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Wright Mills
O autor faz ainda um contraponto com a década de 30, considerada uma idade
política, na qual os valores ameaçados eram reconhecidos, bem como as
contradições estruturais que os punham em risco. Este contraponto torna ainda
mais evidentes os problemas de nossa época, definidos por uma preocupação,
sobretudo, com a qualidade da vida individual ou ainda com a possibilidade de
continuar existindo vida individual.
Contudo, fatos acumulados não fazem uma ciência social. A grande teoria, por
sua vez, apresenta uma visão bastante estática e abstrata dos componentes
sociais, incorrendo ainda no risco de abandonar a História, elaborando conceitos
sobre outros conceitos igualmente abstratos. Em contrapartida, o cientista social
clássico evita esquemas rígidos de procedimentos, nem se inibe pelos métodos
e técnicas, adotando o modo do artesão intelectual.
Quanto maior a consciência dos valores envolvidos e dos riscos a que estão
ameaçados, mais substantivado estará o problema. Seus escritos revelam uma
grande preocupação com dois valores considerados fundamentais, razão e
liberdade, por serem co-extensivos com a principal tendência da sociedade
contemporânea, a tendência à centralização, à ampliação de organizações
burocráticas vastas e do controle do poder nas mãos de uma elite muito
pequena.
Considerando que o progresso científico é cumulativo, Mills ainda ressalta a
importância de uma “objetividade” na ciência. Em seus escritos, ele interpreta o
mundo por uma perspectiva muito influenciada por Max Weber, defendendo uma
visão holística de sistemas socioculturais, interdependentes, os quais têm efeitos
profundos sobre os valores humanos.