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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR


Companhia de Emergências Pré-
Hospitalares
“Amazônia: Patrimônio dos Brasileiros”

Estágio de Salvamento Aquático

“Guarda Vidas”.
Boa Vista – RR

NÃO HÁ PALAVRAS E NEM FRASES QUE POSSAM


NOS MANTER SEGUROS, HÁ SOMENTE AÇÕES.
TODOS TÊM O DIREITO DE VIVER EM UM AMBIENTE
SEGURO SEM CORRER RISCOS DESNECESSÁRIOS E SEM
RECEIOS DE DANOS À SUA SAÚDE ESTE NÃO E UM SONHO
IDEOLÓGICO É A NOSSA VISÃO.
GRUPO DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1 – AFOGAMENTO...................... ...................................................................... 06

2 – QUASE AFOGAMENTO ...................................................... ......................... 06

3 – FASES DO AFOGAMENTO .. ........................................................................ 06

4 – CLASSIFICAÇÕES DO AFOGAMENTO ...... .................................................... 06

5 – GRAUS DE AFOGAMENTO .......................................................................................... 08


5.1 Grau I ...................... .............................................................................. 08
5.2 Grau II...................................... .............................................................. 09
5.3 Grau III .................. ............................................................................... 09
5.4 Grau IV ............. ..................................................................................... 09
5.5 Grau V .......................................... ........................................................ 10
5.6 Grau VI ............................... .................................................................. 10

6 – ABORDAGEM À VÍTIMA ............................................................................. 10

7 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR................................................................. 11

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE.............................................................................. 12

8 – SUPORTE BÁSICO DE VIDA................................................. ....................... 12

9 – PARADA RESPIRATÓRIA............................................................................... 12
9.1 Respiração Normal.................................................................................... 13
9.2 Respiração Anormal ....... ......................................................................... 13
9.3 Reanimação Pulmonar .................... ........................................................ 14
9.4 Técnica para Abertura das Vias Aéreas ..................................................... 14
9.5 Técnica para Ventilação Artificial .......................... .................................... 15
9.6 Acessórios para Reanimação Pulmonar ............ ......................................... 16

10 – PARADA CARDÍACA .................................... ............................................. 17


10.1 Compressões Torácicas............................................................................ 19

11 – OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO ......... .................. 20


11.1 Manobras para Desobstrução em Adultos .......................... ..................... 20
11.2 Manobras para Desobstrução em Lactentes .................. .......................... 21
12 – TRAUMAS EM OSSOS .............................................................................. 21
12.1 REGRAS Gerais de Imobilizações ............................................. ............... 23

13 – FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES ................................... ........................ 24


13.1 Tratamento de Ferimentos Abertos ........................................................ 26
13.2 Tratamento de Ferimentos Fechados ...................................................... 26

14 – TRAUMAS ESPECÍFICOS ........................................................................... 26


14.1 Traumatismos ....................................................................................... 28
14.2 Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) ..................................................... 28
14.3 Lesões Encefálicas ................................................................................. 28
14.4 Sinais e Sintomas .................................................................................. 29
14.5 Tratamento Pré-Hospitalar ..................................................................... 30
14.6 Traumatismo de Face ............................................................................ 30
14.7 Traumatismo Raqui-Medular .................................................................. 31
APRESENTAÇÃO

Em função da crescente busca do lazer aquático, principalmente no que diz respeito à


utilização de piscinas, fez-se necessário o surgimento do chamado guardião de piscina, em
função da epidemia que se tornou o Afogamento no mundo e no Brasil.

Anualmente uma média de 7.500 brasileiros morrem afogados em nossas praias, rios,
lagoas, represas, piscinas e outras áreas espelhadas. A taxa de óbitos por afogamento no Brasil
é de 4.1/100.000 habitantes (1995) e encontra-se infelizmente acima de outros países, como o
EUA (2.6), e a Austrália (2.8).

O Brasil tem uma estimativa anual de 1.300.000 salvamentos aquáticos, 260.000


hospitalizações por afogamento, e mais de 600 vítimas desaparecidas, o que nos torna
infelizmente um dos países com o maior número de pessoas afogadas em todo o mundo.
Felizmente ás áreas litorâneo não constituem nossa principal preocupação, pois nesta se
concentram excelentes serviços de salvamento aquático, em sua maioria efetuados por
Instituições Estaduais do Corpo de Bombeiros, que possuem estatísticas de mortalidade tão
reduzidas quanto os países mais desenvolvidos.

Infelizmente não podemos dizer o mesmo quanto aos afogamentos em água doce,
que se estima sejam 65 a 85% dos casos de óbitos em todo Brasil. Nesta área necessitamos
uma maior atuação através de campanhas de prevenção. Sabemos que o afogamento é a 2ª
causa de óbito entre as faixas de 5 e 14 anos de idade, 3a entre 15 e 19 anos e a 5a entre 1 e 4
anos em nosso país. Nossas crianças infelizmente são as maiores vítimas desta situação.

Estes dados demonstram a ocorrência de uma catástrofe anual, que deve ser
interrompida com a ajuda e colaboração de todos.

“Somente através da capacitação de pessoas abnegadas, altruístas, com muito


amor ao próximo em torno deste ideal de Salvar-Vidas”, é que os números podem ser
reduzidos. Este deve ser o principal objetivo deste estágio.
Assim o presente aluno deve ao final do curso e das instruções:
CURSO DE GUARDA VIDAS 6

a) Identificar situações de riscos, e reconhecer as diferentes


formas de prevenção de acidentes e afogamentos em piscinas;

b) Atuar de maneira eficiente no salvamento, empregando


de forma objetiva todas as técnicas e equipamentos propícios a situação;

c) Demonstrar habilidade e conhecimento de primeiros socorros, ao dar


atendimento emergencial e suporte básico de vida na área de atuação
englobado neste estagio.
CURSO DE GUARDA VIDAS 7

AFOGAMENTO

Definição: Morte por asfixia por imersão em meio líquido de qualquer natureza.

QUASE-AFOGAMENTO

Definição: Acidente por imersão em que a vítima aspira líquido ou sobrevive à


reanimação cardiopulmonar.

A função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas,
interferindo na troca de O² — CO de duas formas principais: pela obstrução parcial
(freqüente) das vias aérea superiores por uma coluna de líquido e/ou mais freqüentemente
pela inundação dos alvéolos com este líquido. Estas duas situações provocam a diminuição ou
a abolição da passagem do O² para a circulação e do CO para o meio externo. Estes dois
efeitos imediatos que a asfixia provoca no organismo, dos quais derivam todas as outras
complicações, e serão maiores ou menores de acordo com a quantidade de líquido aspirado,
conforme veremos adiante nos diversos graus do afogamento.

FASES DO AFOGAMENTO

As fases de um afogamento se iniciam com urf ou pânico de afogar e uma luta para
manter-se na superfície, seguida deparada da respiração na hora da submersão, cujo tempo
dependerá da capacidade física de cada indivíduo. Ocorre, nesta hora, maior ou menor
aspiração de líquido que provoca uma irritação nas vias aéreas, suficiente para promover, em
certos casos, um espasmo da glote tão forte a ponto de impedir uma nova entrada de água,
caracterizando um afogamento do tipo seco (10% dos casos), sem água nos pulmões, mas
com asfixia. Em 90% dos casos não ocorre espasmos glóticos, havendo entrada de água em
vias aéreas, inundando o pulmão.

CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO

1. Quanto ao tipo de água:

a. Afogamento em água doce: quando ocorre em piscinas, rios, lagos ou tanques.

b. Afogamento em água salgada: quando ocorre no mar.

Quando nos referimos a afogamento, estamos considerando a água como o veículo


da asfixia. Quando o afogamento se processa em água do mar (água salgada — NaCl a 3%),
esta apresenta uma maior concentração que o plasma sangüíneo ( NaCl a 0,9% ), resultando
inicialmente na passagem, através da membrana alveolar, do líquido plasmático
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( Transudato ) para os alvéolos, aumentando o “encharcamento” que se reverterá quando o


sangue equilibrar a concentração com o líquido intra-alveolar cheio de sal ( NaCl) e, então,
essa mistura passará a ser absorvida gradativamente para os vasos sangüíneos e então
eliminada, o que ocorre em horas a dias depois do caso.

No caso de afogamento em água doce (a água doce possui concentração de sal igual
a zero, ou seja, sem concentração), que tem concentração menor que o plasma sangüíneo, a
água passará rapidamente pela membrana alveolar para a circulação sangüínea, aumentando o
volume circulante nos vasos sangüíneos (hipervolemia) (efeito contrário ao da água do mar).

Há alguns anos, pensava-se que as alterações eletrolíticas (sódio e potássio) e


hídricas eram primariamente importantes quanto ao tipo de água (doce ou salgada) em que
ocorreu o afogamento. Hoje, sabemos que são irrelevantes e que não precisam de qualquer
tratamento diferenciado.

A penetração de água no tecido pulmonar e alvéolos levará, quase invariavelmente, a


uma Inflamação Pulmonar (pneumonite) e dos alvéolos (alveolite), tanto pela reação do
pulmão à presença da água, como pela existência de impurezas e microorganismos no líquido
aspirado por ocasião do afogamento, podendo causar, também, uma Pneumonia (infecção
pulmonar com complicação).

2. Quanto à causa do afogamento:

a) Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa determinante do


afogamento. Ex: falta de habilidade aquática.

b) Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vítima
de se manter na superfície da água e, em conseqüência, precipitou o afogamento.

c) Causas de afogamento secundário:

1) Uso de drogas 32,2%

2) Epilepsia (crise convulsiva) 18,1%

3) Traumatismos 16,3%

4) Doenças cardíacas e/ou pulmonares 14,1%

5) Acidentes de mergulho 3,7%

6) Não especificadas 11,6%

3. Quanto à gravidade do afogamento:


CURSO DE GUARDA VIDAS 9

A Classificação Clínica do Afogado tem como objetivo facilitar a avaliação e a


conduta terapêutica das vítimas deste tipo de acidente, levando em consideração as alterações
na ausculta pulmonar, presença de hipotensão arterial, parada na respiração (apnéia) e parada
cardíaca e respiratória (PCR).

A classificação não tem caráter evolutivo portanto deve ser estabelecida no local do
afogamento ou no primeiro atendimento, relatando se houve melhora ou agravamento do
quadro clínico.

Exemplo: O paciente encontrado em grau VI, e que for reanimado, continuará a


merecer essa classificação durante todo o tempo em que permanecer internado.

GRAUS DO AFOGAMENTO

GRAU I

É representado pelas vítimas que aspiram quantidade mínima de água, suficiente para
produzir tosse. A ausculta pulmonar é normal ou apresenta sibilos (chiados no peito) ou
roncos. Seu aspecto geral é bom. Geralmente encontram-se lúcidas, porém, podem estar
agitadas ou sonolentas. Apresentam-se com frio, freqüência respiratória e cardíaca
aumentadas pelo esforço e pelo estresse do afogamento, mas sem sinais importantes de
comprometimento cardíaco ou respiratório (ausência de secreção oral ou nasal). A cianose
pode estar presente pela ação do frio e não pela hipóxia. Usualmente não necessitam de
atendimento médico, além de repouso, aquecimento e medidas que visem e seu conforto e
tranqüilidade.

GRAU II

É representado pelas vítimas que aspiraram uma pequena quantidade de água,


suficiente para alterar a troca de 0² - CO² pulmonar. Apresentam-se lúcidas, agitadas ou
desorientadas, podendo apresentar sinais de cianose de lábios e dedos, indicando
comprometimento respiratório, e alterações cardiovasculares leves, com freqüência
cardíaca e respiratória aumentada. Na ausculta pulmonar, apresentam estertores de leve a
moderada intensidade em alguns campos do pulmão. Necessitam de atendimento
médico especializado, oxigenoterapia, aquecimento corporal e apoio psicológico.

GRAU III

Neste grupo, as vítimas aspiraram quantidade importante de água (geralmente mais


do que 2 a 3 ml/Kg de peso) e apresentam sinais de insuficiência respiratória aguda, com
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dispnéia intensa ( dificuldade respiratória ), cianose de mucosas e extremidades, estertoração


intensa à ausculta pulmonar (edema agudo de pulmão) e secreção oral e nasal em forma de
espuma. Freqüentemente apresentam vômitos, o que pode ser um fator de agravamento se não
forem tomadas medidas para evitar sua aspiração para a árvore respiratória (virar o paciente,
ou somente a sua cabeça, de lado). Por sua gravidade os casos grau III necessitam de cuidados
médicos imediatos.

Nível de consciência > agitação psicomotora ou torpor (acorda se estimulado


intensamente).

Cardiovascular > taquicardia (freqüência cardíaca acima de 100 batimentos/minuto)


pressão arterial normal.

GRAU IV

Nível de consciência> coma (não desperta nem com estímulos fortes).

Cardiovascular > taquicardia e hipotensão arterial ou choque (pressão arterial


sistólica menor do que 90 mmhg).

GRAU V

A vítima nestes casos se apresenta em apnéia (parada respiratória), mas com pulso
arterial presente, indicando atividade cardíaca. Encontra-se em coma leve a profundo
(inconsciente), com cianose intensa, grande quantidade de secreção oral e/ou nasal, e
distensão abdominal freqüente. Pode ser reanimado, se for atendido precocemente com o
restabelecimento de sua função respiratória, através dos métodos de respiração artificial.
Quando iniciada de imediato e aplicada adequadamente pode reverter o quadro inicial
rapidamente.

GRAU VI

É a parada cárdio-respiratória (PCR), representada pela apnéia (parada respiratória),


e pela ausência de batimentos cardíacos ( pulsos arteriais ausentes ). Encontram-se
inconscientes. Alguns fatos juntos ou isolados podem explicar os casos de PCR ou apnéia
com tempo de submersão maior do que cinco minutos que são reanimados com sucesso:

Redução das necessidades metabólicas devido à hipotermia; a continuação da troca


gasosa de 02 e CO apesar da presença de líquido no alvéolo até ocorrer a interrupção da
atividade cardíaca. Se houver gás nos alvéolos, a quantidade de oxigênio aumentará com a
profundidade do afogado dentro d’água; e principalmente em crianças se houver o reflexo de
CURSO DE GUARDA VIDAS 11

mergulho (reflexo que reduz o consumo de oxigênio em mamíferos que entram dentro d’ água
reduzindo o metabolismo a níveis basais).

ABORDAGEM DA VÍTIMA

1. Utilizar a técnica e equipamentos apropriados para realizar o salvamento.

2. Tomar cuidado com a região cervical ao manusear vítimas de afogamento, uma


vez que uma das principais causas de lesão cervical são os acidentes em meio líquido
(mergulho com choques em obstáculos, etc. )

3. Aplicar o colar cervical e a prancha longa para removê-la da água.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A) Vítima de quase-afogamento

(que não sofreu Parada Cárdio-respiratória):

1. Realizar abordagem conforme técnica apropriada.

2. Retirar a vítima para local seguro e iniciar a avaliação primária.

3. Constatar a inconsciência da vítima.

4. Liberar as vias aéreas com manobra adequada, conforme sua condição.

5. Aspirar às vias aéreas, se necessário.

6. Utilizar a cânula orofaríngea, nas vítimas inconscientes.

7. Quando disponível, acionar o SAV ou priorizar o Transporte Imediato: em geral,


vítimas de afogamento com graus V e VI, necessitam de intubação endotraqueal, para acesso
direto às vias aéreas.

8. Se vítima de trauma, procurar por hemorragias.

9. Se houver indícios de trauma, estabilizar a coluna cervical, com colar cervical


apropriado.

10. Administrar oxigênio, por máscara, conforme idade da vítima.

11. Retirar as vestes molhadas e secar todo o corpo da vítima.


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12. Mantê-la aquecida com cobertor, mantendo apenas a face exposta e conduzi-la
para ambiente aquecido. Ex. interior da UR.

13. Se não há indícios de que tenha sofrido lesão de coluna, posicioná-la e mantê-la
na posição de drenagem postural - decúbito lateral esquerdo - durante o atendimento e
transporte.

14. Se há indícios de que tenha sofrido lesão de coluna, posicioná-la e mantê-la na


em DDH para o transporte;

15. Monitorá-la constantemente; se houver PCR, inicie e mantenha a RCP.

ATENÇÃO

A. Não tentar drenar fluído dos pulmões ou do estômago através da utilização de


manobras de compressão abdominal (chamada de Manobra de Heimlich). A tentativa de esvaziar
o estômago distendido só aumenta o risco de bronco- aspiração na ausência de intubação
endotraqueal (medida realizada pelo SAV), portanto é contra-indicada.

B) Vítima de afogamento

(que sofreu Parada Cárdio-respiratória):

1. Na ausência de pulso carotídeo, iniciar a RCP, melhor prognóstico quando as vitimas


estiverem submersas por menos de 60 minutos em água com temperatura inferior a 21°C.

2. Acionar o SAV onde houver disponibilidade ou conduzir imediatamente ao hospital,


mantendo as manobras de reanimação.

3. Ventilar a vítima com oxigênio suplementar em alta concentração na presença de


bradipnéia.

4. Manter o aquecimento corporal durante a reanimação cardiopulmonar.

SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Introdução

A American Heart Association (Associação Americana do Coração) em conferência


realizada em agosto de 2000, anunciou as novas diretrizes para a Reanimação
CURSO DE GUARDA VIDAS 13

Cardiopulmonar em Suporte Básico de Vida após dois anos de debates e rigorosa avaliação
científica, conforme consenso mundial para reanimação.

Parada Respiratória

Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser acompanhada de
parada cardíaca.

Avaliação: Determine a ausência de respiração através do método VOS (Ver, Ouvir e Sentir).

Para se avaliar a presença ou ausência de respiração espontânea:

- Coloque o ouvido próximo à boca e nariz do paciente, enquanto mantém as vias aéreas
pérvias;
- Enquanto observa o tórax do paciente:

Respiração Normal

- Veja os movimentos respiratórios. Observe a simetria da expansão e contração do


tórax e a ausência de esforço para executar esses movimentos.
- Ouça o ar entrando e saindo do nariz e da boca. Os sons devem ser como os que
normalmente ouvimos na respiração (sem roncos, não estar ofegante ou outros sinais
incomuns).
- Sinta o ar, entrando e saindo do nariz e da boca.

 Estes procedimentos de avaliação devem levar apenas de 3 a 5 seg.

Respiração Anormal

- Nenhum movimento torácico ou movimentos assimétricos.


- Não é possível sentir ou ouvir o ar movimentando-se através do nariz ou boca.
- A respiração é ruidosa ou ofegante.
- O ritmo da respiração é irregular, ou taquipnéica ou bradipnéica.
- A respiração é muito superficial, muito profunda e difícil; ou ainda a respiração é feita
com grande esforço, especialmente em crianças e bebês.
- A pele do paciente fica cianótica, acinzentada ou pálida.
- O paciente está obviamente se esforçando para respirar, usando os músculos da parte
superior do tórax, ao redor dos ombros, e os músculos do pescoço.
- Há batimentos de asas do nariz, especialmente em crianças.
 Em RCP considerar:
 Lactente: 00 a 01 ano.
 Criança: 01 a 08 anos.
 Adulto: acima de 08 anos.

Ver, ouvir e sentir a respiração.


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Reanimação Pulmonar

A reanimação pulmonar é todo esforço para reanimar ou para restabelecer


artificialmente a função normal dos pulmões
O ar atmosférico possui 21% de oxigênio. Dos 21% inalados, uns 5% são utilizados
pelo organismo e os 16% restantes são exalados, quantidade suficiente para suprir as
necessidades da pessoa na vida diária.
Quando uma pessoa encontra-se com deficiência respiratória, necessário se faz a oferta
de uma concentração maior de oxigênio para suprir esta ineficiência.

Técnicas de Abertura das Vias Aéreas

Manobra de Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo

1. Colocar o paciente em decúbito dorsal e posicionar-se ao seu lado, na altura dos ombros.
2. Colocar uma das mãos na testa do paciente e estender sua cabeça para trás.
3. Colocar a ponta dos dedos, indicador e médio, da outra mão apoiados na mandíbula para
levantá-la até perceber uma resistência ao movimento.

Use sempre EPI’s

Manobra de Empurre Mandibular

1. Colocar o paciente em decúbito dorsal e posicionar-se de joelhos acima da arte superior de


sua cabeça.
2. Com os cotovelos na mesma superfície que o paciente ou apoiados nas coxas, segurar os
ângulos da mandíbula do paciente com os dedos indicador e médio.
CURSO DE GUARDA VIDAS 15

3. Com os dedos posicionados, empurrar a mandíbula para cima, mantendo a cabeça


estabilizada com a palma das mãos. Não elevar ou realizar rotação da cabeça do paciente,
pois a proposta desta manobra é manter a via aérea aberta sem mover a cabeça ou o
pescoço.

 Se você realizar uma abertura de VA, use a manobra correta:

• Em caso clínico: manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.


• Em caso de trauma: manobra de empurre mandibular.
Técnicas para Ventilação Artificial

Método boca-máscara:

1. Abra as VA empurrando a mandíbula da vítima;


2. Posicione a máscara sobre a face da vítima, com o ápice sobre a ponta do nariz e a base
entre os lábios e o queixo;
3. Inspire e ventile através da abertura da máscara. Os dedos médio, anular e mínimo de cada
mão seguram a mandíbula da vítima em extensão, enquanto os polegares são colocados
sobre a parte superior da máscara e os indicadores na parte inferior acima do queixo. A
pressão firme dos dedos mantém a máscara bem selada à face;
4. Retire a boca e deixe o ar sair livremente. O tempo de cada ventilação é o mesmo descrito
na técnica de boca a boca.

Método boca-a-boca:

1. Abra as vias aéreas;


2. Feche as narinas da vítima com seus dedos (indicador e polegar);
3. Inspire o ar e coloque sua boca com firmeza sobre a boca da vítima e ventile lentamente
(1,5 a 2 segundos) seu ar para dentro dos pulmões da vítima;
4. Retire sua boca e deixe o ar sair livremente;
5. Repita a ventilação artificial a cada 5 segundos (12 por minuto) no socorro de adultos, e a
cada 3 segundos (20 por minuto) no socorro de crianças.

Método boca-a-boca/nariz:

Utilizada em lactentes (bebês). A técnica segue os mesmos passos da ventilação de boca


a boca, incluindo no item 3 a colocação da boca do socorrista sobre a boca e o nariz da vítima
e em seguida uma ventilação bem lenta (1 a 1,5 segundos por ventilação), repetindo a
ventilação artificial a cada 3 segundos (20 por minuto).
CURSO DE GUARDA VIDAS 16

Acessórios Para Reanimação Pulmonar

Cânula orofaríngea

Dispositivo usualmente feito de plástico, que pode ser inserido na boca e faringe do
paciente, a fim de sustentar a língua, evitando o bloqueio das vias aéreas.
O tipo mais comuns em APH é o que possue uma abertura no centro “Guedel”, a fim de
permitir a respiração ou acesso fácil para aspiração bilateralmente, devendo ser usada em
conjunto com o reanimador manual e colocada apenas em pacientes inconscientes.

Guedel

Técnica para seu uso

1. Escolha o tamanho correto:


 adulto: lóbulo da orelha ao canto da boca.
 criança e lactente: ângulo da mandíbula ao canto da boca.
2. Cruze os dedos, polegar e indicador, abrindo a boca do paciente.
3. Introduza-a na posição correta:
 adulto: com a extremidade contra o palato, girando-a em 180º.
 criança e lactente: com a extremidade contra a língua, sem giro.
4. Deslize a cânula até que a extremidade com rebordo se localize sobre os lábios ou
queixo, de forma que sua curvatura siga o contorno da língua.

Use sempre EPI´s

Reanimador Manual

Equipamento utilizado para ventilar artificialmente o paciente que não apresenta


respiração espontânea, podendo liberar altas concentrações de oxigênio (90 a 100%) quando
instalado a uma fonte (cilindro de oxigênio).
CURSO DE GUARDA VIDAS 17

Reservatório de O2

Máscara
Facial Bolsa principal

Técnica para seu uso

1. Posicione o paciente corretamente (decúbito dorsal);


2. Posicione-se próximo à cabeça do paciente;
3. Abra a boca do paciente e coloque a cânula orofaríngea, conforme técnica descrita
anteriormente;
4. Coloque a máscara do reanimador sobre a face do paciente, com a base entre a
protuberância do queixo e o lábio inferior e a ápice voltada para o nariz;
5. Faça a vedação com o polegar mantido na porção superior da máscara e o indicador na
porção inferior, comprimindo-a de maneira firme para se obter boa vedação em toda sua
borda;
6. Coloque os demais dedos ao longo da borda óssea da mandíbula e levante-a ao mesmo
tempo em que a cabeça é inclinada para trás (adulto), a fim de manter as vias aéreas
pérvias. Em lactente e criança muito pequena, deve-se utilizar apenas o dedo médio
sobre a mandíbula, mantendo a cabeça em posição neutra, sem hiperextensão;
7. Comprima, com a outra mão, a bolsa principal do reanimador de forma ritmada, uma vez
a cada 5 segundos em adultos, e uma vez a cada 3 segundos em crianças e lactentes;
8. Observe durante cada ventilação a expansão torácica, caso esteja ausente ou insuficiente,
reavalie todos os procedimentos adotados;
9. Após 12 ventilações (adulto) ou 20 ventilações (criança e lactente), cerca de 1 minuto,
reavalie o pulso. Caso o pulso esteja ausente, inicie a RCP.

Use sempre EPI´s

Parada Cardíaca

É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmada pela


falta de resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apnéia (ou respirações agônicas).

Avaliação: Detectar o pulso.

Para se detectar a presença ou ausência de pulso carotídeo:


CURSO DE GUARDA VIDAS 18

1. Localize a cartilagem da tireóide e coloque a ponta dos dedos (indicador e médio) ao lado
deste ponto, mantendo a cabeça em posição inclinada para trás (se não houver suspeita
de lesão na coluna cervical);
2. Deslize os dedos pelo espaço entre a traquéia e o músculo lateral do pescoço mais
próximo a você;
3. Exerça pequena pressão neste ponto e sinta o pulso da artéria carótida (adulto e criança).
Se não há pulso, inicie as compressões torácicas.

Use sempre EPI’s

Para se detectar a presença ou ausência de pulso braquial:

Localize o terço médio da parte interna do braço, entre o cotovelo e o ombro do lactente;
Com o polegar na face externa do braço, pressione com suavidade os dedos, indicador e
médio, contra o úmero para sentir o pulso braquial. Se não há pulso, inicie as
compressões torácicas.

Use sempre EPI’s

A verificação dos pulsos carotídeo e braquial não deve levar mais de 5 a 10 segundos.

Compressões Torácicas

Se o paciente estiver em parada cardíaca, você deverá:

1. Verificar o pulso. Se o paciente não tiver pulso:


2. Encontre o ponto de compressões da RCP:
 Adulto: dois dedos acima do processo xifóide
 Criança: idem ao adulto
 Lactente: um dedo abaixo da linha imaginária entre os mamilos.
CURSO DE GUARDA VIDAS 19

3. Posicione corretamente suas mãos para as compressões:


- Adulto: coloque a base de sua mão (que está próxima à cabeça do paciente) no ponto
de compressão da RCP. Sua outra mão deve ser sobreposta à primeira, de modo que as
bases das duas mãos fiquem alinhadas uma sobre a outra e seus dedos não devem tocar
o tórax do paciente. Seus dedos podem ficar estendidos ou entrelaçados.
- Criança: faça as compressões com a base de uma das mãos, posicionada sobre o
ponto de compressões da RCP.
- Lactente: faça as compressões com a ponta de dois dedos, posicionados sobre o
ponto de compressão da RCP.

4. Faça as compressões torácicas externas:


- Adulto: deslocamento de 3,5 a 5cm e freqüência de aproximadamente 100 por minuto.
 Criança: deslocamento de 2,5 a 3,5cm e freqüência de no mínimo 100 por minuto.

 Lactente: deslocamento de 1,5 a 2,5cm e freqüência de no mínimo 100 por minuto.


5. Faça as ventilações:
- Adulto: 2 ventilações a cada 15 compressões.
- Criança: 1 ventilação a cada 5 compressões.
- Lactente: 1 ventilação a cada 5 compressões.
6. Reavalie o pulso após 1 minuto de RCP.
- Adulto: 4 ciclos de 15x2.
- Criança: 20 ciclos de 5x1.
- Lactente: 20 ciclos de 5x1.

Obstrução das Vias Aéreas por


Corpo Estranho (OVACE)

Conceito de OVACE
Adulto Lactente
Criança
É a obstrução súbita das VA superior causada por corpo estranho. A OVACE em adulto
geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em criança, durante a alimentação ou
recreação (sugando objetos pequenos).

As causas de obstrução de VA superiores podem incluir obstruções:

- Pela língua: sua queda ou relaxamento pode bloquear a faringe.


- Pela epiglote: inspirações sucessivas e forçadas podem provocar uma pressão
negativa que forçará a epiglote para baixo fechando as VA.
- Por corpos estranhos: qualquer objeto, líquidos ou vômito, que venha a se depositar
na faringe.
CURSO DE GUARDA VIDAS 20

- Por danos aos tecidos: perfurações no pescoço, esmagamento da face, inspiração de


ar quente, venenos e outros danos severos na região.
- Por patologias: infecções respiratórias, reações alérgicas e certas condições crônicas
(asma), podem provocar espasmos musculares que obstruirão as VA.

Manobras Para Desobstrução em Adulto

Compressão abdominal
Compressão abdominal administrada administrada
Em paciente inconsciente em paciente consciente

Compressão torácica Varredura digital para limpeza da


Manobras Para Desobstrução
administrada em vítimaem Lactente cavidade oral
gestante ou obesa

Golpes dorsais Compressões torácicas


CURSO DE GUARDA VIDAS 21

 Em lactentes e crianças deve-se visualizar o corpo estranho antes de tentar removê-lo.


Para retirar o corpo estranho, utilize o dedo ou uma pinça.

TRAUMA EM OSSOS

Conceituação geral de fratura, luxação e entorse.

Fratura
Ruptura total ou parcial de um osso.

Classes de fraturas

 Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas;

 Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele, ou existe uma ferida associada
que se estende desde o osso fraturado até a pele.

Sinais e sintomas de fraturas

 Deformidade: a fratura produz uma posição anormal ou angulação num local que não
possui articulações.
 Sensibilidade: geralmente o local da fratura está muito sensível à dor;
 Crepitação: se a vítima se move podemos escutar um som áspero, produzido pelo atrito
das extremidades fraturadas. Não pesquisar este sinal intencionalmente, porque aumenta a
dor e pode provocar lesões;
 Edema e alteração de coloração: quase sempre a fratura é acompanhada de um certo
inchaço provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. A alteração de cor
poderá demorar várias horas para aparecer;
 Impotência funcional: perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima
geralmente protege o local fraturado, não pode mover-se ou o faz com dificuldade e dor
intensa;
 Fragmentos expostos: numa fratura aberta, os fragmentos ósseos podem se projetar
através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.
 Dor: sempre acompanha a fratura de forma intensa;
 Hemorragia: a lesão pode ser acompanhada de sangramento abundante ou não,
dependendo de secção ou não de uma arterial importante.
 Hematoma: em caso de ferimentos fechados, é um bom indicador de trauma ósseo ou
suspeita deste.

Luxação: É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação fazendo com que
as superfícies articulares percam o contato entre si.
Perda definitiva de contato das superfícies articulares.

Sinais e sintomas da luxação

Deformidade: mais acentuada na articulação luxada;


CURSO DE GUARDA VIDAS 22

Edema;
Dor: aumenta se a vítima tenta movimentar a articulação;
Impotência Funcional: perda completa ou quase total dos movimentos articulares.

Entorse: É a torção ou distensão brusca de uma articulação, além de seu grau normal de
amplitude.
Perda momentânea de contato das superfícies articulares.

Sinais e sintomas de entorses

São similares à das fraturas e luxações. Sendo que nas entorses os ligamentos geralmente
sofrem ruptura ou estiramento, provocados pelo movimento brusco.
Razões para a imobilização provisória

Evitar a dor;
Prevenir ou minimizar: lesões futuras de músculos, nervos e vasos sangüíneos;
Manter a perfusão no membro;
Auxiliar a hemostasia.

Tratamento pré-hospitalar (regras gerais de imobilização):

1. Informar o que planeja fazer;


2. Expor o local. As roupas devem ser cortadas e removidas sempre que houver suspeita de
fratura, entorse ou luxação;
3. Controlar hemorragias e cobrir feridas. Não empurrar fragmentos ósseos para dentro do
ferimento, nem tentar removê-los. Usar curativos estéreis;
4. Observar o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a perfusão;
5. Reunir e preparar todo o material de imobilização (usar se possível, talas acolchoadas);
6. Imobilizar. Usar tensão suave para que o local fraturado possa ser colocado na tala.
Movimentar o mínimo possível. Imobilizar todo o osso fraturado, uma articulação acima e
abaixo. Advertir que em alguns casos, a extremidade deve ser imobilizada na posição
encontrada;
7. Revisar a presença de pulso e a função nervosa. Assegurar-se que a imobilização está
adequada e não restringe a circulação;
8. Prevenir ou tratar o choque.

Materiais de imobilização

 Talas rígidas;
 Talas moldáveis;
 Talas infláveis;
 CID (KED);
 Talas de tração;
 Colares cervicais;
 Macas rígidas;
 Bandagens triangulares;
 Ataduras.

REGRAS GERAIS PARA A IMOBILIZAÇÃO


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1. NUNCA tentar alinhar o osso fraturado.


2. Tratar, primeiramente, as lesões que ameaçam a vida, detectadas na análise primária.
3. Expor o local do ferimento e remover adornos como relógio, pulseiras e anéis.
4. Cobrir ferimentos com gaze estéril seca, atadura de crepe ou bandagem triangular.
5. Não tentar reintroduzir um osso exposto.
6. Avaliar o pulso distal, perfusão capilar, cor, temperatura, sensibilidade, mobilidade e
motricidade.
7. Imobilizar o membro com o mínimo de movimentação possível, em posição mais
próxima da anatômica, conforme procedimentos específicos.
8. Avaliar pulso distal e perfusão capilar distal após a imobilização; caso fiquem
prejudicadas, refazer a imobilização.
9. Na dúvida, se há ou não fratura, sempre imobilizar.
10. Não se distrair das prioridades por causa de uma fratura que cause uma deformidade
impressionante.
11. Não perder tempo com imobilizações elaboradas diante de situações de risco de vida
à vítima, como, por exemplo, choque ou obstrução respiratória.

 Na maioria das vezes, é impossível sabermos sem o uso do raio-X, se o paciente é


verdadeiramente portador de uma fratura, entorse ou luxação. No entanto, até ser
provado o contrário, devemos sempre tratá-lo como se fosse portador de fratura.

FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES

Curativos em Lesões de Tecidos Moles

Compressa de gaze: material usado para cobrir um ferimento, controlar hemorragias e


prevenir contaminações adicionais. Geralmente medem 7 x 7 ou 10 x 10 cm.
Atadura: qualquer material usado para manter as compressas de gaze sobre o ferimento.
Geralmente, os socorristas utilizam ataduras de crepe de tamanhos variados (10 a 15 cm de
largura). A fixação de curativos poderá ser feita também com faixas adesivas, rolos de gaze
ou esparadrapo.
Bandagem triangular: modelo especial de atadura em forma de um triângulo que possibilita
a confecção de tipóias ou, quando utilizada na forma dobrada, a fixação de compressas de
gaze sobre os ferimentos, talas, imobilização óssea, etc. Largamente utilizada por socorristas,
deverá possuir 100 x 100 cm nos lados do triângulo e 141 cm na base, confeccionado mais
comumente (não obrigatório), em tecido do tipo algodão cru. Deve ser simples de modo a ser
descartável após uso, caso necessário.
Pressão direta: recomendado para controlar sangramentos em ferimentos. A compressa de
gaze é perfeita como compressivo, pois se adapta à maioria dos ferimentos. Aplique pressão
manual sobre o ferimento, através do curativo, até que a hemorragia cesse ou diminua; a
pressão contínua é mantida com a aplicação firme de uma atadura sobre a parte lesada.
Curativo oclusivo: utilizado em ferimentos aspirantes de tórax ou ferimentos abertos no
abdômen. Geralmente é feito com curativos industrializado próprio para este fim, com papel
aluminizado (não é papel alumínio usado na cozinha) ou material plástico. O papel
industrializado por não ser aderente é o mais recomendado para fazer o curativo.

FERIMENTOS
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Definição
Podem ser definidos como agressão à integridade tecidual.

Classificação dos Ferimentos

Ferimento ou Trauma Aberto: é aquele onde existe uma perda de continuidade da


superfície cutânea.
Ferimento ou Trauma Fechado ou contusão: a lesão ocorre abaixo da pele, porém não
existe perda da continuidade na superfície, ou seja, a pele continua intacta.

Tipos de Ferimentos

Existem diferentes tipos de ferimentos abertos em partes moles, os mais comuns são:

Abrasões ou Escoriações;
Ferimentos Incisos;
Ferimentos Lacerantes ou Lacerações;
Ferimentos Perfurantes ou Penetrantes;
Avulsões;
Eviscerações.

Abrasões ou Escoriações

São lesões superficiais de sangramento discreto e muito doloroso. Usualmente não é um


ferimento sério, desde que a pele não seja completamente perfurada e a força que causou o
ferimento não esmague ou rompa outras estruturas. A contaminação da ferida tende a ser o
mais sério problema encontrado. Devem ser protegidas com curativo estéril de material não
aderente, bandagens ou ataduras.

Ferimentos Incisos

São lesões de bordas regulares produzidas por objetos cortantes, como lâminas de
barbear, facas e vidros quebrados, que podem causar sangramentos variáveis e danos a tecidos
profundos, como tendões, músculos e nervos. Devem ser protegidas com curativo estéril,
fixado com bandagens ou ataduras.

Lacerações

São lesões de bordas irregulares, produzidas por objetos rombos, onde o tecido ao longo
da extremidade da ferida é rasgado, produzindo extremidades ásperas. Devem ser protegidas
com curativo estéril, fixado com bandagens e ataduras.

Ferimentos Penetrantes ou Perfurantes

São lesões que avançam através da pele e danificam os tecidos em uma linha
transversal. Podem ser provocados por objetos pontiagudos e armas de fogo. Uma ferida
penetrante pode ser perfurante, quando há um ponto de entrada e outro de saída. O
socorrista deverá considerar lesões de órgãos internos, quando o ferimento localizar-se nas
regiões do tórax ou abdômen. A lesão deve ser coberta completamente com curativo estéril.
CURSO DE GUARDA VIDAS 25

Avulsões

São lesões que envolvem rasgos ou arrancamentos de uma grande parte da pele. Se
possível e se a pele estiver ainda presa, deve ser recolocada sobre o ferimento, controlada a
hemorragia, e a seguir coberta com curativo estéril e fixada com bandagens ou ataduras.

Eviscerações

Lesão na qual a musculatura do abdômen é rompida em decorrência de violento impacto


ou lesão de objeto penetrante ou cortante, expondo o interior da região abdominal à
contaminação, ou exteriorizando vísceras. Remover vestes para expor a lesão. Não recolocar
nenhum órgão eviscerado para dentro do abdômen, cobrir com plástico ou curativo oclusivo.
Não lavar a lesão.

Tratamento de um ferimento aberto

 Proteção individual do socorrista (EPIs);


 Exponha o local do ferimento (se necessário, corte as vestes);
 Cubra o ferimento com um curativo estéril (curativo=compressa de gaze + atadura) para
controlar sangramentos e prevenir contaminação;
 Mantenha o paciente em repouso e tranquilize-o;
 Trate o choque.
 Não remova um curativo já colocado, em caso de não haver ocorrido a hemostasia.

Tratamento de ferimentos fechados

Estes ferimentos podem variar desde lesões abaixo da pele, até lesões severas em órgãos
internos. Basicamente o tratamento pré-hospitalar consiste em avaliar o acidentado, identificar
a lesão e tratar a hemorragia interna com imobilização e prevenir o choque.
 Cuide de feridas fechadas como se houvesse hemorragia interna, prevenindo o choque.

Traumas específicos

Demonstrar o tratamento de ferimentos abertos conforme segue.

No couro cabeludo

Controlar a hemorragia com pressão direta (não puntiforme);


Suspeitar de lesão adicional na cabeça ou pescoço;
Não aplicar pressão se existir a possibilidade de fratura no crânio;
Não lavar.

Ferimentos na face

Revisar a boca procurando corpos estranhos ou sangue coagulado;


Manter as vias aéreas permeáveis;
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Se houver objeto penetrante nas bochechas, empurrar de dentro para fora e cobrir com
compressas interna e externamente;
Se necessário, transportar o paciente lateralizado para drenar o sangue da boca;
Ter cuidado se houver lesão associada de pescoço. Manter posição neutra da cabeça.

Hemorragia nasal

 Manter abertas as vias aéreas;


 Manter a cabeça um pouco fletida, comprimindo um pouco acima das fossas nasais, para
estancar as hemorragias;
 Se houver saída de líquido cefalorraquidiano, não ocluir o nariz.

Ferimentos nos olhos


Não comprimir diretamente sobre os olhos;
Cobrir o globo ocular lesado com curativo úmido e proteger com copo plástico ou bandagem
triangular em anel e compressas de gaze e esparadrapo;
Estabilizar objetos cravados e nunca tentar removê-los;
Tampar os dois olhos;
Apoio emocional.

Lesões no ouvido e orelhas

Não tentar remover objetos cravados;


Não tamponar a saída de sangue ou líquor;
Aplicar gaze externamente (frouxa e em grande quantidade) e fixar com esparadrapo.

Ferimentos no pescoço

Aplicar pressão direta com a mão para cessar hemorragias;


Aplicar curativo com uma bandagem sem comprimir ambos os lados do pescoço;
Tratar o choque (O2, etc.);
Observar respiração;
Manter posição neutra da cabeça.

Ferimentos abdominais

 Órgãos sólidos: fígado, baço (sangram muito);


 Órgãos ocos: estômago, intestino (altamente contaminantes).

Sinais e sintomas de traumas fechados

Dor ou contração;
Abdome protegido;
Respiração rápida e superficial;
Abdome sensível ou rígido.

Tratamento para ferimentos abdominais abertos

Descubra o local e aplique curativo estéril úmido sobre o ferimento;


Não recoloque órgãos eviscerados;
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Não remova objetos cravados;


Previna-se para ocorrência de vômito;
Trate o choque (O2, etc.);
Transporte com as pernas fletidas.

Ferimentos na genitália

Controle sangramento com pressão direta;


Nas contusões use bolsa de gelo ou água fria;
Não remova objetos transfixados;
Preserve as partes avulsionadas, envolvendo-as em plástico, curativos esterilizados ou
qualquer curativo limpo.

TRAUMATISMOS

Lesões de crânio, coluna e tórax.

Traumatismo Crânio-Encefálico

Fraturas de Crânio

As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na
cabeça. A gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro.
São mais freqüentes lesões cerebrais, nos traumatismos sem fratura de crânio.
As fraturas poderão ser abertas ou fechadas.
Fraturas Abertas

 São as que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro e o meio exterior. Há


a ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura.

Fraturas Fechadas

 São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana, não existe
solução de continuidade da pele.

Lesões encefálicas

Concussão

Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, pode haver uma concussão
encefálica. Não existe um acordo geral sobre a definição de concussão exceto que esta
envolve a perda temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica. Pode não
haver lesão encefálica demonstrável. O paciente que sofre uma concussão pode se tornar
completamente inconsciente e incapaz de respirar em curto período de tempo, ou ficar apenas
confuso. Em geral o estado de concussão é bastante curto e não deve existir quando o
socorrista chegar ao local do acidente.
CURSO DE GUARDA VIDAS 28

 Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos ocorridos antes da lesão (amnésia),
existe uma concussão mais grave.

Contusão

O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer objeto bate com força no crânio.
A contusão indica a presença de sangramento a partir de vasos lesados.
Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a consciência. Outros
sinais de disfunção por contusão, incluem a paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de
uma pupila e alteração dos sinais vitais. As contusões muito graves, podem produzir
inconsciência por período de tempo prolongáveis e também causar paralisia em todos os
membros.
Mesmo em contusões graves, pode haver recuperação sem necessidade de cirurgia
intracraniana.
As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais aos cuidados dispensados
ao paciente desde o inicio das lesões. Os pacientes devem receber ventilação adequada,
reanimação cárdio-respiratória quando necessário, devendo ser transportado para o serviço de
emergência para uma avaliação e cuidados neurocirúrgicos.

Tipos de lesões encefálicas

Diretas

São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o
encéfalo.

Indiretas

Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com
conseqüente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão
do tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa
lesão nas células cerebrais.

Sinais e sintomas do trauma crânio-encefálico (TCE)

Cefaléia e/ou dor no local da lesão.


Náuseas e vômitos.
Alterações da visão.
Alteração do nível de consciência podendo chegar a inscosciência.
Ferimento ou hematoma no couro cabeludo.
Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento).
Pupilas desiguais (anisocoria).
Sangramento observado através do nariz ou ouvidos.
Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz.
Alteração dos sinais vitais.
Postura de decorticação ou descerebração.
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Tratamento pré-hospitalar:

1. Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a respiração
e a circulação. Administrar oxigênio (conforme protocolo local).
2. Suspeite de lesão cervical associada ao acidente e adotar os procedimentos apropriados.
3. Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelos ouvidos ou nariz).
4. Cubra e proteja os ferimentos abertos.
5. Mantenha a vítima em repouso.
6. Proteja a vítima para a possibilidade de entrar em convulsão.
7. Monitore o estado de consciência, a respiração e o pulso.
8. Trate o choque e evitar a ingestão de líquidos ou alimentos.
9. Esteja preparado para o vômito.

 Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.

 Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de líquor pelo nariz ou ouvidos nos
traumatismos crânio-encefálicos (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão
intracraniana ou infecção no encéfalo.

Traumatismos de face

O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que
poderão provocar obstruções nas vias aéreas.

Sinais e sintomas

 Coágulos de sangue nas vias aéreas;


 Deformidade facial;
 Equimose nos olhos;
 Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula ;
 Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de próteses dentárias);
 Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face.

Tratamento pré-hospitalar

É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua


atenção deve estar voltada para manutenção da permeabilidade das vias aéreas e controle de
hemorragias. Cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e
esteja preparado para o choque.

TRAUMATISMOS RAQUI MEDULAR (TRM)


CURSO DE GUARDA VIDAS 30

São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula


espinhal. Os danos causados por traumas nessas estruturas, poderão ocasionar lesões
permanentes, se a região atingida for a cervical poderá comprometer a respiração, levar à
paralisia ou até mesmo a morte.

Sinais e Sintomas

Dor regional (pescoço, dorso, região lombar);


Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores;
Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia);
Sensação de formigamento nas extremidades;
Deformidade em topografia da coluna;
Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região dorsal do paciente;
Perda do controle urinário ou fecal;
Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico;
Priapismo (ereção peniana contínua)

Complicações

 Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios). A respiração fica sendo feita


exclusivamente pelo diafragma.
 A lesão medular provoca dilatação dos vasos sangüíneos, podendo se instalar o choque
(neurogênico).

Tratamento pré-hospitalar

1. Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das V A, a respiração


e a circulação.
2. Controle o sangramento importante.
3. Administre oxigênio.
4. Evite movimentar o paciente, e não deixe que ele se movimente;
5. Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite RCP, controle de
sangramento que ameace a vida, e/ou remoção do local por risco iminente.
6. Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de cabeça e
prancha rígida.
7. Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada respiratória).
 Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista deverá
realizar todas as manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço.

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