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INFÂNCIA: LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

Maria do Carmo dos Santos


profpaz@hotmail.com

APRESENTAÇÃO

Dominar os principais conceitos que envolvem uma disciplina ou uma teoria é a primeira
etapa para que se processe o aprendizado.
Nosso principal objetivo é a apresentação dos conceitos e das principais teorias da
psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, seus autores, suas tendências e suas
especificidades.
Depois iremos falar passo a passo, ano a ano os principais fatores que envolvem o
desenvolvimento da comunicação e da fala para a criança, como se dá a interação para que
este processo ocorra.
Durante o decorrer da exposição da disciplina estaremos indicando além da bibliografia
básica, tem as referências indicadas ao longo do texto na Internet.

PSICOLOGIA

A psicologia deriva da palavra psyché que significa alma e lóghos que significa estudo
ou razão, ou seja, o que se poderia traduzir como o estudo da alma. Da derivação desta palavra
se traduziu a psicologia como a ciência que estuda os processos mentais e ou o
comportamento humano.
Como essa definição levava ao entendimento de uma separação entre o corpo e a alma,
entende-se atualmente a psicologia, como uma ciência voltada para estudar o ser humano no
que se refere a seus sentimentos, seus pensamentos e a razão de determinados
comportamentos e reações humanas.

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

A Psicologia do Desenvolvimento é uma área de conhecimento da psicologia que estuda


o desenvolvimento do ser humano sob os aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional
e social. Os estudos nesta área se preocupam em como se dá o desenvolvimento humano
desde o seu nascimento até a idade adulta.
É a área da psicologia que se volta para a compreensão das mudanças no
comportamento relacionadas a vida do ser humano e suas diferentes idades, examinando-as da
perspectiva das habilidades motoras, cognitivas, emocionais, morais e de formação da
personalidade. A Psicologia do Desenvolvimento busca responder questões ligadas as
mudanças nas experiências humanas.
Conforme o tempo vai passando, várias mudanças ocorrem conosco. Tornamo-nos mais
altos, mais magros ou gordos, mais sorridentes ou não, aprendemos mais coisas, e com isso
vamos modificando-nos.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

A psicologia da Aprendizagem é uma área do conhecimento da psicologia que direciona


sua produção para a compreensão das ações do ser humano no processo de ensino-
aprendizagem.
Suas investigações buscam correlacionar o processo que envolve o desenvolvimento e
a aprendizagem humana.
Para a psicologia o ser humano desde o seu nascimento é um ser criativo, social,
individual, mas que produz cultura e tem história.

“A criança, no momento do seu nascimento, não passa de um


candidato à humanidade, mas não a pode alcançar no isolamento:
deve aprender a ser homem na relação com os outros homens”
(PIÉRON, citado por LEONTIEV, 1978,p.255)

Desde muito pequena, a criança apresenta uma série de


competências (visual, olfativa, auditiva, gustativa) que favorece a
interação com o outro adulto, o outro criança por meio das
expressões facial, gestos, posturas, etc.

O que vai diferenciar o comportamento infantil do adulto são os padrões que


vão modificando-se dependendo do desenvolvimento físico, cognitivo e emocional.
. E estão relacionadas a três dimensões:

Sócio-afetiva: convivência Simbólica e cognitiva:


no mundo social; construção de
auto-imagem positiva; respeito - Papel fundamental da linguagem no
às diferenças sociais e étnicas; processo socializante
valorização das produções do
aluno.

- Ação da criança como meio de


Sócio-motora: expansão observação e relação entre os objetos,
dos movimentos exploratórios do conhecimento e construção de noções
espaço e do corpo. e conceitos, desenvolvimento do
pensamento.

VOCÊ CONHECE A ESTRUTURA DO CERÉBRO HUMANO

E SUA FUNÇÃO PARA A APRENDIZAGEM E O

DESENVOLVIMENTO?

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COMO SE DÁ O CONHECIMENTO?

Para responder a esta pergunta, temos de nos remeter a teoria do conhecimento. Esta
teoria que vai nos explicar a maneira e o processo como o ser humano conhece o mundo,
como ele compreende esse mundo e como ele vai significar tanto sua vida como o mundo onde
ele esta inserido.
No texto abaixo Leonardo Boff vai defender a tese de que as pessoas se constroem no
mundo conforme suas próprias experiências e como elas as significam. Para o autor é
importante no conhecimento saber de que posição a pessoa defende suas idéias, suas
posições, qual sua visão de mundo e de homem.

Vamos ler e refletir sobre as palavras do autor?

“Cada um lê com os olhos que tem”.

E interpreta a partir de onde os pés pisam.

Todo ponto de vista é a vista de um ponto.

Para entender como alguém lê,

é necessário saber como são os seus olhos e

qual é a sua visão de mundo.

Isso faz da leitura sempre uma releitura.

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.

Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha.

Vale dizer: como alguém vive, com quem convivem, que experiências tem, em que trabalha,

que desejos alimenta, como consome os dramas da vida e da morte e

que esperanças o animam.

Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

Assim, cada leitor é co-autor.

Porque cada um lê e relê com os olhos que tem.

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“Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita”

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...


que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares... É o tempo da
travessia... e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para
sempre, à margem de nós mesmos.

(Fernando Pessoa)

Para se aprofundar acesse o site da Associação Brasileira de Psicologia Educacional e


Escolar – ABRAPEE.
Site: http://www.abrapee.psc.br/

AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS EM PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Você vai estudar algumas definições básicas para a aprendizagem do ser humano e as
principais concepções teóricas com seus respectivos autores e conceitos que vão implicar em
diferentes formas de ver o mundo e interagir com o homem. Cada uma destas teorias tem sua
especificidade e suas influências na prática docente.
A noção de desenvolvimento é diretamente ligada ao conceito de evolução, que por sua
vez esta atrelada a um longo ciclo vital. Cada ser humano tem uma história de vida, que não
possui um único modelo, já que envolve campos de existência humana, tais como o campo
afetivo, cognitivo, social e biológico.
Os diferentes campos por sua vez são determinados por diferentes fatores tais como: a
maturação genética ou biológica, as diferentes culturas e as múltiplas práticas sociais e suas
complexas interações.
Ao nascer somos jogados em uma sociedade que possui determinada cultura e somos
transportados da entropia inicial para a heterônomia e conforme nos desenvolvemos e
aprendemos chegarmos à autonomia.
Diferentes teorias entendem de forma diferenciada o papel de cada agente socializador
da criança. Para cada uma o grau de influência dos fatores é diferente. Para uma a maturação
biológica é o fator primordial, para outra o meio ambiente, mas há um reconhecimento do papel
da cultura como o cenário das principais transformações e evoluções do ser humano, desde
seu nascimento até a vida adulta. E cada cultura tem um modelo de família, de educação e de
sociedade.

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Neste sentido é que diferentes teóricos na Psicologia do Desenvolvimento apresentam
perspectivas diversas sobre o estudo do desenvolvimento humano e os fatores de maior
influência.

PERSPECTIVAS DE ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO (Ribeiro, 2005)1:

- Para os teóricos Ambientalistas, entre eles Skinner e Watson, as crianças nascem como
tábulas rasas, que vão aprendendo tudo do ambiente por processos de imitação ou reforço.
- Para os teóricos Inatistas, como Chomsky, as crianças já nascem com tudo que precisam na
sua estrutura biológica para se desenvolver. Nada é aprendido no ambiente, e sim apenas
disparado por este.
- Para os teóricos Construcionistas, tendo como ícone Piaget, o desenvolvimento é construído
a partir de uma interação entre o desenvolvimento biológico e as aquisições da criança com o
meio.
- Temos ainda uma abordagem Sociointeracionista, de Vygotsky, segundo a qual o
desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre parceiros sociais, através de
processos de interação e mediação.
- Temos a perspectiva Evolucionista, influenciada pela teoria de Fodor, segundo a qual o
desenvolvimento humano se dá no desenvolvimento das características humanas e variações
individuais como produto de uma interação de mecanismos genéticos e ecológicos, envolvendo
experiências únicas de cada indivíduo desde antes do nascimento.
- Ainda existe a visão de desenvolvimento Psicanalítica, em que temos como expoentes Freud,
Klein, Winnicott e Erikson. Tal perspectiva procura entender o desenvolvimento humano a partir
de motivações conscientes e inconscientes da criança, focando seus conflitos internos durante
a infância e pelo resto do ciclo vital.

1
RIBEIRO, A. M. Curso de Formação Profissional em Educação Infantil. Rio de Janeiro: EPSJV / Creche Fiocruz, 2005.

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PSICANÁLISE
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL?

ESTÁGIO ORAL

Do nascimento aos 12 – 18 meses


Apresenta caráter inato e instintivo do ID, ou seja, não
tem noções de regras e ou limites.
A parte erógena do corpo é a boca, por isso sente
prazer em estimulá-la, seja através do mamar, morder,
etc., por isso leva tudo à boca. O grande conflito é ter
de largar a chupeta ou o peito.

ESTÁGIO ANAL

Dos 12 – 18 meses aos 3 anos de idade


Apresenta comportamento ambivalente entre prazer e
dor ocasionada pelo controle dos esfíncteres.
A parte erógena do corpo é a anal, por isso sente prazer
em segurar o xixi ou as fezes. O grande conflito é o
treino da higiene.

ESTÁGIO FÁLICO

Dos 3 anos de idade aos 5 – 6 anos


Apresenta comportamento exibicionista com grande
curiosidade sobre as diferenças sexuais.
A parte erógena do corpo é a região genital, nesta fase
a criança começa a mexer em seu órgão sexual. O
grande conflito é o complexo de Édipo.

ESTÁGIO DE LATÊNCIA

Dos 5 – 6 anos aos 12 – 13 anos


Através do mecanismo de defesa a criança esquece tudo
o que vivenciou relacionada os seus impulsos libidinais
com ausência de qualquer manifestação de interesse
sobre as diferenças sexuais.
Desenvolvem-se as regras e a moral que vão ser a base
do superego. Volta sua energia para o desenvolvimento
da aprendizagem escolar, cultural e no convívio social.

ESTÁGIO GENITAL

Da puberdade em diante.
Tempo de maturação da sexualidade adulta, com o
interesse pelo sexo oposto. O grande conflito é o
processo de autonomia frente aos pais. Passa a ter
prazer em ter contatos com outras pessoas.

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COMPORTAMENTALISMO

A psicologia experimental também chamada de comportamentalismo ou beraviorismo


defende o estudo do comportamento humano baseado somente no que é observável. A base
dessa teoria é a modelação do comportamento com base no reforço positivo ou negativo.
Teve como base os trabalhos anteriores do russo Ivan Pavlov (1849 – 1936), que ao
estudar a fisiologia do sistema gastrointestinal descobriu o reflexo condicionado. Este recebeu o
Prêmio Nobel concedido na área de Medicina e Fisiologia em 1904.
O condicionamento clássico ou pavloviano é baseado na modificação de
comportamento. Com base em estímulo-resposta e foi resultado da experiência do Pavlov com
cães, conforme esquema e texto explicativo abaixo.

Ilustração: Renato M. E. Sabbatini

Skinner em seu trabalho de pesquisa construiu uma caixa que até hoje é denominada de
“caixa de Skinner” e usada em laboratórios do país inteiro nos cursos de psicologia, que é um
ambiente controlado que permite experiências com ratos.

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CONSTRUTIVISMO

Jean Piaget (1896-1980) é um dos maiores nomes na área da psicologia do


desenvolvimento. A tese principal de sua obra é de que o que diferencia ou homem do
animal é que o ser humano tem a capacidade do pensamento simbólico e abstrato, onde o
desenvolvimento cognitivo depende da maturação biológica. Defende que o conhecimento
como um processo de construção.
Dedicou sua vida a estudar o desenvolvimento humano. Suas idéias voltaram-se a
pergunta: Como as pessoas crescem e se desenvolvem?
A inteligência na teoria piagetiana seria a capacidade do organismo se adaptar ao
meu ambiente através de uma organização mental que ele denomina de esquemas,
utilizado pelo ser humano para designar ações e representar o mundo.
Esta adaptação ao meu ambiente é guiada por uma base biológica que busca o
equilíbrio entre os esquemas e o meio ambiente em que o ser humano esta inserido, o que
resulta no que ele chama de equilibração. A motivação primeira para a alteração das
estruturas mentais de todo ser humano seria estabelecer base para um desequilíbrio. O que
significa dizer que na tentativa de se adaptar todo ser humano passa por dois processos
essenciais: assimilação e acomodação.

Como se dão os períodos de desenvolvimento em Piaget?

Ele divide estes períodos de acordo com o surgimento de novas qualidades do


pensamento. O primeiro período se caracteriza pelo aparecimento da linguagem que leva ao
desenvolvimento do pensamento que se acelera.

Com o estabelecimento da comunicação a interação da criança aumenta permitindo


o desenvolvimento de outras habilidades, que são permeadas pela maturação
neurofisiológica, que se completa.

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Estágios do desenvolvimento em Piaget

Estágio sensorio-motor: mais ou menos de 0 a 2 anos

Estágio pré-operacional: mais ou menos de 2 a 6 anos

Estágio das operações concretas: mais ou menos dos 7 aos 11 anos

Estágio das operações formais: mais ou menos dos 12 anos em diante

Fonte: BIAGGIO, Ângela M. Brasil. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1976.

INTERACIONISMO

Lev Vygotsky (1896 – 1934) era bielo-russo, formado em direito, mas teve forte
influência dos estudos em literatura e história. Seus trabalhos foram importantes para os
alicerces da escola soviética de psicologia. Sua preocupação era voltada ao
desenvolvimento cognitivo, tendo como cenário os estudos com raízes no materialismo
dialético. Em 1925 escreve o livro “Psicologia da Arte” que seria publicado na Rússia em
1965, somente entre 1982 e 1984 que seria publicada a edição completa de sua obra
naquele país. Organiza o Laboratório de Psicologia para Crianças Deficientes. De 1938-
1956 suas obras deixam de ser publicadas na URSS, por motivos políticos.
No Brasil seu livro “Pensamento e Linguagem” seria publicado em 1987 e um ano
depois “Aprendizagem e Desenvolvimento intelectual na Idade Escolar”.
Para Vygotsky, a relação entre pensamento e linguagem é estreita. A linguagem
(verbal, gestual e escrita) é nosso instrumento de relação com os outros e, por isso, é
importantíssima na nossa constituição como sujeitos. Além disso, é através da linguagem
que aprendemos a pensar (Ribeiro, 2005).
A tese principal de Vygotsky é que o desenvolvimento não precede a socialização, já
que as relações sociais e suas estruturas levam ao desenvolvimento das funções sociais.
A construção do conhecimento é mediada pela interação entre vários sujeitos e suas
relações. É um processo de internalização no qual ocorre a apropriação pela criança das
idéias, da linguagem e de todo um conjunto de experiências que permeiam o aprendizado e
que preservam a cultura.
Para Vygotsky a linguagem é essencial no processo do conhecimento, pois é por
meio desta que as funções mentais se formam e o que implica na transmissão de
determinado saber e ou cultura. É a linguagem que permite a mediação entre o sujeito e o
objeto de conhecimento.
Para Vygotsky a cultura é o universo de significados que permitem a criança construir
a interpretação do mundo real.
No processo de aprendizagem teríamos a transformação de um processo
interpessoal em um processo intrapessoal, já que ocorre uma internalização que levará a
uma transformação. Ou seja, na internalização de determinada situação ou de um objeto,
ocorre uma reconstrução interna que nada mais é do que o resultado de uma operação
externa.

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INTELIGÊNCIA E LINGUAGEM

O encontro entre a linguagem e a consciência é considerado, pelos estudiosos


do tema, como o momento de maior impacto no curso da constituição do
pensamento.
É quando objetos são transformados em signos, num movimento de
apropriação em que os signos vão deixando de fazer parte do mundo externo,
ganhando significados nos processos psicológicos individuais.
O resultado deste processo é a construção da linguagem e,
conseqüentemente, uma nova qualidade das interações da criança com o meio.
No esquema abaixo podemos melhor definir o que chamamos de inteligência,
que esta diretamente relacionada aos esquemas mentais. Eis o que nos resume a
tendência construtivista sobre os princípios que regem a construção humana do
conhecimento.

Teoria construtivista

Biologicamente, a inteligência adapta-se ao meio pela ação,


aumentando as formas de agir pela construção de novos
esquemas mentais

Interação  relação ativa


Natureza biológica da da criança com o meio
inteligência  estágios 
diferença qualitativa entre
pensamento infantil e
adulto; etapas de
desenvolvimento cognitivo
caracterizadas por
mudanças na forma de
raciocínio.

Desta maneira, podemos definir que para a tendência construtivista há uma grande
diferença entre o pensamento infantil e o adulto, já que o mesmo passou por formas
significativamente diferenciadas através da ação que resultam por diferentes etapas do
desenvolvimento cognitivo, que se materializam nas mudanças na forma de raciocínio. Eis
alguns conceitos essenciais neste processo.

- Quanto mais uma criança - A linguagem é uma parte


fala, mais ela aprende a falar significativa do que Piaget
(mais tarde, a escrever), chamou de função semiótica,
pois a linguagem necessita função mais ampla que engloba,
de exercício. além da linguagem, o desenho, as
imitações e o jogo simbólico.

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No ensino são
transmitidos, além de
conteúdos, modos de ver o
mundo, jeitos de ser,
valores individuais e
coletivos.

Vamos analisar o esquema abaixo.

Interação com outras pessoas

Interpretação e significação das


expressões, posturas, gestos e
sons emitidos pela criança

Possibilita a participação Incorporação das formas de


ativa da criança no mundo pensar e agir já consolidadas
simbólico da cultura na experiência dos homens

O que é linguagem? O que é conteúdo?


• Todo objeto de conhecimento pode ser lido como linguagem, portanto
como conteúdo programático possível de ser explorado pelas crianças,
desde que selecionado por elas, na companhia do/a professora
(Junqueira, 2005)

• Conteúdo é tudo o que tem sentido para a criança, por isso é por ela
consentido:
Conteúdo → Tudo o que é com sentido = consentido
Não é conteúdo → tudo o que é sem sentido = não consentido pelas crianças e
o professor ou professora.

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Objeto de estudo de Vygotsky: como o sujeito torna-se capaz de
produzir símbolos?

Homem se diferencia A linguagem da


dos animais porque criança produz-se na
utiliza instrumentos
relação com o
materiais e psicológicos
[símbolos] em sua contexto social,
relação com o mundo  através da mediação
modificação da do outro.
realidade interna.

O papel do professor não se


restringe a mudanças de
comportamento.

No ensino são transmitidos,


além de conteúdos, modos
de ver o mundo, jeitos de
ser, valores individuais e
coletivos.

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Interpsíquico Intrapsíquico
[social] [individual]
Internalização

Criança recria os modos de interação


social, não os reproduz passivamente.
Um novo comportamento é resultante
da recombinação das experiências
acumuladas no grupo social.

COMO VYGOTSKY PERCEBE ESTE PROCESSO DE PRODUÇÃO


DO CONHECIMENTO HUMANO. VAMOS ANALISAR O
ESQUEMA ABAIXO QUE SINTETIZA ESTE PROCESSO.

Nível de desenvolvimento potencial


(o que a criança faz com ajuda)

Zona de desenvolvimento proximal


(espaço de mudança =
aprendizagem)

Nível de desenvolvimento
real
(o que a criança faz
sozinha)

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Desenvolvimento mental da criança acontece em um mundo humanizado 
a relação com os elementos naturais é regulada por pessoas, objetos e
idéias/significados
Criação de significados próprios

Reprodução de capacidades e
Apropriação da cultura pela características humanas de
criança  interação com comportamento [e pensamento]
outras pessoas mediada pela
linguagem Modificação das características
psicológicas e até mesmo da
constituição física da criança

AS CONTRIBUIÇÕES DE MATURANA E VARELA

Interação entre fatores genéticos e culturais  promove


o desenvolvimento do pensamento, interferindo na
aprendizagem e desenvolvimento da criança

A emoção tem papel


fundamental no
funcionamento da
inteligência  é a emoção
que define a ação
[MATURANA]

Singularidade da criança se
constitui num contexto social
de relações concretas
A ação docente muitas vezes é permeada por um
discurso cotidiano no qual há uma dissociação do ensinar e do
aprender. Segundo essa forma de ver, o professor não
participa diretamente do processo de aprendizagem do aluno.
Sua participação é apenas indireta e, portanto, apenas
mediadora.

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Acoplamento do sujeito com o
meio

Sujeito e meio são efeitos de uma


rede processual, constituindo-se
reciprocamente

Não há realidade pré-existente


para ser conhecida pela criança

O conhecimento do mundo e as
ações nele não se separam

Ao conhecer a realidade,
produzimos essa realidade

Mente e corpo aprendem em um espaço privilegiado chamado escola. A escola como


espaço privilegiado da experiência com um novo tipo de conhecimento – o conhecimento
sistematizado, formal – que não substitui outros tipos de conhecimentos, por exemplo, o
cotidiano, informal, mas, integra-se a eles.
Cabe ao docente, portanto, ser aquele que incentiva, leva, motiva o aluno, para o início
de um cíclico processo de desenvolvimento, já que, a cada novo conceito sistematizado, novos
processos de aprendizagem.
Desta maneira é necessário que o professor tenha a compreensão de que o ser
humano esta imerso em uma teia de significações que às vezes se sobrepõem e em outros
momentos podem levar ao conflito.

A aprendizagem exige do
professor uma atitude de:

Entendimento do ser humano


Respeito a cultura e a diversidade
como um ser que pertence a um
social do seu aluno, admitindo que
grupo social, com capacidade de
cada um possua uma história de vida
construir saberes, com identidade
própria, com pertencimento étnico,
própria.
religioso, etc.

AS CONTRIBUIÇÕES DE WALLON

A tese principal no trabalho de Wallon é que o ser humano é organicamente


social.

Wallon estabelece 3 períodos essenciais ao desenvolvimento humano:

- Período impulsivo emocional – quando o bebê se diferencia do mundo que o


cerca através do “diálogo tônico” (comunicação que se dá pelos gestos, toques,
contato corporal). Predomina a afetividade.

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- Período projetivo – quando ocorre a interiorização do ato motor, ou seja, a
intensidade dos movimentos do bebê transforma-se em atividade mental.

- Período personalista – percepção de si na relação com o outro (caracteriza-se


por intensa negação).

A apropriação dos signos relativos à linguagem é


fundamental na constituição do pensamento.

Objeto de estudo de Wallon: compreender a base orgânica e


cerebral das funções psíquicas

O ser humano é geneticamente social

Somos sujeito pela mediação do outro, a partir da linguagem, que se


coloca entre nós e o mundo e organiza nossa relação com ele.

LINGUAGEM E SUBJETIVIDADE

Para Jean Piaget, a fala “para si mesmo”


seria uma fala egocêntrica, sem intenção
comunicativa, que desaparece à medida
que a criança vai se socializando.

Vygotsky afirma que essa fala


representa uma passagem da atividade
social da criança (interpsíquica) para sua
atividade mais individualizada
(intrapsíquica) e não desaparece, mas
transforma-se em fala interior.

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A partir das experiências com seus
parceiros, a criança constrói maneiras
mais elaboradas de perceber, tomar
decisões, lembrar-se de algo,
emocionar-se com alguma coisa,
maneiras que são historicamente
construídas em sua cultura.

Ser acolhido e atendido em suas


necessidades, ter amigos, conversar,
explorar o mundo e brincar com alguém são
alguns dos principais elementos que
contribuem para o desenvolvimento e a
aprendizagem.

“Quando um moderno poeta diz que para cada homem existe uma
imagem em cuja contemplação o mundo inteiro desaparece, para
quantas pessoas essa imagem não se levanta de uma velha caixa
de brinquedos?”
(Walter Benjamin, 1983)

Participação do(a) professor(a) no jogo simbólico ou


brincadeira de faz-de-conta pode ocorrer de forma:

Indireta, quando ele(ela)


organiza os espaços e objetos
que estruturam enredos e
papéis adotados, cuidando para
que as regras propostas pelo
grupo sejam mantidas
Direta, quando ele(ela) assume o
papel de juiz em um jogo de
regra ou em um jogo esportivo,
ou mesmo fazendo o papel do(a)
aluno(a) em uma brincadeira de
escolinha. 19
Motricidade, afetividade, pensamento e
linguagem na aprendizagem

O desenvolvimento humano Inatismo, Ambientalismo, Interacionismo

Motricidade
O desenvolvimento é um processo amplo que envolve
diferentes áreas do comportamento humano
Afetividade

pensamento e linguagem

Motricidade  a interação com Afetividade  O afeto é um grande


os objetos tentando encaixá- regulador das ações, influenciando as
los, ou empilhá-los, ampliam escolhas e rejeições. Essas noções que
suas possibilidades de agir a criança constrói a partir dessa relação
sobre o mundo que a cerca. afetiva vão permitir que ela atribua
Quanto mais vivências ela diferentes valores e significados a
adquire, mais elaboradas esses mesmos objetos, pessoas e
tornam-se suas ações. situações.

Pensamento e linguagem são dois


processos com origens distintas,
mas que mantêm uma relação
dinâmica, em constante movimento
dialético ao longo do
desenvolvimento humano

Apropriação de instrumentos e signos.

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Aprendizagem de valores,
atitudes, comportamentos,
hábitos, conceitos, idéias,
relações.

A repetição imposta pelo adulto é uma violência.


Se a criança tem estrutura mental para aprender o que se quer
ensinar, ela o fará de forma natural, mas se não possuir a estrutura
necessária, não vai entender, por mais que se repita.
É evidente que toda aprendizagem necessita de exercitação, no
entanto, esta deve ser realizada através de atividades
generalizadoras, alternativas diferentes para a aplicação da
aprendizagem, criativas e lúdicas.

Pedir que a criança decore sílabas é um absurdo que devemos


superar, pois a aprendizagem da leitura se fará por pesquisa e
apropriação.

A criança deve ter à sua disposição os instrumentos de


conhecimento para executar uma tarefa (dicionário, livros,
revistas, tintas, etc.)

Devemos usar a memória para servir à inteligência, armazenando o


maior número possível de experiências ao invés de conteúdos que
no se estruturam em conjuntos capazes de ser assimilados pela
criança.

A atividade lúdica tem caracterização complexa:

nem é pura fantasia – negação da realidade;

nem é pura realidade transposta.

Imitação na situação imaginária:


- criança repete sem compreensão do significado;
- gradativamente deixa de repetir por imitação;
- passa a realizar a atividade conscientemente

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Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 0 AOS 6 MESES

• Reage aos estímulos ambientais de forma


reflexa

• Reage aos estímulos ambientais alterando


o comportamento de forma significativa
(sorriso e choro)

• Ri e murmura para pessoas conhecidas

• Reage às vozes altas, ou não amigáveis

• Volta-se e olha na direção dos novos sons

• Balbucia pedindo atenção

• Faz vocalizações generalizadas

• Observa sua mão

• Reage ao seu nome

DOS 0 AOS 6 MESES


Desenvolvimento Emocional
• O choro é a sua principal forma de
• Manifesta a sua excitação através comunicação, podendo significar estados
dos movimentos do corpo, mostrando distintos (sono, fome, desconforto...);
prazer ao antecipar a alimentação ou o
colo;
• Apresenta medo perante barulhos
altos ou inesperados, objetos,
situações ou pessoas estranhas,
movimentos súbitos e sensação de
dor.

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Escutando
Diferenciam a voz da mãe,
Desde o início bebês podem perceber mas não do pai.
e discriminar contrastes sonoros
presentes em todas as línguas
possíveis, até 1 ano de idade. Após 1
ano discrimina apenas sons salientes
na linguagem falada em seu ambiente.

Reconhecem padrões de
melodias e entonações de voz
(por volta de 4 meses)

Combinando informações de vários sentidos


Bebês de 4 meses podem Relacionam expressão facial
relacionar ritmos de sons com com o tom de voz (feliz ou
movimentos. zangada).

23
3 semanas

24
3 meses

8 meses

25
11 meses

20 meses

26
Brinquedos de 5 a 7 meses
A criança já consegue ficar mais
tempo fixando um objeto. Volta-se
para a direção de onde vem algum
som. O bebê já emite alguns ruídos
com o intuito de chamar atenção.
Aos 7 meses já atende se for
chamado pelo nome.

Sugestões de brinquedos:

•Tapetes de atividades com sons e


espelho, pois aqui o bebê já é capaz
de se reconhecer

•Brinquedos que emitam sons

DOS 6 AOS 12 MESES


Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

• Acaricia sua própria imagem refletida no espelho


• Produz quatro ou mais sons diferentes
•Usa freqüentemente as sílabas ba, da, ka

•Transfere objetos de uma mão para outra

•Vocaliza com variação de entonação frente aos diferentes estímulos

•Tenta imitar sons

•Pode já dizer “mama” e “papa”


•Grita para chamar atenção
•Vocaliza enquanto manipula objetos
•Usa um jargão (balbucio que parece linguagem verdadeira)
•Brinca de “esconde-esconde”

•Fala uma sílaba ou uma seqüência de sons repetidamente

•Sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho.

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Como você pode estimular a fala e a linguagem da criança de
zero a 12 meses

•Reagindo aos sons que ela faz

•Falando com ela enquanto você estiver cuidando dela

•Lendo livros coloridos todos os dias

•Mantendo sua linguagem simples e concreta

•Recitando versinhos e cantando

•Mostrando interesse em todos os sons diferentes que ela ouve (o


gelo num copo, a campainha tocando, a chuva caindo)

•Ensinando os nomes das coisas do dia a dia e das pessoas


familiares

•Levando a criança em diferentes lugares

•Brincando de jogos simples como “esconde-esconde”

•Tocando música para ela

Brinquedos de 11 a 1 ano

A linguagem está em pleno desenvolvimento. Já consegue


concentrar-se por um pequeno período de tempo ouvindo uma
história. Repete tudo o que escuta. Gosta de reproduzir as
palavras que aprendeu com o telefone ao ouvido. Quando
consegue equilibrar-se bem a bola também é um elemento
inseparável.

Sugestões de brinquedos:

•Livros com grandes figuras e pouco texto que retratem objetos de


seu dia-a-dia: mamãe, papai, carro, mamadeira, etc.

•Livros com fotos ou desenhos de bichinhos

•Telefones

•Bolas

28
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DE 1 AOS 2 ANOS
Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

Reconhece seu nome.

Entende “não”.

Compreende ordens simples.

Imita palavras familiares.

Acena com a mão (adeus)

Fala 2 ou 3 palavras além de “mamãe” e “papai”

Emite “sons” de coisas e animais familiares.

Dá um brinquedo quando lhe pedem.

DE 1 AOS 2 ANOS
Desenvolvimento da Fala e da
Linguagem

Dá muitas gargalhadas.

Ouve bem e discrimina vários sons.


Reconhece a palavra como símbolo de um objeto:
carro – aponta a garagem; gato - miau

Mostra muito afeto, fazendo barulhos e batendo


palmas com o carinho de seus pais.

Entende verbos que representem ações concretas e


relativos a suas próprias necessidades ( mais, quer,
acabou, dá)

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Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DE 1 AOS 2 ANOS

Usa 10 a 20 palavras, incluindo nomes

Escuta bem e discrimina vários sons

Reconhece retratos de familiares e figuras de objetos


conhecidos
Combina duas palavras para demonstrar seus desejos, tal
como "mais"

Imita palavras e sons com maior precisão

Aponta ou faz gestos para mostrar alguma coisa ou para


expressar seus desejos

Traz objetos familiares de um cômodo para outro quando solicitado

Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DE 1 AOS 2 ANOS

Obedece ordens simples

Imita trabalhos domésticos: esfregar um pano, colocar a mesa

Nomeia 4 objetos rotineiros

Pode cantarolar

Identifica 3 partes do corpo, em si e no outro sob


nomeação
Realiza até 2 ordens simples
Usa o próprio nome

Responde sim e não

Começa a fazer frases simples

31
Como você pode estimular a linguagem DE 1 AOS 2
ANOS

Lendo livros bem ilustrados e coloridos

Incentivando-a brincar de jogos de imitação.

Usando frases curtas

Reforçando as palavras novas ditas por


ela

Fazendo atividades próprias para sua idade

Conversando sobre o que vocês estão fazendo quando


estiverem juntos

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DE 1 AOS 2 ANOS
Como você pode estimular a linguagem

Olhando-a nos olhos quando estiver falando com ela

Imitando e identificando sons , tais como cachorro


latindo, pássaros cantando, sirenes, portas rangendo,
barulho de água

Descrevendo o que a criança está fazendo, sentindo e ouvindo

Fazendo com que estas experiências de falar e escutar sejam


agradáveis, importantes e divertidas para a criança

Elogiando a comunicação da criança

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Brinquedos de 1 ano e meio a 2 anos

A criança já reconhece algumas cores e formas. Sabe procurar e


encontrar objetos que guardou. Gosta de brinquedos que possa
empurrar, puxar, encaixar e explorar com os dedos. Adora tentar
descobrir como as coisas funcionam.

Sugestões de brinquedos:

•Brinquedos de montar

•Bichinhos de plástico

•Cubos com formas vazadas para encaixar peças similares

•Carrinhos e caminhões

•Chaves

DE 1 AOS 2 ANOS
SINAIS DE ALERTA

Adaptabilidade excessiva, ou seja, passividade, retirada;

Medos excessivos;

Comportamentos executados de forma obsessiva: por exemplo, abanar a


cabeça, chuchar no dedo;

Falta de interesse pelos objetos, jogos ou pelo ambiente que a rodeia;

Comportamentos rebeldes excessivos:

• Alterações bruscas de humor;

• Comportamentos incontroláveis, tais como morder ou bater;

Sono:

• Dificuldade em adormecer sozinho;

• Insônias.

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DOS 2 AOS 3 ANOS
Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

· Usa o próprio nome

Relaciona o que fala com situações concretas

Nomeia mais ou menos 3 partes do corpo ou de uma


boneca ou pessoa

Fala sozinho enquanto brinca

Combina 2 palavras para exprimir posse

Mostra com os dedos a idade

Identifica no mínimo 3 objetos pelo uso

Reconhece: “grande", "pequeno”, “em cima de”, “embaixo


de”, e “dentro”, sob nomeação.

DOS 2 AOS 3 ANOS


Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

· Aponta gravura de objeto comum

Compreende o “onde” respondendo adequadamente

Combina verbo ou substantivo com “este” e “aqui”,


falando 2 palavras

Combina “e” em frases de 2 elementos

Usa artigo na fala

Aplica regra regular de gênero

Possui vocabulário de 50 a 100 palavras

Pode relacionar cores primárias e nomear uma cor

35
Como você pode DOS 2 AOS 3 ANOS
estimular a linguagem

Deixando-a ouvir CD
ou fitas infantis Utilizando palavras
novas em várias
situações
(ampliação de
Descrevendo as vocabulário)
atividades que estão
fazendo,
acrescentando novas Proporcionando
palavras novas experiências:
teatrinho, cinema,
circo... e
comentando sobre
elas
Elogiando sua
comunicação Lendo historinhas

Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 3 AOS 4 ANOS

Aponta 3 cores primárias quando nomeadas

Começa a compreender frases relativas à direções, como: “coloque o


cubo (debaixo, em frente, atrás) da cadeira. Porém é difícil entender:
“ao lado”

Executa uma série de 3 ordens


relacionadas

Conhece seu sobrenome e o seu


sexo

Pode falar sobre uma historinha


ou relacionar uma idéia ou
objeto

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Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 3 AOS 4 ANOS

Usa orações empregando 4 a 5 palavras

Pode cantar músicas

Repete sons, palavras, frases e orações

Pode repetir 2 dígitos e 3 a 4 palavras

Tem um vocabulário de quase 1000


palavras

Pode desenhar um círculo e uma linha


vertical

É capaz de permanecer em uma


atividade por 8 minutos

Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 3 AOS 4 ANOS

Usa formas
possessivas,
Com freqüência como: “meu”,
faz perguntas “minha”, “teu”,
sobre um “seu”, “de” junto
assunto: “Quê?” ao nome (ex.: de
minha mamãe).

Usa formas verbais


simples e
Usa termos de
complexas, tais
negação tais
como: “estou
como: “nada”,
jogando”, “vou
“nunca”,
jogar”.
“ninguém”,
“nem”.

37
Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 3 AOS 4 ANOS

Expressa
verbalmente
fadiga (diz que
está cansado)

Começa a usar
orações Usa: “eu”, “mim”,
Memoriza compostas, unidas ao invés do
pequenos versos por: “e”, “que”, próprio nome
e músicas “onde”, “como”

Como você pode estimular a linguagem DOS 3 AOS 4 ANOS

Introduzindo palavras novas no seu vocabulário, enquanto


brinca com ela

Ensinando-lhe relações entre palavras, objetos e idéias

Ensinando à criança contar histórias, utilizando livros e


desenhos

Permitindo que jogue com outras crianças

Lendo para ela histórias

Prestando muita atenção quando ela fala, lembrando que se ela


repetir palavras e sons é normal

Fazendo jogos com rimas

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39
SINAIS DE ALERTA DOS 3 AOS 4 ANOS

• Medo excessivo;
· Ansiedade de separação extrema (grande dificuldade em se
separar da mãe);
· Xixi na cama noturno(faz xixi na cama sistematicamente);
· Timidez;

· Inibição nas atividades lúdicas, por exemplo:

• não joga ou faz-de-conta;

• não faz jogos de papéis;

• não se entretém a brincar sozinha;

· Comportamentos ritualísticos, sobretudo à volta da comida;


· Problemas de fala persistentes:
• discurso incompreensível;
· Excessivo medo de estranhos;
· Falta de interesse pelos outros:
• não brinca com outras crianças;
• não compreende as diferenças de comportamento entre homens e mulheres;
· Sono:
• Dificuldade em adormecer sozinho;
• Insônias.

40
2 aos 7 anos
Período pré-operacional

Estágio Garatuja
De 2 a 4 anos

Desordenada - Movimentos amplos e


aleatórios que não respeitam o limite da
folha.

41
Estágio Garatuja
De 2 a 4 anos

Ordenada - Os rabiscos seguem o limite do


papel.

Estágio Garatuja
De 2 a 4 anos
Nomeada ou
Identificada - Os
rabiscos ganham
nome: papai, nenê,
mamãe.

42
Estágio pré-esquemático
Boneco girino - Tem (4-7 anos)
início o desenho da
figura humana, com
braços e pernas que
saem da cabeça. Mais
adiante, os membros
saem do corpo.

Exagero - Não há
proporção nem
perspectiva. As figuras
são grandes ou
pequenas demais.

Estágio pré-esquemático
(4-7 anos)

Omissão - Faltam partes


do corpo ou do rosto. Um
braço pode ser mais
comprido que o outro.

Justaposição - As figuras são


misturadas na folha, sem
linha de base (chão e céu).
Não há organização espacial.
O sol pode surgir na parte de
baixo.

43
Inteligência Habilidade Como estimular

Quebra cabeças resolução de


Números, conhecer e resolver
Lógico - matemática problemas, desenvolvimento
problemas lógicos, raciocínio
do pensamento crítico

Conversar com a criança,


Lingüística Palavras e comunicação contar histórias, buscar
significados de palavras

Corpo, músculos, coordenação Jogos e atividades motoras,


Corporal-Cinestésico
manual, visomotora e tátil mímica, interpretação

Cantar com a criança, fazê-la


Tonalidades, ritmos,
Musical aprender a ouvir a
sensibilidade a sons, voz
musicalidade dos sons, coral

Formas diferentes, criar Jogos para lateralidade, acima


Espacial-Visual imagens mentais, lateralidade abaixo, em volta, enigmas
bem definida visuais, palavras cruzadas

Inter - comunicação e Autoconhecimento e


Pessoal - Inter e intrapessoal relacionamento, empatia. Intra reconhecimento dos
- Autoconhecimento, reflexão sentimentos. Teatro, jograis...

Cores, desenhos e sinais Desenho livre, percepção de


Pictórica
visuais cores e formas

Percepção de Ecossistemas,
Passeios para conhecimento e
Naturalista habitats. Despertar a
sensibilização. Horticultura
curiosidade

Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 4 AOS 5 ANOS

Nomeia: pequeno, grande, embaixo, em cima, dentro, fora,


pesado, leve, igual, diferente, cores primárias e 3 formas
geométricas

Descreve eventos e personagens de histórias conhecidas e relata 2


fatos em ordem de ocorrência

Segue instruções ainda que não esteja em frente ao objeto

Pode falar algo imaginário como “suponho que”, “ eu desejo”

Faz perguntas usando: “Quem?”, “Por que?”, “Como?” e


“Quando?”

Utiliza orações complexas

Utiliza tempo passado e plural

Copia uma linha e um círculo

44
DOS 4 AOS 5 ANOS
Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

Tem um vocabulário de quase 1500 palavras

Mantém-se numa atividade por 11 ou 12 minutos

Repete 3 dígitos e sentenças de 5 a 6 palavras

Executa uma série de 2 ordens simples não relacionadas

Nomeia seus próprios desenhos

Segue regras de convívio social

DOS 4 AOS 5 ANOS


Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

Reconhece partes do corpo: cabeça, braços, pernas, pés,


mãos, cabelo, bumbum, nariz, orelha e boca

Mantém atenção quando uma historinha é lida para ela

Diz seu nome completo

Responde perguntas de ordem temporal, referente a fatos


concretos (dia – noite)

Identifica objetos pelo uso

45
Como você pode estimular a linguagem DOS 4 AOS 5 ANOS

Ajudando-a a classificar objetos e coisas, explicando qual a


razão de pertencerem a uma determinada categoria

Conversando com ela sobre coisas que ela possa realizar

Ensinando-a usar o telefone corretamente

Permitindo que ajude a planejar atividades tais como Natal,


aniversário...

Dando à criança mais responsabilidade na vida diária

Lendo histórias cada vez maiores

Permitindo que crie e conte histórias

Mostrando constantemente seu interesse no desenvolvimento de


sua linguagem e pensamento

Desenvolvimento da Fala e da Linguagem DOS 5 AOS 6 ANOS

Define os objetos pelo uso e pode dizer de que são feitos os objetos

Conhece relações espaciais como “acima”, “abaixo”, “atrás”, “perto” e “longe”

Sabe seu endereço.

Constrói orações utilizando de 5 a 6 palavras

Possui um vocabulário de aproximadamente 2000 palavras

Usa corretamente os sons da língua

46
DOS 5 AOS 6 ANOS
Desenvolvimento da Fala e da Linguagem

Usa todo tipo de orações,


Pede informações algumas das quais podem ser
complexas, por exemplo:
“antes de entrar em casa eu
Pede ajuda quando encontra dificuldade
preciso tirar meus sapatos
molhados”

Usa corretamente os pronomes

É capaz de fazer rimas

Repete 4 dígitos

Como você pode estimular a linguagem DOS 5 AOS 6 ANOS

Incentivando-a a usar sua linguagem para expressar seus


sentimentos, idéias, sonhos, desejos, e medos

Permitindo que ela crie desenhos novos livremente com lápis, lápis
cera, pilot e papel

Proporcionando oportunidades de aprender canções, rimas ou


versos de memória

Lendo contos, histórias maiores

Falando com a criança sobre temas variados sem utilizar termos


e expressões infantis

Escutando e prestando atenção quando ela fala, levando em


conta que a criança entende mais do que é capaz de verbalizar

47
48
“A Literatura
Infantil”
“Literatura Infantil é todo o acervo literário
eleito pela criança”(Bárbara Vasconcelos Bahia)

• No Brasil a Literatura Infantil só


chegou no final do século XIX.A
literatura oral prevaleceu até esse
período com o misticismo e o folclore e
das culturas indígenas, africanas e
européias.
• Carlos Jansen e Alberto Figueiredo
Pimentel foram os primeiros
brasileiros a se preocuparem com a
literatura infantil no país, traduzindo
as páginas das hoje
consideradas”clássicos”para garotada.

49
MONTEIRO LOBATO

• Em 1921, Monteiro
Lobato estreou com
“Narizinho
Arrebitado”apresen-
tando ao mundo
Emília.

A arte dos livros sem texto

50
As mil e uma noites
Coleção de contos árabes(Alf Lailah Oua
Lailah)compiladas provavelmente entre
os séculos XIII e XVI.São estruturados
como histórias em cadeia, em que cada
conto termina com uma deixa que o liga
ao seguinte.Essa estruturação força o
ouvinte curioso a retornar para
continuar a história, interrompida com
suspense no ar.

Os projetos para Literatura


Infantil

• Ler histórias sempre, sempre...É poder


sorrir, rir,gargalhar com as situações
vividas pelas personagens;
• É também suscitar o imaginário, é ter a
curiosidade respondida;
• É ouvindo histórias que se pode sentir
emoções importantes como a tristeza,a
raiva, a irritação,o medo,a alegria, etc.

51
• A escola representa a
única oportunidade de ler
que muitas crianças têm.É
necessário ,
portanto,propiciar, nas
salas de aula, a
dinamização da cultura
viva;

• A leitura é um processo
amplo, que envolve a
produção do sentido.

Sugestões de Atividades
• Baú de histórias;
• Baú da fantasia para que possam
dramatizar;
• Criar suspense antes de contar a
história;
• Usar voz expressiva, animando a leitura;
• Caracterizar personagens;
• Contar a história e não dizer o fim,
pedir aos alunos que organizem um fim.

52
Modos de Narrar
• Desenhar,recortar, colar, montar cenas a
história e produzir textos;
• Recontar a história com fantoches;
• Em roda colocar os livros no meio da sala ou
distribuir um para cada um, pedir que leiam e
recontem do seu modo;
• Utilizar a mesma história contada em várias
épocas e autores diferentes
• Teatro de fantoches, teatro de sombras,
teatro de palitoche,etc.

ACIDENTES NA INFÂNCIA - COMO PREVENÍ-LOS

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REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, João Araújo; CHAIWICK, Clifton. Tecnologia Educacional. Petrópolis: Editora:


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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.

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