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Paulo Marcial Pinto
ADORAÇÃO E O USO DE
INSTRUMENTOS MUSICAIS
Seria uma quebra da lei de Deus o uso
de instrumentos musicais na adoração?
Oque a Bíblia e os escritos de Ellen
White dizem sobre isso?
Paulo Marcial Pinto
Universidade Solusi
“Este artigo é fruto de uma mesa redonda onde levantou-se
uma tese de que Ellen White proibiu o uso de instrumentos
musicais na adoração. Tal tese foi baseado no texto que
iremos considerar ao longo desse debate.”
T
Al como muitas outras
questões que afetam a
dinâmica da igreja tais como o
vegetarianismo, cozinhar no sábado,
ordenação de mulheres, o uso de joias, o
homossexualismo etc., o uso de instrumentos
musicais na adoração tem se tornado cada vez
mais polêmico entre os cristãos adventistas.
Se consideramos a igreja adventista
como uma igreja mundial e aberta à sociedade
moderna, então, não nos vamos surpreender
em saber que os debates sobre o uso de
instrumentos musicais na adoração têm trazido
diferentes opiniões e não obstante perguntas
que parecem não terem respostas.
Ouve-se muito de cristãos adventistas
a declaração que, “os instrumentos musicais
são meios que Satanás usa, no nosso século,
para enganar aqueles que se acham povo
remanescente.”
Seria uma quebra da lei de Deus o uso
de instrumentos musicais na adoração? Oque a
Bíblia e os escritos de Ellen White dizem
sobre isso? Este artigo analisa e esclarece estas
questões com base na Bíblia e os escritos de
Ellen White. Mas a nossa análise estará mais
centrada no texto de Ellen White:
“É melhor nunca ter culto ao Senhor
misturado com música do que usar instrumentos
Solusi University, Bulawayo
musicais para fazer a obra que, foi-me apresentada
em janeiro último, seria introduzida em nossas
reuniões campais. A verdade para este tempo não
necessita nada dessa espécie em sua obra de
converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca
os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente
dirigido, seria uma bênção. As forças das
instrumentalidades satânicas misturam-se com o
alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é
chamado de operação do Espírito Santo.”i
Antes de entrarmos no cerne da
questão, é bom procurarmos entender o motivo
que levou Ellen White a escrever tais
polémicas palavras. Afinal, como diz a famosa
frase, um “texto fora do contexto gera
pretexto” o que na exegese clássica, isto viria a
ser conhecido como "assassinato do texto."
Pano de Fundo
Apesar de os crentes adventistas
crerem que Ellen White escreveu nos seus
livros aquilo que lhe foi inspirada para advertir
o povo de Deus, os seus escritos têm sido mal
interpretados ao longo dos anos.
Falando sobre o mau uso que alguns
[inclusive adventistas] fazem dos seus escritos,
Ellen White escreveu: “Citam metade de uma
frase, e omitem a outra metade, a qual, se fosse
citada, mostraria que o raciocínio de quem assim
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procede, é falso.” Esse, porem, é um aspeto a
tomar nota.
O texto no qual nos focaremos (ver
citação número 1) merece a nossa análise
dentro do contexto histórico do adventismo.
De acordo com historiadores
adventistas, entre os anos de 1899-1900, no
estado de Indiana, EUA, surgira um novo
movimento dentro do movimento adventista
conhecido como “Movimento da Carne Santa
(Holy Flesh Moviment).”iii A mensagem
perfecionista deste movimento era considerada
por muitos como uma mensagem forte e
destruidora. No seu artigo sobre o movimento
da carne santa, Jerry Finneman argumenta:
“Os defensores da carne santa
deveriam receber e experimentar uma
natureza humana sem pecado (sinless human
nature) como Adão teve antes da cada. A
experiência foi baseada na doutrina de que
Cristo tomou a natureza humana de Adão - a
natureza sem pecado.”iv
Para muitos pioneiros adventistas, este
movimento apresentava interpretações
extremistas da Bíblia. A forma de como o
movimento da carna santa apresentava-se,
fruto de suas doutrinas, é também melhor
descrita por André Reis no seu artigo “Ellen
White era contra a bateria na musica sacra”?
“Ao obterem o Espírito Santo através
de manifestações físicas, os crentes passariam
pelo “jardim”, receberiam “carne santa” e
estariam livres de pecados e prontos para a
translação.”v Note que os atos descritos por
Reis e Finneman não apenas levaram muitos
ao extremo como também perturbaram a
mente de Stephen Haskell e Ellen White.
Mas apesar de as doutrinas do
movimento da carne santa terem um grande
potencial de influenciar mentes de homens
como Albion Ballenger, S. S. Davis e R. S.
Donnell, apresentar métodos ruidosos e a
mensagem perfeccionista do
movimento Holiness, relatos indicam que no
ano de 1900 na campal indiana, o movimento
conheceu a sua etapa final.
Paulo Marcial Pinto
Solusi University, Bulawayo
Imediatamente após o término da
campal, no dia 25 de Setembro de 1900, o
evangelista adventista Stephen Haskell
escreveu para Ellen White. Finneman ao
descrever a carta de Haskell, afirma que ele se
focalizou mais nas doutrinas do movimento da
carne santa e a consequente experiência do
movimento:vi
“Há um grande poder que acompanha o
movimento. . . por causa da música que é tocada. .
. quando eles chegam a uma nota aguda não se
escuta a congregação cantando, apenas se ouvem
os gritos dos que estão quase enlouquecidos.”vii
Falando do mesmo movimento, Ellen White
afirma no seu livro “Mensagens Escolhidas”
que, “por meio dessa experiência (de gritos e
estado de enlouquecimento no culto que eram
acompanhados de instrumentos musicais) e
ensino [dos irmãos de Indiana], o inimigo tem
trabalhado para desviar almas.”viii
Esta frase vinda de Ellen White parece
estar a apoiar aqueles que proíbem
instrumentos musicais na adoração já que ela
se refere ao inimigo (Satanás) que engana o
povo por intermédio de tais experiências
acompanhadas de instrumentos musicais. Mas
isso merece uma rigorosa exegese.
Da descrição de Ellen White entende-
se que nem todos apoiaram o movimento
Holiness pelas suas experiências estranhas
com a música. O testemunho de Haskell, por
exemplo, parece sugerir tal facto. “...Nos seus
cultos, os fanáticos chegavam ao êxtase pelo uso de
instrumentos musicais como o órgão, a flauta,
violinos, tamborins, trompetes e até um bumbo.
Buscavam uma demonstração física e gritavam,
oravam e cantavam até que alguém na
congregação caía no chão, prostrado e
inconsciente. Um ou dois homens designados, que
andavam pelos corredores, levavam a pessoa até a
frente. Então um grupo de umas doze pessoas se
reunia em volta do inconsciente, alguns cantando,
outros gritando e ainda outros orando, todos ao
mesmo tempo.”ix
Uma leitura feita dentro do contexto,
percebe-se que o problema não foi realmente o
uso de instrumentos musicais, mas a forma e o
motivo pelo qual os instrumentos musicais
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foram usados. Os seus cultos eram ruidosos e
preenchidos de muita emoção.
Para Ellen White a música era mal
dirigida, “tal música, a qual, devidamente
dirigida, seria um louvor e glória para
Deus.”x Depois de algum tempo e com a
oposição vinda de Ellen White e não só, os
membros do movimento da carne santa e os
seus líderes reconheceram o seu erro e assim o
movimento Holiness conheceu o seu fim.
Contextualizando o Texto
Foi este contexto histórico e da
experiência do mau uso de instrumentos
musicais na adoração, no campal da carne
santa na Indiana, EUA, que levou Ellen White
a escrever: “É melhor nunca ter culto ao Senhor
misturado com música do que usar instrumentos
musicais para fazer a obra que, foi-me apresentada
em janeiro último, seria introduzida em nossas
reuniões campais. A verdade para este tempo não
necessita nada dessa espécie em sua obra de
converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca
os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente
dirigido, seria uma bênção. As forças das
instrumentalidades satânicas misturam-se com o
alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é
chamado de operação do Espírito Santo (MS, 36 e
37).”
Para nós que vivemos tempos mais
tarde após tais acontecimentos, o tempo e o
lugar são importantes na interpretação de tais
atos. Evite interpretações extremas. Aliás, foi
mesmo Ellen White quem disse que quanto a
interpretação dos seus escritos, o lugar e o
tempo tem de ser considerado.xi A proibição
de instrumentos musicais na adoração é parte
de muitas declarações que White nunca fez,
mas que são atribuídas a ela.
Todavia, mesmo que ela não tenha
proibido o uso de instrumentos musicais na
adoração “deve-se ter muito cuidado em evitar
excessiva amplificação do som, quer instrumental,
quer vocal. O volume do som deve ser adequado às
necessidades espirituais dos que apresentam a
linguagem musical, bem como dos que a recebem.
Deve-se selecionar cuidadosamente os
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instrumentos cujo som deverá ser amplificado.”
Paulo Marcial Pinto
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Note também, por outro lado, que o
facto de a Bíblia estar em silêncio sobre o uso
de instrumentos musicais na adoração não
quer quiser deixar de lado os princípios de
reverência, adoração e santidade. Portanto é
necessário entender corretamente esses
princípios e aplicá-los aos nossos cultos.
Historicamente, o texto em referência foi uma
resposta dada por Ellen White em função do
mau uso dos instrumentos musicais no campal
de Indiana, EUA.
Um convite a reflexão
Mas se na verdade o texto em
consideração proíbe o uso de instrumentos
musicais na adoração, tal como muitos
adventistas afirmam, independente do seu
contexto histórico, então, o texto de Isaías
8:20 xiii merece a nossa atenção pois o
testemunho de Ellen White estaria a
contradizer o relato bíblico:
1. De acordo com o relato bíblico a igreja
do Antigo Testamento, que era composta de
israelitas, usava instrumentos musicais na
adoração. Tal testemunho pode-se verificar,
por exemplo, nos seguintes livros: Salmos 4:1;
6:1, Isaías 38:20; Amos 6:5, I Crônicas 15:16;
23:5. Isto leva-nos a crer que a igreja do Novo
Testamento adoptou o mesmo sistema pois
apesar de isto não estar pautado na bíblia
grega (NT) não encontramos nenhum texto no
Novo Testamento que proíba o uso de
instrumentos musicais na adoração.
2. Encontramos no Novo Testamento uma
referência que possivelmente (pois ela
continua sendo uma ideia polêmica) referia-se
ao uso de instrumentos musicais na adoração.
Paulo ao escrever a sua carta aos efésios (5:19)
declara: "Falando entre vós em salmos, hinos,
e cânticos espirituais, cantando e salmodiando
ao Senhor no vosso coração." A frase
"salmodiando ao Senhor" é uma tradução da
palavra grega psallontes,xiv a raiz da qual significa
"esfregar ou tocar" ou "contorcer ou vibrar". Era
comumente utilizada em grego para se referir a
tocar um instrumento musical de cordas. Seja qual
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for o caso, a Bíblia não proíbe ou ordena o uso de
instrumentos musicais na igreja. xv
Não é, portanto, o propósito deste artigo
descrever, classificar os instrumentos
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musicais nem tão pouco mostrar como eles
influenciam a mente humana, mas provar no
contexto histórico e teológico de que White
não proibiu o uso de instrumentos musicais na
adoração. O facto de muitos usarem os textos
de Ellen White (muitas vezes fora do contexto)
para se oporem ao uso de instrumentos
musicais no culto não implica que ela estaria
de acordo a tais atitudes. Arthur Patrick disse
muito bem:
“O problema não é o instrumento, mas o
estilo em que é tocado e a falsa doutrina e
emocionalismo que acompanham o seu uso. O uso
de tambores (drums) é visto por Ellen White como
tendo os mesmos problemas que a música tem.
Obviamente o ponto em questão não é música em
si, mas música inapropriada.”
xvii
Portanto, Ellen White ao escrever tais
palavras contra o movimento Holiness, ela
procurou expor o mau uso de instrumentos
musicais e as doutrinas heréticas que levavam
almas a perdição. Para White, caso os
instrumentos levem o povo de Deus ao
extremo, então, melhor não serem usados. Isto
não é uma imposição mais prevenção.
Os instrumentos musicais têm o
propósito de embelezar o nosso louvor e
adoração, mas eles devem ser usados com
diligência e reverência. Numa busca histórica
feita por historiadores adventistas, nota-se que
há resistência em aceitar certos instrumentos
musicais na adoração. Esta é uma atitude
antiga, o que não nos surpreende ao ver uma
nova geração com tal atitude.
O Historical Dictionary of Seventh-
day Adventist, por exemplo, mostra que desde
os primórdios do movimento adventista até
provavelmente 1877, o canto congregacional
era feito a cappella. Mas apesar de tal disputa
os instrumentos foram ganhando o seu espaço
nos cultos adventistas.
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Ellen White e Instrumentos
Musicais
Tal como vimos acima, Ellen White se
opôs a instrumentos musicais quando usados
para criar confusão na adoração (gritos e
demasiadas emoções). Sobre o (bom) uso de
instrumentos no culto ela escreve: “...Alegro-
me de ouvir os instrumentos de música que
tendes aqui. Deus quer que os tenhamos.”xviii
Apesar de o texto citado não nos apresentar o
contexto histórico do mesmo, compreendo
então, que Ellen White tinha presenciado um
momento especial onde possivelmente os
instrumentos foram usados de forma
harmoniosa para a glória de Deus.
No seu livro “evangelismo”, Ellen
White equilibrada nas suas decisões,
recomenda: “...Não nos devemos opor ao uso
da música instrumental em nossa obra.”xix
Mas esses instrumentos não devem ser tocados
de qualquer jeito pois Satanás se aproveitaria
de tal situação para enganar os filhos de Deus.
Note que mesmo nos testemunhos de White,
Satanás não se aproveita dos instrumentos
musicais, mas do mau uso dos instrumentos.
Sua atitude depende do nosso convite.
Para evitar tais tragédias na adoração
White escreve: “Nas reuniões realizadas,
escolha-se um grupo de pessoas para tomar parte
no serviço de canto. E seja este acompanhado por
xx
instrumentos de música habilmente tocados.” O
Rei David, por exemplo, tinha homens
devidamente treinados para uso de
instrumentos sempre que o povo se reunia.
“Davi, junto com os comandantes do exército,
separou alguns dos filhos de Asafe, de Hemã e
de Jedutum para o ministério de profetizar ao
som de harpas, liras e címbalos.” (1Crônicas
25:1).
John W. Kleining disse: “Os címbalos
não eram usados pelo cantor-mor na condução do
cântico, batendo o ritmo da música, mas sim para
anunciar o começo de uma estrofe ou de um
cântico. Uma vez que eles eram usados para
introduzir o cântico, eram brandidos pelo líder do
coro em ocasiões ordinárias (I Crônicas 16:5) ou
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pelos três líderes dos grupos em ocasiões
extraordinárias (I Crônicas 15:19)”xxi
Moderação na Interpretação dos
escritos de Ellen White e Uso de
Instrumentos Musicais
Não temos nenhum relato bíblico nem
dos escritos de Ellen White onde nos é dito
diretamente que usar instrumentos musicais na
adoração é pecado tal como alguns afirmam
(apesar de que o uso de instrumentos pode nos
levar ao extremo), mas eles devem ser
harmonizados para dar um bom senso aos
ouvidos do adorador e trazer alegria a alma do
pecador.
Se percebemos os escritos de Ellen
White dentro dos seus contextos, pararemos de
colocar seus escritos contra a Bíblia. É
extremamente necessário ter moderação tanto
na interpretação dos seus escritos como na sua
aplicação. George Knight disse bem: “A fim de
evitar interpretações extremas, precisamos ler
amplamente o que Ellen White diz sobre um
determinado assunto, mas também precisamos
acatar às declarações que se equilibram em cada
xxii
extremo de determinado assunto.”
Por outro lado, é necessário termos
moderação no uso de instrumentos musicais
no culto. Nem tudo que fazemos na adoração
pode agradar a Deus. Portanto, Paulo adverte-
nos: “E tudo quanto fizerdes, seja por meio de
palavras ou ações, fazei em o Nome do Senhor
Jesus, oferecendo por intermédio dele graças a
Deus Pai.” (Colossenses 3:17). Deus procura
verdadeiros adoradores, aqueles que têm
consciência de que qualquer instrumento
musical pode ser uma bênção (quando bem
usado) ou maldição.
Na visão de White, “A música deveria
ter beleza, sentimento e poder. Que as vozes se
elevem em cânticos de louvor e de devoção. Traga
em seu auxílio, se possível, instrumentos musicais,
e deixe a harmonia gloriosa ascender a Deus, em
agradável oferenda.”xxiii Todavia, “Não há nada
mais ofensivo à vista de Deus que o exibicionismo
de música instrumental, quando os que tomam
parte não são consagrados e não fazem melodia
xxiv
em seus corações ao Senhor.” É necessário
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que o nosso coração esteja conectado com
Deus, o originador da música, antes de
procurar harmonizar os instrumentos musicais
no local de adoração.
Sabe-se, pois, que música é um dos
maiores dons dados por Deus e, por isso
mesmo, ela é indispensável na vida diária. A
música, tal como diz Ellen White, “é uma
avenida de comunicação com Deus,” mas ela não
fará nenhuma diferença se Cristo não ocupar o
primeiro lugar nas nossas vidas. Apenas Ele
“pode impressionar o coração com as verdades
espirituais.” (Ed. 168).
Conclusão
Como vimos no contexto histórico,
Ellen White opôs-se ao mal-uso dos
instrumentos musicais e não aos instrumentos.
Vimos também no pano de fundo que a
experiência do movimento da carne santa
motivou Ellen White a escrever o texto da
nossa reflexão pelas suas heresias e culto
emocionalista que dominavam o campal no
estado de Indiana, EUA.
Por outro lado, apesar de que em todo
Novo Testamento os instrumentos musicais
não são mencionados nenhuma vez em
conotação com a adoração, tanto na sinagoga,
quanto na igreja apostólica, não implica que
eles são proibidos na Bíblia. Assim, podemos
concluir que, caso a igreja decida usar
ou não instrumentos musicais, isto não
quebraria nenhuma lei de Deus.
Note que o facto de os instrumentos
musicais não serem proibidos na adoração,
eles podem ser perigosos para a nossa própria
vida: “Como posso eu suportar a ideia de que a
maioria da juventude nesta época vai perder a vida
eterna? Oh, se o som dos instrumentos de música
cessasse, e os jovens não esbanjassem tanto o seu
precioso tempo em agradar as suas próprias
fantasias e caprichos.”
xxv
Não analisamos neste artigo quais
instrumentos musicais devem ser usados na
adoração nem tão pouco o uso de bateria
(drums) no templo. Apesar de esses temas
merecerem a nossa reflexão o nosso objectivo
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foi em pôr o texto em consideração no seu
divido contexto histórico e teológico.
Portanto, caso os instrumentos musicais se
tornem um problema para a espiritualidade dos
membros da igreja a ponto de causar ruido e
desarmonia aos sentidos do adorador, então,
“É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado
com música do que usar instrumentos
musicais...”xxvi
Conseguimos perceber então que neste
contexto histórico, Ellen White está sendo
contra os cultos barulhentos com qualquer tipo
de instrumento e danças.xxvii “Porquanto Deus
não é Deus de desordem, mas sim de paz. Como em
todas as assembléias dos santos,” (1 Cor. 14:33).
Eis o conselho bíblico para todos em
Filipenses 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo
o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso
pensamento.

Referências

i
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 36 e 37
ii
Ibid, v. 3, p. 82
iii
Apesar de este movimento nunca se identificar como movimento da carne santa, eles eram apologistas das
suas doutrinas. Sabe-se então que tempos mais tarde muitos membros de Indiana tornaram-se favorável
à doutrina da carne santa.
iv
The Holy Flesh Movement: 1898-1901 Presented to the Gospel Study Group meeting at Andrews University
November 7-9, 2008, p. 3.
v
André Reis, Ellen White era contra a bateria na música sacra? 2009, p. 1.
vi
Jerry Finneman, p. 6
vii
Arthur L. White, The early Elms haven years (Review and Herald Pub. Assn. 1981), vol. 5, p. 102.
viii
Ellen G. White, no Boletim da Conferência Geral, 1901, págs. 419-422. Citamo-lo de Mensagens
Escolhidas, vol. 2, págs. 31 e 32.
ix
Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 31.
x
Ibid, p. 37
xi
Ibid, Vol. 1, p. 57.
xii
https://musicaeadoracao.com.br/28999/filosofia adventista-de-musica.
xiii
Para o profeta Isaías à lei e ao testemunho devem apresentar o mesmo relato, isto é, sem nenhuma
discrepância. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.”
xiv
Muitos argumentam que embora o NT não expresse oposição à música instrumental, em vista da resistência
cristã aos cultos, bem como da aversão farisaica aos instrumentos musicais no culto ... é provável que algum
sentido como fazer melodia seja melhor aqui [Ef. 5:19] (ver McCord, pp. 390-96).
xv
https://www.gotquestions.org/Portugues/instrum ntos-musicais-na-igreja.html. Accessed no dia 11. 09. 2018.
xvi
Deixaremos este assunto para conhecedores da música e de seus amantes.
xvii
Arthur Patrick, Early Adventist Worship, Ellen White and the Holy Spirit. Preliminary Historical
Perspective. (25 October,1999).http://www.sdanet.org/atissue/new/spiritualdiscernment/holyspirit.html
xviii
Testimonies, vol. 6, p. 62.
xix
Evangelismo, p. 507.
xx
Testimonies, vol. 9, págs. 143, 144; citado no Manual da Igreja, ano 2000, pág. 72.

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xxi
The Lord’s Song: The Basis, Function and Significance of Choral Music in Chronicles (Sheffield, England,
1993) p. 82
xxii
George Knight. Reading Ellen White, p. 74
xxiii
Testemunhos para a Igreja, vol. IV, p. 71
xxiv
Review and Herald vol. 76 nº 46 de 14-11-1899.
xxv
Testemunhos para a Igreja, vol. II, p. 144.
xxvi
Mensagens Escolhidas, vol. II, p. 36
xxvii
O tipo de danças que Ellen White se refere não são possivelmente relacionadas àquelas danças praticadas
pelos hebreus.

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