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ESTADO E GOVERNO
Professora: Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Discutir acerca das relações existentes entre Estado, Governo e Sociedade.
•• Compreender os caminhos históricos da construção das políticas públicas
com foco no ensino superior no Brasil.
•• Refletir acerca das políticas educacionais para o ensino superior e sua relação
com os organismos internacionais.
PLANO DE ESTUDO
As reflexões acerca das Políticas Públicas e as suas relações com o campo de atuação
e profissionalização da Educação têm se tornado uma tônica constante nos debates
sobre os caminhos e perspectivas para a área. Afinal, não é possível projetar ações
futuras para a Educação se não a considerarmos uma área inserida num contexto
conjuntural das políticas públicas do Estado promovidas e implementadas a partir
das demandas e necessidades da sociedade civil.
Você já compreendeu que as políticas são ou deveriam ser elaboradas a partir
de projetos de governo que comungam com os interesses das diversas categorias
da sociedade, mas nem sempre é essa a realidade. Então, deve estar se questionan-
do qual a relação existente entre a o Ensino Superior e as políticas públicas?
Para essa reflexão, neste estudo, faremos algumas reflexões acerca da atuação do
tripé: Estado, Sociedade e Políticas Públicas no contexto educacional. Isto porque, en-
tendemos que historicamente no campo do Ensino Superior, as reformas educativas
levadas a efeito em nosso país e nos outros países da América Latina desde o final
da década de 70, com o objetivo de adequar o sistema educacional ao processo de
reestruturação produtiva e aos novos rumos do Estado, vêm reafirmando a centrali-
dade da formação dos profissionais da educação.
Pós-Universo 7
COMPREENDENDO A HISTÓRIA
DA CONSTITUIÇÃO DO ENSINO
SUPERIOR: AS RELAÇÕES ENTRE
ESTADO, GOVERNO E SOCIEDADE
Discutir sobre o tema Política e sua relação com o campo do Ensino Superior tem se
constituído em uma ação necessária para o fazer docente no campo de atuação da
área, uma vez que, sendo uma área de conhecimentos presente na sociedade con-
temporânea com enfoques que tratam das questões das políticas ligadas à qualidade
no ensino; financiamento; ampliação/expansão de vagas e formação profissional
no Ensino Superior, dentre outras temáticas que abrangem as discussões do Ensino
Superior e trazem consigo também discussões acerca da concepção de homem e
profissional que se espera para a atuação profissional na sociedade contemporânea.
Pós-Universo 9
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[...] pode-se resumir política pública como o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação
(variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo
ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas pú-
blicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem
seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produ-
zirão resultados ou mudanças no mundo real (SOUZA, 2006, p. 26).
10 Pós-Universo
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No primeiro, o Estado se apresenta como o locus da condensação do tecido
social, tendo presente as estruturas de poder, de dominação e os conflitos;
no segundo a máquina governamental e o seu principal referente, em que
se considera os recursos de poder que operam na sua definição(AZEVEDO,
1997, p. 5).
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[...] o Estado é um conjunto de instituições permanentes – como órgãos le-
gislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico
necessariamente – que possibilitam a ação do governo; e Governo é o con-
junto de programas e projetos que parte da sociedade (políticos, técnicos,
organismos da sociedade civil e outros). O governo assume e desempenha
as funções do Estado por um período determinado. As políticas públicas re-
presentam o Estado em ação, ou seja, o Estado executando um projeto de
governo, através de ações e programas voltados para alguns setores da so-
ciedade. (HÖFLING, 2001, p. 31).
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Na concepção dos economistas neoliberais, a liberdade de mercado está pautada
na livre concorrência. Dessa forma, o mercado se autorregula e o governo só in-
terfere quando julgar necessária sua ação no sentido de manter a ordem social,
caso esta esteja sendo ameaçada. Esses são, pois, os papéis básicos do governo
numa sociedade livre – prover os meios para modificar as regras, regular as dife-
renças sobre seu significado, e garantir o cumprimento das regras por aqueles
que, de outra forma, não se submeteriam a elas (FRIEDMAN, 1988, p. 31).
12 Pós-Universo
De uma forma simples, podemos dizer que as políticas públicas são a concretização das
ações do governo. Em síntese, as políticas públicas, sancionadas por meio de projetos,
medidas provisórias, sendo consolidadas nas leis, promovem (ou deveriam promover)ações
de um Estado que possibilita a sua sociedade civil progredir, tendo acesso aos direitos
básicos sociais, tais como saúde, educação, moradia, transporte, cultura, desenvolvendo,
assim a ciência e a tecnologia configurando uma história social de direitos a todos.
É importante destacar que as questões ideológicas que marcam as políticas públicas
por meio da gestão dos governos acabam sendo realizadas de acordo com os grupos
político-partidários que ocupam as pastas governamentais; por essa razão, o proces-
so democrático, de escolha dos governantes, é um ato essencial numa sociedade que
busca a garantia dos direitos da sociedade, afinal, de acordo com Souza (2006, p. 36),
““
[...] as ações efetivadas por meio da política pública permite distinguir entre
o que o governo pretende fazer e o que, de fato, faz. É um termo abrangente
e não se limita a leis e regras. É uma ação intencional, com objetivos a serem
alcançados. Embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de longo
prazo.
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[...] desde o século XI até a primeira metade do século XII, a tarefa de provi-
denciar o ensino cabia principalmente as escolas catedralísticas, na segunda
metade do século, devido principalmente à proliferação das cidades, movi-
mentos inspirados pela burguesia em ascensão houve uma mudança radical.
A força do movimento das corporações também contribuiu para o surgimen-
to de nova força educativa.
14 Pós-Universo
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o ensino desenvolvido nos cursos de Filosofia e Teologia no Brasil, do século
VXI e XVIII, só pode ser entendido como atividade de aparelho educacional
posto a serviço da exploração da Colônia pela Metrópole. [...] Os diplomados
pelas escolas superiores destinavam-se a viabilizar essa dominação.
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os estabelecimentos de ensino dos jesuítas seguiam as normas padroniza-
das, na qual se previa um currículo único para estudos escolares dividido em
dois graus, supondo o domínio das técnicas elementares da leitura, escrita e
cálculo: os studia inferiora, correspondentes ao ensino secundário, e os studia
superiora, correspondentes aos estudos universitários” (BRANDÃO, 1997, p. 05).
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[...] embora alguns dos colégios jesuítas no período colonial mantivessem
cursos de filosofia e teologia, o que dá respaldo à tese de que já existia ensino
superior nessa época no Brasil, os cursos superiores propriamente ditos come-
çaram a ser instalados no Brasil a partir de 1808 com a chegada de D. João VI
[...]nas primeiras décadas republicanas arrefeceu-se a iniciativa oficial e surgi-
ram faculdades e também esboços de universidades no âmbito particular. Uma
delas foi a Universidade do Paraná que, fundada em 1912, iniciou seus cursos
em 1913 e em 1920, por indução do governo federal, até ser reconstituída em
1946 e federalizada em 1951, [...] se tratava de cursos superiores isolados, isto
é, não articulados no âmbito de universidades. Após a Revolução de 1930 que
se retomou o protagonismo do Estado nacional na educação com a criação, já
em outubro desse ano, do Ministério da Educação e Saúde Pública e com os
decretos da chamada Reforma Francisco Campos em 1931, entre os quais se
situam o que estabeleceu o Estatuto das Universidades Brasileiras.
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[...] no Brasil, o liberalismo foi submetido a toda sorte de arranjos ideológicos:
conviveu com as ideias que defendiam a monarquia e a escravidão, associou-
-se ao positivismo e, na Primeira República, serviu admiravelmente bem para
legitimar a ditadura das oligarquias e a repressão aos trabalhadores. No campo
educacional, o liberalismo foi evocado, no tempo do Império para legitimar
a igualdade das escolas particulares às escolas estatais e a para justificar a
frequência livre dos estudantes das escolas superiores e a introdução da li-
vre-docência (liberdade de ensinar e de aprender) em todos os tempos, para
fundamentar a necessidade de se estender a instrução elementar a todos os
cidadãos. Na Era Vargas, as ideias de Fernando de Azevedo expressas já no seu
projeto/pesquisa de 1926, e largamente difundidas após 1930, forneceram
a mais importante referência da primeira vertente do liberalismo: a elitista.
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Do século XII até o Renascimento, caracterizado como período da invenção da
universidade em plena Idade Média em que se constituiu o modelo da univer-
sidade tradicional, a partir das experiências precursoras de Paris e Bolonha, da
sua implantação em todo território europeu sob a proteção da Igreja. (p. 122);
No século XV, época em que a universidade renascentista recebe o impacto das
transformações comerciais do capitalismo e do humanismo literário e artístico,
mas sofre também os efeitos da Reforma e da Contra-Reforma; A partir do século
XVII, período marcado por descobertas científicas em vários campos do saber, e
do Iluminismo do XVIII, a universidade começou a institucionalizar a ciência; No
século XIX, implantou-se a universidade estatal moderna, e essa etapa, que se des-
dobra até os nossos dias, introduz uma nova relação entre Estado e universidade.
16 Pós-Universo
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Do ponto de vista político, o período que se estende de 1930 aos anos de 1970
foi marcado pelo rompimento com a velha ordem oligárquica brasileira e pelo
aparecimento, evolução e destruição do populismo. No confronto das forças que
desejavam a internacionalização da economia e as que defendiam um desen-
volvimento independente, teremos a vitória da primeira no âmbito da ruptura
que se estabelece nos anos de 1960. A partir de 1930, temos uma sociedade que
lenta, mas progressivamente, industrializava-se com uma concentração cada vez
mais ampla da população nos centros urbanos, o que contribuiu para a promo-
ção de exigências cada vez maiores em relação à educação. Foi particularmente
na região sudeste, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro, onde a demanda por
ensino, e particularmente ensino superior, foi mais sentida (CACETE, 2014, p. 1063).
Os anos de 1930 e 1940 marcaram a construção de uma sociedade que buscava cami-
nhos para modernizar os diversos setores sociais, mas ainda de forma muito atrelada a um
perfil de governo que ainda estava sendo centralizador. Logo, as mudanças mais signifi-
cativas passam a ocorrer apenas nos anos de 1960 que, segundo Cacete (2014, p. 1067)
““
No início dos anos 1960, já se prenunciavam as mudanças significativas que iriam
ocorrer no âmbito do ensino superior e, particularmente, no que diz respeito
ao rumo que tomariam as faculdades de filosofia. Com a aprovação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 4.024, promulgada em 20 de
dezembro de 1961, após um longo período de debates nos órgãos legislativo.
Pós-Universo 17
atenção
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O projeto de reforma universitária (Lei n.5.540/68) procurou responder a duas
demandas contraditórias: de um lado, a demanda dos jovens estudantes ou
postulantes a estudantes universitários e dos professores que reivindicavam
a abolição da cátedra, a autonomia universitária e mais verbas e mais vagas
para desenvolver pesquisas e ampliar o raio de ação da universidade; de outro
lado, a demanda dos grupos ligados ao regime instalado com o golpe militar
que buscavam vincular mais fortemente o ensino superior aos mecanismos
de mercado e ao projeto político de modernização em consonância com os
requerimentos do capitalismo internacional (SAVIANI, 2010, p. 9).
Na linha temporal das questões sociais e políticas que influenciaram o campo do Ensino
Superior podemos perceber que na década de 70, houve um aumento da demanda
pelo ensino superior, tendo uma ampliação dos recursos federais e o orçamento
18 Pós-Universo
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A Constituição de 1988 incorporou várias das reivindicações relativas ao ensino
superior. Consagrou a autonomia universitária, estabeleceu a indissociabilidade
entre ensino pesquisa e extensão, garantiu a gratuidade nos estabelecimen-
tos oficiais, assegurou o ingresso por concurso público e o regime jurídico
único. Nesse contexto a demanda dos dirigentes de instituições de ensino
superior públicas e de seu corpo docente encaminhou-se na direção de uma
dotação orçamentária que viabilizasse o exercício pleno da autonomia e, da
parte dos alunos e da sociedade, de modo geral, o que se passou a reivindi-
car foi a expansão das vagas das universidades públicas (SAVIANI, 2010, p. 10).
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A partir da década de 1990 num processo que está em curso nos dias atuais
emerge nova mudança caracterizada pela diversificação das formas de organiza-
ção das instituições de ensino superior alterando-se o modelo de universidade na
direção do modelo anglo-saxônico na versão norte-americana. Em consequência
dessa mudança freou-se o processo de expansão das universidades públicas, es-
pecialmente as federais, estimulando-se a expansão de instituições privadas com
e sem fins lucrativos e, em menor medida, das instituições estaduais. Essa foi a
política adotada nos oito anos do governo FHC, o que se evidenciou na proposta
formulada pelo MEC para o Plano Nacional de Educação apresentada em 1997.
reflita
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
PARA O ENSINO SUPERIOR E AS
RELAÇÕES COM ORGANISMOS
INTERNACIONAIS
Como sabemos, as ações político governamentais se dão na atualidade a partir
das premissas e das regulações advindas tanto das necessidades internas quanto
externas do país. Isto porque, no mundo globalizado no qual as informações são
diluídas rapidamente e as expectativas sociais são geradas e colocadas por diversas
demandas, há que se entender que o campo das políticas são marcadas, também,
pelas relações e interações com influências dos organismos internacionais, que no
conjunto das ações das políticas neoliberais buscam regular as ações, inclusive no
campo da educação dos países membros.
20 Pós-Universo
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[...] fomentar a maior diferenciação das instituições, incluindo o desenvolvimen-
to de instituições privadas; proporcionar incentivos para que as instituições
diversifiquem as fontes de financiamento, por exemplo, a participação dos
estudantes nos gastos e a estreita vinculação entre o financiamento fiscal e
os resultados; redefinir a função do governo no ensino superior; adotar po-
líticas que destinadas a outorgar prioridade aos objetivos da qualidade e da
equidade (BM, 1994, p. 28-29).
O Ensino Superior passa, então, por reformulações nos anos de 1980, em especial
a partir do processo de redemocratização, na qual foi preciso reajustar os objetivos
do país e da educação para atender as novas demandas do mercado e as reformas
do ensino decorrentes desse momento da história.
Tendo descrito no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 que “a educação,
direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada pela
colaboração da sociedade” (BRASIL, 1988, s/p), apresenta também no discurso implí-
cito a necessidade de adequar-se aos sistemas internacionais que tornam o campo
da educação um vínculo direto ligado ao processo de desenvolvimento da socieda-
de perante os demais países.
Segundo Sguissardi (2000), o país, no que se refere aos ajustes educacionais do
Ensino Superior, em especial, a partir dos anos 80 e 90, sempre estiveram atrelados
aos objetivos dessas agências, sejam por ordem financeiras ou por questões ideoló-
gicas sobre a formação e os pressupostos do mercado.
Uma questão que tem se tornado muito significativa nos anos 2000 no campo
do Ensino Superior está ligado a influências agências, como Banco Mundial, que por
meio de suas cartas, orientações, diretrizes para os países em desenvolvimento, passa
a ditar as diretrizes para as políticas de intervenção e implementação de ações, e re-
cursos destinados a esse campo da educação, um exemplo dessa influência vai se dar
na ampliação de ações como a efetivação do Enem como possibilidade de ingres-
so nas IES, ou programas de governo, como o PROUNI, que passa a dar uma maior
abrangência no número de vagas ofertas no ensino superior.
É importante sabermos que a influência dessas agências internacionais estão
sempre atreladas a questões de recursos financeiros aos países em desenvolvimento,
o que significa que, em geral, as ações orientadas nos documentos estarão sempre
condicionados a fatores de ordem econômicas e a ações estabelecidas como metas
que devem ser cumpridas pelos países membros dessas agências. Destaca-se que,
nessa relação de orientações, metas e propositivas estabelecidas, tem-se de forma
efetivada a questão da manutenção dos sistema capitalista incutido nas ações, uma
vez que vão influenciar sobremaneira nas questões econômica, culturais e políticas
da formação da sociedade no campo da atuação e direcionamento profissional da
população, ou seja, as mudanças, reformas e perspectivas educacionais passam a ser
regidas pelos documentos, bem como a oferta dos cursos ou os campos de maior
investimento no Ensino Superior passam a ser tratados de acordo com as metas es-
tabelecidas nestes documentos.
22 Pós-Universo
De acordo com Sperller (2012, p. 57) o “modelo que se tenta impor, nos dias de
hoje, é o que vigora no mundo anglo-saxônico e, em torno dele, grandes manobras
se efetuam em organizações como a OCDE, a UNESCO e o Banco Mundial”.
saiba mais
““
[...] necessidade de uma cooperação internacional – que deve ser repensa-
da radicalmente – é válida também para a área da educação; trata-se de uma
questão que implica não só os responsáveis pelas políticas educativas e os pro-
fessores, mas também todos os atores da vida coletiva. Ajudar no fortalecimento
dos sistemas educacionais nacionais ao encorajar as alianças e a cooperação
entre os ministérios em nível regional, e entre países que enfrentam proble-
mas semelhantes. • Ajudar os países a enfatizar a dimensão internacional do
ensino ministrado (programas de estudo, recurso às tecnologias da informa-
ção, cooperação internacional). De acordo com uma iniciativa de prospecção,
criar um observatório UNESCO das novas tecnologias da informação, de sua
evolução e de seu impacto previsível, não só sobre os sistemas educacionais,
mas também sobre as sociedades modernas. • Incentivar, por intermédio da
UNESCO, a cooperação intelectual na área da educação: Cátedras UNESCO,
Escolas Associadas, partilha equitativa do saber entre países, divulgação das
tecnologias da informação, intercâmbio de estudantes e de pesquisadores.•
Fortalecer a ação normativa da UNESCO a serviço de seus EstadosMembros,
por exemplo, no que diz respeito à harmonização das legislações nacionais
com os instrumentos internacionais (DELORS, 1996, p. 37).
Pós-Universo 23
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Avaliação da qualidade
atenção
Outro destaque sobre as definições tratadas a partir da Conferência foi o fato de estabe-
lecer para que “ todo tipo de estudos, treinamento ou formação para pesquisa em nível
pós-secundário, oferecido por universidades ou outros estabelecimentos educacionais
aprovados como instituições de educação superior pelas autoridades competentes do
Estado” (UNESCO, p. 11, 1999). Esta delimitação passa, então, a atrelar-se a questão das
competências do Ensino Superior ligadas às propositivas de ação com foco na quali-
dade e avaliação no Ensino Superior. Esses elementos “qualidade e avaliação” passam,
nesse sentido, a ser o ponto central das políticas com foco no ensino superior.
Segundo Shiroma, Moraes e Evangelista (2004, p. 77) essas ações desencadeadas
pelas ações das agências e organismos multilaterais influenciaram “na condução das
políticas pública, nas instâncias tripartites envolvendo empresários e trabalhadores
para discutir com o governo os rumos da educação brasileira”.
As relações existentes entre as políticas públicas com foco no Ensino Superior
na educação brasileira é orquestrada efetivamente desde dos anos de 1990 no país,
a partir das deliberativas das agências e organismos internacionais, uma vez que os
documentos a enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia, elabo-
rado e divulgado em 1994, pelo Banco Mundial, e o documento a Unesco, Política de
mudança e desenvolvimento no Ensino Superior de 1999, trouxeram uma nova visão
sobre as perspectivas do ensino superior para com a sua função junto à sociedade.
Pós-Universo 25
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a) Universidade Dinâmica: A universidade não pode mais encarar o conheci-
mento de forma estática, como se o saber tivesse longa duração, compatível
com o horizonte de vida de seus professores. Hoje, o conhecimento começa
a mudar no instante em que é criado, e a universidade tem de incorporar
essa dimensão ao papel desempenhado por ela. [...] Os alunos poderão se
submeter a concursos que determinem sua habilitação para a prática da pro-
fissão, de acordo com sua própria capacidade e com o tempo que lhes seja
necessário. Com o uso dos novos métodos de ensino e de pesquisa, o tempo
exigido para a formação pode variar muito, de acordo com a capacidade de
cada aluno. Graças aos novos métodos pedagógicos e aos equipamentos
de comunicação e informática, a formação de um profissional tem de levar
menos tempo do que levava há algumas décadas (UNESCO, 2003, p. 38-40).
““
Apesar de as vagas terem aumentado no conjunto das universidades brasilei-
ras, seu número ainda é muito pequeno em relação à demanda já existente.
A universidade brasileira terá de, ao longo dos próximos dez anos, ampliar o
número de vagas, com a meta de, no mínimo, dobrar o número de alunos.
Para tal, além de recursos adicionais, ela precisará mudar seus sistemas de
ensino, de maneira a adotar, cada vez mais, os sistemas de ensino a distân-
cia (UNESCO, 2003, p. 50).
Nos documentos das agências multilaterais, o que se pode observar é uma constân-
cia educação superior e o desenvolvimento socioeconômico da sociedade enquanto
componentes essenciais para que o Estado possa ter uma manutenção do sistema
econômico vigente abastecendo o campo tecnológico com a qualificação da mão de
obra de acordo com os princípios e necessidades da teia de relações internacionais
existentes entre os países, em especial os países membros pertencentes à agência.
26 Pós-Universo
atenção
3. A constituição das políticas educacionais com foco no ensino superior tem se constitu-
ído ao longo da história a partir de influência no campo dos organismos internacionais
nas políticas educacionais com foco no Ensino Superior, e que são, em geral, deriva-
das de uma corrente de pensamento e uma ideologia. Tendo esse conhecimento,
é correto afirmar que:
Na Web
Para saber mais sobre o Ensino Superior e suas relações com os Organismos Internacionais,
sugiro ver o documento disponível na web que trata da Conferência Mundial sobre Ensino
Superior 2009 As Novas Dinâmicas do Ensino Superior e Pesquisas para a Mudança e o
Desenvolvimento Social (UNESCO, Paris, de 5 a 8 de julho de 2009).
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=downloa-
d&alias=4512-conferencia-paris&Itemid=30192>
resumo
O ensino superior no Brasil, tem sido, ao longo da história, uma demanda educacional ligada às
necessidades de formação profissional, em geral, atrelada às perspectivas de avanços para a so-
ciedade a partir das metas traçadas por cada governo. Observamos que os dispositivos legais
têm transitado entre o discurso da continuidade de um processo de modernização alicerçado
na racionalidade e eficiência provenientes do sistema capitalista.
Também podemos destacar que a educação superior é sustentada e alicerçada nas recomen-
dações dos organismos internacionais, cujo discurso globalizante se dá pelo viés das ações de
cunho neoliberal. Por esse motivo, observamos que as relações entre os organismos interna-
cionais e as questões da educação estão sempre atreladas ao setor financeiro, restringindo as
preocupações com o campo da qualidade do ensino em detrimento às necessidades de ajustes
no campo financeiro.
As discussões nos levam a reconhecer que, historicamente, os objetivos do Ensino Superior têm
transitado pela formação de instituições pluridisciplinares centrado na formação de profissionais
com qualificação no campo da pesquisa, extensão e ensino, enfim, com foco tanto na formação
humana quanto profissional. Haja vista que o Ensinos Superior no Brasil vai ter sua expansão acon-
tecendo de forma efetiva apenas na Constituição Federal de 1988, quando se tem a abertura ao
ensino proveniente da iniciativa privada, e com a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional Lei
nº 8494/94, na qual se tem a mudança efetiva da concepção de educação do país, trazendo para
o cenário do ensino superior a efetivação da ação legislativa quanto a avaliação, regulação e su-
pervisão do ensino superior.
Assim o Ensino Superior passa a ser marcado pela história como uma ação contextual ligada aos
parâmetros e ditames de uma política pública marcada pelas mudanças e transformações ad-
vindas do campo social e econômico que regem a sociedade e os seus respectivos governos.
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