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UNIVERSIDADE FEEVALE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

PROJETO DE MONOGRAFIA

A POSSÍVEL TRANSFORMAÇÃO (INCONSTITUCIONAL) DO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL: DO JULGAMENTO DE CASOS AO JULGAMENTO DE
TESES

Aluna: NIARA VELOSO GOMES

Orientador: Igor Raatz dos Santos

Novo Hamburgo
2017
2

SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO............................................................................3
2 OBJETO..................................................................................................................4
2.1 TEMA...................................................................................................................4
2.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................4
2.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................4
2.4 HIPÓTESES.........................................................................................................4
3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................5
4 OBJETIVOS............................................................................................................6
4.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................6
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................6
5 EMBASAMENTO TEÓRICO..................................................................................7
6 METODOLOGIA...................................................................................................14
6.1 NÍVEIS DE PESQUISA......................................................................................14
6.2 MÉTODO DE ABORDAGEM.............................................................................14
6.3 TÉCNICA DE PESQUISA..................................................................................14
7 CRONOGRAMA...................................................................................................14
8 ESTRUTURA DA FUTURA MONOGRAFIA........................................................15
9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................16
3

1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

1.1 TÍTULO: A POSSÍVEL TRANSFORMAÇÃO (INCONSTITUCIONAL) DO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: DO JULGAMENTO DE CASOS AO
JULGAMENTO DE TESES

1.2 PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): IGOR RAATZ DOS SANTOS

1.3 ALUNO(A): NIARA VELOSO GOMES

1.4 CURSO DE GRADUAÇÃO: Direito

1.5 UNIVERSIDADE: Universidade FEEVALE

1.6 DURAÇÃO DA PESQUISA: 16 meses (inicio do Projeto até defesa da


monografia)

1.6.1 Início: Agosto de 2017

1.6.2 Término: Novembro de 2018


4

2 OBJETO

2.1 TEMA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA: A POSSÍVEL TRANSFORMAÇÃO


(INCONSTITUCIONAL) DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: DO JULGAMENTO
DE CASOS AO JULGAMENTO DE TESES

2.3 PROBLEMA

2.3.1 Problema Principal

O Supremo Tribunal Federal está se transformando em um Tribunal de Teses?

2.3.2 Problemas secundários

2.3.2.1 Quais são as vantagens de um Tribunal de Teses?

2.3.2.2 A possível transformação do STF em um Tribunal de Teses é


constitucional?

2.4 HIPÓTESES

2.4.1 Hipótese Básica

O Supremo Tribunal Federal atualmente julga tanto casos em concreto quanto em


abstrato. Apesar de alguns doutrinadores serem favoráveis à transformação do
STF em um Tribuna que julgue apenas teses relevantes, eles ainda são minoria no
meio jurídico.

2.4.2 Hipóteses Secundárias


5

A principal vantagem de se ter um Tribunal de Teses é o desaforamento dos


milhares de processos que chegam ao STF para os tribunais ad quo, permitindo
que a Corte Superior concentre-se em temas relevantes para a sociedade, criando
teses uniformes que serão seguidas pelos Tribunais de todo o país.

A transformação do STF em um Tribunal de Teses é inconstitucional, pois a Carta


Magna enumera expressamente as atribuições do STF e dentre elas está o
julgamento originário de processos, de recursos ordinários e extraordinários.

3 JUSTIFICATIVA

O Supremo Tribunal Federal tem caminhado ao longo dos anos para se


transformar em um Tribunal de Teses. Em 1990, com a Lei 8.038, foi cunhada a
possibilidade de negar provimento a um recurso contrário a precedentes do
tribunal; em 1993, a Emenda Constitucional nº 3 deu força vinculante à ação
declaratória de inconstitucionalidade; e em 1998, a EC nº 45/98 trouxe a
repercussão geral como requisito ao recurso extraordinário.
Nesta senda, veio o Código de Processo Civil de 2015, viabilizando e
incentivando a vinculação de precedentes, embora use os termos jurisprudência
dominante e súmulas, cujos conceitos não se confundem, mas fazem alusão a este
sistema.
A transformação em Tribunais de Teses, defendida por parte da doutrina
jurídica, tem como premissa a modificação da função das Cortes Superiores para
que passem a analisar somente causas relevantes e de repercussão geral, criando
teses que serão seguidas pelos Tribunais a quo e deixando de julgar casos
particulares e patrimoniais.
Dentre os benefícios para a sociedade pode-se ressaltar a maior celeridade
dos julgamentos e a uniformização das decisões de todo o território nacional,
garantindo maior previsibilidade dos julgados e segurança jurídica à população.
A segurança jurídica deve ser compreendida como direito efetivo, confiável e
cognoscível, garantidor da dignidade humana. Um Poder Judiciário célere e justo é
capaz de pacificar a relação entre os litigantes e, na medida em que cria
precedentes, externaliza seus efeitos para toda a sociedade.
6

No entanto, a transformação do STF em corte de precedentes não pode ser


vista unicamente de uma perspectiva utilitarista. Deve-se avaliar sua
constitucionalidade, a garantia do duplo grau de jurisdição e a transferência
excessiva de poder ao Judiciário.
O presente trabalho almeja suscitar reflexões a respeito da evolução
histórica e funcional do Supremo Tribunal Federal, discutindo a eficiência e a
constitucionalidade do julgamento exclusivo de teses.
A discussão a respeito do sistema de precedentes é relevante para a
comunidade jurídica e acadêmica, visto que há controvérsias a respeito do tema,
devendo-se, portanto, instigar o debate sobre os benefícios e malefícios do sistema
para a sociedade.

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a constitucionalidade da transformação do Supremo Tribunal


Federal em Tribunal de Teses.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar a evolução histórica, estrutura e atribuições do Supremo Tribunal


Federal.
Examinar a demanda atual e a discussão sobre a eficiência do STF.
Elencar os conceitos de teses, precedentes, jurisprudência e súmulas.
Apontar os argumentos dos doutrinadores contrários e favoráveis ao
julgamento exclusivo de teses relevantes.
Analisar a implantação do Tribunal de Teses frente à Constituição Federal.
7

5 EMBASAMENTO TEÓRICO

1 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

1.1 CONCEITO E COMPOSIÇÃO

O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão máximo do Poder Judiciário no


Brasil, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. É
considerado uma Corte Constitucional1, atuando como guardião da Constituição
Federal (CF). A jurisdição constitucional abrange como funções básicas:

[...] o controle da regularidade do regime democrático e do Estado de


Direito, o respeito ao equilíbrio entre o Estado e a coletividade,
principalmente em proteção à supremacia dos direitos e garantias
fundamentais; a garantia do bom funcionamento dos poderes públicos e a
preservação da separação dos Poderes; e, finalmente, o controle da
constitucionalidade das leis e atos normativos. 2

O Supremo também possui o título de Tribunal da Federação, uma vez que


dirime conflitos entre os estados e a União.3 Além de ser classificado como órgão
de convergência (assim como os demais Tribunais Superiores) e órgão de
superposição (tal como o Superior Tribunal de Justiça). É órgão de convergência,
pois é responsável pela última decisão em matéria constitucional. E órgão de
superposição, já que suas decisões se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais4.
Como órgão de cúpula do Poder Judiciário, o STF possui competência para
julgar ações de interesse dos membros da magistratura (CF, art. 102, I, n), de
1 Já para José Afonso da Silva, o STF não pode ser denominado Corte Constitucional: “Primeiro
porque não é o único órgão jurisdicional competente para o exercício da jurisdição constitucional, já
que o sistema perdura fundado no critério difuso, que autoriza qualquer tribunal e juiz a conhecer da
prejudicial de inconstitucionalidade, por via de exceção. Segundo, porque a forma de recrutamento
de seus membros denuncia que continuará a ser um Tribunal que examinará a questão
constitucional com critério puramente técnico-jurídico, mormente porque, como Tribunal, que ainda
será, do recurso extraordinário, o modo de levar a seu conhecimento e julgamento as questões
constitucionais nos casos concretos, sua preocupação, como é regra no sistema difuso, será dar
primazia à solução do caso e, se possível, sem declarar inconstitucionalidades”. SILVA, José
Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2014,
p. 564.
2 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 484.
3 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012.
4 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva. 2012.
8

conflitos de competência entre os Tribunais Superiores e qualquer outro tribunal


(CF, art. 102, I, o), além de presidir o Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 103-B,
§1º), instituição de controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
O Pretório Excelso é composto por 11 Ministros nomeados pelo Presidente
da República, após aprovação do Senado Federal por maioria absoluta, dentre
cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (CF, art. 101). A
Constituição Federal, portanto, não exige dos Ministros o bacharelado em Direito.
Para Alexandre de Moraes, tal ausência de exigência é “uma tradição
constitucional brasileira, que no final do século XIX chegou a seus extremos de
exagero, demonstrando a pouca importância institucional dada à época ao
Tribunal”.5
O Regimento Interno do STF estabelece como órgãos do Supremo: o
Plenário, as Turmas e o Presidente. Sendo cada Turma composta por cinco
Ministros, com exceção do Presidente6.

2.2 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os Tribunais Superiores tiveram sua origem na França, após a Revolução


Francesa de 1789, com a criação da Corte de Cassação em 1790, tendo por
finalidade obstar que os juízes invadissem a esfera do legislativo. Embora
denominada Corte, este órgão não fazia parte do Poder Judiciário, consistindo em
instituição destinada a proteger a supremacia da lei, cassando as decisões judiciais
que não estavam em conformidade com a lei7.

5 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 479.
6 Artigos 3º e 4º do Regimento Interno do STF.
7 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel; SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito

Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.


9

A função precípua era cassar a interpretação e não firmar novas


interpretações. Entretanto, em 1837 adquiriu a função positiva de interpretar o
direito e firmar jurisprudências que deveriam ser seguidas por todos os juízes 8.
A Corte de Cassação, como órgão de verificação, apenas examinava as
questões jurídicas contidas na sentença, não revendo toda a decisão. Destoando-
se da Corte de Cassação, surge na Alemanha o Tribunal de Revisão, como
verdadeiro órgão jurisdicional que analisa o mérito e resolve a controvérsia 9.
Atualmente, preponderam na Europa dois modelos de tribunais: o da
cassação francesa (adotado pela Itália, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, Holanda e
Grécia) e o da revisão germânica (adotado pela Alemanha, Áustria, Suíça e
Portugal).10
Já a Suprema Corte Norte-Americana, em contramão dos modelos
europeus, foi criada com a função de uniformizar o direito federal e permitir a
declaração de inconstitucionalidade das normas estaduais.11
Inspirado no modelo norte-americano, o Supremo Tribunal Federal12
brasileiro foi criado pelo Decreto nº 510 de 22 de junho de 1890, a Constituição
Provisória. E no ano seguinte, a Constituição de 1891, manteve as disposições
sobre o STF ipsis litteris.
À Corte já foi instituída as atuais funções de julgar: o Presidente da
República nos crimes comuns; os membros dos Tribunais Superiores nos crimes
de responsabilidade; os diplomatas nos crimes comuns e de responsabilidade; as
causas e conflitos entre União, Estados e nações estrangeiras; e o recurso da
sentença de primeiro grau ou de Tribunais que contrariar um dispositivo
constitucional ou que julgar válida uma lei ou ato de governo contrário à

8 BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São
Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.
9 BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São

Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.


10 BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São

Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.


11 BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São

Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.


12 Antes usava-se a denominação Supremo Tribunal de Justiça, que foi estabelecido pela

Constituição de 25 de março de 1824, mas esta não mencionava as atribuições da Corte, apenas
declarava sua criação.
10

Constituição. Este último, posteriormente denominado recurso extraordinário, foi


inspirado no writ of error13 norte-americano.
Para Ovídio14, o Supremo Tribunal Federal ficaria no meio do caminho,
oscilando entre um verdadeiro juízo de cassação, originalmente não jurisdicional, e
uma terceira instância ordinária, alternativa esta que se harmoniza com “[...] a
submissão do Direito brasileiro à burocratização da função judicial, a que serve um
sistema de recursos, cuja vastidão não tem paralelo no mundo, além de ser
altamente tolerante e permissivo”.
Em 1934, almejando se tornar mais fidedigna ao modelo norte-americano, a
nova Constituição Brasileira adotou a denominação “Corte Suprema” e reduziu o
número de ministros da Corte de 15 para 11. Além disso, autorizou a divisão do
Tribunal Supremo em câmaras ou turmas, distribuindo, entre elas, os processos e
ampliando as funções da Corte que, dentre outras atribuições, passou a julgar
originariamente determinados casos de habeas corpus, mandados de segurança,
ações rescisórias de seus julgados e a executar as sentenças nas causas de sua
competência originária.
A Constituição de 1937 trouxe poucas alterações, mas voltou a utilizar a
denominação “Supremo Tribunal Federal”, que se consagraria daí em diante.
A partir de 1940, começam a avolumar-se os recursos extraordinários, que
da faixa dos 200 nos anos anteriores, passam para 804 15. E em 1955 já atinge a
marca de 2.508. A crise no Supremo estava declarada, como bem asseverou
Buzaid em 1962:

A causa da crise é, a nosso ver, funcional, e o seu grande responsável o


legislador constituinte, que se alheou da realidade brasileira e dos sãos
princípios da ciência, no momento em que teve que estruturar o mais alto
tribunal do país. Com efeito, ninguém desconhece que, desde 1930 o país
está em contínuo progresso; aumenta o índice demográfico; cresce
assustadoramente o volume de causas oriundas do surto industrial e
comercial. [...] Um intenso movimento de elaboração legislativa,
especialmente no domínio do direito fiscal, tem dado lugar a frequentes
litígios, com arguição de inconstitucionalidade. As próprias constituições
estaduais têm sido submetidas à apreciação do Supremo Tribunal por
atentarem contra os princípios fundamentais do regime. A centralização

13 O writ of error americano tinha como objetivo resguardar a supremacia da Constituição e das leis
federais em face das decisões judiciais dos Estados-membros. SILVA, Jose Afonso da. Do recurso
extraordinário no direito processual brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1963.
14
SILVA, Ovídio Araújo Baptista. A função dos Tribunais Superiores. Genesis - Revista de Direito
Processual Civil, Curitiba, n. 13, p. 485-498, jul./set. 1999.
15
BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São
Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.
11

legislativa, que é a nota marcante da evolução do direito público nos


últimos vinte anos, culmina com a promulgação dos Códigos de Processo
Civil e Penal, cuja aplicação tem sido larga fonte de recursos
extraordinários, porque, ainda quando a relação jurídica controvertida
derive de lei estadual ou municipal, o instrumento preordenado a obter
justiça é lei federal e há sempre a possibilidade de surgir uma ‘questão
federal’. 16

A próxima mudança significativa no Pretório Excelso ocorre com a Emenda


Constitucional nº 16 de 1965 na Carta Margna de 1946, que passa a exercer o
controle de constitucionalidade concentrado de leis e atos normativos federais e
estaduais não apenas in casu mas também em tese, por meio de representação do
Procurador-Geral da República17.
A Constituição de 1967 não traz inovações nas competências, mas eleva o
número de ministros para 16, o que só perdura por 2 anos, quando é reduzido
definitivamente para 11, pelo Ato Institucional nº 6 de 1969.
Em 1975, A Emenda nº 3 do Regimento Interno do STF cria um novo
instituto processual: a arguição de relevância, posteriormente constitucionalizado
com a Emenda Constitucional (EC) nº 7 de 197718. O dispositivo é criado não como
um filtro, mas como uma alternativa para autorizar o recurso excepcional, ainda
que não houvesse infringência da Constituição19. O elemento, de natureza
subjetiva, ampliou os poderes discricionários da Corte e serviu, somente, para
como meio de procrastinar o andamento do feito. Para LIMA, “[...] tornou-se,
portanto, em mais uma fonte de labor para o Supremo, embora em julgamento
esdrúxulo e pouco formal”20. A arguição de relevância foi omitida da Carta Magna
de 1988, entretanto, com o advento da Lei nº 11.418/06 que regulamentou a EC nº
45/04, surge semelhante mecanismo com o nome de “repercussão geral”.
A Constituição de 1988 fortalece o Poder Judiciário, conferindo-lhe garantias
institucionais sob a forma de autonomia orgânico-administrativa (art. 96 da CF/88)

16 BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Processual Civil, São
Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962, p. 40.
17 Art. 101, I, k da Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946.
18 Artigo 199, § 1º, da Constituição Federal de 1976, com redação dada pela Emenda Constitucional

nº1 de 1969: “As causas a que se fere o item III, alíneas a e d , deste artigo, serão indicadas pelo
Supremo Tribunal Federal no regimento interno, que atenderá à sua natureza, espécie, valor
pecuniário e relevância da questão federal”.
19 ABREU, Iduna Weinert. A arguição de relevância da questão Federal. Revista de Informação

Legislativa, Brasília, a. 16, n. 61, jan./mar. 1979.


20 LIMA. Alcides de Mendonça. A evolução da competência do Supremo Tribunal Federal. Revista

de Informação Legislativa, Brasília, a. 16, n. 63, jul./set. 1979, p.85.


12

e financeira (art. 99, §1º a 5º da CF), visando, assim, assegurar sua independência
e imparcialidade21.
A Constituição Cidadã consolida a função precípua do Supremo como Corte
de Constitucionalidade e cria o Superior Tribunal de Justiça (STJ), distribuindo-lhe
funções antes privativas do STF, como os conflitos de jurisdição entre Tribunais e
entre Tribunal e juiz a ele não vinculado; os conflitos de atribuições entre
autoridades administrativas e judiciárias; os recursos ordinários de causas em que
forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, e município ou pessoa
domiciliada ou residente no País; os habeas corpus decididos em única ou última
instância pelos tribunais federais ou Tribunais de Justiça dos Estados, se
denegatória a decisão; as decisões que julgarem válidas ato de governo local
contestado em face de lei federal; e sentenças que derem à lei federal
interpretação divergente de outro Tribunal.
A Emenda Constitucional nº 3/93 acrescenta ao Supremo a função de
apreciar uma nova via de controle abstrato de constitucionalidade: a Ação
Declaratória de Constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, “consistindo em
típico processo objetivo destinado a afastar a insegurança jurídica ou o estado de
incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo federal”22.
Em 2004, a Emenda Constitucional nº 45, implementa a “Reforma do
Judiciário”, que tramitava no Congresso desde 1992, promovendo modificações na
organização do Poder Judiciário e nos procedimentos judiciais, buscando maior
eficiência e celeridade processual, além de criar o Conselho Nacional de Justiça23.
Dentre as inovações da EC nº 45 destaca-se a repercussão geral como
requisito de admissibilidade do recurso extraordinário, tendo sido regulamentada
pela Lei nº 11.418 de 2006, que acrescentou os artigos 543-A e 543-B ao Código
de Processo Civil. Para configurar a repercussão geral deve haver questão

21 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Método, 2012.


22 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 658.
23 “Fazendo justiça à sua responsabilidade de reformar o Poder Judiciário brasileiro, a Emenda

Constitucional nº 45/2004 foi para além da criação dos mecanismos de gestão e controle. A
Emenda foi responsável, entre diversas outras inovações, por incluir no rol de direitos e garantias
fundamentais a razoável duração do processo, em âmbito judicial e administrativo, bem como por
determinar que fosse garantido o direito de acesso à ordem jurídica por meio da criação da Justiça
itinerante e da autonomia das defensorias públicas estaduais. No tocante aos direitos humanos,
destacam-se a constitucionalização dos tratados e convenções internacionais sobre a matéria e a
federalização dos crimes mediante o incidente de deslocamento de competência”. COÊLHO,
Marcos Vinícius Furtado. A Ordem dos Advogados do Brasil e a Emenda Constitucional nº 45/2004:
muito mais do que dez anos. Diálogos sobre Justiça, Brasília, n. 2, p. 18-21, maio/ago. 2014, p.
19.
13

relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapasse


os interesses subjetivos da causa.
Comparando o novo dispositivo com a antiga arguição de relevância,
MARINONI, MITIDIERO e SARLET comentam:

Não obstante tenham a função de ‘filtragem recursal’, a ‘arguição de


relevância’ e a ‘repercussão geral’ não se confundem. Enquanto a
arguição de relevância funcionava como um instituto que visava
possibilitar o conhecimento deste ou daquele recurso extraordinário a
priori incabível, funcionando como um instituto com característica central
inclusiva, a repercussão geral visa excluir do conhecimento do STF
controvérsias que assim não se caracterizem.24

A Emenda Constitucional supracitada traz também o instituto da súmula


vinculante, posteriormente regulamentada pela Lei nº 11.417/2006. A súmula
aprovada por dois terços dos membros do STF passa a ter efeito obrigatório em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública federal,
estadual e municipal, com o intuito de prevenir a reapreciação de matérias já
sedimentadas pela jurisprudência. Para Tavares, “[...] sua implementação
progressiva (conjuntamente com o instituto da repercussão geral) acabará por
impedir a multiplicação desnecessária de processos no STF”.25
Apesar das reformas introduzidas na Constituição terem impulsionado uma
modernização na prestação jurisdicional, elas não foram suficientes para garantir a
eficiência e celeridade processual do Pretório Excelso, que continua sendo
excessivamente acionado26, fomentando discussões sobre a crise no STF e sua
possível transformação em um Tribunal de Teses.

24 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel; SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito
Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p.838.
25 TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.

410.
26 Entre 2009 e 2016 observou-se uma tendência de crescimento da demanda ao STF, que passou

de 63.732 processos novos em 2009 para 89.959 em 2016. Comparando-se com a Suprema Corte
norte-americana, a cada ano são protocolados, aproximadamente, de 7.000 a 8.000 casos novos
naquela corte, sendo que o tribunal reconhece o writ of certiorari para cerca de apenas 80 casos por
ano. BRASIL. Supremo em Ação 2017: ano base 2016. Conselho Nacional de Justiça. Brasília:
CNJ, 2017. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/08/f8bcd6f3390e723534ace4f7b81b9a2a.pdf>.
Acesso em: 29 nov. 2017.
14

6 METODOLOGIA

6.1 NÍVEIS DE PESQUISA

O nível de pesquisa do presente estudo é exploratório, caracterizada por


proporcionar uma visão geral acerca de um fato e esclarecer conceitos e ideias,
uma vez que irá analisar os aspectos históricos, conceitos, legislações e teorias
que abordam a transformação dos Tribunais Superiores em tribunais de teses.

6.2 MÉTODO DE ABORDAGEM

O método de abordagem é o dedutivo, pois parte de uma abordagem geral


ao analisar as legislações, teorias e aspectos históricos para chegar a uma
conclusão particular. Será feita uma análise de dados qualitativa.

6.3 TÉCNICAS DE PESQUISA/MÉTODOS DE PROCEDIMENTO

No presente trabalho serão utilizadas as técnicas de pesquisa: pesquisa


bibliográfica e documental.

7 CRONOGRAMA (da futura monografia)

ETAPAS /MESES/semestre 2018/1 2018/2


Consolidação da Estrutura da x
Monografia
Encontros com o Orientador X x
Escolha da bibliografia para o primeiro x
capítulo
Visita a outras bibliotecas para ampliar x x
referencial bibliográfico
Pesquisa em sites (revistas X x
eletrônicas, teses, dissertações, livros,
jurisprudência).
Redação do Primeiro Capítulo x
Revisão do Orientador x
15

Entregada de 30 páginas relativas ao x


Primeiro Capítulo/assinatura orientador
Revisão da Estrutura do x x
Segundo/Terceiro capítulo
Redação do 2º e do 3º Capítulo/idem x
passos anteriores
Apresentação da 1ª versão p/ x
Orientador
Redação da Conclusão, Introdução e x
Resumo
Correção e Fechamento da versão x
definitiva
Formatação Definitiva/Revisão x
Submissão da versão definitiva ao x
orientador/ assinatura orientador
Impressão e Entrega da Monografia x
Preparação p/Defesa x
Defesa DA MONOGRAFIA x

8 ESTRUTURA DA FUTURA MONOGRAFIA

INTRODUÇÃO
1 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
1.1 CONCEITO E COMPOSIÇÃO
1.2 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1.3 COMPETÊNCIAS
1.4 CONJUNTURA ATUAL: DEMANDA E EFICIÊNCIA
2 DA TRANSFORMAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TRIBUNAL
DE TESES
2.1 CONCEITOS: TESE, PRECEDENTE, JURISPRUDÊNCIA E SÚMULA
2.2 TRIBUNAL DE TESES
2.2 INOVAÇÕES NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
2.2 FUNDAMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO TRIBUNAL DE TESES
2.3 DA INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUNAL DE TESES
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
16

9 REFERÊNCIAS

ABREU, Iduna Weinert. A arguição de relevância da questão Federal. Revista de


Informação Legislativa, Brasília, a. 16, n. 61, jan./mar. 1979.

BRASIL. Supremo em Ação 2017: ano base 2016. Conselho Nacional de Justiça.
Brasília: CNJ, 2017. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/08/f8bcd6f3390e723534ace4f7b
81b9a2a.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2017.

BUZAID, Alfredo. A crise do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito


Processual Civil, São Paulo, v. 6, a. 3, p. 25-58, jul./dez. 1962.

COÊLHO, Marcos Vinícius Furtado. A Ordem dos Advogados do Brasil e a Emenda


Constitucional nº 45/2004: muito mais do que dez anos. Diálogos sobre Justiça,
Brasília, n. 2, p. 18-21, maio/ago. 2014.

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