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2009
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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a humanidade tem sido despertada para as questões ambientais. A
partir de uma visão que privilegiava o Homem em detrimento do meio ambiente e seus
recursos, passou-se, progressivamente, a um estágio no qual é impensável a escolha de um
caminho que não tenha a sustentabilidade como seu foco principal.
O grande crescimento populacional, a Revolução Industrial e a crescente integração
da raça humana, gerando um ímpeto de demanda por bens de consumo e produção, tornaram
evidente a necessidade de se entender os aspectos renovável e não-renovável dos recursos
naturais utilizados.
Alguns acontecimentos marcaram esta mudança progressiva na maneira como o
Homem enxerga seu mundo. A corrida espacial, por exemplo, começou a mostrar uma
imagem diferente de nosso planeta – “A Terra é azul!”, diria o cosmonauta Yuri Gagarin,
durante o primeiro vôo orbital feito por um ser humano. Começava a surgir a consciência
global, tendo o planeta Terra como a única habitação da ser humano.
Hoje, o Homem parece estar compreendendo melhor a urgência por mudanças
estruturais de grande vulto na sociedade moderna. Desde pequenas ações pessoais, como a
separação do lixo reciclável residencial, ou o uso racional da água utilizada, até mudanças que
exijam muito em termos globais da sociedade, como o repensar as práticas de consumo da
população em geral, e o planejamento de um sistema de ensino que valorize a educação
ambiental.
Muito ainda há para se fazer, e grandes os obstáculos a se vencer, e a tônica das
ações e projetos a serem trabalhados a partir de agora é a de tornar possível a utilização dos
meios e recursos que o planeta oferece, sem que isto torne impossível o seu usufruto pelas
gerações futuras. Dentro deste cenário, o profissional de Engenharia Ambiental, por sua visão
multidisciplinar e global, é parte importante no desenvolvimento de soluções ambientais de
engenharia, no estabelecimento de critérios de ação sustentável, e na educação ambiental.
2. OBJETIVOS
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- Análise geral acerca dos impactos causados pelo ser humano sobre os recursos
naturais;
3. METODOLOGIA
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Desde que os povos começaram a reconhecer que sua saúde e bem estar estavam
relacionados à qualidade de seu meio ambiente, passaram a buscar soluções para isso, numa
tentativa de melhorar a qualidade de seu ambiente. Muitas civilizações antigas possuíam
latrinas (fig.1) e redes de esgotos em algumas cidades. Os Romanos construíram aquedutos
para se prevenirem de secas e para criar um suprimento limpo e saudável de água para a
metrópole Roma.
Figura 1: Ruínas de uma latrina pública datada da era romana (primeiro século D.C.), na cidade de Éfeso, Turquia.
Fonte: HARDING, 1998.
importantes são as leis que decretaram a construção dos esgotos de Londres e Paris no século
XIX e a criação dos parques nacionais norte-americanos no início do século XX.
Figura 2: Crescimento populacional mundial através da história. Fonte: Population Reference Bureau,
2009.
A água é um dos recursos naturais de maior valor do nosso planeta, tanto pela sua
quantidade (cerca de 70% da superfície terrestre) quanto pela sua importância para a
manutenção da vida. No entanto, apesar da enorme quantidade de água que a Terra possui,
efetivamente, muito pouco dela está disponível para o consumo humano direto (fig. 4). Por
causa disso, estima-se que algumas regiões do mundo sofrerão com a escassez ou falta de
água em um futuro próximo (UNEP, 2009).
A qualidade da água vem sendo deteriorada principalmente em razão dos despejos de
efluentes industriais e domésticos nos corpos de água. Outro fator causador de poluição da
água, tanto superficial quanto subterrânea, é o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, que
são levados aos cursos d’água através do escoamento superficial e da infiltração até os níveis
inferiores, nos lençóis subterrâneos.
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meio ambiente local e global. A má destinação dos rejeitos é um exemplo de como a ação do
Homem pode degradar o meio ambiente, poluindo o solo (fig. 5). No decorrer da história
recente, a poluição causada ao solo pela deposição desses resíduos sem o devido tratamento
tem sido enorme, principalmente pela introdução de novos compostos não biodegradáveis.
Figura 6: A variação do buraco de Ozônio na Antártida ano a ano, de 1979 até 1997. Fonte: NASA/GSFC.
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Figura 7: Gráfico mostrando a correlação entre o aumento da temperatura e as concentrações de CO2 históricas.
Fonte: UNEP, disponível em: http://www.unep.org/geo/ice_snow
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Pela primeira vez em sua história, constata-se que a Terra, seus ecossistemas e seus
recursos naturais podem entrar em colapso devido, única e exclusivamente, às ações do
Homem. Isto significa que as mudanças climáticas e ambientais podem tomar um rumo
irreversível, a tal ponto que isto impossibilite a própria vida na Terra.
Nas últimas décadas, várias cúpulas e encontros internacionais tem ocorrido, onde
protocolos e acordos tem sido elaborados com o intuito de estabelecer novos padrões para a
redução dos efeitos da ação antropogênica sobre o planeta. Dentro deste quadro, estabeleceu-
se uma nova palavra de ordem para a presente realidade humana: a sustentabilidade.
6. SUSTENTABILIDADE
6.1. Definições
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O Relatório Brundtland foi um documento produzido pela Comissão Brundtland, antes nomeada Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMD), conhecida pelo nome de sua presidente, Gro
Harlem Brundtland (ex-primeira ministra norueguesa), convocada pela ONU em 1983.
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Figura 8: Parque Burle Marx, em São José dos Campos: a manutenção de áreas verdes nas cidades tem representado
melhoria na qualidade de vida de sua população e aumento de áreas permeáveis. Fonte: Arquivo pessoal.
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Figura 9: Turbinas eólicas `Off-shore`, de grande porte. Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE.
2003. Disponível em: www.eolica.com.br.
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A racionalização do uso dos recursos já vem sendo usada, por exemplo, com a água
(equipamentos hidráulicos mais eficientes e com menor consumo) e a energia elétrica (maior
eficiência energética e menor consumo). Porém, recomendações tem sido feitas com respeito
a praticas diárias, como:
Com relação ao último item, tem sido notada uma tendência à redução do consumo
em determinados setores da sociedade (`downshifting`), e principalmente entre os países mais
ricos (HAMILTON e MAIL, apud JACKSON, 2008, p.53):
[...] boas intenções não são suficientes e estas continuarão a ser minadas a menos
que as instituições, as infra-estruturas físicas e estruturas sociais mudem [...]
políticas precisam apoiar uma infra-estrutura de sustentabilidade: acesso a transporte
público confiável, instalações para reciclagem, serviços energeticamente eficientes,
manutenção e reparo, re-engenharia e reutilização [...] estabelecimento de estruturas
institucionais e fiscais que enviem sinais consistentes às empresas e consumidores
sobre o consumo sustentável.
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Com relação à educação ambiental em escolas, vale dizer que a Carta Brasileira para
a Educação Ambiental, produzida no workshop coordenado melo MEC, destaca a necessidade
de um compromisso real do poder público federal, estadual e municipal para se cumprir a
legislação brasileira visando à introdução da educação ambiental em todos os níveis de ensino
(BASSI, 200. Ou seja, opta-se por incluir conceitos de educação ambiental de forma
multidisciplinar, não separando uma disciplina única de educação ambiental.
O papel do Engenheiro Ambiental em face às novas perspectivas e demandas da
sociedade por soluções para os problemas ambientais da atualidade, não se restringe apenas à
resolução de problemas técnicos e científicos, mas também a uma disposição ativa para mudar
práticas e atitudes pessoais que impliquem em menores danos ao ambiente. Esta é uma tarefa
que envolve grandes desafios, sendo a Educação Ambiental um instrumento importante para
que essas mudanças possam ser efetivadas, sendo importante ressaltar que a Educação
Ambiental deve se dar não apenas através das escolas, mas também na informalidade do
cotidiano profissional e social.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa sociedade passa por uma série de mudanças importantes, motivadas por
diversos fatores: a integração global e a disponibilidade do conhecimento em face da
crescente facilidade de intercomunicação; as mudanças ambientais em curso e as perspectivas
futuras; o consequente grande interesse em torno das questões ambientais; o panorama
geopolítico internacional.
Vive-se em uma era que, talvez, venha a ser reconhecida no futuro como uma
revolução, muito aos moldes dos grandes acontecimentos e períodos que marcaram a história
da humanidade, gerando profundas transformações na sociedade. Por causa disso, a sociedade
do futuro pode não vir a ser exatamente o que imaginamos, mas, decididamente, será
diferente.
O peso negativo da ocupação humana faz-se sentir em toda a sua força, após séculos
de ações impensadas do Homem sobre o meio ambiente. Muitos são os cenários climáticos e
ambientais previstos por diversas simulações matemáticas, e todos, de maneira geral, parecem
apontar para uma piora nas condições do planeta, caso nada seja feito.
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BIBLIOGRAFIA
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http://www.hhs.gov/disasters/emergency/naturaldisasters/hurricanes/katrina/index.html.
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MÜLLER, Geraldo. Economia & Ecologia e Agricultura Sustentável. Palestra no Curso de
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FETAESP e da OCESP, e sob a coordenação da Associação Pró-Colaboração Internacional
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http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/publicacoes/TextosPDF/GMuller02.pdf. Acesso em: 6
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http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=471&ArticleID=5234&l=en.
Acesso em 22 mai. 2009.
Vários autores. Periódico Our Planet, da UNEP. Disponível em:
http://www.unep.org/publications/search/pub_details_s.asp?ID=4027. Acesso em 16 Jun. 2009.