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Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação
em Antropolo^a Social da Universidade Federal de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Antropologia. Aprovado pelo
Banca Examinadora composta pelos seguintes
professores:
SUMARIO
INTRODUÇAO........................................... 1
5. BIBLIOGRAFIA..................................... 148
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ABSTRACT
O espanto
Lembro de uma cena que ilustra bem o que quero dizer. Certa
vez, fui visitar um rancho de pesca. Os pescadores estavam
reunidos na entrada do rancho em ritmo de aviso pois estávamos em
plena safra da tainha. Estava totalmente vestido, e equipado com
prancheta, caderneta de campo, filmadora e máquina fotográfica.
Depois que um antigo mestre de pesca, a quem já conhecia, me fez
a apresentação geral dos "camaradas", notei que seu comportamento
em relação a mim era de um silêncio atroz. Não sabia o que fazer
para quebrar aquela indiferença, mas, intuitivamente, fui
retirando os equipamentos da mão, tirei o calçado, a camisa e a
calça. Fiquei apenas de bermuda. Depois deste gesto, em que
praticamente me despi, alguns camaradas me convidaram para pôr o
barco dentro do rancho. Só aí é que se interessaram pelas minhas
perguntas, resultando inúmeras entrevistas informais.
A aJbordAgem
Oa capítulos
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Mais adiante:
"Existe uma Comissão especialmente criada pelo
Governo para cuidar do assunto. Acontece que uma das
propostas da Comissão é encontrar uma festa
alternativa que neutralize a violência da Farra do
Boi. Fala-se numa tradição de Santa Catarina chamada
"Boi de Mamão", onde o boi é de brinquedo e não há
nenhuma agressividade."
pelos manuais, mantém até hoje o marco histórico pelo qual foi
pensada a noção de folclore. Conforme a sugestiva revisão feita
por Rita Segato e Jorge de Carvalho (in Seminário Folclore e
Cultura Popular, IBPC,1992), os conceitos de saber popular,
folclore e cultura popular se assentam historicamente sobre o
tripé:
0 leitor deve ter notado que tento olhar a festa como uma
manifestação local do "ciclo do Boi" brasileiro. A multiplicidade
de práticas rituais e autos populares que tem no BOI sua figura
dramática central tem sido amplamente notada por consagrados
autores** na formação histórica e cultural do Pais. Não é por
acaso que Mario de Andrade definiu o BOI como "o bicho nacional
por excelência". 0 Boi aparece primeiramente como motivo de uma
dança dramática, largamente praticada no Brasil, o Bunba-meu-Boi.
NOTAS
(cont)
39
‘“.Confira sobre isso os verbetes Apartação (p. 65), Bumbá (p. 150),
Vaquejada(p.783) e Rodeio(p.678) no Dicionário do Folclore
Brasileiro.
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b e z e rrad a de h o je , ^m estiço, lo g o c a n s a :" (Seu Jo b a ,
75 anos) . .
Eu disse a ele:
- "S e rá que 20 s ó c io s a 500 m il não compram?"
Ele respondeu:
- "Você e s t a lo u c o ! Ninguém tem 500 m il ou quem
d a r ia 500 m il p r á f i c a r com um pedaço pequeno de
ca rn e ? É p r e f e r í v e l p e g a r o d in h e iro e i r no açougue
comprar c o s t e l a ! Além do m ais é bem m elhor comer
carn e f r e s c a do que carn e c an sad a. "
Eu disse a ele:
- "Mas vo ces não deixam o boi descansando a n te s
de m a ta r? "
Ele respondeu:
- "Depende. O p e s s o a l quer mesmo é o f i l é . O
bucho e o u tr a s p a r t e s vão p a ra os m ais p o b r e s. O
couro a g en te jo g a fo r a ou senão v a i p a ra um
s a p a t e i r o em T iju c a s . Também não lavam os a carn e. Só
p o r d en tro porque senão e la não f i c a boa p r á co m er."
Depois, cada um volta prá sua casa com o seu quinhão na mão.
Normalmente se faz um churrasco comunitário, um cozido ou assado,
na casa de um dos sócios. Festa a parte, a comilança vai
sinalizar o fim da história daquele boi.
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isto não significa que dela, os homens não participem. Afora isso
noto que aquelas qualidades antes tidas como masculinas como
bravura, honra, coragem, habilidade, capacidade de negociação,
passam a circular entre as mulheres, mais como um delicioso jogo
entre os gêneros do que como necessidade de afirmação genérica do
papel feminino.
2.4. Fotos
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NOTAS
NOTAS
BRUNO KOHL, Hans Dieter. Porto Belo: sua historia sua gente. São
José, Canarinho, 1987.