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FUNDAÇÕES

1.1 Definição
Fundações são elementos estruturais que recebem cargas dos pilares, alvenarias
e/ou vigas e transferem as ao solo de modo que a probabilidade de recalque seja
pequeno; não ocorra rompimento desses solos; a execução seja segura para os
operadores e seja econômica (BOTELHO, 2016).

1.2 Tipos de Fundações

1.2.1 Fundações rasas ou diretas


Segundo a NBR 6122, são aquelas que transmite a carga do edifício através da
base do elemento estrutural. Os principais tipos são:
1.2.1.1 Bloco de Concreto Simples:
É dimensionado a fim de dispensar a utilização de armadura para resistir a
esforços de tração. Utiliza-se blocos como fundação para construções de pequeno
porte, onde os carregamentos não sejam superiores a 50 toneladas e para solos
com camadas resistentes entre 5 a 10 metros de profundidade, cujas taxas
admissíveis não sejam inferiores a 2 kg/cm² (BELLINA,1978). Geralmente,
emprega-se o concreto ciclópico.
1.2.1.2 Sapata:
Existem três tipos: sapata isolada, sapata corrida e sapata associada. Onde a
sapata isolada é calculada para suportar a carga de um único pilar, a corrida
transmite a carga de um conjunto de pilares alinhados e a associada é uma sapata
comum a dois ou mais pilares que não possuem o mesmo alinhamento quando
visto em planta (é adotada somente quando duas ou mais sapatas ficam
extremamente pertos uma da outra ou se sobrepõem).
A utilização das sapatas é recomendada para suportar carga baixa e média. Elas
são dimensionadas para que a tensão da tração seja resistida pela armadura e
não pelo concreto, além disso conforme a NBR 6122, nenhuma dimensão deve
ser menor do que 60 cm.
1.2.1.3 Radier:
É uma laje maciça de concreto em contato direto com o terreno e que recebe toda
a carga da superestrutura de um edifício, distribuindo-as de maneira uniforme ao
solo. Devido a essa característica, o radier admite um solo com menor resistência
do que aquela exigida para a fundação em estaca (GERAB, 2011). Por conta disso,
o radier se apresenta como uma alternativa às fundações profundas.
O radier pode ser executado em concreto armado, em concreto reforçado com
fibras ou em concreto protendido, dependendo das características e da escala do
projeto (LIMA, 2011).
1.2.2 Fundações profundas ou indiretas

Aquelas em que o elemento de fundação transmite a carga ao terreno pela


base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de atrito do
fuste) ou por uma combinação das duas, e está assente em profundidade em
relação ao terreno adjacente superior ao dobro de sua menor dimensão em
planta. (NBR 6122, 1984, p. 2).

1.2.2.1 Estacas de madeira:


São troncos de árvore de eucalipto, aroeira, ipê e guarantã cravados no solo,
servindo como elemento de suporte para as construções. Sua utilização exige a
imersão total do tronco na água e o nível deste não pode variar ao longo da sua
vida útil. “A ponta e o topo devem ter diâmetros maiores que 15 e 25 centímetros
respectivamente[...]” (NBR 6122, 1984).
O emprego desse tipo de estaca é mais comum na execução de obras provisórias,
principalmente em pontes e obras marítimas (ALONSO, 1979). O seu uso não é
recomendado em terrenos onde há presença de matacões.
1.2.2.2 Estacas metálicas:
As estacas metálicas são adaptáveis em diversos tipos de terreno, suportam
grandes cargas e esforços de flexão. Quando são enterradas por completo no solo,
dispensam tratamentos contra a corrosão, todavia, se houver algum trecho
desenterrado, é necessário a aplicação de uma pintura ou de um encamisamento
de concreto entre outros métodos para a sua proteção (NBR 6122, 1984).
Quando utilizadas em obras provisórias podem ser reaproveitadas por várias
vezes. O seu único ponto negativo é o seu elevado custo comparado com outros
tipos de estaca.
1.2.2.3 Estacas de concreto pré-moldada:

a) Estacas Mega
Esse tipo de estaca é composta por elementos justapostos através de
emendas especiais e cravados no solo por meio do macaco hidráulico um após
o outro. O ponto de ligação entre a estrutura e a estaca é feita sob tensão, um
bloco é construído na extremidade da estaca e utilizando-se o macaco
hidráulico, comprime-se os elementos sob a estrutura até a profundidade
desejada. Após a realização desse procedimento concreta-se o conjunto
(ALONSO, 1979).
1.2.2.4 Estacas de concreto moldada “in loco”:

a) Brocas

São feitas no local da obra sem molde. A perfuração é feita com o auxílio de
um trado de diâmetro de 15 a 30 cm e o furo é posteriormente preenchido com
concreto apiloado. As brocas são usadas em terrenos com solo coeso (argila)
e com pouca água, para que não haja desmoronamento das paredes laterais.
É recomendada para obras de pequeno porte, pois estas somente suportam
esforços de compressão e apresentam baixa capacidade de carga.

b) Estacas Strauss:

O processo de execução da estaca Strauss é bastante simples. Faz-se a


perfuração com o próprio molde juntamente com uma sonda que retira a lama
(quando não há presença de lençol freático joga se água no furo). Após a
perfuração, o furo é concretado em trechos de um em um metro que são
apiloados por um pilão enquanto vai se retirando o molde.

A estaca Strauss pode ser em concreto simples ou armado. Seu uso em locais
confinados e/ou acidentados é bastante indicado devido à simplicidade dos
equipamentos utilizados.

c) Estacas Franki

É uma estaca moldada “in loco” que resiste a grandes cargas, não sendo
limitada pela presença do lençol freático. No entanto, o seu processo de
execução gera vibrações que muitas vezes danificam as estruturas das
construções vizinhas. Por conta disso, sua utilização tem sido bastante
evitada hoje em dia. O método para a sua produção é basicamente o seguinte:

No local destinado, crava-se por percussão um tubo e, dentro desse tubo,


cria-se um tampão, ou seja, uma quantidade de concreto. Esse tampão é
também progressivamente percutido e aprofundado. O tubo também é
aprofundado. O tampão continua sendo percutido e, como parte fica dentro
do solo, esse tampão continua ganhando mais concreto. Continua-se a
cravação até a profundidade desejada e indicada por um estudo do solo
orientado pelas sondagens a percussão. Aí se cria um bulbo de concreto por
injeção. (BOTELHO, 2016)

d) Estacas Raiz

É um tipo de estaca concretada “in loco” de pequeno diâmetro, sendo sua


perfuração feita por uma perfuratriz. Feito o furo, é colocada uma armadura
ao longo da estaca e à medida que vai retirando o tubo de revestimento a
concretagem é realizada.

Pode ser empregada em terrenos de qualquer natureza, sem limitações


quanto a presença de matacões e lençol freático. Além disso, também pode
servir de estrutura para contenção de paredes laterais de escavações.
Apresenta elevada capacidade de carga.

e) Estacas Escavadas e Barretes


A estaca escavada ou estacão se diferencia da estaca barrete pela sua seção
circular e pelo seu método de escavação. Ambas utilizam a lama bentonítica
e a concretagem feitas com tremonha.

A lama bentonítica é constituída de água e bentonita (uma rocha vulcânica


com grande presença do mineral montimorilonita na sua composição), sendo
esta última um material tixotrópico que em repouso é gelatinosa com função
anti-infiltrante e quando agitada fluidifica-se (FUNDESP, 1987).

Devido às suas características especiais, o seu uso nas escavações da estaca


escavada e barrete forma uma película impermeável chamado ‘cake’ que
impede o desmoronamento das paredes laterais da vala, dispensando dessa
maneira a utilização de revestimentos.

O comprimento das estacas podem atingir até 45 metros de profundidade e


suportam uma carga de até 10.000 kN.

1.2.2.5 Tubulões:

a) Tubulões a céu aberto

É um poço aberto manualmente em solo argiloso e acima do nível da água.


Se apresentar indícios de desmoronamento, reveste-se o fuste com uma
camisa de aço ou de concreto. O fuste é escavado até a profundidade
desejada, a base é alargada e posteriormente é realizada a concretagem
(BRITO,1987). É uma alternativa econômica para altas cargas superiores a
250 Tf.

b) Tubulões com ar comprimido

É empregado usualmente em obra que exige grande profundidade de


fundação com terreno apresentando as seguintes características: solos
instáveis, com alta densidade de matacões e lençóis d’água elevados.

O processo de produção demanda o uso de uma câmara de equilíbrio e de


um compressor para a abertura do fuste. A injeção do ar comprimido tem
como função impedir a infiltração da água pela diferença de pressão. As
normas regulamentam o emprego de no máximo uma pressão de 3 atm no
interior da câmara e limitam a profundidade em 30 metros abaixo do nível da
água, não mais que isso pela segurança dos operadores que trabalham no
local.
1.3 Engenheiro de Fundações

1.3.1 Requisitos profissionais:

 Graduação em Engenharia Civil;


 Capacidade para interpretar os estudos de mecânica dos solos;
 Um bom conhecimento das normas técnicas que regem os projetos de
fundação;
 Habilidade para elaborar projetos de fundação para diversos tipos de
estrutura e características de solos levando em consideração quatro
aspectos importantes: técnica, segurança, prazo disponível e economia.
 Conhecer os mecanismos para estimar a quantidade de materiais que serão
usados no projeto;
 Criatividade;
 Propensão por busca de novos conhecimentos.

1.3.2 Atividades desenvolvidas:

 Coordena as equipes de campo e de escritório;


 Supervisiona as atividades dos técnicos de campo;
 Realiza projetos;
 Planeja as atividades;
 E se relaciona com os clientes.

1.3.3 Local de atuação:

 Escritório;
 Campo.

1.3.4 Tipos de empresa:

 Privadas;
 Autônomas;
 Órgãos públicos.

1.3.5 Exemplo de aplicação:

 Projeto de fundação
Para a elaboração de um projeto, em primeiro lugar o engenheiro projetista
precisa escolher o tipo de fundação. Em função disso, há a necessidade dele
analisar a (os):
Topografia da área

 Dados sobre taludes e encostas no terreno, ou que possam atingir o


terreno;
 Necessidade de efetuar cortes e aterros;
 Dados sobre erosões, ocorrência de solos moles na superfície;
 Presença de obstáculos, como aterros com lixo ou matacões.

Características do maciço de solo

 Variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas;


 Existência de camadas resistentes ou adensáveis;
 Compressibilidade e resistência dos solos;
 A posição do nível d’água.

Dados da estrutura

 A arquitetura, o tipo e o uso da estrutura, como por exemplo, se


consiste em um edifício, torre ou ponte, se há subsolo e ainda as cargas
atuantes.

[...]

Dados sobre as construções vizinhas

 O tipo de estrutura e das fundações vizinhas;


 Existência de subsolo;
 Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela
nova obra;
 Danos já existentes.
[...]

(Associação Brasileira de Cimento Portland, 2003)

Depois de levar em consideração todos esses detalhes, o engenheiro projetista


escolhe o tipo de fundação mais viável e adequado para a situação, atendendo
ainda o bolso do seu cliente e o prazo determinado por este último.
REFERÊNCIAS
ALONSO, U. R. Fundações e infraestruturas-palestras. São Paulo: Estaca Franki
Ltda., 1979.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Estruturas de Concreto
Armado – Manual. 1. ed. São Paulo: ABCP, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MECÂNICA DOS SOLOS – NÚCLEO REGIONAL
DE SÃO PAULO. 1° Projeto de revisão da NBR-6122-AGO/1984. Projeto e
execução de fundações. São Paulo: Édile Serviços Gráficos e Editora Ltda, 1984.
BELLINA, W. Einfuhrung in den Grundbau. Berlim: Verlag und Druck G. Braun,
1951.

BOTELHO, M. H. C. Princípios da mecânica dos solos e fundações para a


construção civil. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2016.

EDDY, H.G. Fundações: blocos e alicerces. Construção Civil: Blog do Engenheiro


Civil, 2012. Disponível em:
<http://construcaociviltips.blogspot.com.br/2012/01/fundacoes-blocos-e-
alicerces.html>. Acesso em 05 de junho de 2017.
ESCOLA DE ENGENHARIA. Noções básicas de Fundações. 2011-2017.
Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/nocoes-basicas-de-
fundacoes/>. Acesso em 11 de maio de 2017.
____________________. Sapatas de fundação. 2011-2017. Disponível em: <
https://www.escolaengenharia.com.br/sapatas-de-fundacao/>. Acesso em 05 de
junho de 2017.
FUNDESP – Fundações, Indústria e Comércio S/A. Catálogo. São Paulo: Fundesp,
1987.
LIMA, E.C. Obras: Radier. Como construir na prática: Equipe de obra, 2011.
Disponível em: < http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/42/fundacoes-
radiers-241672-1.aspx>. Acesso em 05 de junho de 2017.

MARTINS, J. Engenheiro de fundações e contenções. Revista téchne, 2013.


Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/196/engenheiro-de-
fundacoes-e-contencoes-profissional-especializado-em-solos-294048-1.aspx>.
Acesso em 30 de abril de 2017.

MILITO, J. A. Técnica de construção civil e construção de edifícios. Apostila da


Faculdade de Ciências Tecnológicas da P.U.C, 2009.

MORAES, M. C. Estruturas de Fundações. 2. ed. São Paulo: McGraw-hill do Brasil,


1978.

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