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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

1. Introdução

Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos-
petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos
necessários à manutenção da vida diária.

O vazamento de produtos químicos para o meio ambiente tem sido ocasionado por
aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estas
substâncias, tais como:

 laboratórios;
 áreas de estocagem, tais como almoxarifados, depósitos e pátios, dentre outros;
 processos de fabricação;
 atividades de transporte, rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e por dutos.

As substâncias químicas têm gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente,


causando danos corporais e materiais e, ainda, provocando a morte de várias espécies.

Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo produtos perigosos vem


preocupando, consideravelmente, as autoridades e segmentos envolvidos em todo o
mundo.

Os acidentes envolvendo produtos químicos perigosos requerem cuidados especiais, bem


como pessoal habilitado e treinado para o seu atendimento, tendo em vista os riscos de
inflamabilidade, toxidez e corrosividade, proporcionados por essas substâncias perigosas
quando do seu vazamento ou derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por
gases e vapores.

O atendimento a esses episódios gera diversos riscos à integridade física dos


profissionais que desenvolvem atividades nesses cenários. Neste sentido, nas
emergências que envolvem substâncias químicas perigosas, é de suma importância que
os envolvidos no atendimento utilizem Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de
acordo com os riscos apresentados pelas substâncias envolvidas, o volume do
vazamento, locais atingidos e as atividades a serem realizadas.

2. Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de


Proteção Individual – EPI, que devem ser utilizados nos atendimentos às emergências
químicas.

3. Considerações gerais

Um Equipamento de Proteção individual – EPI é todo dispositivo de uso individual, de


fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador. Os EPI não reduzem o risco nem reduzem o perigo, apenas adequam o
indivíduo ao meio e ao grau de exposição aos riscos.

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Duas questões básicas devem ser consideradas:

1. Pergunta: Quando usar os Equipamentos de Proteção Individual – EPI?


Resposta: Durante a realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de
acordo com o grau de exposição.

2. Pergunta: Como escolher os Equipamentos de Proteção Individual – EPI?


Resposta: De acordo com as necessidades, os riscos intrínsecos das atividades as
partes do corpo a serem protegidas.

Duas situações devem ser observadas:

1. Após a avaliação da situação: a seleção e o uso dos EPI deverão ser adequados às
reais situações do momento.

2. Em caso de dúvida ou desconhecimento do grau de exposição e/ou da contaminação


a que o trabalhador estará exposto: sempre deverão ser utilizados EPI de proteção
máxima.

4. Classificação dos equipamentos de proteção individual

Os Equipamentos de Proteção Individual contra Substâncias Químicas são classificados


de acordo com o tipo de proteção que os mesmos devem oferecer aos seus usuários:

 proteção cutânea;
 proteção respiratória.

4.1 Proteção cutânea

Os principais equipamentos de proteção individual, específicos para oferecerem a


proteção cutânea aos trabalhadores contra a ação de substâncias químicas são:

 roupas;
 luvas;
 botas.

4.1.1 Roupas de proteção química


Proteger os trabalhadores, de forma a impedir a exposição da pele às substâncias
químicas requer o uso da roupa de proteção mais adequada e efetiva. É fundamental
selecionar uma roupa que tenha sido confeccionada com materiais que apresentem a
maior resistência possível ao ataque de substâncias químicas. No que se refere ao
atendimento aos acidentes envolvendo substâncias químicas, as roupas de proteção
química têm como finalidade proteger o corpo do contato e da ação dessas substâncias,
uma vez que as mesmas podem causar severos danos à pele ou podem ser absorvidas
pela mesma e, penetrando no organismo, afetar outros órgãos.

Uma vez selecionadas adequadamente para cada situação encontrada, e sempre


utilizadas conjuntamente com os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR
adequados, essas roupas de proteção química protegem eficazmente as pessoas, em
ambientes hostis.

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O modelo da roupa de proteção química também é importante e depende de vários


fatores, tais como se a substância química envolvida estiver presente na atmosfera e se a
exposição ou o contato da pele com o produto pode se dar de forma direta ou por
respingos.

Outros critérios para a seleção dessas roupas de proteção também devem ser
considerados, incluindo-se as probabilidades da exposição direta ao produto, a facilidade
de descontaminação, a mobilidade do usuário quando a estiver usando, a durabilidade e,
em menor escala, o seu custo.

Atualmente, uma significativa variedade de materiais está disponível para a fabricação de


roupas de proteção química.

Cada um desses materiais oferece um grau de proteção à pele, contra várias substâncias;
entretanto, nenhum material fornece a máxima proteção contra todas as substâncias
químicas. Dessa forma, cada roupa de proteção selecionada deve ter sido confeccionada
com materiais adequados que propiciem a máxima resistência possível contra a
substância, caso a mesma seja conhecida ou haja a suspeita de que a mesma possa
estar presente.

A seleção adequada das roupas de proteção química pode minimizar o risco de exposição
às substâncias químicas; mas, não fornece proteção contra riscos físicos, tais como
objetos contundentes e perfurantes, fogo, radiação e eletricidade.

O uso de outros equipamentos de proteção individual, específicos para essas situações,


também é de fundamental importância para que se possa fornecer completa proteção aos
envolvidos nos trabalhos.

A proteção à cabeça é adequadamente fornecida por capacetes rígidos; a proteção aos


olhos, por óculos resistentes a impactos; a proteção aos ouvidos é dada por protetores
auriculares; e, a proteção aos pés e às mãos é dada por luvas e botas resistentes às
substâncias químicas.

Desta forma, essas informações têm por finalidade auxiliar as equipes envolvidas nos
trabalhos e nos atendimentos às emergências envolvendo substâncias químicas, bem
como na seleção das roupas de proteção química mais adequada para cada situação, de
acordo com o seu modelo e materiais utilizados na sua fabricação, roupas essas que
sejam as mais adequadas para serem utilizadas quando da ocorrência de acidentes
envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este capítulo foi dividido em duas partes,
sendo que a primeira abordará a classificação das roupas de proteção química, enquanto
que a segunda abordará a classificação de luvas e botas.

4.1.1.1 Classificação das roupas de proteção química

As roupas que oferecem proteção contra a ação de substâncias químicas são


classificadas por: modelo, tipo de uso e materiais utilizados na sua confecção.

No que se refere a essas três classificações, as roupas de proteção contra a ação de


substâncias químicas são as seguintes:

 roupas de encapsulamento completo;


 roupas contra respingos químicos;

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 roupas de uso único, descartáveis.

4.1.1.2 Roupas de encapsulamento completo

Essas roupas, totalmente encapsuladas, são confeccionadas em peças únicas que


envolvem, ou seja, encapsulam totalmente o usuário, possuindo botas, luvas e um visor
transparente, totalmente integrado e conectado às roupas; entretanto, em alguns dos
modelos de roupas existentes no mercado, as luvas de proteção química podem ser
removidas.

Neste caso, as luvas são conectadas às mangas das roupas, por anéis de pressão, os
quais impedem a entrada de líqüidos e gases. Igualmente, os dispositivos de fechamento,
conhecidos por zíper ou fecho éclair, também fornecem perfeita vedação contra a entrada
de líqüidos, gases e vapores.

Essas roupas de proteção devem, obrigatoriamente, ser submetidas a testes de pressão e


a testes de vazamentos, para assegurar a sua integridade.

Por se tratarem de roupas totalmente encapsuladas, a proteção respiratória do usuário e o


ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão
positiva, constituído por uma máscara facial, uma traquéia e um cilindro de ar comprimido
que deve ser usado internamente à roupa de proteção, ou também, por uma linha de ar
mandado, que mantém a pressão positiva dentro da mesma.

As roupas de encapsulamento total são utilizadas, principalmente, para proteger o usuário


contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protegem contra respingos
de líqüidos.

A proteção que essas roupas fornecem contra uma determinada substância química
depende do material utilizado para a sua confecção.

Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de ocorrer acúmulo de calor,
podendo resultar numa situação de risco para o usuário.

Devido a algumas dificuldades apresentadas pelo equipamento, na maioria das vezes, o


usuário precisa ser auxiliado por outra pessoa, tanto para a colocação como para a
retirada da roupa.

Existe uma grande variedade de acessórios disponíveis no mercado, os quais também


podem ser utilizados em conjunto com essas roupas de proteção química, visando dar
mais conforto e praticidade operacional ao usuário, como por exemplo: sistema de rádio-
comunicação, coletes que propiciem refrigeração interna e botas especiais que propiciem
resistência química, preferencialmente, com tamanho dois números acima do número das
botas utilizadas pelo usuário.

4.1.1.3 Roupas contra respingos químicos

Essas roupas de proteção, também denominadas roupas não encapsuladas, oferecem


ótima proteção contra substâncias químicas; contudo, não possui o dispositivo de
proteção respiratória facial como parte integrante das mesmas. Desta forma, um conjunto
autônomo de respiração com pressão positiva ou uma linha de ar mandado, assim como

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uma máscara com filtro químico específico, podem ser utilizados pelo usuário; porém,
externamente à roupa.

As roupas contra respingos químicos, normalmente, incluem um capuz e outros


acessórios e, basicamente, podem ser de dois tipos:

 peça única, do tipo macacão;


 conjunto, formado por calça e jaqueta.

As roupas contra respingos químicos não foram projetadas nem desenvolvidas para
fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas, mas, apenas para a
proteção contra respingos. Essas roupas de proteção podem ser completamente vedadas,
utilizando-se fitas adesivas que permitam a vedação nas áreas dos pulsos, dos tornozelos
e do pescoço do usuário, não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo.

As roupas contra respingos químicos não são consideradas à prova de gases e vapores;
contudo, podem ser um bom substituto das roupas de encapsulamento completo, desde
que a concentração do produto envolvido for baixa e a substância química não for
extremamente tóxica, pela via dérmica.

4.1.1.4 Roupas de uso único (descartáveis)

Essa terceira classificação das roupas de proteção química é relativa, pois baseia-se,
praticamente, na facilidade de sua descontaminação, na qualidade dos materiais
utilizados na sua confecção e no custo de sua aquisição. Países e instituições com
poucos recursos financeiros, normalmente, consideram as roupas de proteção química,
cujo custo de aquisição seja inferior a US$ 25,00 (vinte e cinco dólares) por peça, como
sendo roupas de uso único e, portanto, descartáveis.

Em situações ou em locais onde a descontaminação das roupas de proteção química seja


difícil ou, portanto, impossível de ser realizada e tornando-se um problema, todas as
roupas, inclusive as mais caras, acabam sendo consideradas roupas de uso único e,
conseqüentemente, descartadas.

4.1.1.5 Requisitos de desempenho para as roupas de proteção química

Vários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser levados em conta na


seleção das roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação. Sua
importância, também relativa, é determinada pelas atividades a serem executadas e as
condições específicas de cada local.

Os principais requisitos de desempenho das roupas de proteção química são os


seguintes:
✔ resistência química e física: é a capacidade de um material em resistir às trocas
químicas e físicas. A resistência química de um material é o requisito de desempenho
mais importante, uma vez que o material deve manter sua integridade estrutural e
qualidade de proteção, quando em contato com substâncias químicas;
✔ durabilidade: é a capacidade de um material em resistir à sua utilização, ou seja, a
capacidade de resistir às perfurações, aos rasgos e à abrasão. Essa resistência é
inerente a cada material;

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✔ flexibilidade: é a capacidade do material em curvar ou dobrar. É um requisito


extremamente importante, inclusive no que se refere às luvas acopladas à roupa, pois
influencia, diretamente, na mobilidade, na agilidade e na restrição de movimentos do
usuário;
✔ resistência térmica: é a capacidade de um material em manter sua resistência
química, durante todo o período em que ocorrer sua exposição a temperaturas
extremas, principalmente as altas, e manter-se flexível em baixas temperaturas. Uma
tendência geral, apresentada pelos materiais, é a de que altas temperaturas reduzem
a sua resistência química enquanto que as baixas reduzem a sua flexibilidade;
✔ vida-útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e à
deterioração. Fatores, tais como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz
ultravioleta, agentes oxidantes, entretanto outros causam a redução da vida-útil do
material. A estocagem e os cuidados adequados, contra tais fatores, podem ajudar na
prevenção do seu envelhecimento. Os fabricantes dessas roupas devem ser
consultados com relação às recomendações sobre o armazenamento das mesmas;
✔ facilidade de limpeza: é a possibilidade apresentada por um material em poder ser
efetivamente descontaminado e, conseqüentemente, de se remover totalmente as
substâncias impregnadas no mesmo. Alguns materiais são praticamente impossíveis
de serem descontaminados. Dessa forma, é muito importante que, durante a sua
utilização, os mesmos sejam cobertos com outras roupas descartáveis, para prevenir
ou minimizar, ao máximo, a sua contaminação;
✔ projeto de confecção: é a forma como uma roupa é confeccionada e, também, inclui o
seu tipo e outras características. Atualmente, uma variedade de modelos de roupas,
com características diversas, é fabricada, tais como:
 roupas de encapsulamento completo;
 roupas contra respingos químicos;
 roupas com uma, duas ou três peças;
 roupas com capuz, protetor facial, luvas e botas, soldadas ou não;
 roupas com localização adequada do fecho, dos botões e das costuras;
 roupas com colarinho, bolsos e alças com velcro ou outro material;
 roupas com ventilação e válvulas de exalação de ar para a atmosfera;
 roupas compatíveis com o equipamento de proteção respiratória utilizado.
✔ cor: é a condição de as roupas facilitarem o contato visual entre as equipes. As roupas
de cores escuras, tais como preto e verde, absorvem calor radiante de fontes externas
e o transfere para o usuário, aumentando os problemas relacionados ao calor;
✔ tamanho: é a dimensão física e as proporções da roupa. O tamanho da roupa está
diretamente relacionado ao conforto do usuário e tem grande influencia na ocorrência
de acidentes físicos desnecessários. Roupas apertadas limitam a mobilidade, a
destreza e a concentração do usuário;
✔ custo: o custo de aquisição das roupas de proteção química varia consideravelmente
e, freqüentemente, também determina a seleção e a freqüência do uso dessas roupas.
Por serem mais baratas e tão seguras quanto às roupas mais caras e, ainda,
apropriadas para várias situações, as roupas de proteção química descartáveis devem
ser utilizadas.

4.1.1.6 Resistência química

A eficácia dos materiais utilizados na proteção contra substâncias químicas está baseada
na sua resistência à penetração, à degradação e à permeação. Cada uma dessas três
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propriedades deve ser avaliada, quando da seleção dos modelos das roupas de proteção
química, bem como, da seleção dos materiais de que as roupas são feitas.

4.1.1.7 Penetração

A penetração é o transporte de substâncias químicas por aberturas existentes nas roupas.


Uma substância pode penetrar, devido ao projeto ou a imperfeições existentes nas
roupas. Os pontos de costura, as casas dos botões, os zíperes e o próprio tecido, como
também rasgos, furos, fissuras e abrasão, podem permitir a penetração do produto.

As roupas de proteção, bem projetadas e confeccionadas, com zíperes selados, juntas


vedadas com fita colante e a não utilização de tecidos comuns, previnem a penetração
das substâncias.

4.1.1.8 Degradação

A degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material, devido
ao seu contato com uma substância química. A degradação também é evidenciada por
alterações físicas do material.

A ação da substância química pode causar a contração ou a expansão do material e,


desta forma, torná-lo quebradiço ou macio, ou ainda, alterar completamente suas
propriedades químicas. Outras alterações também são provocadas, tais como uma leve
descoloração, a superfície tornar-se áspera ou pegajosa e surgirem rachaduras no
material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do
contaminante na roupa.

Informações específicas, sobre os testes de degradação para substâncias específica e


para as classes de produtos, são disponibilizadas pelos fabricantes e fornecedores de
roupas de proteção química. Esses dados fornecem aos usuários a taxa de resistência à
degradação, a qual é, subjetivamente, expressa como excelente, boa, fraca e pobre.

Os dados de degradação podem, também, auxiliar na determinação da capacidade de


proteção de um material; entretanto, não devem substituir os dados dos testes de
permeação.

A razão para tal, é que um material com excelente resistência à degradação pode vir a ser
classificado como sendo fraco, em permeação. Portanto, a degradação e a permeação
não estão diretamente relacionadas entre si e não podem ser intercambiadas.

4.1.1.9 Permeação

A permeação é uma ação química, envolvendo a movimentação de uma substância


química, a nível molecular, através de um material. É um processo que envolve:

 a sorção (adsorção e a absorção) de uma substância, na superfície externa do


material;
 a difusão e a disabsorção da substância, na superfície interna do material.

Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração da substância química, ou


seja:

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 alta concentração da substância, no lado externo do material;


 baixa concentração da substância, no lado interno do material.

Uma vez que a tendência da ação química é atingir uma concentração de equilíbrio,
forças moleculares conduzem a substância ao interior do material, principalmente em
direção às áreas que estejam sem concentração ou com baixa concentração da
substância. Assim, um maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante.

A permeação é medida e expressa como sendo uma taxa, sendo denominada taxa de
permeação, ou também, tempo de passagem da substância através da roupa de
proteção.

4.1.1.10 Taxa de permeação

A taxa de permeação é a quantidade de substância química que se moverá através de


uma área do material da roupa de proteção, em um determinado tempo. Normalmente, a
taxa de permeação é expressa em microgramas de produto, permeado por centímetro
quadrado, por minuto de exposição (µg/cm2/min).

Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação dos materiais de proteção
química, incluindo o tipo do material e a sua espessura. É regra geral, que a taxa de
permeação é inversamente proporcional à espessura do material.

Outros fatores importantes são: a concentração da substância, o tempo de contato, a


temperatura, a umidade e a solubilidade do material nas substâncias químicas. As taxas
de resistência e a eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de
produto, são mostradas na Tabela 1, apresentada na página seguinte.

Tabela 1 – Eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de


produto.

Materiais de proteção

Classes de Produtos Borracha Cloreto de Neoprene Borracha Natural


butílica Polivinila (PVC)
Alcoóis E E E E
Aldeídos E–B B-R E–B E-R
Aminas E–R B-R E–B B-R
Ésteres B–R F B R-F
Éteres B–R B E–B B-R
Hidrocarbonetos
Halogenados B–F B-F B–R R-F
Hidrocarbonetos R–F R B–R R-F
Ácidos Inorgânicos B–R E E–B R-F
Bases Inorgânicas e Sais
E E E E
Cetonas E F B–R E-R
Gordura Natural e Óleos
B–R B E–B B-R
Ácidos Orgânicos E E E E

Legenda: E = Excelente; B = Bom; R = Regular; F = Fraco

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4.1.1.11 Tempo de passagem através da roupa

O tempo de passagem através da roupa é o tempo, expresso em minutos, decorrido entre


o contato inicial de uma substância química com a superfície externa de um material de
proteção e a sua detecção na superfície interna desse material.

Tal como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância
e para cada material de proteção e, ainda, é influenciado pelos mesmos fatores. Como
regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura
do material de proteção.

Os dados referentes à taxa de permeação e ao tempo de passagem são fornecidos pelos


fabricantes das roupas de proteção química. Embora exista uma metodologia-padrão da
ASTM - American Standard for Testing Materials para os testes de permeação, existem
diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes de roupas de
proteção química, quanto à espessura e à qualidade do material, ao processo de
fabricação, à temperatura, às concentrações das substâncias químicas e aos métodos
analíticos, empregados nos testes.

O melhor material de proteção contra uma substância química específica é aquele que
apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da
roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo
tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e
vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo para que ocorra a
passagem através da roupa.

4.1.1.12 Materiais de confecção de roupas de proteção química

As roupas de proteção contra substâncias químicas também são classificadas de acordo


com o material utilizado para a sua confecção. Existe uma grande variedade de materiais
de proteção.

Todos os materiais, atualmente empregados na confecção de roupas de proteção


química, podem ser agrupados em duas categorias:

 elastômeros;
 não-elastômeros.

4.1.1.13 Elastômeros

Os elastômeros, tais como os plásticos, são materiais poliméricos que, após serem
esticados, retornam praticamente à sua forma original. Os elastômeros podem ser
colocados sobre um material semelhante ao pano, em camadas sucessivas ou não.

A maioria dos materiais utilizados na confecção de roupas de proteção químicas


pertencentes a esta categoria, entre outros, são os seguintes: Álcool Polivinílico (PVA),
Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Cloreto de Polivinila (PVC), Neoprene, Polietileno,
Teflon e Viton. Esses materiais são, normalmente, os mais recomendados; no entanto,
existem muitas outras exceções para cada uma das classes de substâncias químicas.

A relação a seguir apresenta os elastômeros mais comumente utilizados na confecção de


roupas de proteção química, sendo que o termo bom para e fraco para referem-se à taxa

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de permeação e ao tempo de passagem das substâncias através da roupa de proteção


química.

a. Borracha butílica:

✔ bom para: Bases e muitos Compostos Orgânicos;


✔ fraco para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos Aromáticos,
Hidrocarbonetos Halogenados e Gasolina.

b. Polietileno clorado (CPE):

✔ bom para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis,


Ozônio e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Aminas, Ésteres, Cetonas, Hidrocarbonetos Halogenados e para utilização
a baixas temperaturas.

c. Borracha natural:

✔ bom para: Alcoóis, Ácidos diluídos e Bases;


✔ braco para: Compostos Orgânicos.

d. Neoprene (Cloroprene):

✔ bom para: Bases, Ácidos diluídos, Peróxidos, Combustíveis, Óleos, Hidrocarbonetos


Alifáticos, Alcoóis, Fenóis, Glicóis, para resistência ao corte e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e Cetonas.

e. Borracha nitrílica (Acrilonitrila):

✔ bom para: Fenóis, Bifenilas Policloradas, Óleos, Combustíveis, Alcoóis, Aminas,


Bases, Peróxidos, para resistência ao corte e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos, Amidas,
Cetonas e para utilização a baixas temperaturas.

Observação: Quanto maior for a concentração de Acrilonitrila, melhor será a


resistência química do material, embora haja aumento significativo na sua rigidez.

f. Poliuretano:

✔ bom para: Bases, Alcoóis e Hidrocarbonetos Alifáticos, para evitar abrasão e para
utilização a baixas temperaturas;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados.

g. Álcool polivinílico (PVA):

✔ bom para: Ozônio e quase todos os Compostos Orgânicos;


✔ fraco para: Ésteres, Ácidos, Bases e Éteres.

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h. Cloreto de polivinila (PVC):

✔ bom para:Ácidos, Bases, alguns Compostos Orgânicos, Aminas e Peróxidos;


✔ fraco para: vários Compostos Orgânicos e resistência ao corte e ao calor.

i. Viton:

✔ bom para: Hidrocarbonetos Aromáticos, Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos


Halogenados e Ácidos;
✔ fraco para: Aldeídos, Cetonas, Ésteres e Aminas.

j. Teflon:

✔ bom para: dado não disponível;


✔ fraco para: dado não disponível.

Observação: O Teflon tem sido utilizado em roupas de proteção; entretanto, ainda


há pouca informação sobre sua permeação. Em razão de algumas
similaridades com o Viton, acredita-se que o Teflon possa oferecer excelente
resistência química às mesmas substâncias que o Viton oferece.

k. Misturas de materiais:

✔ bom para: dado não disponível;


✔ fraco para: dado não disponível.

Observação: Os fabricantes de roupas de proteção vêm desenvolvendo técnicas


especiais, que consistem em colocar diferentes tecidos em camadas sucessivas,
de modo a melhorar a resistência química das roupas de proteção. Assim, algumas
roupas com múltiplas camadas já estão sendo comercializadas por algumas
empresas, a saber:

 roupas com camadas de Viton e de Borracha Butílica – empresa Trelling;


 roupas com camadas de Viton e de Neoprene – empresas Vautex e MSA;
 roupas com camadas de Borracha Butílica e de Neoprene – empresas Betex
e MSA.

4.1.1.14 Não elastômeros

Os não-elastômeros são materiais que não apresentam a característica da elasticidade.


Esta classe inclui, basicamente, o Tyvek e alguns não-elastômeros com revestimento de
Tyvek. A relação a seguir apresenta os não-elastômeros mais comumente utilizados na
confecção de roupas de proteção química. O termo bom para e fraco para referem-se à
taxa de permeação e ao tempo de passagem através da roupa. Estes são, normalmente,
os mais recomendados; no entanto, existem outras exceções para cada classe de
substâncias químicas.

a. Tyvek (fibras de polietileno, não entrelaçadas):

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✔ bom para: materiais particulados secos, pós e a movimentação de materiais de baixo


peso;
✔ fraco para: atividade que requerem roupas com ótima resistência química e
durabilidade.

Observação: As roupas de Tyvek são utilizadas por ocasião de trabalhos


envolvendo materiais particulados tóxicos; mas, não oferecem proteção química
adequada. Comumente, são utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas
mais caras, não descartáveis, de forma a prevenir a contaminação das mesmas.

b. Polietileno, revestido com Tyvek:

✔ bom para: Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis, Aldeídos, trabalhos finais de


descontaminação e movimentação de materiais de peso baixo;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Alifáticos,
Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a penetração de substâncias,
principalmente pelos pontos do zíper.

Observação: Essas roupas oferecem proteção química limitada contra líquidos


concentrados e vapores. São muito úteis contra substâncias em baixas
concentrações e para atividades que não ofereçam risco de respingos. Também
podem ser utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas mais caras e não
descartáveis, para evitar a contaminação das mesmas.

c. Tyvek laminado (Saranex):

✔ bom para: Ácidos, Bases, Aminas, alguns Compostos Orgânicos, Bifenilas


Policloradas, trabalhos de descontaminação, movimentação de materiais de baixo
peso e atividades que requerem durabilidade;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a
penetração de substâncias, principalmente pelos pontos do zíper.

Observação: Essas roupas oferecem melhor resistência química que o Polietileno


revestido com Tyvek. Também podem ser utilizadas sobre outras roupas de
proteção químicas mais caras, não descartáveis, para evitar a contaminação das
mesmas.

4.1.1.15 Níveis de proteção

As equipes de atendimento às emergências químicas devem utilizar os equipamentos de


proteção individual adequados, sempre que houver a possibilidade de ocorrer o contato
com substâncias perigosas, que possam afetar a sua saúde ou a segurança. Isso inclui os
vapores, os gases e as partículas sólidas, que podem ser gerados em virtude das
atividades no local do acidente, propiciando, desta forma, o contato dos contaminantes
com os membros das equipes.

As máscaras faciais dos equipamentos autônomos de respiração protegem as vias


respiratórias, o aparelho gastrointestinal e os olhos, do contato com tais substâncias. Já,
as roupas de proteção protegem a pele do contato com substâncias que podem destruir
ou ser absorvidas por ela.

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Deve-se ressaltar, que não existe material de proteção que seja totalmente impermeável e
que, tampouco, existe material que forneça proteção contra todas as substâncias
químicas, e ainda, que para certos contaminantes e misturas de substâncias químicas,
não existe nenhum material disponível no mercado que forneça proteção por mais de uma
hora, após o contato inicial.

Os conjuntos de equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com


substâncias químicas foram divididos em quatro níveis pelo governo dos Estados Unidos
(NFPA 471), de acordo com os graus de proteção requeridos, a saber:

Nível A de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química,


devem ser utilizados, quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e
máxima proteção da pele e dos olhos.Tais conjuntos devem ser constituídos pelos
seguintes equipamentos:

 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;


 roupa de encapsulamento completo;
 luvas internas;
 luvas externas;
 botas resistentes a substâncias químicas;
 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

Nível B de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química,


devem ser utilizados quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e
proteção menor da pele e dos olhos. Tais conjuntos devem ser constituídos pelos
seguintes equipamentos:

 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;


 roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;
 luvas internas;
 luvas externas;
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 botas resistentes a substâncias químicas;


 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

Nível C de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química,


devem ser utilizados quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao
previsto para o Nível B, porém com proteção para a pele, nas mesmas condições. Tais
conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:

 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com máscara facial com
filtro químico;
 roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;
 luvas internas e luvas externas;
 botas resistentes a substâncias químicas;
 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.

Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda.

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Nível D de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química,


devem ser utilizados somente como uniformes ou como roupas de trabalho e em locais
que não sejam sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou à pele. Este nível não prevê
qualquer proteção contra riscos químicos.

Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:

 macacões, uniformes, aventais ou roupas de trabalho;


 capas;
 capuzes;
 botas ou sapatos, de couro ou de borracha, resistentes a produtos químicos;
 óculos ou viseiras de segurança;
 capacete.

Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda.

4.1.1.16 Seleção da roupa de proteção

A seleção da roupa de proteção mais adequada para uma determinada situação é uma
tarefa mais fácil, quando a substância química é conhecida.

A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece a substância envolvida ou quando
se trata de misturas de substâncias químicas, conhecidas ou não.

Outra séria dificuldade, no processo de seleção da roupa de proteção, é o fato de não


haver informações disponíveis sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais
utilizados na confecção das roupas, contra a grande variedade substâncias químicas e de
produtos existentes.

O processo de seleção das roupas de segurança química consiste em:

 avaliar o ambiente em que as pessoas irão trabalhar;

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 identificar as substâncias químicas e os produtos envolvidos, bem como observar as


suas propriedades químicas, físicas e toxicológicas;
 avaliar se as concentrações das substâncias – conhecidas ou esperadas –
representam algum risco à pele;
 selecionar a roupa de proteção que seja confeccionada em tecido que forneça as
menores taxas de permeação e degradação, pelo maior período de tempo;
 determinar se é necessário que as roupas sejam de encapsulamento completo ou
não.

Apesar das diversas variáveis existentes, será possível, em muitas situações, selecionar
as roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação, baseando-se no
cenário e na experiência das equipes envolvidas nas ações. Como exemplo encontra-se
listadas, a seguir, algumas condições básicas para a seleção de roupas de proteção
química, de acordo com o nível de proteção necessário e mais apropriado.

Nível A de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química,


devem ser utilizados se:

 a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção
para o sistema respiratório, para a pele e para os olhos;
 houver a suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o
contato for possível, dependendo da atividade a ser realizada;
 forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;
 as leituras, observadas em equipamentos de monitoramento, indicarem concentrações
perigosas de gases e de vapores; por exemplo, com valores acima do IDLH.

Nível B de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química,


devem ser utilizados se:

 o produto envolvido e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau


de proteção respiratória, sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a pele.
Por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto ao nível do IDLH, mas
sem oferecer riscos à pele, ou, ainda, quando não for possível utilizar máscaras com
filtros químicos para a concentração e o tempo necessário para a atividade a ser
exercida;
 a concentração de Oxigênio no ambiente for inferior a 19,5% em volume;
 a formação de gases ou vapores, em altas concentrações, for pouco provável, de
forma que possam ser danosas à pele.

Nível C de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química,


devem ser utilizados se:

 a concentração de Oxigênio no ambiente não for inferior a 19,5% em volume;


 o produto for identificado e a sua concentração puder ser reduzida a um valor inferior
ao seu limite de tolerância, com o uso de máscaras com filtros adequados;

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 a concentração do produto não for superior ao IDLH e o trabalho a ser realizado não
exigir o uso de máscara autônoma de respiração.

Nível D de proteção

Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química,


devem ser utilizados, se não houver qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco
potencial de inalação de qualquer produto ou substância química.

Conforme pôde ser observado, o nível de proteção a ser utilizado pode variar de acordo
com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental,
o nível mínimo de proteção requerido é o Nível B de Proteção. Cada nível de proteção
apresenta suas vantagens e suas desvantagens para utilização dos conjuntos de
proteção química. Geralmente, quanto maior for o nível de proteção necessário, maior é o
desconforto da roupa de proteção química. A determinação do nível de proteção química
deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança das pessoas, sendo o objetivo
principal fornecer a proteção mais adequada, com a máxima mobilidade e conforto
possíveis.

As situações desconhecidas requerem um bom planejamento quanto à necessidade de


utilização da máxima proteção, como por exemplo, o uso de roupas de encapsulamento
completo ou o uso de um conjunto simples, de calça e jaqueta, ou ainda, do tipo e do
modelo de um simples macacão. Outros fatores devem, ainda, ser considerados na
escolha do nível de proteção mais adequado; entre eles, destacam-se:

 a fadiga produzida pelo peso dos equipamentos e pelo calor;


 o acesso aos locais de inspeção;
 a flexibilidade das roupas de proteção;
 as condições de iluminação natural ou artificial no local;
 a mobilidade no local;
 a periodicidade dos monitoramentos;
 a tomada de decisões simples;
 a tomada de decisões lógicas, levando-se em conta os perigos e os riscos;
 as condições ambientais;
 as condições atmosféricas;
 as funções diferenciadas, dentro e fora das áreas contaminadas.

Os monitoramentos das concentrações de gases e vapores presentes na atmosfera, bem


como, a possibilidade de ocorrerem vazamentos ou derramamentos de substâncias
químicas no ambiente, a ocorrência de incêndios, a necessidade de se adentrar em áreas
sujeitas a altas ou a baixíssimas temperaturas, também podem auxiliar na seleção do
nível de proteção mais adequado para cada situação. A Tabela 2, apresentada a seguir,
indica alguns critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção química e de
proteção para outras situações, de acordo com determinadas situações, com a ocorrência
de concentrações de gases ou de vapores desconhecidos no ambiente e que sejam
compatíveis com os níveis de proteção adequados e recomendados.

Tabela 2 – Critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção.

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TIPO DA MATERIAL PROTEÇÃO RESTRIÇÕES GRAU DE


ROUPA UTILIZADO NECESSÁRIA PARA PROTEÇÃO

Materiais diversos, Não é resistente a vários


Conjunto Tyvek contaminados com produtos nem às Médio
descarta-vel substâncias químicas ou substâncias
infectados químicas
Locais com altas Não pode ser utilizada
Roupa anti- Nomex temperaturas e durante apara ações em locais em Médio
Chama ocorrência de incêndios que haja fogo
Áreas com presença de Pouquíssima
Roupa anti- Amianto chamas ou com altas mobilidade, provocando Máximo
Chama aluminizado temperaturas grande desgaste ao
usuário
Áreas com presença de Pouco resistente e
Capa PVC umidade e contaminada incompatível com Baixo
com produtos e substâncias
materiais particulados químicas
Respingos de Baixa resistência
Conjunto calça, PVC ácidos, bases , soluções química; não permite o Médio
jaqueta e capuz ácidas e alcalinas e confinamento do usuário
solventes
Respingos e Inadequado para longos
Macacão PVC vapores de ácidos, bases períodos de exposição a Alto
hermético, com e solventes ácidos e bases
capuz
PVC ou Butil Atmosferas
Macacão de reforçado com altamente saturadas - Máximo
encapsula- Poliamida e com gases e vapores
mento total Viton
Atmosferas saturadas
Kevlan com gases e - Máximo
aluminizado vapores, e com altas
temperaturas

Observação: Todos os trajes de proteção química, anteriormente apresentados, não


devem nunca ser utilizados diretamente sobre a pele.

Nas situações onde não se conhece o contaminante, mas se pode estimar a concentração
de vapores na atmosfera com equipamentos de monitoramento portáteis, tais como os
fotoionizadores, é possível determinar os níveis de proteção e as roupas de proteção mais
apropriadas. A Tabela 3, apresentada a seguir, fornece critérios para a escolha e o uso de
roupas de proteção química, de acordo com a ocorrência de concentrações de gases ou
de vapores desconhecidos no ambiente e compatíveis com os níveis de proteção
adequados e recomendados.

Tabela 3: Níveis recomendados para roupas de proteção química, de acordo com a


concentração de gases e/ou vapores desconhecidos no ambiente.

Concentrações de gases e vapores Nível de proteção recomendado para as


desconhecidos (ppm) roupas de proteção química
0 - 5 C
5 - 500 B
500 - 1.000 A
> 1.000 Perigo de explosão. Não entre na área.
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Nos acidentes onde não se conhece as substâncias químicas envolvidas, ou estas ainda
não foram identificadas, a seleção das roupas de proteção a serem utilizadas deverá ser
baseada na situação e nas condições do local do acidente. Por exemplo, a necessidade
de utilização de uma roupa de encapsulamento completo pode ser determinada pelas
seguintes situações:

 visibilidade da emissão de gases, vapores, pó ou fumaça;


 indicação de contaminantes no ar, em monitoramento com instrumento de leitura
direta;
 configuração de recipientes e de veículos que indiquem a possibilidade da existência
de gases ou líqüidos pressurizados;
 existência de simbologia ou documentação, indicando a presença de substâncias
tóxicas e agressivas à pele;
 existência de áreas fechadas e pouco ventiladas, onde possa ocorrer o acúmulo de
gases e vapores tóxicos;
 atividades, a serem realizadas, que possam expor as pessoas a altas concentrações
de substâncias químicas tóxicas à pele.

4.1.1.17 Uso das roupas de proteção

Após determinado os tipos de roupas a ser utilizada na situação, a próxima etapa é


selecionar esses materiais de proteção química. Os fabricantes dos materiais que são
utilizados na confecção das roupas de proteção química podem, algumas vezes, fornecer
informações sobre a resistência química de cada material. No entanto, sempre haverá
limitações nessas informações, haja vista que não é possível testar esses materiais, para
o grande número de substâncias químicas existentes.

A permeação é o principal critério de seleção das roupas de proteção química. O melhor


material de proteção contra uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma
ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa e,
ainda, que tenha sido confeccionado sem imperfeições, de acordo com projeto adequado.
A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. Por ser uma determinação
qualitativa da capacidade do material em suportar o ataque de uma substância química, é,
normalmente, expressa em unidades subjetivas como excelente, bom, fraco ou em outros
termos similares. Os dados de degradação somente devem ser utilizados para auxiliar a
seleção dos materiais, se nenhuma outra informação estiver disponível.

Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido, devido às incertezas
quanto a sua resistência química, devem ser observados os seguintes procedimentos:

 selecionar os materiais que forneçam melhor proteção contra o maior número de


substâncias químicas. Normalmente, as roupas de proteção química são
confeccionadas em Borracha Butílica, Teflon ou Viton;
 as roupas que não sejam revestidas com estes materiais devem ser desprezadas;
 as roupas confeccionadas com diversos materiais de proteção podem ser utilizadas;
 as roupas confeccionadas com as misturas de Borracha Butílica e Viton, Neoprene e
Viton e, Neoprene e Borracha Butílica são as mais comercializadas, atualmente;
 se as melhores roupas não estiverem disponíveis no mercado, podem ser sobrepostas
duas ou mais roupas confeccionadas de materiais diferentes, sendo que a roupa
externa pode, ou deve, ser descartável.

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Na Tabela 4, apresentada a seguir, são mostradas algumas vantagens e algumas


desvantagens das roupas de proteção química, de acordo com os níveis de proteção
recomendados.

Tabela 4 – Vantagens e desvantagens das roupas, de acordo com os níveis de


proteção recomendados (A, B e C).

Nível de Vantagens Desvantagens


proteção
São volumosas e desconfortáveis; o acesso à
Oferecem maior nível de proteção; máscara autônoma é limitado; o tempo de
A requerem pouco treinamento uso é muito limitado, quando se usa a
máscara autônoma; alto custo.
Longa vida útil; fácil acesso à máscara Oferecem proteção incompleta à pele;
autônoma; boas para atmosferas acima não podem ser utilizadas para substâncias
B do tóxicas à pele; necessitam treinamento
IDLH, desde que as substâncias não intensivo, antes do uso.
sejam tóxicas à pele; peso leve;
baixo custo.

Fáceis de usar; Somente para atmosferas com concentração


longa vida útil; de Oxigênio maior que 19,5% em volume;
C baixo peso; o ambiente deve, obrigatoriamente, estar
relativamente baratas; caracterizado ; as substâncias devem ser
conhecidas.

Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve, ou não, for utilizada, pode não ser
tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer modelo de roupa de proteção
química puder ser utilizado, devem ser considerados os seguintes fatores:

 facilidade no uso: as roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar e os usuários
estarão menos propensos a acidentes, visto que estas fornecerão melhor visibilidade
e são menos desconfortáveis e incômodas;
 comunicação: é mais difícil se comunicar utilizando roupas de encapsulamento
completo;
 descontaminação de máscaras: as roupas de encapsulamento completo protegem as
máscaras autônoma de respiração, as quais são de difícil descontaminação;
 cansaço, devido ao calor: a roupas roupas contra respingos químicos e as roupas de
uso único descartáveis, normalmente, causam menos cansaço devido ao calor; no
entanto, como uma pequena parte do corpo fica exposta, quando do uso de tais
roupas, há pouca diferença no acúmulo de calor para essas roupas de proteção
química.

4.1.1.18 Precauções a serem adotadas antes do uso da roupa de proteção

Antes de utilizar uma roupa de proteção química, que se enquadre no Nível A de


Proteção, devem ser tomadas precauções, tais como as seguintes:

 inspecionar a roupa, quanto a degradação química, abrasão, fissuras, trincas e falhas


nas costuras. Normalmente, uma inspeção visual é suficiente. Se houver qualquer
dúvida quanto à integridade da roupa, esta deverá ser submetida a testes de pressão,
de acordo com as orientações do fabricante;

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 certificar-se de que a roupa de proteção é capaz de suportar a exposição às


substâncias envolvidas. Se não existirem dados sobre a taxa de permeação e o tempo
de passagem do produto através da roupa, esta não deverá ser utilizada;
 determinar o grau de mobilidade necessário ao trabalho a ser realizado. Roupas para
o Nível A de Proteção podem limitar os movimentos, além de não fornecerem boa
visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu material de confecção podem ser tão
restritivos à mobilidade, tornando uma determinada atividade, insegura. O problema,
normalmente, é maior no que se refere ao uso de roupas mais pesadas, as quais são
projetadas para fornecer um período de uso maior. Uma alternativa pode ser diminuir
o período de utilização da roupa, para obter ganhos na mobilidade, ou então,
selecionando-se outra roupa de proteção, mais leve e confeccionada com material
mais flexível;
 considerar que, no caso de utilização de máscara autônoma, o tempo necessário para
vestir a roupa, aproximar-se e deixar o local de trabalho, realizar a descontaminação e
remover a roupa de proteção será grande. Se o tempo total disponível para o trabalho
a ser realizado, for impraticável, devido às ações mencionadas, então, deverá ser
utilizada uma linha de ar mandado, ao invés da utilização da máscara autônoma, ou
decidir que o trabalho possa ser realizado utilizando-se a roupa para o Nível A de
Proteção, se possível, em várias etapas;
 remover as substâncias líqüidas da superfície da roupa, o quanto antes possível, se
houver qualquer contato dessas substâncias com a mesma. A degradação e a
permeação são significativamente aceleradas, quando ocorre a exposição do material
da roupa a líquidos;
 certificar-se de que, antes de vestir a roupa, o usuário remova todos os objetos de uso
pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros itens. Qualquer objeto rígido, no
interior da roupa, poderá aumentar a probabilidade de ocorrerem danos. Isqueiros não
devem ser transportados pelo usuário da roupa de proteção, pois podem gerar gases
no interior da roupa, com o conseqüente risco de combustão;
 paralisar as atividades imediatamente, se o usuário sentir qualquer desconforto ou
irritação, pois, em muitos casos, esta sensação pode ocorrer, em conseqüência da
transpiração ou ser meramente psicológica; no entanto, pode ser uma primeira
indicação de defeitos na roupa;
 deixar imediatamente o local, quando ocorrer qualquer desconforto, dificuldade
respiratória, fadiga, náuseas, aumento da pulsação e dor no peito;
 considerar que muitas destas condições anormais estão associadas ao calor e são
indicadores do cansaço pelo calor;
 passar pelo corredor de descontaminação, onde deverão ser realizadas a
descontaminação completa e a remoção de todos os equipamentos de proteção e
materiais utilizados.

A percepção de odor, característico da substância química que está presente no local, é


um indicador de falha na vedação da roupa de proteção.

Outros cuidados devem ainda ser adotados, com relação às roupas internas que devem
ser utilizadas sob a roupa de encapsulamento total, pelas seguintes razões:

 fornecer proteção ao usuário, contra o contato do seu corpo com a parte interna da
roupa de encapsulamento, uma vez que o contato prolongado da roupa com a pele
pode provocar incômodos, que vão desde um desconforto até a sua irritação;
 a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na
seleção da roupa interna. Na maioria dos casos, uma roupa de algodão é o mais

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recomendado,haja vista que este material tem a capacidade de absorver a


transpiração. A temperatura no interior da roupa está, geralmente, bem acima da
temperatura ambiente;
 se o produto a ser manuseado apresentar riscos, devido à sua baixa temperatura de
ebulição, deve-se, então, utilizar uma roupa de proteção térmica sobre a roupa de
encapsulamento total. Por exemplo, a Amônia entra em ebulição a –33 ºC e, qualquer
contato com o líquido, mesmo que se esteja utilizando uma roupa de encapsulamento
total, poderá causar queimaduras e enregelamento, devido ao frio excessivo.

4.1.2 Luvas de proteção química

A utilização de luvas de proteção química é uma das formas de proteção das mãos e de
parte dos braços, contra substâncias químicas.

Atualmente, existe uma grande variedade de produtos e materiais, utilizados para a


confecção de luvas de proteção química disponibilizadas no mercado. Nem sempre é fácil
decidir quais são as luvas de proteção químicas mais adequadas a serem utilizadas em
uma determinada atividade.

Antes da correta seleção das luvas de proteção química, deve-se compreender que
existem algumas diferenças básicas entre os vários modelos e tipos de luvas de proteção,
bem como dos materiais que são utilizados na sua confecção.

Os materiais mais utilizados na confecção de luvas de proteção química são os seguintes:

 Álcool Polivinílico (PVA);


 Borracha Natural;
 Borracha Nitrílica (Acrilonitrila e Butadieno);
 Borracha Butílica (Isobutileno e Isopreno);
 Cloreto de Polivinila (PVC);
 Neoprene;
 Polietileno (PE);
 Poliuretano (PV);
 Viton.

A espessura do material utilizado na confecção das luvas é um fator muito importante a


ser considerado no processo de seleção das luvas de proteção química. Para uma dada
espessura, o material, ou seja, o Polímero selecionado tem uma grande influência no nível
de proteção que deve ser oferecido pela luva.

Para um Polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, desde que a
subseqüente perda de destreza, devido à espessura da luva, puder ser tolerada, de forma
segura, para aquela atividade. Alguns aditivos são, normalmente, utilizados como matéria-
prima na fabricação de luvas, de modo a atingir as características desejadas do material.
Devido a tal fato, ocorre certa variação na resistência química e no desempenho físico de
luvas de proteção confeccionadas com o mesmo polímero, mas por fabricantes distintos.

Outros fatores de desempenho devem ser considerados, quando da seleção de luvas de


proteção, tais como: a flexibilidade e a resistência à permeação, aos danos mecânicos e à
temperatura. Da mesma forma que para as roupas de proteção, a seleção das luvas de
proteção química deve levar em consideração tanto a permeação como a degradação do
material. A permeação química pode ser compreendida, de forma simples, pela
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comparação do que ocorre com um balão, ou seja, uma bexiga cheia de ar, após algumas
horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no
seu interior passa, ou seja, permeia através de suas paredes e escapa para o ambiente.
Neste simples exemplo, foi abordada a permeação de um gás, sendo que esse princípio
também é o mesmo para as substâncias líqüidas, pois, com estas, a permeação também
ocorre.

Os testes de permeação são importantes, pois fornecem uma informação segura para o
manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas de proteção
baseou-se somente nos dados de degradação; mas, algumas substâncias permeiam
rapidamente através de certos materiais, os quais apresentam boa resistência à
degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos ao risco, mesmo quando
acreditam que estejam adequadamente protegidos.

Os materiais de confecção de luvas de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem-


se quebradiços, ou ainda, podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu
tamanho original. Embora os testes de resistência à degradação não devam ser
considerados como suficientes para a escolha da luva, este é um dado essencial para a
segurança do usuário.

4.1.2.1 Testes para determinar a qualidade das luvas

Os testes de resistência à degradação e os testes de resistência à permeação foram


padronizados pela ASTM - American Standard for Testing Materials e são basicamente os
seguintes:

a. Teste de permeação

Uma amostra do material de confecção de uma luva ou de uma roupa de proteção é


fixada em uma célula de teste, como se fosse uma membrana. O lado externo da amostra
é exposto à substância química. Em intervalos pré-determinados, o lado interno da célula
de teste é verificado, no sentido de verificar se ocorreu a permeação química e, se
positivo, em que intensidade.

A metodologia desse teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de
coleta e de análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por
ionização de chama, como um método de análise, e o Nitrogênio Seco, como um meio de
coleta, são as técnicas normalmente utilizadas. Para a realização de testes com ácidos
inorgânicos e com bases inorgânicas, além do processo acima mencionado, também é
utilizado um método de analise colorimétrico, padronizado pela ISO - International
Standard Organizacional, no qual, o meio de coleta é a água e a detecção da acidez e da
alcalinidade é feita pela troca de cor, em um papel indicador de pH.

b. Teste de degradação

Para execução deste teste são obtidos filmes, ou seja, películas do material a ser testado.
Estes filmes são pesados, medidos e submersos completamente na substância química,
por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, a qual é expressa em
porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secos, de modo a se calcular a
porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas são observadas e
registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados. É importante lembrar,
que a permeação e a degradação são afetadas pela variação da temperatura,

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principalmente pelo seu aumento. Uma vez que os dados obtidos nos testes são válidos
para temperaturas entre 20 ºC e 25 ºC, devem ser tomados cuidados quando da utilização
de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do
material.

As misturas de substâncias químicas também alteram, significativamente, a resistência


dos materiais. Por exemplo, o tempo de passagem da Acetona, através de um tecido
laminado de Viton com Clorobutil, é de 53 minutos a 61minutos, enquanto que o Hexano
não permeia esse mesmo material, em menos de 3 horas. No entanto, uma mistura de
Acetona com Hexano causa a redução do tempo de passagem, para 10 minutos. O
sinergismo dessas duas substâncias não pode ser explicado, em termos de efeitos
individuais sobre o material.

A Tabela 5 e a Tabela.6, apresentadas a seguir, mostram dados de resistência à


degradação e à permeação e, também, dados de testes de permeação para seis luvas de
proteção química de Álcool Polivinílico, Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Látex,
Neoprene e Viton. Essas tabelas destacam as famílias químicas, que foram testadas em
diversos tempos de passagem, para as principais luvas e diversos materiais. Esses dados
devem ser utilizados no processo de seleção da luva, apenas como um guia inicial. Se,
nenhum dado de desempenho estiver disponível, a saúde e a segurança do usuário
dependerão do julgamento do profissional responsável. A maneira mais segura e
recomendada para a seleção de luvas e de roupas de proteção química, principalmente
para substâncias tóxicas ou substâncias altamente tóxicas, é a realização de testes em
laboratórios.

Tabela 5 – Famílias químicas com tempo de passagem através da luva,


de 0 a 10 minutos, para diversos materiais.

Família química testada Material de confecção da luva

Cetonas Alifáticas
PVA
Aminas Alifáticas, Nitrilas e
Álcool-aminas Látex
Aldeídos, Éteres, Epóxidos e
Isocianatos Viton
Carbonos Halogenados
Alifáticos Borracha Nitrílica
Enxofre Alifático, Éteres e Carbonos
Halogenados Borracha Butílica
Isocianatos Alifáticos, Hidrocarbonetos e Carbonos
Halogenados Não Saturados Neoprene

Tabela 6 – Famílias químicas, com o tempo de passagem através da luva


de 300 a 480 minutos, para diversos materiais.

Família química testada Material da luva

Hidrocarbonetos Alifáticos, Cetonas,


Carbonos Halogenados e Éteres. PVA
Sais de Amina, Sais, Isocianatos e Hidrocarbonetos
Epoxidados Látex

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Família química testada Material da luva

Hidrocarbonetos Alifáticos Aromáticos, Hidrocarbonetos


Aromáticos Halogenados, Aminas, Nitrilas, Carbonos Viton
Halogenados e Alcoóis.
Aminas Alifáticas, Hidrocarbonetos e Carbonos
Halogenados Borracha Nitrílica
Cetonas Alifáticas, Aldeídos, Alcoóis, Nitrilas, Aminas e
Ácidos Borracha Butílica
Alcoóis Alifáticos e Sais de Aminas Neoprene

4.1.2.2 Comprimento das Luvas

O comprimento das luvas de proteção também é outro aspecto a ser considerado no


processo de seleção. O comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do
grau de proteção requerido.

O comprimento é medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra


extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é medido pelo perímetro da palma da
mão. Na Tabela 7, são apresentados alguns comprimentos de luvas e as respectivas
proteções oferecidas.

Tabela 7 – Comprimentos típicos de luvas e proteção oferecida.

Comprimento (cm) Proteção oferecida


até 30,48 Somente para as mãos
de 33,02 a 38,10 Até o meio dos braços
de 40,64 a 45,72 Até os cotovelos
de 76,20 a 81,28 Até os ombros

Inicialmente, muitos fabricantes de roupas de encapsulamento completo incorporaram


luvas como parte permanente daquelas roupas de proteção química. No entanto, esta não
foi uma boa prática, haja vista que o formato da luva, o tempo necessário para o seu
reparo, a reposição quando da sua troca e os procedimentos para a sua descontaminação
eram significativamente afetados, reduzindo, desta forma, a disponibilidade dessas roupas
de proteção.

Atualmente, as maiorias dos fabricantes fornecem roupas de proteção de encapsulamento


completo com luvas removíveis. Assim, as luvas são conectadas à roupa, mediante a
utilização de anéis de vedação, os quais impedem a passagem de gases e vapores para
o interior da roupa.

Em muitas situações, é aconselhável a utilização de luvas adicionais sobre as luvas de


proteção soldadas ou conectadas com anéis, de modo a fornecer a segurança
necessária, de acordo com o trabalho a ser realizado. Também é uma boa prática de
trabalho, utilizar luvas cirúrgicas descartáveis sob as luvas de proteção, visando aumentar
o tato e a sensibilidade do usuário.

Alguns tipos de roupas apresentam acessórios, de proteção especial contra respingos,


especificamente para as luvas e para as botas. Tratam-se, na realidade, de mangas e
pernas adicionais, as quais são sobrepostas às mangas das luvas e aos canos das botas
de proteção.

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4.1.2.3 Tempo de permeação

O tempo de permeação indica o menor tempo de passagem através do material, que é


observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância, no outro lado da
amostra do material. O tempo de permeação também representa o tempo esperado para
que o material ofereça a mais efetiva resistência contra a substância.

4.1.3 Botas de proteção química

Até recentemente, as botas de proteção contra substâncias químicas, disponíveis


comercialmente, eram confeccionadas somente em Borracha e em PVC.

Devido às necessidades do mercado, os fabricantes de botas vêm pesquisando e


desenvolvendo um grande número de misturas de Polímeros, as quais são mais
resistentes às substâncias químicas.

Muitos problemas estão relacionados com a utilização dessas novas misturas de


Polímeros, devido ao complicado processo de moldagem por injeção, que é utilizado na
fabricação de botas.

Vários cuidados devem ser ainda observados, quando as botas entram em contato com
substâncias químicas, uma vez que essas botas podem agir como uma esponja química,
ou seja, podem absorver a substância, resultando na exposição do usuário à mesma.

As botas de proteção química, mais simples, são produzidas pelo processo de moldagem
por injeção de único estágio. Essas botas são semelhantes às botas de borracha contra
chuvas e são fabricadas em Borracha Butílica e em Neoprene.

Devido ao processo de moldagem por injeção de único estágio, o solado da bota é feito
com o mesmo material do restante da mesma, sendo, no entanto, mais espesso. Isso
significa que as características de tração e de desgaste da sola dessas botas não são as
mais adequadas.

De modo a fornecer um produto mais funcional e mais durável, foi desenvolvido um


processo de moldagem por injeção de dois estágios, o qual permite a fabricação de um
produto de baixo-peso na sua parte superior e um solado com alta resistência ao
desgaste e com boa tração.

Esse processo também gera botas de segurança mais apropriadas e com resistência
química maior. Essas botas estão disponíveis em PVC e em PVC com Borracha Nitrílica.

Vários tipos de botas de segurança, fabricadas manualmente, também estão disponíveis


em vários tamanhos, de modo a fornecer uma melhor adaptação e conforto aos usuários.

Essas botas são confeccionadas em estágios diferentes e com um grande número de


componentes, o que as tornam propensas a atuarem como uma esponja química.

Outros estilos de botas, confeccionadas com Neoprene e com diversas formulações de


borracha, também estão disponíveis no mercado.

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Todos os conceitos apresentados para as roupas de proteção e para as luvas de


proteção, tais como permeação, degradação e penetração, entre outros, também podem
ser aplicados às botas; porém, cabe ressaltar, que a proteção oferecida por essas botas é
melhor que a proteção oferecida pelas luvas e pelas roupas confeccionadas com o
mesmo material, não somente devido ao material utilizado, mas, também, pela espessura
do solado, que permite, na maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado com
as substâncias químicas.

4.2 Proteções respiratórias

O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de


possuir defesas naturais, o grau de tolerância do homem, à sua exposição a gases
tóxicos, vapores e partículas e, ainda, à deficiência de Oxigênio, é limitado. Algumas
substâncias podem prejudicar, ou mesmo destruir, partes do trato respiratório, enquanto
que outras podem ser absorvidas pela corrente sangüínea, gerando danos aos demais
órgãos do corpo humano.

4.2.1 Introdução

A proteção do homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à


saúde, presentes no ar atmosférico, é fonte de grande preocupação em nossa sociedade,
há muitos séculos.

A bexiga de animais foi muito utilizada como um filtro protetor contra poeiras, nas minas
romanas, no século I. Posteriormente, devido ao grande avanço tecnológico durante a
Primeira Guerra Mundial, foram desenvolvidos vários Equipamentos de Proteção
Respiratória – EPR, para fazerem frente aos gases tóxicos que eram utilizados com fins
bélicos. Finalmente, nos dias atuais, dispomos de EPR, eficazes e totalmente
independentes do ar atmosférico, os quais são indicativos da importância dos dispositivos
que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos.

Em acidentes envolvendo substâncias químicas, nos quais a liberação de materiais


tóxicos para a atmosfera pode gerar altas concentrações, a proteção das equipes de
atendimento é fundamental, pois, muitas vezes, os índices de contaminantes no ar podem
ser letais.

O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por uma determinada substância química,
bem como as condições específicas do local e as limitações do usuário e dos
equipamentos, nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequada
para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações
emergenciais.

Na descrição dos equipamentos de proteção respiratória, optou-se por serem citados


somente os recursos básicos encontrados nos vários modelos existentes no mercado,
sendo que, o detalhamento dos dispositivos e dos recursos adicionais de cada fabricante,
não foi abordado.

Inicialmente, serão abordados os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, sendo
que, em uma segunda etapa, serão descritos os tipos de aparelhos de proteção
respiratória, as diretrizes para sua seleção e uso, as suas limitações, bem como
recomendações práticas para a sua utilização.

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4.2.2 Objetivo

Este trabalho tem por finalidade propiciar o conhecimento básico sobre a proteção
respiratória nas situações de emergência envolvendo substâncias químicas, às equipes
de atendimento emergencial.

4.2.3 Riscos respiratórios

Os riscos respiratórios são todas as alterações das condições normais do ar atmosférico,


que interferem no processo da respiração, gerando, conseqüentemente, danos ao
organismo humano.

A presença de gases contaminantes, materiais particulados em suspensão no ar ou


mesmo a variação da concentração de Oxigênio na atmosfera, representam riscos,
comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episódios
emergenciais envolvendo produtos químicos perigosos. Os efeitos gerados pela
exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o
comprometimento das funções vitais, ocasionando a morte.

Para efeito deste trabalho, serão abordados os riscos respiratórios dividindo-os em dois
grupos:

 a deficiência de Oxigênio;
 os contaminantes do ar atmosférico.

Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição
do ar atmosférico e o consumo humano de Oxigênio, se faz necessária.

4.2.4 Composição do ar atmosférico

O ar atmosférico, em condições normais, é composto por vários gases, para os quais o


organismo humano está devidamente adaptado. Na Tabela 8, são apresentados os
porcentuais em volume desses gases no ar atmosférico, considerando-se o ar isento de
umidade.
Tabela 8 – Composição do ar atmosférico.

Gás Volume (%)


Nitrogênio (N2) 78,10
Oxigênio (O2) 20,93
Argônio (Ar) 0,9325
Dióxido de Carbono (CO2) 0,03
Hidrogênio (H2) 0,01
Neônio (Ne) 0,0018
Hélio (He) 0,0005
Kriptônio (Kr) 0,0001
Xenônio (Xe) 0,000009

Observação: A rigor, não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença
de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20 ºC,
permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a

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100% de umidade relativa no ar, a 24 ºC tem-se uma parcela de 97% de ar seco. A


temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois, alterações extremas da
temperatura ocasionarão queimaduras e/ou congelamento das vias respiratórias e dos
pulmões.

4.2.5 Consumo de ar

O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, o


qual é representado pelo volume corrente normal, estimado em 500 mililitros, multiplicado
pela freqüência respiratória normal, estimada em cerca de 12 freqüências por minuto.
Tem-se, então, que o volume respirado em um minuto equivale a 6 litros de ar. Esse
consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do
esforço físico desempenhado. Em qualquer uma dessas situações, são promovidas
alterações na profundidade da respiração, com aumento do volume respirado e da
freqüência respiratória, e, ainda, com aumento dos ciclos de inspiração e expiração por
minuto, visando suprir a necessidade de Oxigênio do organismo.

Na Tabela 9, mostrada a seguir, são apresentadas comparações do incremento no


consumo de ar com o Oxigênio, em função da intensidade do esforço físico
desempenhado. De uma forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as
variações no consumo de Oxigênio determinam a ventilação alveolar e, por conseguinte, o
nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do organismo, como
um todo.
Tabela 9 – Consumo de oxigênio e volume respiratório.

Atividade Esforço físico desempenhado Consumo de oxigênio Volume respiratório


(litros por minuto) (litros por minuto)
Permanecer deitado 0,25 6
Descanso Permanecer sentado 0,30 7
Permanecer em pé 0,40 8
Trabalho Andar, a 3,2 Km / hora 0,70 16
Nadar devagar, a 0,9 Km / h 0,80 18
Trabalho Andar, a 6,5 Km / h 1,20 27
Médio
Nadar, a 1,6 Km / h 1,40 30
Nadar, a 1,85 Km / h 1,80 40
Trabalho Andar de bicicleta, a 21 Km / h 1,85 45
Pesado
Correr, a 13 Km / h 2,00 50
Nadar, a 2,2 Km / h 2,50 60
Trabalho Correr, a 15 Km / h 2,60 65
Pesadíssimo Subir escadas, a 100 degraus / 3,20 80
minuto
Correr em aclive 4,00 90
Fonte: Proteção Respiratória Completa (Manual), Dräger - Lubeca

4.2.6 Oxigênio

O volume parcial de Oxigênio, em relação à composição total do ar, é sempre constante,


ou seja, de 20,93%; porém, em circunstâncias específicas, esse porcentual pode sofrer
redução. Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à
pressão exercida pelo Oxigênio sobre os alvéolos pulmonares.

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Em termos gerais, pode-se dizer que o Oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos,
possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto
significa dizer que, ao diminuir a quantidade de Oxigênio presente no ar, tem-se menor
pressão alveolar. Com isso, o teor de Oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a
oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento
da Taxa de Dióxido de Carbono – CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos.

A Pressão Parcial do Oxigênio – PPO2 também é afetada pela pressão atmosférica total.
Esta pressão é de 760 mm Hg (milímetros de Mercúrio) ao nível do mar, sendo que a
PPO2 de 159 mm Hg é a condição considerada ideal para a respiração. Há uma
diminuição progressiva da pressão total, com o aumento da altitude. As altitudes
superiores a 4.240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já
que, nesses níveis, tem-se uma pressão atmosférica de 450 mm Hg, implicando em uma
PPO2 de 95 mm Hg. Saliente-se que pessoas aclimatadas às grandes altitudes não
sofrem esses efeitos, pois o seu organismo realiza mudanças compensadoras nos
sistemas cardiovascular, respiratório e formador de sangue.

Na Tabela 10 são apresentadas comparações da redução do volume de Oxigênio com a


redução da Pressão Parcial do Oxigênio - PPO2 ao nível do mar, e os seus efeitos sobre o
homem.
Tabela 10 – Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde

Concentração PPO2 Efeitos


(% em volume) (mm Hg)

De 20,9 a 16,0 de 158,8 a Nenhum


136,8
Perda da visão periférica; aumento do volume respiratório;
De 16,0 a 12,0 de 121,6 a 95,2 aceleração do batimento cardíaco; perda de atenção; perda de
raciocínio; e, perda de coordenação.
Perda da capacidade de julgamento; coordenação muscular
de 12, 0 a 10,0 de 91,2 a 76,0 muito baixa; a ação muscular causará fadiga, com danos
permanentes ao coração; respiração intermitente.
Náusea; vômitos; incapacidade de executar movimentos
De 10,0 a 6,0 de 76,0 a 45,6 vigorosos; inconsciência, seguida de morte.
Respiração espasmódica; movimentos convulsivos;
< 6,0 < 45,6 morte, em minutos
Fonte: Revista CIPA No 172

Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada, haverá maior absorção
sangüínea dos gases que compõem o ar e, concomitantemente, pelas células dos tecidos.
Com a redução da pressão, esses gases tendem a ser liberados; daí, os problemas de
embolia gasosa e de morte causadas pelo Nitrogênio, quando da redução brusca da
pressão. O aumento da pressão atmosférica, por si só, pode gerar danos, como os
descritos a seguir:

 acima de 4 atmosferas * : o Nitrogênio causa efeitos narcóticos;


 a 5 atmosferas * : o Oxigênio, em concentração normal, causa irritação aos pulmões;
 a 15 atmosferas * : o ar pode ser tolerado, durante apenas 3 horas.

Observação: (*) = 1 atmosfera, ao nível do mar = 1 bar = 760 mm de Mercúrio.

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4.2.7 Deficiência de oxigênio

Neste capítulo, são abordados os casos que, normalmente, são encontrados durante os
atendimentos emergenciais e que podem ocasionar a redução na concentração de
Oxigênio no ar atmosférico.

4.2.7.1 Causas geradoras da deficiência de oxigênio

Embora cada cenário tenha características particulares – as quais sempre devem ser
observadas – pode-se considerar como causas básicas geradoras da deficiência de
Oxigênio, as seguintes:

 a liberação acidental de gases, cujas densidades são maiores que a do ar


atmosférico, resulta em deslocamento do ar e, por conseguinte, do Oxigênio nele
contido. A tendência para deposição desses gases ao nível do solo expulsa o ar para
os níveis mais altos, formando uma zona irrespirável. São exemplos desses gases, o
GLP - Gás Liqüefeito de Petróleo e o Cloro. Esse efeito é potencializado quando o
mesmo ocorre em ambientes confinados, onde não há fontes de ventilação para
promover a renovação de ar respirável, criando-se uma atmosfera saturada e
deficiente de Oxigênio. As características toxicológicas do gás envolvido, embora
relevantes, não são consideradas, nesses casos, já que até mesmo os gases inertes
podem gerar o deslocamento do ar;
 os gases liqüefeitos sob pressão, quando da mudança do seu estado líqüido para o
estado gasoso, têm, normalmente, altas taxas de expansão, podendo deslocar o ar.
Esse é o caso da Amônia e do Butadieno;
 alguns gases podem concorrer para o decréscimo do volume de Oxigênio,
especificamente por sua capacidade de reação com o mesmo, como é o caso do
Monóxido de Carbono, do Monóxido de Nitrogênio, do Dióxido de Nitrogênio e do
Dióxido de Enxofre;
 em atmosferas confinadas, encontradas em galerias subterrâneas de águas pluviais e
de redes de esgotos, desenvolvem-se microrganismos (bactérias e fungos),
responsáveis pela decomposição da matéria orgânica presente nos despejos
industriais e domésticos. No processo de decomposição, o Oxigênio é consumido,
podendo gerar, como subprodutos, gases tais como Metano, Gás Sulfídrico e Dióxido
de Carbono, que deslocam o Oxigênio;
 os materiais orgânicos, presentes em ambientes confinados, também estão sujeitos à
sua oxidação natural, contribuindo, assim, para a diminuição da concentração de
Oxigênio. Os despejos industriais também podem conter gases, os quais, por si só,
deslocam o ar;
 a combustão de qualquer material provoca o consumo de Oxigênio e,
conseqüentemente, a emanação de gases, os quais deslocarão o ar, sobretudo em
ambientes confinados;
 qualquer substância, sujeita à oxidação e presente em um ambiente confinado,
provoca a redução de Oxigênio após um certo período de tempo, se não houver a
renovação do ar.

4.2.7.2 Considerações gerais

Nos atendimentos às emergências em que substâncias químicas perigosas estejam


envolvidas, utiliza-se a concentração de 19,5% em volume de Oxigênio,

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internacionalmente aceita, como sendo o valor-limite-de-segurança, pois, fica implícito,


que qualquer redução na concentração normal de Oxigênio, implica no aumento da
concentração de outro gás. Desta forma, a redução de 1% em volume de Oxigênio no ar,
equivalente a 10.000 ppm, representa o aumento de 1% em volume na concentração de
outra substância química, a qual, muitas vezes é desconhecida, o que pode significar uma
situação de alto risco.

A avaliação quantitativa da concentração de Oxigênio no ar é um fator preponderante na


seleção dos métodos eficazes de proteção respiratória. Diversos equipamentos
específicos fornecem o porcentual em volume de Oxigênio, em determinados ambientes.

A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais, ou mesmo


letais, ao homem.

Em condições normais, o ar respirável deve:

 conter, no mínimo, 18 % em Oxigênio;


 estar livre de substâncias estranhas;
 estar na pressão que não cause lesões ao organismo humano;
 estar na temperatura que não cause lesões ao organismo humano.

4.2.8 Contaminantes

Os contaminantes são todas as substâncias químicas, alheias à composição normal do ar


atmosférico, que geram ou podem gerar irritações e danos ao organismo humano.
Embora, em muitos casos, não sejam perceptíveis à visão e à olfação, os contaminantes
podem estar presentes nos vários cenários com que se deparam as equipes de
atendimento às emergências. Comumente, os contaminantes são divididos em dois
grupos:

 contaminantes gasosos;
 contaminantes particulados, também conhecidos como aerodispersóides.

4.2.8.1 Contaminantes gasosos

Os contaminantes gasosos são representados pelos gases, propriamente ditos, e pelos


vapores. Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso, em
pressão e temperatura ambiente. Os gases possuem grande mobilidade e misturam-se
facilmente com o ar atmosférico. Já, vapor é o estado gasoso de substâncias que, em
condições de pressão e temperatura ambiente, são líqüidas ou sólidas. A emanação de
vapores ocorre pelo aumento da temperatura e pela diminuição da pressão.

As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos
gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja pela filtragem de parte dos gases e
vapores, quer seja pela atuação do revestimento mucoso, onde os contaminantes serão
absorvidos. Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração de
contaminantes no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos, onde os
mesmos são absorvidas pela corrente sangüínea. Na seqüência, são abordadas as
características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos.

4.2.8.2 Aerodispersóides

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O termo aerodispersóides é utilizado para descrever os contaminantes na forma


particulada, seja ela sólida ou líqüida. Os aerodispersóides são pequenas partículas em
suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que os aerodispersóides
causam ao organismo, quando inalados, dependem de suas características específicas,
tais como:

 tamanho;
 forma;
 densidade;
 propriedades físicas e químicas.

Apesar das defesas naturais do sistema respiratório, abordadas anteriormente, muitas


partículas podem atingir as porções mais internas dos pulmões.

4.2.8.3 Critérios de avaliação

A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições
de concentração, obtidas por equipamentos de medição. Em algumas circunstâncias,
além dos gases e dos vapores, pode haver o risco associado aos aerodispersóides,
quando, então, deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais. Genericamente,
pode-se dizer que os principais tópicos, a serem observados quanto aos riscos
apresentados pelos contaminantes são:

 o tempo de exposição ao contaminante ;


 a concentração e a toxicidade do contaminante;
 a freqüência respiratória e a capacidade pulmonar;
 a sensibilidade individual.

4.2.9 Equipamentos de proteção respiratória

Os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR são equipamentos específicos,


destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de
contaminantes no ar ambiente.

O método, pelo qual se eliminam ou se diminuem, os riscos respiratórios, baseia-se,


fundamentalmente, na utilização de uma peça facial que isole o usuário do ar
contaminado, e ainda, na utilização de um sistema de purificação ou de um suprimento de
ar respirável.

Um sistema de purificação de ar consiste, basicamente, em um elemento filtrante que


retem o contaminante e permite a passagem do ar purificado.

Já um sistema de suprimento de ar fornece ar respirável ou Oxigênio, a partir de uma


fonte independente da atmosfera contaminada.

Um quadro geral de proteção respiratória é apresentado na Figura 1.

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Equipamentos

Isolamento Purificação
(Ar Externo) (Ar Interno)

Adução de Ar Conjunto Faciais Faciais


(Tubulação) Autônomo Totais Parciais

Depressão Ar Filtro Químico,


Respiratória Insuflado Filtro Mecânico, ou
Filtro Combinado

Circuito Circuito
Aberto Fechado

Figura 1 – Quadro geral de proteção respiratória.

4.2.10 Tipos de equipamentos de proteção respiratória

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

4.2.10.1 Equipamentos dependentes

Os equipamentos dependentes são máscaras faciais ou máscaras semi-faciais, as quais


atuam como elementos filtrantes, retirando do ambiente contaminado o ar necessário para
respiração. Os equipamentos dependentes possuem algumas restrições, no que se refere
ao seu uso, dentre as quais se podem destacar:

 não se aplicam a ambientes com menos de 18 % de Oxigênio;


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 possuem baixa durabilidade em atmosferas saturadas com umidade;


 não devem, nunca, ser utilizados em condições desconhecidas.

4.2.10.2 Equipamentos independentes

Normalmente, os equipamentos independentes são conjuntos autônomos portáteis ou


linhas de ar mandado, que fornecem o ar necessário ao usuário, independentemente das
condições do ambiente de trabalho, ou seja, dos graus de contaminação que propiciam o
isolamento do trato respiratório do usuário, da atmosfera contaminada.

4.2.11 Elementos filtrantes

Os elementos filtrantes, comumente denominados filtros, são confeccionados com


materiais apropriados para a remoção de contaminantes específicos. De acordo com o
contaminante a ser removido, os filtros podem ser dos seguintes tipos:

 filtros químicos;
 filtros mecânicos;
 filtros combinados, ou sejam, mecânicos e químicos.

4.2.11.1 Filtros mecânicos

Os filtros mecânicos são utilizados para a proteção contra materiais particulados, sendo,
normalmente, confeccionado com um material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico
das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável.

Segundo a “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas”, os filtros mecânicos


podem ser classificados em função de sua capacidade de filtração, conforme descrito a
seguir.

a. Filtros mecânicos - classe P-1

 para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente, tais como poeiras e


névoas. As partículas podem ser sólidas ou líqüidas, geradas de soluções ou
suspensões aquosas;
 são indicados, entre outros, contra os seguintes contaminantes: poeiras vegetais, tais
como Algodão, Bagaço de Cana, Madeira, Celulose, Carvão Vegetal, Grãos e
Sementes; poeiras minerais, tais como Sílica, Cimento, Amianto, Carvão mineral,
Negro de Fumo, Bauxita, Calcário, Coque, Fibra de Vidro, Ferro, Alumínio, Chumbo,
Cobre, Zinco, Manganês e outros materiais; e ainda, névoas aquosas de substâncias
inorgânicas, tais como névoas de Ácido Sulfúrico e névoas de Soda Cáustica;
 esses filtros possuem pequena capacidade de retenção.

b. Filtros mecânicos - classe P-2

 para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente, tais como poeiras
e névoas, e contra aerodispersóides que são gerados termicamente, tais como
Fumos;
 além dos contaminantes indicados para os filtros mecânicos da Classe P-1, os filtros
mecânicos da Classe P-2 são eficientes na retenção de fumos metálicos, tais como
Solda, e daqueles provenientes dos processos de fusão de metais, que contenham
Ferro, Manganês, Cobre, Níquel e Zinco;
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 são, ainda, indicados para proteção contra névoas de pesticidas, com baixa pressão
de vapor e que não contenham vapores associados;
 esses filtros são, também, classificados nas categorias S ou SL, de acordo com a sua
capacidade de reter partículas líqüidas, oleosas ou não. Os filtros da categoria S são
indicados para proteção contra os contaminantes anteriormente citados, enquanto que
os filtros da categoria SL podem ser utilizados para proteção contra névoas oleosas e,
também, para proteção contra os contaminantes da categoria anterior;
 esses filtros possuem capacidade média de retenção.

c. Filtros mecânicos - classe P-3

 para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente ou termicamente,


inclusive os aerodispersóides tóxicos. Pertencem a esta categoria, entre outros, os
seguintes contaminantes: Poeiras, Névoas e Fumos de Arsênico, Berílio, Sais
Solúveis de Platina, Cádmio, Rádio, Prata, Urânio e seus Compostos e os Radio-
nuclídeos;
 esses filtros, da mesma forma que os filtros da Classe P-2, também são divididos nas
categorias S e SL;
 esses filtros possuem grande capacidade de retenção.

Observação: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende,


também, a proteção que é fornecida pelos filtros da classe anterior.

4.2.11.2 Aparelhos purificadores de ar

Estes equipamentos, também denominados respiradores, são dispositivos dotados de


filtros mecânicos, os quais são acoplados às máscaras contra partículas em suspensão.

a. Características dos aparelhos purificadores de ar

 oferecem proteção contra materiais particulados e contra fumos dispersos no


ambiente, com retenção mínima de aproximadamente 95% ;
 são constituídos por uma máscara semi-facial, também denominada meia-máscara, a
qual permite perfeita hermeticidade;
 possuem os seguintes dispositivos: tirantes, válvulas de inspiração, válvula de
expiração e um ou dois alojamentos para os filtros;
 os filtros variam em eficiência de filtração, conforme o material particulado em
suspensão que se deseja reter.
 existem, basicamente, quatro classes desses aparelhos: aparelhos purificadores de
ar, para material incômodo, ou seja para poeiras inertes; para poeiras
pneumoconióticas; para fumos metálicos; para partículas extremamente finas, tais
como Berílio, Materiais Radioativos; e, também, certos vírus.

Observações: A) - Os aparelhos purificadores de ar são dispositivos indicados para


situações de não emergência; entretanto, são utilizados mais para exposições de média
duração que para exposição continuada. B) - A vida-útil dos aparelhos purificadores de ar
relaciona-se, principalmente, com a atividade do usuário e com a concentração do
aerodispersóide presente no ambiente. C) – Alguns exemplos de locais com utilização de
aparelhos purificadores de ar são: avícolas, carvoarias, frigoríficos, fundições, hospitais,
laboratórios, pedreiras e unidades petroquímicas, entre outros.

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b. Limitações dos aparelhos purificadores de ar

Os aparelhos purificadores de ar apresentam algumas limitações, tais como as seguintes:


não oferecem proteção contra gases ou vapores tóxicos; não devem ser utilizados em
atmosferas com deficiência de Oxigênio; e, não devem ser utilizados em operações de
jateamento abrasivo, sendo que, neste caso, devem ser utilizados equipamentos
específicos para esta operação.

4.2.11.3 Filtros químicos

Os filtros químicos são aqueles utilizados para a proteção contra gases e vapores. O
princípio de funcionamento desses filtros baseia-se na adsorção dos contaminantes
gasosos, por meio de um elemento filtrante, normalmente o Carvão Ativado.

Alguns filtros químicos utilizam, adicionalmente, elementos químicos, tais como Sais
Minerais, Catalisadores e algumas Substâncias Alcalinas, as quais melhoram o processo
de adsorção.

A quantidade, ou seja, a concentração do contaminante que o filtro pode reter depende da


qualidade do elemento filtrante, da sua granulometria, da quantidade da massa filtrante e
do tipo do contaminante, influindo, também, a temperatura e a umidade.

A “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas” estabelece os tipos de filtros


químicos, de acordo com o contaminante gasoso contra o qual se deseja proteção,
conforme descrito a seguir:

 filtros para Vapores Orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos,
conforme especificação do fabricante;
 filtros para Gases Ácidos: são indicados contra certos gases e certos vapores ácidos
inorgânicos, conforme especificação do fabricante, excluindo-se o Monóxido de
Carbono;
 filtros para Amônia: indicados contra Amônia e Compostos Orgânicos de Amônia,
conforme especificação do fabricante;
 filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos, não incluídos nos grupos
anteriores, tais como Mercúrio, Cloreto de Vinila, Fosfina, Gás Sulfídrico, Ácido
Cianídrico, Óxido de Etileno, Monóxido de Carbono e Defensivos Agrícolas.

Todos os filtros químicos acima mencionados podem ser comercializados de forma


combinada, oferecendo, dessa forma, proteção contra mais de um tipo de contaminante
gasoso.

Considerando-se as suas respectivas capacidades de retenção dos contaminantes, os


filtros químicos são classificados, relativamente a três tamanhos:

 classe 1: cartuchos pequenos, indicados contra contaminantes gasosos, em baixas


concentrações;
 classe 2: cartuchos médios, indicados contra contaminantes gasosos, em médias
concentrações;
 classe 3: cartuchos grandes, indicados contra contaminantes gasosos, em altas
concentrações.

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A Tabela 11, apresentada na página seguinte, mostra as classes dos filtros químicos, as
concentrações máximas de uso de algumas substâncias químicas, os tamanhos dos
cartuchos e a compatibilidade das peças faciais, em conformidade com a ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas”, no que refere ao uso de filtros químicos.

Tabela 11 – Concentrações máximas de uso.

Classe Tamanho Concentração Peça


do do Indicação máxima facial Observação
filtro cartucho (ppm) compatível (*)

Vapores Orgânicos 1.000 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal (A), (B) e (C)
Amônia 300
Metilamina 100
1 Pequeno Gases Ácidos 1.000
Ácido Clorídrico 50
Cloro 10 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal (A), (B) e (C)

Vapores Orgânicos 5.000 1/1 (A) e (C)


2 Médio Amônia 5.000 (A) e (C)
Gases ácidos 5.000 (A) e (B)

Vapores Orgânicos 10.000 1/1 (A) e (C)


3 Grande Amônia 10.000 (A) e (C)
Gases Ácidos 10.000 (A) e (C)

Fonte: Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 da ABNT

Observação (*): Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

A) Não usar contra vapores orgânicos ou contra gases ácidos, com fracas propriedades
de alerta ou que gerem alto calor, pela reação com o conteúdo do cartucho;
B) A concentração máxima de uso não pode ser superior ao IPVS - Imediatamente
Perigoso à Vida ou à Saúde;
C) Para alguns gases ácidos e alguns vapores orgânicos, esta concentração máxima de
uso é mais baixa.

Existe, também, um código de cores para os diferentes filtros químicos, em função do tipo
de contaminante gasoso para o qual os mesmos foram projetados.

Esse código de cores foi adotado pelo NIOSH - National Institute for Occupational Safety
and Health e, também, pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização.

4.2.11.4 Filtros combinados

Os filtros combinados, normalmente, são utilizados para proteção contra contaminantes


gasosos e contra contaminantes particulados, simultaneamente. São constituídos,
portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico.

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Dependendo da peça facial utilizada, esses filtros podem estar dispostos em cartuchos
separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado
passe, primeiramente, pelo filtro mecânico e, em seguida, pelo filtro químico. A disposição
do filtro combinado em cartuchos distintos é preferível, pois, geralmente, os filtros
mecânicos atingem o ponto de saturação, antes que o filtro químico.

4.2.11.5 Vida útil dos filtros

Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes. Quando seu
limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, uma vez
atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá, progressivamente, a
passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos, a
impregnação de partículas imporá resistência à respiração.

O período de tempo, no qual um determinado filtro efetivamente retem o contaminante, é


conhecido como vida-útil-mínima. De acordo com a “ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas”, os diferentes ensaios a que os filtros são submetidos devem informar
a vida-útil-mínima dos mesmos.

Na Tabela 12, apresentada a seguir, são mostrados dados referentes à vida-útil-mínima,


relativas às diferentes classes de filtros. “Para a obtenção de maiores detalhes sobre as
condições em que são efetuados os ensaios para determinação das concentrações de
teste, da concentração limitante, da vazão etc., o citado na Norma da ABNT” deve ser
consultado. A vida-útil de um determinado tipo de filtro depende de vários fatores, tais
como os descritos a seguir.

a. Freqüência respiratória

A freqüência respiratória influi na vida-útil do filtro. Quanto maior for à freqüência


respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade de contaminante que entrará em
contato com o elemento filtrante, em um dado período de tempo. Desta forma, aumenta-
se a taxa de saturação do filtro.

b. Concentração do contaminante

A expectativa da vida-útil de um filtro diminui, conforme aumenta a concentração do


contaminante no ambiente, já que há maior quantidade deste em contato com o elemento
filtrante.

c. Eficiência dos filtros

A eficiência dos filtros químicos, ou seja, a capacidade dos filtros em remover


contaminantes do ar pode variar para as substâncias de uma mesma família química. Na
Tabela 12 são apresentados dados comparativos da eficiência dos filtros para vapores
orgânicos, com determinados Solventes, em função do tempo necessário para se atingir a
penetração de 1% do contaminante, no ar filtrado. A concentração inicial de teste é de
1.000 ppm de vapores do Solvente, enquanto que a concentração de penetração é de 10
ppm do mesmo. Convém ressaltar, que as propriedades de alerta de um determinado
filtro, ou seja, a forma como se dará a percepção humana quanto ao fim de sua vida-útil,
nem sempre, são completamente seguras.

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Normalmente, o usuário percebe o aumento da resistência imposta à respiração, sente o


odor da substância ou sofre irritação das vias respiratórias. Porém, em alguns casos,
principalmente no que se refere aos contaminantes gasosos, isso pode não ocorrer. Para
esses casos, nos quais as propriedades de alerta do contaminante não são confiáveis, é
necessário que o filtro possua um indicador visual e/ou um indicador sonoro, que
indiquem o término de sua vida-útil.

Tabela 12 – Vida-útil mínima dos filtros.

Classe do filtro Indicação Vida útil- mínima (minutos)

Vapores Orgânicos 80
1 Gases Ácidos 20
Amônia 50
Vapores Orgânicos 40
2 Gases Ácidos 20
Amônia 40
Vapores Orgânicos 60
3 Gases Ácidos 30
Amônia 60
NO (P3) 20
Mercúrio (P3) 6.000

Defensivos agrícolas
Especiais Classe - Tipo
1 - P2 50
1 - Hg 300
2 - P3 9
3 - P3 12
3 - CO 60
Fonte: Fonte Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 da ABNT.

Observação: Se o filtro for uma combinação de dois ou mais tipos de filtros, a vida-útil-
mínima exigida fica dividida, pela metade.

4.2.11.6 Equipamentos com filtros químicos

Esses equipamentos são máscaras contra gases e vapores, com filtros químicos
acoplados a elas.

4.2.11.6.1 Características dos equipamentos com filtros químicos

 constam de uma peça facial inteira, ou de uma meia-máscara, com tirantes, válvulas
de inspiração e válvulas de expiração;
 no caso de tratar-se de uma peça facial inteira, o elemento filtrante poderá ser
conectado à mesma com uma traquéia ou diretamente à mascara;
 na estrutura semi-facial do tipo respirador, podem constar um ou dois filtros, de
dimensões reduzidas em relação ao modelo que é portado à cintura;
 os filtros oferecem proteção contra uma substância ou contra uma classe de
substâncias, de forma específica; portanto, não podem ser usados
indiscriminadamente contra quaisquer gases ou contra quaisquer vapores, sem a
adequada verificação prévia;
 a sua autonomia depende dos seguintes fatores:
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✔ da capacidade, ou seja, do tamanho do elemento filtrante;


✔ da concentração do contaminante;
✔ da atividade respiratória do usuário;
 existem filtros universais especiais, que prevêem vários contaminantes.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

 os filtros comuns, de tamanho pequeno, protegem até concentrações de 0,1%,


equivalente a 1.000 ppm;
 os filtros portados à cintura podem oferecer proteção de até 2%, equivalente a 20.000
ppm;
 caso haja a possibilidade de ocorrer qualquer ação do contaminante sobre a pele e os
olhos do usuário, deverá ser providenciada proteção complementar adequada ao
mesmo, com:
✔ roupas de proteção;
✔ luvas de proteção;
✔ botas de proteção;
✔ máscara facial total;
 a autonomia dos equipamentos com filtros químicos, de maneira geral, pode variar
desde frações-de-hora até uma hora cheia.

4.2.11.6.2 Limitações dos equipamentos com filtros químicos

 não devem ser utilizados em atmosferas com deficiência de Oxigênio;


 não devem ser usados contra substâncias extremamente tóxicas, mesmo em baixas
concentrações;
 não devem ser utilizados em locais confinados, onde possam ocorrer picos de
concentração de contaminantes.

Máscaras semi-faciais. Máscara facial.


(para concentrações de até 1.000 ppm) para concentrações de até 20.000 ppm)

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

4.2.11.7 Equipamentos com filtros combinados

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Esses equipamentos são máscaras faciais contra associações de partículas e formas


gasosas.

4.2.11.7.1 Características dos equipamentos com filtros combinados

 permitem a proteção do usuário, para os casos onde ocorram suspensões de


partículas, aliadas a gases e/ou a vapores nocivos;
 o filtro contra partículas é colocado em uma posição anterior à posição do filtro
químico, de maneira a impedir sua obstrução pela poeira aspirada;
 pode-se contar com as mesmas alternativas das estruturas faciais e a disposição dos
diferentes elementos filtrantes, que são descritas nos equipamentos individuais;
 as mesmas considerações sobre a sua especificidade são válidas para o elemento
filtrante químico, não podendo ser feito seu uso indiscriminado, em relação à proteção
oferecida.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

 no caso de ação dos contaminantes sobre a pele e as mucosas, deve-se prover


proteção complementar, ou seja, vestimentas de proteção e proteção ocular
adequadas;
 esses equipamentos são muito utilizadas na pintura à pistola e nas pulverizações em
que se utilizam inseticidas e agrotóxicos;
 a autonomia desses equipamentos é restrita ao elemento filtrante que venha a ficar
saturado primeiro, o qual deverá ser imediatamente substituído.

4.2.11.7.2 Limitações dos equipamentos com filtros combinados

 não devem ser utilizados em atmosferas com deficiência de Oxigênio;


 não devem ser utilizados contra substâncias extremamente tóxicas, mesmo que as
mesmas estejam em baixas concentrações no ambiente;
 não devem ser utilizados em locais confinados, onde ocorram ou possam vir a ocorrer
picos de concentração de contaminantes.

Máscara facial, com filtros combinados. Máscara facial, com filtro combinado.
(para concentrações de até 1.000 ppm) (para concentrações de até 5.000 ppm)
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

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4.2.11.8 Equipamentos de isolamento

Esses equipamentos oferecem auto-proteção ao usuário.

Também denominados equipamentos auto-protetores autônomos e equipamentos


autônomos, esses equipamentos de auto-proteção, normalmente, são os seguintes:

 equipamentos autônomos, com cilindro de ar;


 equipamentos com adução ou provisão de ar.

4.2.11.8.1 Equipamentos autônomos, com cilindro de ar

Esses equipamentos são máscaras faciais, acopladas a um cilindro de ar comprimido.

4.2.11.8.1.1 Características dos equipamentos autônomos, com cilindro de ar

 constam dos seguintes materiais: um cilindro de alta pressão, um regulador de


pressão, um dispositivo de dosagem de fluxo à demanda, uma traquéia, uma peça
facial com válvula de expiração e tirantes fixados no cilindro de alta pressão e na peça
facial;
 o seu funcionamento ocorre em circuito aberto, isto é, o ar expirado é descarregado
para o exterior;
 devem possuir um dispositivo de alarme, para indicação da queda de pressão;
 o tempo de operação varia desde as frações de uma hora até aproximadamente uma
hora, dependendo da atividade física e da familiaridade do usuário com o
equipamento;
 em se tratando de um equipamento autônomo, o mesmo não apresenta restrição
quanto ao ambiente, seja no caso de haver contaminantes ou de haver deficiência de
Oxigênio.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

 esses equipamentos se adaptam mais às situações de emergência, tais como


resgates e as manutenções especiais, dado o tempo limitado destas operações;
 esses equipamentos são mais pesados que os equipamentos autônomos com cilindro
de ar, os quais são utilizados em circuito fechado;
 caso possa ocorrer absorção do contaminante pela pele, prover proteção
complementar.

4.2.11.8.1.2 Limitações dos equipamentos autônomos, com cilindro de ar

 devem ser consideradas, a limitação de mobilidade e a capacidade de carregar pesos,


que afetem o usuário durante a sua utilização;
 deve ser considerado, que o tempo de operação é, em si, uma limitação que deve ser
adequadamente levada em conta e, ainda, que o usuário deve estar ciente da
construção, uso, controle, limitações do equipamento e maneiras de atingir
 rapidamente atmosferas seguras.

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Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

4.2.11.8.2 Equipamentos com adução ou provisão de ar

Esses equipamentos suprem o ar respirável necessário ao homem, independente do meio


onde o mesmo esteja trabalhando, ou seja, isolam o usuário da atmosfera circundante,
sendo que o ar aspirado pelo usuário se dá por depressão respiratória. Comparados com
os equipamentos purificadores de ar, oferecem maior proteção ao usuário, pois operam
com suprimento de ar respirável, não dependendo, assim, de sistemas de filtragem para a
remoção dos contaminantes.

O suprimento de ar, proveniente de uma fonte externa ao ambiente contaminado, é feito


por meio de uma tubulação. Essa fonte externa pode ser uma bateria de cilindros,
compressores, ventoinha manual ou elétrica, ou, simplesmente, a própria ação
respiratória do usuário.

O ar respirável também pode ser fornecido ao usuário desde cilindros de ar comprimido


ou desde sistemas que liberam ar, quimicamente, sendo que, em ambos os casos, os
equipamentos são portados pelo usuário.

4.2.11.8.2.1 Características dos equipamentos com adução de ar

 constam de uma peça facial, à qual, se conecta uma traquéia, por sua vez ligada a
uma mangueira ou a uma tubulação, de diâmetro relativamente grande, ou seja, de 20
mm a 25 mm, conectada a um dispositivo de conexão posicionado na altura da cintura
do usuário,
 o ar é trazido desde um local com atmosfera segura, pela ação respiratória do usuário
ou por uma tubulação, limitando-se o comprimento desta, para se assegurar uma
respiração adequada. O comprimento dessa tubulação varia de 7,5 metros até 22
metros;
 não exigem muita manutenção e apresentam-se sempre prontos para uso, uma vez
que não necessitam de fontes de ar respirável ou de ar comprimido, os quais podem
não estar disponíveis no local, imediatamente.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

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 cuidados devem ser tomados no ponto de captação de ar, ou seja, na extremidade da


tubulação, de forma a evitar sua obstrução e o contato com o solo;
 o ponto de captação de ar deve estar devidamente protegido e sinalizado;
 as tubulações devem ser quimicamente resistentes aos Derivados de Petróleo;
 as tubulações devem ter construção reforçada;
 as tubulações devem ser resistentes a impactos e à queda de objetos sobre as
mesmas.

4.2.11.8.2.2 Limitações dos equipamentos com adução de ar

 a movimentação e o raio de ação do usuário são limitados pela tubulação;


 não devem ser utilizados em atmosferas imediatamente perigosas à vida, isto é, com
a presença de contaminantes altamente tóxicos, mesmo que em baixas
concentrações, nem com deficiência de Oxigênio, uma vez que existe a dependência
do usuário quanto ao suprimento externo de ar, e o mesmo deve poder abandonar o
local, sem a máscara.

Equipamento com o ar aspirado por depressão respiratória


Fonte: Dräger Indústria e Comércio Ltda.

4.2.11.9 Equipamentos a ar insuflado ou com linha de ar

Esses equipamentos são máscaras faciais ou máscaras semi-faciais, acopladas a um


fluxo de ar comprimido ou a uma linha de ar com fluxo contínuo e com pressão de
demanda.

4.2.11.9.1 Características dos equipamentos a ar insuflado ou com linha de ar

 constam de máscaras semi-faciais ou de máscaras faciais, interligadas a um


compressor ou a um provedor de ar, alimentadas por um fluxo de ar comprimido;

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 são, normalmente, utilizadas com uma vazão constante de 60 litros de ar por minuto,
sob pressões variadas, sendo que a pressão de fluxo contínuo é de 2,0 a 2,5 Kgf/cm2
e a pressão de demanda é de 5,0 a 7,05 Kgf/ cm2;
 as tubulações são fabricadas com produtos atóxicos e comercializadas com
comprimentos de 5 metros, 10 metros e 20 metros;
 podem ser utilizadas tanto máscaras semi-faciais como máscaras faciais, as quais
devem ser utilizadas sob pressão positiva, o que previne uma eventual infiltração de ar
contaminado, para o interior das mesmas;
 as máscaras faciais podem ser dotadas de um regulador de demanda da pressão
positiva, com acionamento automático, imediatamente após a primeira inalação de ar
pelo usuário, e com um bloqueador semi-automático, os quais devem ser conectados
à peça facial por meio de um dispositivo de engate rápido.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:


 cuidados devem ser tomados no ponto de captação de ar, ou seja, na
extremidade da tubulação, de forma a evitar sua obstrução e o contato com
o solo;
 o ponto de captação de ar deve estar devidamente protegido e sinalizado;
 as tubulações devem ser quimicamente resistentes aos diversos Derivados
de Petróleo;
 as tubulações devem ter construção reforçada;
 as tubulações devem ser resistentes a impactos e à queda de objetos sobre
as mesmas.

4.2.11.9.2 Limitações dos equipamentos a ar insuflado ou com linha de ar

 Considerar que essas limitações são referentes às seguintes situações:

➢ Equipamentos com máscara semi-facial conectada a uma linha de ar, com


fluxo contínuo ou com pressão de demanda:

 a movimentação do usuário e o raio de ação são limitados pela tubulação;


 não devem ser utilizados em atmosferas imediatamente perigosas à vida,
isto é, com a presença de contaminantes altamente tóxicos, mesmo que
em baixas concentrações, nem com deficiência de Oxigênio, uma vez que
existe a dependência do usuário quanto ao suprimento externo de ar, haja
vista que o mesmo pode ter que abandonar o local, sem a máscara;
 não devem ser utilizados em atmosferas altamente saturadas por gases e
ou vapores;
 não devem ser utilizados em locais onde os riscos do contaminante
existente na atmosfera sejam desconhecidos;
 não devem ser utilizados em locais com material particulado em suspensão
na atmosfera;
 não devem ser utilizados em locais com riscos de respingos de substâncias
químicas.

➢ Equipamentos com máscara facial conectada a uma linha de ar, com fluxo
contínuo ou com pressão de demanda:

 a movimentação do usuário e o raio de ação são limitados pela tubulação;

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 não devem ser utilizados em atmosferas imediatamente perigosas à vida,


isto é, com a presença de contaminantes altamente tóxicos, mesmo que
em baixas concentrações nem com deficiência de Oxigênio, uma vez que
existe a dependência do usuário quanto ao suprimento externo de ar, haja
vista que o mesmo pode ter que abandonar o local, sem a máscara;
 as atividades que exijam esforço físico, devem ser levadas em
consideração, no sentido de que seja verificado, de forma criteriosa, se
esses trabalhos não trarão nenhum comprometimento ao uso dos
equipamentos;
 não devem ser utilizados em locais com riscos de respingos de substâncias
químicas.

Máscara facial e máscara semi-facial , Máscara semi-facial e máscara facial,


com linha de ar com fluxo contínuo. com linha de ar com pressão de demanda.
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

Máscara facial , com linha de ar com Máscara facial, com linha de ar com
fluxo contínuo. pressão de demanda.
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.

4.2.12 Seleção de equipamentos de proteção respiratória

A seleção e a escolha dos equipamentos de proteção mais adequados para a proteção


das equipes de atendimento, nas emergências envolvendo substâncias químicas,
dependem, basicamente, da avaliação prévia de diversas variáveis, referentes ao
ambiente onde se desenrolarão as atividades e às ações emergenciais e às ações pós-
emergenciais.

4.2.12.1 Aspectos a serem observados na seleção dos equipamentos


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Por ocasião da seleção e da escolha dos equipamentos de proteção respiratória, devem


ser observados vários aspectos e, também, levados em conta os seguintes fatores:

➢ Quanto aos riscos:


 porcentagem de Oxigênio no ambiente;
 existência de contaminantes no ambiente;
 classe toxicológica do contaminante;
 concentração do contaminante no ambiente.

➢ Quanto ao ambiente:
 confinamento de gases e vapores no ambiente, em locais tais como: poços,
silos e porões;
 características do local e sua posição em relação a atmosferas seguras, ou
seja, distâncias e acessibilidade a esses locais;
 arranjo físico do local;
 limitações da mobilidade do usuário do equipamento de proteção
respiratória.

➢ Quanto às atividades :
 características das atividades e do usuário, ou seja a mobilidade
necessária e a freqüência de permanência no local;
 atividade respiratória do usuário, decorrente da atividade física do mesmo.

➢ Quanto ao uso pretendido dos equipamentos de proteção:


 necessidade de utilização de equipamentos de proteção em locais com a
existência de contaminantes no ambiente;
 necessidade de utilização de equipamentos de proteção em emergências
envolvendo substâncias químicas;
 necessidade de utilização de equipamentos de proteção durante todo o
tempo de permanência no ambiente;
 necessidade de utilização de equipamentos de proteção somente durante
etapas da operação, ou seja, o uso intermitente dos equipamentos de
proteção.

Na seqüência, são pormenorizados alguns aspectos e fatores acima mencionados.

a. Atividade física a ser desenvolvida

A atividade física a ser desenvolvida pelo usuário é um fator de extrema importância na


seleção da melhor roupa de proteção química e do melhor equipamento de proteção
respiratória, quer este último seja um equipamento autônomo com filtro químico, quer seja
um equipamento com filtro mecânico, ou ainda, seja um equipamento com tubulação de ar
acoplada.

Deve ser levado em conta, também, se a atividade física a ser desenvolvida pelo usuário
pode ser considerada um trabalho leve, um trabalho médio ou um trabalho pesado; pois, o
esforço que é exigido tanto do usuário como do equipamento de proteção respiratória,
pode reduzir drasticamente a vida-útil dos filtros, bem como o próprio equipamento de
proteção respiratória.

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Por exemplo, o volume de ar que é respirado por um homem, andando a uma velocidade
de 6,5 quilômetros por hora, é três vezes maior que o volume de ar que é respirado por
um homem, parado ou sentado. Nesta situação, o consumo de ar pelo usuário, que esteja
utilizando uma máscara autônoma, é bem maior, os filtros químicos são exauridos em
tempo menor e os filtros mecânicos são obstruídos com maior facilidade e rapidez. Isto se
aplica a todos os tipos de equipamento de proteção respiratória, exceto para aqueles com
linha de ar.

Já nos casos onde é necessário o uso de roupas de encapsulamento, o desgaste físico


do usuário está potencializado pela perda de líquido do seu organismo. O uso do
equipamento de proteção, em condições adversas, tais como ruído, calor e umidade,
entre outras, podem provocar efeitos adversos à saúde do usuário, uma vez que as
mesmas tendem a aumentar seu desgaste físico, comprometendo o desenvolvimento da
atividade e o tempo de permanência no local.

b. Monitoramento periódico

Dada a imprevisibilidade dos cenários a serem encontrados nos atendimentos às


emergências envolvendo substâncias químicas, torna-se necessário monitorar,
periodicamente, as concentrações de Oxigênio e dos contaminantes presentes no
ambiente, durante todo o tempo em que as equipes estiverem na área de risco.

Qualquer alteração significativa requer a adoção de medidas complementares, ou mesmo


a substituição do equipamento por outro mais efetivo para as condições detectadas.

Outro fator a ser considerado, quando da seleção dos equipamentos de proteção


respiratória a serem utilizados, é a sua aprovação de uso, ou seja, os equipamentos de
proteção respiratória devem ter sido submetidos a ensaios para determinados tipos e
concentrações de contaminantes, além dos testes de resistência dos vários componentes,
e, principalmente, serem aprovados nesses testes.

Tanto a capacidade de retenção dos filtros, como a qualidade do ar respirável fornecidos


pelos diferentes equipamentos de suprimento devem estar de acordo com as normas
vigentes. Igualmente, todos os equipamentos de proteção respiratória devem, também, ter
sido submetido a determinados ensaios de vedação, pertinentes a cada situação.

c. Manutenção de equipamentos

A manutenção de equipamentos de proteção respiratória deve ser programada, de acordo


com a sua utilização. Os demais equipamentos, empregados para uso individual e
rotineiro, também devem estar submetidos a um programa de manutenção, porém
diferentemente do programa de manutenção dos equipamentos destinados aos
atendimentos às emergências, especialmente aqueles envolvendo substâncias químicas.
Embora esses dois programas sejam diferenciados, ambos possuem o mesmo nível de
importância, tendo em vista os fins a que se destinam.

Há que se ressaltar, que todo e qualquer programa de manutenção deve ser executado
por pessoas treinadas e devidamente conscientizadas da importância do seu trabalho. Um
programa de manutenção de equipamentos de proteção respiratória consiste,
basicamente, nas seguintes etapas:

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 inspeção;
 limpeza;
 higienização;
 manutenção;
 armazenamento.

Observação: Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:

 as inspeções, quando bem realizadas, minimizam a probabilidade da ocorrência de


falhas dos equipamentos de proteção respiratória e auxiliam os usuários em adquirir a
mentalidade da importância da segurança. A freqüência para a sua realização, seja
diária, semanal, mensal, etc, depende do tipo do equipamento a ser utilizado, das
atividades a serem realizadas e dos riscos existentes em cada local;
 os equipamentos de proteção respiratória que são utilizados rotineiramente devem ser
cuidadosamente inspecionados, diariamente. Uma boa vistoria dos mesmos, realizada
pelos usuários antes de usá-los, para certificar-se que tudo se encontra em boas
condições de uso, é de vital importância para a sua própria proteção. Essa inspeção
visual deve indicar as condições em que as válvulas e as membranas se encontram,
bem como permitir que seja realizada a remoção de quaisquer impurezas que
possam, inclusive, causar vazamentos;
 os equipamentos de proteção respiratória, como por exemplo as máscaras
autônomas, devem ser rigorosamente controlados quanto às datas das inspeções, das
manutenções preventivas e dos defeitos encontrados, sendo que essas informações
devem ser anotadas em fichas individuais de registro dessas inspeções;
 cuidados redobrados também são necessários, no que se refere ao controle da
reutilização de filtros, de forma a se evitar que filtros, praticamente saturados, sejam
utilizados;
 a manutenção de máscaras autônomas deve receber um tratamento, diferenciado do
tratamento que é dado aos demais equipamentos de proteção respiratória, em virtude
da complexidade dos seus componentes. Em geral, os fabricantes recomendam que
esses equipamentos sejam testados antes do seu uso, quanto ao funcionamento dos
reguladores, das válvulas, dos dispositivos de alarme e de outros dispositivos de
alerta, bem como da peça facial, da traquéia e das válvulas de exalação de ar.

5. Considerações finais

Os equipamentos de proteção individual, usualmente identificados pela sigla EPI, formam


um conjunto de recursos, amplamente empregados para proteger a integridade física do
trabalhador, no exercício de suas atividades.

Neste sentido, é de suma importância que, nas operações de emergência que envolva
substâncias químicas, os EPI sejam selecionados e definidos a partir de critérios técnicos,
de acordo com os riscos apresentados pelas substâncias envolvidas, as proporções do
vazamento, as características dos locais atingidos e os serviços a serem realizados por
especialistas, após a avaliação em campo.

Os EPI devem ser utilizados por pessoas devidamente treinadas e familiarizadas com os
mesmos, uma vez que a escolha ou a utilização de forma errada pode acarretar
conseqüências indesejáveis, sendo que o ingresso em áreas onde existam riscos de
explosão, ocasionados por substâncias perigosas, deve ser realizado sempre por duas
pessoas, no mínimo, e devidamente protegidas, sendo todas as suas atividades
acompanhadas permanentemente por uma equipe de retaguarda.
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Equipamentos de Proteção Individual


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Em caso de dúvida quanto às características das substâncias envolvidas e quanto aos


riscos que as mesmas oferecem, deve-se evitar entrar em áreas consideradas perigosas.
Porém, se a gravidade da situação exigir a adoção de medidas imediatas, sempre se
deverá optar pela proteção máxima do usuário, ou seja, a proteção do crânio, a utilização
de roupas de proteção herméticas, incluindo luvas e botas soldadas e a utilização de
conjuntos autônomos de respiração com cilindro de ar comprimido.

O uso de EPI, principalmente de roupas de proteção, pode provocar desgastes físicos que
poderão causar a desidratação do usuário. Quando ocorrerem essas situações, os
técnicos deverão ser orientados no sentido de serem adotadas ações prévias para evitar
problemas físicos, que possam interferir na segurança do trabalhador, em razão da
atividade por ele desenvolvida.

Todos os equipamentos de proteção individual devem ser bem higienizados e


rotineiramente inspecionados, de forma minuciosa, para a detecção desgastes e de
possíveis avarias. Um equipamento de proteção mal selecionado ou avariado pode
aumentar o risco de acidentes, em vez de evitá-los. Convém destacar, que, além dos
riscos inerentes às respectivas atividades, outros fatores devem ser considerados para a
utilização de EPI, por ocasião da execução de atividades emergenciais, tais como:

 o nível da atividade física do usuário;


 as condições físicas do usuário;
 o nível de treinamento e a experiência que o usuário tem com os equipamentos.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração, diz respeito às roupas que venham
a serem contaminadas durante o atendimento às situações emergenciais envolvendo
substâncias químicas, roupas essas que, antes que o usuário as retire, devem ser
descontaminadas ainda no local do atendimento, sendo que esse trabalho pode ser
realizado mediante a utilização de mangueiras ou nebulizadores de água.

Estes procedimentos assegurarão uma maior vida-útil das roupas de proteção, bem como
evitarão que ocorra a contaminação de outras pessoas que, em seguida, venham a utilizar
esses mesmos equipamentos.

Finalmente, vale lembrar, que todos os equipamentos de proteção individual devem ser:

 inspecionados, periodicamente;
 reparados, imediatamente;
 guardados, em locais de fácil acesso;
 armazenados, adequadamente, de modo a evitar o seu dano, inclusive
acidentalmente;
 repostos, sempre que necessário.

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