You are on page 1of 34

Capítulo 8

Margem de Contribuição

Habilidades Conceituar Margem de Contribuição.

Aplicar o conceito de Margem de Contribuição na


situação de capacidade ociosa das empresas.

Elaborar a Demonstração de Resultados do


Exercício pelo Custeio por Absorção e pelo Custeio
Variável.

Aplicar o conceito de Margem de Contribuição na


condição de Limitação da Capacidade de produção
das empresas

Seções de estudo Seção 1:  O que é Margem de Contribuição?

Seção 2:  Como se aplica o conceito de Margem


de Contribuição na situação de Capacidade Ociosa
das empresas?

Seção 3:  O que são Sistemas de Custeio?

Seção 4:  Como se aplica o conceito de Margem


de Contribuição na condição de limitação na
capacidade de produção das empresas?

DUTRA, Onei Tadeu. Gestão de custos e preços. Palhoça: UnisulVirtual, Ano. 2017.

143
Capítulo 8

Seção 1

O que é Margem de Contribuição?


Margem de Contribuição é quanto que o produto/serviço traz de retorno à
empresa. E é dada pela seguinte fórmula:

Margem de Contribuição = Receita (unitária ou total) - valores variáveis


(unitário ou total)

Desse modo, se estivermos utilizando a Receita (preço de venda vezes a


quantidade vendida), os valores variáveis devem ser os valores variáveis totais
(valor variável unitário vezes a quantidade vendida). Se estivermos utilizando o
preço de venda, que é um valor unitário, os valores variáveis devem ser unitário.
Para não trabalharmos com bases diferentes (preço de venda com valores
variáveis totais, ou vice-versa).

É importante atentarmos para o fato de na Contabilidade de Custos


os valores que irão para os Estoques são a Matéria-prima (MP), a Mão
de Obra Direta (MOD) e os custos indiretos de fabricação (CIFs) - são
os Custos dos Produtos/Serviços; que depois irão para as Contas de
Resultados pela venda. As Despesas Operacionais (Despesa Administrativa,
Despesa com Vendas e Despesa Financeira) irão diretamente para as
Contas de Resultados; não transitando pelos Estoques. Isso por imposição
das normas legais. Já na Análise de Custos, como é um conteúdo
gerencial e não está de acordo com nenhuma norma legal, não se faz
distinção entre Custo e Despesa - todos os valores gastos pela empresa
serão considerados nos cálculos.

Mas, para perceber a importância da MC na Análise de Custos, iremos analisar


um exemplo no Quadro 8.1.

Quadro 8.1 –Valores para o Cálculo da DRE

Produto Quantidade Produzida Quantidade Vendida Preço de Venda


Alfa 5.000 unidades 4.500 unidades R$ 12,00/unidade
Beta 10.000 unidades 8.000 unidades R$ 7,00/unidade

144
Gestão de Custos e Preços

Valores Variáveis
Denominações Valores Fixos
Alfa Beta
M.O.D. 3,50/unidade 1,80/unidade Depreciação 17.500,00/mês
M.P. 2,30/unidade 1,60/unidade Aluguel 15.300,00/mês
Embalagem 0,60/unidade 0,80/unidade Supervisão 2.800,00/mês

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

Existe também a opção de ratear os custos indiretos de fabricação (CIFs) ou


pela MOD ou pelo tempo de fabricação dos produtos (Alfa possui um tempo de
fabricação de 1,60 horas-máquinas (HM) e Beta possui um tempo de fabricação
de 2,40 HM).

Com essas informações, pergunta-se: qual produto é mais vantajoso para


a empresa, qual traz mais retorno para a empresa, qual a empresa deve
se interessar em vender mais e qual a empresa deve investir mais em
marketing?

Para responder a essas perguntas a primeira coisa que vem à mente é o lucro: o
produto que der mais lucro deve ser o mais “interessante” para a empresa, dessa
forma, a empresa deve fazer o melhor esforço para vender. Então, se o lucro é a
melhor resposta, iremos apresentar a Demonstração de Resultados do Exercício
(DRE), simplificada, para sabermos o lucro dos dois produtos. E então responder
as perguntas.

Assim, a Receita será a quantidade vendida multiplicada pelo preço de


venda unitário. O Valor Variável será a soma dos valores variáveis unitários
multiplicados pela quantidade vendida. O Valor Fixo será o somatório dos valores
fixos rateados pelo critério de rateio para cada produto; depois dividido pela
quantidade produzida e multiplicado pela quantidade vendida, pois estamos
calculando os valores para a DRE (venda do período) e não para o Estoque
(produção do período).

Quadro 8.2 - DRE - Valores Fixos Rateado pela MOD

Alfa Beta
DRE
Critério de Rateio dos Valores Fixos: MOD
Receita 54.000,00 56.000,00
Valores Variáveis 28.800,00 33.600,00
Valores Fixos 21.159,00 9.672,00
Lucro 4.041,00 12.728,00

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

145
Capítulo 8

Observando os lucros calculados acima, nota-se que o produto mais vantajoso


para a empresa é o produto Beta, pois gerou um lucro de R$ 12.728,00. Bem
maior do que o lucro do produto Alfa, de R$ 4.041,00. Por isso, seria o mais
indicado para incentivar a produção e a venda, pois gera mais lucro.

Entretanto, o critério de rateio utilizado foi a MOD. Por isso, fica a dúvida: será
que se utilizarmos as horas-máquinas de produção como critério de rateio, o
produto Beta continuaria sendo o mais interessante para a empresa?

Para sanarmos essa dúvida, iremos apresentar abaixo a DRE mudando o critério
de rateio. Faremos a DRE utilizando as HMs como critério de rateio dos valores
fixos. Verifique o Quadro 8.3.

Quadro 8.3 – DRE - Valores Fixos rateado pela HM

Alfa Beta
DRE
Critério de Rateio dos Valores Fixos: HM
Receita 54.000,00 56.000,00
Valores Variáveis 28.800,00 33.600,00
Valores Fixos 12.816,00 17.088,00
Lucro 12.384,00 5.312,00

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

Observando as duas DREs, verifica-se que o lucro foi invertido: utilizando como
critério de rateio as HMs, o produto que gera mais lucro é o Alfa; lucro de R$
12.384,00, e o produto Beta gera um lucro de 5.312,00.

Com isso, podemos fazer a seguinte pergunta: qual o critério de rateio


devemos utilizar para ratear os valores fixos da empresa? A resposta é: fica a
critério das pessoas que trabalham na área de custos, pois a definição do critério
de rateio dos valores fixos não está previsto em nenhuma norma legal.

Então, mudando o critério de rateio, o lucro por produto é alterado. Nesse caso,
o que devemos utilizar para se analisar qual o produto é mais “interessante”
para a empresa? Aqui surge justamente a Margem de Contribuição, pois no dela
não entram os valores fixos. Não utilizando os valores fixos no cálculo da MC,
não se utiliza o critério de rateio. E o critério de rateio é o problema justamente
por não haver uma definição na legislação sobre o assunto; ficando a definição
ao livre-arbítrio das pessoas que trabalham na área de custos.

Assim, para responder às perguntas iniciais, deve-se, simplesmente, calcular a


Margem de Contribuição de cada produto. E calculando a MC unitária obtém-se a
reposta para as perguntas.

146
Gestão de Custos e Preços

Quadro 8.4 – Cálculo da MC Unitária

Soma dos Valores


Produto Preço de Venda MC unitária
Variáveis Unitários
Alfa 12,00 6,40 5,60
Beta 7,00 4,20 2,80

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

Observando a MC unitária acima, percebe-se que o produto mais interessante


para a empresa é o produto Alfa, pois possui a maior MC unitária. É o produto
que a empresa deve incentivar mais a produção e venda, e investir mais em
marketing. É o melhor produto para a empresa, em se tratando de retorno de
investimento. O Alfa é o produto mais rentável para a empresa, pois traz mais
retorno - dado que os valores fixos são gastos da estrutura da empresa e não são
gastos diretamente com os produtos.

Porém, a MC é uma informação deveras importante quando os produtos são


equivalentes em termos de quantidade produzida, equivalentes em termos de
preço de venda, equivalentes em termos de estrutura de custos. Quando os
produtos são muito díspares em termos de quantidade vendida, de preço de
venda e de estrutura de custo, a MC deixa a desejar.

A título de exemplo, podemos citar os automóveis: quando comparamos


dois (ou mais) automóveis populares, a MC unitária é muito informativa da
rentabilidade de cada modelo analisado - qual o modelo é mais rentável.
Agora, se compararmos um modelo popular com um modelo de luxo, as
MCs não são uma informação que se deve considerar, pois as quantidades
vendidas e os preços de venda são muito diferentes, assim como as
estruturas de custo de produção.

Devemos chamar a atenção para a simplicidade do cálculo da MC (uma conta de


subtração). Somente temos que prestar atenção na identificação dos valores fixos
e variáveis. Os valores fixos são informados por “/mês” (barra mês - indicando
que é um valor gasto por mês) ou são informados “/período” (barra período -
indicando que o período pode ser um mês, uma quinzena, um bimestre, ou outra
medida de tempo qualquer). E os valores variáveis são informados, geralmente,
por “/unidade” ou também podem ser informados por percentual (que é o caso
do percentual dos impostos sobre a Receita ou porcentual dos ganhos dos
vendedores (Despesa com Vendas).

147
Capítulo 8

Seção 2

Como se aplica o conceito de MC na situação


de capacidade ociosa das empresas?
A análise de custos se caracteriza pela aplicação da Margem de Contribuição.
Assim, veremos um bom exemplo para corroborar essa afirmação.

Determinada empresa possui uma capacidade de produção de 800


toneladas/mês. Mas, devido a fatores externos, está produzindo e
vendendo somente 500 toneladas/mês. Com isso, a capacidade ociosa
é de 300 toneladas/mês (800-500=300). Os valores variáveis (custos
variáveis mais despesas variáveis) de produção e venda são de R$ 50,00/
tonelada. Os valores fixos (custos fixos mais despesas fixas) de produção e
venda são de R$ 21.000,00/mês. E a empresa pratica um preço de venda
de seu produto de R$ 95,00. Além do mais, em um determinado mês, um
cliente especial oferece para comprar 200 toneladas, mas está disposto a
pagar somente R$ 60,00/tonelada.

Como se desprende dos dados citados acima, à primeira vista a empresa não
poderia aceitar a encomenda, pois seu preço de venda normal é de R$ 95,00/
tonelada e o cliente está disposto a pagar somente R$ 60,00/tonelada. Com isso,
a empresa perderia “dinheiro”, pois venderia por R$ 35,00/tonelada (95-60=35) a
menos.

Em todo caso, para responder adequadamente a essa dúvida, vende ou não vende
a 60,00/tonelada (?), devemos montar a DRE das duas situações: uma situação de
venda das 200 toneladas à R$ 60,00/tonelada e a outra situação de não se vender
as 200 toneladas a R$ 60,00/tonelada. Vejamos agora o Quadro 8.5.

Quadro 8.5 – DRE das Condições de Aceita e Não Aceita o Pedido

DRE Aceita o pedido Não aceita o pedido


Receita
Normal 47.500,00 47.500,00
Pedido Especial 12.000,00
Valores Variáveis
Normal 25.000,00 25.000,00
Pedido Especial 10.000,00
Valores Fixos 21.000,00 21.000,00
Lucro 3.500,00 1.500,00

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

148
Gestão de Custos e Preços

Observando os dois lucros acima, percebe-se que aceitando o pedido do cliente


especial, a empresa terá mais lucro.

A diferença dos dois lucros é causada pelos valores fixos; já que, para qualquer
produção acima de uma unidade, essa produção arcará com os valores fixos.
Logo, se a empresa produzir a sua capacidade de produção (800 toneladas), ou
se a empresa produzir somente as 500 toneladas, haverá necessariamente os
valores fixos (R$ 21.000,00/período).

Nesse tipo de situação, Capacidade Ociosa, a empresa pode, eventualmente,


praticar um preço de venda menor. E o preço de venda será determinado pela
Margem de Contribuição. Se a MC for maior do que zero, e havendo capacidade
ociosa, a empresa pode vender a quantidade comportada dentro da capacidade
ociosa e ter um lucro maior (ou um prejuízo menor).

No exemplo acima a MC é R$ 10,00/tonelada (60,00-50,00). Assim, o lucro


maior da empresa será a MC do cliente especial (R$ 10,00) multiplicado pela
quantidade vendida ao cliente especial (200 toneladas). Portanto, R$ 10,00 (MC)
vezes 200 toneladas será igual a R$ 2.000,00, que é justamente a diferença entre
os dois lucros das DREs acima: 3.500,00 menos 1.500,00 é igual a R$ 2.000,00.
Esse raciocínio e resultado sempre serão assim, para qualquer exemplo que se
possa imaginar ou existir na prática diária das empresas. Ou seja, para saber se
uma empresa pode vender seu produto havendo capacidade ociosa, basta saber
se existe capacidade ociosa e calcular a MC do pedido especial: a empresa
ganhará a quantidade vendida do pedido especial multiplicada pela MC do
pedido especial - ou poderá fazer as duas DREs, como feita acima; que o
resultado será o mesmo. A multiplicação da quantidade pela MC não informará
o lucro total da empresa, somente o que ela ganhará a mais; o plus (algo a mais)
na venda do pedido especial.

Esse tipo de raciocínio é muito utilizado pelas empresas, notadamente pelas


indústrias exportadoras, na formação do preço de venda do produto a ser
exportado, consideram somente os valores variáveis (MC e algo mais, o “lucro”);
diluindo os valores fixos no mercado nacional. Portanto, os habitantes do país
produtor pagam um preço de venda maior do que os habitantes dos países para
onde o produto é exportado. A bem da verdade, todos os países utilizam esse
raciocínio; notadamente para os impostos - quando os países cobram menos
impostos dos produtos que são exportados.

149
Capítulo 8

Seção 3

O que são Sistemas de Custeio?


Simplesmente falando, Custeio é a maneira de se alocar custos e despesas aos
produtos/serviços. Mas o objetivo aqui não é demonstrar a alocação de valores
aos Estoques, e sim, demonstrar como se calcula o Resultado, o Lucro, das
maneiras de se alocar valores aos Estoques.

Na literatura de Custos encontram-se diversas expressões para Sistema de Custeio:

•• Absorção (também denominado Integral),


•• Variável (também denominado Direto),
•• ABC (Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades (em
uma tradução livre),
•• RKW (que é a sigla da seguinte expressão em alemão:
Reichskuratorium fur Wirtschaftlichkeit),
•• UEP (Unidade de Esforço de Produção) e, segundo alguns autores,
Custo Padrão.

Entretanto, os principais métodos de Custeio são: Absorção e Variável, pois


são os dois únicos Sistemas de Custeio que podem ser utilizados para montar
DREs. Os outros tipos de Custeio mencionados na literatura contábil e listados
acima (ABC, RKW e UEP) não são utilizados em DREs específicas, são mais uma
adaptação do Custeio por Absorção.

O ABC é uma tentativa de se eliminar os critérios de rateio na planilha, de rateio


dos custos indiretos de fabricação; utilizando as Atividades de produção e os
Direcionadores de custos dessas Atividades.

O RKW é um Método de alocação de todos os valores aos produtos para se


encontrar o preço de venda do produto (é a soma de MP, MOD, CIFs, Despesas
Operacionais, Impostos sobre Vendas e Lucro).

O UEP é um Método de se calcular matematicamente um produto padrão e utilizar


esse padrão para alocar gastos aos diversos produtos da empresa; basicamente é
utilizado nas indústrias. E o Custo Padrão é a determinação de um padrão de valor
monetário e valores físicos para todos os produtos da empresa. Apesar de alguns
autores considerarem como um Sistema de Custeio, em verdade é um padrão de
comparação para se elaborar orçamentos, por exemplo.

Mas, o que nos importa são justamente o método de Absorção e o Variável. Em


seguida, estudaremos os dois sistemas e montaremos DREs por ambos.

150
Gestão de Custos e Preços

Custeio por Absorção - Sistemas onde todos os custos são contabilizados


nos Estoques dos produtos, e as Despesas Operacionais são contabilizadas
diretamente nas Contas de Resultados. A MP e a MOD são alocados diretamente
ao Estoque de Produtos em Processo e os CIFs são primeiramente rateados para
em seguida serem alocados ao Estoque de Produtos em Processo. Esse tipo de
Custeio não é utilizado para análise gerencial, devido aos diversos critérios de
rateio possíveis para os CIFs. Somente é utilizado para avaliação de Estoque para
fins Legais (Lei n. 6.404/76, Normas Contábeis, Auditoria Externa, Fisco, entre
outros exemplos formais). E a DRE do Absorção se caracteriza pela indicação do
que está na Lei n. 6.404/76. Simplificadamente falando: Receita - Impostos sobre
Vendas - Custos dos Produtos Vendidos (CPV) - Despesas Operacionais = Lucro.

Custeio por Variável - Custeio Variável é Sistema que apropria ao Estoque de


Produtos em Processo somente os custos variáveis (MP e MOD). Os custos Indiretos
de Fabricação (CIFs), no Custeio Variável, são considerados como uma “despesa
operacional”. Portanto, os Estoques de Produtos em Processo e Produtos Acabados
ficam subavaliados, pois os custos fixos são considerados como “despesa
operacional”. Esse tipo de Custeio é utilizado para análise gerencial, pois não sofre
influência dos critérios de rateios dos custos fixos. E não é permitido pelo Imposto
de Renda, para avaliação dos Estoques, pois diminui os Estoques e aumenta as
Despesas (CPV) do exercício (diminuindo o lucro do exercício). E a DRE do Variável
se caracteriza pela informação da Margem de Contribuição Total: Receita menos
Valores variáveis é igual a MC total. E MC total menos Valores Fixos é igual ao Lucro.
Mas, na DRE pelo Variável, os valores fixos não possuem muita importância, devido
justamente ao rateio desses valores. E como já foi ventilado, no gerenciamento de
custo os valores fixos não são considerados devido ao critério de rateio.

No quadro abaixo podemos visualizar um resumo dos dois tipos de Custeio:

Quadro 8.6 - Diferença entre o Custeio por Absorção e o Custeio Variável

Denominações Absorção Variável


Estoque MP, MOD e CIFs MP e MOD
Despesa Administrativa, Não existe. Existem os valores
Despesa Operacional Despesa com Vendas e variáveis, a MC e os valores
Despesa Financeira fixos.
Fisco Aceita Não aceita
Finalidade Avaliação Estoque Análise Gerencial
Normas legais, Algumas técnicas de análise
Fundamentos principalmente a Lei de custos e necessidade de
6.404/76. informação da empresa
Custo do Produto Vendido
Característica Margem de Contribuição (MC)
(C. P. V.)
Custos fixos, devido ao
Problema Estoques subavaliados
critério de rateio

Fonte: Elaboração do autor, 2015.


151
Capítulo 8

Vamos agora calcular e montar as DREs pelo Sistema de Custeio por Absorção e
pelo Sistema de Custeio Variável.

3.1 DREs pelos métodos: Absorção e Variável


Para montarmos as duas DREs são apresentados os dados que iremos utilizar na
montagem das duas DREs.

Quadro 8.7 – Dados para a Montagem das DREs

Denominação Valores Denominação Valores


Matéria-prima R$ 5,00/unidade Despesas c/ vendas R$ 5.920,00/mês
Telefone da Fábrica R$ 700,00/mês Despesas ADM R$ 5.057,00/mês
Depreciação da fábrica R$ 3.230,00/mês Outros custos variáveis R$ 0,50/unidade
Embalagem R$ 1,50/unidade MOD R$ 3,00/unidade
Despesas financeiras R$ 8.540,00/mês Água da Fábrica R$ 1.000,00/mês
Preço de venda R$ 20,80/unidade Comissão s/ Vendas 2,30%
Quantidade Produzida 10.000 unidades Supervisão (MOI) R$ 6.750,00/mês
Impostos s/ Vendas 27,60% Quantidade Vendida 9.000 unidades

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

Antes de começarmos a calcular os valores das DREs, devemos separar os valores


em Quantidade Produzida, Quantidade Vendida, Preço de Venda, Impostos s/
Vendas, Custos Variáveis, Custos Fixos, Despesas Variáveis e Despesas Fixas.
Essa separação irá facilitar muito o cálculo e a montagem das DREs. Os dados
acima, organizados para o cálculo e montagem das DREs, ficam assim:

Quadro 8.8 - Sistematização dos Valores para a Montagem das DREs

Denominações Valores Totais


Quantidade Produzida 10.000 unidades
Quantidade Vendida 9.000 unidades
Preço de venda R$ 20,80/unidade
Impostos s/ Vendas 27,60%
Custos Variáveis
Matéria-prima R$ 5,00/unidade
Embalagem R$ 1,50/unidade
Outros custos
R$ 0,50/unidade
variáveis
MOD R$ 3,00/unidade 10,00/unidade
Custos Fixos
Telefone da Fábrica R$ 700,00/mês
Depreciação da
R$ 3.230,00/mês
fábrica
Água da Fábrica R$ 1.000,00/mês
MOI da fábrica R$ 6.750,00/mês 11.680,00/mês

152
Gestão de Custos e Preços

continuação

Despesas Fixas
Despesas ADM R$ 5.057,00/mês
Despesas com vendas R$ 5.920,00/mês
Despesas financeiras R$ 8.540,00/mês
Despesa Variável
Comissão sem Vendas 2,30%

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

O modelo de DRE pelo Absorção a ser preenchido é o seguinte:

Receita (+)

Impostos sobre Vendas (-)

Receita Liquida (=)

Custo do Produto Vendido (-)

Lucro Bruto (=)

Despesas Operacionais

Despesa Administrativa - ADM (-)

Despesa com Vendas

Despesa c/ Vendas Fixa (-)

Despesa c/ Vendas Variáveis (-)

Despesa Financeira (-)

Lucro Operacional (=)

Calculando a receita, temos: 9.000 X 20,80 = 187.200,00. Aqui, deve-se perceber


que é o preço de venda multiplicado pela quantidade vendida, e não pela
quantidade produzida. A quantidade produzida se refere ao Estoque de
Produtos Acabados e a quantidade vendida se refere ao Resultado do Exercício.
Como estamos calculando os valores da venda (DRE), então, deve ser a
quantidade vendida.

Na sequência temos o Imposto sobre Venda: que é a Receita multiplicada pelo


valor (neste caso, percentual) do Imposto: 187.200,00 X 27,60% = 51.667,20. E a
Receita Líquida é somente a subtração do Imposto da Receita.

153
Capítulo 8

Depois devemos calcular o Custo do Produto Vendido (CPV), que é o cálculo


que requer mais atenção na DRE pelo Custeio por Absorção. Mas, antes vamos
calcular o Custo Unitário da produção do período pela seguinte fórmula:

Custo Unitário = (custos variáveis unitários X quantidade produzida) + custos fixos


Quantidade produzida

E a fórmula de cálculo do CPV é:

CPV = custo unitário X quantidade vendida

Utilizando os dados do exemplo citado acima, temos, para os custos variáveis:


MOD R$ 3,00/unidade, embalagem R$ 1,50/unidade, MP R$ 5,00/unidade e
outros custos variáveis R$ 0,50/unidade. Para os valores fixos temos os seguintes
números: telefone da fábrica R$ 700,00/mês (ou período), depreciação da fábrica
R$ 3.230,00/período (ou mês), água da fábrica R$ 1.000,00/mês (ou período) e
supervisão (ou MOI) R$ 6.750,00/mês (ou período).

Inserindo esses dados na fórmula, temos:

Custo Unitário =

[(5,00 + 1,50 + 0,50 + 3,00) X 10.000)] + 700,00 + 3.230,00 + 1.000,00 + 6.750,00

10.000

Custo Unitário = R$ 11,168/unidade

O custo unitário (11,168) multiplicado pela quantidade vendida (9.000) resultará no


CPV: 11,168 X 9.000 = R$ 100.512,00.

Já as Despesas Operacionais (ADM, de Vendas e Financeiras) somente basta


somarmos os valores, pois geralmente são fixos e considerados diretamente
nas Contas de Resultados (DRE), não transitando pelos Estoques. Somente
devemos prestar atenção se existe despesa com vendas variáveis - geralmente
as comissões dos vendedores; que podem ser informadas ou pelo valor unitário
em percentual. No exemplo acima, uma das Despesas com Vendas citadas é
em percentual. Assim, devemos transformar o percentual de vendas em valores
monetários. Para tanto, basta multiplicarmos o percentual informado (2,30%) pela
Receita de Venda (187.200,00) - pois as comissões dos vendedores são pagas

154
Gestão de Custos e Preços

em proporção à quantidade vendida expressa em valores monetários (ou Reais)


- 187.200,00 X 2,30% = R$ 4.305,60. Se a comissão dos vendedores estivesse
expressa em valor monetário unitário, bastaria multiplicar o valor monetário
unitário pela quantidade vendida.

Depois de apresentado os cálculos e valores acima, iremos visualizar na


sequência a DRE pelo Absorção:

DRE pelo Absorção

Receita (+) 187.200,00

Impostos sobre Vendas (-) 51.667,20

Receita Liquida (=) 135.532,80

Custo do Produto Vendido (-) 100.512,00

Lucro Bruto (=) 35.020,80

Despesas Operacionais

Despesa Administrativa - ADM (-) 5.057,00

Despesa com Vendas

Despesa c/ Vendas Fixa (-) 5.920,00

Despesa c/ Vendas Variáveis (-) 4.305,60

Despesa Financeira (-) 8.540,00

Lucro Operacional (=) 11.198,20

A DRE pelo Absorção está demonstrada e terminada acima. Mas, para


concluirmos o assunto, devemos demonstrar o Estoque Final monetário pelo
Absorção. Assim, foram produzidas 10.000 unidades e vendidas 9.000; restando
no Estoque de Produtos Acabados 1.000 unidades (10.000 - 9.000). Ou seja,
1.000 multiplicado pelo Custo Unitário de uma unidade (11,168) informará o
Estoque Final em valores monetários: 1.000 X 11,168 = R$ 11.168,00.

155
Capítulo 8

Já o modelo da DRE pelo Custeio Variável a ser preenchido é o seguinte:

Receita (+)

Valores Variáveis

Todos os valores variáveis (-)

Margem de Contribuição (=)

Valores Fixos

Todos os valores fixos (-)

Lucro (=)

Analisando os valores já calculados para a DRE pelo Absorção, percebe-se


que já possuímos a maiores dos valores para inserirmos na DRE pelo Variável.
Aliás, somente um valor precisamos calcular, que não se encontra na DRE pelo
Absorção: Custo Variável Total e Estoque Final pelo Variável. Então, o Custo
Variável Total será o custo variável unitário (10,00) multiplicado pela quantidade
vendida (9.000) - 10,00 X 9.000 = 90.000,00. Visualizando a DRE pelo Custeio
Variável, temos:

DRE pelo Variável

Receita (+) 187.200,00

Valores Variáveis 145.972,80

Custo Variável Total (-) 90.000,00

Impostos s/ Vendas (-) 51.667,20

Despesa c/ Vendas (-) 4.305,60

Margem de Contribuição (=) 41.227,20

Valores Fixos 31.197,00

Custo Fixo (-) 11.680,00

Despesa ADM (-) 5.057,00

Despesa c/ Vendas (-) 5.920,00

Despesa Financeira (-) 8.540,00

Lucro (=) 10.030,20

156
Gestão de Custos e Preços

O Estoque Final pelo Custeio Variável será a quantidade produzida (10.000),


diminuído da quantidade vendida (9.000) e multiplicado pelo Custo Variável
Unitário (10,00) - (10.000 - 9.000) X 10,00 = R$ 10.000,00. Já que todo o Custo
Fixo foi somado na DRE pelo Variável como “despesa fixa do exercício”, no valor
de R$ 11.680,00; como pode ser observado acima.

Pode-se perceber que o Estoque Final pelo Variável (R$ 10.000,00) é menor do
que o Estoque Final pelo Absorção (R$ 11.168,00) – e sempre será assim. Os
dois Estoques Finais somente serão iguais em uma ocasião: quando a empresa
vender todo o Estoque (quando os dois Estoques Finais serão iguais a zero).

E, para terminar esse assunto, chama a atenção que na DRE por Custeio Variável
foram inseridos os Valores Fixos. A bem da verdade, não deveríamos inserir os
valores fixos na DRE por Custeio Variável - devido, justamente, ao Critério de
Rateio dos Valores Fixos (Custos Fixos e Despesas Fixas). Qual (is) critérios de
rateio deveríamos utilizar para ratear os valores fixos? Como no exemplo
citado acima, existe somente um produto, podemos inserir os valores fixos na
DRE pelo Variável, porque para a fabricação de somente um produto não há
necessidade de critérios de rateio; pois a produção é de somente um produto.
Entretanto, se considerarmos dois ou mais produtos em qualquer cálculo,
devemos ratear os valores fixos - com isso devemos perceber que qualquer valor
fixo abaixo da Margem de Contribuição não possui importância para a Análise de
Custos – devido, justamente, na definição do critério de rateio.

Por isso, em Análise de Custos, devemos nos restringir somente até a Margem
de Contribuição. Na Análise de Custos o Lucro do produto não possui a menor
importância em termos de informação, devido, justamente, à definição arbitrária
do critério de rateio dos valores fixos (custos fixos, notadamente).

157
Capítulo 8

Seção 4

Como se aplica o conceito de Margem de


Contribuição na condição de limitação na
Capacidade de Produção das empresas?
Limitação na capacidade de produção significa a existência de fatores que
impedem a empresa de produzir para atender a demanda do mercado. Isso quer
dizer que a empresa tem a intenção de produzir e vender seus produtos, para
aumentar seu lucro, mas que não possui os fatores de produção necessários
para fabricar os produtos que o mercado compra.

Entre os fatores de produção que podem faltar à empresa, podemos citar a falta
de matéria-prima (água, energia elétrica, embalagem, gás liquefeito de petróleo
(GLP), entre outros exemplos de MP), a falta de máquinas (expresso em número
de horas-máquinas (HM)), mão de obra direta (MOD) etc.

Porém, quando a empresa fabrica somente um produto, esse tipo de problema


não existe nas empresas; pois como é somente um produto, logicamente irá
diminuir a produção do único produto.

Entretanto, quando a empresa fabrica dois ou mais produtos, irá surgir a dúvida:
a empresa deve fabricar mais o produto Alfa ou fabricar mais o produto Beta,
para ter o maior retorno sobre o capital investido, maior rentabilidade?

Nesse tipo de problema, de dúvida (limitação na capacidade de produção), não


devemos utilizar o conceito de lucro do produto, devido justamente ao critério de
rateio dos valores fixos (custo fixo, notadamente). Devemos utilizar o conceito
de Margem de Contribuição, que irá responder adequadamente qual o produto a
empresa deve diminuir a produção e ter a maior rentabilidade possível.

Portanto, quando a empresa não possui limitação na capacidade de produção e


fábrica, e vende, dois ou mais produtos, a maior rentabilidade recairá no produto
que apresenta a maior Margem de Contribuição.

Entretanto, quando a empresa fabrica e vende dois ou mais produtos e existe


limitação na capacidade de produção, o produto mais rentável é aquele que
apresenta a maior Margem de Contribuição pelo fator limitante, ou seja, a nova
Margem de Contribuição é a divisão da MC normal pelo fator limitante.

158
Gestão de Custos e Preços

Para entendermos melhor o conceito de Limitação na Capacidade de Produção,


apresentaremos, na sequência, um exemplo e comentaremos a resolução do
problema:

Exemplo:

Determinada empresa apresenta o seguinte quadro para a produção e venda para


um determinado mês:

Quadro 8.9 - Produção e venda para um determinado mês

Tempo de Fabricação Demanda Prevista


Produto MC/unidade HM/unidade em unidades
Alfa R$ 450,00 12,00 HM/unidade 3.000 unidades
Beta R$ 380,00 8,00 HM/unidade 3.800 unidades

Fonte: Elaboração do autor, 2015.

Com o agravante que a empresa poderá trabalhar somente 60.000 HM no mês,


devido ao número de máquinas e operários. Ademais, a empresa deverá oferecer
os 2 (dois) produtos concomitantemente ao mercado, para não dar espaço ao
concorrente. Com esses dados e com essa limitação na capacidade de produção
(60.000 HM), a priori, faz-se duas perguntas: haverá corte de produção na
empresa? Qual o lucro máximo que a empresa consegue auferir no mês?
Justifique a sua resposta.

Este tipo de problema é fácil de resolver utilizando-se de um quadro, como pode


ser visto na sequência, somente as colunas:

Fator MC unitária Total do Total do Demanda


MC Limitante /Fator Demanda Fator Fator Atendida ou
Produto
Unitária por Limitante Prevista Limitante Limitante Produção
Unidade unitário Previsto Atendido da Empresa

Para montarmos o quadro acima, iremos comentar cada coluna separadamente e


na sequência.

A primeira coluna é o nome do produto e não possui maiores dificuldades,


conforme demonstrado a seguir.

Produto
Alfa
Beta

159
Capítulo 8

Depois acrescentamos a Margem de Contribuição unitária de cada produto. No


exemplo, ela já se encontra calculada. No entanto, se a MC unitária não estivesse
calculada, deveríamos calculá-la para inserir no quadro. Então, temos:

Produto MC unitária
Alfa R$ 450,00
Beta R$ 380,00

Na sequência, inseriremos o Fator Limitante em unidades, pois a MC também


está em unidades. Assim, os dois números ficam na mesma base, ou seja, em
unidades. Não haveria resolução do problema se a MC fosse em unidades
e o Fator Limitante fosse inserido pelo Total; ou vice-versa. Ademais, aqui é
importante conhecermos o nome do Fator Limitante e seu valor unitário; para,
justamente, inserirmos o nome correto do Fator Limitante no título da coluna.
Desse modo, temos:

Fator Limitante
Produto MC unitária HM/unidade
Alfa R$ 450,00 12,0 HM/unidade
Beta R$ 380,00 8,0 HM/unidade

A próxima coluna é a divisão da MC unitária pelo Fator Limitante unitário.

Fator Limitante MC unitária dividida pelo Fator


Produto MC unitária HM/unidade Limitante unitário
Alfa R$ 450,00 12,0 HM/unidade 450,00 / 12,0 = R$ 37,50/unidade
Beta R$ 380,00 8,0 HM/unidade 380,00 / 8,0 = R$ 47,50/unidade

Agora chegou a vez da coluna da Demanda Prevista. Ficando assim:

Fator Limitante Demanda


Produto MC unitária HM/unidade MC unit / FL unit Prevista

Alfa R$ 450,00 12,0 HM/unidade R$ 37,50/unidade 3.000 unidades


Beta R$ 380,00 8,0 HM/unidade R$ 47,50/unidade 3.800 unidades

É preciso calcular o quanto de Fator Limitante a empresa precisa para atender


a demanda. Ou, considerando o exemplo que estamos analisando: quanto de
horas-máquinas (HM) a empresa precisa para atender a Demanda. Para tanto, o
valor da coluna será simplesmente a multiplicação a quantidade de HM para se
fabricar uma unidade pela quantidade prevista para a Demanda. Ou seja, para
o produto Alfa, são necessárias 12,0 HM para se fabricar uma unidade, e como
estão previstas a venda de 3.000 unidade, então basta multiplicar 12,0 X 3.000.
Assim, para atender a Demanda do produto Alfa, a empresa precisa de 36.000
horas-máquinas (12,0 X 3.000 = 36.000), conforme demonstração:

160
Gestão de Custos e Preços

MC/ Fator Limitante Previsto ou


Produto MC unitária FL Demanda
FL HM Prevista
Alfa 450,00 12,0 37,50 3.000 12 X 3.000 = 36.000
Beta 380,00 8,0 47,50 3.800 8,0 X 3.800 = 30.400
Soma do Total do FL: 66.400

Constata-se que para atender a demanda, a empresa precisa de 66.400


horas-máquinas. Conforme os dados informados, a empresa possui somente
60.000 horas-máquinas. Recapitulando: para a empresa atender a Demanda é
necessário de 66.400 horas-máquinas, conforme calculado no quadro acima.
Entretanto, a empresa somente possui 60.000 horas-máquinas disponíveis.

Neste caso, a pergunta que se faz é a seguinte: qual produto a empresa deve
diminuir a produção e ter a maior rentabilidade possível?

Já que não podemos falar em lucro, dado que são dois produtos e para sabermos
o lucro necessariamente devemos ratear os valores fixos (notadamente o custo
fixo) entre os dois produtos. E como o critério de rateio depende da arbitrariedade
das pessoas que trabalham na área de custos, não há como definir o melhor
critério de rateio dos valores fixos (custo fixo, notadamente).

Recapitulando o conceito de Limitação na Capacidade de Produção,


quando não há limitação na capacidade de produção, o produto
mais rentável para a empresa é o que apresenta a maior Margem de
Contribuição. Agora, quando há limitação na capacidade de produção,
o produto mais rentável para a empresa é o que apresenta a maior MC
dividida pelo Fator Limitante. Analisando o quadro, pode-se observar que a
maior MC/FL é do produto Beta (R$ 47,50 HM/unidade).

Como o produto Beta é o mais Rentável com limitação na capacidade de


produção, a empresa deve diminuir a produção do produto Alfa e fabricar o
máximo que puder do produto Beta (até a quantidade da demanda).

Considerando que a empresa possui somente 60.000 HM para ser utilizada, e que
deve diminuir a produção do produto Alfa, produzir o máximo de produto Beta
e que a Demanda do produto Beta irá consumir 30.400 HM (8 X 3.800), então,
devemos diminuir a quantidade de HM disponível da quantidade de HM do produto
Beta para sabermos quantas HM iremos utilizar no produto Alfa. Por isso, a conta
é a seguinte: 60.000 - 30.400 = 29.600. Em todo caso, a quantidade de HM de Alfa
mais a quantidade de HM de Beta deve ser de, no máximo, 60.000 HM.

161
Capítulo 8

Um fato importante: o total da coluna Fator Limitante para a produção ou,


no caso do exemplo acima, HM para a produção sempre será o total do
Fator Limitante disponível da empresa.

No exemplo em análise, o total da Coluna que estamos calculando é 60.000 HM;


que é a quantidade de HM que a empresa dispõe. Sempre será assim.

Fator Limitante Fator Limitante para a


MC/
Produto MC unitária FL Demanda Previsto ou HM Produção ou HM para a
FL
Prevista Produção
Alfa 450,00 12,0 37,50 3.000 36.000 29.600
Beta 380,00 8,0 47,50 3.800 30.400 30.400
Valores Totais è 66.400 60.000

Agora que sabemos quantas horas-máquinas a empresa irá utilizar para os


dois Produtos, iremos calcular quantos produtos de Alfa e quantos de Beta a
empresa irá fabricar para ter a maior rentabilidade. Para tanto, basta dividirmos a
quantidade de HM de cada produto pelo Fator Limitante unitário.

Visto que, para conhecermos o Fator Limitante Total multiplicamos a HM unitária


pela Demanda, para “voltarmos” iremos dividir o Fator Limitante para a produção
(ou HM para a Produção) pelo Fator Limitante unitário. Assim, por exemplo,
para o produto Alfa, basta dividir 29.600 por 12,0, onde encontraremos que a
produção de Alfa será de 2.466,66 unidades (29.600 / 12 = 2.466,66). Acompanhe
o raciocínio.

Fator FL p/
Limitante
MC MC/ Produção
Produto F. L. Demanda Previsto Produção
Unitária FL ou HM p/
ou HM Produção
Prevista

29.600 / 12
Alfa 450,00 12,0 37,50 3.000 36.000 29.600
= 2.466
30.400 / 8 =
Beta 380,00 8,0 47,50 3.800 30.400 30.400
3.800
Valores Totais è 66.400 60.000

Portanto, a melhor otimização da produção para a empresa, com limitação na


capacidade de produção, para ter a melhor rentabilidade possível, é produzir
2.466 unidades do produto Alfa e 3.800 unidades do produto Beta. Para
sabermos quanto que a empresa irá “ganhar” com essa produção, basta
fazermos a DRE.

Por isso, iremos montar a DRE da produção da empresa. Mas, antes um


comentário importante: como estamos tratando de Análise de Custos, e não
de Avaliação de Estoque para fins fiscais, iremos montar a DRE pelo Custeio

162
Gestão de Custos e Preços

Variável, e não pelo Absorção. Se fosse pelo Absorção, teríamos que ratear
os valores fixos (custos fixos, notadamente), e definir os critérios de rateio dos
custos é uma subjetividade que depende de cada pessoa que trabalha na área de
custo.

Quantidade MC Total
Produto MC unitária Produzida e Vendida
Alfa R$ 450,00/unidade 2.466 R$ 1.109.700,00
Beta R$ 380,00/unidade 3.800 R$ 1.444.000,00
Margem de Contribuição Total è R$ 2.553.700,00
Valores Fixos è xxx,xx
Lucro è xxx,xx

Recordando, em Análise de Custos somente utiliza-se a DRE pelo Custeio


Variável. E no Custeio Variável, todos os valores abaixo da Margem de
Contribuição não possuem interesse, pois os valores abaixo da MC
são fixos, e esses dependem de critérios de rateio, dependendo da
arbitrariedade das pessoas de custos que definem os critérios de rateios.
Então, a maior MC Total que a empresa consegue com essa combinação
de produção é R$ 2.553.700,00.

Entretanto, analisando as informações acima, vemos que: se a empresa tivesse


fabricado mais o produto Alfa e fabricado menos o produto Beta, será que a MC
Total seria maior do que os 2.553.700,00, ou seria um valor menor do que esse?

Assim, para justificarmos que a resposta acima está correta, a melhor opção
para a empresa iremos montar na sequência, ou seja, o quadro da Limitação na
Capacidade de Produção diminuindo a produção de Beta e depois montarmos a
DRE. Para comprovarmos que a primeira opção é a mais rentável para a empresa.
De outra forma: a primeira opção é que proporciona a maior MC Total.

Fator FL p/
Limitante
MC MC/ Produção
Produto F. L. Demanda Previsto Produção
Unitária FL ou HM p/
ou HM Produção
Prevista
36.000 / 12 =
Alfa 450,00 12,0 37,50 3.000 36.000 36.000
3.000
24.000 / 8 =
Beta 380,00 8,0 47,50 3.800 30.400 24.000
3.000
Valores Totais è 66.400 60.000

163
Capítulo 8

Com esta nova opção de produção, temos que a empresa pode fabricar 3.000
unidades de Alfa e 3.000 unidades de Beta. Agora, somente falta fazermos a DRE
pelo Custeio variável desta opção de produção para sabermos se a MC Total será
maior ou menor que o calculado na primeira opção. Então, temos a seguir a DRE
pelo Custeio Variável:

Quantidade MC Total
Produto MC unitária Produzida e Vendida
Alfa R$ 450,00/unidade 3.000 R$ 1.350.000,00
Beta R$ 380,00/unidade 3.000 R$ 1.140.000,00
Margem de Contribuição Total è R$ 2.490.000,00
Valores Fixos è xxx,xx
Lucro è xxx,xx

Assim, percebe-se que a primeira opção é melhor do que a segunda opção. E,


repetindo, quando há Limitação na Capacidade de Produção da empresa, a
empresa deve diminuir a produção do produto menos rentável, considerando
a limitação na capacidade de produção. Ademais, quando não há limitação na
capacidade de produção, o produto mais rentável para a empresa é o produto que
apresenta a maior MC unitária. E, havendo Limitação na Capacidade de Produção
na empresa, o produto mais rentável para a empresa é aquele que apresenta a
maior MC unitária dividido pelo Fator Limitante unitário.

Mas, o conceito de MC unitária dividido pelo Fator Limitante unitário deve ser usado
somente na análise de qual produto a empresa irá diminuir ou manter na produção.
Na DRE devemos utilizar a MC unitária, digamos, normal. Pois a MC unitária é um
valor monetário; já a MC unitária dividida pelo Fator Limitante unitário não é um valor
monetário, e sim um índice.

Então, como demonstrado acima, percebe-se que é fácil calcular a melhor otimização
da rentabilidade da empresa quando a empresa apresenta Limitação na Capacidade
de Produção. Entretanto, ressalta-se que esse tipo de cálculo é fácil quando existe
somente um limitador na capacidade de produção: quando a empresa apresenta mais
de um limitador na capacidade de produção, o raciocínio apresentado acima não é
válido. Se a empresa apresentar mais de um limitador na capacidade de produção,
então, devemos utilizar os conceitos da Pesquisa Operacional (Programação Linear,
Programação Não-linear, Método Simplex, entre outros Métodos).

Também se chama a atenção que, para qualquer problema de Pesquisa


Operacional com uma só variável, o raciocínio demonstrado acima é valido
e resolve o problema. O detalhe é que a maioria dos problemas de Pesquisa
Operacional dificilmente se encontra somente uma variável, geralmente são
muitas variáveis. Ademais, em muitos software de cálculo (Excel ®, por exemplo)
existem rotinas que calculam os valores de exemplos de problemas de Pesquisa
Operacional; mas somente para poucas variáveis - esses softwares não calculam
para muitas variáveis, pois os cálculos são complexos.

164
Gestão de Custos e Preços

Atividades de autoavaliação
1. Determinada empresa fabrica dois produtos: Amarelo e Laranja. Abaixo são
informados os valores pertinentes aos dois Produtos e outros valores de produção.

Produtos Produção e Venda Preço de Venda


Amarelo 9.500 unidades R$ 11,20/unidade
Laranja 10.000 unidades R$ 13,78/unidade

Os custos variáveis gastos em cada produto estão discriminados no quadro abaixo:

Custos Amarelo (em R$) Laranja (em R$)


M.O.D. 3,80/unidade 4,20/unidade
M.P. 2,50/unidade 3,40/unidade
Embalagem 1,80/unidade 3,20/unidade

Os custos fixos relacionados com a capacidade de produção foram definidos


pela área de Custos, nas seguintes nomenclaturas e valores: Supervisão (MOI)
R$ 7.000,00; Aluguel R$ 3.200,00; Seguro R$ 2.800,00 e Depreciação R$
1.500,00. Ademais, a área de Custos também sugere que os valores fixos podem
ser rateados aos dois Produtos, levando-se em consideração a soma da MOD
unitária de cada Produto, a soma da MOD Total de cada Produto, a soma da
MP unitária de cada Produto, a soma da MP Total de cada produto, a soma da
Embalagem unitária de cada produto ou ainda a soma da Embalagem Total de
cada produto. Com esses dados, o gerente da parte fabril da empresa gostaria
de saber o seguinte: qual Produto é mais rentável para a empresa? Qual a razão
deste produto ser mais rentável? Qual produto a empresa deve incentivar mais a
produção e venda?

Resposta:

2. A Empresa Água da Serra fabrica duas bebidas destiladas: Cachaça e Uísque.


Para a primeira Bebida a empresa incorre em custos variáveis de R$ 2,20/litro.
Para a segunda Bebida, a empresa incorre em custos variáveis de R$ 3,20/litro.
O preço de venda da Cachaça é de R$ 16,80/litro e o do Uísque é de R$ 17,60/
litro. Os custos fixos da destilaria para o mês em análise somam o total de R$
88.957,00 e são rateados aos produtos em proporção à quantidade produzida.
A área de Custos informa também que os impostos sobre venda totalizam o
percentual de 55,00 % para a Cachaça e 42,00 % para o Uísque. Sabe-se que
no presente período a empresa fabricou 28.670 litros e vendeu 25.430 litros de
Cachaça e 12.020 litros e 11.970 litros de Uísque, respectivamente. Com essas
informações, pergunta-se: neste período em análise, qual foi o Produto mais
rentável para a empresa?

Resposta:

165
Capítulo 8

3. A Empresa Ábaco Computadores e Sistemas S/A possui condições de produzir


5.000 computadores por mês. Entretanto, devido a uma retração do mercado e à
forte concorrência, a referida empresa somente está fabricando e vendendo 4.000
computadores por mês. Neste mês, recebe uma proposta de um grande cliente
para adquirir 800 computadores a um preço de R$ 630,00/unidade, pelo lote.
O pessoal da área de Custos informou que os custos e despesas variáveis de
produção importam em R$ 600,00 por unidade e que os custos e despesas fixos
somam todo mês o valor de R$ 2.000.000,00. Normalmente, a empresa pratica
um preço de venda para o seu produto de R$ 1.200,00 por unidade. Com essas
informações, pergunta-se: a empresa deve aceitar a proposta? Justifique a sua
resposta.

Resposta:

4. A Indústria Bons Amigos S/A, fabricante de impressora tipo jato de tinta,


possui uma capacidade de produção de 12.350 unidades. Devido à concorrência
acirrada, a empresa somente está produzindo e vendendo a quantia de 9.350
unidades. Pergunta-se: se a empresa receber uma encomenda de um cliente
especial, digamos de 1.400 unidades, e a Margem de Contribuição desse pedido
especial importar em R$ 7,15/unidade, qual o acréscimo de lucro que a empresa
terá, se ela atender esse pedido especial?

Resposta:

5. Determinada empresa informa os seguintes valores, conforme quadro abaixo:

Nomenclaturas Valores Nomenclaturas Valores


Despesas c/ vendas R$ 2.620,00/mês Água da fábrica R$ 5.075,00/mês
Unidades vendidas 2.760 unidades Preço de venda R$ 15,30/unidade
Matéria-prima R$ 2,00/unidade Embalagem R$ 1,00/unidade
Mão de obra direta R$ 3,00/unidade Unid produzidas 4.520 unidades
Depreciação da fábrica R$ 7.715,00/período Despesas ADM: R$ 3.240,00/mês

A empresa informa também que os Impostos sobre Vendas são de 21,3 % sobre
as vendas brutas e que a Comissão dos Vendedores é de 2,0 %, também sobre
as vendas brutas. Com esses valores pede-se a DRE pelo Custeio por Absorção
e a DRE pelo Custeio Variável.

Resposta:

166
Gestão de Custos e Preços

6. A empresa da Serra S.A. tem uma produção mensal de 74.460 unidades. Para
esse período está prevista uma venda de 52.340 unidades. A referida empresa
informa que seus valores (ganhos e gastos) para o período em análise estão
assim estimados:

Denominação Valor Denominação Valor


Observação: todos os valores estão informados em Reais (R$)
Água da fábrica 1.282,00/período Despesas c/ Vendas 0,50/unidade
Impostos s/ vendas 4,50/unidade M.O.I. 289.160,00/período
Despesas c/ Vendas 4.820,00/mês Amortização fábrica 6.580,00/período
Embalagens 0,20/unidade Despesas ADM 4.250,00/mês
Despesas Financeiras 7.930,00/mês Preço de Venda 12,70/unidade
M.P. 0,42/unidade Seguro da fábrica 1.500,00/período
Deprec. da fábrica 7.940,00/mês M.O.D. 0,90/unidade

Com estes valores pede-se a DRE pelo Custeio por Absorção e a DRE pelo
Custeio Variável.

7. A Indústria de Moveis Santa Clara S/A apresenta o seguinte quadro de sua


produção:

Matéria-prima
Mesa Preço de Venda M.O.D. Embalagem
m3 Valor Demanda
(------------------------- valores unitários -----------------------)
4 pessoas R$ 230,00 R$ 50,00 2,0 R$ 38,00 R$ 14,00 500 unidades
6 pessoas R$ 280,00 R$ 60,00 3,0 R$ 38,00 R$ 20,00 420 unidades
8 pessoas R$ 351,00 R$ 80,00 4,0 R$ 38,00 R$ 23,00 400 unidades

Normalmente, a empresa atende a todos os pedidos dos clientes utilizando a sua


capacidade total de fabricação. E para a capacidade total de produção a empresa
possui um custo fixo de R$ 38.945,00, que é rateado de acordo com o consumo
de MP total. Devido às fortes chuvas, o fornecedor de matéria-prima entregou no
presente mês o total de 2.950 m3 de madeira. Com essas informações, pergunta-
se: qual produto a empresa deve diminuir da sua produção no período, atender a
demanda e possibilitar a máxima rentabilidade possível. Justifique sua resposta
por meio de DREs.

Resposta:

167
Capítulo 8

8. Determinada empresa química produz três produtos, para tanto, apresenta os


valores do quadro abaixo:

Outros
Preço M. P.
Custos MOD Embalagem Demanda
Venda Acetona
Produto Variáveis (em Reais) (em Reais) (em
(em Reais) (em litro)
(em Reais) unidades)
(----------------------------valores unitários----------------------------)
Alfa 60,08 12,50 18,60 4,30 3,9361 2.200
Beta 81,94 14,50 35,58 4,80 5,6456 2.880
Gama 75,25 13,20 22,60 3,80 7,7371 1.820

Sabe-se que a Petrobrás somente poderá fornecer 30.441 litros de acetona para
o período em análise, devido a problemas de manutenção na refinaria que produz
a acetona, ao preço total de R$ 71.226,86. A área de Custos também informa que
os CIFs totalizaram, no mês em análise, o valor de R$ 32.057,26 e são rateados
aos produtos em proporção à quantidade de MP física unitária. Com os dados
citados acima, pergunta-se: qual o lucro máximo possível que a empresa
consegue auferir no período? Justifique a sua resposta.

Resposta:

Respostas e comentários das atividades de


autoavaliação
1.

Produto P. V. MOD MP Embalagem M. C.


Alfa 11,20 3,80 2,50 1,80 3,10
Beta 13,78 4,20 3,40 3,20 2,98

Comentários às Perguntas:

Qual o Produto é mais rentável para a empresa? Resposta: é o Produto Alfa.


Qual a razão deste produto ser mais rentável? Resposta: maior Margem de
Contribuição unitária. Qual produto a empresa deve incentivar mais a produção e
venda? Resposta: o Produto Alfa, pois possui a maior Margem de Contribuição e
é o produto mais rentável para a empresa.

168
Gestão de Custos e Preços

2.

Impostos
Preço de Custos MC
Produtos Valor Monetário
Venda Variáveis Percentual Unitária
Unitário
Cachaça 16,80 2,20 55% 9,24 5,36
Uísque 17,60 3,20 42% 7,39 7,01

Comentário a resposta da pergunta: assim, para sabermos qual o Produto é mais


rentável para a empresa, basta calcularmos a Margem de Contribuição unitária. E
pelo que se observa acima, o Produto mais rentável é o Uísque, pois apresenta a
maior MC unitária - R$ 7,01/unidade.

3.

DRE Aceita Não Aceita


Receita 5.304.000,00 4.800.000,00
Nacional 4.800.000,00
Exportação 504.000,00
Custos Variáveis 2.880.000,00 2.400.000,00
Nacional 2.400.000,00
Exportação 480.000,00
Custos Fixos 2.000.000,00 2.000.000,00
Lucro 424.000,00 400.000,00

Comentários às Perguntas:

A empresa deve aceitar a proposta, pois terá um lucro a mais, um plus, de


24.000,00 (424.000,00 - 400.000,00). Em todo caso, não havia necessidade
de se calcular a DRE, bastava calcular a MC unitária do pedido especial e
multiplicar pela quantidade vendida. Ficaria assim: preço de venda do pedido
especial (630,00) menos os valores variáveis do pedido especial (600,00) será
igual a MC do pedido especial (630,00 - 600,00 = 30,00). A MC do pedido
especial multiplicado pela quantidade do pedido especial (800) dará o lucro
a mais da empresa (800 X 30,00 = 24.000,00). Que é a mesma diferença dos
Lucros calculados nas DREs acima. Ademais, perceba, nas DREs acima, que
podemos ter duas linhas distintas para a Receita, inclusive com preços de vendas
diferentes. Podemos ter duas linhas para os custos variáveis (valores variáveis,
de maneira geral), mas os valores dos custos sempre serão iguais - pois os
produtos são iguais. Mas, não podemos ter duas linhas distintas para os valores
fixos (custos fixos, notadamente), pois os custos fixos são para a capacidade
de produção, e não para os produtos. Assim, se a empresa fabricar somente um
produto, ou se a empresa fabricar a capacidade de produção, os custos fixos
(valores fixos, de maneira geral), sempre será o mesmo. Resumindo: não existe
custo fixo para produto, existe custo fixo para a capacidade de produção.

169
Capítulo 8

4. Para respondermos a pergunta do Exercício, basta multiplicarmos a quantidade


vendida da impressora jato de tinta pela Margem de Contribuição unitária da
impressora. Assim, temos: 1.400 X R$ 7,15/unidade = R$ 10.010,00. Então, o
acréscimo no Lucro da empresa será de R$ 10.010,00. Perceba: não sabemos
o Lucro Total da empresa, mas sabemos que, se a empresa atender ao pedido
do cliente especial, ganhará a mais o valor calculado acima. Com isto podemos
dizer que a empresa pode estar tendo Lucro ou prejuízo, mas se atender o pedido
especial, ganhará os R$ 10.010,00 a mais.

5.

DRE
Absorção Variável
Receita Bruta 42.228,00 Receita Bruta 42.228,00
Imp. s/ Vendas 8.994,56 Valores Variáveis 26.399,12
Receita Líquida 33.233,44 Custos Variáveis 16.560,00
C.P.V. 24.369,82 Impostos 8.994,56
Lucro Bruto 8.863,62 Desp. V. Var. 844,56
Desp. Operacional Marg. Contrib. 15.828,88
Desp. ADM 3.240,00 Valores Fixos 18.650,00
Desp. Vendas 3.464,56 Custos Fixos 12.790,00
Fixas 2.620,00 Desp. ADM 3.240,00
Variáveis 844,56 Desp. Vendas 2.620,00
Lucro Operacional 2.159,06 Lucro Líquido (2.821,12)

Estoque Final 15.540,18 Estoque Final 10.560,00

O valor do CPV é encontrado com os seguintes cálculos:

Custo unitário = [(2,00+3,00+1,00) X 4.520] + [(7.715,00+5.075,00)] = 8,829646

4.520

CPV = Qtidade Vendida X C. Unit = 2.760 X 8,829646 = 24.369,82. E o Estoque


Final pelo Absorção será R$ 8,829646/unidade X 1.760 (4.520 - 2.760) =
15.540,18. E o Estoque Final pelo Variável será R$ 6,00/unidade (2,00+3,00+1,00)
X 1.760 (4.520 - 2.760) = 10.560,00.

170
Gestão de Custos e Preços

6.

DRE
Custeio por Absorção Custeio Variável
Receita Bruta 664.718,00 Receita Bruta 664.718,00
Imp s/ Vendas 235.530,00 C. Variável 79.556,80
Receita Liquida 429.188,00 Imp. s/ Vendas 235.530,00
C.P.V. 294.977,44 Desp. Variável 26.170,00
Lucro Bruto 134.210,56 Valores Variáveis 341.256,80
Desp. Operacional   M. C. 323.461,20
Desp. ADM 4.250,00 Custos Fixos 306.462,00
Desp. Vendas   Desp. ADM 4.250,00
Fixas 4.820,00 Desp. Vendas 4.820,00
Variáveis 26.170,00 Desp. Financ. 7.930,00
Desp. Financ. 7.930,00 Valores Fixos 323.462,00
Lucro Líquido 91.040,56 Lucro Líquido (0,80)

Estoque Final 124.663,76 Estoque Final 33.622,40

O valor do CPV é encontrado com os seguintes cálculos:

Custo unitário = [(0,42+0,20+0,90) X 74.460] + [(1.282,00+7.940,00+6.580,00+1.500,00+289.160,00)] = 5,6357937


74.460

CPV = Qtidade Vendida X C. Unit = 52.340 X 5,6357937 = 294.977,44. E o


Estoque Final pelo Absorção será R$ 5,6357937/unidade X 22.120 (74.460 -
52.340) = 124.663,76. E o Estoque Final pelo Variável será R$ 1,52/unidade
(0,42+0,20+0,90) X 22.120 (74.460 - 52.340) = 33.622,40.

7. Antes de apresentarmos a planilha do cálculo da produção otimizada da


empresa, iremos apresentar a do cálculo da Margem de Contribuição. Que é a
seguinte:

Cálculo do Custo Unitário da MP


Produtos: (multiplicação)
Preço de MOD Embalagem M. C.
Venda
Valor Custo
Mesas Metro Unitário da Unitário
Cúbico Madeira da MP
Quatro 230,00 50,00 2 38,00 76,00 14,00 90,00
Seis 280,00 60,00 3 38,00 114,00 20,00 86,00
Oito 351,00 80,00 4 38,00 152,00 23,00 96,00

171
Capítulo 8

E a planilha da produção otimizada é a seguinte:

Fator FL p/ FL p/
Produtos M. C. MC / FL Demanda Produção
limitante demanda produção
Quatro 90,00 2,0 45,00 500 1.000 1.000 500
Seis 86,00 3,0 28,67 420 1.260 1.260 420
Oito 96,00 4,0 24,00 400 1.600 690 172
3.860 2.950

Assim, se a empresa vender 500 mesas de quatro lugares, vender 420 mesas
de seis lugares e vender 172 mesas de oito lugares, terá a maior rentabilidade
possível. Para sabermos o quanto a empresa ganhará com a Margem de
Contribuição total, é apresentada abaixo a DRE pelo Custeio Variável:

DRE pelo Custeio Variável


Mesas MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Quatro 90,00 500 45.000,00
Seis 86,00 420 36.120,00
Oito 96,00 172 16.512,00
Margem de Contribuição Total è 97.632,00
Valores Fixos
Lucro

Se quisermos ter certeza de que esta Margem de Contribuição total será a maior
MC total que a empresa consegue diminuindo a produção da Mesa para Oito
Pessoas, devemos na sequência diminuir a produção da Mesa para Quatro
Pessoas e depois diminuir a produção da Mesa para Seis Pessoas. Com estas
próximas duas DREs verificaremos que a primeira opção sempre será melhor
para a empresa. Então, na sequência as duas outras DREs.

Diminuindo a produção para da Mesa de Quatro Pessoas:

Fator FL p/ FL p/
Produtos M. C. MC / FL Demanda Produção
limitante demanda produção
Quatro 90,00 2,0 45,00 500 1.000 90 45
Seis 86,00 3,0 28,67 420 1.260 1.260 420
Oito 96,00 4,0 24,00 400 1.600 1.600 400
3.860 2.950

172
Gestão de Custos e Preços

E a DRE é a seguinte:

DRE pelo Custeio Variável


Mesas MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Quatro 90,00 45 4.050,00
Seis 86,00 420 36.120,00
Oito 96,00 400 38.400,00
Margem de Contribuição Total è 78.570,00
Valores Fixos
Lucro

Diminuindo a produção da Mesa para Seis Pessoas:

Fator FL p/ FL p/
Produtos M. C. MC / FL Demanda Produção
limitante demanda produção
Quatro 90,00 2,0 45,00 500 1.000 1.000 500
Seis 86,00 3,0 28,67 420 1.260 350 116
Oito 96,00 4,0 24,00 400 1.600 1.600 400
3.860 2.950

E a DRE é a seguinte:

DRE pelo Custeio Variável


Mesas MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Quatro 90,00 500 45.000,00
Seis 86,00 116 9.976,00
Oito 96,00 400 38.400,00
Margem de Contribuição Total è 93.376,00
Valores Fixos
Lucro

Então, repetindo, se a empresa diminuir a produção da Mesa para Oito Pessoas


terá uma MC Total de R$ 97.632,00. Se diminuir a produção da Mesa para Quatro
Pessoas terá uma MC Total de R$ 78.570,00. E se diminuir a produção da Mesa
para Seis Pessoas terá uma MC Total de 93.376,00. Assim, com estas duas DREs
a mais justificamos a resposta correta resolvida mais acima.

173
Capítulo 8

8. Antes de resolvermos o Exercício e indicarmos qual o melhor Resultado para


a empresa, devemos calcular a Margem de Contribuição unitária. Para tanto a
maioria dos valores são informados objetivamente. Mas, existe um valor que não
está informado objetivamente e que devemos calcular para depois pudermos
calcular a MC unitária: é o valor monetário unitário da Matéria-prima. Assim, o
total a ser pago pela MP (Acetona) é de R$ 71.226,86. A e quantidade de litros a
ser comprada é de 30.441 litros. Então, dividindo-se 71.226,86 por 30.441 temos
o custo unitário de um litro: R$ 2,33984/litro.

E na sequência o quadro do cálculo da MC unitária:

Cálculo do Custo Unitário da MP


Preço Emba- Outros (multiplicação)
Produtos de MOD Custos M. C.
Venda lagem Variáveis Valor Custo
Litros Unitário da Unitário
Acetona da MP
Alfa 60,08 18,60 4,30 12,50 3,9361 2,33984 9,21 15,47
Beta 81,94 35,58 4,80 14,50 5,6456 2,33984 13,21 13,85
Gama 75,25 22,60 3,80 13,20 7,7371 2,33984 18,10 17,55

E o quadro da produção otimizada é a seguinte:

Fator MC / FL p/ FL p/
Produtos M. C. Demanda Produção
limitante FL demanda produção
Alfa 15,47 3,9361 3,93 2.200 8.659,42 8.659,42 2.200
Beta 13,85 5,6456 2,45 2.880 16.259,33 16.259,33 2.880
Gama 17,55 7,7371 2,27 1.820 17.081,52 5.522,10 713
39.000,27 30.441

Assim, se a empresa diminuir a produção do Produto Gama terá a maior


Rentabilidade possível. Se quisermos saber quanto será a Margem de
Contribuição total é apresentada na sequência a DRE, pelo Custeio Variável:

DRE pelo Custeio Variável


Mesas MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Alfa 15,47 2.200 34.034,30
Beta 13,85 2.880 39.888,50
Gama 17,55 713 12.523,16
Margem de Contribuição Total è 86.445,96
Valores Fixos
Lucro

174
Gestão de Custos e Preços

Em todo caso, neste tipo de problema sempre haverá a dúvida: e se diminuirmos a


produção do produto Alfa ou se diminuirmos a produção do produto Beta será que a
Margem de Contribuição será maior ou será menor do que diminuirmos a produção
do produto Gama? Para sanarmos esta dúvida, iremos, na sequência, apresentar
o quadro da diminuição da produção de Alfa, e a respectiva DRE pelo Variável, e
depois o quadro da diminuição do produto Beta e a respectiva DRE pelo Variável.

Diminuindo a produção para o produto Alfa:

Fator MC / FL p/ FL p/
Produtos M. C. Demanda Produção
limitante FL demanda produção
Alfa 15,47 3,9361 3,93 2.200 8.659,42 100,00 25
Beta 13,85 5,6456 2,45 2.880 16.259,33 16.259,33 2.880
Gama 17,55 7,7371 2,27 1.820 14.081,52 14.081,542 1.820
39.000,27 30.440,85

E a DRE é a seguinte:

DRE pelo Custeio Variável


Produtos MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Alfa 15,47 25 393,03
Beta 13,85 2.880 39.888,50
Gama 17,55 1.820 31.934,43
Margem de Contribuição Total è 72.215,95
Valores Fixos
Lucro

Diminuindo a produção para o produto Beta:

Fator MC / FL p/ FL p/
Produtos M. C. Demanda Produção
limitante FL demanda produção
Alfa 15,47 3,9361 3,93 2.200 8.659,42 8.659,42 2.200
Beta 13,85 5,6456 2,45 2.880 16.259,33 7.699,91 1.363
Gama 17,55 7,7371 2,27 1.820 14.081,52 14.081,52 1.820
39.000,27 30.440,85

E a DRE é a seguinte:

DRE pelo Custeio Variável


Produtos MC unitária Qtidade Vendida MC Total
Alfa 15,47 2.200 34.034,30
Beta 13,85 1.363 18.889,94
Gama 17,55 1.820 31.934,43
Margem de Contribuição Total è 84.858,67
Valores Fixos
Lucro

175

You might also like