Direito Administrativo

Os Poderes do Estado
Aula 02

Os Poderes do Estado
Retornando à análise do Estado, especialmente a Federação Brasileira, é
importante destacar que a CF adotou, além da descentralização política, a tripartição
dos poderes, estabelecendo em seu art. 2º que “são Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
A Carta atribuiu a cada um dos poderes mencionados uma função típica, sendo
cometido ao Legislativo a produção normativa, o Executivo a função administrativa
e ao Judiciário a função jurisdicional de aplicar a lei no caso concreto com
definitividade.
No entanto, a existência de funções típicas não afasta a possibilidade do
exercício de funções atípicas, conforme autorizações esparsas no texto
constitucional. Assim, excepcionalmente, é permitido, por exemplo, ao Legislativo
promover ao julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade,
ao Executivo legislar por meio de medidas provisórias e ao Judiciário editar seus
próprios regimentos internos.
Sob essa ótica, todos os Poderes possuem a possibilidade de exercer a função
administrativa¸ quando provêm seus quadros de funcionários, quando emitem atos
administrativos, quando realizam contratação de serviços por meio de licitações, etc.

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pela constatação promovida no tópico anterior, a função administrativa é
exercida por excelência pelo Poder Executivo; no entanto, é possível verificar que a
todos os Poderes da República é deferido o seu exercício, ainda que de maneira
atípica.
Sob essa ótica, convém traçar o conceito de Administração Pública, que pode
ser abordado por vários sentidos e dimensões.
Em sentido amplo, pode-se estabelecer a Administração Pública como
abrangendo todos os órgãos governamentais (que exercem a função política, para
traçar as diretrizes e os rumos do Estado) como os administrativos, a quem compete
a execução dos planos governamentais. Além desse aspecto subjetivo, o conceito
ampliado abrange, também, a própria atividade decorrente tanto da função política,
como da administrativa.
Já em sentido estrito, a Administração Pública compreende apenas os órgãos
administrativos (aspecto subjetivo) e a função administrativa (aspecto objetivo),
conforme será mais bem explanado na sequência.

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Administração Pública em Sentido Formal/Subjetivo/Orgânico

A Administração Pública sob o viés subjetivo toma como base o conjunto de
órgãos, agentes e pessoas jurídicas destinado a promover a execução das políticas
governamentais definidas pelos órgãos de Governo. Compreende, portanto, toda a
estrutura estatal para a realização e perseguição de suas finalidades.
Aqui, como o próprio nome denota, o que prevalece não é a atividade
exercida, mas quem a exerce; sendo sujeito da função administrativa, está
compreendido no conceito subjetivo de Administração Pública.
Nesse conceito, incluem-se, assim, tanto as pessoas componentes da
Federação – União, Estados, DF e Municípios -, como outras pessoas jurídicas a que
a lei atribua o desempenho de atividade administrativa. Constituem essa última
hipótese as pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública Indireta, quais
sejam, as autarquias, fundações públicas, as sociedades de economia mista e as
empresas pública, cujas peculiaridades serão estudadas oportunamente.

Administração Pública em Sentido Material/Objetivo/Funcional

Em seu sentido objetivo, a expressão administração pública normalmente vem
grafada em letras minúsculas, para caracterizar a atividade administrativa exercida
pelo Estado, coincidindo, assim, seu conceito, com o de função administrativa.
Sob esse enfoque, não importa que está exercendo a atividade, mas apenas
a atividade em si. Aqui, é a própria execução pelo Estado da gestão dos interesses
públicos, mediante a definição e organização de sua estrutura interna, bem como na
sua relação direta com os particulares. Assim, é considerada, por exemplo,
administração pública em sentido material, a prática de atos de fiscalização, no
exercício do poder de polícia e a prestação de serviços públicos.

DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS

CONCEITODE DIREITO ADMINISTRATIVO
Definidos os conceitos de Administração Pública, em seus variados aspectos,
já é possível verificar o objeto de estudo do Direito Administrativo, bem como seu
conceito. O Direito Administrativo, nesse contexto, tem por objeto estudar as
relações envolvendo a Administração Pública em seu sentido estrito (subjetivo e
objetivo), em suas relações internas, entre seus próprios órgãos e agentes, bem
como entre estes e os particulares.
Assim, relevante transcrever o conceito estabelecido por Carvalho Filho, para
quem Direito Administrativo é o “conjunto de normas e princípios que, visando
sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos
do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”.

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