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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira

Instituto de Humanidades e Letras


Curso de Licenciatura em História
Tópicos em História do Brasil III

Docente: Prof. Dr. Rafael da Cunha Scheffer


Discente: Gutemberg de Queirós Lima
RESUMO: LANNA JUNIOR, Maria Cleber M. Tenentismo e crises políticas na Primeira República.
In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de A. Neves. O Brasil Republicano. 1: O tempo do
liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2003, pp. 313-350.

Mario Cléber Martins Lanna Júnior é graduado em História pela UFMG, mestre em
História pela UFF e doutor em História Social pela UFRJ, sendo professor do curso de
História do ICS da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atuando em história
social do trabalho, história oral, ensino, memória, cidades, instituições e extensão.1
Lanna Junior se propõe a analisar, de forma detalhada, as ações dos grupos militares
revoltosos que caracterizaram o movimento tenentista da segunda década do século XX.
Dessa forma, em sua narrativa ele expõe o papel que tal movimento arcou, seus objetivos
e fracassos, bem como seu impacto na estrutura política da época, que configurou a crise
da Velha República.
O autor dá inicio a seu texto tentando definir o tenentismo, podendo ser um movimento
político e uma ideologia, sendo a primeira perspectiva delimitada temporalmente e
espacialmente. É acerca do tenentismo enquanto movimento que o autor se prende em
sua análise, e como fora sendo definido a medida que tal movimento se desenvolvia.
O autor aponta que mesmo se opondo as oligarquias dominantes, o tenentismo em seus
movimentos de 1922 a 1927, continuou a defender a ordem e as instituições de forma
elitista, excluindo a participação popular. Com isso, o autor se foca em uma análise da
chamada fase heroica. Mas tendo uma maior atenção aos movimentos em São Paulo e o
Rio Grande do Sul.
O levante de São Paulo em 1924 também é destacado por Lanna Junior, em que o governo
estadual fora expulso por militares do movimento. Porém, com um contra-ataque se viram
forçados para o interior do país. A ação liderada pelo general Isidoro Dias Lopes tinha
como objetivo tomar importantes prédios públicos da cidade. Entretanto as ações
sofreram pela falta de comunicação, e ainda assim esperavam impulsionar revoltas pelo
resto do país, o que não ocorreu.

1
Informações obtidas em <https://www.escavador.com/sobre/4459660/mario-cleber-martins-lanna-
junior>. Visitado em 21/09/2018
O levante de São Paulo mudou a vida paulista e dividiu a classe dominante. Todavia, o
movimento teve apoio das classes populares, do operariado e dos estudantes. Nesse
sentido, Lanna Junior chama atenção do tenentismo como predominado por um caráter
político, apesar de militarista.
Após a retirada para Bauru dos revoltosos, formou-se a Coluna Paulista. Porém, tiveram
de realocar-se em Foz do Iguaçu, se fundindo com a Coluna Prestes. São notificados pelo
autor alguns outros movimentos em 1924, porem a maioria tendo sido rapidamente
reprimida, cabendo destaque ao movimento de Amazonas, centrada em questões sociais,
como a corrupção e a gestão pública, tendo assim maior apoio popular.
As forças do Rio Grande de Sul que sofreram derrotas em seus movimentos, foram se
agrupando em São Luíz, fomentando a criação da Coluna Prestes, mas ainda assim sendo
formada por uma maioria de civis. Perdido metade de sua força após Ramada, a Coluna
se dirigiu a Paraná, até se encontrar com os paulistas.
O autor aponta que o tenentismo esboçou novas ações no Rio Grande do Sul entre 1925
e 1927, através de colunas relâmpagos, tendo sido vistas como atos inconsequentes contra
a oligarquia de Borges de Medeiros, mas adotando líderes locais e considerável
participação civil.
Por sua vez, a Coluna Prestes, tendo sofrido graves derrotas, não estava certa de seus
objetivos. Decidindo por propagar a revolução no país, Prestes passa a ter mais prestígio
na Coluna.
Lanna Junior destaca a ineficiência das tropas do governo em estruturar estratégias com
as forças dispersas. Mais ainda, a fragilidade da coluna por conta de motins para pôr fim
às ações. De uma revolução fracassada em Maranhão, a Coluna chega a Piauí e após um
tour por outros estados do Nordeste, a coluna inicia uma fase decadente, com forte
perseguição do governo e de forças coronelistas, e com o fracasso revolucionário do Rio
Grande do Sul, a coluna acaba por migrar para a Bolívia.
Em seguida, Lanna Junior dá início a uma discussão acerca de perspectivas do tenentismo
dentro do espectro político. A percepção de Virgílio Santa Rosa é destacada por
considerar os jovens oficiais no tenentismo como representantes da Revolução de 1930.
Há também a visão do tenentismo enquanto movimento militar, seguindo assim uma
lógica institucional do exército. Assim como há interpretações de não haver relação entre
o movimento e as classes médias. Lanna Junior também destaca os trabalhos que
abordaram o movimento a partir de uma análise institucional militar, considerando a
estrutura do órgão do exército e a política militar.
É salientando ainda uma perspectiva do tenentismo enquanto não só movimento militar,
mas também social, uma vez que considera as diferentes motivações dos sujeitos envolto
no processo.
Lanna Junior destaca a noção dos militares enquanto parte do Estado, e por consequência
disso detentores de lados políticos. A reação republica é ressaltada pelo autor como
elemento novo da intervenção militar tenentista, uma vez que denunciava as oligarquias
e as posturas políticas. Todavia, o movimento não se configura como representante
legítimo do exército.
Com o objetivo de destituir o presidente, a revolução falhou, tanto pela falta de apoio
como pela fraca articulação entre as células revoltosas. Todavia, isso não removeu o valor
histórico de suas ações. A Coluna Prestes foi simbólica dentro do movimento, com suas
vitorias e por sua constituição popular. Assim, o grupo tornou o tenentismo de grande
valia para a Revolução de 1930.

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