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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a autora, foi no ano de 1837 que o Colégio Dom Pedro II foi
fundado onde estabeleceu seus programas curriculares, apresentando a partir de 1838, o
ensino de História ao longo de suas oito séries. Assim sendo, as histórias Antigas, da
Idade Média, Moderna, Contemporânea, por um bom tempo corresponderam a História
Geral e mais tarde a História Universal, que servia de modelo para todas as escolas e
principalmente para o ensino secundário.
Percebe-se que durante a década de 30 e 40, houve duas reformas de Francisco
Campos e Gustavo Capanema que elevaram a concentração das políticas educacionais,
empregando o ensino de História como eixo nas propostas de formação da unidade
nacional. A proposta de Gustavo Capanema reconstituiu a História do Brasil como
independente onde só corroborou como objetivo essencial à formação moral e
patriótica.
Em harmonia com Fonseca, a finalidade era fazer com que os alunos tivessem
contatos com a história de personagens que tiveram fortes acontecimentos no devido
tempo e espaço e mais tarde ampliar seus estudos em norte nas instituições sociais,
políticas e econômicas, ou seja, essas aulas estavam voltadas para a compreensão dos
acontecimentos marcante e assim firmavam o sentimento de civismo que seria os
direitos e deveres para com a pátria e a humanidade.
A história tradicional prevaleceu no século XIX, e que ao decorrer do tempo foi
sendo discutida, questionada e que passou por uma metamorfose no século XX. A
história tradicional favorecia como fontes os documentos escritos, oficiais e não oficiais
e também os sítios arqueológicos. Sendo assim, ela estudava somente os grandes
acontecimentos que estavam diretamente ligadas à diplomacia, política e religião do
passado. Alguns historiadores começaram a debater e questionar a história tradicional,
onde sua linha de pensamento era ir mais além, ou seja, fazer um diálogo com outras
disciplinas, transformando a maneira de pesquisar e estudar e que foi e é crescente até
os dias atuais.
A nova história como chamamos hoje foi praticamente fundada pelo historiador
francês Fernand Braudel, onde o mesmo afirma que:
Essa busca de uma história não factual se impôs de maneira imperiosa ao contato
das outras ciências do homem, contato inevitável e que na França se organizou
depois de 1900 (...), após 1992, graças à vitoriosas e eficientíssima campanha dos
Annales de Lucien Febvre e Marc Bloch (BRAUDEL 1992, pag. 97).
Diante dessas palavras percebemos que esses debates já vinham acontecendo a
um bom tempo, ou seja, não era novo, e que os historiadores Lucien Febvre, Marc
Bloch e Fernand Braudel foram os principais que contribuíram para que essa nova
história fosse aceita por haver concepções diferentes nas fontes documentais, na história
e na pesquisa, e que só enriqueceu na ampliação do conceito de fontes de pesquisa e
estudo. De acordo com Guimarães (2012), a mesma ressalva que diante dessa ampliação
eles consideraram fontes históricas todas as expressões públicas e demonstração das
habilidades humanas, tal quais as fontes escritas, orais (entrevistas, depoimento,
narrativas), audiovisuais (fotografias, discos, filmes, programas de televisão), obras de
arte, como pinturas e esculturas, objetos e materiais diversos.
Hoje se sabe que estudar História, interpretá-la, ensiná-la não é tão fácil como
parecia, um mero instrumento de propaganda ideológica ou revolução. Porém, no
lugar da utopia abandonada parece ter ficado um vazio (PINSKY ano: pag.18).
(...), a história serve para que o homem conheça a si mesmo – assim como suas
afinidades e diferenças em relação a outros. Saber quem somos permite definir para
onde vamos. Quem sou eu? Para onde vou? Perguntas como essas são uma constante
na história da humanidade. Por mais sem sentido que pareçam, tais indagações
traduzem a necessidade que temos de nos explicar, nos situar, nos (re)conhecer
como humano e, em decorrência, como seres sociais BOSCHI (2007, pag. 12).
É por meio dos diversos registros das ações humanas, dos documentos, dos
monumentos, dos depoimentos de pessoas, de fotografias, objetos, vestuários e
outros, que chega até nós o real vivido por homens mulheres nos diversos tempos e
espaços. Em palavras simples, todas essas fontes documentais são de suma
importância, pois nos permitem entender e compreender os fatos, acontecimentos
que ocorreram em um determinado tempo e espaço nos dando a oportunidade de
construir o conhecimento histórico THOMPSON (1981), apud GUIMARÃES
(2012).
Dentro desse contexto, todas as ações dos homens que se passaram por aqui, são
estudadas através dessas fontes documentais, pois nelas encontramos respostas para as
lacunas que estão por se completar, mas cabe ao historiador com seu olhar investigativo
fazer as indagações corretas para que se possa construir o conhecimento histórico de
uma sociedade em seu determinado tempo e espaço.
Para Jenkins (2005, p. 25), “o passado já passou, e a história é o que os
historiadores fazem quando põem mãos à obra”. Em concordância com o autor, a partir
do momento em que o historiador coloca suas mãos em alguns documentos onde se
possa estudar o passado de alguma civilização, a história que vai ser narrada não será
como realmente aconteceu, mas irá se aproximar do fato ocorrido.
Por consequência, percebemos que o ensino de história passou por muitas
mutações, logo foram essenciais para a modificação de seu “perfil e sua estrutura”.
Assim, diante do fato, de que o ensino de história ainda prevalece uma visão
eurocêntrica e positivista, especialmente no que diz respeito a história do Brasil, que
devido aos muitos anos da metodologia positivista se apresenta desinteressante,
repetitivo, pronto e acabado, repleto de vultos políticos e direcionado para a evolução
econômica e capitalista.
A música tem facilidade de romper com o óbvio, levantando novas questões,
problemáticas e abordando temas até então pouco debatidos em sala de aula.
Para Madeira (2008), “a música é um elemento capaz de informar, expor ou
explicar as ações humanas, sua história, existências, angustias e necessidades”, ou seja,
vai muito além do só ouvir, um exemplo típico da musica como forma de retrato social
esteve presente no período da ditadura militar no Brasil, uma época de repressão e
resistência. Muitos compositores brasileiros utilizaram essa forma de expressão como
meio de tornar públicas suas discordâncias politicas e sociais.
O uso da música popular brasileira em sala de aula, como documento histórico,
além de ser prazeroso para o aluno, será um grande desafio para o professor, pois esse é
um tema pouco trabalhado pelos autores e as fontes não estão organizadas como fontes
escritas, no entanto será um desafio que vai fazer toda a diferença no ensino de história,
será uma forma quantitativa de atrair a atenção dos alunos e promover o processo
ensino/aprendizagem.
1.2 CONCISO HISTÓRICO DA MÚSICA NO BRASIL.
Ao discorrer dentro desse tema, é preciso recordar que as primeiras músicas que
se produziram no Brasil diretamente no período colonial que vai de 1500- 1822 foram
de três origens que são: indígena, africana e europeia.
Segundo Napolitano, foi somente no final do século XIX e inicio do século XX,
que surgiu a música popular, mas, que no seu primeiro momento a mesma foi
banalizada e que só mais tarde ganhou status. Não deixando de ressaltar que nesse
primeiro momento, havia dois olhares em relação a música: a “erudita e popular”. Onde
a música popular não era vulgarizada, pois muitos autores eruditos diziam em seu
discurso que a música popular representava uma “decadência” não sendo digna de ser
ouvida e prezada. Segundo Napolitano:
A música popular é dividida por esses dois olhares diferentes, onde os mesmos
nasceram mais em função das próprias discordâncias sociais e lutas culturais da
burguesia do que mesmo pelo desenvolvimento natural, mas como diz o autor a música
popular tem que ser entendida e analisada como um todo dentro do campo musical.
A música popular segundo Napolitano, desde a sua criação foi rejeitada, mas
somente a parti dos anos 60 que a mesma foi levada a sério como deveria ser desde o
inicio, pois viram que ela era um “veiculo de expressão artística”, mas também como
“objeto de reflexão acadêmica”.
Para ser mais conciso, mas de acordo com o autor a música popular se ergueu
diretamente das camadas da pequena burguesia e na classe trabalhadora, onde a
indústria só crescia cada vez mais, não deixando de destacar que a sua essência não era
diferenciado.
Segundo Napolitano, houve dois momentos da musica popular, onde a gênese da
música popular foi modelada com as formas e valores europeus. E como estavam
acontecendo grandes transformações, como a urbanização e os crescimentos das
fabricas, foram se inserindo outras pessoas como os negros e os índios porém com
gostos diferentes pela música, os mesmos não obedeciam os padrões europeus, partindo
dessa miscigenação foram se desenvolvendo novas formas de musicas, mas que está
sempre em transformações até hoje, porém, cultivando suas características espontâneas.
A música popular vai ganhando espaço, status, conforme o processo da mudança
da urbanização onde cada vez mais vai crescendo, mas a mesma vem ser muito criticada
e até mesmo proibida, por exemplo: os primeiros sambistas vão viver presos por
comporem músicas que eram consideradas músicas de “vagabundos”. Mas como
ressalta Napolitano, música é comunicação e diante disso as novas camadas sociais
viram a música como uma forma de expressar o que estavam acontecendo e com isso
começaram a compor a música popular para mostrar a realidade em que estavam
inseridos.
Diante dessas riquíssimas informações, a música popular, vai de encontro com o
ensino de história e ao abordarmos ela como instrumento pedagógico, a mesma irá
contribuir e ao mesmo tempo irá levar a produção do conhecimento histórico, onde será
importante para a construção de identidade culturais dos educandos.
1.3 A MÚSICA COMO METODOLOGIA NO ENSINO DE HISTÓRIA
PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO.
A música não se constitui apenas em uma combinação de notas dentro de uma escala
mas também em ruídos de passos e bocas, sons eletrônicos ou, ainda em vestimentas
e gestos do cotidiano de determinados indivíduos que gostam de um tipo de som
(ABUD, 2010 pag. 60).
(...) produto social (...) representa modos de ver o mundo, fatos que acontecem na
vida cotidiana, expressa indignação, revolta, resistência, e mesmo que tenha um
tema especifico, ela traz informações sobre um conjunto de elementos que
indiretamente participam da trama. No Brasil, a musica popular é especialmente
importante, porque para a maioria da população, as formas de comunicação oral são
mais forte que a escrita (Abud; Glezer, 2004, p. 12).
Cabe ao pesquisador tentar perceber as várias partes que compõem a estrutura, sem
superdimensionar um ou outro parâmetro. Foi muito comum, até o passado recente,
a abordagem da música popular centralizada unicamente nas “letras” das canções,
levando a conclusões problemáticas e generalizando aspectos parciais das obras e
seus significados (NAPOLITANO, 2005, p.80).
“Mas além de ser veículo para uma boa ideia, a canção (e a música popular como
um todo) também ajuda a pensar a sociedade e a história”. A música não é apenas
“boa para ouvir”, mas também é “boa para pensar” (NAPOLITANO, 2002, pag. 11).
Sendo desta maneira nos dias atuais, é preciso que o professor de História seja
um profissional capaz de adotar as novas metodologias, onde ele busque novos
conteúdos e modelos diferentes de ensino, práticas que se relacionem e envolvam o
aluno.