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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E

DAS MISSÕES – URI ERECHIM

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

TOPOGRAFIA I

PROF. ME. LEANDRO PINTO

2014
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA ...................................................................................... 4


1.1 DEFINIÇÃO ................................................................................................................................................ 4
1.2 FINALIDADE .............................................................................................................................................. 4
1.3 IMPORTÂNCIA ......................................................................................................................................... 4
1.4 HISTÓRIA ................................................................................................................................................... 5
1.5 DIVISÃO ..................................................................................................................................................... 7
1.5.1 Topometria ............................................................................................................................................ 7
1.5.2 Topologia ............................................................................................................................................... 8
2 ETAPAS DE UM PROJETO TOPOGRÁFICO ....................................................................8
2.1 LEVANTAMENTO .................................................................................................................................... 8
2.2 CÁLCULO ................................................................................................................................................... 8
2.3 DESENHO .................................................................................................................................................. 8
3 MÉTODO DA IRRADIAÇÃO ............................................................................................ 9
3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 9
3.2 DISTÂNCIAS............................................................................................................................................ 10
3.3 ÂNGULOS E POLIGONAIS ................................................................................................................. 10
3.3.1 Tipos de poligonais ......................................................................................................................... 11
3.4 ERRO ANGULAR .................................................................................................................................... 12
3.4.1 Verificação do erro angular .......................................................................................................... 12
3.4.2 Tolerância para o erro angular .................................................................................................... 13
3.4.3 Compensação do erro angular ................................................................................................... 13
3.4 AZIMUTES ............................................................................................................................................... 14
3.4.1 Tipos de azimutes ............................................................................................................................ 15
3.4.2 Conversão de azimutes .................................................................................................................. 18
3.4.3 Obtenção dos azimutes ................................................................................................................. 19
3.4.4 Transporte de azimutes ................................................................................................................. 19
3.5 RUMO ....................................................................................................................................................... 20
3.5.1 Transformações de azimutes e rumos ..................................................................................... 21
3.6 PROJEÇÕES ............................................................................................................................................. 22
3.7 COORDENADAS .................................................................................................................................... 22
3.8 ÁREA.......................................................................................................................................................... 23

2
3.9 REPRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 24
4 MÉTODO DA POLIGONAÇÃO ......................................................................................25
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 25
4.2 DISTÂNCIAS............................................................................................................................................ 25
4.3 ÂNGULOS E POLIGONAIS ................................................................................................................. 26
4.3.1. Medida de ângulos......................................................................................................................... 26
4.3.2 Amarração das Poligonais ............................................................................................................ 27
4.4 ERRO ANGULAR .................................................................................................................................... 29
4.4.1 Verificação do erro angular .......................................................................................................... 29
4.4.2 Tolerância para o erro angular .................................................................................................... 30
4.4.3 Compensação do erro angular ................................................................................................... 30
4.5 AZIMUTES ............................................................................................................................................... 31
4.5.1 Transporte de azimutes ................................................................................................................. 32
4.6 PROJEÇÕES ............................................................................................................................................. 33
4.7 ERRO LINEAR ......................................................................................................................................... 33
4.7.1 Verificação do erro linear .............................................................................................................. 33
4.7.2 Tolerância para o erro linear ........................................................................................................ 35
4.7.3 Compensação do erro linear ....................................................................................................... 35
4.7 COORDENADAS .................................................................................................................................... 37
4.8 ÁREA.......................................................................................................................................................... 37
4.9 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA .............................................................................................................. 39
5 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS .......................................................................40
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 40
5.2 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO AMIGÁVEIS ........................................................................................ 41
5.3 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO JUDICIAIS ........................................................................................... 41
5.4 DIVISÃO DE TERRAS PELO MÉTODO ANALÍTICO .................................................................... 42
6 ÁREAS EXTRAPOLIGONAIS ..........................................................................................44
6.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 44
6.2 CÁLCULO DAS ÁREAS EXTRAPOLIGONAIS ................................................................................. 45
6.2.1 Método dos trapézios .................................................................................................................... 45
6.2.2 Método dos triângulos .................................................................................................................. 46
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................48

3
1 INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA

1.1 DEFINIÇÃO

A palavra topografia deriva das


palavras gregas topos e graphen, o que

significa a descrição exata e minuciosa de


um lugar (DOMINGUES, 1979). Pode ser

definida também como a ciência que trata


do levantamento e representação de uma

superfície limitada da Terra (MARQUES,


1998).

1.2 FINALIDADE

A topografia tem por finalidade


determinar o contorno, dimensão e posição

de uma porção limitada acima ou abaixo da


superfície terrestre desconsiderando a sua

curvatura. Compete ainda à Topografia, a


locação, no terreno, de projetos elaborados

de Engenharia (DOMINGUES, 1979).


Segundo Marques (1998), a Topografia tem como objetivo determinar a posição, em

três dimensões, de características naturais ou artificiais sobre ou sob a superfície


terrestre.

1.3 IMPORTÂNCIA

A Topografia é a base de qualquer projeto e de qualquer obra realizada por


engenheiros. Por exemplo, os trabalhos de obras viárias, núcleos habitacionais, edifícios,
aeroportos, hidrografia, usinas hidrelétricas, telecomunicações, sistemas de água e

4
esgoto, planejamento, urbanismo,
paisagismo, irrigação, drenagem, cultura,

reflorestamento etc., se desenvolvem em


função do terreno sobre o qual se

assentam (DOMINGUES, 1979).


É através da Topografia que se executa a medição e o cálculo das áreas de terras,

sua demarcação e divisão e todas as operações de Agrimensura, estuda-se o loca-se os


traçados de estradas de rodagem e de ferro, as redes de distribuição de água, os

sistemas de irrigação e drenagem, os projetos de açudes, redes elétricas e obras de


terraplanagem em geral (MARQUES, 1998).

1.4 HISTÓRIA

Dos mais remotos tempos históricos,


tem-se a informação de que a ciência dos

levantamentos topográficos tenha surgido


no Egito. As enchentes do Nilo arrebatavam

parte dessas terras e era necessário realizar


novos levantamentos das mesmas. Esses

levantamentos eram chamados de


medições. Como consequência desse

trabalho os gregos desenvolveram a ciência


da geometria.

Heron (120 a. C.) sobressaiu-se na

aplicação da geometria nos levantamentos topográficos. Ele foi o autor de diversos


tratados importantes de interesse para engenheiros, inclusive um chamado o

Nivelamento, que relata os métodos de levantamento de campo, rebatendo a um plano


e fazendo cálculos. Esse tratado descrevia também os primeiros equipamentos, e, por
muitos anos, os levantamentos gregos e egípcios eram baseados na obra.

5
Novo avanço teve a arte dos levantamentos com a expansão do império romano.
Foram desenvolvidos novos métodos práticos, cujo melhor tratado nessa matéria foi de

Frontinus (100 d. C.), sendo que permaneceu de modelo padrão por vários anos.
A habilidade de engenharia dos

romanos foi demonstrada em trabalhos de


construção de interesse militar do império

romano. Devido à necessidade destas


construções, resultou na organização dos

métodos de levantamento. Equipamentos


simples eram desenvolvidos e usados.
Um dos mais antigos manuscritos em existência é o Codex Acerianus escrito por
volta do século VI que contém um apanhado dos levantamentos feitos pelos romanos e

inclusas diversas páginas do trabalho de Frontinus. O manuscrito foi encontrado no


século X por Serbert e serviu como base para o seu texto em geometria que foi

largamente dedicado ao estudo dos levantamentos.


O grande impulso na topografia

ocorreu no século XVI quando em 1571 o


matemático inglês Thomas Digges publicou

um dos primeiros tratados topográficos no


qual descrevera um instrumento

topográfico que foi precursor dos


equipamentos atuais.

Após a segunda guerra mundial com o desenvolvimento da ciência eletrônica a

topografia teve um avanço espetacular. Hoje com o advento dos distanciômetros


eletrônicos conseguimos precisão que nossos antepassados consideravam impossível

(MARQUES, 1998).

6
1.5 DIVISÃO
A Topografia pode ser dividida em duas partes Topometria e Topologia.

1.5.1 Topometria

Segundo Marques (1998), a topometria é baseada nos princípios da geometria


aplicada, que através de aparelhos especiais, procede-se as medidas lineares e

angulares. A topometria se divide em Planimetria e Altimetria, também chamadas de


Placometria e Hipsometria, respectivamente.

1.5.1.1 Planimetria
É a parte da topometria que estuda os
levantamentos no plano horizontal, ou seja,

determina as projeções horizontais dos


pontos do terreno, ou seja, as coordenadas X

e Y (representação bidimensional) (MARQUES,


1998).

1.5.1.2 Altimetria

É a parte da topometria que trata da


determinação do relevo no solo, ou seja, a

coordenada Z (representação tridimen-


sional) dos pontos levantados no terreno

(MARQUES, 1998). Ao conjunto de métodos abrangidos pela planimetria e pela

altimetria dá-se o nome de planialtimetria.

7
1.5.2 Topologia
É a parte da Topografia que estuda a

conformação do terreno, as leis do


modelado terrestre bem como a

nomenclatura dos acidentes topográficos,


(MARQUES, 1998) utilizando-se dos dados

obtidos através da topometria.

2 ETAPAS DE UM PROJETO TOPOGRÁFICO

2.1 LEVANTAMENTO
São operações realizadas percorrendo o

terreno, nas quais se obtém as medidas lineares e


angulares que permitem continuar as próximas

etapas.

2.2 CÁLCULO

São operações realizadas no escritório com a


finalidade de obter-se as coordenadas horizontais e

verticais, as quais serão usadas para a confecção de planta


planimétrica ou planialtimétrica.

2.3 DESENHO

São as operações gráficas destinadas a


confecções das respectivas plantas, obedecendo

as normas da ABNT.

8
3 MÉTODO DA IRRADIAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO

O método da irradiação consiste em unir um ponto onde fica locado o


equipamento topográfico a todos os vértices do polígono (Figura 1) a ser levantado,

através das leituras dos ângulos horizontais e das distâncias.


Geralmente usa-se esse método quando tivermos visibilidade da estação a todos

os vértices do polígono. O local da estação deve ser um ponto onde sejam visíveis todos
os vértices do polígono. A estação pode estar dentro (Figura 1a) ou fora do polígono

(Figura 1b).

Figura 1 – Medição dos ângulos feita por um equipamento locado dentro (a) e fora (b) de
um polígono.

É um método usado em áreas com vegetação de pequeno porte ou em locais em

que não haja construções que impossibilitem a visibilidade dos vértices. Em caso de

áreas maiores podem-se fazer irradiações múltiplas, isto é, com duas ou mais estações
ou polos, basta apenas que estejam interligadas entre si através das distâncias e dos

ângulos horizontais.

9
3.2 DISTÂNCIAS
As distâncias são divididas em distância inclinada e distância horizontal. A

distância inclinada (Figura 2a) é medida entre dois pontos, em planos que seguem a
inclinação da superfície do terreno. A distância horizontal (Figura 2b) é a distância

medida entre dois pontos, no plano horizontal. Este plano pode passar tanto pelo ponto
A, quanto pelo ponto B em questão.

Figura 2 – Distância inclinada (a) e distância horizontal (b).

É importante lembrar que as grandezas representadas pela planimetria são:

distância horizontal e ângulo horizontal, portanto devemos ter o cuidado de manter


sempre a trena na horizontal (Figura 3), evitando-se tomar medidas inclinadas e

evitando-se também a catenária (curva).

Figura 3 – Medida de distância horizontal com trena.

3.3 ÂNGULOS E POLIGONAIS

Na Planimetria, o ângulo (Figura 4) é medido sempre na no plano horizontal, por


isso o aparelho deve estar rigorosamente nivelado.

10
Figura 4 – Ângulo horizontal.

3.3.1 Tipos de poligonais

Na topografia podemos encontrar vários tipos de poligonais, as mais comuns são


descritas a seguir.

3.3.1.1 Poligonal aberta

Parte de um ponto com coordenadas conhecidas e acaba em um ponto cujas


coordenadas deseja-se determinar (Figura 5). Não é possível determinar erros de

fechamento, portanto devem-se tomar todos os cuidados necessários durante o


levantamento de campo para evitá-los.

Figura 5 – Uma poligonal aberta.

3.3.1.2 Poligonal enquadrada

Parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e termina em outros dois

pontos com coordenadas conhecidas (Figura 6). Bastante utilizada em projetos de


estradas.

Figura 6 – Uma poligonal enquadrada.

11
3.3.1.3 Poligonal fechada
A mais utilizada planimetria por irradiação parte de um ponto com coordenadas

conhecidas e retorna ao mesmo ponto (Figura 7). Sua principal vantagem é permitir a
verificação de erro de fechamento angular.

Figura 7 – Representação de uma poligonal fechada.

3.4 ERRO ANGULAR

3.4.1 Verificação do erro angular


Como na irradiação o equipamento fica estacionado em um ponto fixo e, para o

cálculo do polígono, são visados os vértices do mesmo, a soma dos ângulos devem
resultar em 360 graus. Porém a campo esse fato é quase impossível de acontecer devido
aos vários fatores que contribuem para o erro de fechamento angular (Figura 8).

Figura 8 – Representação gráfica do erro de fechamento angular (hachura).

12
Este erro não pode ser desprezado, pois resulta em um erro de cálculo das
coordenadas do polígono e, consequentemente, na área em questão. O erro de

fechamento angular (Eα) pode ser calculado pela expressão:

Eα α

Eα erro angular
α somatório de todos os ângulos

3.4.2 Tolerância para o erro angular

Segundo a NBR 13.133 (ABNT, 1994) existe uma tolerância para o erro de
fechamento angular, ou seja, se o erro não ultrapassar a tolerância o levantamento pode

seguir os próximos passos. A tolerância angular (Tα) pode ser calculada pela expressão

abaixo e pode variar de acordo com o equipamento utilizado e o número de vértices da


poligonal levantada.

Tα p.√

Tα tolerância angular
p = precisão angular do equipamento utilizado para levantamentos de alta precisão ou
º1’ para demais levantamentos topográficos
N = número de vértices da poligonal

3.4.3 Compensação do erro angular

o caso de termos Eα ≤ Tα, podemos proceder a compensação do erro de


fechamento angular. Devemos ter em mente que o método de compensação não

elimina o erro, mas somente distribui-o em função do tamanho do ângulo visado. Este
método é chamado de método da amplitude angular que fornece as correções
angulares (Cα):

13
αn . Eα
αn

αn = correção angular
αn = ângulo lido
Eα = erro angular

De posse das correções angulares podemos obter os ângulos compensados (αc)


através da expressão:

αcn αn αn

αcn = ângulo compensado


αn = ângulo lido
αn = correção angular

A soma de todos os ângulos compensados deverá ser de 360 graus. Se este


resultado não for alcançado deverá ser feita uma nova compensação (iteração)

assumindo como novo erro angular a diferença entre 360° e a soma dos ângulos
compensados.

3.4 AZIMUTES

Azimute é o ângulo que o Norte forma com uma linha reta entre dois pontos. É
projetado no plano horizontal e tem as seguintes características: é um ângulo

horizontal; é um ângulo horário; a origem de contagem é a direção Norte e o intervalo é


de 0° a 360° (Figura 9).

14
Figura 9 – Representação dos azimutes e os quadrantes do plano cartesiano.

3.4.1 Tipos de azimutes


Para obtermos os azimutes devemos calcular em função do primeiro que deve

ser conhecido. O primeiro azimute pode ser obtido, basicamente, por dois métodos:
bússola ou duas coordenadas conhecidas.

Antes de entrarmos na descrição nesses dois métodos precisamos entender que


existem três tipos de azimutes: azimute magnético, verdadeiro e cartográfico.

3.4.1.1 Azimute magnético

É o azimute referenciado ao Norte magnético (Figura 10). O Norte magnético é


um ponto nas regiões árticas, situado no Canadá, indicado pelas bússolas, que muda

constantemente de lugar com base na atividade dos campos magnéticos da Terra. O


ferro líquido no centro do planeta age como um grande ímã, criando um campo

15
magnético relativamente fraco. A força desse campo magnético possui um componente
horizontal na direção do norte magnético.

Figura 10 – Comparação entre os polos geográfico e magnético.

3.4.1.2 Azimute verdadeiro

É o azimute referenciado ao Norte geográfico. Deve ser utilizado quando


trabalhamos com coordenadas curvilíneas (grauº minuto’ segundo”) . Podemos obter o

azimute verdadeiro a partir do magnético através da declinação magnética (d).


A declinação magnética é o ângulo formado a partir do Norte verdadeiro até o

Norte magnético. Ela varia com a posição geográfica e com o Datum utilizado. Como
vimos antes, o Norte magnético está em constante mutação, portanto, ao realizar

qualquer medição com bússola, é conveniente que fique registrado a data da medição,
para que em uma data futura possa se atualizar esta direção.

Podemos obter a declinação magnética de um ponto a partir de cartas


magnéticas (Figura 11) publicadas pelo Observatório Nacional e podemos obter

também através do NGDC (National Geophysical Data Center) que pertence ao NOAA
(National Oceanic and Atmospheric Administrator) do Governo dos Estados Unidos pelo
site http://www.ngdc.noaa.gov/geomag-web/.

16
Figura 11 – Carta Magnética do Brasil para o ano de 2012.

3.4.1.3 Azimute cartográfico

É o azimute referenciado ao norte cartográfico, utilizado quando trabalhamos


com coordenadas retangulares, pois é paralelo quem qualquer lugar do fuso. As

direções ao Norte cartográfico são paralelas entre si. Podemos calcular o azimute
cartográfico através da convergência meridiana (c).

A Convergência Meridiana é o ângulo formado a partir do Norte verdadeiro até o


Norte cartográfico. Para o cálculo da Convergência Meridiana, podemos utilizar a

fórmula abaixo. É uma aproximação que normalmente fica na ordem do segundo.

c . sen

c = convergência meridiana
= diferença entre a longitude do ponto e a longitude do meridiano central
= latitude do ponto

17
3.4.2 Conversão de azimutes
Sabendo-se a convergência meridiana (c) e a declinação magnética (d), podemos

aplicar as fórmulas abaixo para calcular os azimutes (Figura 12):

A A c

AzV = azimute verdadeiro


AzC = azimute cartográfico
c = convergência meridiana

A A d

AzV = azimute verdadeiro


AzM = azimute magnético
d = declinação magnética

Figura 12 – Diferentes referências aos azimutes utilizados na topografia.

18
3.4.3 Obtenção dos azimutes
Como foi dito antes temos basicamente duas formas de obter o primeiro azimute

que possibilitará calcular os demais. Uma delas é com a utilização de uma bússola que
fornecerá o Azimute magnético que permite calcular os Azimutes verdadeiro e

cartográfico (utilizado na topografia). A utilização da bússola traz um erro na casa do


grau, portanto não deve ser utilizado em levantamentos topográficos para cadastro de

imóveis rurais ou urbanos.


O outro método de obtenção do azimute é a partir de duas coordenadas

conhecidas utilizando a equação de Grafarend, este método é recomendado pela sua


alta precisão.

1 1
A 1 . [1 ( . sgn( )) ( . sgn( ) . sgn( ))] arctg

sgn( ) = sinal algébrico do resultado de X2 X1 (+1 ou 1)


sgn( ) = sinal algébrico do resultado de Y2 Y1 (+1 ou 1)
2 X1
2 Y1

3.4.4 Transporte de azimutes


De posse do primeiro azimute podemos calcular os próximos pela simples adição

do primeiro azimute com o segundo ângulo previamente compensado (Figura 13).


Como o azimute é um ângulo que varia de 0 a 360 graus, quando tivermos a soma

maior que 360 devemos subtrair 360° conforme a expressão abaixo.

A n (A n1 αcn)

Az = azimute
αc ângulo compensado
se (Azn-1 αcn) ≥ º

19
Figura 13 – Azimutes em um polígono na irradiação.

3.5 RUMO
O rumo (Figura 14) é o ângulo que a meridiana forma com um alinhamento

projetado no plano horizontal e que tem as seguintes características:


 é um ângulo horizontal;

 é ângulo horário nos quadrantes NE e SO;

 é ângulo anti-horário nos quadrantes SE e NO;


 possui duas origens de contagem:

a) da direção N para:
L se o alinhamento estiver no quadrante NE;

O se o alinhamento estiver no quadrante NO;


b) da direção S para:

L se o alinhamento estiver no quadrante SE;


O se o alinhamento estiver no quadrante SO;

 o intervalo em que se situa é ≤R≤9 ;


 ao valor numérico do rumo é acrescentada a notação do quadrante.

20
Figura 14 – Representação dos rumos e seus sinais nos quadrantes do plano cartesiano.

3.5.1 Transformações de azimutes e rumos


Podemos transformar rumos em azimutes ou o contrário observando em qual

quadrante eles se encontram (Figura 15) e aplicar a conversão conforme a tabela 1.

Figura 15 – Rumos e azimutes em diferentes quadrantes.

Tabela 1: Transformação de rumo em azimute e azimute em rumo.

Quadrante Azimute para Rumo Rumo para Azimute


1º Az R
2º 180º Az 180º R
3º Az 180º R + 180º
4º 360º Az 360º R

21
3.6 PROJEÇÕES
Para o cálculo das coordenadas e da área do polígono é necessário transformar

distâncias e azimutes em projeções para trabalhar no sistema cartesiano com o eixo das
abscissas ( ) e das ordenadas ( ).

D . sen A

projeção em
DH = distância horizontal
Az = azimute

D . cos A

projeção em
DH = distância horizontal
Az = azimute

3.7 COORDENADAS
As coordenadas do ponto onde o equipamento estará locado deverão ser

obtidas a campo através de GPS ou marco geodésico ou simplesmente estipuladas no


caso de levantamentos não cadastrais. As coordenadas subsequentes podem ser

obtidas pelas fórmulas:

Xn = X1 n

Xn = coordenada X
X1 = coordenada X da estação
n= projeções em X

22
Yn = Y 1 n

Yn = coordenada Y
Y1= coordenada Y da estação
n = projeções em Y

3.8 ÁREA

Na irradiação podemos calcular a área de qualquer polígono em função das suas

coordenadas através do método de Gauss conforme a equação abaixo:

A ∑ n .( n 1 n 1)

A = área
X = coordenada X
Y = coordenada Y

O quadro 1 mostra um esquema para facilitar o cálculo de um polígono de 5

vértices.

Quadro 1: Formatação do método de Gauss para 5 vértices.


Coordenadas
Abcissas Ordenadas
Coluna 1 X1 Y1 Coluna 2
Y1 . X2 X2 Y2 X1 . Y2
Y2 . X3 X3 Y3 X2 . Y3
Y3 . X4 X4 Y4 X3 . Y4
Y4 . X5 X5 Y5 X4 . Y5
Y5 . X1 X1 Y1 X5 . Y1
ΣC1 ΣC2

23
Como podemos observar no quadro 1, as coordenadas X1 e Y1 foram repetidas na
última linha, isso é necessário independentemente do número de vértices do polígono.

Para o cálculo da área utilizamos a seguinte equação.

1
A

A = área do polígono
1 = somatório da coluna 1
2 = somatório da coluna 2

Dependendo da ordem do levantamento (horário ou anti-horário) ou da ordem

das colunas 1 e 2, podemos encontrar o resultado da área com sinal negativo, nesse
caso devemos simplesmente ignorar o sinal.

3.9 REPRESENTAÇÃO

Podemos representar o polígono levantado através de suas coordenadas no


plano cartesiano conforme a figura 16.

Figura 16 – Representação gráfica de um polígono a partir de suas coordenadas.

24
4 MÉTODO DA POLIGONAÇÃO

4.1 INTRODUÇÃO

É o método de levantamento mais utilizado para qualquer tipo de área e relevo.


Este método de levantamento consiste na ligação sucessiva de pontos, que podem, ou

não, iniciar e terminar no mesmo ponto.

4.2 DISTÂNCIAS
A determinação indireta das distâncias pode ser feita através da taqueometria,

com a utilização de equipamentos tradicionais, e de distanciômetros eletrônicos e


prismas, com a utilização de estação total. Na taqueometria a distância horizontal pode

ser obtida através da visada dos fios estadimétricos do retículo da luneta do teodolito
ou nível (Figura 17), aplicando-se a seguinte equação:

DH = 100 . (Fs Fi)

DH = distância horizontal (em metros)


Fs = fio superior
Fi = fio inferior

Figura 17 – Fios estadimétricos do retículo de uma luneta.

25
4.3 ÂNGULOS E POLIGONAIS

4.3.1. Medida de ângulos


Assim como na irradiação, na poligonação utilizamos somente ângulos

horizontais, porém devemos saber dois conceitos importantes: estação ré e estação


vante. No sentido de caminhamento da poligonal, a estação anterior, a estação ocupada

denomina-se de estação ré e a estação seguinte de vante (Figura 18).

Figura 18 – Medida de um ângulo no método da poligonação.

Neste caso os ângulos obtidos da seguinte forma: estaciona-se o equipamento


na estação onde serão efetuadas as medições, faz-se a pontaria na estação ré e depois

faz-se a pontaria na estação vante. Na poligonação os elementos da poligonal são


determinados pelos seus os ângulos externos ou internos (Figura 19).

Figura 19 – Ângulos externos (e) e internos (d) da poligonal.

Também, pode-se realizar a medida dos ângulos de deflexão (Figura 20) dos
lados da poligonal apesar de ser uma técnica pouco utilizada.

26
Figura 20 – Ângulos de deflexão da poligonal.

4.3.2 Amarração das Poligonais

Para o levantamento de uma poligonal é necessário ter no mínimo um ponto


com coordenadas conhecidas e um azimute. Segundo a NBR 13.133 (ABNT, 1994 p.7),

na hipótese do apoio topográfico vincular-se à rede geodésica (Sistema Geodésico


Brasileiro SGB), a situação ideal é que pelo menos dois pontos de coordenadas

conhecidas sejam comuns. Neste caso é possível, a partir dos dois pontos determinar
um azimute de partida para o levantamento da poligonal (Figura 21).

Figura 21 – Poligonal com dois pontos iniciais conhecidos.

27
Estes dois pontos não necessitam ser os primeiros de uma poligonal, conforme é
ilustrado na figura 22 onde os pontos com coordenadas conhecidas estão situados

entre pontos da poligonal.

Figura 22 – Dois pontos conhecidos dentro da poligonal.

Outros casos podem ocorrer como um vértice do apoio topográfico coincide com

um dos vértices da poligonal e é possível observar outro ponto para a obtenção do


azimute de partida (Figura 23).

Figura 23 – Um ponto fora e outro dentro da poligonal.

Nenhum ponto referenciado ao SGB faz parte da poligonal, porém existem


pontos próximos a poligonal (Figura 24). Neste caso efetua-se o transporte de

coordenadas através de uma poligonal de apoio.

Figura 24 – Transporte de coordenadas.

28
Somente um vértice conhecido, sem ser possível observar outro ponto (Figura
25). Neste caso, determina-se o azimute magnético com a bússola. Esse caso é muito

comum em levantamentos de área onde não é necessário vincular as coordenadas ao


Sistema Geodésico Brasileiro.

Figura 25 – Somente um ponto conhecido.

Quando não há possibilidade de coincidir o alinhamento da poligonal com a

divisa do terreno, procedemos a partir dos vértices da poligonal, a amarração destas


divisas como mostra a figura 26.

Figura 26 – Amarração da poligonal próximo a divisas.

4.4 ERRO ANGULAR

4.4.1 Verificação do erro angular

Uma vez que a poligonal forma um polígono fechado é possível verificar se


houve algum erro na medição dos ângulos. O erro angular (Eα) será dado por:

29
Eα 1 º . (n ) α

Eα erro angular
α Somatório dos ângulos
n = número de pontos da poligonal
(n + 2) para ângulos externos
(n 2) para ângulos internos

4.4.2 Tolerância para o erro angular


O erro angular encontrado (Eα) deverá ser menor que a tolerância angular (Tα),

que pode ser entendida como o erro angular máximo aceitável nas medições. É comum
encontrar a seguinte equação para o cálculo da tolerância angular:

Tα p.√

Tα tolerância angular
p = precisão angular do equipamento utilizado para levantamentos de alta precisão ou
º1’ para demais levantamentos topográficos
N = número de vértices da poligonal

4.4.3 Compensação do erro angular


Se o erro cometido for menor que o erro aceitável, deve-se realizar uma

distribuição do erro cometido entre as estações e somente depois realizar o cálculo dos
azimutes. O método mais usado para a compensação do erro angular é a distribuição

do erro em função da amplitude angular que fornece as correções angulares (Cα):

αn . Eα
αn
[1 . (n )]

30
Cαn = correção angular
αn = ângulo lido
Eα = erro angular
n = número de pontos da poligonal
(n + 2) para ângulos externos
(n 2) para ângulos internos

De posse das correções angulares podemos obter os ângulos compensados (αc)


através da expressão:

αcn αn αn

αcn = ângulo compensado


αn = ângulo lido
αn = correção angular

A soma de todos os ângulos compensados deverá ser de [180º . (n ± 2)]. Se este

resultado não for alcançado deverá ser feita uma nova compensação (iteração)
assumindo como novo erro angular a diferença entre [180º . (n ± 2)] e a soma dos
ângulos compensados.

4.5 AZIMUTES
Como vimos anteriormente, o primeiro azimute é determinado a campo por via

astronômica (azimute verdadeiro), lido na bussola (azimute magnético) ou a partir de


duas coordenadas conhecidas (azimute cartográfico) e os demais (Figura 27) podem ser

calculados (transporte de azimutes).

31
Figura 27 – Azimutes na poligonação.

4.5.1 Transporte de azimutes

Chama-se transporte de azimute o cálculo dos demais azimutes da poligonal


(Figura 28). Podem ser obtidos através da equação:

Azn = (Azn-1 αcn) ±

540º se (Azn-1 αcn) > 540º ou


180º se (Azn-1 αcn) > 180º ou
1 º se (Azn-1 αcn) < 180º

Devemos notar que, diferentemente da irradiação, que subtraímos 360º somente


se o resultado for maior, na poligonação sempre devemos somar ou subtrair o valor de

dependendo de um dos três casos descritos acima.

32
Figura 28 – Transporte de azimute.

4.6 PROJEÇÕES

O cálculo das projeções se efetua da mesma forma que na irradiação.

D . sen A

projeção em
DH = distância horizontal
Az = azimute

D . cos A

projeção em
DH = distância horizontal
Az = azimute

4.7 ERRO LINEAR

4.7.1 Verificação do erro linear


Outra vantagem do polígono fechado é a possibilidade de mensurar e

compensar o erro de fechamento linear. O erro linear é proveniente das imprecisões de


leituras das distâncias.

33
Como a soma algébrica das projeções dos lados do polígono sobre o sistema de
eixos cartesianos deve ser nula, a soma das projeções positivas deve ser igual à soma

das projeções negativas, o mesmo deve ocorrer para as projeções . Podemos


calcular o erro linear para e da seguinte maneira:

E ∑

E = erro linear para as projeções X


projeção

E ∑

E = erro linear para as projeções Y


projeção

O erro de fechamento linear total do levantamento é dado por:

E T √(E ) (E )

E T = erro linear total do levantamento


E = erro linear para as projeções X
E = erro linear para as projeções Y

O valor do erro de fechamento linear total deve ser transformado em

porcentagem em função do perímetro do polígono para podermos verificar se o erro

encontra-se dentro ou fora da tolerância.

34
E T
E T .1

E T = erro linear total em porcentagem


E T = erro linear total do levantamento
P = perímetro do polígono

4.7.2 Tolerância para o erro linear

Da mesma forma que ocorre para o erro angular, existe uma tolerância máxima
permissível para as distâncias, com as mesmas discrepâncias entre os autores. Na prática

podem-se estabelecer os seguintes limites para o erro de fechamento linear:

1/1000 = índice bom (0,1%)

2/1000 = índice aceitável (0,2%)

Assim, para cada 1000 metros de perímetro, tolera-se um erro de 1 a 2 metros.

4.7.3 Compensação do erro linear

Se o erro estiver dentro do limite, efetua-se a compensação do erro em função


da amplitude linear dada pelas projeções dos lados do polígono. Podemos calcular as

correções lineares da seguinte forma:

n .E
n ∑| |

n
= correção linear para a projeção X
n = projeção X
E = erro linear das projeções X
∑| | = somatório em módulo das projeções X

35
n .E
n ∑| |

n
= correção linear para a projeção Y
n = projeção Y
E = erro linear das projeções Y
∑| | = somatório em módulo das projeções Y

De posse das correções lineares podemos obter as projeções compensadas ( c

e c) através das expressões:

c = projeção X compensada
= projeção X

= + se ∑
= se ∑

= correção linear para a projeção X

c = projeção Y compensada

= projeção Y
= + se ∑

= se ∑
= correção linear para a projeção Y

36
Devemos lembrar que o sinal das correções e devem ser todos iguais,
por exemplo, se o resultado da soma das projeções X for positivo, todas as correções

devem ser negativas, o mesmo deve ocorrer para as projeções Y.

4.7 COORDENADAS
As coordenadas do ponto onde o equipamento estará locado (ponto 1) deverão

ser obtidas a campo através de GPS, marco geodésico ou simplesmente estipuladas no


caso de levantamentos não cadastrais. As coordenadas subsequentes podem ser

obtidas pelas fórmulas:

Xn = Xn-1 n-1

X = coordenada X
projeção

Yn = Yn-1 n-1

Y = coordenada Y
projeção

4.8 ÁREA

Assim como na irradiação, na poligonação também podemos calcular a área de


qualquer polígono em função das suas coordenadas através do método de Gauss

conforme a equação abaixo:

A ∑ n .( n 1 n 1)

A = área

37
X = coordenada X
Y = coordenada Y

O quadro 2 mostra um esquema para facilitar o cálculo de um polígono de 5


vértices.

Quadro 2: Formatação do método de Gauss para 5 vértices.


Coordenadas
Abcissas Ordenadas
Coluna 1 X1 Y1 Coluna 2
Y1 . X2 X2 Y2 X1 . Y2
Y2 . X3 X3 Y3 X2 . Y3
Y3 . X4 X4 Y4 X3 . Y4
Y4 . X5 X5 Y5 X4 . Y5
Y5 . X1 X1 Y1 X5 . Y1
ΣC1 ΣC2

Como podemos observar no quadro 2, as coordenadas X1 e Y1 foram repetidas na

última linha, isso é necessário independentemente do número de vértices do polígono.


Para o cálculo da área utilizamos a seguinte equação.

1
A

A = área do polígono
1 = somatório da coluna 1
2 = somatório da coluna 2

Dependendo da ordem do levantamento (horário ou anti-horário) ou da ordem


das colunas 1 e 2, podemos encontrar o resultado da área com sinal negativo, nesse

caso devemos simplesmente ignorar o sinal.

38
4.9 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
Poderá ser realizada em computadores com programas de CAD (Figura 29), ou

manualmente em par de eixos cartesianos na escala adequada. A representação gráfica


se faz em um par de eixos cartesianos, através das coordenadas (X, Y) da planilha.

Figura 29 – Representação de um levantamento feito por programa de desenho assistido


por computador.

39
5 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS

5.1 INTRODUÇÃO

O estudo da divisão e demarcação


de terras é de grande importância para

quem vai dedicar sua vida profissional a


este ramo da engenharia. Para atender aos

processos de divisão e demarcação deve-se


mensurar a área do imóvel dividendo, além

de outros elementos necessários.


A ação de divisão consiste em dividir um imóvel comum entre dois ou mais

condôminos a força de seus títulos de domínio. Para proceder a uma divisão, é


necessário que sejam certos os limites do imóvel e os extremos que o confinam.

A ação de demarcação consta do estabelecimento de linhas divisórias entre duas


propriedades contiguas. Pressupõe a contiguidade das glebas, cujos sinais de limites

desapareceram do solo nem mesmo chegaram a ser materializados. A demarcação só é


cabível quando há desentendimento entre vizinhos com relação aos limites das

respectivas propriedades. A demarcação torna o imóvel certo, tendo o proprietário


condições de saber o que realmente lhe pertence e o que pertence a seu vizinho.

A divisão de uma propriedade ocorre em diversas e diferentes situações. Algumas


vezes quando dois ou mais sócios preferem se separar; outras quando pelo falecimento

de seu proprietário, sue dependentes preferem ficar com suas parcelas separadas.
Acontecem partilhas também quando o proprietário deseja vender parte de suas terras.

A divisão de terras pode ser amigável ou judicial. O segundo caso ocorre quando
as partes não chegam a um acordo e o processo vai para o judiciário (BORGES, 1992).

40
5.2 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO AMIGÁVEIS
A demarcação e divisão podem ser amigáveis,

ou seja, extrajudiciais, quando a autoridade judiciaria


apenas colabora com os interessados para que

consigam os fins propostos. Nesse caso os


proprietários poderão estabelecer a linha entre os

imóveis formando as parcelas a serem divididas ou demarcadas.


Para a validade da demarcação e divisão amigáveis, exige-se:

 Consentimento de todos os confrontantes, em se tratando de demarcação, ou de


todos os condôminos, em caso de divisão;
 Outorga uxória (participação obrigatória dos cônjuges se houver);
 Capacidade de livre manifestação de vontade.

A demarcação e a divisão amigáveis podem se realizar por escritura pública ou


por instrumento particular. No último caso estão sujeitas a homologação judicial. Se for

por escritura pública a documentação ficara arquivada em cartório.

5.3 DIVISÃO E DEMARCAÇÃO JUDICIAIS


Ocorrem quando um dos confinantes ou

condôminos discorda da partilha ou é incapaz de


manifestar-se. Proposta a ação de demarcação ou

divisão, o juiz nomeará os profissionais responsáveis


pelo trabalho técnico a campo e escritório. Se as

partes estiverem de acordo com a proposta apresentada pelo profissional, o juiz

homologará a ação (COMASTRI, 1998).


Quando a divisão é feita através de uma linha existente, a tarefa de Topografia é

a de medir esta linha divisória e cada uma das partes, para a determinação de suas
áreas. Supondo por exemplo, que a propriedade é atravessada por um córrego e que
ele seja escolhido como linha divisória, a Topografia fará um levantamento planimétrico

41
geral e calculará as áreas de cada parcela de um e de outro lado do córrego (BORGES,
1992).

Há ocasiões, no entanto, que é necessário separar determinada área. Para esta


hipótese é que serão desenvolvidas as soluções geométricas que se seguem.

5.4 DIVISÃO DE TERRAS PELO MÉTODO ANALÍTICO

A divisão pelo método analítico consiste na aplicação da fórmula das áreas de


Gauss e da equação da reta, nas quais se introduzem as coordenadas dos vértices já

conhecidos e deixam-se como incógnitas as coordenadas dos vértices a serem


determinados.
A fórmula das áreas de Gauss para quando os vértices do polígono estiverem
numerados no sentido horário é dada por:

A ∑ n .( n 1 n 1)

E para quando os vértices do polígono estiverem numerados no sentido

anti-horário:

A ∑ n .( n 1 n 1)

A equação da reta é dada por:

( n n 1) ( n 1 n 1)
( n n 1) ( n 1 n 1)

Aplicando a fórmula de Gauss às coordenadas conhecidas dos vértices de umas


das glebas (A3) e a equação da reta que contem o ponto incógnito N (Figura 30),

42
determina-se a abcissa e ordenada do ponto N, que definirão a posição da linha
divisória da mencionada gleba (A3). Procedimento idêntico será adotado para

determinar o ponto incógnito M, ou seja, aplicar-se-ão a formula de Gauss à gleba A1 e


a equação da reta que contém o ponto incógnito M, cujas coordenadas irão definir a

linha divisória, separando as glebas A1 e A2 de áreas previamente determinadas.

Figura 30 – Área a ser dividida.

43
6 ÁREAS EXTRAPOLIGONAIS

6.1 INTRODUÇÃO

Quando escolhemos os pontos de


uma poligonal para levantamento de um

imóvel rural ou urbano, procuramos


acompanhar seus limites com a maior

proximidade possível, no entanto, não


podemos estabelecer a poligonal

exatamente no limite, pois as divisas


poderão ser cercas de arame, córregos,

estradas etc.
Podemos ver pela figura 31 que a área final da propriedade será a área de

poligonal levantada acrescida da somatória das áreas extrapoligonais positivas e


diminuída da somatória das áreas extrapoligonais negativas.

Figura 31 – Áreas extrapoligonais positivas e negativas (hachuras)

44
Lembramos o processo usual de amarração da linha limítrofe na reta da poligonal
é o de medirmos o afastamento perpendicularmente de 20 em 20 metros ou de 10 em

10 metros quando isso não tornar o levantamento da extrapoligonal muito demorado.


A figura 32 mostra o levantamento da divisa amarrada à linha 1-2 da poligonal.

Do ponto 1 para o 2 a linha foi medida de 20 em 20 metros, sendo que na extremidade


de cada medida foram levantadas perpendiculares e medidas das distâncias y1, y2, y3

até y8. O ponto A da divisa é um ponto importante porque nele o limite mudou de
direção e, por isso, foi levantado por triangulação. O procedimento foi: no

prolongamento de 2-1 marcou-se o ponto B e mediram-se as distâncias m, n e p,


amarrando assim com precisão o ponto A.

Figura 32 – Extrapoligonal fragmentada.

6.2 CÁLCULO DAS ÁREAS EXTRAPOLIGONAIS

6.2.1 Método dos trapézios


Para o cálculo das áreas extrapoligonais pode-se utilizar o método analítico da

fórmula dos trapézios ou Método de Bezout (BORGES, 1977). Na figura 33 temos uma
divisa de área onde foi seccionada em 7 partes, lembrando que quanto mais seccionada

for a área extrapoligonal mais precisa será a sua mensuração. O erro estimado do
método é de aproximadamente 1% para mais ou para menos.

Figura 33 – Área extrapoligonal dividida em trapézios.

45
A área calculada pelo Método de Bezout será dada por:

( n n 1
)
A ∑ dn

A = área
y = distância y
d = distância d

6.2.2 Método dos triângulos

O método consiste em dividir a área que se quer medir em triângulos de lados


conhecidos a, b e c (Figura 34).

Figura 34 – Área extrapoligonal dividida em triângulos.

Primeiramente é calculado o semi-perímetro de cada triângulo e posteriormente

a área. O semi-perímetro (p) é calculado pela equação:

a b c
p

p = semi-perímetro
a, b, c = lados do triângulo

A área é dada por:

46
A √p . (p a) (p b) (p c)

A = área
p = semi-perímetro
a, b, c = lados do triângulo

47
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 13133 – Execução de Levantamento Topográfico. ABNT Associação


Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. 1994. 35 p.

DOMINGUES, F. A. A. Topografia e Astronomia de Posição para Engenheiros e Arquitetos.


MacGraw-Hill. São Paulo, 1979.

ESPARTEL, L. Curso de Topografia. 9º ed. Globo. Rio de Janeiro. 1987.

MCCORMAC, J. Topografia. 5º ed. Rio de Janeiro : LTC, 2007. 391 p.

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