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CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 LACÔNICO RELATO DA HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NAS


CONCEPÇÕES DE ALGUNS AUTORES.

Para que se construa uma visão sobre o ensino de História, primeiramente é


preciso que se entenda a definição de História. Ao aprofundarmos, deparamos com a
definição de Marc Bloch, onde o autor afirma que a História é “uma escolha” sendo que
o objeto de estudo não é o “ passado” e sim “o homem”, mas, para ser mais conciso,
“homens no tempo”, ou seja, a história vai além de investigar o passado, ela vai estudar,
pesquisar, indagar o homem em seu devido tempo e espaço, através de fontes
documentais, orais, imagens, músicas e etc.
Ao adentrar no ensino de História no âmbito da educação, é preciso ressaltar a sua
importância para que, os educandos aprendam e compreendam as origens das gerações
que viveram e que tiveram marcos importante no tempo passado, e que através desse
conhecimento adquiram um olhar crítico e reflexivo.
De acordo com Bittencourt (2009), a autora vem nos informar que, a História é
considerada uma das partes mais importantes, onde é inserida como parte incorporada
dos currículos e dos objetivos educacionais mais abrangente e que era sugestionada para
a escola primária (ou elementar) e secundária. Assim percebe-se que o ensino de
História tem o objetivo de constituir identidades nacionais de uma agremiação. E que
ela vem desde a antiga escola primária e secundária até aos dias atuais.
A História passou por transformações para ser considerada uma disciplina escolar.
Como já dizia Fonseca:

As características do conjunto de conhecimentos definidos como História, no


universo escolar, nem sempre foram às mesmas nem se mantiveram fiéis a uma
estrutura de organização semelhante a que conhecemos hoje para as disciplinas
escolares (FONSECA, 2004. pag.20-21).
Dando ênfase nas palavras da autora, as características da História não se
mantinham intactas e que até o regulamento da História enquanto campo de
conhecimento foi se modificando com o tempo e somente a partir do século XVIII, é
que a História principiou em adquirir vigor definido como “saber objetivamente
elaborado e teoricamente fundamentado”.
Durante muito tempo a Historia ficou dependente da Filosofia e teologia e que
somente em oitocentos adquiriu estatuto científico, com procedimentos metodológicos
conduzido da investigação.
A autora ressalva que nesse determinado período a História manifestou uma
“sistematização” maior no ramo da “investigação” e de seus “métodos”, onde a mesma
buscava o equilíbrio entre as “dimensões eruditas e filosóficas”, ou seja, nesse momento
houve essa harmonia entre o conhecimento adquirido pela leitura (letrado) e
conhecimento filosófico.
Segundo Fonseca (2004) menciona que através desse processo ocorreu um
acontecimento proveitoso para a o estatuto da História científica, que foi exequível para
a sua escolarização, isto é, sua mutação em disciplina escolar. Partindo desse
pressuposto, pode-se dizer que a História para obter esse proposito teve que percorrer
por essas alterações, com o objetivo de conquistar essa importância em seus conteúdos.
Durante o período colonial, foi criado o Ration, que de acordo com a autora Fonseca:

“é um conjunto de normas e orientações pedagógicas publicadas e


distribuídas por toda a parte, onde eram prioridade os procedimentos e não os
conteúdos, tendo em vista seus objetivos evangelizadores, de formação moral
e da difusão das virtudes cristãs (FONSECA 2004, pag.39).

Nesse período colonial os jesuítas ensinavam de acordo com seus princípios


religiosos, com o objetivo de catequisar e fazer com que cada um obtivesse o
conhecimento religioso e seguissem a doutrina cristã, para eles o mais importante era
como ensinar e o quê ensinar os mesmos não se importavam com os conteúdos.

Durante a segunda metade do século XIX, várias reformas curriculares foram


realizadas, alterando-se a distribuição dos conteúdos de História (Sagrada, Antiga,
da Idade Média, Moderna, Contemporânea, do Brasil) pelas séries, agrupando
conteúdos que antes eram dados em separado (FONSECA 2004, pag. 48).

De acordo com a autora, foi no ano de 1837 que o Colégio Dom Pedro II foi
fundado onde estabeleceu seus programas curriculares, apresentando a partir de 1838, o
ensino de História ao longo de suas oito séries. Assim sendo, as histórias Antigas, da
Idade Média, Moderna, Contemporânea, por um bom tempo corresponderam a História
Geral e mais tarde a História Universal, que servia de modelo para todas as escolas e
principalmente para o ensino secundário.
Percebe-se que durante a década de 30 e 40, houve duas reformas de Francisco
Campos e Gustavo Capanema que elevaram a concentração das políticas educacionais,
empregando o ensino de História como eixo nas propostas de formação da unidade
nacional. A proposta de Gustavo Capanema reconstituiu a História do Brasil como
independente onde só corroborou como objetivo essencial à formação moral e
patriótica.

Na terceira e quarta séries do curso ginasial o estudo da História do Brasil visa


precipuamente à formação da consciência patriótica, através dos episódios mais
importantes e dos exemplos mais significativos dos principais vultos do passado
nacional. Assim como nas aulas de História Geral, serão postas em relevo as
qualidades dignas de admiração, a dedicação aos grandes ideais e a noção de
responsabilidade (SERRANO 1945, pag. XV apud HOLLANDA 1957, pag. 53).

Em harmonia com Fonseca, a finalidade era fazer com que os alunos tivessem
contatos com a história de personagens que tiveram fortes acontecimentos no devido
tempo e espaço e mais tarde ampliar seus estudos em norte nas instituições sociais,
políticas e econômicas, ou seja, essas aulas estavam voltadas para a compreensão dos
acontecimentos marcante e assim firmavam o sentimento de civismo que seria os
direitos e deveres para com a pátria e a humanidade.
A história tradicional prevaleceu no século XIX, e que ao decorrer do tempo foi
sendo discutida, questionada e que passou por uma metamorfose no século XX. A
história tradicional favorecia como fontes os documentos escritos, oficiais e não oficiais
e também os sítios arqueológicos. Sendo assim, ela estudava somente os grandes
acontecimentos que estavam diretamente ligadas à diplomacia, política e religião do
passado. Alguns historiadores começaram a debater e questionar a história tradicional,
onde sua linha de pensamento era ir mais além, ou seja, fazer um diálogo com outras
disciplinas, transformando a maneira de pesquisar e estudar e que foi e é crescente até
os dias atuais.
A nova história como chamamos hoje foi praticamente fundada pelo historiador
francês Fernand Braudel, onde o mesmo afirma que:

Essa busca de uma história não factual se impôs de maneira imperiosa ao contato
das outras ciências do homem, contato inevitável e que na França se organizou
depois de 1900 (...), após 1992, graças à vitoriosas e eficientíssima campanha dos
Annales de Lucien Febvre e Marc Bloch (BRAUDEL 1992, pag. 97).
Diante dessas palavras percebemos que esses debates já vinham acontecendo a
um bom tempo, ou seja, não era novo, e que os historiadores Lucien Febvre, Marc
Bloch e Fernand Braudel foram os principais que contribuíram para que essa nova
história fosse aceita por haver concepções diferentes nas fontes documentais, na história
e na pesquisa, e que só enriqueceu na ampliação do conceito de fontes de pesquisa e
estudo. De acordo com Guimarães (2012), a mesma ressalva que diante dessa ampliação
eles consideraram fontes históricas todas as expressões públicas e demonstração das
habilidades humanas, tal quais as fontes escritas, orais (entrevistas, depoimento,
narrativas), audiovisuais (fotografias, discos, filmes, programas de televisão), obras de
arte, como pinturas e esculturas, objetos e materiais diversos.

Hoje se sabe que estudar História, interpretá-la, ensiná-la não é tão fácil como
parecia, um mero instrumento de propaganda ideológica ou revolução. Porém, no
lugar da utopia abandonada parece ter ficado um vazio (PINSKY ano: pag.18).

De acordo com o autor, estudar História não significa só ouvir e reproduzir


como se realizava há um tempo, com o objetivo de formar apenas cidadãos patrióticos e
que há uma grande diferença entre o antes e o agora, mas que não é impossível, pois
temos que nos desapegar da ilusão excedida e focar em formar cidadãos crítico /
reflexivo através da pesquisa, indagação, interpretação.
Hoje o ensino de História é visto como algo proveitoso para que se formem
mentes pensantes.
Havia uma nova proposta para o ensino de história, onde requeria uma nova
metodologia e que exigia tanto na mudança dos alunos como dos professores, essa
proposta era a execução de um sonho que muitos queriam e que finalmente estava
acontecendo que seria uma história:

“mais crítica, dinâmica, participativa, acabando assim com a história linear,


mecanicista, etapista, positivista, factual e heroica e que enquanto ciência possui um
objeto e um método próprio de estudo, e de que o ensino dessa ciência requer um
novo método e uma nova visão do seu conteúdo” (Secretária do Estado da Educação
de Minas Gerais, 1987, pag. 9).

Essa nova metodologia de história ia mais além de só ouvir e decorar, ela


requeria mudança tanto no cognitivo dos alunos como dos professores, onde os mesmos
pudessem construir seu olhar crítico com relação ao tema estudado.
Mas essa História ainda não tinha alcançado seu alvo, havia mais discussões
sobre o ensino de história e que aos poucos ela foi ganhando forma até aos dias atuais.
Portanto, a “nova história foi influenciada cada vez mais e foi ficando cada vez mais
compreensível onde a mesma tinha relação com a produção historiográfica.
Instantaneamente a história das intelectualidades e a história do cotidiano viraram-se
sinônimo de inovação no ensino de história.
A autora Guimaraes ressalta em seu trabalho que:

Discutir o ensino de História, no século XXI, é pensar os processos formativos que


se desenvolvem em diversos espaços e as relações entre sujeitos, saberes e práticas.
Enfim, é refletir sobre modos de educar cidadãos numa sociedade complexa,
marcada por diferenças e desigualdades GUIMARAES (2012, pag. 20).

Para questionar o ensino de história, é necessário que se considere o tempo,


espaço e o sujeito, porque cada um tem um pensamento distinto, é preciso que se
encontre a melhor forma para que se eduquem os cidadãos e que afinal são assinalados
por diferenças e injustiças em uma sociedade tão complexa.
E dentro desse mesmo contexto nos deparamos dentro da sociedade com certos
tipos de perguntas relacionadas a História. O que é História? Por que se estuda História?
O que ela vai mudar em minha vida?
São indagações que de primeira vista não fazem sentido, mas ao analisar a respostas de
Caio Boschi que diz:

(...), a história serve para que o homem conheça a si mesmo – assim como suas
afinidades e diferenças em relação a outros. Saber quem somos permite definir para
onde vamos. Quem sou eu? Para onde vou? Perguntas como essas são uma constante
na história da humanidade. Por mais sem sentido que pareçam, tais indagações
traduzem a necessidade que temos de nos explicar, nos situar, nos (re)conhecer
como humano e, em decorrência, como seres sociais BOSCHI (2007, pag. 12).

Em outras palavras, mas em concordância com o autor, é sim de muita


importância que se tenha o ensino de História nas grades da escola, pois é através da
mesma que descobrimos nossas origens, e conhecemos a história de nossos
antepassados e ao compreender saberemos de onde viemos e para onde iremos, e não
deixando de ressaltar Guimarães “as pessoas fazem história o tempo todo e em todos os
lugares”.

A História busca compreender as inúmeras maneiras como homens e mulheres


viveram e pensaram suas vidas e a de suas sociedades no decorrer do tempo (Novaes
1992, apud Guimaraes 2012).
Através da História podemos ter essa permissão de ver que o conhecimento
social vive em constante processo de transformação.

É por meio dos diversos registros das ações humanas, dos documentos, dos
monumentos, dos depoimentos de pessoas, de fotografias, objetos, vestuários e
outros, que chega até nós o real vivido por homens mulheres nos diversos tempos e
espaços. Em palavras simples, todas essas fontes documentais são de suma
importância, pois nos permitem entender e compreender os fatos, acontecimentos
que ocorreram em um determinado tempo e espaço nos dando a oportunidade de
construir o conhecimento histórico THOMPSON (1981), apud GUIMARÃES
(2012).

Dentro desse contexto, todas as ações dos homens que se passaram por aqui, são
estudadas através dessas fontes documentais, pois nelas encontramos respostas para as
lacunas que estão por se completar, mas cabe ao historiador com seu olhar investigativo
fazer as indagações corretas para que se possa construir o conhecimento histórico de
uma sociedade em seu determinado tempo e espaço.
Para Jenkins (2005, p. 25), “o passado já passou, e a história é o que os
historiadores fazem quando põem mãos à obra”. Em concordância com o autor, a partir
do momento em que o historiador coloca suas mãos em alguns documentos onde se
possa estudar o passado de alguma civilização, a história que vai ser narrada não será
como realmente aconteceu, mas irá se aproximar do fato ocorrido.
Por consequência, percebemos que o ensino de história passou por muitas
mutações, logo foram essenciais para a modificação de seu “perfil e sua estrutura”.
Assim, diante do fato, de que o ensino de história ainda prevalece uma visão
eurocêntrica e positivista, especialmente no que diz respeito a história do Brasil, que
devido aos muitos anos da metodologia positivista se apresenta desinteressante,
repetitivo, pronto e acabado, repleto de vultos políticos e direcionado para a evolução
econômica e capitalista.
A música tem facilidade de romper com o óbvio, levantando novas questões,
problemáticas e abordando temas até então pouco debatidos em sala de aula.
Para Madeira (2008), “a música é um elemento capaz de informar, expor ou
explicar as ações humanas, sua história, existências, angustias e necessidades”, ou seja,
vai muito além do só ouvir, um exemplo típico da musica como forma de retrato social
esteve presente no período da ditadura militar no Brasil, uma época de repressão e
resistência. Muitos compositores brasileiros utilizaram essa forma de expressão como
meio de tornar públicas suas discordâncias politicas e sociais.
O uso da música popular brasileira em sala de aula, como documento histórico,
além de ser prazeroso para o aluno, será um grande desafio para o professor, pois esse é
um tema pouco trabalhado pelos autores e as fontes não estão organizadas como fontes
escritas, no entanto será um desafio que vai fazer toda a diferença no ensino de história,
será uma forma quantitativa de atrair a atenção dos alunos e promover o processo
ensino/aprendizagem.
1.2 CONCISO HISTÓRICO DA MÚSICA NO BRASIL.

Ao discorrer dentro desse tema, é preciso recordar que as primeiras músicas que
se produziram no Brasil diretamente no período colonial que vai de 1500- 1822 foram
de três origens que são: indígena, africana e europeia.

De acordo com o autor Paulo Castagna, havia duas categorias de música no


Brasil, a primeira era chamada de música tradicional que eram feitas pelos povos
indígenas, africanos e europeus. E a segunda era a música profissional que era
produzida pelos músicos profissionais. Sendo que a primeira, através da miscigenação
racial junto com a combinação de vários elementos musicais resultou em novos tipos de
músicas e ritmos musicais.

Segundo Napolitano, foi somente no final do século XIX e inicio do século XX,
que surgiu a música popular, mas, que no seu primeiro momento a mesma foi
banalizada e que só mais tarde ganhou status. Não deixando de ressaltar que nesse
primeiro momento, havia dois olhares em relação a música: a “erudita e popular”. Onde
a música popular não era vulgarizada, pois muitos autores eruditos diziam em seu
discurso que a música popular representava uma “decadência” não sendo digna de ser
ouvida e prezada. Segundo Napolitano:

Em linhas gerais, o que se chama de “música popular” emergiu do sistema musical


ocidental tal como foi consagrado pela burguesia no início do século XIX, e a
dicotomia “popular” e “erudito” nasceu mais em função das próprias tensões sociais
e lutas culturais da sociedade burguesa do que por um desenvolvimento “natural” do
gosto coletivo, em tomo de formas musicais fixas (NAPOLITANO, 2002, pag.10).

A música popular é dividida por esses dois olhares diferentes, onde os mesmos
nasceram mais em função das próprias discordâncias sociais e lutas culturais da
burguesia do que mesmo pelo desenvolvimento natural, mas como diz o autor a música
popular tem que ser entendida e analisada como um todo dentro do campo musical.
A música popular segundo Napolitano, desde a sua criação foi rejeitada, mas
somente a parti dos anos 60 que a mesma foi levada a sério como deveria ser desde o
inicio, pois viram que ela era um “veiculo de expressão artística”, mas também como
“objeto de reflexão acadêmica”.

O efeito global da articulação dos parâmetros poético-verbal e musical é que deve


contar, pois é a partir deste efeito que a música se realiza socialmente e
esteticamente. Palavras e frases que ditas podem ter um tipo de apelo ou significado
no ouvinte, quando cantadas ganham outro completamente diferente, dependendo da
altura, da duração, do timbre e ornamentos vocais, do contraponto instrumental, do
pulso e do ataque rítmico, entre outros elementos (2005, p.80).

Em concordância com o autor, o que dá mais articulação para que a música se


efetue socialmente e esteticamente em uma relação é o poético verbal e musical, ou seja,
palavras e frases que podem ter um significado bastante construtivo e principalmente
quando é cantada, que vai além desses objetivos dependendo da altura, timbre e entre
outros.
Segundo Napolitano o mesmo afirma que a música:

Apesar de combatida pelos críticos mais exigentes, a música popular, cantada ou


instrumental, se firmou no gosto das novas camadas urbanas, seja nos extratos
médios da população, seja nas classes trabalhadoras, que cresciam vertiginosamente
com a nova expansão industrial na virada do século XIX para o século XX
(NAPOLITANO, 2002, pag. 11).

Para ser mais conciso, mas de acordo com o autor a música popular se ergueu
diretamente das camadas da pequena burguesia e na classe trabalhadora, onde a
indústria só crescia cada vez mais, não deixando de destacar que a sua essência não era
diferenciado.
Segundo Napolitano, houve dois momentos da musica popular, onde a gênese da
música popular foi modelada com as formas e valores europeus. E como estavam
acontecendo grandes transformações, como a urbanização e os crescimentos das
fabricas, foram se inserindo outras pessoas como os negros e os índios porém com
gostos diferentes pela música, os mesmos não obedeciam os padrões europeus, partindo
dessa miscigenação foram se desenvolvendo novas formas de musicas, mas que está
sempre em transformações até hoje, porém, cultivando suas características espontâneas.
A música popular vai ganhando espaço, status, conforme o processo da mudança
da urbanização onde cada vez mais vai crescendo, mas a mesma vem ser muito criticada
e até mesmo proibida, por exemplo: os primeiros sambistas vão viver presos por
comporem músicas que eram consideradas músicas de “vagabundos”. Mas como
ressalta Napolitano, música é comunicação e diante disso as novas camadas sociais
viram a música como uma forma de expressar o que estavam acontecendo e com isso
começaram a compor a música popular para mostrar a realidade em que estavam
inseridos.
Diante dessas riquíssimas informações, a música popular, vai de encontro com o
ensino de história e ao abordarmos ela como instrumento pedagógico, a mesma irá
contribuir e ao mesmo tempo irá levar a produção do conhecimento histórico, onde será
importante para a construção de identidade culturais dos educandos.
1.3 A MÚSICA COMO METODOLOGIA NO ENSINO DE HISTÓRIA
PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO.

Diante de uma sociedade com um enorme poder tecnológico na qual,


convivemos com inovações e transformações e que buscam a todo o segundo inserir em
nossas vidas aquilo que é de mais avançado, constatamos que a música também está
inserida no nosso dia a dia, seja em casa, na rua e no trabalho em qualquer lugar, nós a
ouvimos com frequência. Por ela ser vista como uma arte, ela é uma rica ferramenta no
auxilio de ensino/aprendizagem.

A música não se constitui apenas em uma combinação de notas dentro de uma escala
mas também em ruídos de passos e bocas, sons eletrônicos ou, ainda em vestimentas
e gestos do cotidiano de determinados indivíduos que gostam de um tipo de som
(ABUD, 2010 pag. 60).

Em concordância com o autora, a música contém um conjunto de combinações


que nos encantam e ao mesmo tempo nos faz refletir. E em meio dessas propriedades
nos revelam que a música é o resultado de um tempo duradouro de inúmeras vivencias
tanto em conjuntos como individuais e com os conhecimentos de múltiplas culturas no
decorrer da história.
A música vai além do só ouvir, ela expressa sentimentos de tristeza, alegria, dor,
raiva, nos transmitindo informações sobre temas que nos são uteis para a construção de
nossas identidades culturais e se inserirmos ela no âmbito educacional, a mesma irá ser
vista como fonte histórica, que vai nos ajudar a desvendar o passado das pessoas ou um
grupo que fizeram e fazem história num determinado tempo e espaço, e com isso
construiremos o conhecimento histórico. Portanto a música é um:

(...) produto social (...) representa modos de ver o mundo, fatos que acontecem na
vida cotidiana, expressa indignação, revolta, resistência, e mesmo que tenha um
tema especifico, ela traz informações sobre um conjunto de elementos que
indiretamente participam da trama. No Brasil, a musica popular é especialmente
importante, porque para a maioria da população, as formas de comunicação oral são
mais forte que a escrita (Abud; Glezer, 2004, p. 12).

Em loco com a autora, a música é especialmente uma forma para narrar o


cotidiano da vida de um grupo ou povo em um determinado lugar e espaço, onde
resultará como um produto social. E no Brasil as pessoas preferem mais a linguagem
oral que a escrita. Segundo Napolitano,

Cabe ao pesquisador tentar perceber as várias partes que compõem a estrutura, sem
superdimensionar um ou outro parâmetro. Foi muito comum, até o passado recente,
a abordagem da música popular centralizada unicamente nas “letras” das canções,
levando a conclusões problemáticas e generalizando aspectos parciais das obras e
seus significados (NAPOLITANO, 2005, p.80).

É a partir dessa compreensão interligada nas duas diferentes linguagens, que


operam mútuas e misturadas, mas que, no entanto só farão sentido se forem analisadas
na sua totalidade.

“Mas além de ser veículo para uma boa ideia, a canção (e a música popular como
um todo) também ajuda a pensar a sociedade e a história”. A música não é apenas
“boa para ouvir”, mas também é “boa para pensar” (NAPOLITANO, 2002, pag. 11).

Em concordância com o autor, a música popular se torna um transmissor de


mensagem onde nos faz refletir a sociedade e a história no mesmo texto e contexto.
Onde nos atrevemos a dizer que o compositor cria a música de acordo com o tempo e
com o espaço em que ele esta inserido.

[...] a música é uma atividade, uma fruição, um prazer, um movimento que se


completa em nós, na escuta e que nos mobiliza de forma única, singular, integrando
sentidos, razão, sentimentos e imaginação. Mesmo porque é esse o jogo que sustenta
sua pratica caracterizada por uma ludicidade que motiva, entusiasma, educa
(SEKEFF, 2002).

Nesse sentido, é exequível perceber o uso da música ou canção como uma


primorosa ferramenta pedagógica que está sendo utilizada nas aulas de História, é
importante notar sua capacidade de produzir no educando um enorme interesse, pois
sabemos que a mesma está no nosso dia a dia expressando a cultura e a arte de um
povo. É de extrema importância lembrar que o ensino de História congloba a cultura,
e nesse sentido a música transforma-se em um material produtivo e diferenciado a ser
trabalhado no âmbito educacional, influenciando o ensino/aprendizagem tanto dos
alunos como dos professores.

Sendo desta maneira nos dias atuais, é preciso que o professor de História seja
um profissional capaz de adotar as novas metodologias, onde ele busque novos
conteúdos e modelos diferentes de ensino, práticas que se relacionem e envolvam o
aluno.

O professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho


necessárias; o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele é o
responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de
vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar problemas e a reintegrá-los num
conjunto mais vasto de outros problemas em problemáticas (SCHMIDT, 2004,
p.57).

Cabe ao professor, levar o educando a obter os instrumentos de trabalho


essencial, para que eles se tornem um pesquisador, indagador e ao mesmo tempo
completar as lacunas que ainda estão por se completar, isso fará o mesmo a alcançar o
conhecimento histórico. Em loco, o bom professor, não leva os conteúdos mastigados
para a sala de aula, ele busca metodologias mais adequada para aquela aula, onde, por
sua vez estimula o aluno a levantar problemas, onde o resultado será proveitoso, ou seja,
um aluno crítico/reflexivo e que possa exercer sua cidadania. Em concordância com
Guimaraes, o conhecimento ele não é “pronto e acabado”, ele vive em construção.
Deste modo a utilização da música como metodologia é eficaz e condizente com
o perfil de aluno da escola no século XXI.
A música entretém e desperta a atenção dos alunos, ajudando o professor a
manter a disciplina em sala de aula. Também proporciona oportunidades ao professor de
História para se trabalhar a interdisciplinaridade com profissionais de outras áreas de
ensino, como por exemplo, a Língua Portuguesa na questão da interpretação de textos.
A música também pode ser considerada um documento histórico, que guarda em seus
vocábulos e melodia um tempo histórico, um contexto social ou uma ideologia de
época, sendo então um perfeito instrumento para a História em si.
São múltiplos os meios que podemos extrair da música, auxiliando o professor
para que ele possa atingir em totalidade o objetivo da História na grade de ensino, assim
formando sujeitos com noção de tempo histórico, que possuam habilidades critico –
reflexivas e capazes de exercer a cidadania.
A música é um documento histórico que pode conter diversos temas, como
cotidiano social, ideologias de época, comportamento, entre outros permitindo que o
aluno se aproxime do tempo histórico.
Essa metodologia ajuda o aluno a contextualizar os fatos históricos, interpretar
textos e exercitar seu papel como cidadão e sua capacidade critica/reflexiva.
A música deve ser utilizada pelo professor objetivando a sistematização do
processo ensino e aprendizagem, e para que isso ocorra, ela deve estar contextualizada
aos conteúdos abordados em sala de aula.

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