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Embargos de Declaração no Novo CPC –

Resumo Rápido
Publicado por Novo CPC (www.novocpc.bloggs.com.br)

Todos nós sabemos sobre a importância dos embargos de declaração,


principalmente quando há a possibilidade de atribuição de efeitos infringentes
(modificativos), tendo em vista ser comum a ocorrência de omissão, contradição,
obscuridade e erro material nos julgados.

O novo Código de Processo Civil apresentou mudanças com relação ao referido recurso,
tendo como principal alteração a presunção absoluta de omissão no julgado quando
“deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento”. Vejamos o
artigo que fala sobre os embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial

A primeira mudança é o esclarecimento de que cabem Embargos de Declaração contra


QUALQUER decisão judicial.

I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento;

A segunda mudança está no modo de se compreender a omissão. A redação do inciso II


do art. 1.022 esclarece um problema antigo sobre o que seria a omissão.

Resolve-se aqui uma discussão antiga que é a possibilidade de omissão a manifestação


sobre questão que o juiz deveria ter se manifestado de oficio. Quando o Tribunal deixa
de enfrentar aqui que deveria ter se manifestado por imposição de oficio.

III – corrigir erro material.

Outra mudança é que agora fica expresso que cabe ED em caso de erro material.

O erro material o Juiz pode corrigir de oficio, assim, o fato de caber ED por erro
material não significa que o Juiz não possa corrigir o erro material depois.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

A omissão também foi melhorada no § único. Há presunção absoluta de omissão nestes


casos.

I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em


incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

1
Em um sistema de precedentes obrigatórios permite que o Tribunal aplique, distinga ou
supere o precedente, porém, jamais pode ignorar um precedente. Assim, se o tribunal
ignora um precedente obrigatório cabe Embargos de Declaração por Omissão.

Este dispositivo também se aplica em casos de omissão de Súmula Vinculante.

II – incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1 o.

A segunda hipótese de presunção absoluta de omissão ocorre quando incorra qualquer


conduta prevista no artigo 489, § 1º, que trata do dever de fundamentação.

Fonte: jusdecisum.com.br

4 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Agemiro Salmeron PRO


2 anos atrás

Gostei.

Tive um caso em que o TJSP em mandado de segurança decidiu pela ilegitimidade de


parte do assessor da presidencia, mas na ação juntei um acordo do mesmo TJ, julgando
procedente a competencia do assessor. Ai entrei com embargos de declaracao justando
para prequestionar isso. Ainda nao saiu o resultado... Como pode numa decisao recente
julgar competente e na minha incompetente ?

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Responder

Newberto Cordeiro
2 anos atrás

Sr. Muito importante essa decisão do STJ para a justiça e para vários pessoas que tem
processos com esse tipo de omissão dos juízes, neste caso, acho que está o meu
processo, quando o juiz deixou de julgar o mérito por considerar fatos repetivo. Sendo
que foi colocado fatos novos que comprovam o direito, digo, condições fáticas para a
consolidação do direito, sem citar outras situações de aplicação do processo legal que
foi negado ao autor. "Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
decisão judicial" Foi observado na decisão do juiz que ele atendeu rigorosamente o
pedido da procuradoria do estado, onde a própria, denigre moral do autor, motivando a
justiça a antecipação do julgamento sem avaliar o mérito do autor.

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Embargos de Declaração no Novo CPC
Published by Rafael Alvim e Felipe Moreira on 3 de junho de 2015 | 1 Response

Hoje trataremos dos Embargos de Declaração, que aparecem remodelados e mais


adequados ao novo sistema processual, nos artigos 994, inciso IV, e 1.022 a 1.026 do
NCPC.
Nas palavras de Teresa Arruda Alvim Wambier, “Hoje, parece poder-se sustentar sem
sombra de dúvida que os embargos de declaração têm raízes constitucionais. Prestam-se
a garantir o direito que tem o jurisdicionado a ver seus conflitos (lato sensu) apreciados
pelo Poder Judiciário. As tendências contemporaneamente predominantes só
permitiriam entender que este direito estaria realmente satisfeito sendo efetivamente
garantida ao jurisdicionado a prestação jurisdicional feita por meio de decisões claras,
completas e coerentes interna corporis.” (…) É relevante compreender-se o princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional em conjunto com uma série de outros
princípios que, engrenados, dão sentido à garantia do devido processo legal.”
(Embargos de declaração e omissão do juiz, São Paulo: RT, 2014, p. 17-19).

Conforme já ressaltado em textos anteriores, será o único recurso cujo prazo de


interposição e resposta será de 05 dias úteis. No entanto, fica clara a hipótese de
contagem dos prazos em dobro para litisconsortes representados por diferentes
procuradores, de escritórios de advocacia distintos (NCPC, arts. 219, 229, 1.003, §5º e
1.023). Além disso, também fica explícito no Novo Código que cabem embargos de
declaração contra qualquer decisão judicial, a incluir, por óbvio, as decisões
interlocutórias (art. 1.022, caput), conforme a doutrina já vinha sinalizando há muito.
As hipóteses de cabimento aparecem nos incisos do art. 1.022, quais sejam: “I –
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro
material.”. Acrescentam-se, portanto, expressamente, os pontos ou questões sobre os
quais o magistrado deveria se pronunciar de ofício (além daqueles sobre os quais houve
requerimento), bem como a correção de erros materiais (com a ressalva, neste último
caso, para o que ficou estabelecido no Enunciado nº 360 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis: “A não oposição de embargos de declaração em caso de erro
material na decisão não impede sua correção a qualquer tempo.”).

Ainda, o parágrafo único do mesmo dispositivo esclarece que se consideram omissas as


decisões judiciais que deixem de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento, como também que incorra em qualquer das condutas descritas no art. 491,
§1º, do NCPC.
O art. 1.024, por sua vez, traz notadamente quatro importantes inovações: i) os
embargos de declaração opostos perante os tribunais, caso não apresentados em mesa
pelo relator na sessão subsequente à sua oposição, serão automaticamente incluídos na
próxima pauta (§1º); ii) os embargos de declaração poderão ser recebidos como agravo
interno (fungibilidade recursal), podendo o recorrente complementar as razões recursais
para fazer as adequações necessárias (§3º); iii) caso o acolhimento dos embargos de
declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver
interposto outro recurso contra a decisão originária terá o direito de complementar ou
alterar as suas razões recursais nos exatos limites da modificação e no prazo de 15 dias,

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contados da intimação da decisão dos embargos de declaração (§4º); e iv) se rejeitados
os embargos de declaração, o recurso já interposto pela outra parte será processado e
julgado independentemente de ratificação (§5º – ficará superado, portanto, em boa hora,
o enunciado nº 418 da Súmula do STJ).

O chamado “prequestionamento ficto”, admitido a partir do enunciado nº 356 da


Súmula do STF, será expressamente encampado pelo art. 1.025 do NCPC, que assim
dispõe: “Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou,
para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam
inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão,
contradição ou obscuridade.”.
Nesse sentido, cabe a advertência de Cássio Scarpinella Bueno: “O art. 1.025 que
consagrar o que parcela da doutrina e da jurisprudência chama de ‘prequestionamento
ficto’, forte no que dispõe a Súmula 356 do STF. A regra, bem-entendida a razão de ser
do recurso extraordinário e do recurso especial a partir do ‘modelo constitucional do
direito processual civil’, não faz nenhum sentido e apenas cria formalidade totalmente
estéril, que nada acrescenta ao conhecimento daqueles recursos a não ser a repetição de
um verdadeiro ritual de passagem, que vem sendo cultuado pela má compreensão e pelo
mau uso do enunciado da Súmula 356 do STF e pelo desconhecimento da Súmula 282
do STF e da Súmula 211 do STJ. Mais ainda e sobretudo: pela ausência de uma
discussão séria e centrada sobre o que se pode e sobre o que não se pode ser
compreendido como ‘prequestionamento’, tendo presente a sua inescondível fonte
normativa, qual seja, o modelo que a Constituição Federal dá aos recursos
extraordinário e especial, e, para ir direto ao ponto, à interpretação da expressão ‘causa
decidida’ empregada pelos incisos III dos arts. 102 e 105 da CF.” (Novo Código de
Processo Civil Anotado, São Paulo: Saraiva, 2015, p. 661-662).

Por fim, o art. 1.026 do NCPC deixa explícito que os embargos de declaração não
possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para interposição de outro recurso
(essa também será a regra no âmbito dos procedimentos previstos pela Lei Federal nº
9.099/95, diante das modificações trazidas pelos arts. 1.064 a 1.066 do NCPC). Ainda,
também dispõe que, no caso de embargos de declaração protelatórios, a multa poderá
ser de até 2% sobre o valor atualizado da causa em favor do embargado (§2º). Na
reiteração de embargos manifestamente protelatórios, a multa poderá ser elevada a até
10% do valor atualizado da causa, ficando, ainda, a interposição de qualquer recurso,
condicionada ao depósito prévio desse valor, à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário da gratuidade da justiça, que recolherão ao final (§3º). Considerados
protelatórios os dois anteriores, novos embargos de declaração opostos serão
inadmitidos (§4º).

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Embargos de Declaração no Novo CPC
(Lei nº 13.105/2015)
Published on 2016 M04 5

Filipe StarzynskiFollow

Advogado Associado na Cepeda, Greco e Bandeira de Mello


Advogados

Sabe-se que os Embargos de Declaração são cabíveis contra qualquer decisão judicial
para atender a necessidade de solucionar a contradição, obscuridade; suprir a omissão
ou ainda sanar o erro material.

Passarei então a comentar as interessantes mudanças dos aclaratórios no Novo CPC (Lei
13.105/2015).

Os Embargos de Declaração são o único recurso do NCPC cujo prazo de interposição é


de 5 (cinco) dias, mantendo, portanto, o prazo estipulado no CPC/73.

Contudo, agora, o cabimento para correção de erro material está expressamente


evidenciado pelo artigo 1.022[1], III.

No artigo 1.022, II, a omissão que desafia os aclaratórios se verifica não só quanto ao
que foi pedido e não decidido, mas também com relação ao que o magistrado deveria ter
se pronunciado de ofício e não fez. Outrossim, a omissão passa a abranger a falta de
harmonia entre a decisão embargada e a jurisprudência predominante (1.022, I,
parágrafo único), bem como considera-se omissa a decisão que incorra em qualquer
conduta descritas no artigo 489, §1º[2].

Note-se que no novo CPC foi solucionada a questão controvertida quanto à


possibilidade dos embargos de declaração serem ou não dotados de efeito infringente,
pois consta expressamente no § 2º do artigo 1.023[3] que quando os embargos tiverem
força para alterar o julgado, o juiz intimará a parte contrária para apresentação de
manifestação.

O novo CPC também esclarece o órgão monocrático como o competente para


julgamento dos declaratórios apresentados de decisão monocrática no âmbito dos
Tribunais (art. 1.024[4], §2º); admite a sua conversão em agravo interno (art. 1.024, §3º)
e encampa a tese do “prequestionamento ficto” em seu artigo 1.025[5].

Ademais, destaca-se que no NCPC, ao contrário do CPC/73, os recursos, como


regra, não possuem efeito suspensivo. Segundo o art. 995, os recursos não impedem a
eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso, isto é,
a lógica se inverteu.

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Diante disso, os recursos podem ter efeito suspensivo por força de lei (ope legis), a
exemplo da apelação (art. 1.012, NCPC), ou podem ter efeito suspensivo atribuível por
decisão judicial (ope judicis), como ocorre com o agravo de instrumento (art. 1.019, I,
NCPC).

Dessa forma, quanto aos embargos de declaração, o NCPC inova, em relação à doutrina
majoritária que se formou em torno do CPC/73.

Segundo o §1º do artigo 1.026[6] CPC/2015, a atribuição de efeito suspensivo aos


embargos depende de pedido do embargante e de decisão judicial, e não mais decorre de
sua simples interposição.

Além disso, a suspensão da eficácia da decisão embargada condiciona-se ao


preenchimento dos seguintes pressupostos: (1) a probabilidade de provimento do
recurso ou (2) fundamentação relevante e risco de dano grave ou de difícil reparação.

O NCPC, portanto, acolhe a doutrina de Teresa Arruda Alvim Wambier[7], segundo a


qual a suspensão da eficácia da decisão deve decorrer de pedido da parte e de concessão
pelo órgão jurisdicional, e não por força de lei, sempre e em todo o caso.

Por derradeiro, é interessante informar que no NCPC os embargos de declaração


interpostos com caráter meramente protelatório continuam sendo punidos com a
condenação do embargante ao pagamento de multa de até 2% (dois por cento) do valor
da causa. Na reiteração de tal ato a multa poderá ser majorada para até 10% (dez por
cento) do valor da causa, ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso
ao depósito do valor da multa. Por fim, merece a observação que o §4º do artigo 1.026
limita a 2 (dois) o número de embargos quando estes foram considerados protelatórios.

[1] Art. 1.022 NCPC. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento;

III - corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em


incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.

[2] Art. 489 NCPC. São elementos essenciais da sentença:

6
(...)§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua


relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua


incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,


infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela


parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
do entendimento.

[3] Art. 1.023 NCPC. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em
petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e
não se sujeitam a preparo.

§1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.

§2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco)


dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação
da decisão embargada.

[4] Art. 1.024 NCPC. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

§1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente,


proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em
pauta automaticamente.

§2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-
los-á monocraticamente.

§3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo
a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º.

§4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão


embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação,

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no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de
declaração.

§5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do


julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente
de ratificação.

[5] Art. 1.025 NCPC. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o


embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes
erro, omissão, contradição ou obscuridade.

[6] Art. 1.026 NCPC. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e
interrompem o prazo para a interposição de recurso.

§1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo
juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo
relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação (...)..

[7] “Embargos de declaração e omissão judicial. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014, p. 69 e ss.”.

Filipe Starzynski – Advogado atuante no contencioso e consultivo, com ênfase em


Direito Civil, Imobiliário, Família e Empresarial; especializado em Direito Imobiliário
pela ESA/OAB e Pós-graduado em Direito Processual Civil pela PUC/SP (Cogeae).

Filipe Starzynski

Advogado Associado na Cepeda, Greco e Bandeira de Mello


Advogados
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Maciel Prado

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Aluno na Fatec

Uma duvida frequente esta no prazo para apresentação dos embargos de declaração, e a
pergunta recorrente está em saber se os embargos são somente após a sentença
publicada no diário oficial, ou no recebimento via AR da decisão judicial?

Filipe Starzynski

Advogado Associado na Cepeda, Greco e Bandeira de Mello


Advogados

Caro Maciel, boa tarde. O termo inicial do prazo para a apresentação dos Embargos de
Declaração será no 1º dia útil após a intimação/publicação da decisão a ser embargada.
Com relação à sua pergunta, entendo que se a intimação da decisão judicial for pelo
correio, considera-se dia do começo do prazo a data de juntada aos autos do aviso de
recebimento "AR", e não a partir da publicação da decisão, caso a parte não tenha
advogado constituído nos autos (art. 231, I, CPC). Entretanto, com o advento do novo
CPC, os atos praticados antes do termo inicial do prazo são considerados tempestivos
(art. 218, § 4º CPC), de modo que nada impede a interposição dos embargos antes da
juntada dos AR nos autos. Espero ter respondido a sua pergunta. Abs.

Novo CPC: os embargos de declaração e


a eutanásia judicial
Marcelo Mazzola

Entre as mais importantes alterações no capítulo dos embargos de declaração está o fim
do uso do recurso como instrumento protelatório, em harmonia com os princípios
norteadores do novo diploma legal.

quinta-feira, 24 de março de 2016

No capítulo destinado aos embargos de declaração, o NCPC promoveu mudanças pontuais.


Passou a prever expressamente o cabimento do recurso para corrigir erro material (art. 1.022,
III), o que, na prática, já era admitido pela jurisprudência, e indicou as hipóteses em que a
decisão judicial deve ser tida como omissa.

Além disso, à luz do contraditório participativo, regulou a necessidade de intimação do


embargado, "caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada"
(art. 1.023, § 2º) – os chamados embargos de declaração com efeitos modificativos – e
estabeleceu a possibilidade de se converter os embargos de declaração em agravo interno (art.
1.024, § 3º).

Em boa hora, positivou a desnecessidade de ratificação de qualquer recurso já interposto após


o julgamento dos embargos de declaração, quando estes forem rejeitados ou não alterarem a
conclusão anterior (art. 1.024, § 5º), entendimento que, durante muitos anos, foi aplicado pelo
STJ à luz de uma interpretação extensiva da Súmula 418 da referida Corte.

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No mais, esclareceu que os elementos suscitados pelo embargante no recurso serão
considerados para fins de prequestionamento, mesmo que este seja inadmitido ou rejeitado, se
o tribunal superior reconhecer algum dos vícios do art. 1.022 (art. 1.205).

Feitas essas considerações iniciais, passemos direto ao § 4º do artigo 1.026, dispositivo inédito
e que merece alguma reflexão:

Art. 1.026 (...)

§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem


sido considerados protelatórios.

Ou seja, caso os dois últimos embargos de declaração do recorrente tenham sido considerados
protelatórios, em decisões fundamentadas, obviamente (arts. 10 e 489), não serão admitidos
novos embargos. Se o recurso for oferecido, este será tido como ineficaz e, na lição do
Desembargador Alexandre Câmara, começará a correr desde logo o prazo para interposição de
outra espécie recursal contra a decisão judicial1.

Esse dispositivo nos permite pensar em uma situação não tão incomum no STF, em que o
vencido opõe, sucessivamente, embargos de declaração, apenas para não deixar o acórdão
transitar em julgado. Mesmo sendo obrigado a depositar as multas em razão de seus recursos
proletórios, o sucumbente insiste em recorrer. Embora em estágio terminal, ainda respira por
aparelhos e quer vender caro o trânsito em julgado.

Em tais situações, o que normalmente acontece é que relator determina a baixa dos autos, sem
examinar o último recurso2. Uma espécie de eutanásia judicial às avessas, que antes era feita
"à galega" e agora foi positivada expressamente pelo referido dispositivo legal.

Nas instâncias ordinárias, o dispositivo também traz repercussões.

Podemos imaginar, por exemplo, a hipótese de o recorrente embargar contra o acórdão que
julgar sua apelação cível (que, como se sabe, será dotada de efeito suspensivo, a exceção das
hipóteses do art. 1.012, § 1º). Se o primeiro recurso for considerado protelatório, o recorrente
será multado em valor não superior a dois por cento sobre o valor atualizado da causa (art.
1.026, § 2º). Caso oponha novos embargos – e estes também sejam considerados
procrastinatórios –, pode ser multado em até dez por cento do valor da causa (art. 1.026, § 3º).
Nesse caso, a interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio do
valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário da justiça, que a recolherão ao
final.

Assim, se o recorrente opuser os terceiros embargos de declaração, mesmo depositando o


valor da multa, e ficar, inadvertidamente, aguardando uma eventual decisão do tribunal,
deixando, ainda, de interpor seu Recurso Especial e/ou Extraordinário, pode ser surpreendido
com o trânsito em julgado da decisão.

Sob outro prisma, o NCPC, primando pela efetividade e duração razoável do processo,
explicitou que os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo (art. 1.026). Andou
bem o legislador, pois, na prática, essa alteração impede, por exemplo, que o sucumbente
tente retardar o início da execução provisória do julgado.

Explica-se: na vigência do CPC de 1973, era muito comum a parte embargar contra o acórdão
de julgamento da apelação cível (nos casos em que a mesma tinha efeito suspensivo) apenas
para impedir que o vencedor deflagrasse a execução provisória, valendo-se do “efeito
suspensivo” irradiado dos embargos.

Porém, agora não será mais assim. O relator até pode atribuir efeito suspensivo aos embargos
de declaração (art. 1.026, § 1º), mas o simples oferecimento do recurso, por si só, não será
suficiente para obstar o início da execução provisória, salvo em casos em que o Recurso
Especial ou Extraordinário possuir efeito suspensivo (art. 987, § 1º, por exemplo).

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Assim, ao menos em tese, sucumbentes não poderão se valer mais dos embargos de
declaração para impedir o início da execução provisória.

Em resumo, o NCPC trouxe importantes alterações no capítulo dos embargos de declaração,


alargando o cabimento do recurso, prevendo a fungibilidade recursal e, principalmente,
esvaziando seu uso como instrumento protelatório, em harmonia com os princípios norteadores
do novo diploma legal.
___________________

1 CÂMARA, Alexandre. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, pág. 535
2 EI 12 AgR-ED/BA, Relator Ministro Gilmar Mendes, 2ª Turma, Publicação 24/4/04 .
___________________

*Marcelo Mazzola é sócio do escritório Dannemann Siemsen Advogados.

Embargos de Declaração e
Fundamentação das Decisões no Novo
CPC
 Bruna Fernandes Assunção Vial, Assessora Judiciária no TJMG Otávio de Abreu
Portes, Desembargador do TJMG Rubens Augusto Soares Carvalho, Assessor
Judiciário no TJMG
 Edição 193

Desembargador Otávio de Abreu Portes entre os assessores judiciários Rubens Augusto


e Bruna Fernandes

Como se sabe, os Embargos de Declaração constituem recurso de âmbito discursivo


restrito à expurgação de erro material, omissão, obscuridade ou contradição na decisão,
conforme artigos 1.022 e 1.023 do CPC/15.

A despeito da alteração da norma de regência, o espírito dos Embargos de Declaração


ainda nos permanece o mesmo que se verificava na sistemática anterior, vale dizer, não
se trata de remédio processual destinado à reapreciação das questões controvertidas,
mascaradas sob a pecha de suposta omissão, obscuridade ou contradição ou erro
material.

Os Embargos de Declaração constituem, a toda evidência, o recurso mais


historicamente deturpado e desvirtuado do seu verdadeiro propósito processual, vale
dizer, as partes sempre encontram uma maneira de correlacionar um pronunciamento,
puro e simples, com uma das hipóteses acima indicadas, intentando assim reapreciação
da matéria discutida.

Referida deturpação histórica ganhou novos contornos e matizes com a entrada em


vigor do novo Código de Processo Civil, fato que nos levou a escrever este breve
ensaio.

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Impõe-se, inicialmente, breve incursão sobre os aspectos conceituais das principais
hipóteses de cabimento/acolhimento dos embargos – contradição e omissão das decisões
judiciais.

De início, com relação à contradição que estaria a impor o acolhimento, de se esclarecer


que trata da hipótese de inconsistência entre as premissas lógicas internas do próprio
decisório.

A contradição hipoteticamente imaginada, tal como atualmente prevista no artigo 1.022,


inciso I, do CPC/15, não é pois, entre a decisão e a prova dos autos; não é entre a
decisão e regra que o embargante julga mais aplicável ou mais jurídica ao caso; não é
entre a decisão e a jurisprudência que eventualmente venha em socorro da tese
sustentada pelo embargante, enfim, não é entre a decisão e o interesse defendido pelo
recorrente, assim considerado de uma forma ampla – prova, regra ou
jurisprudência.

Nesse cenário, ainda que a premissa legal adotada esteja juridicamente incorreta
(questão de índole eminentemente interpretativa e que, portanto, careceria de nova
valoração pelo(s) julgador(es), ou que a premissa fática resulte de interpretação
ineficiente/ruim da prova dos autos (também questão de natureza interpretativa), tais
hipóteses refletiriam eventual error in judicando, hipótese discursiva não comportada na
restrita sede dos embargos declaratórios.

De semelhante forma, pertinente à omissão, justificadora do acolhimento dos embargos,


não é aquela decorrente da inobservância de prova, regra ou jurisprudência tendentes à
concretização do interesse da parte embargante, mas sim aquela que decorre da
sonegação de parte ou todo da prestação jurisdicional vindicada ao julgador competente.

Nesse quadrante, talvez o mais amplo deles, o CPC/15 trouxe importante inovação ao
consignar que a omissão também se verifica quando incorre o julgador em quaisquer
das condutas estampadas no seu artigo 489, § 1o, trazendo exigências quanto à
fundamentação exposta, senão vejamos:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença: […]

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,


sentença ou acórdão, que:

I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar


sua relação com a causa ou a questão decidida;

II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de


sua incidência no caso;

III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,


infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

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V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;

VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela


parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
do entendimento.”

De ver que o legislador visou minimizar a ocorrência da chamada jurisprudência


defensiva, conceito associado à hipótese onde o julgador emprega fundamentação
genérica e por vezes até desconexa dos aspectos controvertidos para justificar suas
conclusões, não cuidando de fazer uma correlação direta e objetiva com os fatos da
causa.

Trata-se de inovação processual elogiável a toda evidência, evitando que sejam as


demandas encerradas e resolvidas as questões incidentes sem justificativas suficientes –
de ordem racional, fática e principalmente lógica.

Ocorre todavia que, como qualquer norma, o Novo CPC também carece de ser
interpretado, em grau mais profundo que o literal. E uma interpretação mais substancial
da referida regra impõe concluir acerca da necessidade de se ponderar, de um lado, a
exigência de uma fundamentação efetiva dos atos judiciais (garantia
constitucionalmente prevista no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal), mas de
outro, também a necessidade de solução dos litígios em tempo hábil (também prevista
no texto magno, artigo 5o, inciso LXXVIII).

Com efeito, a exigência de pressupostos mínimos da fundamentação não pode


corresponder a um esforço abstrato sobre-humano do julgador para demonstrar as
razões do seu convencimento, ou mesmo sua escravização à capacidade criativa dos
advogados para protelarem os pronunciamentos desfavoráveis aos interesses dos seus
constituintes.

A uma porque, por tratar a função jurisdicional diretamente com interesses subjetivos
em litígio, é bastante evidente que a parte derrotada na lide jamais estará plena ou
mesmo minimamente satisfeita com as razões de decidir lançadas em seu desfavor,
existindo aí um evidente inconformismo natural com tudo que nós é prejudicial.

A duas porque, a se entender de forma diversa, exigindo do julgador o completo


exaurimento de absolutamente todas as proposições suscitadas pelos sujeitos do
processo – ainda que não tenham o mínimo condão de influir no seu convencimento, e
mais, impondo também que explicite não apenas porque adota um determinado
argumento ou razão de decidir, mas também porque deixa de aplicar outro(a)(s),
transformar-se-ia a jurisdição numa função destinada mais ao desenvolvimento de teses
jurídicas que propriamente à solução de conflitos intersubjetivos, não nos parecendo ser
este o objetivo do Novo Código de Processo Civil, por óbvio.

Ainda inserto no contexto, chama-nos a atenção o disposto no inciso IV acima


ementado, donde se considera não fundamentada a decisão que “não enfrentar todos os
argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada
pelo julgador.”

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Proeminentes juristas e processualistas, do escol de Lênio Streck, Freddie Didier Júnior
e Dierle Nunes vem propugnando que referida alteração extinguiu o princípio do
convencimento livre do magistrado, impondo ao julgador que se manifeste sobre
absolutamente todos os argumentos que foram suscitados pela parte para influir na
conclusão.

Em que pese o profundo respeito que nutrimos pelos doutrinadores destacados, dentre
outros não menos brilhantes que também adotam tal posicionamento diante das
inovações trazidas pelo Novo CPC nesse quadrante, não podemos concordar
incondicionalmente com tal idéia.

Ora, não enfrentar todos os argumentos deduzidos, capazes de, em tese, desconstruir a
conclusão alcançada, é diferente de enfrentar toda e qualquer argumentação aduzida
pelas partes; destarte, o julgador está sim compelido a enfrentar os argumentos, mas
desde que possam vir a modificar seu entendimento, afigurando-se possível desprezar
aqueles que nem mesmo abstratamente têm ou teriam qualquer influxo sobre seu
convencimento, sem que isso viole o disposto na regra em tela.

E quem realiza este juízo de valor, por óbvio, deve ser o próprio julgador, e não a parte
embargante, pois em última análise somente ele é quem está apto a se convencer que
determinada construção argumentativa é ou não apta a modificar o que concluiu. Assim
é que, confrontado com argumento que pode vir a derruir sua conclusão, deverá
enfrentá-lo. Do contrário, não nos parece necessário esmiuçá-lo com esforço racional e
jurídico inócuo, já que em última análise, imagina-se que referido argumento (omitido),
não era e nem é suscetível de desconstruir a conclusão erigida.

É dizer que a parte embargante não tem o poder processual de escolher qual argumento
supostamente não enfrentado poderia, em tese, mudar o que foi decidido; ora, se o
convencimento (íntimo, pessoal, enfim, qualquer nome que se queira atribuir) é o do
julgador, é evidente que somente ele pode valorar se o argumento omitido possui ou não
aptidão em abstrato para desconstruir uma primeira conclusão alcançada.

Já há jurisprudência do c. STJ sustentando a subsistência do princípio da persuação


racional ou livre convencimento motivado no CPC/15, nos termos em que ora
consagramos, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE


SEGURANÇA ORIGINÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL. AUSÊNCIA. 1. Os
Embargos de Declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do CPC, destinam-se a suprir
omissão, afastar obscuridade, eliminar contradição ou corrigir erro material existente no
julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. O julgador não está obrigado a
responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha
encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art.
489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as
questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida. […] 4.
Percebe-se, pois, que o embargante maneja os presentes aclaratórios em virtude,
tão somente, de seu inconformismo com a decisão ora atacada, não se divisando, na
hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art. 1.022 do Código de Processo Civil, a

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inquinar tal decisum. 5. Embargos de Declaração rejeitados.(EDcl no MS 21.315/DF,
Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3a
REGIÃO), PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2016, DJe 15/06/2016)

Adotando um exemplo alegórico para mostrar o que acabamos de afirmar, a aplicação


do artigo 489 inciso IV do NCPC tal como vem sendo imaginada por uma determinada
classe de juristas, conduziria à absurda hipótese onde, ainda que a parte suscite, meio à
sua argumentação, uma receita de bolo de laranja, teria o julgador que explicitar
expressamente porque referida receita não tem qualquer repercussão na sua conclusão a
fim de que seu decisório tivesse fundamentação válida.

Venia concessa, pensamos não ser este o objetivo da norma. Acreditamos que o objetivo
do legislador foi tornar mais bem delineada, mediante interposição de embargos, a
hipótese onde o julgador não se atenta para algo que, se tivesse atentado, lhe imporia à
conclusão diversa.

Ademais se é exigência do Novo CPC que o julgador enfrente tais questões omitidas,
pensamos que também deve ser ônus do embargante demonstrar, de forma lógica, como
e de que forma o argumento sonegado impõe influxo desconstrutivo sobre a premissa
adotada pelo julgador; não basta apenas argüir a omissão quanto a argumento que torna
a conclusão favorável ao seu interesse, mas sim evidenciar que o argumento omitido
derrui, por completo, a premissa adotada pelo magistrado.

Dworkin já preceituava que os casos judiciais, mormente os complexos (“hard cases”),


deveriam ser decididos não por discricionariedade do julgador, e sim pela análise dos
princípios da comunidade aonde o caso difícil esta em debate, e pela diferenciação dos
princípios das regras (2007, p.43).

Não é injurídica a adoção de uma solução em detrimento das demais. E não é injurídico
desprezar outras soluções jurídicas, desde que demonstrada de forma racional o porque
da adoção da que foi preferida no caso concreto, ponderando-se as normas incidentes.

Neste ponto regressamos à premissa posta nas primeiras linhas deste modesto artigo: o
espírito dos Embargos de Declaração segue o mesmo, e ele não se presta à reapreciação
da causa; acrescentando-se que não nos parece que a transposição dos Códigos tenha
ido muito além da supressão do vocábulo “livremente” quando da transformação do
artigo 131 do CPC/73 no artigo 371 do CPC/15.

A otimização da prestação jurisdicional que perpassa pela necessidade de adequada


fundamentação dos pronunciamentos judiciais não pode encontrar óbice na isquemia e
completo assoreamento do ofício judicante que se avisa caso esteja o julgador
compelido ao completo exaurimento de tudo quanto for suscetível de argüição pelas
partes beligerantes.

Entendemos que o magistrado segue sim, livre, para julgar a demanda dentro dos seus
limites de conformidade com o Direito posto. Livre para escolher uma solução e não
outras, e que não tem que dizer por que deixou de escolher outra, porque esta
explanação já se encontra a princípio implícita na escolha feita, de tal sorte que cabe
também às partes demonstrar, pela via dos Embargos de Declaração, que o argumento
sonegado é capaz de influir no resultado e impor conclusão diversa.

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Em remate e resumo, pensamos que o novo CPC, ao dar novos contornos ao recurso de
Embargos de Declaração e instituir pressupostos de validade da fundamentação judicial,
não quis exigir do julgador uma técnica negativa de decisão.

É dizer, observados os novos preceitos contidos no artigo 489, § 1o do CPC/15, o dever


de fundamentação não pode impor ao magistrado demonstração de razões que
conduzam ao completo esgotamento de absolutamente todas as teses jurídicas suscitadas
pelas partes, mas tão somente daquelas que, de alguma forma, se relacionem com a
conclusão alcançada, de tal sorte que o não enfrentamento de argumento nem mesmo
minimamente capaz de infirmar o decidido, não há de ser capaz de invalidar o
pronunciamento ou exigir-lhe integração, sob pena de inviabilização da atividade
judicante e eternização dos litígios, mormente nos casos complexos.

Referência bibliográfica________________

DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. 2a edição. São Paulo: Martins Fontes,
2007.

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