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Cadeira de Biologia
do Comportamento Animal
4º Ano
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia
stenioevaldet@gmail.com
Prefácio
Caro Estudante;
Presado Leitor!...
Foi por pensar em ti, amante, estudante de Biologia de um modo geral, e do Instituto
Superior Mutassa em particular, que de forma simples e criteriosa se elaborou o presente
Brochura, o qual, pela honra de o dignifica-lo, o mesmo recai em suas belas mãos. Trate-o e
manuseie-o bem, fazendo o total proveito do mesmo. Ele não constitui o único material de
consulta para o estudo desta Cadeira. Poderá de forma livre e abrangente contactar os
diferentes recursos disponíveis ao seu redor para melhor se interagir sobre a BCA. Como
Estudante do 4º ano, com uma larga experiência e maturidade de fazer as tais consultas
de forma científica, pois em “Ciência não existe o impossível, mas sim o difícil”. Desta forma,
não torne esta Cadeira como a mais difícil para o seu curso, pois, ela trata de um modo
científico o seu ser do dia-a-dia, a natureza de relacionamento que enfrentas no
ambiente. Nesta vertente, a Biologia de Comportamento Animal facilitar-lhe-á na
perceção das regras de interação sobre Si mesmo, com seus parceiros e com o ambiente.
De salientar que o trabalho em seu poder, não constitui uma obra totalmente acabada. Para
tal, de acordo com as suas análises como leitor poderá, criticá-lo e até mesmo melhorá-lo de
modo a permitir uma diversidade e abrangência científica. Para o efeito, serviram como para
sua elaboração dependeu os manuais da UCM, UP, entre outros.
Aquele abraço!...
Msc. Octávio R. Rosério
2018
Índice
Unidade I ........................................................................................................................................ 4
1. Introdução a Biologia de Comportamento .................................................................................... 4
Elaborado por Msc. Octávio Renato Rosério 2
ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
Unidade II ....................................................................................................................................... 8
2. Bases Fisiológicas do Comportamento ......................................................................................... 8
2.1. Descrição anatómica do Sistema Nervoso (SNC) ................................................................. 15
2.2. Fisiologia dos órgãos Sensoriais ........................................................................................... 16
2.2.1. Classificação Anatômica Baseada nos giros e sulcos...................................................... 18
2.3. Comportamento Motivado ................................................................................................... 21
2.4. Questões para reflexão .......................................................................................................... 22
Unidade IV .................................................................................................................................... 29
4. Comportamento animal e Evolução dos animais ....................................................................... 29
4.1. Evolução e Adaptação do Comportamento animal .............................................................. 29
4.1.1. Mecanismos de Isolamento............................................................................................. 30
4.2. Desenvolvimento Ontogénico do Comportamento .............................................................. 31
4.3. Questões para reflexão .......................................................................................................... 32
Unidade V ..................................................................................................................................... 32
5. Orientação animal no espaço ...................................................................................................... 32
5.1. Classificação, formas e mecanismos de orientação no espaço ............................................. 33
5.2. Questões para reflexão .......................................................................................................... 35
Unidade VI .................................................................................................................................... 36
6. Comportamento e Ecologia ......................................................................................................... 36
6.1. Etoecologia ............................................................................................................................ 36
6.2. Novo Paradigma epistemológico e Metodológico ................................................................ 37
6.3. Evolução Natural dos Comportamentos .............................................................................. 38
6.4. Comportamentos e Domesticação ........................................................................................ 39
6.5. Questões para reflexão .......................................................................................................... 39
Bibliografia................................................................................................................................... 74
Unidade I
Biologia é a ciência que estuda a vida e os organismos vivos. A biologia está dividida em vários
campos especializados que abrangem a morfologia, fisiologia, anatomia, comportamento,
evolução e distribuição da matéria viva, além dos processos vitais e das relações
entre os seres vivos, (PIRES, 1998).
Para o autor acima, o estudo do Comportamento Animal é uma ponte entre os aspectos
moleculares e fisiológicos da biologia e da ecologia. O comportamento é a ligação entre
organismos e o ambiente, e entre o sistema nervoso e o ecossistema. O comportamento é uma
das propriedades mais importantes da vida animal. O comportamento tem um papel
fundamental nas adaptações das funções biológicas. O comportamento é como nós definimos
nossas próprias vidas. O comportamento representa a parte de um organismo através da qual ele
interage com o ambiente. O comportamento é parte de um organismo tanto quanto sua pele,
suas asas etc. A beleza de um animal inclui seus atributos comportamentais.
O Comportamento é a forma como os animais se comportam na sua vida e nas suas acções.
Portanto, a palavra pode ser usada como sinónimo de conduta ou postura. Neste sentido, a
comportamento refere-se às acções das pessoas em relação ao seu meio envolvente ou ao seu
mundo de estímulos (GATTERMANN et al. 1993)..
O comportamento das espécies é estudado pela etologia, que pertence tanto à biologia como à
psicologia experimental. Para a psicologia, o conceito só se aplica relativamente a animais com
sistema cognitivo suficientemente complexo. Nas ciências sociais, por outro lado, a
comportamento inclui aspectos genéticos, culturais, sociológicos e económicos, para além dos
aspectos psicológicos (GATTERMANN et al. 1993).
Pode-se dizer que o comportamento é o conjunto de comportamentos observáveis numa pessoa.
Divide-se em três áreas: a mente (que inclui actividades como pensar, sonhar, etc.), o corpo
(comer, falar) e o mundo externo (apresentar-se a uma reunião/consulta, conversar com
amigos).
A Biologia do Comportamento constitui, hoje, uma nova disciplina, cujas tarefas situam-se entre
a Fisiologia animal e a Ecologia. Enquanto que a Fisiologia animal, como ramo da Fisiologia,
investiga processos fisiológicos complexos que regulam as funções vitais do organismo como um
todo, a Ecologia abarca as interacções entre o organismo e o ambiente, com base nas quais
os próprios processos fisiológicos evoluiram, num processo de selecção natural. A maior
pressão da selecção natural no contexto de evolução adaptativa dos principais processos
fisiológicos, recaiu, sem dúvida, sobre (1) a troca de substâncias, (2) a troca de energia, (3)
a troca de informações e (4) a mudança de forma (Fisiologia do desenvolvimento) , e, todas
estruturas e sistemas do organismo evoluiram no sentido de consubstanciarem a evolução
destes fenómenos fisiológicos. A Ecologia pode ser definida como ciência que estuda as
interacções e inter -relações dos organismos entre si e destes com o ambiente inanimado que
os rodeia. Assim nota-se o sentido do posicionamento da Biologia do Comportamento entre a
Fisioloa animal e a Ecologia, uma vez que ela procura analisar e compreender os mecanismos
que regulam e determinam as relações recíprocas entre o fisiológico e o ambiente com base na
troca de informações. Na sua evolução histórica a Biologia do Comportamento passou pela
Psicologia animal do sec. XIX. A partir de WUNDT no sec. XIX, completa desenvolveu-se a
Psicologia comparada. Princípios da Psicologia foram usados para a percepção do
comportamento animal. WUNDT postulava, mais ou menos, que “(...) a perceção da alma do
animal só pode partir da percepção da alma do Homem e não o contrário”.
SPALDING (1873) com os resultados dos seus trabalhos sobre aprendizagem baseada na
estampagem de pintos também influenciou a evolução da etologia. Por seu turno, MORGAN
(1896) trouxe, pela primeira vez, uma clara distinção entre características herdadas e
características adquiridas do comportamento, que ele chamou de modos comportamentais
inatos e aprendizados. Os aprendizados, segundo ele, servem para o melhoramento do
inato. Foi também nesta altura que investigadores de campo, tais como os PECKHAM,
FABRE e WASMANN deram o seu grande contributo a caminho da definição clara da nova
disciplina biológica, a Etologia.
Para todos eles estava claro que tudo o que o animal faz deve chamar-se hábitos. Um hábito
pode ser definido, hoje, como conjunto de modos de comportamento. A disciplina que se
ocupa do estudo destes modos de comportamento chama-se Etologia SCHAXEL (1924) dizia:
“O conjunto de todas acções específicas que ocorrem na vida de cada indivíduo são
resumidos num sistema típico de acções”.
GUNTERTEMBROCK, 1992
Unidade II
Em muitas ocasiões foi dito que o comportamento animal demonstra uma organização no tempo
e no espaço. De resto, trata-se de um aspecto de organização hierárquica complexa que implica o
funcionamento coordenado dos três vectores descritos acima. Isto pressupõe que algures no
organismo, existam mecanismos de integração que ordenam e coordenam os diferentes
Elaborado por Msc. Octávio Renato Rosério 8
ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
Os conceitos básicos de ambas as formas de estudos psico-fisiológicos são (1) a impressão, (2)
a sensação e (3) a percepção. A impressão define-se como sendo a unidade básica, a forma
mais simples da Fisiologia sensorial subjectiva, elemento da experiência sensorial. Uma
dessas impressões seria, por exemplo, o gosto doce. O organismo animal nunca recebe essas
impressões isoladamente, mas sim como somatório de muitas e variadas impressões que
chamamos de sensação sensorial : “sinto gosto de maçã azeda”, é uma expressão que traduz
melhor o sentido desta explicação. Acima de uma sensação forma-se um significado, uma relação
com o passado ou com a experiência e aprendizagem, do que resulta a percepção.
Cada sensação e as reacções do sistema nervoso a ela subordinadas têm quatro dimensões
básicas, a saber a dimensão de espaço, dimensão de tempo, a dimensão de qualidade e a
dimensão de intensidade. As duas primeiras dimensões ordenam as sensações nas estruturas
de tempo e espaço do nosso corpo e do ambiente. É deste modo que alguém pode localizar com
certa exactidão o local da dor e, igualmente, ser capaz de dizer quando é que ele sente a dor.
Relativamente ao tempo, a pessoa pode ainda dizer a duração da sensação, bem como a
periodicidade com que ele sente a dor. A periodicidade, por sua vez, subentende os
intervalos entre a dor. Falamos neste sentido de outras qualidades da dimensão tempo dos
organismos. As duas dimensões ocorrem em toda matéria, sendo assim, podem ser encontradas
na Fisiologia sensorial “objectiva”, onde o objectivo traduz o sentido de que elas ocorrem
independentemente da nossa existência e vontade, i.e., do sujeito. Mais em diante fala-se da
modalidade dos estímulos e sua forma de acção.
Dependendo da sua guarnição sensorial, os animais recebem informações diferentes sobre o seu
meio. Isto quer dizer que no mesmo meio animais podem receber informações diferentes e,
consequentemente, demonstrarem reacções e comportamentos também diferentes. Isto significa
que existem estímulos adequados e receptores adequados. Nós os humanos não conseguimos
perceber a luz ultravioleta e não recebemos os sons ultra-sonoros do morcego, de igual modo que
não sentimos campos eléctricos e magnéticos.
detectar sons no campo ultra-sonoro, abelhas vêm luz ultravioleta, determinadas serpentes
reagem à gradiente de temperatura de aprox. 0,05ºC. A maior parte de mamíferos trabalha
muito bem com os seus órgãos olfatórios do que o Homem. A capacidade dos órgãos dos
sentidos de um animal está adaptada às exigências do meio em que vive. Nesta adaptação a
pressão exercida pelas relações predador-presa jogou um papel evolutivo importante.
2. Tele-receptores:
Receptores do infra-vermelho;
Mecano-receptores;
Cromo-receptores;
Electro-receptores;
Foto-receptores
O sentido vibratório é uma forma especial do sentido de tacto. O seu estímulo adequado é a
energia mecânica oscilatória que é transmitida ao rececptor no toque directo com um objecto
com oscilação rítmica, ou através de um meio oscilatório, no campo proximal. Nos vertebrados
os receptores vibráteis são idênticos aos mecanoreceptores.
A recepção de informações está relacionada com as modalidades dos estímulos, cada uma
delas com receptores específicos:
1. Modalidade gustativa;
2. Modalidade olfatória (acção telequímica);
3. Modalidade de tacto;
4. Modalidade de dor;
5. Modalidade de temperatura;
6. Modalidade auditiva;
7. Modalidade óptica;
8. Também pode incluir-se nesa classificação a modalidade para campos electro-
magnéticos, dos quais as aves se servem durante as migrações e muitos peixes usam na
sua orientação no meio.
modalidades podem actuar em simultâneo, de tal modo que o resultado disso seja, por exemplo,
a sensação de objecto amarelo, frio e áspero. Nisto tudo, o tempo actua como uma dimensão
intermodal. Do ponto de vista da Física, o tempo constitui um continuum infinito. Nos seres
vivos, porém, ele é quantificado e o resultado é a duração de um evento, a sua repetição, sua
ritmicidade e frequência.
A determinação do vector do estado interno pelas dimensões do corpo, por exemplo, pode ser
entendida se observarmos a relação que existe entre a dimensão do corpo e a frequência
cardíaca, frequência respiratória ou ainda a emissão de sons.
Paralelamente a sua determinação por estes factores constitucionais, o vector do estado interno
pode ainda ser determinado por outros diferentes factores, a saber:
As funções das células nervosas (neurónios) e a condução de impulsos;
O Sistema Nervoso Vegetativo (autónomo);
O Sistema Nervoso Central;
Os mecanismos de regulação endócrina.
Praticamente, os principais aspectos fisiológicos deste vector foram mencionados atrás. Sob o
ponto de vista funcional o aspecto fulcral do vector do estado interno situa-se nos eventos
fisiológicos que tocam processos vegetativos e que possuem um alto grau de autonomia.
Exemplos para isso são a micção e a defecação, os chamados reflexos genitais, assim como
mecanismos de comando de comportamentos que, no caso dos vertebrados, provêm do tronco
encefálico (Truncus encephali (Fig. 67), cujas funções, entre outras, são:
Coordenação de movimentos;
Registo de vivências corpóreas importantes (exemplo, dor);
Comando de processos vegetativos;
Homeostase;
etc.
Na evolução histórica dos animais, o pressuposto básico para o controlo do vector de entrada
pelo vector do estado interno foi a formação cerebral. TEMBROCK (1992), citando COOLS
(1984), diz que os comportamentos, assim como a instância cerebral a eles supra ordenada,
demonstram uma organização hierárquica. Para COOLS existem três propriedades
características da organização cerebral que são:
1. O extremo grau de liberdade na programação de cada estado comportamental baseado
em substratos neuronais totalmente diferentes;
2. A falta, em princípio, de uma representação cerebral do comportamento no nível acima
do inferior na organização hierárquica;
3. A capacidade para uma activação gradual de níveis de alta ordem durante a
ontogénese, a maturação e em situações, nas quais ocorre uma perturbação de um
determinado nível não pode ser compensada por sinais de entrada.
Às funções do tronco cerebral juntam-se as das substâncias neuronais específicas, tais como a
Noradrenalia, uma substância que serve de transmiter (transmissor) em todas terminações pós
ganglionares na região do Sistema Nervoso Simpático (Sympaticus, Sistema Nervoso
Vegetativo).
O Hipotálamo dos vertebrados tem um valor central uma vez que ele é responsável pela
regulação do meio interno, a homeostase, a qual deve estar adaptada (no sentido de sintonizar)
ao ambiente através do comportamento. Estimulações do Hipotálamo podem liberar no
animal determinados comportamentos, o que nos leva a subordiná-los ou a relacioná-los a ele.
Exemplos:
1. Reacção de defesa;
2. Reacção de fuga;
3. Reacção de ataque;
4. Reacção de ingestão de alimentos e água;
5. Reacções sexuais;
6. Comportamentos termoreguladores.
Em todo o reino animal existem substâncias liberadas pelas células nervosas. Em invertebrados,
praticamente todos os processos fisiológicos são influenciados por tais substâncias, enquanto
que nos vertebrados elas funcionam mais na regulação da homeostase. No cérebro dos insectos
as neurossecreções localizam-se mais na região anterior, por exemplo, no Pars intercerebralis,
parte do cérebro ligada à inervação dos ocelos.
A Neurohipófise dos vertebrados produz também muitas hormonas, cuja secrecção é regulada
pelo Hipotálamo. Podemos alistar neste grupo a Oxitocina, cuja secrecção durante o parto
libera o comportamento de ligação mãe-filho dos mamíferos e actua na actividade de secrecção
da glândula mamária. As glândula endócrinas funcionam pelo princípio de feedback.
São estes processos que, no seu conjunto, tornam, de um lado, os movimentos possíveis, e, do
outro lado, possibilitam uma coordenação motora, conforme constata VON HOST (1960). As
diferentes formas de coordenação motora, por sua vez, tornam possível, por exemplo, a marcha, o
voo, a natação, e outras formas de locomoção de animais que exigem certa coordenação do
motor nos diferentes níveis e graus de liberdade no espaço. Padrões motores como resultado de
uma coordenação da actividade muscular no tempo e no espaço são possíveis, nos mamíferos, ao
nível do sistema extrapiramidal, enquanto nos vertebrados inferiores o controlo reside ao
nível do tronco encefálico, sobretudo da medula espinal que coordena o motor da cabeça e do
tronco. Com base nisto tornam-se possíveis movimentos elementares. Resultam também destes
sistemas os mecanismos basais de domínio do corpo e de orientação primária.
Os mamíferos possuem, além do que foi dito, outros dois mecanismos motores, nomeadamente
1) os chamados Movimentos de correção, como ajuste às forças perturbadoras do ambiente e do
próprio corpo do indivíduo e 2) os movimentos de coordenação (coordenação com processos de
excitação no sistema nervoso vegetativo, execução de movimentos voluntários, cujos impulsos
provêm de regiões motores do córtex cerebral). No Homem estes sistemas ganharam nova
qualidade com o desenvolvimento da consciência.
O tálamo contém células nervosas que levam a informação de quatro sentidos (visão, audição,
paladar e tato) para o córtex cerebral. Sensações de dor, temperatura e pressão também são
Tronco encefálico
O tronco encefálico é a região responsável por muitas funções básicas como o controle da
respiração, batimentos cardíacos e o diâmetro de vasos sanguíneos.
Medula espinhal
A medula espinhal está relacionada a aferência sensorial, a organização dos reflexos e a
referência motora somática e autonômica. Cerebelo O cerebelo coordena as instruções para o
controle motor e para manter o equilíbrio e a postura corporal. Há evidências também de que o
cerebelo possa armazenar uma sequência de instruções para movimentos realizados com
frequência e movimentos repetitivos.
Lobo frontal
O lobo frontal abriga a área motora responsável pelo planeamento e execução dos atos
motores voluntários. A faculdade de planeamento, representação mental do mundo externo,
produção da fala, comportamento emocional e personalidade também são atribuídos aos lobos
frontais Lobo parietal O lobo parietal está envolvido na recepção e processamento das
informações sensoriais do corpo.
Lobo temporal
Os lobos temporais estão relacionados à memória, à audição, ao processamento e percepção
de informações sonoras, capacidade de entender a linguagem e ao processamento visual de
ordem superior. Lobo occipital Os lobos occipitais são especializados no processamento e na
percepção visual.
O cérebro consiste de grandes regiões, cada uma responsável por algumas das atividades vitais.
Estas incluem o tronco encefálico, o sistema límbico, o cerebelo, o diencéfalo e o córtex cerebral.
O tronco encefálico, situado acima da medula espinhal é a região responsável por muitas
funções básicas como o controle da respiração, batimentos cardíacos e o diâmetro dos vasos
sanguíneos. Esta região é também importante para o controle dos movimentos. Muitos nervos
da face e da cabeça tem sua origem na ponte e estes nervos regulam alguns movimentos dos
olhos, expressão facial, salivação e paladar. Juntos com os nervos da medula espinhal, os nervos
da ponte também controlam a respiração e o senso de equilíbrio do corpo.
O hipocampo está localizado na base do lobo temporal do córtex cerebral, perto de muitas
associações nervosas. Seu nome se deve à sua semelhança ao formato de um cavalo-marinho
(“hipo” = cavalo). O hipocampo, assim como outras partes do sistema límbico, trocam sinais
constantemente com todo córtex cerebral. Tem sido demonstrado que o hipocampo é uma
estrutura importante para a consolidação da memória recente.
O cerebelo não é, portanto, somente o iniciador dos movimentos, mas um local para a
reorganização e refinamento das instruções para os movimentos. Existem evidências também, de
que o cerebelo armazena uma sequência de instruções para movimentos realizados
frequentemente e movimentos repetitivos.
O diencéfalo que está localizado em posição inferior aos hemisférios cerebrais, contém o
tálamo e o hipotálamo. O tálamo consiste de duas massas ovais, cada uma encaixada em um
hemisfério cerebral, ligados por uma ponte. Ele contém células nervosas que levam a informação
de quatro sentidos (visão, audição, paladar e tato) para o córtex cerebral. Somente o sentido de
olfato envia sinais diretamente para o córtex, sem passar pelo tálamo. Sensações de dor,
temperatura e pressão também são enviadas através do tálamo.
O hipotálamo, apesar de seu tamanho relativamente pequeno (do tamanho da unha do polegar)
controla uma série de funções vitais. No sistema autônomo, o hipotálamo estimula os músculos
lisos (vasos sanguíneos, estômago, intestino) e recebe impulsos sensoriais dessas áreas. Também
apresenta importante papel na regulação de hormônios, temperatura corporal, glândulas
adrenais e muitas outras atividades vitais.
Córtex Cerebral
Córtex Cerebral Significa casca. É uma camada de substância cinzenta que cobre todo o
telencéfalo Composto por substância cinzenta (2 a 4mm) e substância branca adjacente (que une
diferentes áreas). É uma das mais importantes áreas do SN. É a mais recente estrutura na
história da evolução do cérebro (neocortex) Funções Responsável pelo pensamento, funções
cognitivas, processos de percepção e a capacidade de produzir e entender a linguagem Local de
chegada de todas as vias da sensibilidade que aí se tornam conscientes e são interpretadas Emite
impulsos que comandam os movimentos voluntários.
O córtex fica interligado pela substância branca subjacente: É constituída de mielina e podem ser
classificadas em 2 grupos:
a) Fibras de projeção que Ligam o córtex às estruturas subcorticais;
b) Fibras de associação que Ligam áreas corticais situadas em diferentes áreas do cérebro
e podem ser:
b.1) Fibras de associação inter-hemisféricas: ligam áreas dentro do mesmo hemisfério e
formam fascículos;
b.2) Fibras de associação inter-hemisférica: ligam áreas simétricas dos dois hemisférios
unem-se para formar 3 comissuras:
Fórnix: conexão entre os 2 hipocampos;
Comissura anterior: liga os lobos temporais e bolbos e tratos olfatórios.
Corpo Caloso: permite a transferência de conhecimentos e informações de
um hemisfério para o outro Grande parte das fibras que se dirigem ao córtex
ou que dele saem passa pela cápsula interna, onde estão agrupadas as fibras
relacionadas com a sensibilidade e a motricidade do todo o corpo.
Uma lesão nessa região pode provocar sintomas extensos, com prejuízos sensoriais e motores na
metade contra lateral do corpo, comumente vistos nos acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Classificação das áreas corticais como o córtex não é homogêneo em sua extensão,
permite a visualização de várias áreas.
a) Lobo Frontal porção anterior de cada hemisfério cerebral abriga a área motora (responsável
pelas instruções nos movimentos), responsável pelo planeamento e execução dos atos motores
voluntários. Possui a área responsável pela produção da fala, localizada no giro frontal inferior,
no hemisfério que é dominante para a linguagem (quase sempre o hemisfério esquerdo). A
capacidade de planeamento, representação mental do mundo externo, comportamento
emocional e personalidade também são atribuídos aos lobos frontais
b) Lobo Parietal Abriga a área somestésica, envolvida no processamento dos sinais que vêm das
sensações;
c) Lobo Temporal contém centos auditivos, responsável pela interpretação e associação de
informações auditivas (compreensão da linguagem) e visuais (reconhecimento de faces);
d) Lobo Occipital Principal área responsável pela visão e coordenação dos movimentos oculares;
Divisão mais aceita é a de Brodmann classificação funcional 1861: Broca: relação de lesões em
áreas restritas do lobo frontal com a linguagem falada Fritsh e Hitzig: estimulação eléctrica em
áreas do córtex de cão movimento de certas partes do corpo áreas funcionais devem ser
consideradas como especializações funcionais e não como compartimentos isolados e estanques
de acordo com a função geral, pode-se distinguir 2 áreas no córtex:
a) Áreas de projeção: são as que recebem ou dão origem a fibras relacionadas diretamente
com a sensibilidade e com a motricidade lesões nessas áreas podem causar paralisia podem ser
divididas em: áreas sensitivas primárias, ligadas diretamente à sensibilidade e motricidade;
A classificação de Brodmann: divide o córtex em 52 regiões diferentes, cada uma designada por
um número. Áreas Sensitivas primárias Área somestésica (áreas 3, 2,1) de Brodmann, giro pós-
central Chegam impulsos nervosos relacionados à temperatura, pressão, do e propriocepção
lesões nessa área podem causar:
Incapacidade de discriminar 2 pontos, perceber movimentos de partes do corpo,
reconhecer diferentes intensidades de estímulos, perda da esterognosia (capacidade de
reconhecer objetos colocados na mão);
Estimulações nessa área causa sensação de formigamento Área Visual (área 17) de
Brodmann processamento da visão Lesão causa cegueira e estimulação causa
alucinações visuais area auditiva (área 17) de Brodmann lesão causa surdez e
estimulação causa alucinações auditivas area vestibular localizada no lobo parietal,
região próxima ao território da área somestésica correspondente à face. Responsável
pela informação da posição e movimento da cabeça Área Olfatória Ocupa pequena área
no ónus e giro-parahipocampal- área 34 Pequena em humanos Estimulação pode
causar alucinações olfatórias Área Gustativa Àrea 43 de Brodmann Área motora
primária Área 4 de Brodmann, na região do giro pré-central. Estímulos elétricos
aplicados nessa região provocam o aparecimento de movimentos em partes específicas
da metade oposta do corpo Somatotopia.
O hipotálamo, através de seus neurônios associados com as glândulas sudoríparas da pele, pode
promover a perda de calor aumentando a intensidade de perspiração. Por outro lado, o
Elaborado por Msc. Octávio Renato Rosério 19
ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
hipotálamo, quando a temperatura corpórea abaixa da faixa ideal, contrai os vasos sanguíneos,
diminui a velocidade de perda de calor e causa um início de calafrios (que produz uma pequena
quantidade de calor). O hipotálamo também é o centro de controle da fome e da sede. Em
animais de experimentação, danos nessa porção do cérebro são associados com excessiva
ingestão de alimentos e obesidade. A glândula pituitária responde a sinais do hipotálamo na
produção de hormônios, muitos dos quais regulam a atividade de outras glândulas: o hormônio
tireóide-estimulante, o hormônio adrenocorticotrófico, prolactina e hormônios sexuais folículo-
estimulante (FSH) e luteinizante (LH).
A glândula pituitária também produz muitos hormônios com efeitos gerais: hormônio de
crescimento (GH), hormônio melanócito-estimulante e o neurotransmissor dopamina. Nos
humanos, o córtex cerebral ocupa volume de aproximadamente 600 cm3 e área superficial de
2500 cm2, correspondendo por cerca de dois terços da massa encefálica e é dividido em dois
hemisférios (esquerdo e direito).
A superfície do córtex é altamente convoluta e está dobrada em cristas conhecidas como giros.
Os giros estão separados por ranhuras, chamadas de sulcos (se forem rasas) ou fissuras (se
profundas). O córtex é a parte mais desenvolvida do cérebro humano e é responsável pelos
pensamentos, funções cognitivas, processos de percepção e a capacidade de produzir e entender
a linguagem. É também a mais recente estrutura na história da evolução do cérebro.
O córtex cerebral pode ser dividido em áreas que têm função específica. Por exemplo: existem
áreas envolvidas nos processos de visão, audição, tato, movimentos e olfato. Outras áreas são
responsáveis pelo pensamento e raciocínio. Muitas funções como o tato são encontradas em
ambos os hemisférios do cérebro. Algumas funções são encontradas somente em um dos
hemisférios do cérebro. Por exemplo, na maioria das pessoas, a habilidade da linguagem
somente é encontrada no hemisfério esquerdo. O córtex cerebral também pode ser subdividido
em quatro principais setores ou lobos, incluindo os lobos frontal, parietal, temporal e occipital.
Apesar de haver alguma sobreposição de tarefas (funções) entre os lobos, cada um é conhecido
por uma ou duas funções específicas. Lobo frontal: o lobo frontal abriga a área motora
(responsável pelas instruções nos movimentos), responsável pelo planeamento e execução dos
actos motores voluntários. Ademais, a área responsável pela produção da fala está localizada no
sulco frontal inferior, no hemisfério que é dominante para a linguagem (quase sempre o
hemisfério esquerdo). A faculdade de planeamento, representação mental do mundo externo,
comportamento emocional e personalidade também são atribuídos aos lobos frontais.
Lesões bilaterais nessa parte do cérebro podem ser produzidos por doença ou por lobotomia
frontal. Essas lesões produzem deficiência da atenção, dificuldade para solucionar problemas e
comportamento social inadequado. O comportamento agressivo também fica reduzido e perde-
se o componente motivacional-afetivo da dor, embora a sensação de dor permaneça. Lobo
parietal: Esse lobo está envolvido no processamento dos sinais que vêm das sensações. A
informação visual oriunda do lobo occipital atinge o córtex parietal de associação e também o
lobo frontal e ela auxilia na orientação visual dos movimentos voluntários. Lobo occipital:
Os lobos occipitais são especializados nos processos intrincados da visão. Os campos
oculares occipitais afetam os movimentos dos olhos, controlando os movimentos
convergentes, constrição e acomodação pupilares;
Lobo temporal: Os lobos temporais estão relacionados à memória, à audição, ao
processamento e percepção de informações sonoras e à capacidade de entender a
Motivação é um termo amplo para todos processos que podem iniciar, dirigir e sustentar um
comportamento. Forças que agem sobre o organismo iniciando e dirigindo um comportamento.
Dinâmicas de comportamento que podem iniciar, dirigir e sustentar um comportamento. Por
que iniciamos, persistimos, focamos e paramos nosso comportamento?
Por outras palavras, podemos dizer que motivo é algo psicológico que induz ao animal para
exercer uma actividade, ou aderir uma atitude. Pode-se Concluir que Motivo é uma
necessidade ou desejo que provoca o início e dá direção a um comportamento
visando um objectivo.
Incentivo
Incentivo é um estímulo, objecto, condição ou significação externa que atrai a direção do
comportamento. O incentivo pode-se classificar em:
Incentivo positivo: Atrai o indivíduo e o estimula na busca (alimento, dinheiro,
sucesso);
Incentivo negativo: Repele o indivíduo e provoca nele afastamento e/ou
evitamento (dor, sofrimento, isolamento social). A motivação diz respeito à todo o
processo.
Fases da motivação
Activação (início)
Persistência (direção de esforço)
Intensidade (foco de sustentação)
Desta forma, pode-se definir o comportamento motivado como uma forma que
um animal reage e interage no seu meio para alcançar de seu interesse ou
defender-se de algum obstáculo.
O hipotálamo pode ainda ser dividido em áreas, que seriam estas o hipotálamo anterior, o
hipotálamo medial e o hipotálamo lateral. O anterior está ligado ao sistema endócrino na
produção de hormônios, também agindo no controle de neurônios pré ganglionares simpáticos e
parasimpáticos, e como um centro termoregulador. O hipotálamo medial está ligado com as
respostas comportamentais críticas para a homeostasia comportamental.
Unidade III
Mendel decidiu estudar o mesmo problema. O primeiro cuidado que teve foi selecionar
devidamente o material de estudo; para isso, estabeleceu alguns critérios e procurou materiais
que se lhes adequassem. Tais critérios consistiam principalmente em encontrar plantas de
caracteres nitidamente distintos e facilmente diferenciáveis; que essas plantas cruzassem bem
entre si, e que os híbridos delas resultantes fossem igualmente férteis e se reproduzissem bem; e,
por fim, que fosse fácil protegê-las contra polinização estranha. Baseado nesses critérios, depois
de várias análises, Mendel escolheu algumas variedades e espécies de ervilhas (Pisum
sativum), conseguindo um total de sete pares de caracteres distintos.
Chama-se de linhagem os descendentes de um ancestral comum. Mendel observou que as
diferentes linhagens, para os diferentes caracteres escolhidos, eram sempre puras, isto é, não
apresentavam variações ao longo das gerações. Por exemplo, a linhagem que apresentava
sementes da cor amarela produziam descendentes que apresentavam exclusivamente a semente
amarela. O mesmo caso ocorre com as ervilhas com sementes verdes. Essas duas linhagens
eram, assim, linhagens puras. Mendel resolveu então estudar esse caso em específico.
A flor de ervilha é uma flor típica da família das Leguminosae. Apresenta cinco pétalas, duas
das quais estão opostas formando a carena, em cujo interior ficam os órgãos reprodutores
masculinos e femininos. Por isso, nessa família, a norma é haver autofecundação; ou seja, o grão
de pólen da antera de uma flor cair no pistilo da própria flor, não ocorrendo fecundação
cruzada. Logo para cruzar uma linhagem com outra era necessário evitar a autofecundação.
Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semente amarela e outros de semente
verde, emasculou as flores ainda jovens, ainda não-maduras. Para isso, retirou das flores
as anteras imaturas, tornando-as, desse modo, completamente femininas. Depois de algum
tempo, quando as flores amadureceram, polinizou as flores de ervilha amarela com o pólen das
flores de ervilha verde, e vice-versa. Essas plantas constituem portanto as linhagens parentais.
Os descendentes desses cruzamentos constituem a primeira geração em estudo designada por
geração F1, assim como as seguintes são designadas por F1, F2, F3, etc..
Lei da dominância
A lei da dominância afirma que todos os descendentes de progenitores que diferem em
apenas uma característica terão o fenótipo de apenas um deles, o dominante. A outra
característica é chamada recessiva, e só se manifesta caso ambos os factores sejam recessivos.
Lei da segregação
A lei da segregação afirma que fatores determinam uma característica e que quando da
formação dos gâmetas, os progenitores segregam os factores aleatoriamente de modo que cada
gâmeta possui apenas um deles. Ou seja, cada descendente possui um factor vindo de um
progenitor, e um segundo vindo do outro progenitor.
Todas as sementes obtidas em F1, foram amarelas (por serem dominantes e as verdes
recessivas), portanto iguais a um dos pares. Uma vez que todas as sementes eram iguais, Mendel
plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem, se autofecundassem, produzindo assim
a geração F2. As sementes obtidas na geração F2 foram verdes e amarelas, na proporção de 3
para 1, sempre 3 amarelas para 1 verde. Inclusive na análise de dois caracteres simultaneamente,
Mendel sempre caía na proporção final de 3:1. Para explicar a ocorrência de somente sementes
amarelas em F1 os dois tipos em F2, Mendel começou admitindo a existência de fatores que
passassem dos pais para os filhos por meio dos gâmetas. Cada fator seria responsável pelo
aparecimento de um caráter.
Assim, existiria um fator que condiciona o caráter amarelo e que podemos representar por A
(maiúsculo), e um fator que condiciona o caráter verde e que podemos representar por a
(minúsculo). Quando a ervilha amarela pura é cruzada com uma ervilha verde pura, o híbrido F1
recebe o factor A e o factor a, sendo portanto, portador de ambos os fatores. As ervilhas obtidas
em F1 eram todas amarelas, isso quer dizer que, por ter o factor A (maiúsculo), esse se
manifestou, sendo assim chamado de "dominante". Mendel chamou de "recessivo" (a)
(minúsculo) o fator que não se manifesta em F1. Utiliza-se sempre a letra do carácter recessivo
para representar ambos os caracteres, sendo maiúscula a letra do dominante e minúscula a do
recessivo.
Continuando a análise, Mendel contou em F2, o número de indivíduos com caráter recessivo, e
verificou que eles ocorrem sempre na proporção de 3 dominantes para 1 recessivo. Mendel
chegou a conclusão que o fator para verde só se manifesta em indivíduos puros, ou seja com
ambos os fatores iguais à a (minúsculo). Em F1 as plantas possuíam tanto os fatores A quanto o
fator a sendo, assim, necessariamente amarelas. Podemos representar os indivíduos da geração
F1 como Aa (heterozigoto e, naturalmente, dominante). Logo para poder formar
indivíduos aa (homozigotos recessivos) na geração F2 os gametas formados na fecundação só
poderiam ser aa. Esse fato não seria possível se a geração desse origem a gâmetas com fatores
iguais aos deles (Aa). Isso só seria possível se ao ocorrer a fecundação houvesse uma segregação
dos factores A e a presentes na geração F1, esses fatores seriam misturados entre os
factores A e a provenientes do pai e os fatores A e a provenientes da mãe. Os possíveis
resultados sendo: AA, Aa e aa.
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre durante a formação dos
gâmetas. Mendel havia criado então sua teoria sobre a hereditariedade e da segregação dos
factores.
Lei da segregação independente
A lei da segregação independente afirma que uma característica é herdada
independentemente de outra característica. Ou seja, durante a formação
dos gâmetas, os factores que determinam cada uma das características são
segregados independentemente.
Mendel em seus experimentos também cruzou plantas que diferiam em relação a dois pares de
alelos. Neste cruzamento, que objetivava esclarecer a relação de diferentes pares de alelos, ele
cruzou plantas que possuíam sementes amarelas e lisas com plantas que possuíam sementes
verdes e rugosas. A progênie F1 resultante entre o cruzamento dos progenitores homozigotos é
formada por híbridos (heterozigotos) para dois pares de genes. A progênie F1 (GgWw) é formada
por diíbridos e, por extensão, o cruzamento GGWW x ggww é um cruzamento diíbrido. Sabia-se,
graças à experiências anteriores, que os alelos que determinavam sementes amarelas e lisas eram
dominantes e sobre seus respectivos alelos, que produziam sementes verdes e rugosas. Assim,
considerando que dois deles tinham as seguintes informações:
Carácter cor dos cotilédones já tinha sido observado que o padrão amarelo (V)
apresentava dominância sobre o padrão verde (vv);
Carácter aspecto da casca da semente neste caso, já se observa que o padrão de casca
lisa (R) era dominante sobre o tipo casca rugosa (rr).
Os cruzamentos foram realizados no mesmo esquema da elaboração da primeira lei. A geração
parental (P) utilizava duas plantas homozigóticas para as características estudadas, assim uma
duplo-dominante (AA) era cruzada com um duplo-recessiva (aa). Desse cruzamento surgiu um
híbrido heterozigótico (Aa). Mendel selecionou dois caracteres das sete estudadas na primeira lei
para comparação, ervilhas amarelas (AA) e lisas (BB) (duplo-dominante) e ervilhas verdes (aa) e
rugosas (bb) (duplo-recessiva). No primeiro cruzamento (F1) todas as ervilhas obtidas eram
amarelas (Aa) e lisas (Bb). Na segunda geração (F2) foram obtidas ervilhas amarelas (A) e
lisas(B), amarelas (A) e rugosas (bb), verdes(aa) e lisas(B) e verdes (aa) e rugosas (bb), na
proporção, respectivamente, 9:3:3:1 (P)AA/aa + BB/bb (F1) AAxaa=Aa BBxbb=Bb (F2) Aa x Aa
= AA/Aa/Aa/aa Bb x Bb = BB/Bb/Bb/bb
Cruzamentos possíveis de todos os gâmetas obtidos
AaBb X AaBb
Gâmetas AB Ab aB ab
AB AABB AABb AaBB AaBb
Ab AABb AAbb AaBb Aabb
aB AaBB AaBb aaBB aaBb
ab AaBb Aabb aaBb aabb
Proporção 9/16 AB 3/16 Ab 3/16 aB 1/16 ab
Desta modo, na geração F2 constata-se a existência de quatro fenótipos distintos, sendo dois
idênticos da geração parental e dois novos (Abb e aaB). Todos os resultados confirmaram que
os genes de cada caracter passavam de forma independente do demais, ou seja, o fenótipo
dominante - amarelo - não era transmitido obrigatoriamente com o fenótipo dominante - liso, o
mesmo ocorreu com a transmissão dos fenótipos recessivos - verde e rugoso - para os
descendentes.
Mecanismos hereditários não previstos por Mendel
Co-dominância
Alelos múltiplos
Genes Letais
Embora as conclusões de Mendel tenham se baseado em trabalhos com uma única espécie de
planta, os princípios enunciados nas duas leis aplicam-se a todos os organismos de reprodução
sexuada. Pode-se tomar como exemplo um caso de herança animal.
Mendel criou a base da genética moderna. Embora seus estudos tenham permanecidos
obscuros até o século XX eles influenciaram a biologia como um todo dando origem a todos os
estudos posteriores sobre hereditariedade e genética.
Herança Poligénica ocorre quando vários pares de genes interagem para determinar uma
característica, cada um com efeito aditivo sobre o outro. Graças a esse tipo de interação existe
uma variedade muito grandes de fenótipos e genotipos para algumas características. A interação
desses fenótipos com o meio ambiente aumenta ainda mais essa variação, como é o caso da cor
da pele e altura das pessoas, etc.
3.4.Comportamento e ambiente
Pesquisas básicas, realizadas por Arthur Hasler, sobre a migração de salmões à nascente onde
eclodiram, iniciaram-se há 40 anos, e têm nos ensinado muito sobre os mecanismos da
migração. Essas informações também têm sido importantes na preservação da indústria do
salmão no noroeste do Pacífico e as aplicações dos resultados de Hasler levaram ao
desenvolvimento de indústria de pesca do salmão nos Grandes Lagos. A pesquisa básica sobre o
Comportamento Animal pode ter importantes implicações econômicas.
A conservação de espécies ameaçadas de extinção requer que nós saibamos bastante sobre o
comportamento natural dessas espécies (padrões migratórios, tamanho de território, interações
com outros grupos, demandas de forrageio, comportamento reprodutivo, comunicação etc.) para
criar reservas e medidas efetivas de proteção. A relocação ou reintrodução de animais (tal como
no caso do mico-leão dourado) não é possível sem um conhecimento detalhado da história
natural da espécie. Com a crescente importância dos programas ambientais e manejo pelo
homem de populações de espécies raras, tanto no cativeiro quanto no ambiente natural, a
pesquisa do comportamento aumenta em sua relevância. Muitos conservacionistas de renome
têm um conhecimento considerável sobre o Comportamento Animal ou Ecologia
Comportamental.
Em ciência biológica, a palavra “Hibrido” significa diferenca. Nesta optica, em qualquer área do
conhecimento para se descobrir uma diferenca énecessario que se aplique alguns métodos, de
modo a aferir a veracidade de um facto ou mesmo objecto.
Os grandes investigadores na área biológica, como o Darwin, por exemplo usaram muitos
métodos nas seus trabalhos sobre hereditariedade, de modo descobrir e analisar os resultados
que ele obtinha nas suas investigações. Desta, feita para afererir a filogénese de um determinado
objecto, ser vivo ou fenómeno usa-se o método “comparativo”, para:
conhecer e conhecer-se: comparar ajuda a conhecer o outro na medida em que se
deixam de lado estereótipos do senso comum e ajuda a conhecer-se pois a análise dos
demais permite precisar aquilo que constitui nossa própria identidade.
compreender: comparar permite compreender/interpretar, ou seja, interpretar o que
quer dizer política neste ou naquele lugar sem se limitar à concepção universalista ou
etnocêntrica.
relativizar: comparar nos leva a abandonar nosso léxico político, nossas teorias, nossos
determinismos e preconceitos.
liberar: liberar do etnocentrismo e do peso do universal e do uniforme. Ao demonstrar a
pluralidade, o método comparativo destaca a importância do acontecimento, da
invenção, da ruptura, da mobilização e da ação, revelando que, se as trajetórias de
desenvolvimento político são diferentes.
Unidade IV
Segundo o evolucionista Charles Darwin, no decurso da evolução de uma espécie existe uma
interação especial entre as modificações de natureza causal e processos de selecção. O
organismo está submetido a dois ambientes: biogeocenose (habitat com toda cadeia de factores
bióticos e abióticos) e população. O genótipo faz parte de gen pool de uma unidade reprodutiva
(população), na qual só diferentes genes se manifestam de forma diferenciada. O genótipo
confronta-se com o ambiente onde ele que assegura a satisfação das exigências individuais
ecológicas e populacionais. As modificações genéticas são caracterizadas por mutações e
recombinações onde os mecanismos de selecção actuam sobre o fenótipo.
Aves de construção de ninhos durante o período de corte, uma das finalidades dos
comportamentos de construção de ninhos é acelerar a sincronização do status de pré-disposição
para toda a cadeia de comportamentos reprodutivos dos quais a construçãode nihos faz parte. Os
elementos da ritualização são:
a) Substrato morfológico.
b) Motivação.
c) Tempo e espaço
A ritualização começa ao nível do comportamento de entrada, onde ela modifica os mecanismos
de filtração dos órgãos de sentido e atinge o nível efector (comportamento de saída) onde
igualmente modifica os padrões de motor. As modificações devem se adaptar aos receptores e
estes aos sinais.
Para decurso da ontogênese, existe uma cadeia de factores ou questões importantes que
merecem atenção, porque determinam o início e decurso da ontogênese, podemos destacar:
1. Desenvolvimento do próprio indivíduo: estrutura e função, troca de informações e de
substâncias;
2. Relações com organismo-mãe: relacionamento fisiológico e interação comportamental
intensiva que vai até aos cuidados com a prole.
3. Relacionamento com a biogeocenose através de troca de substâncias e informações;
4. Interacções com individuos da população que podem atingir níveis complexos como é o
caso de interacções eubissociais. Dentro desta análise, existem aspectos importantes para
compreender a ontogênese do comportamento:
Desenvolvimento do comportamento durante o tempo de existência do indivíduo,
mais ou menos no sentido de processos de maturação e formação de vários tipos de
comportamento.
A influência que o próprio comportamento exerce sobre o desenvolvimento,
considerando que entende-se por desenvolvimento uma modificação no tempo
decorrente de processos combinados de crescimento e diferenciação.
Unidade V
Orientar-se faz parte das características elementares de todos seres vivos. A orientação compõe-
se de duas formas básicas: orientação no espaço e orientação no tempo. Ambas as formas
de orientação constituem condição fundamental para a existência dos seres vivos.
Saber orientar-se é uma condição para assegurar o habitat, os alimentos, a reprodução, etc. Isto
explica também a razão da magnitude dos órgãos e sistemas de orientação desenvolvidos pelos
animais a diferentes níveis de organização e que, logicamente, resultaram de um longo processo
evolutivo. Também a orientação de insectos tem estado no centro das atenções dos cientistas.
Numa linguagem da Fisiologia, dir-se-ia que os receptores respondem apenas aos estímulos
adequados, i.e., estímulos com a forma energética adequada ao limiar de excitação. Só em casos
muito raros é que estímulos liberam respostas que têm um carácter reflexivo, exactamente
quando existem relações anatómicas entre o receptor e o órgão efector. Muito mais frequentes
são os chamados estímulos-sinais, aos quais mecanismos liberadores inatos localizados no SNC
respondem, liberando determinados movimentos instintivos de orientação.
Uma vez que cada organismo está adaptado ao seu habitat, o valor da orientação torna-se mais
claro. Ela possibilita que o organismo tome sob controlo individual o seu habitat adequado, ou
pelo menos ele poderá ser capaz de procurar um outro idêntico àquele, quando ele, por um
motivo qualquer, é obrigado a deixar o habitat inicial. Neste habitat o animal encontra alimento,
parceiro sexual, condições climáticas adequadas não só para ele como também para as suas
crias. Ele consegue muito mais. Consegue avaliar e determinar o tempo local, por forma a saber
quando procurar o parceiro. A este conjunto de capacidades, sejam elas inatas ou produto de
experiência individual, chamamos orientação. Esta, pode ser orientação no espaço ou
orientação no tempo. A orientação no espaço subdivide-se em uma orientação relativa ao
corpo e relativa ao espaço externo ao corpo.
Uma orientação relativa ao corpo, i.e., destinada a manter equilíbrio do corpo no espaço chama-
se orientação primária, É, pois, esta orientação que nos faz saber que o peixe que flutua
passivamente à superfície da água com o corpo orientado lateralmente está morto. Pois, o peixe
vivo sabe fazer uso de estímulos do próprio corpo através dos próprios receptores (receptores de
forças magnéticas e de pressão), o que coloca o seu corpo na posição de natação activa.
Também o labirinto auditivo dos vertebrados pode ser contado na mesma classe de receptores.
Trata-se, por assim dizer, de uma orientação que garante o domínio do próprio corpo do
indivíduo.
O que se disse antes pode ser resumido no seguinte: orientação é o posicionamento espacial
direccionado de um organismo ou de partes deste no campo dos estímulos ambientais. Nas
plantas os processos de crescimento estão orientados para uma determinada direcção espacial
segundo a estimulação. Os movimentos das plantas (sem deslocamento) estão direccionados à
uma fonte de estímulos, são os chamados de tropismos (do Grego: he tropós, direcção, lugar).
Tal como nas plantas, encontramos tropismos em animais de vida séssil. Tropismos parecem
ter sido desenvolvidos devido a pressão da selecção natural sobre o uso efectivo do factor luz e
isto deve ter-se dado primariamente com plantas inferiores providas de receptores sensíveis à
luz. Plantas superiores direccionam também o seu crescimento à luz. LOEB publicou em 1890 o
seu livro intitulado “Der Heliotropismus der Tiere und seine Übereinstimmung mit dem
Heliotropismus der Planzen1” que teve continuidade numa série de publicações sobre tropismos
e outras formas de orientação. Ela ocupou-se muito com os mecanismos de orientação em
plantas, mas sobretudo em animais, com acentuada crença de que “todos os movimentos de
animais são determinados por forças internas e externas”.
O conceito de tropismo foi tomado e conservado pelos botânicos para sua aplicação concernente
aos movimentos de crescimento orientados à fonte de estímulo. Para esporos, algas e flagelados
móveis intruduziu-se o conceito de taxia(s), que, mais tarde, foi reivindicado pelos zoólogos para
sua aplicação limitada em animais. De facto, hoje, em organismos de vida livre, os movimentos
no espaço direccionados à uma fonte de estímulos chamam-se no seu todo táxias (do Grego: he
táxis, o posicionamento), por exemplo, o movimento de um insecto em direcção à fonte de luz.
FRANCK (1985) prefere diferenciar entre a parte dos movimentos direccionados e não
direccionados à fonte de luz e, só os primeiros designá-los de táxias. São exemplos dos últimos
movimentos simples do corpo ou de partes que não têm em vista a orientação do organismo à
fonte de estímulos, levantar o braço, por exemplo.
As táxias são também chamadas de tactismos na língua Portuguesa e acha-se melhor adoptar
esta terminologia daquí em diante. Na sua orientação os animais podem direccionar-se e mover-
se para a fonte do estímulo, ou ainda afastar-se desta. No primeiro caso falamos de reacção
positiva, ou tactismo positivo.
Segundo a diversidade de formas de movimentos que podemos observar nos animais, sua
motivação e liberação, encontramos o termo tactismo (taxia) a ser usado em cada vez mais novas
ligações, definições e contextos. Assim, distinguem-se as seguintes formas de tactismos:
Fototactismo: a fonte de estímulo é a luz. Tratando-se de luz polarizada falamos de
polarotactismo. Se o estímulo consiste em astros, então falamos de astrotactismo;
Quimiotactismo: a fonte de estímulo é química, trata-se de um gradiente químico;
Hidrotactismo: a fonte de estímulo é a humidade;
Fonotactismo: a fonte de estímulo é o som, sinais sonoros; orientação pelo êco e por
sinais vibratórios;
Geotropismo: a fonte de estímulo é a força de gravidade;
Magnetotropismo: a fonte de estímulo são campos magnéticos;
Galvanotropismo ou electrotropismo: a fonte de estímulo são campos eléctricos;
Reotropismo: a fonte de estímulo são correntes de água;
Anemotropismo: a fonte de estímulo são correntes de ar;
Termotropismo: a fonte de estímulo é o gradiente;
Tigmotropismo: a fonte de estímulo é o tacto.
Por vezes, os animais tendem a estabelecer um determinado ângulo entre a fonte do estímulo, o
ponto de partida para a orientação e a meta. Eles, muitas vezes, também servem-se de marcos do
ambiente, os chamados marcos de orientação, ou então são outros corpos do universo que
servem de marcos de orientação, os astros, por exemplo. É sobejamente sabido que os animais
utilizam o compasso solar para sua orientação. Este tipo de mecanismos de orientação é
designado por menotáxias ou menotactismos. Aves costeiras que vivem em grandes
colónias, por exemplo, usam marcos ambientais de orientação para encontrarem os seus ninhos.
Se afastarmos os objectos mais notórios do ambiente (pedras, troncos, arbustos, etc) induzimos
ao êrro a ave que retorna ao seu ninho.
Quando a orientação por marcos ambientais está estritamente relacionada com a capacidade de
aprendizagem do animal falamos de mnemotáxias ou mnemotactismo (do Grego: he
mnéme, a recordação, a memória). Tais marcos ou sinais memorizados podem ser cheiros do
próprio indivíduo, como acontece nas formigas. A formiga deixa sinais ao longo da sua
deslocação que lhe servirão de marco de orientação ao retornar à toca.
forma especial e também a mais complexa dos mecanismos de orientação no reino animal
encontramos nos organismos migratórios, a chamada orientação migratória. É uma orientação
ao serviço da migração para destinos por vezes desconhecidos. Trate-se ou não de um destino
(des)conhecido, do organismo exige-se:
Descoberta de direcção, determinar o curso da orientação;
Determinar a distância a ser percorrida;
Encontrar o local objectivado ou chegar ao destino.
1. Porquê obrigatoriamnte associamos o espaço com o tempo numa orientação? Aplique estes
conhecimentos para analisar as relações predador-presa, no contexto de dinâmica
populacional?
2. Descreva as componentes de uma orientação primária,
3. Pesquise os mecanismos de orientação por eco em diferentes grupos de organismos.
4. Encontre exemplos e explique a forma de funcionamento de:
Fototactismo;
Quimiotactismo;
Hidrotactismo.
Unidade VI
6. Comportamento e Ecologia
Segundo os autores acima, a Física, a Química e Matemática podem também colocar a mesma
questão. O que acontece é que elas, como ciências naturais, vão responder sem o conteúdo
evolucionário. A área de pesquisa parece estar clara: como e para quê o comportamento evoluiu
num determinado contexto ecológico. Quem nunca questionou-se, porquê o camaleão locomove-
se lentamente, sabendo-se que seus predadores não são lentos; ou, porquê o camaleão muda de
cor e toma a cor do substrato. Estas questões perseguem-nos sempre que analisamos
comportamentos de animais. Estas e outras questões consubstanciam a cadeira biológica
chamada Etoecologia, que do ponto de vista de paradigma e de metodologia está estritamente
ligada à Sociobiologia e Etologia.
6.1. Etoecologia
ao ambiente com que um determinado organismo interage num determinado momento da sua
ontogénese, na actualgénese. Lembremo-nos que o organismo, assim como o ambiente que o
rodeia são produtos de uma evolução e ambos expressam em Ecologia uma coevolução. A
Etoecologia estabeleceu-se na década 70 como disciplina científica da Biologia do
Comportamento, com origem na Sociobiologia. Como é que a pressão exercida pela selecção
natural beneficiou um determinado comportamento relativamente à outros, eis a questão
central da Etoecologia.
A partir da frase da Teoria de Darwin sobre a selecção natural – “na natureza prefere-se
sobrevivência dos que mais podem” - poderia esperar-se que estruturas e funções estivessem
adaptadas às condições de selecção natural, de tal modo que correspondem uma vantagem
individual de seus portadores. Mas o que acontece é que cada capacidade adaptativa não só traz
ganhos (vantagens), como também causa-lhe prejuízos (custos). As vantagens de uma
característica adaptada devem sobrepor-se aos seus custos.
Do ponto de vista funcional e ecológica, o comportamento das espécies evoluiu no sentido de (1)
elevar a probabilidade de encontro com a presa através de aumento da superfície de contacto e
(2) poupar no máximo a energia gasta na construção através do aumento periódico do mesmo
funil, (3) a prática de egoísmo alfruitismo, entre outras atitudes comportamentais, de modo a
lhes facilitar a sua sobrevivência o ambiente em que vivem.
Existem três tipos de estratégias que, certamente poderão ter evoluído como autapomorfias de
modo independe umas das outras, ou poderão ter-se desviado de formas ancestrais próximas
(apomorfias), ou ainda poderão ter-se originado de modificações de comportamentos existentes
(simplesiomorfias). De facto, como realça PIRES (2000), existem espécies de construção
obrigatória, que nunca são epiterrestres e ficam ancoradas no funil. Existem outras que nunca
constroem e capturam sua presa de modo activo, procurando a presa (Inglês, prey searching).
Por último, estão os que tanto constroem para capturar a presa, como ainda podem procurar e
capturar a presa activamente, fora da armadilha que, no dizer do autor, são os de estratégia mista
ou de construção facultativa.
PIRES (2006) assume que a estratégia de construção de armadilha seja uma novidade evolutiva
desenvolvida a partir de indivíduos predadores activos, uma característica que se manteve na
espécie de estratégia mista. Sendo assim, as espécies de construção obrigatória forma com as de
construção facultativa um monofilo e a concordância evolutiva é do tipo sinapomórfico.
Descarta-se assim a possibilidade de tratar-se de simplesiomorfia ou convergência.
Tal como acontece com processos filogenéticos de indução natural, a domesticação, quer de
plantas, quer de animais, levou à evolução de muitas espécies. Através da análise de
modificações ocorridas em indivíduos domesticados é possível o aprofundamento da nossa
compreensão sobre os processos de evolução das espécies. Animais resultantes da domesticação
diferem bastante das suas formas selvagens em uma série de propriedades e características
morfológicas, anatómicas, fisiológicas e comportamentais. As características dos indivíduos
domesticados podem ser chamadas de características ou propriedadas da domesticação.
Ela abarca, por conseguinte, não só aspectos fenomenológicos, como também as bases
biológicas (morfo-anatómicas e genéticas) e ambientais sobre as quais o comportamento
assenta”.
1. Escolhe um dos seguintes problemas comportamentais e discuta com base em argumentos
etoecológicos e de Sociobiologia:
Porquê morrer pelo outro, i.e. porquê praticar o altruísmo?
Porquê matar um irmão, i.e. porquê praticar o fratricídio?
Porquê copular com parente próximo, i.e. porquê praticar o incesto?
Unidade VII
7. Sociobiologia
Esta unidade trata assuntos sobre algumas teses centrais da Sociobiologia, algumas das quais
foram, num passado muito recente, pontos de debate e de incompreensões entre diferentes
disciplinas das ciências filosóficas, humanas e sociais e mesmo em relação à Etologia clássica,
sua disciplina-mãe.
A força motriz para este processo evolutivo é a “luta pela existência”. Cada ser vivo luta pela sua
própria conservação, numa luta em que os “fracos ficam pelo caminho” e apenas os capazes
sobrevivem. Deste modo funciona a selecção natural que, segundo SPENCER pode ser descrita
como “survival of the fitness”, que foi tomando, mais tarde, por DARWIN. Estas teorias não
podiam estar completas se não tivesse havido uma conjugação com as teorias da Genética das
Populações, no que ficou conhecido como Neodarwinismo, nos meados do sec. XX. Esta teoria
também pode ser chamada de Teoria Evolucionária de Weizman. Ela também deve ser
diferenciada da Teoria Sintéctica da Evolução, que une as ideias de Darwin com as principais
teses da Genética e da Biologia das Populações.
Um dos principais representantes contemporâneos desta nova teoria é E. MAYR Outros cientistas
directa ou indirectamente relacionados com ela são: B. RENSCH, R. R IEDLE F. M. W UKETITS
que lançaram a teoria dos sistemas e veêm na evolução um fenómeno complexo de “feed back” e
interações. Partindo na definicao da evolução mais simplifica, pode-se dizer: “Todos indivíduos
variam nas suas características, cuja formação é influenciada por factores hereditários (genes).
De acordo com as condições ambientais eles reproduzem-se com sucesso diferenciado, aliás cada
gene tem uma adaptção ambiental diferente”.
A grandeza que é primariamente modificada pela selecção não é mais o indivíduo, como
postulava DARWIN, mas todo o conjunto do “genpool” da espécie, se definirmos a espécie como
todos os seres vivos que pertencem ao mesmo “genpool” e no acto da reprodução são capazes de
trocarem seus genes.
A Nova Síntese de WILSON liga os dois modelos e aceita que também o comportamento
subordina-se ao processo de evolução natural. A consequência desta posição será a assunção de
que o comportamento representa pelo menos uma componente do genótipo de um indivíduo que
procura maximizar o seu fitness (do indivíduo em causa). Assim, a Sociobiologia aplica estrita e
consequentemente a teoria neodarwiana na análise dos comportamentos sociais.
Ela não é, por conseguinte, uma nova teoria, mas sim uma nova disciplina mista, também
chamada Disciplina de Wilson, que sintentiza resultados e princípios da Teoria evolutiva,
Biologia das populações, Etologia, Biometria, Etnologia e Antropologia com o objectivo de
esclarecer comportamentos sociais. Os sociobiolólogos procuram esclarecer o desenvolvimento
do comportamento animal na evolução através da selecção natural. Eles questionam:
Como é que, sob determinadas condições de evolução, surgiu o comportamento social?
Porque é que, sob determinadas condições, um comportamento pode sobrepor-se aos
outros e evoluir?
Isto mostra claramente que o seu interesse não se situa mais ao nível funcional, mas
sim ao nível causal. O seu tema não é a agressão como tal, mas sim o altruísmo
aparentemente sem benefício para o seu praticante. As seguintes questões consubstanciam a
principal tese da Sociobiologia:
Porquê certas aves alertam o grupo e colocam-se eles mesmos na situação de perigo?
Porquê animais praticam o investimento parental, minimizando a sua própria
vantagem?
Porquê é que surgiram inesctos trabalhadores estéreis em benefício de uma única rainha
“poedeira”? Todos outros dispensaram a sua própria reprodução.
Porquê parasitam certas aves ninhos de outras e obrigam-nas a inibirem sua
reprodução e a alimentarem o parasita? Um comportamento que se estende aos filhotes
recém eclodidos, osquais impiedosamente tratam de afastar os ovos restantes e os
respectivos filhotes eclodidos tardiamente em relação à ocupação do ninho. Este aspecto
foi reportado na Etoecologia.
Desta alistagem de pontos fulcrais de análise da Sociobiologia pode parecer um desinteresse pelo
conjunto dos fenómenos comportamentais que consubstanciam a vida social dos organismos. O
que pretendeu-se fazer, aqui, foi apenas salientar o lugar central que a Sociobiologia como nova
disciplina assume no conjunto das ciências naturais e sócio-culturais, para possibilitar ao leitor
um melhor direccionamento da discussão. Em seguida trata-se o comportamento social de forma
mais ampla.
Como se disse, foi NICO TINBERGEN que se ocupou com esta questão, quer em laboratórios,
quer em trabalhos de campo. Esta questão tinha sido posta de lado por não se considerar
científica. Por outro lado, a questão acerca do como é que um determinado comportamento
surge, passou a merecer interesse científico desde o desenvolvimento da Etofisiologia. Como
pode-se depreender, em ambos os casos, mas com ângulos de visão diferentes, trata-se de
questionar a causa dos comportamentos, é o nível causal.
sucesso e com isso não transmite seus genes às gerações futuras, o seu fitness genético é nulo.
Assim, a Sociobiologia procura demonstrar que estratégias comportamentais compensam-se
pelos ganhos no fitness do indivíduo. As estratégias comportamentais capazes podem também
ser chamadas de estratégias evolucionárias estáveis.
Mas todo o comportamento útil para a sobrevivência do indivíduo traz consigo também
desvantagens, por exemplo, por ele ser dispendioso tanto em termos de tempo, como do ponto
de vista energético, ou ainda porque a realização do comportamento pode representar perigo
para o indivíduo. Mais em diante dão-se alguns exemplo daquilo que a Etoecologia designa por
balanço-de-ganhos-e-perdas.
Desta forma, a tese sociobiológica em volta da selecção parêntesca se resume da seguinte forma:
“genes para comportamento altruísta só podem ser beneficiados pela selecção natural se k >
1/r, onde k é a relação entre o benefício dos beneficiários e perdas para o que despende o
benefício (altruísta) e r é o grau de parentesco entre os beneficiários e o altruísta, somado entre
os indivíduos que beneficiam do comportamento do altruísta.
De maneira mais pratica, “contorvesia” quer dizer crise. A crise da sociologia pode ser real ou
imaginária, mas não há dúvida de que tem sido proclamada por muitos. Em diversas escolas de
pensamento, em diferentes países, uns e outros colocam-se o problema da crise de teorias,
modelos ou paradigmas. Desde o término da Segunda Guerra Mundial, e em escala crescente nas
décadas posteriores, esse é um problema cada vez mais central nos debates. Além dos êxitos
reais ou aparentes, das modas que se sucedem, dos desenvolvimentos efetivos do ensino e
pesquisa, da produção de ensaios e monografias, manuais e tratados, subsiste a controvérsia
sobre a crise da explicação na sociologia.
Para Marshall, citado por PIRES (2009)“Os sociólogos não deviam despender todas as suas
energias na procura de generalizações amplas, leis universais e uma compreensão total da
sociedade humana como tal. Talvez cheguem lá mais tarde se souberem esperar. Nem re
comendo o caminho arenoso das profundezas do turbilhão dos fatos que enchem os olhos e
ouvidos até que nada possa ser visto ou ouvido claramente. Mas, acredito que haja um meio-
termo que se localiza em chão firme. Conduz a uma região cujas características não são nem
gargantuanas nem liliputianas, onde a sociologia pode escolher unidades de estudo de um
escopo manejável, não a sociedade, progresso, moral e civilização, mas estruturas sociais
específicas nas quais as funções e processos básicos têm significados determinados.
Essa controvérsia prossegue e generalizase. Torna-se uma onda. Bourricaud (1975, p. 584) critica
o “sociologismo”, o “hiperfuncionalismo” e o “realismo totalitário”. Afirma, entre outras
observações semelhantes, que “o realismo totalitário continua a constituir o modo de
interpretação ao qual, espontânea e implicitamente, recorre a maioria dos sociólogos radicais”.
TOURAINE (1984) dá continuidade à crítica dos “modelos clássicos”. Alega que se acham em
“decomposição”, já que se baseiam em conceitos insatisfatórios, tais como “funcionalismo”,
“modernização”, “sociedade” e outros. “Na realidade, o que esta sociologia denomina sociedade
não é senão a confusão de uma atividade social, definível em termos gerais - como a produção
indus trial ou o mercado -, e de um Estado nacional.
Cada geração de sociólogos tende “a identificar a sua época como um momento decisivo no
desenvolvimento da disciplina, para melhor ou para pior”. Em certos casos, no entanto, a crise
pode ser real, relativa a problemas de explicação, impasses teóricos. Inspirado nas reflexões de
Kuhn, sobre “ciência normal” e “revoluções científicas”, Merton chama a atenção dos
sociólogos para problemas de cunho epistemológico. “Os aspectos da sociologia que
supostamente fornecem os sinais e sintomas da crise são de natureza familiar - uma mudança
e choque da doutrina acompanhadas de uma tensão aprofundada, é algumas vezes conflito
exaltado, entre os praticantes do ofício. O choque implica a forte reivindicação de que os
paradigmas existentes são incapazes de resolver os problemas que deveriam, em princípio, ser
capazes de resolver” PIRES, (2009).
O objecto da sociologia, bem como das outras ciências sociais, envolve o indivíduo e a
coletividade, as relações de coexistência e seqüência, diversidades e antagonismos. Diz respeito a
seres dotados de vontade, querer, devir, ideais, ilusões, consciência, inconsciente, racionalidade,
irracionalidade. Os fatos e acontecimentos sociais são sempre materiais e espirituais, envolvendo
relações, processos e estruturas de dominação ou poder, e apropriação ou distribuição. Implicam
indivíduos, famílias, grupos, classes, movimentos, instituições, padrões de comportamento,
valores, fantasias. Esse é o mundo da liberdade e igualdade, trabalho e alienação, sofrimento e
resignação, ideologia e utopia.
Precisamente aí está uma das limitações de algumas teorias sociológicas contemporâneas. Não
levam em conta essa conquista do pensamento sociológico. Em busca de novas linguagens e da
redefinição do objeto da sociologia, sacrificam as tensões diacrônicas do real. Imaginam que as
configurações sincrônicas resolvem a diacronia, captando o momento do real, perdendo o
movimento do real.
Uma parte da controvérsia sobre paradigmas clássicos e contemporâneos passa pelo problema
da historicidade da realidade social. Entre os contemporâneos, são freqüentes as propostas
teóricas que simplesmente abandonam ou empobrecem a perspectiva histórica. Como se fosse
possível eliminar das relações, processos e estruturas de dominação e apropriação os seus
movimentos e as suas tensões. Como se a realidade social pudesse sempre resolver as- suas
diversidades, desigualdades e antagonismos no âmbito das configurações sincrônicas. Como se o
real não estivesse essencialmente atravessado pela relação de negatividade. Daí a imagem
abstrata, rarefeita, cerebrina que transparece em estudos como os do estrutural-funcionalismo
de Parsons.
A idéia-chave dessa teoria, como o leitor deve estar lembrado, é o ponto de vista de que para toda
sociedade existe certo número limitado de atividades necessárias, ou ‘funções’, tais como a
obtenção de alimento, o adestramento da próxima geração etc. e um número igualmente
limitado de ‘estruturas’, ou maneiras pelas quais a sociedade pode ser organizada para realizar
essas funções. Em essência, a teoria estrutural-funcionalista busca os elementos básicos da
sociedade humana, abstraída de tempo e lugar, junto com as regras de combinação desses
elementos. Dá a impressão de procurar algo na sociedade humana correspondente à tábua
periódica dos elementos na química.
7.1.4.1. Moral
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma palavra
relacionada com a moralidade e com os bons costumes. Está associada aos valores e convenções
estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência
individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos atos de paz e harmonia.
A moral orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pela sociedade ou
por determinado grupo social. Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o
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ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
comportamento moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar
social.
7.1.4.2. Ética
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é
derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esse
conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao
comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista, advogado, empresário,
um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões
como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética pública.
A ética pode ser confundida com lei, embora que, com certa frequência a lei tenha como base
princípios éticos. Porém, diferente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou
por outros indivíduos a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela
desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética.
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertentente profissional. Existem códigos
de ética profissional, que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua
profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma
sociedade próspera.
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na
obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética,
busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.
Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como costume, ou
hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a busca do
melhor estilo de vida. A ética abrange diversos campos, como antropologia, psicologia,
sociologia, economia, pedagogia, política, e até mesmo educação física e dietética.
7.1.5. Religião
Religião é uma fé, uma devoção a tudo que é considerado sagrado. É um culto que aproxima o
homem das entidades a quem são atribuídas poderes sobrenaturais. É uma crença em que as
pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas ou na fé, para superar o sofrimento e alcançar
a felicidade.
Todos os tipos de religião têm seus fundamentos, algumas se baseiam em diversas análises
filosóficas, que explicam o que somos e porque viemos ao mundo. Outras se sobressaem pela fé e
outras em extensos ensinamentos éticos.
Religião, no sentido figurado, significa qualquer atividade realizada com rígida frequência. Ex: Ir
para a academia todos os dia, para ele é uma religião.
a) Cristianismo
Cristianismo vem da palavra Cristo, que significa Messias, pessoa esperada, o redentor. É uma
doutrina que acredita que Deus é o criador do universo e de toda a vida do planeta. O
Cristianismo é um desdobramento do Judaísmo. Todas as formas de cristianismo obedecem às
mesmas escrituras, veneram o Deus de Israel e consideram Jesus como o Cristo, Filho de Deus e
Salvador da humanidade.
O cristianismo tem na Bíblia o livro sagrado dos cristãos e na Igreja o local da pregação dos
ensinamentos de Cristo, através de seus Sacerdotes. As principais religiões ligadas ao
Cristianismo são o Catolicismo, a Ortodoxa e o Protestantismo.
b) Catolicismo
Catolicismo é a religião dos cristãos, uma vertente do cristianismo, formado pela Igreja Católica
Apostólica Romana, que tem seu centro no Vaticano e reconhece a autoridade suprema do Papa.
O catolicismo é uma doutrina que além do culto a Jesus, enfatiza o culto a Virgem Maria e a
diversos Santos.
A religião católica ou catolicismo tem a Bíblia como seu Livro Sagrado, e através dele transmite
os ensinamentos do Evangelho de Cristo. O crucifixo é o símbolo maior da catolicismo, pois
simboliza a cruz na qual Jesus Cristo morreu.
O catolicismo é uma doutrina que acredita na preparação dos fieis para a salvação de sua alma,
que após a morte subirá ao paraíso, onde gozará o descanso eterno.
c) Religião Ortodoxa
Religião ortodoxa é uma doutrina que teve sua origem no cristianismo, com a divisão da Igreja
Católica em Católica do Ocidente e Ortodoxa do Oriente. A Igreja Ortodoxa é portanto um ramo
da Igreja Católica, com pequenas diferenças em seus dogmas.
A religião ortodoxa ou Igreja Católica Ortodoxa, se define como a correta e verdadeira Igreja
criada por Jesus Cristo, e que se manteve fiel a verdade, transmitida desde os Apóstolos até os
dias de hoje.
A Igreja Ortodoxa é formada por várias igrejas autônomas e Patriarcados autocéfalos, onde a
autoridade suprema é uma junta governante, o Santo Sínodo Ecumênico, onde a unidade tem
origem na doutrina, na fé, nos cultos e sacramentos.
d) Protestantismo
Protestantismo é uma religião que adotou as doutrinas desenvolvidas na Europa, no século XVI,
como resultado dos movimentos para reformar a Igreja Católica. O protestantismo é um dos
ramos do cristianismo, que surgiu do movimento que rejeitou a autoridade romana e estabeleceu
reformas nacionais em vários países do norte da Europa, como o Luteranismo na Suécia e parte
da Alemanha, o Calvinismo na Escócia e em Genebra e o Anglicanismo na Inglaterra.
Protestantes seriam então, aquelas igrejas oriundas da Reforma, que apesar de surgirem
posteriormente, obedecem aos princípios gerais do movimento reformista.
e) Judaísmo
O judaísmo é a religião dos judeus. É a mais antiga das religiões monoteístas do mundo. O
judaísmo acredita na existência de um único Deus, que criou o universo. De acordo com algumas
correntes do Judaísmo, Jesus Cristo foi um bom professor e para outros, foi um falso profeta.
Ao contrário do Cristianismo, o Judaísmo não vê Jesus como Filho de Deus, enviado para salvar
o ser humano. Por esse motivo, os crentes no Judaísmo esperam até hoje pelo enviado de Deus
para salvação do povo.
f) Islamismo
Islã é uma palavra árabe que significa submissão, aqueles que obedecem Alá. O islamismo foi
fundado pelo profeta Maomé, nascido em Meca, por volta de 570, na Arábia Ocidental. O que
aceita a fé do islamismo é chamado de muçulmano. O livro sagrado é o Corão, onde a palavra de
Deus foi revelada ao profeta Maomé. O templo é a mesquita.
Comportamento sociais evoluíram a partir de uma selecção natural. Tiveram que ser
seleccionados comportamentos que melhor adaptabilidade teriam para arealização dos seguintes
comportamentos:
Evitação de predadores (optimização da defesa);
Exploração de recursos alimentares (maximização dos ganhos);
Aprendizagem social
Regulação da temperatura;
Competição reprodutiva.
Existe um comportamento cooperativo e de interajuda na vida em grupos. Muitos animais estão
mais protegidos dentro de grupos sociais, por exemplo, porque o perigo (predador) é econhecido
mais depressa, ou por que este pode ser atacado mais facilmente em grupo, ou ainda porque a
fuga despolarizada do grupo (no sentido de orientação espacial multidirecçional) dificulta a
perseguição.
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ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
Na Biologia do Comportamento emprega-se muito o termo tradição, para designar tudo o que
se aprende de geração para geração, no contexto dos comportamentos sociais Uma outra função
biológica da vida social é certamente a de regulação da temperatura. As abelhas conseguem
regular a temperatura na colmeia pelo batimento rápido de asas.
Danos por deprivação surgem num período mais ou menos bem limitado, que vai do nascimento
até 5 anos. A pessoa de referência mencionada antes pode ser o dirigente do orfanato, pais
substitutos, outros membros da família, etc. É preciso notar que mesmo numa família normal, a
disputa de direitos de contacto com a criança acabam retirando-lhe a pessoa de referência.
A vida em grupos sociais pode ser definida por uma grande complexidade de interacções sociais
de um grupo de indivíduos da mesma espécie, determinado, de um lado, pelas potências
comportamentais e reprodutivas específicas e, por outro lado, condicionada pela distribuição e
abundância dos alimentos no tempo e espaço. A estrutura de um grupo social revela-nos o
conjunto de todas relações de coordenação e funcionamento de um grupo.
Comportamentos sociais transcendem os limites de espécie e vão até estruturas sociais inter-
específicas, como por exemplo, as hordas formadas por diferentes espécies de ungulados
(diferentes tipos de antílopes, zebras, etc.), incluindo a avifauna acompanhante, nas savanas
Africanas. Também as colónias de reprodução de áves aquáticas. Numa classificação simples,
grupos sociais de animais podem ser:
1. Agregações ou conglobações;
2. Grupos anónimos;
3. Grupos individualizados; e
4. Sociedades animais ou sociedades verdadeiras (eussociedades).
Porém, fica sem sentido biológico imaginar que os indivíduos que integram este tipo de grupos
sociais estejam totalmente isentos de interacções comportamentais. Gafanhotos predadores que
chegam a formar autênticas nuvens no céu não se reconhecem individualmente, mas interagem
de alguma forma. Hienas agregam-se para devorarem um cadáver e, assim que este acaba,
separam-se.
A agregação de serpentes em cavernas é mais um exemplo deste tipo de formação de grupos não
sociais. Elas agregam-se mais para a termoregulação, mais ou menos no sentido sinergético.
Outro exemplo é a agregação de Pinguíns ou abelhas. Também muitos peixes que formam
cardumes não se reconhecem mutuamente, embora formem grupos, cuja estrutura difere de
espécie para espécie, ou de acordo com a circunstância comportamental.
Na sociedade de insectos cada membro tem funções específicas e possui adaptações morfológicas
e fisiológicas que lhe permitem exercer tais funções. Os indivíduos de um estado de insectos
encontram-se divididos em castas: (1) casta de indivíduos estéreis (obreiras) e (2) casta de
indivíduos reprodutivos (fêmea que é apenas a rainha e vários machos).
A tarefa dos machos reprodutivos consiste apenas na fertilização da rainha. Depois do “voo de
núpcias”, os machos são expulsos do grupo, ou ainda mortos. A casta estéril tem as funções de
cuidar da prole, fazer limpeza, construir o ninho, etc. Em térmitas e outros insectos existem
ainda os soldados, aos quais cabe a tarefa de defender a sociedade ou escravizar outras espécies.
Os papéis de jogar e brincar nos animais tanto podem provir dos adultos para com os filhotes,
assim como podem reveler-se ao nível das crias. Tratando-se do adulto que insta os filhotes a
brincar, o comportamento chama-se matacomunicação.
É sabido que machos e fêmeas entram em conflito por várias razões. No entanto, uma das
possíveis fontes de conflito tinha sido, até hoje, ignorada: o sexo da descendência.
Para Darwin, citado por PIRES (2009), na natureza ocorrem conflitos sexuais que proporcioam
uma evolucao de especies e extincao das desfavorecidas. Este aspecto surge devido a idade, a
beleza do animal parceiro (a), a facicilidade manter a copula, limpesa, entre outros qualidades.
Conflito entre os sexos para que a reprodução sexual ocorre, precisa de existir 2 sexos Em muitas
espécies machos e fêmeas entramem conflito respeito ao seu investimento deesforço reprodutivo
- machos investem em oportunidades de copular - fêmeas investem diretamente nas proles esse
conflito se manifesta de várias forma em atributos associados ao sexo.
A vantagem que certos indivíduos possuem sobre outros do mesmo sexo e espécie somente com
respeito à reprodução. E para que ocorra o sucesso da reprodução esse tipo de comportamento
envolve desde procurar um lugar para aninhar, encontrar um companheiro até mesmo o
processo de criação da prole. E que muitas vezes envolvem a busca e a defesa de um determinado
Em algumas espécies é muito comum ter um(a) Alfa e somente este poderá reproduzir na sua
alcateia, no caso dos lobos. Em decorrência disso pode ocorrer muitos conflitos para assumir
este posto. Estes são muito violentos podendo ser até a morte Em leões quando outro macho
assume o colocação de líder ele mata os filhotes presentes neste bando, isto estimula as fêmeas
entrarem no cio e por sua vez produzir seus descendentes
Em outros casos, as femeas que atraem com muita facilidade os machos, recusam de manterem a
copula apos a sua fecundacao, ou mesmo durante o processo de cuidado dos seus filhotes. Elas
ficam mais atentos e preucupados com os seus descendentes, do que com os parceiros, criando
deste modo conflitos, que as vezes os machos agridem os filhotes como forma de descarga da
culpabilidade.
Contudo, os aspecto ora descritos acima contribuem para a seleccao natural. Visto que, os
machos com muita capacidade de manter a copula em situacoes em que as parceiras se recusam
conseguem manter a sua descendencia e os que não as têm, perdem a sua imagem nos processos
ligados a hereditariedade.
Os cuidados com a prole começam com o investimento parental, isso é, tudo o que os pais fazem
a favor da prole (filhotes, ninhada, filhos, etc.) e compreende uma espectro variado de
comportamentos que vão desde a produção de óvulos até à alimentação e socialização dos
filhotes.
No caso dos mamíferos, o investimento prossegue por longos anos. No Homem, por exemplo,
inclui-se a educação e a profissionalização dos jovens. Para todos os animais o investimento
consiste no tempo e energia gastos nos cuidados com a prole. Em muitos animais e em muitas
culturas humanas integram-se outros membros da família nos cuidados com a prole.
Na evolução filogenética dos organismos foi determinante que se tenham desenvolvido duas
estratégias básicas de investimento parental, que normalmente estão numa proporção
populacional de 1:1.
1. Enorme investimento parental em gâmetas, normalmente, poucos: o núcleo
celular está rodeado de muito plasma e de substâncias nutritivas nele contidas. Os
indivíduos que demonstram esta estratégia são designados de fêmeas;
Este aspecto teve como consequência que as fêmeas tivessem que gastar mais tempo e energia.
Enquanto isto, o número de filhotes gerados diminuia consideravelmente. À medida que os
organismos evoluíam e, em jeito de compensação da energia gasta no investimento parental, o
tempo que decorre de um investimento ao outro tornou-se mais espaçado, ou seja os
nascimentos tornaram-se mais espaçados. Contrariamente, a estratégia do macho consistiu em
utilizar toda a oportunidade que se lhe oferece para copular com o maior número.
A seleção sexual em geral ocorre em paralelo à seleção natural. Praticamente todas as espécies
animais possuem estratégias reprodutivas de competição. Essas estratégias de reprodução não
diferem muito das estratégias de sobrevivência e luta por recursos naturais. Agem de forma
similar, garantindo ao indivíduo maior ou menor sucesso competitivo na dinâmica de sua
população.
2. Canal mecânico:
a) Sinais tacto-mecânicos: os estímulos tácteis que actuam sobre o receptor, é o tacto,
no verdadeiro sentido da palavra;
b) Sinais vibratórios, transmitidos ao receptor através de um substrato com capacidade
de vibrar (comunicação entre diferentes tipos de insectos e aves);
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3. Canal eléctrico
a) Através de campos eléctricos proximais ou mesmo de contacto;
b) Através de campos eléctricos fracos que se propagam no meio.
4. Canal óptico
a) Sinais constitucionais do corpo (cores, padrões, formas);
b) Emissões constitucionais de luz através de órgãos luminosos:
c) Via simbiose;
d) Via metabolismo (Sistema-Luceferina-Luciferase)
e) Modificações constitucionais de natureza vegetativa (modificações no fluxo
sanguíneo, mudança de cores, etc.);
f) Padrões motores de indução do sistema nervoso central que têm sua origem na
ritualização (posições, movimentos, mímica, etc.
Para SILVANA (2007) existem muitas funções de comunicação animal. No entanto, apresenta
algumas que nos interessam:
acasalamento também podem incluir o uso de sinais olfativos ou chamadas únicas para
uma espécie;
Propriedade / território: Sinais utilizados para reivindicar ou defender um território,
comida ou um companheiro;
Sinais relacionados com alimentos: Muitos animais fazem "chamados de comida"
para atrair um companheiro, prole ou outros membros de um grupo social para uma fonte
de alimento. Talvez o sinal mais elaborado relacionado à alimentação seja a dança das
abelhas estudadas por Karl von Frisch. Os macacos Rhesus enviam chamadas de comida
para informar outros macacos de uma fonte de alimento para evitar a punição;
Chamadas de alarme: As chamadas de alarme comunicam a ameaça de um predador.
Isso permite que todos os membros de um grupo social (e às vezes outras espécies)
respondam em conformidade;
Meta-comunicação: Sinais que modificam o significado de sinais subseqüentes. Um
exemplo é o 'play face' em cães que sinalizam que um sinal agressivo subsequente é parte
de uma brincadeira em vez de um episódio agressivo e sério.
7.8.1. Competição
A teoria de Charles Darwin sobre a especiação, prega a seleção natural, mecanismo pelo qual a
natureza seleciona organismos mais capacitados a sobreviver em determinado ambiente.
Para que ocorra diferença entre um organismo e outro, deve haver a reprodução sexuada. Na
reprodução assexuada não existe intercâmbio genético. Assim, os organismos gerados serão
idênticos. Havendo reprodução sexuada, ocorreria a chamada variabilidade genética, e a seleção
natural atuaria eliminando os organismos menos aptos a sobrevivência em um ambiente. Mas, e
se a reprodução de um determinado grupo de organismo for assexuada, como poderia ocorrer
seleção natural? A resposta é simples, mutações, erros na transcrição ou na tradução do código
genético, o que ocasionaria organismos com diferentes códigos genéticos, e consequentemente, a
seleção natural poderia agir eliminando os organismos menos aptos a sobrevivência.
7.8.2. Conflitos
A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species), do naturalista britânico
Charles Darwin, apresenta a Teoria da Evolução. O nome completo da primeira edição (1859) é
On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races
in the Struggle for Life ("Da Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação
de Raças Favorecidas na Luta pela Vida"). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado
para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.
Nesse livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a
diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação e
conflito entre espécies, onde vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as
espécies se ramificam sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma
grande árvore: a árvore da vida.
A primeira edição, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de Novembro
de 1859 com tiragem de 1250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvérsia
que ultrapassou o âmbito académico. Um exemplar da primeira edição atinge hoje mais de 50
mil dólares em leilão.
A proposta de Darwin que as espécies se originam por processos inteiramente naturais contradiz
a crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As
discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o
primeiro debate científico internacional da história.
O conflito é atenuado quando existe a pretensão por uma parte e a resistência por outra, onde é
evidenciado desafio relativamente complexo, O conflito é desarmônico, decorrente de
expectativas valores e interesses contrariados. Embora seja natural da condição humana, o
tratamento conflituoso com outro é mediante a satisfação frustrada, o que configura a outra
parte com sendo um ser infiel, adversário e inimigo. O que faz nos perceber a necessidade do
indivíduo em comprovar através de concentrar raciocínio e elementos de prova fundamentais
para reforçar sua posição unilateral na tentativa de demostrar sua real disputa.
7.8.3. Cooperação
Cooperação é uma ação conjunta para uma finalidade, objetivo em comum. Cooperação é uma
relação baseada entre indivíduos ou organizações, utilizando métodos mais ou menos
consensuais. A cooperação opõe-se, de certa forma, à colaboração e mesmo a competição.
Indivíduos podem organizar-se em grupos que cooperam internamente e, ao mesmo tempo,
competem com outros grupos. A mesma é ainda vista por muitos como a forma ideal de gestão
das interações humanas, pondo a tônica na obtenção e distribuição de bens e serviços em
detrimento da sua confiscação ou usurpação. Operar juntamente com alguém; colaborar: todos
cooperam para o desenvolvimento intelectual Certas formas de cooperação são ilegais em
algumas jurisdições porque prejudicam o acesso das populações a alguns recursos, como
acontece com a fixação de preços por cartéis.
A Etologia, segundo Carvalho (1989), tem contribuído para a recuperação da noção de homem
como um ser bio -psico-social. A concepção etológica do ser humano é a de um ser
biologicamente cultural e social, cuja psicologia se volta para a vida sociocultural, para qual a
evolução criou preparações bio-psicológicas específicas.
Conforme defendido pela a psicologia evolutiva, o cérebro dos humanos também sofreu pressões
selectivas específicas, que o adaptaram a determinadas circunstâncias. Antes mesmo da vida em
grandes sociedades, o homem precisava interagir e se comunicar. Um organismo geneticamente
propenso ao altruísmo, por exemplo, poderia ter ganhos maiores se o ambiente fosse propício a
isso. A Sociobiologia se apoia em alguns conceitos que formam a base dessa ciência. Em primeiro
lugar a evolução centrada no gene é importante para se identificar as vantagens e desvantagens
evolutivas de um determinado comportamento social.
A Sociobiologia trata do entendimento do comportamento social dos animais. Como são animais
sociais, ou seja, apresentam vida organizada em sociedades, os seres humanos são objecto da
Sociobiologia.
Entretanto os seres humanos apresentam um factor que os torna diferentes da maioria dos
animais sociais: a cultura. A cultura é capaz de promover transformações na forma como os
humanos interagem com seu ambiente abiótico e biótico, independente de sua herança genética.
Assim, é importante lembrar que para os sociobiólogos, o comportamento é fenótipo, isto é, um
produto dos genes com o ambiente. Sociobiólogos não têm um consenso sobre o papel da
Sociobiologia Humana. Robert Trivers defende a pertinência da analogia do comportamento dos
chimpanzés com seres humanos, uma vez que 99,5% da história evolutiva dos seres humanos
foram compartilhados com os chimpanzés.
O nosso DNA possibilita e favorece determinados tipos de comportamento, mas não determina
nada. Os genes não restringem a liberdade humana eles a possibilitam. É evidente que o próprio
comportamento não é herdado, o que é herdado é o DNA. Os genes codificam as proteínas que
são importantes para o desenvolvimento, manutenção e a regulação dos circuitos neurais
subjacentes ao comportamento.
Elaborado por Msc. Octávio Renato Rosério 59
ISM-Chimoio Biologia do Comportamento -4º Ano-1º Semestre – 2018 Introdução ao estudo de Biologia do Comportamento
O comportamento emerge como resultado do impacto dos factores ambientais sobre esses
circuitos neurais em desenvolvimento. O ambiente começa a exercer sua influência in utero, e
assume importância primordial após o nascimento. A genética não é um destino, não determina
o que você vai ser. Ela oferece predisposições. Todos estão sujeitos a influências ambientais que
podem, sim, mudar a expressão dos genes e fazer com que eles simplesmente não se manifestem
Traços de personalidade são idéias, conceitos culturais: dependem dos olhos de outros e da
cultura de um lugar e de uma época para aparecerem e ganharem um nome. O que é inteligência,
pedofilia, má educação ou timidez em Moçambique pode ganhar nomes bem diferentes no
Japão, por exemplo.
Por isso, não dá para encontrar a personalidade pura no DNA. Mas a nossa herança genética
pode, sim, influenciar o funcionamento do corpo, que, numa cultura ou em outra, resulta em
comportamentos diferentes. Ao nascer, cada ser humano carrega uma composição de 30 mil a 35
mil genes, formações de DNA que ficam ali dentro dos nossos 23 pares de cromossomos. As
principais descobertas dos geneticistas do comportamento relacionam os genes à regulação de
mecanismos fisiológicos que mudam o comportamento, como impulsividade, vício de
determinadas substâncias e memorização.
Também são encontradas nas áreas corticais: nas áreas frontal, préfrontal, e nas áreas do córtex
cerebral dos primatas. Evidentemente, esses receptores corticais podem ser importantes para a
diferenciação das capacidades comportamentais sexualmente dimórficas não ligadas à
reprodução.
Os eventos durante o período crítico resultam em fortes diferenças sexuais nos repertórios
comportamentais não ligados à reprodução dos jovens pré-puberais. Pelo facto de a pré-
Todavia, os eventos durante o período crítico perinatal para diferenciação sexual do sistema
nervoso não resultam na masculinização ou feminilização completas, pois graus intermediários
são normais. Na espécie humana, há considerável variabilidade nas quantidades de testosterona
e estrogênio às quais um feto normal em desenvolvimento é exposto. Será que essas variações
perinatais afectam o grau em que os comportamentos ligados ao sexo são expressados mais tarde
na vida adulta? As evidências para esta possibilidade vêm primariamente dos estudos em
roedores, que produzem grandes ninhadas.
As diferentes organizações neuronais impostas sobre os cérebros dos machos e fêmeas pelos
esteróides sexuais podem resultar de alterações da taxa de crescimento dos axônios e dendritos
de células selecionadas sensíveis aos esteróides. Durante o período crítico, os hormônios sexuais
esteróides poderiam influenciar o grau de diferenciação axônico em diferentes populações
regionais e, desta maneira, afectar os circuitos neurais. Como o espaço pós-sináptico é limitado,
a competição resultante por sítios pós-sinápticos entre populações de axônios de diferentes
origens poderia produzir diferenças sexuais nos circuitos neurais.
O grau de assimetria cerebral cognitiva difere também em homens e mulheres adultos. Nos
pacientes neurológicos masculinos há uma forte associação entre o lado do cérebro que foi
lesado e o tipo de déficits
cognitivos observados, ao passo que nos pacientes neurológicos femininos essa associação é
muito mais fraca, sugerindo que o cérebro adulto feminino seja funcionalmente menos
assimétrico que o cérebro masculino.
Para o efeito, em média, as mulheres têm melhor desempenho nos testes de fluência verbal, de
velocidade perceptual (como o tempo necessário para reconhecer uma face), nos cálculos
aritméticos e na precisão do desempenho de tarefas manuais. Em contraste, os homens se saem
melhor nos testes que exploram as relações espaciais, o raciocínio matemático e as habilidades
motoras dirigidas para alvos.
Para PIRES, citado por Naftal (2008) O Homem parece ter sido desviado da sua evolução
natural através da sua cultura, a qual o tornou numa segunda natureza. De facto o fenómeno
cultura tem sido encarado como um aspecto evolucionário novo que apenas começou e terminou
com a espécie humana, uma posição que parece carecer de muito debate multidisciplinar.
Seja qual for a definição que pegarmos, elas ressaltam a relação entre o Homem e a cultura,
assim como entre a cultura e valores tipicamente humanos. A evolução de instrumentos de
trabalho, ferramentas, é também referenciada apenas em conexão com a evolução da cultura.
Deste ponto de vista a Sociobiologia desenvolveu um novo paradigma, que se basea exactamente
na negação da limitação da cultura à espécie humana.
PIRES (2009) cita GEHLEN (1971), questionando : Pode o Homem actual prescindir do fogo,
tecto, das armas, da limentação artificial e das formas de cooperação? Certamente, o
Australopithecus não conheceu fogo. Do ponto de vista de construção de ferramentas, muitos
autores admitem – aliás assim rezam diversos achados fósseis – que ele fabricava armas e
instrumentos cortantes a partir de pedras para diversos fins. Tais instrumentos, porém, eram de
simples construção. Deste ponto de vista ele não diferia culturalmente de outros vertebrados
superiores. Até que ponto representantes do género Australopithecus eram culturalmente
capazes, esta pergunta permanece uma questão acerca
da qual pode-se discutir bastante, mas cuja resposta não depende da forma como nós definimos
cultura (vide definições acima).
Uma base importante que une a Natureza e a Cultura entre si, do mesmo modo que une o
Homem com a natureza, i.e. devolve o Homem à sua natureza biológica, e torna compreensível a
definição da cultura como forma de vida do Homem evoluída no contexto dos vertebrados foi
dada por Earl W. COUNT (1958) com o conceito Biograma. Um Biograma de uma espécie
(classe, ou filo) é, no dizer de COUNT, igual ao “estilo de vida” da espécie (classe ou filo), i.e., o
conjunto de mecanismos fisiológicos e possibilidades de reacções que une determinados
indivíduos entre si, ou simplesmente o drama fisiológico dos organismos. podemos definir a
cultura humana como sendo uma forma específica de vida na base do Biograma dos vertebrados.
Com isto, o abismo que se cria entre natureza e cultura estaria removido.
Segundo estes autores, a maioria dos animais demonstram uma organização não cultural, são
aculturais. A este nível de organização os animais não demonstram nenhuma capacidade (ou
ela é mínima), de aprendizagem e são incapazes de desenvolver certos comportamentos através
de imitação (poucos invertebrados, muitos vertebrados).
Tal como no nível anterior, nós podemos subclassificá-los em outros níveis inferiores, em
subníveis. O nível seguinte comporta animais euculturais, que são exclusivamente constituídos
pelo Homem actual e, talvez, pelo seu antecessor mais próximo, o Homo erectus.
O critério mais particular deste nível é o Simbolismo, i.e., a capacidade que o Homem possui
de representar conteúdos de aprendizagem e de ensino através de estruturas extra corporais
(quadros, papel, etc.), e sobretudo a capacidade representação sob forma de gráfica, escrever.
A diferenciação conceptual de CHRISTIAN VOGEL (1986) parece ser a mais acertada. Ele
diferencia entre Evolução biogenética e evolução tradigenética, para pôr clara a diferença
entre a evolução orgânica e a cultural. O que sucede, de facto, é o seguinte: se de um lado ambas
baseam-se no armazenamento e transmissão de informações, a evolução biogenética demonstra
a particularidade de estar baseada apenas nos genes, ela é uma informação genética sob forma
de DNA (codificação e transmissão de geração para geração). Enquanto isto, na evolução
tradigenética informação significa ideias, conhecimentos.
Para os autores acima, trata-se de uma regra que influencia o desenvolvimento de uma
estrutura anatómica, um determinado modo de comportamento numa determinada direcção;
regras genéticas que são assumidas em todos estágios de desenvolvimento individual de um
organismo e que influenciam o desenvolvimento de estruturas culturais. Uma vez que o
Homem há cerca de 40.000 anos não mais se modificou significativamente do ponto de vista
biológico, tais regras incluem no mesmo saco tanto “o homem das cavernas, como o físico
astronauta”. Ambos possuem a mesma capacidade para cultura. As diferenças ocorrem devido às
interacções entre os genes e condições ambientais específicas. Mas, os processos genéticos que
causam a capacidade cultural são, por sua vez, influenciados por forças evolutivas no contexto de
determinadas culturas (LUMSDEN E GUSHURST, 1985). Por outras palavras: O Homem foi
feito biológica e geneticamente de modo a ser capaz de produzir cultura; para o efeito, ele foi
bastante auxiliado pelo seu cérebro, cujo desenvolvimento, por sua vez, foi influênciado pela
produção de sistemas culturais. Graças à sua enorme capacidade cerebral, o Homem criou suas
regras culturais; mesmo assim, ele não é apenas produtor de tais instituições (culturais) como
língua, ciência, condução de guerras ou regras de matrimónio, como também (no contexto de
condições biossociais) o seu produto.
O biograma dos vertebrados fornece, como já foi dito, a base para o desenvolvimento da
capacidade do desempenho fisiológico. Daí, o Homem nada mais é do que um vertebrado
produtor de cultura. De todas maneiras, esta mesma cultura influenciou a sua vida de modo
determinante. O Homem “civilizado” é totalmente dependente da cultura, sobretudo da “cultura
técnica” (WUKETITS, 1997). Como muito bem faz notar o mesmo autor, o Homem jamais seria
capaz de conseguir colectar alimentos suficientes para sua sobrevivência a não ser através de
meios da sua cultura. Ela (a cultura) tornou-se de facto forma de vida do Homem, sem, contudo,
terem se modificado os seus impulsos biológicos elementares.
Uma das grandes características do Homem como ser social, que já não encontramos nos
animais, é a capacidade de ele pertencer à diferentes grupos sociais ao mesmo tempo: pode ser
membro de um grupo cultural Maconde, mas ao mesmo tempo pertencer a um círculo de
interesse de Vietnamitas e a um outro círculo da sua própria tribo Peruana
Todas culturas são caracterizadas por componentes universais. Toda cultura possui língua,
música, dança, valores, normas, formas de divisão de trabalho, construção de instrumentos,
tradições, etc. Estes elementos formam uma unidade estrutural e funcional, cujo grau de
manifestação varia entre as diferentes culturas. A sua interacção num sistema cultural varia
igualmente. A interacção entre a dança e a morte e/ou nascimento, por exemplo, constitui uma
das maiores fascinações científicas de sempre: uns cantam e dançam quando o indivíduo nasce e
fazem o contrário quando ele morre, outros procedem exactamente de forma oposta.
As funções que a cultura desempenha através dos seus elementos são várias. Uma delas é, de
novo, a função biológica. A cultura serve, neste sentido, o fitness reprodutivo, ou ainda o fitness
global (Inglês, “inclusive fitness”). Porém, é reciso tomar em consideração que nem tudo o que o
Homem faz do ponto de vista cultural serve o fitness reprodutivo. Um
grande artista, digamos, que pinta uma grande obra, fá-lo sem pensar no fitness reprodutivo.
Consideremos que ele não consegue deixar descendentes, então, qual seria o benefício para o seu
fitness reprodutivo. O problema é que o educionismo, mesmo o essencialíssimo, em que se
baseam determinadas teorias científicas, fazem emergir hipóteses por vezes ridículas.
No caso do pintor sem descendentes directos, a grandeza das suas obras fá-lo-ão famoso. Da
fama adquirida proveitarão também seus parentes com os quais partilha seus genes, digamos
irmãos, primos e por aí fora. Um artista plástico homossexual que ajuda financeiramente seus
irmãos e filhos destes, actua no sentido do fitness global.
A moral humana sempre foi alvo de curiosidade e investigação. Foram vários, os filósofos que
propuseram origens e desdobramentos dela. Há quem acredite que a moral do homem tem
origens biológicas, empíricas ou é inserida no momento do nascimento. Dentre tais divergências,
Contardo Calligaris em seu texto "A Marcha dos Pinguins' e a origem da moral" diz que a moral
não surge de forma natural, como na benevolência dos animais sugerida por muitos pensadores,
mas da capacidade do ser humano de se colocar no lugar do semelhante, e fazer com que as
experiências do outro enriqueça a sua.
David Hume
David Hume observou a moral de forma empírica. Demonstrou que a moral está intimamente
ligada à paixão e não à razão. Diferentemente do que supunham seus precedentes, não haveria
um bem superior pelo qual a humanidade se pautasse. Para Hume, o impulso básico para as
ações humanas consiste em obter prazer e impedir a dor. No que consiste a moral, o filósofo
defende que a experiência (empírica) promove o entendimento humano. O desejo sugere
impressão, ideia e, portanto, é provocada pela necessidade induzindo à liberdade.
Immanuel Kant
Diferentemente do que afirmava Hume, Kant defendia a razão como base da moral. Partindo
do princípio de identidade, o comportamento humano está relacionado com a identificação no
outro, ou seja, a ação das pessoas influencia no comportamento do indivíduo, tornando-se
dessa forma o comportamento uma lei universal.
Unidade VIII
8. Cronobiologia
8.2. Biometria
Biometria [bio (vida) + metria (medida)] é o estudo estatístico das características físicas ou
comportamentais dos seres vivos. Recentemente este termo também foi associado à medida de
características físicas ou comportamentais das pessoas como forma de identificá-las unicamente.
Hoje a biometria é usada na identificação criminal, controle de acesso, etc.
Em geral, a identificação por DNA não é considerada, ainda, uma tecnologia biométrica de
reconhecimento, principalmente por não ser ainda um processo automatizado (demora algumas
horas para se criar uma identificação por DNA). Exigem diversos procedimentos referentes a
coleta, identificação entre outros. O que torna o DNA um paradigma de perda de tempo.
O termo biometria significa medição biológica, ou seja, é o estudo das características físicas e
comportamentais de cada pessoa. O princípio básico desta técnica para identificação é: seu
corpo, sua senha.
Embora tenham se tornado famosas há pouco tempo, as técnicas de reconhecimento por meio
das características das pessoas já eram utilizadas na China no ano 800 d.C, quando comerciantes
confirmavam a identidade de seus clientes por meio da impressão de suas digitais em tábuas de
barro.
Já deu pra notar que, mesmo a ideia já sendo usada há muito tempo, até recentemente os
scanners biométricos eram apenas coisa de televisão. A maior limitação para o avanço na área se
deve aos aparelhos utilizados, afinal não é assim tão simples criar um scanner de retina ou
palmar que extraia apenas as informações necessárias.
Para que um sistema biométrico funcione sem problemas alguns equipamentos são necessários:
scanner ou sensor, um computador relativamente potente e um software para a análise das
imagens captadas.
O passo seguinte é colocar a imagem captada à disposição do software biométrico, o qual analisa
e extrai as características mais relevantes da figura. Em uma foto da mão, por exemplo, o que
interessa são as linhas que dão forma às digitais.
O ser humano possui muitas características únicas que podem ser utilizadas para sua
identificação. Os tipos biométricos são normalmente classificados em duas categorias: físicos e
comportamentais.
a) Biometria física
Veia das mãos – foi descoberta recentemente, mas esta característica é muito confiável
para o reconhecimento de pessoas, pois além de ser imutável a falsificação deste tipo de
informação é quase impossível. Além disso, o custo para obtenção de imagens para
identificação é relativamente baixo;
Impressão digital - é a forma mais comum de identificação. Além de ser o método mais
rápido é também o que exige recursos de mais baixo custo. Infelizmente a confiabilidade
neste método é bem baixa;
Reconhecimento facial – um dos métodos de identificação menos vantajosos. A baixa
confiabilidade em união com o alto custo computacional para leitura, reconhecimento e
pesquisa faz deste recurso um dos menos utilizados para sistemas em tempo real;
Íris – embora exija equipamentos de alto custo para análise, a íris é uma característica
muito confiável para identificar as pessoas. É imutável com o passar dos anos e quase
impossível de ser clonada;
Cada pessoa reage de uma maneira diferente em determinadas situações. Alguns choram,
outros ficam agressivos, tudo depende das características comportamentais de cada um.
Existem estudos complexos sobre as atitudes tomadas pelas pessoas.
Os cientistas acreditam que, em um futuro muito próximo, seja possível destacar um
indivíduo no meio de uma multidão apenas pelo seu jeito de andar, mexer as mãos ou
identificando alguma mania dele. Este tipo de análise recebe o nome de biometria
comportamental e, mesmo que ainda não haja sistemas profissionais em operação para
este tipo de reconhecimento, as pesquisas não param.
Existem diversos aplicativos que trazem até o usuário um pouco de toda esta tecnologia. No
portal Baixaki é possível encontrar alguns programas para reconhecimento facial, como o FACE.
Além disso, muitos aparelhos já contam com leitores biométricos para garantir a segurança no
acesso aos dados.
Os relógios biologios possuem muita utilidade na sociedade. Estes direccioam o ser humano de
forma biológica, técnica e ate mesmo cientifica. Eles, segundo a natureza das realidades são
usados em vários momementos da esfera humana.
existência do organismo. Por outras palavras e a título exemplificativo, o animal deve saber
quando e onde estar se ele quer encontrar uma presa, ou, o contrário, sendo ele mesmo uma
presa, se ele pretende escapar-e de um predador. A mesma questão coloca-se quando ele procura
um parceiro para acasalar-se ou para a cópula.
As bases para a sua ocorrência provêm tanto de ciclos fisiológicos celulares, como de processos
bioquímicos igualmente cíclicos. Em baixo seguem-se alguns exemplos de padrões de oscilações.
O valor adaptativo, ou seja a função biológica, dos padrões de tempo de processos biológicos e de
comportamentos, situa-se a três níveis, nomeadamente:
1. Na capacidade de determinação de tempo, como forma de estabelecer uma relação de
fases com o tempo exterior, o qual manifesta-se em processos periódicos de parâmetros
ambientais;
2. Na capacidade de medição de tempo, no sentido de determinar a duração de um
processo, de um acontecimento ou de um fenómeno. Quando a base de sincronização é a
luz, esta forma de medição de tempo chama-se fotoperiodismo (fotoperiodicidade);
3. Na avaliação de tempo local como um caso exceptional, tal como se exige de animais
com a capacidade de avegação com o uso de orientação astronómica e de marcos
ambientais sazonais.
Vários rítmos são também encontrados nos organismos e isto não é nada de especial; pois, os
organismos como sistemas complexos tendem a oscilar. Nós encontramos oscilações no
metabolismo, em processos fisiológicos e bioquímicos, na reprodução e no comportamento.
Algumas destas oscilações são adversas e o organismo tende a ignorá-las. Contudo, em muitos
casos o organismos faz uso delas. Reacções químicas ou processos fisiológicos são mais
favoráveis para o organismo quando ocorrem de forma rítmica. Isto é mais verdade
especialmente para fenómenos que dependem de condições ambientais rítmicas: fotossintese
(como fixação da luz) apenas pode ocorrer durante o dia. A fixação do nitrogênio de algumas
Cyanobacteria, por outro lado, ocorre à noite, porque uma das enzimas dessa reacção é inibida
pelo oxigênio. Durante a fotossintese produz-se oxigênio. Por isso, o rítmo diário cuida para que
os dois processos incompatíveis de fotossintese e de fixação do nitrogênio estejam separados no
tempo.
Nos seres vivos classificam-se cinco formas básicas de processos organizados no tempo:
1. Rítmos ultradianos independentes do ambiente, cujo periodo ( tau) tem uma duração
inferior a 24 horas (de segundos a poucas horas, p.e., biopotênciais, taxa de batimento
cardíaco, movimentos peristálticos, estágios do sono, etc.);
2. Rítmos infradianos que são os que se relacionam com o ambiente, i.e., seguem ciclos
ambientais, ou são sincronizados por estes. As oscilações ambientais sincronizadas pelo
relógio biológico chamam-se sincronizadores, outro termo para o conceito alemão de
“Zeitgeber” Nesta classe incluem-se os seguintes rítmos:
a) Rítmo circatidal: relaciona-se com as marés (2,4 h);
b) Rítmo circa-hemidiano: relaciona-se com o sol (12 h);
c) Rítmo circadiano: relaciona-se com o sol (24 h);
d) Rítmo circa-septano: segue oscilações ambientais com duração aproximada de
sete dias (7 d);
e) Rítmo semilunar: relaciona-se com ritmos lunares (meialua,14,8 d);
influência a ocorrência sincrónica do cio das fêmeas sob seu controlo). Mas também sinais
biocomunicativos sociais interferem na regulação de fenómenos rítmicos do organismo. Existem
também a organização do tempo laboral, dos metros e aviões, etc. que, hoje, praticamente
funcionam como autênticos Zeitgeber.
O processo de evolução antropogenénica, por seu turno, resultou na evolução de outros dois
níveis adaptativos para a organização temporal do comportamento especial do Homem,
nomeadamente:
1. O nível cultural ou tradicional: o Homem já usa calendários para realizar
determinadas actividades ou orienta-se pelos feriados para impor ao organismo um
repouso;
2. O nível sócio-económico: as horas de trabalho estão fixadas e podem prolongar-se até
ao turno nocturno, mpondo, assim ao Homem, uma actividade psicomotora nocturna.
A correlação positiva que se observa entre diferentes parâmetros fisiológicos e a
capacidade psíquica e física, leva acrer que existe uma certa incompatibilidade entre o
trabalho nocturno e os ritmos biológicos.
Várias são as oscilações periódicas circadianas de sistemas fisiológicos elementares que foram já
investigadas, as quais, “ao fim e ao cabo”, codeterminam o comportamento. São exemplos as
secreções hormonais.
Fazem parte também as variações circadianas dos volumina nucleares que possivelmente
estejam relacionadas com a produção Ácidos Ribonucléicos (ARN) e com processos
biossintéticos rítmicos (síntese de nucleótidos:
Base azotada---Pentose---Fosfato;
Também o citoplasma de certas células subordina-se à oscilações diárias dos seus
volumina.
Isto é principalmente importante para o comportamento sobretudo em células com actividade
neurossecretora, como foi reportado por KLUG (in:TEMBROCK, 1973) para a periodicidade do
ritmo de actividade em Carabus nemoralis e mais tarde também comprovada em muito
insectos.
O valor adaptativo destes rítmos circadianos pode ser visto a três níveis:
1. Adaptação do organismo às mudanças ambientais constantes (exemplo, luz e
escuridão);
2. Criação de uma estrutura interna de tempo optimal ao funcionamento do
organismo;
3. Regulação do meio interno e incremento do grau de resistência à factores
perturbadores externos (mesmo o funcionamento do sistema imunológico ou a
acção bioquímica de medicamentos);
4. A dor: muito bem investigada é a ritmicidade da sensibilidade de dor na palma
da mão através de medições de níveis do limiar de excitação e dos dentes pela
técnica de choque de temperatura ao longo do dia. O máximo de insensibilidade
de dor situa-se entre 12 e 18 , o mínimo, entre 0 e 3 h. em indivíduos nocturnos, a
sensação de dor eleva-se mais tarde (ca. 1-2 h). Excitação vegetativa não
específicas (stress) deslocam o máximo e o mínimo para frente. Analgésicos
actuam menos a noite (i.e., no momento de elevada sensibilidade de dor) do que
de dia. Também placebos (factores sugestivos não específicos inibidores de dor)
actuam mais entre 12 e 20 h do que entre 0 e 4 h;
5. Tempo de reacção e vigilância: a capacidade (rendimento) em tarefas de
reacção acústica em função do tempo, puderam demonstrar em indivíduos
saudáveis e indivíduos não perturbados no seu sono é máxima aprox. as 3 h
emínima ca de 15 h. o padrão de seu decurso é sinusoidal;
6. Vigilância: contrariamente, ela decorre exactamente de modo inverso ao
parâmetro anterior. Correspondentemente, a probabilidade de erros em
trabalhadores de turnos (sonecar ao volante, travagrns bruscas e forçadas em
condutores de locomotivas) situa-se as 3 h de manhã. Girassol e outras tantas
plantas exiben um movimento chamado pêndulo gravitrópico depois de
estimulação pela gravidade (força gravitacional como estímulo). Transpiração
de grama (erva) via estómatas pode também ocorrer rítmicamente;
7. A perda de água de folhas, assim como a entrada de água pelas raízes são
igualmente fenómenos rítmicos no campo ultradiano. As folhas da chamada
planta telegráfica Desmodium gyrans demonstram movimentos rítmicos típicos
causados pelas alterações da turgescência em determinadas junções. o Sono-REM
de mamíferos será apresentado como um dos exemplos mais clássicos de ritmos
ultradianos;
8. Se dominarmos melhor fenómenos rítmicos anuais relativos ao comportamento
humano e à sua fisiologia, talvés abrisse-se uma luz para o combate eficaz aos
males sociais e disfunções orgânicas que enfermam o Homem. Haverá
ensividade diferenciada na predisposião à determinadas doenças? Eis uma
questão de grande interesse científico biomédico e da Psicologia social;
Abaixo, esta uma alistagem geral de fenómenos comportamentais relativos ao ritmo anual estão:
Germinação e todo o ciclo vital de uma planta angiospérmica;
Rítmo anual de crescimento de quistos em algas;
Diapausa;
Formação de pupa em insectos;
Alteração de peso do corpo e das gônadas em aves;
Mudas de insectos;
Migrações de aves;
Hibernação em mamíferos;
Etc.
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