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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


DISCIPLINA: SEGURANÇA DO T RABALHO
CONTEUDISTA: PAULO ROBERTO DE CAMPOS MERSCHMANN

AULA 6

PROTEÇÃO CONTRA RISCOS ERGONÔMICOS E BIOLÓGICOS

META
Apresentar a maneira como os riscos ergonômicos e biológicos se
apresentam no ambiente produtivo, bem como as técnicas de proteção contra
estes riscos.

OBJETIVOS

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

1. Identificar os principais riscos ergonômicos presentes no ambiente


produtivo e selecionar técnicas adequadas à mitigação destes riscos.
2. Identificar os principais riscos biológicos presentes no ambiente
produtivo e selecionar técnicas adequadas à mitigação destes riscos.

INTRODUÇÃO

A aula 01 mostrou que os riscos ergonômicos são gerados pela inadequação


dimensional do posto de trabalho e/ou da organização do trabalho e/ou da maneira de
executá-lo às características do trabalhador. Postos de trabalho que não levam em
conta as medidas antropométricas dos futuros usuários, trabalhos excessivamente
monótonos ou excessivamente exigentes, posturas inadequadas ao levantamento de
cargas podem levar os trabalhadores a adquirir doenças físicas ou psicológicas.
Os riscos ergonômicos associados à posturas inadequadas e ao exercício de esforço
e/ou movimentos maléficos à saúde estão relacionados à aspectos físicos e podem
ser mitigados através da compreensão da fisiologia humana, adaptando os
movimentos e limitando os esforços para torna-los condizentes às situações de
trabalho saudáveis.
Há outros tipos de riscos ergonômicos classificados como cognitivos ou
organizacionais tais como os associados à fadiga mental, à monotonia e ao estresse.
A prevenção a estes riscos está relacionada à organização adequada do trabalho e à
gestão que enfatize a seleção de trabalhadores capazes, o apoio e o reconhecimento
do desempenho dos funcionários.
Já os riscos biológicos estão relacionados ao contato com vírus, bactérias, bacilos ou
outros agentes biológicos nocivos ao ser humano. Normalmente, esses riscos estão
mais presentes em laboratórios de análises clínicas, hospitais, centrais de tratamento
de resíduos, indústria farmacêutica e de alimentos, e em certos setores da
agroindústria.

A definição de prioridade para a adoção de medidas de prevenção aos riscos


biológicos depende do nível de risco que cada situação oferece. Visando definir tal
prioridade foi elaborado um método de classificação de riscos biológicos. Tal método
será explicado na seção 6.2 desta aula. Após a apresentação desse método, a seção
6.2.1 detalhará as principais medidas de prevenção aos riscos biológicos.

6.1 Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos podem ser classificados de acordo com sua natureza. A


natureza destes riscos pode estar relacionada à aspectos físicos como: postura
inadequada, manuseio de materiais desrespeitando a fisiologia humana , excesso de
movimentos repetitivos, níveis de ruído, de temperatura, de vibração e/ou de
concentração de agentes tóxicos no ar acima dos limites saudáveis. As causas e as
formas de prevenir estes tipos de riscos serão discutidas na seção 6.1.1. O segundo
conjunto de riscos ergonômicos está relacionado aos aspectos cognitivos, envolvendo
situações em que a percepção, a memória, o raciocínio e/ou a resposta motora é (são)
exigido(s) em nível superior ao limite recomendável como saudável aos seres
humanos. Por fim, o terceiro conjunto de riscos ergonômicos está relacionado aos
aspectos organizacionais e se relaciona às consequências nefastas que resultam de
comunicações ineficazes, trabalhos em grupos formados ou coordenados de maneira
inadequada, organização temporal do trabalho que não respeita as características
fisiológicas ou sociais de cada indivíduo ou o teletrabalho definido ou coordenado de
maneira inadequada. As causas e as formas de prevenir dos riscos ergonômicos
associados aos aspectos cognitivos e organizacionais serão discutidas na seção 6.1.2.

6.1.1 Causas e prevenção dos riscos ergonômicos associados aos aspectos


físicos

Os riscos ergonômicos associados à aspectos físicos podem ser causados por fatores
variados.
Um desses fatores é a inadequação da dimensão dos equipamentos ou mobiliários ou
da disposição dos botões, alavancas, pedais ou visores dos equipamentos em relação
às dimensões corporais dos indivíduos que irão operá-los. Tais disposições e/ou
dimensões inadequadas costumam causar desconforto, tensões musculares, dores,
fadiga muscular e, em última instância, ser a causa de acidentes graves, pois podem
contribuir para a execução inadequada de operações de alto risco. Imagine, por
exemplo, que um operador de guindaste responsável por movimentar contâineres num
porto tenha dificuldade de alcançar os comandos do painel de controle do
equipamento, induzindo-o a acionar um botão que libera o container enquanto ele é
movimentado sobre a área de trânsito de pedestres. Se esse container cai sobre um
trabalhador que se movimenta por essa área, tal acidente pode levá-lo a óbito. Neste e
em outros setores há diversas outras operações que envolvem elevado risco. Assim,
deve-se evitar que condições ergonômicas inadequadas sejam indutores de graves
acidentes.
Outro risco ergonômico de natureza física é o causado pela exigência de esforço
muscular em intensidade superior aos limites fisiológicos saudáveis ou a exigência de
esforço muscular sem garantir o tempo de recuperação do músculo. Nesse caso, o
exemplo mais comum se refere ao trabalho estático excessivamente prolongado. Por
exemplo, quando um trabalhador necessita trabalhar em pé numa mesma posição
(sem se movimentar), os músculos da região das pernas, que sustentam o peso do
empregado, permanecem contraídos ao longo de toda a jornada de trabalho. A
contração muscular provoca a contração dos vasos sanguíneos, dificultando a
circulação de sangue nos músculos contraídos. Como o sangue é o responsável por
prover oxigênio aos músculos e remover os resíduos metabólicos do mesmo, tanto a
oferta de oxigênio quanto a retirada de resíduos fica comprometida, causando fadiga e
dores musculares.

A tabela 6.1 apresenta dores em certos músculos que, normalmente, são sentidas por
trabalhadores que necessitam permanecer longos períodos em posições estáticas
inadequadas ou utilizando mobiliário inadequado, ou seja, mobiliário que não possui
dimensões adequadas às do corpo de quem irá utilizá-lo ou apoios adequados para
determinadas regiões corporais, levando certos músculos à tensão excessiva e/ou
prolongada.

Tabela 6.1 Possíveis consequências de determinadas posturas


Exemplo de função ou
Postura Risco de dores situação que pode levar a
tal postura
Deitada sem apoio para
Musculatura do pescoço Mecânico de automóveis
cabeça
Músculos extensores das
Sentado sem encosto Ascensorista
costas
Membros inferiores Cadeira de sala de aula
Assento muito alto
(pernas, joelhos, pés) (sem ajuste de altura)
Cadeira de sala de aula
Assento muito baixo Costas e pescoço
(sem ajuste de altura)
Pia de cozinha de
restaurante muito alta para
Braços em elevação Ombros e braços
as dimensões da
cozinheira
Segurança de banco que
Em pé Pés e pernas (varizes)
trabalha em pé e parado
Secretária que utiliza
Manejo inadequado Antebraço, punho teclado em posição
inadequada

O último risco ergonômico de natureza física associa-se aos movimentos repetitivos


exigidos na execução de determinada tarefa. Admite-se que, trabalhos cujo ciclo se
repete mais de quatro vezes por minuto sejam prejudiciais à saúde, levando à cãibras,
dores musculares e à distúrbios osteomusculares.

Para se evitar que os equipamentos e o mobiliário apresentem dimensões e/ou


posicionamento dos comandos incompatíveis com as dimensões corporais dos
indivíduos que irão utilizá-los, recomenda-se:
 Usar tabelas antropométricas para embasar a definição da dimensão dos
equipamentos, da posição de seus comandos e da dimensão do mobiliário em
coerência com o perfil antropométrico da população usuária.
 As dimensões dos postos de trabalho devem ser ajustadas de forma a manter
a área de trabalho próxima ao corpo, evitando flexões de tronco e pescoço.
Caso contrário, os funcionários podem sofrer dores, respectivamente, nos
músculos da região lombar (flexão do tronco) ou da região do pescoço e dos
ombros (flexão do pescoço);
 Sempre que possível, desenvolver sistemas com dimensões ajustáveis. Isso
permite que indivíduos de dimensões corporais variadas utilizem
confortavelmente móveis e equipamentos;
 Quando não for possível ajustar a posição das partes que compõe um posto
de trabalho, devem-se projetar móveis e equipamentos para que se adequem à
usuários com as dimensões máximas das partes do corpo, utilizando-se
acessórios para adaptar estes equipamentos ao uso confortável de indivíduos
dotados de partes do corpo com dimensões médias e mínimas. Por exemplo,
uma bancada projetada para a montagem de pequenas peças em um produto
deve ser relativamente elevada. Se o trabalhador precisa utilizar essa bancada
em pé, sua altura deve ser projetada para adequar-se ao empregado mais alto
atuando nessa função. Os empregados médios e baixos devem subir em
estrados para realizar confortavelmente o trabalho nessa bancada;

Inicio do verbete

Tabelas antropométricas- As dimensões das partes do corpo variam de acordo com


o sexo, com a etnia, com a época em que a medida foi realizada e com a idade.
Tabelas antropométricas disponibilizam valores médio, máximo e mínimo das
dimensões de várias partes do corpo humano. As tabelas antropométricas mais
detalhadas foram elaboradas na Alemanha e nos Estados Unidos, refletindo as
dimensões dos indivíduos daqueles países. Como há uma série de fatores que influem
nas medidas antropométricas, o ideal é coletar medidas dos usuários do posto de
trabalho ou do produto e/ou construir um protótipo que possa ser testado pelos
usuários, corrigindo-se as dimensões do produto (ou do posto de trabalho) caso o
teste aponte essa necessidade.

Fim do verbete
Os riscos ergonômicos associados à execução de esforços excessivos ou de forma
inadequada podem ser minimizados através do uso de conceitos da biomecânica
ocupacional na análise dos movimentos exigidos por cada tarefa. A biomecânica
ocupacional estuda os movimentos dos trabalhadores objetivando torná-los
adequados à fisiologia humana. Além da definição do esforço muscular máximo que
um indivíduo deve realizar, os estudos dessa área buscam orientar o trabalhador
sobre a amplitude máxima de movimentos, o nível máximo de repetitividade e o tempo
máximo de manutenção numa posição estática que não prejudicam a saúde dele.

Um exemplo clássico de resultado da biomecânica ocupacional é a orientação sobre a


forma correta de levantamento de pesos. Como a coluna vertebral é constituída por
vários discos intervertebrais sobrepostos, recomenda-se que o levantamento de peso
seja realizado agachando-se e mantendo-se a coluna ereta. Isso porque o
levantamento arqueando-se a coluna exerce uma força na direção de deslocamento
dos discos intervertebrais, o que prejudica a coluna. Essa explicação é ilustrada pela
figura 6.1.

Figura 6.1. Levantamento correto de peso


Fonte: Segurança do Trabalho, 2017

Outras sugestões que derivam dos estudos de biomecânica ocupacional incluem:


• Tarefas prolongadas devem ser executadas de forma que os braços
permaneçam em posição neutra e as mãos e os cotovelos permaneçam abaixo
do nível dos ombros. Avaliações realizadas por trabalhadores da indústria
siderúrgica sobre as diferentes posturas que um trabalhador daquela indústria
pode adotar mostraram que, enquanto o trabalho realizado com os dois braço
para baixo não gera desconforto, o trabalho executado com um dos braços
para cima passa a gerar desconforto quando ele supera 30% da jornada
(Karku, Kansi e Kuorinka, 1977 apud Lida, 2005);
• A alternância de posturas é fundamental para aliviar os esforços de
determinados grupos musculares. A fadiga muscular decorrente da contração
muscular prolongada pode ser evitada através da programação de paradas
curtas e frequentes na execução da atividade que exige a posição estática.
Devem-se programar paradas curtas e frequentes em vez de uma única parada
longa. Certas vezes, as paradas se encaixam no próprio ciclo de produção.
Quando isto não ocorre, paradas programadas devem acontecer. Dessa forma,
permite-se que o sangue flua para os músculos em ação, que passam a
receber os nutrientes e eliminar os resíduos de maneira satisfatória;
• Devem-se evitar posturas estáticas em combinações de movimentos (rotação,
inclinação, extensão, flexão.

6.1.2 Causas e prevenção dos riscos ergonômicos associados à aspectos


cognitivos e organizacionais

Uma tomada de decisão costuma se basear na análise de um conjunto de


informações. Parte desse conjunto é composto de informações armazenadas na
memória e, outra parte, de informações que derivam do processamento de sinais
observados instantaneamente. Esse processo que envolve desde o resgate de
informações da memória, passa pela detecção e processamento de sinais para gerar
novas informações e analisa esse conjunto de informações para a tomada de decisão
é conhecido como processo cognitivo.

Dessa forma, uma tomada de decisão depende da capacidade de memorização de


informações, da capacidade de detecção de sinais e de processamento desses sinais
em novas informações e, finalmente, da capacidade de análise dessas informações
para a tomada de decisão.

Sabe-se que o ser humano possui uma capacidade máxima para a detecção de sinais
e para o processamento desses sinais em nova informação. Quando o ritmo exigido
pelo trabalho extrapola essa capacidade, há a possibilidade de ocorrer uma tomada de
decisão equivocada. Além disso, uma exigência de ritmo exagerado de atenção à
detecção de sinais ou de processamento de informações pode levar a um estado de
tensão que é prejudicial à saúde, podendo evoluir para um quadro de estresse mental.

Além dos aspectos físicos e cognitivos, os riscos ergonômicos também estão


associados à aspectos organizacionais que envolvem questões como: o impacto do
trabalho em turnos, da monotonia, da fadiga e do estresse sobre a saúde e a
segurança.

O trabalho noturno, por exemplo, desrespeita o ritmo circadiano. As funções


biológicas do ser humano variam ao longo das horas do dia. A liberação de hormônios
corticais pelas glândulas suprarrenais, por exemplo, atinge o mínimo entre 4 e 6 horas
da manhã e o máximo em torno das 12 horas. Esses hormônios estimulam a produção
de carboidratos a partir de proteínas e reduzem o consumo de glicose pelas células.
O ritmo circadiano é comandado pela intensidade de luz solar e faz com que o nível
das atividades fisiológicas sejam mais intensas durante o dia. Isso significa que,
dependendo do indivíduo e do tipo de tarefa, o trabalho noturno pode levar ao
aumento de cansaço, da irritabilidade, ao desenvolvimento de úlceras e de outros
transtornos nervosos. Além disso, o trabalho noturno também costuma prejudicar o
convívio social, já que reduz o contato do funcionário com a família e os amigos,
podendo resultar no desenvolvimento de distúrbios psicológicos.
Sabe-se que nos primeiros dias de mudança de turno há adaptações no ritmo
biológico. Tais adaptações levam cerca de 4 a 5 dias. Além disso, durante o turno da
noite o empregado apresenta menor aptidão física.
A monotonia é outra característica ergonômica que é afetada pela forma como o
trabalho é organizado. Resulta, por exemplo, do trabalho repetitivo prolongado. Leva à
desmotivação e à perda de concentração no trabalho, o que pode evoluir para
doenças psicológicas ou para a execução inadequada de determinadas tarefas,
colocando em risco todos os trabalhadores da empresa.
A fadiga pode ser física ou psicológica. A fadiga física já foi discutida quando
descrevemos o uso prolongado de determinados grupos musculares sem realizar as
pausas necessárias à recirculação sanguínea. Já a fadiga psicológica é considerada
um risco ergonômico de fundo organizacional, que deriva da exigência de um ritmo
exagerado de atenção à detecção de sinais ou de processamento de informações.
Esse tipo de fadiga costuma levar à mudanças sensoriais e perceptivas, como a
redução da quantidade de estímulos que podem ser processados.
O estresse também é um risco ergonômico de fundo organizacional, que costuma ter
origem na incapacidade de gerenciar as exigências do trabalho. Alguns fenômenos
tipicamente relacionados à tal incapacidade são:
 Falta de apoio e reconhecimento: Quando o funcionário tem que tomar
decisões sem ter acesso às informações necessárias ou à troca de
experiências com quem já vivenciou problema parecido. O acesso à tais
informações ou à rede de contatos deveria ser provida pela equipe gerencial. A
falta de reconhecimento pelo esforço e dedicação também pode levar o
funcionário a situação de estresse;

 Conteúdo e carga de trabalho: Atividades muito monótonas levam a


desmotivação. Atividades muito complexas em relação à capacidade do
trabalhador para executá-las podem gerar ansiedade, dada a baixa expectativa
de cumpri-las com eficácia. Determinadas decisões refletem em diversas áreas
da organização, sendo difícil que apenas um tomador de decisão tenha
conhecimento suficiente para prever todas as suas consequências. Além disso,
esse tipo de decisão costuma estar associado a elevado investimento e/ou
expectativa de receita, ou seja, qualquer equívoco nas premissas ou no
método de análise pode ter graves consequências financeiras para a
organização, o que pode levar o tomador de decisão a um nível de estresse
elevado. Uma carga de trabalho excessiva também pode levar o trabalhador a
um quadro de estresse e de queda na eficácia da execução das tarefas;

 Segurança no emprego: A insegurança da manutenção do emprego,


vivenciada especialmente nos períodos de crise econômico levam o
trabalhador a um quadro de estresse mental contínuo;

 Responsabilidade pela vida e bem-estar de outros: Determinadas operações


industriais estão associadas a riscos extremamente elevados. Deslizes na
execução dessas operações podem levar à morte de um grande número de
empregados ou de pessoas da comunidade local, o que pode levar os
funcionários responsáveis por tais operações à uma situação de estresse.

Quanto à prevenção dos riscos ergonômicos da classe cognitiva deve-se respeitar a


capacidade máxima que os seres humanos apresentam para detectar de sinais e
processar informações.
Quanto aos riscos ergonômicos classificados como organizacionais, seguem alguns
métodos de prevenção:

 Quando o trabalho for executado em turnos, o rodízio frequente de turnos é


inoportuno, já que o trabalhador leva de 4 a 5 dias para adaptar o ritmo
biológico. As tarefas devem ser divididas buscando-se concentrar no turno da
noite aquelas menos monótonas, reduzindo a probabilidade de o funcionário
sentir sono e cometer erros. Além disso, como a aptidão física é menor no
turno da noite, devem ser alocadas para este turno atividades que exijam
menos esforço físico. Outra medida interessante consiste em avaliar as
características de cada funcionário, selecionando aqueles mais adaptados ao
trabalho noturno. Apesar de ser importante que o rodízio de turnos respeite o
tempo de adaptação do ritmo biológico, realizá-lo com baixa frequência é
interessante do ponto de vista do convívio social, permitindo que durante parte
do ano o funcionário possa conviver mais intensamente com a família e os
amigos;
 A monotonia pode ser reduzida através do alargamento do trabalho, que
consiste na atribuição de novas funções ao funcionário. Neste caso, as novas
funções exigem a mesma capacidade psicomotora das atividades já realizadas.
Por exemplo, um funcionário que opera uma empilhadeira para movimentar
matérias-primas do estoque à área de produção é solicitado a operar uma
empilhadeira para movimentar o produto acabado do final da linha de produção
à área de estocagem. No entanto, uma medida mais eficaz para a redução da
monotonia é o enriquecimento do trabalho. Neste caso, além das funções já
executadas, o funcionário é treinado para ser capaz de planejar e controlar as
atividades que executa. Utilizando o exemplo anterior, seria o caso em que
além de movimentar as matérias-primas, o funcionário passaria a ser
responsável também por definir a cada momento qual item movimentar do
estoque para a área de produção e por disparar ordens de reposição (compra
ou fabricação) dos itens em estoque.

 Uma medida de prevenção a fadiga é realização de pausa da atividade que a


gera. Tarefas que exigem atenção apresentam melhores resultados com
pausas curtas e frequentes;

 A conscientização da gerência quanto à necessidade de apoiar os funcionários


disponibilizando informações, orientá-los quando há insegurança na tomada de
decisão e reconhecer o bom desempenho reduz a chance de que os mesmos
desenvolvam um quadro de estresse. A seleção de funcionários com
competências, habilidades e experiência adequadas à complexidade das
tarefas que devem desenvolver e a limitação da carga de trabalho à
capacidade de execução de cada indivíduo reduzem a probabilidade de que os
mesmos desenvolvam um quadro de estresse. Quando não há disponibilidade
de funcionário com as competências ou habilidades necessárias, o treinamento
pode contribuir para adequar os funcionários à execução de tarefas complexas.
A transparência quanto à política de demissão, em especial em época de crise
econômica, evitando que boatos inverídicos se espalhem pela organização, e o
apoio da área de recursos humanos para a recolocação do funcionário quando
a demissão for inevitável, também pode mitigar a chance de que os
empregados se estressem com a incerteza da manutenção do emprego. Além
disso, decisões que envolvem muita responsabilidade devem ser
compartilhadas com um número razoável de especialistas, reduzindo a
insegurança dos tomadores de decisão e, portanto, a chance de
desenvolverem um quadro de estresse.

6.1.3 Técnicas para avaliação das condições ergonômicas

Há um conjunto de técnicas que pode ser usado para avaliar as condições


ergonômicas do ambiente de trabalho e, se necessário, adequá-las às
recomendações, qual seja:

• Técnicas qualitativas: Envolvem a aplicação de questionários, buscando ouvir


as principais queixas dos funcionários diretamente afetados pelas condições
ergonômicas em análise. Também podem incluir a aplicação de checklists para
a coleta de dados sobre as características ergonômicas dos postos ou da
situação de trabalho;

• Técnicas Semiquantitativas: Envolvem questionários em que os respondentes


selecionam valores numa escala. Esse tipo de técnica pode ser usada, por
exemplo, para que um trabalhador que sente dores em diversos músculos,
ordene os músculos em termos da intensidade decrescente das dores
sentidas. Esse tipo de resposta pode ser usado, por exemplo, para ànalisar se
as dores mais intensas estão relacionadas à algum problema ergonômico;

• Técnicas quantitativas: Envolvem mensurações diretas de esforço físico ou de


disfunção do sistema musculoesquelético. Exemplos são a dinamometria e a
eletromiografia. A dínamometria consiste em utilizar um dinamômetro para
medir a força (esforço físico) para realizar determinada tarefa como, por
exemplo, arrastar uma caixa. Já a eletromiografia consiste na conexão de
eletrodos aos músculos requisitados durante a realização de uma atividade.
Mede-se a atividade elétrica de determinado músculo. Quanto maior a sua
atividade elétrica, maior o esforço realizado por ele.

6.1.4 A ginástica laboral e a prevenção de riscos ergonômicos

As seções anteriores apresentaram medidas de prevenção de riscos ergonômicos


separando-as por tipo de risco ergonômico: físico, cognitivo ou organizacional. No
entanto, a ginástica laboral costuma ser benéfica para todos os tipos de risco
ergonômico, pois alivia a tensão da atividade rotineira, minimiza o sedentarismo,
relaxa os músculos e a mente e melhora o relacionamento entre os funcionários.
Todos esses benefícios podem contribuir para reduzir tanto os riscos ergonômicos
físicos quanto os cognitivos.
Entretanto, sugere-se que a ginástica laboral seja adaptada às condições
organizacionais, aos fatores fisiológicos, antropométricos, biomecânicos para ter os
melhores efeitos compensatórios. Por exemplo, a posição estática adotada durante a
maior parte da jornada de trabalho dos empregados de um determinado cargo podem
sobrecarregar certos grupos musculares. Assim, uma ginástica laboral adaptada
envolve a proposição, para os empregados desse cargo, de exercícios físicos focados
no relaxamento desses músculos. Assim, a ginástica laboral adaptada envolve o
estudo dos principais riscos ergonômicos aos quais os empregados de cada cargo
estão sujeitos visando customizar o programa de ginástica laboral e,
consequentemente, minimizar o potencial de que tais riscos se transformem em
doenças. Além dos riscos ergonômicos específicos de cada cargo, a análise também
deveria considerar as características fisiológicas e antropométricas de cada indivíduo.

INÍCIO DA ATIVIDADE 1
Atividade 1 (Atende ao Objetivo 1)

Suponha que você tenha sido contratado como ergonomista de uma fábrica. Seu
papel é sugerir medidas que reduzam a probabilidade de que riscos ergonômicos
produzam doenças ocupacionais nos seguintes trabalhadores:

1. Segurança que trabalha de pé na portaria da fábrica;


2. Contador que preenche planilhas e relatórios;
3. Operador que trabalha no turno da noite numa sala de controle monitorando as
condições físico-químicas de um Alto-forno que produz ferro-gusa.

a) Com base nas descrições dos postos de trabalho acima, apresente os


possíveis desconfortos e doenças que podem vitimar cada um desses
funcionários da fábrica. Quando for o caso, discuta possíveis riscos
secundários que podem derivar de cada uma dessas funções, ou seja, riscos
que são gerados como consequência de problemas ergonômicos associados
às funções mencionadas.

b) Para cada um deles, apresente medidas que mitiguem a probabilidade de


desenvolvimento de doenças de origem ergonômica ou a geração de riscos
secundários.

RESPOSTA COMENTADA:
a) O segurança pode sentir dores nos músculos das pernas como resultado
da fadiga muscular. A fadiga muscular deriva da contração prolongada
dos músculos em função da necessidade de sustentar o peso do corpo
ao longo de toda a jornada. Ao contrair os músculos, contraem-se seus
vasos capilares, dificultando a retirada dos resíduos de metabolismo do
mesmo, o que causa as dores. Se persistirem, as dores podem evoluir
para cãibras, espasmos e fraqueza, quando músculo perde até 50% de
sua força normal.
O contador pode sofrer lesão por esforço repetitivo, dada a natureza
repetitiva do trabalho de digitação. Isto pode levar à cãibras e evoluir para
lesões como tendinites. Também é comum a ocorrência lesões nos
músculos dos ombros, pescoço e braços, derivadas de alturas
inadequadas do monitor, da cadeira e/ou da mesa.
Devido à incompatibilidade do trabalho noturno com o ritmo circadiano, o
operador tende a apresentar cansaço, irritabilidade, distúrbios intestinais,
úlceras e transtornos nervosos em mais acentuados do que o trabalhador
diurno. Além disso, o trabalhador noturno passa a ter dificuldade de
manter os vínculos com os amigos e família, dado que durante o período
em que estes indivíduos estão em atividade ele está dormindo e vice-
versa. Isso pode levar ao isolamento do trabalhador, o que pode culminar
com o desenvolvimento de distúrbios psicológicos. Ademais, o
trabalhador noturno sente mais sono do que o diurno, o reduz a
concentração mental e aumenta a chance de cometimento de erros
operacionais. Dependendo do erro, as consequências podem ser muito
graves. Se, por exemplo, um erro cometido por um operador de Alto-
forno causar o espalhamento de ferro-gusa numa área concentrada de
trabalhadores, muitos desses funcionários podem morrer ou ficar
gravemente feridos ao serem atingidos por um material à elevadíssima
temperatura (acima de 1000ºC).

b) No caso do segurança, recomendam-se pausas curtas e frequentes. Em


vez de permitir que o funcionário realize uma única e longa pausa
durante a jornada de trabalho, deve-se orientá-lo a dividir seu tempo total
de descanso em múltiplas pausas de pequena duração. Uma alternativa
é organizar o trabalho da equipe de seguranças para que eles se
revezem no posto de observação, de maneira que durante certos
intervalos eles realizem atividades que podem ser desenvolvidas na
posição sentada.
No caso do contador, a lesão por esforço repetitivo pode ser evitada
inserindo diversas pausas curtas e frequentes na rotina de trabalho. A
execução de outro tipo de atividade, que não envolva o trabalho com
computador também é uma alternativa neste caso. Já as lesões
musculares podem ser evitadas através da realização de um estudo
antropométrico minucioso do trabalhador e a utilização dessas medidas
para adquirir mobiliários e acessórios com dimensões adequadas a elas.
Se mais de um contador compartilhar a mesma estação de trabalho, o
mobiliário deve possuir ajustes que possibilitem regular as dimensões
dos mesmos, se adequando às dimensões de cada usuário. Não sendo
viável realizar medidas antropométricas, podem-se utilizar tabelas
antropométricas, consciente de que tais medidas costumam se referir à
indivíduos de outra etnia e que, portanto, apresentam dimensões
corporais diferentes das dimensões dos brasileiros.
No caso do operador, devido ao fato de o monitoramento das condições
do Alto-forno ser uma operação relativamente monótona, induzindo ao
sono, o ideal seria que a equipe de operadores revezasse na execução
dessa função, permitindo que parte da jornada de todos esses
operadores fosse cumprida com a execução de atividades mais
dinâmicas como, por exemplo, a manipulação de certos controles na área
operacional, o que exigiria dos operadores a movimentação na área de
trabalho. Já o isolamento social poderia ser minimizado realizando-se
revezamento de turnos, permitindo que durante certos meses do ano o
trabalhador noturno passasse a trabalhar durante o dia. Cabe salientar
que tal revezamento deve ocorrer com baixa frequência, já que se sabe
que o organismo leva de 4 a 5 dias para realizar a adaptação biológica.
Para todos os postos de trabalho (segurança, contador ou operador) a
ginástica laboral é benéfica para evitar doenças derivadas de riscos
ergonômicos. Além de contribuir para o relaxamento muscular e mental,
socializa os trabalhadores. No caso específico do contador, o ideal seria
adaptar a ginástica para trabalhar principalmente os músculos
comumente afetados pelo trabalho com computador.
FIM DA ATIVIDADE1

6.2 Riscos biológicos

Conforme mencionado na introdução, os riscos biológicos estão relacionados ao


contato com agentes biológicos que podem causar doença no ser humano.
Resultados de pesquisas apontam que o risco de contaminação por agentes
biológicos é muito mais acentuado em ambientes de trabalho em que há a presença
de agentes infecciosos do que fora destes ambientes. Exemplos de ambientes em que
há a presença de agentes infecciosos são laboratórios de análises clínicas, hospitais,
centrais de tratamento de resíduos, entre outros. Pesquisas também apontam que a
contaminação com agentes biológicos ocorre com maior frequência em situações que
envolvem a manipulação de seringas contaminadas ou a aspiração de pipetas com a
boca (Teixeira & Coutinho, 2011).

Os riscos biológicos dependem de uma série de características dos organismos


biológicos, tais como:

 Patogenicidade para o homem, ou seja, a capacidade de causar doença;


 Virulência, ou seja, a capacidade infecciosa, medida pela mortalidade
que ele produz;
 Disponibilidade de medidas profiláticas, ou seja, medidas que impeçam
a interação do organismo causador da doença com o organismo
humano como, por exemplo, a vacinação;
 Disponibilidade de tratamento eficaz;
 Endemicidade, ou seja, o fator que mede quão comum é a doença em
um local.
Níveis de biossegurança são protocolos de prevenção aos riscos biológicos
cujas medidas de prevenção são tão mais rígidas e detalhadas quanto maior o
nível risco que eles objetivam prevenir. O nível de risco é avaliado tomando por
base as características dos organismos biológicos citadas anteriormente. A
tabela 6.2 apresenta exemplos de situações cuja prevenção aos riscos
biológicos consiste em adotar um dos níveis de biossegurança existentes.

Tabela 6.2 Aplicações dos níveis de biossegurança

Nível de
Situação de risco Medidas preventivas
biossegurança

Trabalhos em laboratórios
que lidam com cepas que
não causam doenças em
homens adultos e sadios.
Exemplos desse tipo de
cepa são as do Bacillus Não há necessidade de uso de
subtilis e o vírus da barreiras primárias. A única
1
hepatite canina infecciosa. barreira secundária deve ser
Laboratórios para o uma pia para lavar as mãos.
treinamento de professores
e técnicos em
procedimentos
laboratoriais são exemplos
desse tipo de ambiente.

Trabalhos em laboratórios Dispositivos como Cabine de


de análises clínicas que Segurança Biológica, escudos
manipulam sangue e para borrifos, proteção facial,
2
outros líquidos corporais aventais e luvas devem ser
que podem estar usados. Barreiras secundárias
contaminados com cepas como pias para lavar as mãos e
que causam doenças de instalações para
gravidade variável no descontaminação de lixo devem
homem. Exemplos desse existir.
tipo de cepa são as do HIV
e do vírus da hepatite B.

Todas as manipulações
Laboratórios que lidam laboratoriais devem ser
com organismos capazes realizadas em uma cabine de
de serem transmitidos por segurança biológica ou em
via respiratória e que outro equipamento de
possam causar infecções contenção, como uma câmara
3 sérias e potencialmente hermética de geração de
fatais. Exemplos desses aerossóis. Barreiras
organismos são o secundárias incluem o acesso
Mycobacterium controlado ao laboratório e
tuberculosis, o vírus da sistemas de ventilação que
encefalite de St. Louis. minimizam a liberação de
aerossóis infecciosos.

Completo isolamento dos


Envolvem organismos trabalhadores com o uso de
capazes de serem cabines de segurança biológica
transmitidos por via classe III ou com o uso de
respiratória que macacão individual suprido com
representam alto risco de pressão de ar positiva. Uma
provocarem doenças fatais instalação classificada como de
4 para as quais não há nível de biossegurança 4 é,
nenhuma vacina ou terapia normalmente, em prédio
disponível. Exemplos separado, localizado numa
desses organismos são o zona completamente isolada,
vírus da febre hemorrágica com uma complexa e
Criméia-Congo e o vírus especializada ventilação e
Marburg sistemas de gerenciamento de
lixo que evitem a liberação de
agentes infecciosos no
ambiente.

Fonte: ANVISA, 2017

INÍCIO DO BOXE MULTIMÍDIA


Acesse o site https://en.wikipedia.org/wiki/Biosafety_cabinet para uma
descrição detalhada sobre os tipos de cabines de segurança biológica. Em
linhas gerais, é possível adiantar que são compartimentos que buscam isolar o
contato do trabalhador com patógenos. Em geral, são dotados de sistemas de
exaustão que filtram o ar antes de emiti-lo ao ambiente.
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA

A figura 6.2 ilustra uma cabine de segurança biológica, que é um item de


segurança necessário em três dos quatros níveis de biossegurança
especificados na tabela 6.2.

Figura 6.2. Exemplo de Cabine de Segurança Biológica


Fonte: Wikipedia, 2017
6.2.1 Métodos de prevenção contra riscos biológicos

A tabela 6.2 apresentou medidas preventivas específicas, de acordo com o


nível de risco do agente biológico manipulado. Medidas genéricas, válidas para
prevenir qualquer nível de risco biológico são:

– Informação em saúde e segurança: Visa informar os funcionários


na admissão e em todas as ocasiões em que novos
procedimentos forem adotados sobre os riscos de toda natureza
(físicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e biológicos)
associados a sua função;
– Capacitação em saúde e segurança: Busca a implementação de
práticas seguras através da educação dos funcionários sobre o
papel de cada um na implementação de uma política operacional
segura. Tal educação costuma ser realizada através da
divulgação de: políticas e procedimentos de segurança dos
laboratórios, técnicas para realizar determinadas tarefas com
mais segurança, técnicas para avaliar os riscos e identificar os
perigos específicos relacionados às tarefas diárias,
procedimentos de emergência, princípios para selecionar EPIs,
técnicas de primeiros socorros e formas de notificar acidentes.
Alguns exemplos de procedimentos de segurança sobre os quais
os funcionários devem ter conhecimento incluem as orientações
para lavar cuidadosamente as mãos após o manuseio de
materiais infecciosos e sempre antes de saírem do laboratório e
descontaminar superfícies de trabalho pelo menos uma vez ao
dia ou após qualquer contaminação com material perigoso;
– Implementação de práticas seguras: A organização deve elaborar
e atualizar o manual de segurança e procedimentos operacionais,
garantir a formação dos funcionários, assegurar que a formação
seja adequada e que todos apliquem as técnicas adequadas,
revisar a formação sempre que surgirem novas práticas ou novas
conclusões sobre as consequências de determinada atividade
e/ou sempre que o empregado mudar de função. Além disso, a
empresa deve identificar qualquer local que exponha o indivíduo à
risco biológico classificado com nível de risco maior ou igual a 2
com o símbolo internacional de risco biológico (Figura 6.3),
fornecer e substituir quando necessário os EPIs e garantir que os
funcionários usem-nos adequadamente.
A figura 6.3 apresenta o símbolo internacional de risco biológico

Figura 6.3. Símbolo Internacional de Risco Biológico


Fonte: Pixabay, 2017

Início da Atividade 2
Atividade 2 (Atende ao objetivo 2)
Explique o que são níveis de biossegurança e quais são as variáveis que
embasam a definição de cada um dos níveis de biossegurança existentes.

RESPOSTA COMENTADA:

Níveis de biossegurança são protocolos de segurança que devem ser adotados


por organizações envolvidas com a manipulação de agentes biológicos que
podem causar doença ao ser humano. Há 4 níveis de biossegurança. Quanto
maior o nível de biossegurança, mais rígidas e profundas são as medidas de
prevenção contidas no protocolo de segurança. Além disso, níveis de
biossegurança mais elevados (3 ou 4, por exemplo) são adotados em situações
associadas à níveis de riscos biológicos mais elevados. As variáveis que
embasam a definição dos níveis de risco biológico são:
 Patogenicidade: Capacidade do agente biológico causar doença no ser
humano;
 Virulência: Nível de mortalidade associado à doença;

 Disponibilidade de medidas que impeçam a interação do agente


biológico com o organismo (Ex.: vacinação);
 Disponibilidade de tratamento eficaz;
 Endemicidade, isto é, a capacidade de a doença se alastrar numa
região.
Fim da Atividade 2

Conclusão

Nesta aula, nós focamos em apresentar as fontes de riscos ergonômicos e


biológicos, suas consequências e as formas de prevenção aos mesmos.
A classificação dos riscos ergonômicos de acordo com a natureza deles ajuda
a organizar o trabalho de prevenção na medida em que cada classe de riscos
ergonômicos conta com um conjunto de opções de prevenção relativamente
homogêneo. Os riscos ergonômicos associados aos aspectos físicos, por
exemplo, estão associados à exigências inadequadas sobre o sistema
musculoesquelético e medidas que adequem as dimensões dos postos de
trabalho às dimensões humanas ou que façam com que o regime de trabalho
respeite o tempo de recuperação dos músculos costumam ser efetivas. Já os
riscos ergonômicos associados a aspectos organizacionais estão associados à
exigências inadequadas sobre o sistema nervoso. Neste caso, as medidas
preventivas devem focar na reorganização do trabalho.
Cabe salientar que, apesar de todo profissional da engenharia ter algum
conhecimento sobre segurança do trabalho, a prevenção aos riscos
ergonômicos é um assunto em que o engenheiro de produção deve se
destacar, tendo em vista os conhecimentos acumulados de outras disciplinas
correlatas e específicas desse curso como Ergonomia e Engenharia de
Métodos.
Quanto aos riscos biológicos, pesquisas apontam que eles se concentram em
estabelecimentos que lidam com agentes biológicos. Além disso, a maior parte
das contaminações estão associadas à acidentes com seringas contaminadas
ou ao hábito inadequado de pipetagem com a boca. Estas informações ajudam
a estabelecer um foco para as medidas de prevenção aos riscos biológicos.
Ademais, é notória a necessidade de conhecimento sobre as características
dos agentes biológicos com os quais o funcionário lida, tendo em vista que os
protocolos de medidas preventivas variam amplamente com as características
desses agentes.

Início ATIVIDADE FINAL


Atividade Final (Atende aos Objetivos 1 e 2)

a) Quais são as principais causas laborais do estresse?


b) Descreva os principais métodos de avaliação das condições ergonômicas
no trabalho.
c) Além das medidas de prevenção aos riscos biológicos associadas aos
níveis de biossegurança, há medidas organizacionais que podem ser
adotadas para a prevenção de riscos biológicos e, boa parte delas,
também pode ser adotada para a prevenção à qualquer tipo de risco.
Descreva-as.

RESPOSTA COMENTADA

a) O estresse no trabalho costuma derivar de um conjunto de características


organizacionais, tais como: Falhas na gestão de pessoal, caracterizadas
pela falta de orientação e de disponibilização de informações necessárias
à tomada de decisão e/ou pela falta de reconhecimento do bom
desempenho do funcionário; Atribuição de funções a indivíduo que não
possui a formação e/ou experiência adequadas para executá-las;
Imposição de um ritmo de trabalho superior à capacidade do empregado;
Expectativa de perda do emprego, em especial em períodos de crise;
Atuação em função cuja tomada de decisão equivocada pode colocar em
risco a vida das pessoas.
b) Os principais métodos de avaliação das condições ergonômicas
costumam ser divididos em: Métodos qualitativos, que se baseiam na
aplicação de questionários ou realização de entrevistas visando levantar
as principais reclamações dos empregados com relação as condições
físicas, cognitivas e/ou organizacionais que vem produzindo desconforto
no trabalho; métodos semi-quantitativos, que estão associados a
aplicação de questionários estruturados, ou seja, questionários em que
pelo menos parte das respostas às indagações são marcações em
escalas fornecidas ao respondente. Por exemplo, após o funcionário
responder que o local onde ele sente dor com maior frequência e
intensidade é na musculatura do ombro direito, é fornecida a ele uma
escala de 0 a 10 para ele marcar a intensidade da dor. Nessa escala, 0
representaria dor quase inexistente e 10 dor insuportável; métodos
quantitativos, que se baseiam na medição da atividade de partes do
corpo do indivíduo enquanto ele executa a atividade laboral. Também
podem estar relacionados à medição de parâmetros associados ao
trabalho executado. A dinamometria e a eletromiografia são exemplos de
testes ou exames classificados como métodos quantitativos. A
dinamometria consiste em medir a força exercida na execução de uma
tarefa, como o levantamento de uma peça. Já a eletromiografia consiste
em conectar eletrodos em determinados músculos para medir a atividade
elétrica dos mesmos. Quanto maior a atividade elétrica, maior a
quantidade de esforço realizada pelo músculo.
c) Informar os funcionários sobre o(s) tipo(s) de risco a que ele está sujeito
ao executar as funções que lhes são atribuídas, notificando-o de
modificações nesses riscos sempre que ele mudar de função; Treinar os
empregados para que sejam conscientes e capazes de tomar todas as
medidas preventivas necessárias à manutenção da segurança e saúde
própria e de seus colegas. Após o treinamento, o funcionário deve ser
capaz de: Utilizar ferramentas para identificar, avaliar e prevenir riscos,
implementar as medidas que constam no plano de emergências, aplicar
medidas de primeiros socorros, selecionar os EPIs adequados à proteção
de cada tipo de risco ao qual estiver sujeito, preencher os formulários de
registro de acidente etc. Além disso, os locais sujeitos a um nível de risco
biológico igual ou superior ao nível de biossegurança grau 2 devem ser
identificados com o símbolo internacional de risco biológico, apresentado
na figura 6.3.
Fim ATIVIDADE FINAL

RESUMO
Esta Aula descreveu as maneiras como os riscos ergonômicos e biológicos se
estabelecem. Os riscos ergonômicos foram divididos de acordo com a natureza
em: riscos ergonômicos relacionados a critérios físicos, cognitivos ou
organizacionais.
Os primeiros núcleos conceituais mostraram como os riscos ergonômicos
relacionados a critérios físicos e os riscos ergonômicos relacionados a critérios
cognitivos e organizacionais podem prejudicar a saúde do trabalhador, bem
como as principais medidas que podem ser tomadas para preveni-los.
Enfatizou-se que, além de danos à saúde, os problemas ergonômicos podem
induzir a ocorrência de acidentes.
Em seguida, apresentaram-se os principais métodos para avaliar as condições
ergonômicas do ambiente de trabalho, classificando-os em: qualitativos, semi-
quantitativos e quantitativos.
A última seção que discute sobre riscos ergonômicos apresenta os benefícios
da ginástica laboral, explicando porque ela é considerada um método
preventivo para todo tipo de risco ergonômico.
O núcleo conceitual seguinte define o conceito de riscos biológicos
apresentando, ao mesmo tempo, o conceito de níveis de biossegurança, ou
seja, o protocolo para a definição das principais medidas preventivas a estes
riscos.
O último núcleo conceitual apresenta medidas preventivas adicionais a aquelas
definidas pelos níveis de biossegurança. São medidas de caráter
organizacional que contribuem para aprofundar a segurança quando se lida
com agentes biológicos. Salienta-se que, boa parte dessas medidas, também
pode contribuir para a prevenção de riscos de outra classe, que não apenas os
biológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Soares, M. M., Diniz, R. L., Proteção contra riscos ergonômicos. In: Ubirajara
Aluizio de Oliveira Mattos e Francisco Soares Másculo (Orgs). Higiene e
Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 325-356.
Teixeira, P., Coutinho, R., Proteção contra riscos biológicos. In: Ubirajara
Aluizio de Oliveira Mattos e Francisco Soares Másculo (Orgs). Higiene e
Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 301-323.

ANVISA, 2017. Noções gerais para boas práticas em microbiologia clínica.


Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/
modulo1/biosseguranca2.htm#bio1 Acesso em 14/02/2017.

Wikipedia, 2017. Biosafety Cabinet. Disponível em:


https://en.wikipedia.org/wiki/Biosafety_cabinet Acesso em: 17/02/2017.

Pixabay, 2017. Risco biológico. Disponível em:


https://pixabay.com/pt/risco-biol%C3%B3gico-perigo-
biol%C3%B3gicas-37775/ Acesso em: 17/02/2017.

Segurança do Trabalho, 2017. Aspectos Ergonômicos Causam Estresse no


Ambiente de Trabalho de Conservação Rodoviária - Parte 3 Aspectos
Ergonômicos Disponível em:
http://trabalhosaudeseguranca.blogspot.com.br/2009/09/aspectos-
ergonomicos-causam-estresse-no.html Acesso em: 04/04/2017

Lida, I., Ergonomia- Projeto e Produção. São Paulo: Blucher, 2005. 2ª Edição,
169-172.

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