternativas urgentes, e para não enveredar apenas pela repressão e
aumentos constantes do preço da água potável, há que encorajar a poupança mas dando
particular importância a novos conceitos de habitação sustentável em áreas distintas, visando a
redução de emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa, uma melhoria da eficiência no
uso dos recursos em todos os sectores e a utilização de um conjunto de medidas destinadas a
incentivar alterações nas práticas quotidianas dos cidadãos.
Consideramos que deverá partir das autarquias, a adoção das medidas necessárias para
implementar definitivamente o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, para que estas
integrem, nos respetivos Planos Diretores Municipais, as medidas constantes do Programa
Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA).
A conceção dos sistemas prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais deve
obedecer ao princípio geral de maximização da eficiência hídrica nas instalações, bem como a
salvaguarda do conforto, da saúde pública e do seu desempenho, sendo uma necessidade o
aproveitamento de águas pluviais em edifícios.
Uma das formas de reduzir o consumo de água, seja em espaços públicos ou particulares, passa
também por alimentar os sistemas de rega a partir de água da chuva armazenada, com a
vantagem de evitar o recurso exclusivo à água da rede pública. Esta opção permite também
reduzir a produção de escoamentos superficiais e eventuais descargas no sistema público de
drenagem de águas pluviais.
O potencial de redução desta medida é variável, dependendo sobretudo da área a regar e das
necessidades das espécies plantadas, podendo atingir 100% se a água de rega da rede pública
for totalmente substituída por água da chuva. Esta água também pode ser utilizada para outros
fins, não potáveis, em autoclismos e a limpeza de pavimentos, e num futuro próximo o
aproveitamento de águas pluviais deverá estar ligado ao aproveitamento das águas cinzentas
passando a ser uma complementaridade.
Em Portugal já foi criada uma Especificação Técnica ANQIP (ETA) que estabelece critérios
técnicos para a execução destes sistemas (ETA 0701), assegurando a qualidade dos sistemas de
aproveitamento de água pluvial nas coberturas de edifícios, para fins não potáveis. Esta
Especificação Técnica criada pela Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais
(ANQIP) poderá ser base deste regulamento municipal, sendo que todas as necessidades e
sistemas estão certificados, servindo de exemplo para outros.
Jorge Freire