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Terça-feira: Amiga!!! Precisava contar.. Sabe aquele homem de que falei ?? Ele
olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador. Fiquei sem ação e baixei a
cabeça. Como sou burra! Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um
regime. Me olhei no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha
indiscreta. Fui no mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumes e
chás. Resolvido! Estou de dieta.
Desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto
aguardava minha vez de sair pela roleta. Não me aguentei e soltei mais um. Um
senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse:
'Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado!'.
Na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café,
queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a
cheirar um pastel, justo na hora em que o futum se espalhou. O sujeito jogou o
pastel no lixo e reclamou:'Pô, dona Maria! Esse pastel tá bichado!'
Entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis andares pela escada para não usar
o elevador. Meu azar foi que o Marcelo estava na porta do elevador, me viu e ficou
segurando a porta esperando que eu entrasse. Como eu não me decidia, ele me
puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar, estávamos sozinhos. Cheguei
até a me sentir aliviada, pois de elevador a viagem seria mais rápida.
Amiga...., juro que tentei prender. Mas antes que saísse com estrondo, deixei
escapar..
Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda
pior que o anterior. O coitado dessa vez ficou meio azulado, mas mesmo assim
não disse nada. Me abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como
uma mulher em estado de parto. Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto mais
distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos
meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso. Ele
ficou lá, no canto, impávido.
Daí, nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro. Ele se desesperou todo e começou
a apertar a campainha de emergência. Coitado!! Ele esmurrou a porta, gritou,
esperneou, e eu lá, respirando que nem um cachorrinho. Quando a catinga
dissipou, ele se acalmou.
As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ele me viu chorando,
enxugou meus olhos quando eu pensei que ele ia dizer algo bonito ele solta essa:
'Meus olhos também estão ardendo...'. Aquilo me magoou profundamente. Pensei:
' Ah éé, FDP ??? Então acabou a respiração cachorrinho!!!... '
Depois disso ele só chorava. Chorou como um bebê até sermos resgatados,
quatro horas depois.