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DESTAQUE

Bom momento que só acontecia quando o seu companheiro de


cela dormia. Naquele momento o sacerdote, de costas para a
porta, coloca o estojo de óculos na mesa e colocava um pedaço de
pão e uma pequena tigela com uva passa.

Depois disso, pegava esta uva e começava a apertá-la entre os


dedos até conseguir alguma gota de vinho que, em casos
excepcionais, é válida para celebrar a Eucaristia.

O arcebispo recorda que, por vezes, para fugir do perigo de que


um olhar do seu companheiro de cela pudesse surpreendê-lo,
tinha que celebrar deitado na cama, de noite: “com as Sagradas
Espécies sobre a minha cama, transformada em altar”.

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17/12/2014
‘A MINHA CAMA COMO ALTAR’

Veja as memórias de um sacerdote perseguido


pelo socialismo na União Soviética
No dia 9 de novembro foi comemorado o 25º aniversário da queda do
Muro de Berlim, terrível barreira cinza que cortava o coração da
Europa.

Como herança ainda permanecem hoje alguns fragmentos de


cimento na capital alemã e os testemunhos daqueles que
pessoalmente estavam envolvidos na exasperação ideológica
daquelas décadas de ódio.
A batalha organizada pelo comunismo internacional contra o
cristianismo é um dos aspectos mais hediondos do século XX,
que se revela em todo o seu realismo percorrendo a longa lista de
mártires, incluindo milhares de sacerdotes diocesanos e
religiosos, entre leigos e seminaristas, além de uma centena de
bispos e quatro cardeais.

A história que Mons. Sigitas Tamkevičius, agora bispo de Kaunas


(Lituânia), narrou a José Miguel Cejas no livro “El baile tras la
tormenta” (A dança depois da tempestade), oferece informações
valiosas sobre a realidade de um sacerdote na União Soviética. O
site Alfa y Omega propôs um trecho sobre a detenção, o posterior
interrogatório e a prisão do então padre Sigitas.

O padre jesuíta foi parado pelas autoridades soviéticas,


juntamente com seus outros irmãos em 1983. “Subindo a van
da KGB, subiu-me um suor frio – diz mons. Tamkevičius -.

Os porões da prisão, com os corredores estreitos, os tetos


altos, mal iluminados por lâmpadas fracas, com manchas de
umidade e fissuras, não inspiravam a serenidade”.

Diante de um austero funcionário e com uma forte luz nos olhos,


o atual arcebispo deu os seus dados, os quais não deixaram
nenhuma dúvida ao agente: “Uau! Você é Sigitas, do Comitê para
a Defesa dos Crentes, que faz propaganda anti-soviética contra o
Estado”, exclamaram.

O que realmente interessava a eles – hoje revela o arcebispo – não


era a sua participação no Comitê, mas a publicação da revista A
Crônica da Igreja na Lituânia,uma revista organizada por
Tamkevičius com outros quatro sacerdotes e enviada também
para o exterior.

O objetivo desta publicação – em acordo com o bispo mons.


Vicentas Sladkevicius – era o de informar o mundo sobre os
assédios aos quais eram submetidos os eclesiásticos e os
praticantes católicos na União Soviética.

Proibidas catequeses e conferências, era assim sufocado todo


desejo de evangelização. Durante as Missas, então, estava sempre
presente algum espião do Governo que tomava notas sobre
homilias e verificava que entre os presentes não houvesse
ninguém além dos habituais idosos.

Denunciar esta situação além da cortina de ferro, evidentemente,


preocupava os funcionários comunistas. Como diz mons.
Tamkevičius “, oito oficiais começaram a me interrogar um dia
sim, um dia não.

Não podia imaginar que aquele interrogatório continuaria por seis


meses!”. Um longo período durante o qual – acrescenta o prelado
– “Deus me deu a força para não trair ninguém (…), nem sequer
nos momentos de maior fraqueza”.

O arcebispo explica que muitos, escutando o seu testemunho,


perguntam-lhe como é que foi possível resistir. A cada um deles
explica que o mérito não está nas suas forças, mas sim na sua
perseverança na fé. Aí está o segredo da salvação de mons.
Tamkevičius.

Embora confinado em um canto escondido de uma cela,


privado de tudo, este sacerdote conseguiu assim mesmo
celebrar a Eucaristia.

“Na prisão, consegui comprar um pouco de pão e verifiquei que


era de trigo. Faltava-me só o vinho; em uma carta pedi à minha
família uva passa seca.
A partir daquele momento tinha só que encontrar o melhor
momento. Sabia que o meu companheiro de cela, como acontecia
no geral, era um criminoso comum, ao qual foi prometido reduzir
a pena, caso tivesse fornecido algumas informações
comprometedoras sobre mim”.
Bom momento que só acontecia quando o seu companheiro de
cela dormia. Naquele momento o sacerdote, de costas para a
porta, coloca o estojo de óculos na mesa e colocava um pedaço de
pão e uma pequena tigela com uva passa.

Depois disso, pegava esta uva e começava a apertá-la entre os


dedos até conseguir alguma gota de vinho que, em casos
excepcionais, é válida para celebrar a Eucaristia.

Excepcional era também a alegria que enchia a alma de mons.


Tamkevičius naqueles momentos.“Experimentava uma alegria
maior do que a que tinha provado a primeira vez que celebrei a
Missa na catedral de Kaunas”.

O arcebispo estava convencido de que era devido ao fato de


que “Deus me confortava e me consolava”; presença que
estava “do meu lado, de forma inefável”.

Daí a sua “força especial” escudo vital capaz de rejeitar qualquer


tentação de desconforto. O arcebispo recorda que, por vezes, para
fugir do perigo de que um olhar do seu companheiro de cela
pudesse surpreendê-lo, tinha que celebrar deitado na cama, de
noite: “com as Sagradas Espécies sobre a minha
cama, transformada em altar”.

Essas são as recordações de mons. Tamkevičius, que


representam um pedaço daquele período de perseguição anti-
cristã, durante o qual, no entanto, “os braços de Jesus me
sustentavam”.

Fonte: blog.comshalom.org

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