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Salmo 90: Refúgio no Eterno Deus

Salmo 90, escrito por Moisés mais de 1.400 anos antes de


Cristo, é geralmente considerado a mais antiga das
composições do hinário de Israel. O entendimento do seu
contexto histórico enriquece nosso apreço da mensagem
desse Salmo.

Depois de 80 anos de preparação prática em diversas


experiências, Moisés foi chamado por Deus para libertar o
povo de Israel, os descendentes privilegiados de Abraão, da
sua escravidão no Egito. O primeiro dos cinco livros atribuídos
a Moisés servia para educar a nação sobre suas raízes nessa
linhagem e seu lugar nas grandes promessas dadas aos
Patriarcas. Com certeza, essas lições históricas ocuparam um
espaço importante no ensinamento que Moisés deu aos
israelitas no deserto, depois de saírem do Egito. O Pentateuco
frisa a sublimidade do Eterno Criador em contraste com a
fragilidade dos homens depois do pecado do primeiro casal.
Deus é eterno, mas o homem é mortal.

Os hebreus, porém, demoraram para crer nesse Deus


onipotente e eterno. Apesar de todos os sinais que
presenciaram no Egito e na sua saída da escravidão, foram
rápidos para questionar a bondade e o poder de Deus e do
libertador que ele escolheu. Reclamaram sobre perigos no
caminho, falta de água e até o gosto da comida. Deus
respondeu a cada reclamação, fornecendo as coisas
necessárias e, ao mesmo tempo, reprovando a falta de fé do
povo. Ele lhes deu uma lei especial, organizou a religião
exclusiva da nação e encaminhou os israelitas para a terra
prometida a Abraão 400 anos antes.

Aquela geração, porém, não entrou na terra prometida. Dez


homens covardes convenceram o povo que a terra seria
inconquistável, e Deus sentenciou a geração incrédula a
peregrinar no deserto. Não teriam lugar permanente para
morar, e a sobrevivência dos seus filhos dependeria ainda da
sua fé no Senhor. Foi nesse contexto que Moisés compôs o
Salmo 90.

Quando o povo andava no deserto, sem lugar próprio, Moisés


olhou para cima e disse: “Senhor, tu tens sido o nosso
refúgio, de geração em geração. Antes que os montes
nascessem e se formassem a terra e o mundo, de
eternidade a eternidade, tu és Deus”(Salmo 90:1-2). Nos
versículos seguintes, ele focaliza a diferença entre eternidade
de Deus e a existência transitória do homem condenado por
causa do seu pecado contra o Criador: “Pois todos os
nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos
anos como um breve pensamento" (Salmo 90:9). Para
Deus, mil anos passam como algumas horas, mas para o
homem, a vida dura, em média, apenas 70 ou 80 anos
(Salmo 90:4,10). Por isso, o homem deve reconhecer sua
própria fragilidade: “Ensina-nos a contar os nossos dias,
para que alcancemos coração sábio”(Salmo 90:12).

Quando o homem se separa de Deus por causa do pecado,


ele sofre. A rebeldia de Israel colocou o povo em uma posição
difícil. Enquanto vagueavam pelo deserto, sentiram-se
abandonados por Deus. Por isso, Moisés representa a nação
no apelo dos últimos versos do Salmo:

“Volta-te, ó SENHOR! Até quando? Tem compaixão dos


teus servos.Sacia-nos de manhã com a tua
benignidade, para que cantemos de júbilo e nos
alegremos todos os nossos dias. Alegra-nos por tantos
dias quantos nos tens afligido, por tantos anos quantos
suportamos a adversidade.Aos teus servos apareçam
as tuas obras, e a seus filhos, a tua glória.Seja sobre
nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós
as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das
nossas mãos”(Salmo 90:12-17).

Enquanto o povo buscava a volta da proteção e comunhão do


Senhor, também se mostrou disposto a oferecer serviço a ele.
Israel queria ver as obras de Deus (verso 16) enquanto pediu
que ele aceitasse as obras do povo (verso 17). Como a
separação de Deus foi consequência dos atos de um povo
desobediente, a restauração da comunhão com ele seria
condicionada nos atos da sua obediência.
O mesmo apelo se aplica hoje. Nossa comunhão com Deus
depende da graça de Deus e da fé obediente do homem
(Efésios 2:8-9). Que desejemos ardentemente a presença do
eterno Deus!

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