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Por um lado, está um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens:
faltavam-lhe as duas características básicas para se viver a justiça. No Antigo
Testamento, o profeta Isaías fala dos que não fazem justiça aos órfãos e a
quem não chega o pleito da viúva10, dos que absolvem o ímpio por suborno e
tiram ao justo o seu direito11. Jeremias refere-se aos que não julgaram a causa
do órfão nem fizeram justiça aos pobres12.
Até o fim dos tempos, a Igreja – dia e noite – dirigirá um clamor suplicante a
Deus Pai, através de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo, porque são
muitos os perigos e necessidades dos seus filhos. É o primeiro ofício da Igreja,
o primeiro dever dos seus ministros, os sacerdotes. É a coisa mais importante
que temos de fazer, nós os fiéis, porque estamos indefesos e nada temos, mas
podemos tudo com a oração.
O Senhor explica nesta parábola que são três as razões pelas quais as
nossas orações são sempre ouvidas: primeiro, a bondade e a misericórdia de
Deus, que distam tanto das disposições do juiz ímpio; depois, o amor de Deus
por cada um dos seus filhos; e, por fim, o interesse que nós mostramos
perseverando na oração.
Além de lançarmos mão dos meios humanos que cada situação requer,
temos de recorrer ao Senhor como filhos necessitados. Somente a misericórdia
divina pode socorrer-nos em tantas ocasiões. Conta o Santo Cura d’Ars que o
fundador de um célebre asilo de órfãos o consultou sobre a oportunidade de
atrair a atenção e o favor das pessoas através da imprensa. O Santo
respondeu-lhe: “Ao invés de fazer barulho nos jornais, faça-o à porta do
Tabernáculo”.
“Eu quero que a tua Vida esteja nele como em mim, porque eu quero que o
meu amigo seja meu irmão graças a Ti”17.
(1) Sl 16, 6-8; Antífona de entrada da Missa do décimo nono domingo do Tempo Comum, ciclo
C; (2) Lc 18, 1-8; (3) cfr. Santo Agostinho, Sermão 115, 1; (4) Jo 11, 42; (5) Êx 17, 8-13; (6)
Santo Afonso Maria de Ligório, Sermão 46 para o X Domingo depois de Pentecostes; (7) cfr.
São Bernardo, Sermão XVII para temas diversos; (8) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 536; (9)
Sl 120, 1-2; Salmo responsorial da Missa do décimo nono domingo do Tempo Comum, ciclo C;
(10) Is 1, 23; (11) Is 5, 23; (12) Jer 5, 28; (13) Lc 1, 53; (14) São Bernardo, Sermão I na
Assunção da S. Virgem Maria, 1; (15) Santo Agostinho, A cidade de Deus, 1, 8, 1; (16) ibid.;
(17) Michel Quoist, Orações para rezar pela rua.