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1. Introdução
Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos-
petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos
necessários à manutenção da vida diária.
O vazamento de produtos químicos para o meio ambiente tem sido ocasionado por
aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estas
substâncias, tais como:
laboratórios;
áreas de estocagem, tais como almoxarifados, depósitos e pátios, dentre outros;
processos de fabricação;
atividades de transporte, rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e por dutos.
2. Objetivo
3. Considerações gerais
1. Após a avaliação da situação: a seleção e o uso dos EPI deverão ser adequados às
reais situações do momento.
proteção cutânea;
proteção respiratória.
roupas;
luvas;
botas.
Outros critérios para a seleção dessas roupas de proteção também devem ser
considerados, incluindo-se as probabilidades da exposição direta ao produto, a facilidade
de descontaminação, a mobilidade do usuário quando a estiver usando, a durabilidade e,
em menor escala, o seu custo.
Cada um desses materiais oferece um grau de proteção à pele, contra várias substâncias;
entretanto, nenhum material fornece a máxima proteção contra todas as substâncias
químicas. Dessa forma, cada roupa de proteção selecionada deve ter sido confeccionada
com materiais adequados que propiciem a máxima resistência possível contra a
substância, caso a mesma seja conhecida ou haja a suspeita de que a mesma possa
estar presente.
A seleção adequada das roupas de proteção química pode minimizar o risco de exposição
às substâncias químicas; mas, não fornece proteção contra riscos físicos, tais como
objetos contundentes e perfurantes, fogo, radiação e eletricidade.
Desta forma, essas informações têm por finalidade auxiliar as equipes envolvidas nos
trabalhos e nos atendimentos às emergências envolvendo substâncias químicas, bem
como na seleção das roupas de proteção química mais adequada para cada situação, de
acordo com o seu modelo e materiais utilizados na sua fabricação, roupas essas que
sejam as mais adequadas para serem utilizadas quando da ocorrência de acidentes
envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este capítulo foi dividido em duas partes,
sendo que a primeira abordará a classificação das roupas de proteção química, enquanto
que a segunda abordará a classificação de luvas e botas.
Neste caso, as luvas são conectadas às mangas das roupas, por anéis de pressão, os
quais impedem a entrada de líqüidos e gases. Igualmente, os dispositivos de fechamento,
conhecidos por zíper ou fecho éclair, também fornecem perfeita vedação contra a entrada
de líqüidos, gases e vapores.
A proteção que essas roupas fornecem contra uma determinada substância química
depende do material utilizado para a sua confecção.
Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de ocorrer acúmulo de calor,
podendo resultar numa situação de risco para o usuário.
uma máscara com filtro químico específico, podem ser utilizados pelo usuário; porém,
externamente à roupa.
As roupas contra respingos químicos não foram projetadas nem desenvolvidas para
fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas, mas, apenas para a
proteção contra respingos. Essas roupas de proteção podem ser completamente vedadas,
utilizando-se fitas adesivas que permitam a vedação nas áreas dos pulsos, dos tornozelos
e do pescoço do usuário, não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo.
As roupas contra respingos químicos não são consideradas à prova de gases e vapores;
contudo, podem ser um bom substituto das roupas de encapsulamento completo, desde
que a concentração do produto envolvido for baixa e a substância química não for
extremamente tóxica, pela via dérmica.
Essa terceira classificação das roupas de proteção química é relativa, pois baseia-se,
praticamente, na facilidade de sua descontaminação, na qualidade dos materiais
utilizados na sua confecção e no custo de sua aquisição. Países e instituições com
poucos recursos financeiros, normalmente, consideram as roupas de proteção química,
cujo custo de aquisição seja inferior a US$ 25,00 (vinte e cinco dólares) por peça, como
sendo roupas de uso único e, portanto, descartáveis.
A eficácia dos materiais utilizados na proteção contra substâncias químicas está baseada
na sua resistência à penetração, à degradação e à permeação. Cada uma dessas três
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propriedades deve ser avaliada, quando da seleção dos modelos das roupas de proteção
química, bem como, da seleção dos materiais de que as roupas são feitas.
4.1.1.7 Penetração
4.1.1.8 Degradação
A degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material, devido
ao seu contato com uma substância química. A degradação também é evidenciada por
alterações físicas do material.
A razão para tal, é que um material com excelente resistência à degradação pode vir a ser
classificado como sendo fraco, em permeação. Portanto, a degradação e a permeação
não estão diretamente relacionadas entre si e não podem ser intercambiadas.
4.1.1.9 Permeação
Uma vez que a tendência da ação química é atingir uma concentração de equilíbrio,
forças moleculares conduzem a substância ao interior do material, principalmente em
direção às áreas que estejam sem concentração ou com baixa concentração da
substância. Assim, um maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante.
A permeação é medida e expressa como sendo uma taxa, sendo denominada taxa de
permeação, ou também, tempo de passagem da substância através da roupa de
proteção.
Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação dos materiais de proteção
química, incluindo o tipo do material e a sua espessura. É regra geral, que a taxa de
permeação é inversamente proporcional à espessura do material.
Materiais de proteção
Tal como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância
e para cada material de proteção e, ainda, é influenciado pelos mesmos fatores. Como
regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura
do material de proteção.
O melhor material de proteção contra uma substância química específica é aquele que
apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da
roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo
tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e
vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo para que ocorra a
passagem através da roupa.
elastômeros;
não-elastômeros.
4.1.1.13 Elastômeros
Os elastômeros, tais como os plásticos, são materiais poliméricos que, após serem
esticados, retornam praticamente à sua forma original. Os elastômeros podem ser
colocados sobre um material semelhante ao pano, em camadas sucessivas ou não.
a. Borracha butílica:
c. Borracha natural:
d. Neoprene (Cloroprene):
f. Poliuretano:
✔ bom para: Bases, Alcoóis e Hidrocarbonetos Alifáticos, para evitar abrasão e para
utilização a baixas temperaturas;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados.
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i. Viton:
j. Teflon:
k. Misturas de materiais:
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Deve-se ressaltar, que não existe material de proteção que seja totalmente impermeável e
que, tampouco, existe material que forneça proteção contra todas as substâncias
químicas, e ainda, que para certos contaminantes e misturas de substâncias químicas,
não existe nenhum material disponível no mercado que forneça proteção por mais de uma
hora, após o contato inicial.
Nível A de proteção
Nível B de proteção
Nível C de proteção
aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com máscara facial com
filtro químico;
roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;
luvas internas e luvas externas;
botas resistentes a substâncias químicas;
capacete, interno à roupa de encapsulamento;
rádio-transmissor.
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Nível D de proteção
A seleção da roupa de proteção mais adequada para uma determinada situação é uma
tarefa mais fácil, quando a substância química é conhecida.
A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece a substância envolvida ou quando
se trata de misturas de substâncias químicas, conhecidas ou não.
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Apesar das diversas variáveis existentes, será possível, em muitas situações, selecionar
as roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação, baseando-se no
cenário e na experiência das equipes envolvidas nas ações. Como exemplo encontra-se
listadas, a seguir, algumas condições básicas para a seleção de roupas de proteção
química, de acordo com o nível de proteção necessário e mais apropriado.
Nível A de proteção
a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção
para o sistema respiratório, para a pele e para os olhos;
houver a suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o
contato for possível, dependendo da atividade a ser realizada;
forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;
as leituras, observadas em equipamentos de monitoramento, indicarem concentrações
perigosas de gases e de vapores; por exemplo, com valores acima do IDLH.
Nível B de proteção
Nível C de proteção
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a concentração do produto não for superior ao IDLH e o trabalho a ser realizado não
exigir o uso de máscara autônoma de respiração.
Nível D de proteção
Conforme pôde ser observado, o nível de proteção a ser utilizado pode variar de acordo
com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental,
o nível mínimo de proteção requerido é o Nível B de Proteção. Cada nível de proteção
apresenta suas vantagens e suas desvantagens para utilização dos conjuntos de
proteção química. Geralmente, quanto maior for o nível de proteção necessário, maior é o
desconforto da roupa de proteção química. A determinação do nível de proteção química
deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança das pessoas, sendo o objetivo
principal fornecer a proteção mais adequada, com a máxima mobilidade e conforto
possíveis.
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Nas situações onde não se conhece o contaminante, mas se pode estimar a concentração
de vapores na atmosfera com equipamentos de monitoramento portáteis, tais como os
fotoionizadores, é possível determinar os níveis de proteção e as roupas de proteção mais
apropriadas. A Tabela 3, apresentada a seguir, fornece critérios para a escolha e o uso de
roupas de proteção química, de acordo com a ocorrência de concentrações de gases ou
de vapores desconhecidos no ambiente e compatíveis com os níveis de proteção
adequados e recomendados.
Nos acidentes onde não se conhece as substâncias químicas envolvidas, ou estas ainda
não foram identificadas, a seleção das roupas de proteção a serem utilizadas deverá ser
baseada na situação e nas condições do local do acidente. Por exemplo, a necessidade
de utilização de uma roupa de encapsulamento completo pode ser determinada pelas
seguintes situações:
Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido, devido às incertezas
quanto a sua resistência química, devem ser observados os seguintes procedimentos:
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Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve, ou não, for utilizada, pode não ser
tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer modelo de roupa de proteção
química puder ser utilizado, devem ser considerados os seguintes fatores:
facilidade no uso: as roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar e os usuários
estarão menos propensos a acidentes, visto que estas fornecerão melhor visibilidade
e são menos desconfortáveis e incômodas;
comunicação: é mais difícil se comunicar utilizando roupas de encapsulamento
completo;
descontaminação de máscaras: as roupas de encapsulamento completo protegem as
máscaras autônoma de respiração, as quais são de difícil descontaminação;
cansaço, devido ao calor: a roupas roupas contra respingos químicos e as roupas de
uso único descartáveis, normalmente, causam menos cansaço devido ao calor; no
entanto, como uma pequena parte do corpo fica exposta, quando do uso de tais
roupas, há pouca diferença no acúmulo de calor para essas roupas de proteção
química.
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Outros cuidados devem ainda ser adotados, com relação às roupas internas que devem
ser utilizadas sob a roupa de encapsulamento total, pelas seguintes razões:
fornecer proteção ao usuário, contra o contato do seu corpo com a parte interna da
roupa de encapsulamento, uma vez que o contato prolongado da roupa com a pele
pode provocar incômodos, que vão desde um desconforto até a sua irritação;
a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na
seleção da roupa interna. Na maioria dos casos, uma roupa de algodão é o mais
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A utilização de luvas de proteção química é uma das formas de proteção das mãos e de
parte dos braços, contra substâncias químicas.
Antes da correta seleção das luvas de proteção química, deve-se compreender que
existem algumas diferenças básicas entre os vários modelos e tipos de luvas de proteção,
bem como dos materiais que são utilizados na sua confecção.
Para um Polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, desde que a
subseqüente perda de destreza, devido à espessura da luva, puder ser tolerada, de forma
segura, para aquela atividade. Alguns aditivos são, normalmente, utilizados como matéria-
prima na fabricação de luvas, de modo a atingir as características desejadas do material.
Devido a tal fato, ocorre certa variação na resistência química e no desempenho físico de
luvas de proteção confeccionadas com o mesmo polímero, mas por fabricantes distintos.
comparação do que ocorre com um balão, ou seja, uma bexiga cheia de ar, após algumas
horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no
seu interior passa, ou seja, permeia através de suas paredes e escapa para o ambiente.
Neste simples exemplo, foi abordada a permeação de um gás, sendo que esse princípio
também é o mesmo para as substâncias líqüidas, pois, com estas, a permeação também
ocorre.
Os testes de permeação são importantes, pois fornecem uma informação segura para o
manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas de proteção
baseou-se somente nos dados de degradação; mas, algumas substâncias permeiam
rapidamente através de certos materiais, os quais apresentam boa resistência à
degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos ao risco, mesmo quando
acreditam que estejam adequadamente protegidos.
a. Teste de permeação
A metodologia desse teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de
coleta e de análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por
ionização de chama, como um método de análise, e o Nitrogênio Seco, como um meio de
coleta, são as técnicas normalmente utilizadas. Para a realização de testes com ácidos
inorgânicos e com bases inorgânicas, além do processo acima mencionado, também é
utilizado um método de analise colorimétrico, padronizado pela ISO - International
Standard Organizacional, no qual, o meio de coleta é a água e a detecção da acidez e da
alcalinidade é feita pela troca de cor, em um papel indicador de pH.
b. Teste de degradação
Para execução deste teste são obtidos filmes, ou seja, películas do material a ser testado.
Estes filmes são pesados, medidos e submersos completamente na substância química,
por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, a qual é expressa em
porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secos, de modo a se calcular a
porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas são observadas e
registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados. É importante lembrar,
que a permeação e a degradação são afetadas pela variação da temperatura,
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principalmente pelo seu aumento. Uma vez que os dados obtidos nos testes são válidos
para temperaturas entre 20 ºC e 25 ºC, devem ser tomados cuidados quando da utilização
de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do
material.
Cetonas Alifáticas
PVA
Aminas Alifáticas, Nitrilas e
Álcool-aminas Látex
Aldeídos, Éteres, Epóxidos e
Isocianatos Viton
Carbonos Halogenados
Alifáticos Borracha Nitrílica
Enxofre Alifático, Éteres e Carbonos
Halogenados Borracha Butílica
Isocianatos Alifáticos, Hidrocarbonetos e Carbonos
Halogenados Não Saturados Neoprene
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Vários cuidados devem ser ainda observados, quando as botas entram em contato com
substâncias químicas, uma vez que essas botas podem agir como uma esponja química,
ou seja, podem absorver a substância, resultando na exposição do usuário à mesma.
As botas de proteção química, mais simples, são produzidas pelo processo de moldagem
por injeção de único estágio. Essas botas são semelhantes às botas de borracha contra
chuvas e são fabricadas em Borracha Butílica e em Neoprene.
Devido ao processo de moldagem por injeção de único estágio, o solado da bota é feito
com o mesmo material do restante da mesma, sendo, no entanto, mais espesso. Isso
significa que as características de tração e de desgaste da sola dessas botas não são as
mais adequadas.
Esse processo também gera botas de segurança mais apropriadas e com resistência
química maior. Essas botas estão disponíveis em PVC e em PVC com Borracha Nitrílica.
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4.2.1 Introdução
A bexiga de animais foi muito utilizada como um filtro protetor contra poeiras, nas minas
romanas, no século I. Posteriormente, devido ao grande avanço tecnológico durante a
Primeira Guerra Mundial, foram desenvolvidos vários Equipamentos de Proteção
Respiratória – EPR, para fazerem frente aos gases tóxicos que eram utilizados com fins
bélicos. Finalmente, nos dias atuais, dispomos de EPR, eficazes e totalmente
independentes do ar atmosférico, os quais são indicativos da importância dos dispositivos
que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos.
O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por uma determinada substância química,
bem como as condições específicas do local e as limitações do usuário e dos
equipamentos, nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequada
para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações
emergenciais.
Inicialmente, serão abordados os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, sendo
que, em uma segunda etapa, serão descritos os tipos de aparelhos de proteção
respiratória, as diretrizes para sua seleção e uso, as suas limitações, bem como
recomendações práticas para a sua utilização.
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4.2.2 Objetivo
Este trabalho tem por finalidade propiciar o conhecimento básico sobre a proteção
respiratória nas situações de emergência envolvendo substâncias químicas, às equipes
de atendimento emergencial.
Para efeito deste trabalho, serão abordados os riscos respiratórios dividindo-os em dois
grupos:
a deficiência de Oxigênio;
os contaminantes do ar atmosférico.
Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição
do ar atmosférico e o consumo humano de Oxigênio, se faz necessária.
Observação: A rigor, não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença
de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20 ºC,
permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a
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4.2.5 Consumo de ar
4.2.6 Oxigênio
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Em termos gerais, pode-se dizer que o Oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos,
possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto
significa dizer que, ao diminuir a quantidade de Oxigênio presente no ar, tem-se menor
pressão alveolar. Com isso, o teor de Oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a
oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento
da Taxa de Dióxido de Carbono – CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos.
A Pressão Parcial do Oxigênio – PPO2 também é afetada pela pressão atmosférica total.
Esta pressão é de 760 mm Hg (milímetros de Mercúrio) ao nível do mar, sendo que a
PPO2 de 159 mm Hg é a condição considerada ideal para a respiração. Há uma
diminuição progressiva da pressão total, com o aumento da altitude. As altitudes
superiores a 4.240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já
que, nesses níveis, tem-se uma pressão atmosférica de 450 mm Hg, implicando em uma
PPO2 de 95 mm Hg. Saliente-se que pessoas aclimatadas às grandes altitudes não
sofrem esses efeitos, pois o seu organismo realiza mudanças compensadoras nos
sistemas cardiovascular, respiratório e formador de sangue.
Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada, haverá maior absorção
sangüínea dos gases que compõem o ar e, concomitantemente, pelas células dos tecidos.
Com a redução da pressão, esses gases tendem a ser liberados; daí, os problemas de
embolia gasosa e de morte causadas pelo Nitrogênio, quando da redução brusca da
pressão. O aumento da pressão atmosférica, por si só, pode gerar danos, como os
descritos a seguir:
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Neste capítulo, são abordados os casos que, normalmente, são encontrados durante os
atendimentos emergenciais e que podem ocasionar a redução na concentração de
Oxigênio no ar atmosférico.
Embora cada cenário tenha características particulares – as quais sempre devem ser
observadas – pode-se considerar como causas básicas geradoras da deficiência de
Oxigênio, as seguintes:
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4.2.8 Contaminantes
contaminantes gasosos;
contaminantes particulados, também conhecidos como aerodispersóides.
As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos
gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja pela filtragem de parte dos gases e
vapores, quer seja pela atuação do revestimento mucoso, onde os contaminantes serão
absorvidos. Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração de
contaminantes no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos, onde os
mesmos são absorvidas pela corrente sangüínea. Na seqüência, são abordadas as
características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos.
4.2.8.2 Aerodispersóides
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tamanho;
forma;
densidade;
propriedades físicas e químicas.
A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições
de concentração, obtidas por equipamentos de medição. Em algumas circunstâncias,
além dos gases e dos vapores, pode haver o risco associado aos aerodispersóides,
quando, então, deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais. Genericamente,
pode-se dizer que os principais tópicos, a serem observados quanto aos riscos
apresentados pelos contaminantes são:
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Equipamentos
Isolamento Purificação
(Ar Externo) (Ar Interno)
Circuito Circuito
Aberto Fechado
filtros químicos;
filtros mecânicos;
filtros combinados, ou sejam, mecânicos e químicos.
Os filtros mecânicos são utilizados para a proteção contra materiais particulados, sendo,
normalmente, confeccionado com um material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico
das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável.
para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente, tais como poeiras
e névoas, e contra aerodispersóides que são gerados termicamente, tais como
Fumos;
além dos contaminantes indicados para os filtros mecânicos da Classe P-1, os filtros
mecânicos da Classe P-2 são eficientes na retenção de fumos metálicos, tais como
Solda, e daqueles provenientes dos processos de fusão de metais, que contenham
Ferro, Manganês, Cobre, Níquel e Zinco;
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são, ainda, indicados para proteção contra névoas de pesticidas, com baixa pressão
de vapor e que não contenham vapores associados;
esses filtros são, também, classificados nas categorias S ou SL, de acordo com a sua
capacidade de reter partículas líqüidas, oleosas ou não. Os filtros da categoria S são
indicados para proteção contra os contaminantes anteriormente citados, enquanto que
os filtros da categoria SL podem ser utilizados para proteção contra névoas oleosas e,
também, para proteção contra os contaminantes da categoria anterior;
esses filtros possuem capacidade média de retenção.
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Os filtros químicos são aqueles utilizados para a proteção contra gases e vapores. O
princípio de funcionamento desses filtros baseia-se na adsorção dos contaminantes
gasosos, por meio de um elemento filtrante, normalmente o Carvão Ativado.
Alguns filtros químicos utilizam, adicionalmente, elementos químicos, tais como Sais
Minerais, Catalisadores e algumas Substâncias Alcalinas, as quais melhoram o processo
de adsorção.
filtros para Vapores Orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos,
conforme especificação do fabricante;
filtros para Gases Ácidos: são indicados contra certos gases e certos vapores ácidos
inorgânicos, conforme especificação do fabricante, excluindo-se o Monóxido de
Carbono;
filtros para Amônia: indicados contra Amônia e Compostos Orgânicos de Amônia,
conforme especificação do fabricante;
filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos, não incluídos nos grupos
anteriores, tais como Mercúrio, Cloreto de Vinila, Fosfina, Gás Sulfídrico, Ácido
Cianídrico, Óxido de Etileno, Monóxido de Carbono e Defensivos Agrícolas.
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A Tabela 11, apresentada na página seguinte, mostra as classes dos filtros químicos, as
concentrações máximas de uso de algumas substâncias químicas, os tamanhos dos
cartuchos e a compatibilidade das peças faciais, em conformidade com a ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas”, no que refere ao uso de filtros químicos.
Vapores Orgânicos 1.000 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal (A), (B) e (C)
Amônia 300
Metilamina 100
1 Pequeno Gases Ácidos 1.000
Ácido Clorídrico 50
Cloro 10 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal (A), (B) e (C)
Observação (*): Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:
A) Não usar contra vapores orgânicos ou contra gases ácidos, com fracas propriedades
de alerta ou que gerem alto calor, pela reação com o conteúdo do cartucho;
B) A concentração máxima de uso não pode ser superior ao IPVS - Imediatamente
Perigoso à Vida ou à Saúde;
C) Para alguns gases ácidos e alguns vapores orgânicos, esta concentração máxima de
uso é mais baixa.
Existe, também, um código de cores para os diferentes filtros químicos, em função do tipo
de contaminante gasoso para o qual os mesmos foram projetados.
Esse código de cores foi adotado pelo NIOSH - National Institute for Occupational Safety
and Health e, também, pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização.
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Dependendo da peça facial utilizada, esses filtros podem estar dispostos em cartuchos
separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado
passe, primeiramente, pelo filtro mecânico e, em seguida, pelo filtro químico. A disposição
do filtro combinado em cartuchos distintos é preferível, pois, geralmente, os filtros
mecânicos atingem o ponto de saturação, antes que o filtro químico.
Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes. Quando seu
limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, uma vez
atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá, progressivamente, a
passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos, a
impregnação de partículas imporá resistência à respiração.
a. Freqüência respiratória
b. Concentração do contaminante
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Vapores Orgânicos 80
1 Gases Ácidos 20
Amônia 50
Vapores Orgânicos 40
2 Gases Ácidos 20
Amônia 40
Vapores Orgânicos 60
3 Gases Ácidos 30
Amônia 60
NO (P3) 20
Mercúrio (P3) 6.000
Defensivos agrícolas
Especiais Classe - Tipo
1 - P2 50
1 - Hg 300
2 - P3 9
3 - P3 12
3 - CO 60
Fonte: Fonte Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 da ABNT.
Observação: Se o filtro for uma combinação de dois ou mais tipos de filtros, a vida-útil-
mínima exigida fica dividida, pela metade.
Esses equipamentos são máscaras contra gases e vapores, com filtros químicos
acoplados a elas.
constam de uma peça facial inteira, ou de uma meia-máscara, com tirantes, válvulas
de inspiração e válvulas de expiração;
no caso de tratar-se de uma peça facial inteira, o elemento filtrante poderá ser
conectado à mesma com uma traquéia ou diretamente à mascara;
na estrutura semi-facial do tipo respirador, podem constar um ou dois filtros, de
dimensões reduzidas em relação ao modelo que é portado à cintura;
os filtros oferecem proteção contra uma substância ou contra uma classe de
substâncias, de forma específica; portanto, não podem ser usados
indiscriminadamente contra quaisquer gases ou contra quaisquer vapores, sem a
adequada verificação prévia;
a sua autonomia depende dos seguintes fatores:
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Máscara facial, com filtros combinados. Máscara facial, com filtro combinado.
(para concentrações de até 1.000 ppm) (para concentrações de até 5.000 ppm)
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
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constam de uma peça facial, à qual, se conecta uma traquéia, por sua vez ligada a
uma mangueira ou a uma tubulação, de diâmetro relativamente grande, ou seja, de 20
mm a 25 mm, conectada a um dispositivo de conexão posicionado na altura da cintura
do usuário,
o ar é trazido desde um local com atmosfera segura, pela ação respiratória do usuário
ou por uma tubulação, limitando-se o comprimento desta, para se assegurar uma
respiração adequada. O comprimento dessa tubulação varia de 7,5 metros até 22
metros;
não exigem muita manutenção e apresentam-se sempre prontos para uso, uma vez
que não necessitam de fontes de ar respirável ou de ar comprimido, os quais podem
não estar disponíveis no local, imediatamente.
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são, normalmente, utilizadas com uma vazão constante de 60 litros de ar por minuto,
sob pressões variadas, sendo que a pressão de fluxo contínuo é de 2,0 a 2,5 Kgf/cm2
e a pressão de demanda é de 5,0 a 7,05 Kgf/ cm2;
as tubulações são fabricadas com produtos atóxicos e comercializadas com
comprimentos de 5 metros, 10 metros e 20 metros;
podem ser utilizadas tanto máscaras semi-faciais como máscaras faciais, as quais
devem ser utilizadas sob pressão positiva, o que previne uma eventual infiltração de ar
contaminado, para o interior das mesmas;
as máscaras faciais podem ser dotadas de um regulador de demanda da pressão
positiva, com acionamento automático, imediatamente após a primeira inalação de ar
pelo usuário, e com um bloqueador semi-automático, os quais devem ser conectados
à peça facial por meio de um dispositivo de engate rápido.
➢ Equipamentos com máscara facial conectada a uma linha de ar, com fluxo
contínuo ou com pressão de demanda:
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Máscara facial , com linha de ar com Máscara facial, com linha de ar com
fluxo contínuo. pressão de demanda.
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
➢ Quanto ao ambiente:
confinamento de gases e vapores no ambiente, em locais tais como: poços,
silos e porões;
características do local e sua posição em relação a atmosferas seguras, ou
seja, distâncias e acessibilidade a esses locais;
arranjo físico do local;
limitações da mobilidade do usuário do equipamento de proteção
respiratória.
➢ Quanto às atividades :
características das atividades e do usuário, ou seja a mobilidade
necessária e a freqüência de permanência no local;
atividade respiratória do usuário, decorrente da atividade física do mesmo.
Deve ser levado em conta, também, se a atividade física a ser desenvolvida pelo usuário
pode ser considerada um trabalho leve, um trabalho médio ou um trabalho pesado; pois, o
esforço que é exigido tanto do usuário como do equipamento de proteção respiratória,
pode reduzir drasticamente a vida-útil dos filtros, bem como o próprio equipamento de
proteção respiratória.
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Por exemplo, o volume de ar que é respirado por um homem, andando a uma velocidade
de 6,5 quilômetros por hora, é três vezes maior que o volume de ar que é respirado por
um homem, parado ou sentado. Nesta situação, o consumo de ar pelo usuário, que esteja
utilizando uma máscara autônoma, é bem maior, os filtros químicos são exauridos em
tempo menor e os filtros mecânicos são obstruídos com maior facilidade e rapidez. Isto se
aplica a todos os tipos de equipamento de proteção respiratória, exceto para aqueles com
linha de ar.
b. Monitoramento periódico
c. Manutenção de equipamentos
Há que se ressaltar, que todo e qualquer programa de manutenção deve ser executado
por pessoas treinadas e devidamente conscientizadas da importância do seu trabalho. Um
programa de manutenção de equipamentos de proteção respiratória consiste,
basicamente, nas seguintes etapas:
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inspeção;
limpeza;
higienização;
manutenção;
armazenamento.
5. Considerações finais
Neste sentido, é de suma importância que, nas operações de emergência que envolva
substâncias químicas, os EPI sejam selecionados e definidos a partir de critérios técnicos,
de acordo com os riscos apresentados pelas substâncias envolvidas, as proporções do
vazamento, as características dos locais atingidos e os serviços a serem realizados por
especialistas, após a avaliação em campo.
Os EPI devem ser utilizados por pessoas devidamente treinadas e familiarizadas com os
mesmos, uma vez que a escolha ou a utilização de forma errada pode acarretar
conseqüências indesejáveis, sendo que o ingresso em áreas onde existam riscos de
explosão, ocasionados por substâncias perigosas, deve ser realizado sempre por duas
pessoas, no mínimo, e devidamente protegidas, sendo todas as suas atividades
acompanhadas permanentemente por uma equipe de retaguarda.
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O uso de EPI, principalmente de roupas de proteção, pode provocar desgastes físicos que
poderão causar a desidratação do usuário. Quando ocorrerem essas situações, os
técnicos deverão ser orientados no sentido de serem adotadas ações prévias para evitar
problemas físicos, que possam interferir na segurança do trabalhador, em razão da
atividade por ele desenvolvida.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração, diz respeito às roupas que venham
a serem contaminadas durante o atendimento às situações emergenciais envolvendo
substâncias químicas, roupas essas que, antes que o usuário as retire, devem ser
descontaminadas ainda no local do atendimento, sendo que esse trabalho pode ser
realizado mediante a utilização de mangueiras ou nebulizadores de água.
Estes procedimentos assegurarão uma maior vida-útil das roupas de proteção, bem como
evitarão que ocorra a contaminação de outras pessoas que, em seguida, venham a utilizar
esses mesmos equipamentos.
Finalmente, vale lembrar, que todos os equipamentos de proteção individual devem ser:
inspecionados, periodicamente;
reparados, imediatamente;
guardados, em locais de fácil acesso;
armazenados, adequadamente, de modo a evitar o seu dano, inclusive
acidentalmente;
repostos, sempre que necessário.
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