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A fosfatagem é uma técnica de correção do solo que possibilita a retenção do fósforo (P) na fração argila,
principalmente pelos óxidos de ferro e alumínio, permitindo que o nutriente seja absorvido pelas plantas na
forma solúvel. A adubação fosfatada possui o objetivo de aumentar o sistema radicular da planta, garantindo
maior acesso a água e nutrientes, resistência a pragas e doenças e maior produtividade. Esta prática é um
investimento de longo prazo, pois tem efeito residual na área em que foi aplicada, ou seja, fornece benefícios
para o solo por até quatro ou cinco anos.
O fósforo (P) é o terceiro macronutriente mais utilizado pelas culturas, após o potássio (K) e nitrogênio (N),
respectivamente. No metabolismo das plantas, esse nutriente é fundamental e participa da fotossíntese,
respiração, do armazenamento e da transferência de energia, divisão celular, do crescimento das células e
raízes, além de possibilitar maior qualidade da produção. Sua deficiência provoca mal desenvolvimento da
cultura, clorose e arroxeamento das folhas velhas, evoluindo para necrose e secamento da planta. Em altas
concentrações, torna-se tóxico e diminui a disponibilidade de zinco, resultando em pouco desenvolvimento,
raízes claras e clorose nas bordas das folhas velhas.
No Brasil, ocorre a predominância de solos tropicais, sendo constituídos de caulinita, óxidos de ferro e de
alumínio, que conforme o pH, podem possuir cargas negativas (ânions) e cargas positivas (cátions). O fósforo
disponível para as plantas se encontra na forma negativa, como, PO4-3, HPO42- e H2PO42, sendo atraídos
por óxidos positivos do solo, que aderem às moléculas de P na superfície dos minerais, não podendo ser
absorvido pelas plantas. Para aumentar a eficiência da fosfatagem e tornar o nutriente disponível às plantas,
anteriormente à aplicação, é realizada a calagem com o objetivo de elevar o pH do solo, aumentando o
número de cargas negativas dos óxidos para não atraírem moléculas de fósforo, deixando-o acessível para
as plantas.
No solo, o fósforo pode ser encontrado nas formas de fosfatos lábeis, não lábeis ou na solução do solo,
sendo que o único disponível para as plantas e microrganismos são os solúveis, na forma de H2PO-4 em
solos ácidos e HPO-4 em solos alcalinos. Assim como os outros nutrientes, o fósforo também é suscetível a
perdas pela erosão ou pela água de drenagem através da lixiviação. O fosfato lábil é capaz de repor
rapidamente o nutriente P no solo, quando utilizados pelas plantas. O fosfato não lábil refere-se ao fósforo
fixado pelos óxidos do solo, formando outros componentes como ao cálcio, ferro ou alumínio.
A necessidade da fosfatagem é verificada de acordo com a análise de solo, por amostras representativas da
área. Geralmente, é realizada no pré-plantio, após a calagem e gessagem, aplicando o fertilizante fosfatado a
lanço por toda superfície do terreno, sobre a palhada (em plantio direto) ou incorporando-o ao solo a 5 cm
de profundidade com o auxílio de uma grade ou arado (sistema convencional). A incorporação garante
melhores resultados no aumento da produtividade das plantas, pois o nutriente apresenta baixa mobilidade
no solo, prejudicando o desempenho principalmente das culturas anuais, graníferas e fibrosas, que
necessitam de alta taxa disponível de fósforo para se desenvolver. Quando aplicado em sistema de plantio
direto, o fertilizante fosfatado deve ser espalhado por toda a superfície da área, porém o crescimento da
produtividade dos grãos ocorrerá lentamente, conforme o nutriente for incorporado biologicamente ao solo,
pelos insetos e anelídeos. Uma adubação de plantio sem fosfatagem resulta em plantas com menor
aproveitamento de fósforo e perdas do nutriente para o solo.
Figura 1. Comparação de um plantio com (esquerda) e sem (direita) adubação fosfatada.
Fonte: Embrapa.
No sistema convencional, para repor os nutrientes que são absorvidos pelas plantas, é realizada a adubação
de manutenção do solo na época da semeadura, utilizando fontes solúveis de fósforo em água, sendo mais
usados os superfosfatos. Em culturas anuais e na cana-de-açúcar, é recomendada a técnica da fosfatagem
no sulco de plantio, enquanto que para culturas perenes, pode ser feita em cobertura.
É necessário que a análise de solo seja interpretada corretamente para que a adubação com o fósforo seja
feita com doses corretas. A maioria das culturas necessitam de 20 mg.dm-3 de fósforo, recomendada
principalmente para áreas com baixos teores de argila, que geralmente apresentam teores de P inferiores a
10 mg.dm-3 e Capacidade de Troca de Cátions (CTC) menor que 60 mmolc.dm-3.
A quantidade de fertilizante fosfatado a ser utilizado pode ser calculada pelo método de P resina (Vitti &
Mazza) ou pelo método de Mehlich (Souza & Lobato). No critério de P resina, a fosfatagem deve ser realizada
quando a análise de solo apresentar, na camada de 0 a 20 cm, CTC menor que 60 mmolc.dm-3 ou teor de
argila menor que 30%, e P resina menor ou igual a 15 mg.dm-3.
O teor de P aumenta 1% a cada 4,6 kg/ha de P2O5 aplicados no solo. Para o cálculo, a quantidade de P
presente na camada 0 a 20 cm deve ser subtraída pelo valor de P desejado ao final da fosfatagem. O
resultado da subtração é multiplicado por 4,6, conforme o exemplo abaixo. Como a eficiência do P é de
apenas 50%, a quantidade final deve ser dobrada.
Na Tabela 1, pode-se observar a quantidade de P resina necessária para o aumento da produção relativa de
culturas florestais, perenes, anuais e de hortaliças.
Baixo 71 - 90 3–5 6 - 12 7 - 15 11 - 25
O método de Mehlich recomenda a adubação fosfatada quando o teor de P no solo estiver entre 2 a 12
mg.dm-3. Na Tabela 2 pode-se observar a quantidade necessária no solo de P2O5, sendo o primeiro valor
indicado a quantidade necessária para práticas corretivas totais e o segundo para a adubação parcelada no
sulco de plantio, variando o total do parcelamento de acordo com a cultura.
As reservas de P no Brasil são baixas, portanto é necessário importar o nutriente dos Estados Unidos, Rússia,
China, Marrocos e Peru. As fontes de fósforo que podem ser adquiridas no país para a adubação fosfatada
são as formas solúveis em água, como o superfosfato simples e triplo, geralmente utilizados para corrigir a
acidez dos solos em cultivos de grãos temporários com ciclo curto, perenes e pastagens, além dos fosfatos
monoamônico (MAP) e diamônico (DAP). Também podem ser utilizados fosfatos solúveis em ácido cítrico,
como o fosfato reativo (Arad), termofosfatos, multifosfatos e fosfatos naturais alternativos, aplicados
exclusicamente em áreas de pastagens e cultivos perenes em solos ácidos ou relativamente ácidos. A
escolha do adubo fosfatado depende do custo do produto, frente e da necessidade de adição de enxofre ao
solo, pois pode ser encontrado na composição de alguns desses fertilizantes, sendo vantajoso para o
aumento da produtividade.
O superfosfato simples (SSF) é utilizado principalmente em misturas com fertilizantes NPK. Possui de 16 a
18% de P2O5, 20% de cálcio, 18% de enxofre, sendo solúvel em água e 2 a 3% solúvel em citrato de amônio.
O SSF não altera a reação do solo e possui baixo indice de salinidade, podendo ser encontrado na forma de
pó e granulada, que tem maior facilidade de distribuição no solo, tanto manual como mecanicamente,
evitando que o fósforo se perca.
O superfosfato triplo (STF) é o mais usado no mundo devido a alta concentração de P2O5 (41%), diminuindo
os custos de adubação, porém apresenta baixa concentração de enxofre. Também é constituído por 20% de
cálcio e 40% do composto é solúvel em água e citrato de amônia. Assim como o SSF, não altera a reação do
solo e tem baixo índice salino, podendo ser encontrado em pó ou grânulos.
Os fosfatos MAP e DAP são considerados universais por serem utilizados em todas as culturas e tipos de
solo, porém são mais adequados para culturas com alta exigência de P, como o milho. Possuem a vantagem
de potencializar a absorção de fósforo pelas raízes, ser totalmente solúvel em água e possuir boa capacidade
de transporte de nutrientes, armazenamento e distribuição na aplicação no campo.
Também pode ser utilizado o termofosfato magnesiano, composto por 18% de P2O5 e com alto teor de P
solúvel em ácido cítrico a 2%, neutralizando o pH do solo e garantindo o efeito do magnésio na absorção do
fósforo. É consitituído por silicatos atraídos pelos óxidos do solo, mantendo o nutriente na sua forma
absorvível pelas plantas. Além disso, os silicatos são vantajosos, pois diminuem o ataque de pragas e
doenças em razão de formação de uma barreira de substâncias inibidoras ou repelentes de parasitas,
diminuem também a vulnerabilidade à resistência ao acamamento e garante plantas mais eretas,
favorecendo a fotossíntese e a produção. O multifosfato magnesiano tem composição e aplicação
semelhante ao termofosfato.
Como fontes alternativas de fosfato, ainda é possível utilizar o organofosfatado, fertilizante resultante da
mistura de fosfatos naturais e de matérias orgânicas umidificadas (torta de filtro, cinzas de caldeira ou
esterco de curral), que sofrem um processo biológico pela adição de inoculantes microbianos solubilizadores
de fosfato, como bactérias e fungos. Este fertilizante possui a vantagem de ser mais apropriado ao clima
tropical, liberando lentamente P2O5 e acrescentando matéria orgânica ao solo, melhorando as
caracteristicas físicoquímicas, possibilitando o aumento da produtividade.
A técnica da fosfatagem deve ser realizada em conjunto com a calagem e gessagem para aumentar a
produtividade das culturas, minimizando as perdas existentes, do nutriente fósforo, em solos brasileiros que
são prejudicados pela alta taxa de fixação.
Fontes consultadas
KLUTHCOUSKI, J.; COBUCCI, T.; OLIVEIRA, P. É hora de fazer fosfatagem. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/865921/1/SP2010.001.pdf
(https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/865921/1/SP2010.001.pdf)>. Acesso em: 30
de março de 2016.
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SOLOS ARENOSOS. 2014, Presidente Prudente - SP. Calagem, Gessagem e
Fosfatagem em Solos Arenosos. Disponível em:
<https://www.unoeste.br/site/destaques/outros_destaques/documentos/PALESTRAS_SBSA_2014_PDF/17.pdf
(https://www.unoeste.br/site/destaques/outros_destaques/documentos/PALESTRAS_SBSA_2014_PDF/17.pdf)
>. Acesso em: 30 de maço de 2016.
SIMPÓSIO SOBRE FÓSFORO NA AGRICULTURA BRASILEIRA. 2003, São Pedro – SP. Eficiência Agronômica de
Termofosfatos e fosfatos alternativos.
Elaborado por
Acompanhamento técnico
Engenheira Agrônoma
CREA 5061273747 (callto:5061273747)
Coordenação editorial
Marcela Matavelli
Agente de Comunicação
DRT 5421SP
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