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Direito Financeiro IV
Professor Luís César Souza de Queiroz
Grupo 3
Alunos: _______________________________________________________
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1) Produto que seja exportado do Brasil e retorne ao país está sujeito a dupla tributação
ou não? (Contrapor com o art. 1º do Decreto-Lei nº 37, de 1966)
1
STF. Plenário. RE 104.306-7/SP. Rel.: Min. OCTAVIO GALLOTTI. 6 mar. 1986, un. DJ, 18 abr. 1986, p.
5.993.
redação dada pela Emenda Constitucional 1, de 17 de outubro de 1969), sob o seguinte
fundamento:
“Tem-se, na espécie, uma ficção jurídica, criada pela legislação ordinária, que
inseriu, no núcleo da hipótese de incidência do imposto de importação, um novo
elemento, sem observar a necessária correspondência com a previsão constitucional
pertinente. O artigo 21, I, da Constituição, ao definir a tributação de mercadorias
importadas, restringiu o alcance da exação aos bens estrangeiros, afastando, por
conseguinte, a cobrança do imposto em questão, sobre produtos de fabricação
nacional. O sentido dessa regra constitucional é particularmente realçado, ao se ter
em vista que, a partir da Emenda nº. 18 (art. 7º, I), à Carta de 1946, a expressão
“importar mercadorias de procedência estrangeira”, antes utilizada pelo constituinte,
para designar o fato gerador do imposto alfandegário, foi substituída pela locução
“importar produtos estrangeiros” de significado nitidamente limitado, em cotejo
com a fórmula anterior. A Constituição em vigor mantém a limitação (art. 21, I).
[...]
Partindo-se da premissa de ser defesa, ao legislador ordinário, a utilização de
qualquer expediente legal que tenha por efeito frustrar, atenuar ou modificar a
eficácia de preceitos constitucionais, há de concluir-se que a equiparação
preconizada pelo Dec.-Lei 37/66, ao ampliar, por um artifício, o conteúdo da regra
constitucional, afrontou a própria natureza e o fundamento do gravame tributário,
em detrimento dos pressupostos enunciados na Constituição.
No tocante à prevenção de excessos do uso das ficções jurídicas pelo legislador,
recordo a advertência de meu saudoso pai, Ministro LUIZ GALLOTTI, ao
pronunciar-se no julgamento do Recurso Extraordinário nº 71.758, considerando
que “se a lei pudesse chamar de compra o que não é compra, de importação o que
não é importação, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é
renda, ruiria todo o sistema tributário inscrito na Constituição” (RTJ 66/165).
2
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
de procedência estrangeira', antes utilizada, pelo constituinte, para designar
o fato gerador do imposto alfandegário, foi substituída pela locução
'importar produtos estrangeiros' de significado nitidamente limitado, em
cotejo com a fórmula anterior. A Constituição em vigor mantém a limitação
(art. 21, I)” A interpretação fixada no julgamento mencionado é inteiramente
aplicável ao presente caso, seja porque o dispositivo legal ora questionado
foi instituído sob a égide da Constituição pretérita, seja porque a Carta atual,
no que diz respeito à regra de competência para o imposto de importação,
possui, quanto ao ponto discutido, a mesma dicção da anterior. Isso posto,
nego seguimento ao recurso (CPC, art. 557, caput). Publique-se. Brasília, 29
de junho de 2010. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI - Relator” (RE
609585, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em
29/06/2010, publicado em DJe-144 DIVULG 04/08/2010 PUBLIC
05/08/2010)
Existe, sim, uma diferença conceitual entre estes dois vocábulos. Mercadoria expressa
um conceito mais restrito do que produto. Enquanto este é todo bem material resultante de
um processo produtivo, aquela diz respeito apenas aos objetos destinados ao comércio.
julgamento acima referido, importante dizer que o Decreto-Lei 37/66, enquanto norma
tributária ordinária, não teve o efeito de alterar o fato gerador do imposto, posto que isto
matéria.
Desse modo, no nosso entender, mesmo os produtos estrangeiros, ainda que não sejam
objeto de comércio, são suficientes para identificar o critério material do fato gerador do
imposto de importação.
No mesmo sentido, Leandro Paulsen e José Eduardo Soares de Melo ensinam que:
é o que deve ser utilizado para definição do fato gerador do imposto de importação, embora o
referido conceito seja mais amplo que o de mercadoria, impropriamente referido pelo
3
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 13ª ed. São Paulo: Forense, 2015, p. 283-283.
4
PAULSEN, Leandro & MELO, José Eduardo Soares de. Impostos Federais, Estaduais e Municipais. 9ª edição
revista e atualizada. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015, p. 12-13.