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outubro de 1896 - Estados Unidos, 18 de julho de 1982) foi um pensador russo que se tornou um
dos mais importantes linguistas do século XX e pioneiro da análise
estrutural da linguagem, poesia e arte[1].
Foi chamado de "o poeta da linguística" por Haroldo de Campos, sendo o criador das
famosas funções de linguagem, entre elas figurando a função poética, e tendo feito, por exemplo,
estudos sobre as obras de Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa e Bertolt Brecht.[2][3]
Jakobson foi pioneiro em propor uma teoria do sistema de comunicação.[4] Segundo o linguista, o
processo comunicativo é composto por seis componentes estruturais que realizam seis respectivas
funções:[5][6]
1. Machado, Irene. Roman Jakobson. Biografia. Semiótica da Cultura/Semiótica russa. 09/1999. PUC-
SP.
2. Ir para cima↑ Jakobson, Roman. Linguística. Poética. Cinema. Tradução Haroldo de Campos et alii.
Editora Perspectiva. São Paulo. 1970.
3. Ir para cima↑ Campos, Haroldo de. A arte no horizonte do provável. São Paulo: Perspectiva, 1972.
4. Ir para cima↑ JAKOBSON, Roman. 1960. Lingüística e poética. In: _____ . Lingüística e comunicação.
São Paulo: Cultrix, 1991.
5. Ir para cima↑ Bonini, Adair (2003). «Veículo de comunicação e gênero textual: noções conflitantes».
São Paulo. DELTA. 19 (1): 65-89. doi:10.1590/S0102-4450200300010000. Consultado em 16 de
janeiro de 2017.
6. Ir para cima↑ Funções da linguagem e a construção do sentido para Jakobson
7. Ir para cima↑ Jakobson, Roman. Linguística. Poética. Cinema. Tradução Haroldo de Campos et alii.
Editora Perspectiva. São Paulo. 1970.
Funções da Linguagem por Roman Jakobson
1. Funções da linguagem
Verificamos que quase todos os elementos considerados fundamentais pra a
concretização da comunicação estão presentes:
Emissor – alguém que transmite a mensagem.
Receptor ou destinatário – a quem a mensagem se dirige.
Mensagem – a informarão que se pretende transmitir.
Código – um conjunto comum ao emissor e ao destinatário formado de elementos e
regras que permitem o entendimento da mensagem.
Referente – o assunto, a situação que envolve o emissor e o destinatário e o contexto
lingüístico que envolve a mensagem.
Canal – o meio físico para transmitir a mensagem e a conexão psicológica que leve ao
destinatário a se interessar no que lhe transmite o emissor e a procurar a entender a
mensagem transmitida.
Para o linguista Roman Jakobson, seis são as funções da linguagem, ou seja,
podemos nos comunicar destacando ora um, ora outro dos elementos básicos
anteriormente caracterizados.
(1896 -1982)
Jakobson foi um pensador russo, expoente dos estudos linguístico do século XX, pioneiro da análise estrutural
da linguagem, poesia e arte. O linguista organizou um conjunto de seis fatores constitutivos dos processo de
comunicação e associou a cada um desses fatores uma função distinta da linguagem:
A linguagem deve ser estudada em toda a variedade das suas funções. Antes de abordar a função poética,
devemos determinar qual é o seu lugar entre as outras funções da linguagem. Para dar uma ideia destas
funções, é necessário apresentar um apanhado sumário dos fatores constitutivos de qualquer processo
linguístico, de qualquer ato de comunicação verbal. O destinador endereça uma mensagem ao destinatário.
Para ser operante, a mensagem requer em primeiro lugar um contexto para o qual remete (é o que também se
chama, numa terminologia um pouco ambígua, o referente), contexto apreensível pelo destinatário, e que é ora
verbal ora suscetível de ser verbalizado, depois, a mensagem requer um código, comum, no todo ou pelo
menos em parte, ao destinador e ao destinatário (ou, por outras palavras, ao codificador e ao decodificador da
mensagem); enfim, a mensagem requer um contato, um canal físico e uma conexão psicológica entre o
destinador e o destinatário, contato que lhe permite estabelecer e manter a comunicação. Estes diferentes
fatores inalienáveis da comunicação verbal podem ser esquematicamente representados do seguinte modo:
Os fatores constitutivos de qualquer processo linguístico, de qualquer ato de comunicação verbal, então, são os
seguintes:
Destinatário / Emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de
pessoas).
Destinador / Receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também
conhecido como destinatário.
Código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizados para elaborar a mensagem:
o emissor codifica aquilo que o receptor irá descodificar.
Cada um destes seis fatores dá origem a uma função linguística diferente (…). Podemos completar o esquema
dos seis fatores fundamentais por um esquema correspondente das funções:
Então, partindo desses seis elementos, Roman Jakobson elaborou estudos acerca das funções da linguagem,
imprescindíveis na análise e produção de textos. As seis funções da linguagem são:
Função Referencial: referente é o objeto ou a situação de que a mensagem trata. A função referencial
privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre este. A função
referencial, voltada ao contexto, predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos
jornalísticos.
A vítima, o ajudante geral Christian Caetano da Silva, foi a uma unidade de pronto atendimento do Sistema
Único de Saúde porque estava com dor nas costas e saiu do consultório sem a carteira, onde estavam R$ 170
em dinheiro.
Fonte:http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2009/10/23/medico-preso-em-flagrante-furtando-paciente-em-jundiai-em-sp-
790985863.asp
Função Emotiva: voltada ao emissor, imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal, de sua subjetividade:
emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente, no texto, a presença do emissor. Tomemos como exemplo a
transcrição da carta a partir da qual Goethe inicia sua monumental obra “Os sofrimentos do jovem Werther”.
4 de maio de 1771
Como estou feliz por ter partido! Meu bom amigo, o que é o coração do homem! Deixa-lo, a quem tanto
estimo e de quem era inseparável, e ainda assim estar feliz! Sei que me perdoa. Mas outros relacionamentos
que tive, não foram acaso criados pelo destino para atormentar um coração como o meu?
Função Conativa ou Apelativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre o
receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se
envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.
Função Fática: a palavra 'fático' significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas
formas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se
orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência.
- Alô, boneca.
Silêncio
- Eu topo
Mais silêncio.
- Como é, vamos?
- Por favor...
Função Metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio
referente, ocorre a função metalinguística.
Linguística: s.f ciência que estuda a língua humana, a estrutura das línguas e sua origem, desenvolvimento e
evolução. InDicionário Houaiss
Função Poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações
sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa
função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos
publicitários.
Essas funções não são exploradas isoladamente, de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no
entanto, aquela que se sobressai, o que nos permite identificar a finalidade principal do texto.
*E-mail: nelliesantee@gmail.com
Roman Jakobson é uma presença constante nas ementas dos cursos de comunicação em todo o mundo. Seu modelo de
comunicação foi
amplamente difundido e até os dias de hoje é considerado por alguns como a reprodução fiel do processo de
comunicação. Compreender as
escolas que influenciaram seu trabalho e a biografia deste autor é de grande importância para que se tenha em
mente o contexto históricoacadêmico
que gerou uma das correntes teóricas mais populares de nosso tempo.
Palavras-chave: Jakobson. Linguística. Teoria Informacional da Comunicação. Shannon e Weaver. Teorias da
Comunicação.
Abstract
Roman Jakobson is a very important author in the communication study. His communication model has been widely
broadcasted and even
today it is used by some as the exact reproduction of the communication process. To understand Jakobson’s biography and
the schools he was
part of is very important to the major comprehension of the academical-historical context that created one of the most
popular communication
theories of our time.
Keywords: Jakobson. Linguistics. Information Theory. Shannon e Weaver. Communication Theory
1 Introdução
Roman Jakobson é o responsável pelo modelo de
comunicação mais utilizado na história das Teorias da
Comunicação. Neste trabalho, abordaremos de que forma as
escolas acadêmicas influenciaram Jakobson em sua jornada
rumo à Linguística Matemático-Estrutural, e quais eram suas
principais ideias a respeito destes campos do conhecimento.
2 Biografia
Roman Osipovich Jakobson (Рома́н О́сипович Якобсо́н)
nasceu em 1986, em Moscou. Estudou no Instituto Lazarev de
Línguas Orientais da Universidade de Moscou de 1914 a 1918.
Sempre foi engajado no estudo da dialetologia, folclore russo
e na arte de vanguarda, principalmente cubismo e futurismo.
Seus laços estreitos com a poesia (foi amigo de Maiacóvski e
Khlebnikov) o levaram a participar do Círculo Linguístico de
Moscou de 1915 a 1920 como fundador e presidente. Jakobson
também ajudou na fundação da OPOIAZ ( Óbchestvo pro
izutchéniu poetítcheskovo iazyká - Sociedade para o Estudo
da Linguagem Poética) em 1916, da qual participavam
linguistas, críticos literários e poetas. Eles propunham uma
redefinição dos estudos literários, com a recusa de qualquer
interpretação extraliterária. Desses dois grupos nasceria o
formalismo russo, que será tratado adiante. Em 1917 ocorreu a
Revolução Socialista na Rússia, levando Jakobson a se exilar
na Tchecolosváquia em 1920, lecionando na Universidade
Masaryk e escrevendo uma série de trabalhos importantes
sobre a poesia tcheca. Junto com Trubetzkoy fundou a ala
russa do Círculo Linguístico de Praga em 1928, por ocasião do
I Congresso Internacional de Linguistas em Haia, resultando
em uma Comunicação – as Teses de 1929 – assinada por
Jakobson, Kartzévsky e Trubetzkoy. Nas Teses foram traçadas
as diretrizes fundamentais que nortearam toda a obra de
Jakobson. Em 1930, terminou o doutorado pela Universidade
de Praga. Fugindo da ocupação nazista na Tchecolosváquia,
passa dois anos na Escandinávia, lecionando em Copenhague,
Oslo e Upsala (CAMARA JUNIOR, 1970; DE CAMPOS,
1970; JAKOBSON, 2006; 2008; TOLEDO, 1971).
Em 1939 iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, e em
1941 Jakobson publicou um de seus livros mais famosos,
Kindersprache, Aphasie und Allegemeine Lautgesetze (algo
como “Linguagem infantil, Afasia e Fonológicos Universais”
– não publicado no Brasil). Logo em seguida, transferiuse
para os Estados Unidos. Lecionou nas universidades de
Columbia, Harvard e no MIT (Massachusetts Institute of
Technology). Participou das atividades do Círculo Linguístico
de Nova Iorque e da Sociedade Linguística dos Estados
Unidos, tendo sido eleito presidente em 1956. Nos EUA teve
contato com Claude Lévi-Strauss, influenciando o nascimento
A Linguística de Roman Jakobson: Contribuições para o Estudo da Comunicação
Roman Jakobson’s Linguistics: Contributions to Communication Studies
Artigo de Revisão / Review Article
aUniversidade Federal de Goiás
*E-mail: nelliesantee@gmail.com
74 UNOPAR Cient., Ciênc. Human. Educ., Londrina, v. 12, n. 1, p. 73-82, Jun. 2011
A Linguística de Roman Jakobson: Contribuições para o Estudo da Comunicação
da Antropologia Estrutural. Foi nos Estados Unidos também
que Jakobson escreveu seus ensaios de maior importância,
incluindo o aprofundamento na fonologia, área de estudo
iniciada ainda na Rússia, refletindo sobre as relações entre
som e sentido em literatura e poesia (JAKOBSON, 2008;
PAVEAU; SARFATI, 2006). Durante o tempo em que esteve
nos EUA, realizou um trabalho de “missão diplomática” entre
as academias ocidentais e orientais, sendo um pesquisador das
línguas eslavas fora da Europa.
Kursell (2010) argumenta que esse tipo de troca entre
os dois hemisférios pode ser notado em seu trabalho, que o
desenvolvimento de sua linguística foi uma estratégia para
furar o bloqueio da cortina de ferro erguida conta o regime
soviético, agindo politicamente por meio da linguística. Em
1956, a URSS convidou Jakobson a visitar o país como um
representante americano do Comitê Internacional de Slavistas
(ICS), após 35 anos ele retornava à sua região de origem
para participar do Congresso Internacional de Slavistas.
Depois desta viagem retornou quatro vezes mais, mesmo
sendo um cidadão dos EUA com pesquisas financiadas
pela Rockefeller-Foundation, e considerado um traidor
pelo regime stalinista. Por outro lado, na era McCarthy,
Jakobson também foi acusado pelos Estados Unidos de
conspiração com o bloco comunista (KURSELL, 2010).
Ao estabelecer uma linguística formal e isenta, ele pôde
alcançar pesquisadores de ambos os lados da cortina, que
poderiam estudar a língua sem influência do regime político.
Continuando suas viagens pelo mundo, em setembro de
1968 Jakobson realizou uma visita ao Brasil participando de
várias conferências, que influenciaram o trabalho de vários
acadêmicos brasileiros, como J. Mattoso Câmara Junior,
Boris Schnaiderman, Haroldo de Campos, Izidoro Blikstein,
entre muitos outros (JAKOBSON, 1970). Roman Jakobson
faleceu em 1982 aos 85 anos,
Roman Jakobson é uma presença constante nas ementas dos cursos de comunicação em todo o mundo. Seu modelo de
comunicação foi
amplamente difundido e até os dias de hoje é considerado por alguns como a reprodução fiel do processo de
comunicação. Compreender as
escolas que influenciaram seu trabalho e a biografia deste autor é de grande importância para que se tenha em
mente o contexto históricoacadêmico
que gerou uma das correntes teóricas mais populares de nosso tempo.
Palavras-chave: Jakobson. Linguística. Teoria Informacional da Comunicação. Shannon e Weaver. Teorias da
Comunicação
ao estudo
da literatura partindo da historicidade e biografia do autor,
foram depreciativamente apelidados de formalistas pelos que
apoiavam o sociologismo no campo dos estudos literários.
Sua principal premissa era estudar a parte “sólida” das obras
literárias: o palpável, o analisável. Teixeira (1998) cita Victor
Chklovski como o primeiro a sistematizar a ideia de que a
linguagem poética fosse um desvio da língua cotidiana, dando
atenção à sua forma. Assim, teria sido ele a desencadear
a abordagem linguística da literatura utilizada por todo o
grupo de formalistas russos. A partir desse ponto surge nova
forma de abordagem da literatura, não mais como discurso
espiritual e ornado, mas como maneira específica de organizar
e articular a linguagem. Levando em consideração a estrutura
verbal do texto e a percepção dela pelo leitor, se interessando
por problemas de ritmo, métrica, estilo e composição
(JAKOBSON, 2006).
Até então, jamais se chegara a um conceito tão relativo
do valor da obra de arte, que passou a ser definida como
uma estrutura sígnica contrária ou divergente do padrão
dominante” (TEIXEIRA, 1998, p.38).
Apesar da atenção para a forma, Blikstein (2008) diz que
eles não consideravam a dicotomia entre forma e conteúdo,
na verdade, viam na obra literária uma vinculação entre som
e sentido, pendendo para a fonologia, ao invés da fonética.
Em 1930 o formalismo foi praticamente extinto na Rússia
– agora União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – por ser
tachado de burguês e ser considerado um desvio ideológico.
Foi então apagado da literatura russa e desconsiderado pela
academia por muitas décadas. Seus membros foram exilados,
mudaram de abordagem ou até foram fuzilados (JAKOBSON,
2006; TOLEDO, 1971).
Em sua obra “A geração que esbanjou seus poetas” (2006)
Jakobson fala sobre o destino de muitos de seus parceiros