You are on page 1of 7

Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.

pt/

Matemática Aplicada às Ciências Sociais (M.A.C.S.)


1 – Métodos de apoio à decisão
1.1 – Teoria matemática das eleições
1.1.1 – Sistemas de votação
1.1.1.1 – Sistemas maioritários
Nos sistemas maioritários, o candidato mais votado ganha tudo, e os outros não ganham
nada.

 De uma volta: ganha o candidato mais votado (independentemente de ter maioria


absoluta – mais de metade dos votos – ou relativa – maior parte dos votos);
 De duas voltas: ganha o candidato que obtiver maioria absoluta na 1ª volta, caso
contrário serão admitidos à 2ª volta os dois candidatos mais votados, e ganhará o
que obtiver mais votos;
 De duas ou mais voltas: são admitidos na 2ª votação todos aqueles que atinjam
uma determinada percentagem de votos, repetindo-se o processo até se obter o
vencedor com maioria absoluta.

1.1.1.2 – Sistemas de representação proporcional


Método de Hondt Método de Saint-Laguë
1 – Dividir os votos por 1, 2, 3, ...; 1 – Dividir os votos por nºs ímpares;

2 – Ordenam-se os quocientes por ordem decrescente, até que o seu nº seja igual ao de
representantes a eleger;

3 – Os mandatos pertencem às listas com maiores quocientes;


4 – Em caso de empate no último mandato, ele pertence à lista com menos votos.

nº total de eleitores
1 – Calcular o divisor padrão = ;
nº de lugares a distribuir

nº de votos na lista
2 – Calcular a quota padrão = ;
divisor padrão

3 – Atribuir a cada lista um nº de lugares iguais às:


 Quotas mínimas

1
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

4 – Se a soma das quotas mínimas for igual ao nº de lugares a eleger, a eleição está feita,
caso contrário:

Método de Hamilton Método de Jefferson


Atribuem-se os lugares sobrantes, um a Procura-se, por tentativa e erro (t. e e.),
um, às listas com quota com maior um divisor padrão modificado – assim,
decimal. quando se procede ao arredondamento
das quotas modificadas , a soma de
todas elas é igual ao número de lugares
a atribuir.
 Quotas máximas

Método de Adams
4 – Se a soma das quotas máximas for igual ao nº de lugares a eleger, a eleição está
feita, caso contrário, procura-se, por t. e e., um divisor padrão modificado.

 Quotas arredondadas

Método de Webster
4 – Se a soma das quotas arredondadas for igual ao nº de lugares a eleger, a eleição está
feita, caso contrário, procura-se, por t. e e., um divisor padrão modificado.

Método de Huntington-Hill
3 – Se a quota é um nº inteiro, atribui-se ao interveniente essa quota; se não for, calcula-
se a sua média geométrica - MG = √p×q, sendo p a quota superior, e q a quota inferior;

4 – Se a média geométrica for menor que a quota padrão, então arredonda-se a quota
para quota máxima; se for maior que a quota padrão, arredonda-se a quota para quota
mínima;

5 – Se a soma das quotas não for igual ao nº de lugares a eleger, por t. e e., procura-se
por um divisor padrão modificado.

Paradoxos do método de Hamilton


Paradoxo de Alabama – Um aumento no nº total de lugares a distribuir pode provocar
a perda de um lugar a um estado;

Paradoxo da população – Perda de um lugar a um estado por aumento da sua


população.

Paradoxo dos novos estados – A introdução de um novo estado e dos seus novos
lugares pode afetar o nº de lugares atribuído aos outros estados.

2
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

1.1.1.3 – Sistemas por ordem de preferência ou preferenciais


Método da pluralidade
Vence o candidato com maior nº de lugares.

Método de eliminação run-off


Simples: São eliminados todos os candidatos à exceção dos dois que reúnem maior nº
de primeiras preferências.

Sequencial:
1 – Contam-se os primeiros lugares de cada candidato e elimina-se aquele que tiver
menos;
2 – Com o esquema reorganizado, sem o candidato eliminado, repete-se o processo, até
se obter o vencedor.

1 – P = nº de pessoas que possam ser eleitas;


2 – Cada eleitor vota nos candidatos pela sua ordem de preferência, da 1ª à p-ésima
preferência;

Método de Borda
3 – São atribuídos pontos a cada um, conforme a ordem de preferência, ou seja, p
pontos para o 1º, p-1 para o 2º, …, e 1 ponto para o último;

4 – Os candidatos são ordenados pela soma dos pontos obtidos, e ganha quem obtiver
mais pontos.

Método de Condorcet
3 – Os candidatos são comparados dois a dois, e o vencedor é aquele que venceu mais
confrontos diretos.

1.1.1.4 – Sistema de aprovação


 É uma forma encontrada para uma eleição mais justa;
 Todos os votantes podem votar em tantos candidatos quantos quiserem;
 Cada candidato recebe um voto, e o candidato com mais votos ganha.
Teorema de Arrow – Para eleições envolvendo mais do que dois candidatos, é
matematicamente impossível encontrar um método democrático e justo para
determinar o vencedor.

3
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

1.2 – Teoria da partilha equilibrada


1.2.1 – Partilhas no caso discreto
Os objetos a partilhar são indivisíveis: casas, automóveis, etc.

1.2.1.1 – Método do ajuste na partilha


1 – Cada um dos intervenientes tem100 pontos para distribuir secretamente pelos itens
a serem partilhados;

2 – Cada item é atribuído (temporariamente) ao interveniente que mais o valorizou (em


caso de empate, é atribuído ao que tiver menos pontos);

3 – Se os dois intervenientes tiverem o mesmo nº de pontos, a partilha está feita; caso


não tenham, o que tiver mais pontos transfere itens (ou parte deles) para o outro, até
igualar o nº de pontos. Para isto, calculam-se os quocientes referentes a cada um dos
itens atribuídos ao interveniente que ficou com mais pontos
nº de pontos atribuídos ao item pelo vencedor inicial
(nº de pontos atribuídos ao item pelo perdedor inicial) e colocam-se por ordem decrescente;

4 – Faz-se a transferência do item a que corresponde o menor quociente e contabilizam-


se novamente os pontos;

5 – Se a transferência total de um item der vantagem à parte que o recebe, terá de se


efetuar a transferência apenas de uma percentagem do item, de forma a igualar o nº de
pontos. Para tal considera-se p a proporção do item que fica para um dos intervenientes,
e 1-p a proporção do mesmo item que fica para o outro interveniente. Somam-se os
pontos atribuídos pelo primeiro interveniente aos seus itens ao produto de p comos
pontos que o mesmo atribui ao item a ser transferido, e faz-se o mesmo com os pontos
atribuídos pelo segundo interveniente aos seus itens e com o produto de 1-p com os
pontos que o mesmo atribui ao item a ser transferido.

1.2.1.2 – Método das licitações secretas


1 – Cada um dos intervenientes atribui, secretamente, um valor em dinheiro a cada um
dos itens a dividir. A parte que cada um dos intervenientes considera ser justa receber
– valor justo – será igual ao quociente entre o valor total que atribuiu aos itens e o nº
de intervenientes;

2 – Cada item é atribuído ao interveniente que mais o valorizou. Se o valor total dos
itens recebidos por um interveniente ultrapassa o que considerou como valor justo a
receber, terá de pagar aos outros a diferença. Se, pelo contrário, o valor dos itens for
inferior ao valor justo, serão os outros intervenientes a pagar-lhe a diferença;

3 – O dinheiro excedente – montante disponível – é dividido igualmente por todos os


intervenientes.

4
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

Exemplo:

Bens\Intervenientes A B C
X 140000 165000 180500
Y 58500 57000 52500
1 Z 41500 48000 47500
Total (T) 240000 270000 280500
T
Valor justo (J = 3 ) 80000 90000 93500
Bens atribuídos Y Z X
2 Valor dos bens (B) 58500 48000 180500
J-B 21500 (recebe) 42000 (recebe) -87000 (paga)
Montante
87000 – 21500 – 42000 = 23500
disponível (M)
3 Dinheiro atribuído
M 7833,3 7833,3 7833,3
(D = 3 )
Mont. final (J-B+D) 29333,33 (recebe) 49833,33 (recebe) -79166,67 (paga)

1.2.1.3 – Método dos marcadores


1 – Alinham-se os objetos a dividir, e cada interveniente divide, secretamente, a fila de
objetos num nº de segmentos igual ao nº de interessados;

2 – Da esquerda para a direita procuram-se os 1ºs marcadores de cada interveniente. O


dono do 1º marcador a aparecer fica com os objetos à esquerda (o seu 1º segmento) e
retiram-se todos os seus restantes marcadores;

3 – Observa-se de novo a fila de objetos, procurando agora os 2ºs marcadores de cada


interveniente. O dono do primeiro 2º marcador a aparecer fica com todos os objetos
que se encontram entre o seu 1º marcador e o seu 2º marcador (o seu 1º segmento).
Retiram-se todos os seus marcadores, assim como os primeiros marcadores dos
restantes intervenientes;

4 – Repete-se o processo até que todos tenham a parte que consideram justa. Se no
final restar apenas um marcador de um dos intervenientes, este fica com todos os
objetos que se encontram à direita do seu marcador;

5 – As sobras podem dividir-se por sorteio ou, se ainda forem mais do que os
intervenientes, aplica-se de novo o método.

5
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

1.2.2 – Partilhas no caso contínuo


Os objetos a partilhar são divisíveis: comida, terrenos, etc. No 1º método, participam
duas pessoas. Nos seguintes, participam três ou mais pessoas.

1.2.2.1 – Método do divisor-selecionador


1 – O divisor, que é escolhido aleatoriamente, efetua a divisão do objeto em duas partes
que considera serem iguais;

2 – O selecionador escolhe uma das partes e o divisor fica com a que sobra.
1.2.2.2 – Método do divisor único
1 – Sorteia-se quem irá dividir o bem. Quem for escolhido divide-o no nº de partes
correspondente ao nº de pessoas;

2 – Os selecionadores selecionam a parte que querem para si:


 Se votarem em partes diferentes, cada um fica com a que quer, e o divisor fica com
a restante;
 Se dois ou mais votarem na mesma parte, mas um deles também tiver votado numa
ainda disponível, esse mesmo selecionador fica com a outra opção, libertando a
outra parte para o outro;
 Se dois ou mais votarem na mesma parte, o divisor escolhe uma das partes
restantes, e as que sobram são unidas e divididas por um dos selecionadores, e
escolhida pelo outro.

1.2.2.3 – Método do selecionador único


1 – O bem é dividido em tantas partes quanto o nº de divisores;
2 – Cada divisor divide a sua parte em tantas partes quanto o nº de intervenientes;
3 – O selecionador escolhe uma parte de cada divisor, e o restante fica para eles.
1.2.2.4 – Método do último a diminuir
1 – Todos os intervenientes (simultaneamente divisores e selecionadores) são
ordenados aleatoriamente;
1
2 – O primeiro interveniente divide uma parte do bem que considere n do valor total,
sendo n o nº de intervenientes;
1
3 – O interveniente seguinte pode dizer que a parte dividida é mesmo n ou menor, e
passa a vez ao interveniente seguinte, ou pode dizer que a parte dividida é mais do que
1
, retira-lhe uma parte, e passa a vez ao interveniente seguinte;
n

6
Filipe A. R. Gaspar http://resumosdosecundario.blogspot.pt/

4 – Os intervenientes seguintes fazem o mesmo, e, depois da 1ª volta, o último a ter


diminuído a parte fica com ela e sai do jogo. Caso, nessa volta, ninguém tenha reduzido
essa parte, o interveniente que a dividiu inicialmente sai com ela;

5 – O processo repete-se até sobrarem dois jogadores: aí, um divide ao meio, e o outro
escolhe uma das partes (método do divisor-selecionador).

1.2.2.5 – Método livre de inveja


1 – Aleatoriamente, é escolhido um divisor e a ordem dos intervenientes;
2 – O divisor divide o todo em n+1 partes que considere iguais (sendo n o nº de
intervenientes);

3 – Os intervenientes retificam as partes que consideram estar em excesso. No processo


de escolha, caso a parte que um interveniente tiver retificado não tiver sido ainda
escolhida, o mesmo interveniente tem de escolhê-la obrigatoriamente;

4 – No fim do processo de escolha, devem sobrar duas partes – o divisor escolhe uma
delas para si.

1.2.2.6 – Método da faca deslizante


1 – Uma pessoa (que não recebe nenhuma parte) move a faca sobre o alimento até que
alguém peça para parar – aí, a pessoa com a faca corta uma fatia;

2 – A parte que foi cortada fica para a pessoa que pediu para parar, e o processo repete-
se até todos terem uma fatia.

You might also like