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25/09/2018 A judicialização da saúde no STF em 2017 – Por Clenio Jair Schulze - Empório do Direito

A judicialização da saúde no STF em 2017 – Por Clenio Jair Schulze


Clenio Jair Schulze 30/01/2017

Há muita expectativa em relação ao início das atividades do Supremo Tribunal Federal no ano de 2017, inclusive
no que toca à judicialização da saúde.

É que o Supremo já iniciou o julgamento de dois processos que podem alterar a posição da Corte sobre dois
temas: fornecimento de medicamentos de alto custo (alta complexidade) e fornecimento de medicamentos sem
registro na Anvisa.

Trata-se dos Recursos Extraordinários 566471 e 657718. O julgamento (conjunto) já iniciou e há três votos
apresentados, nos seguintes termos:

Tese proposta pelo Min. Marco Aurélio:

o reconhecimento do direito individual ao fornecimento, pelo Estado, de medicamento de alto custo, não
incluído em política nacional de medicamentos ou em programa de medicamentos de dispensação em caráter
excepcional, constante de rol dos aprovados, depende da demonstração da imprescindibilidade (adequação e
necessidade), da impossibilidade de substituição, da incapacidade financeira do enfermo e da falta de
espontaneidade dos membros da família solidária em custeá-lo, respeitadas as disposições sobre alimentos dos
artigos 1.649 a 1.710 do Código Civil e assegurado o direito de regresso[1].

Tese proposta pelo Min. Roberto Barroso:

cinco requisitos cumulativos devem ser observados: a) a incapacidade financeira de arcar com o custo
correspondente; b) a demonstração de que a não incorporação do medicamento não resultou de decisão
expressa dos órgãos competentes; c) a inexistência de substituto terapêutico incorporado pelo SUS; d) a
comprovação de eficácia do medicamento pleiteado à luz da medicina baseada em evidências; e e) a
propositura da demanda necessariamente em face da União, já que a ela cabe a decisão final sobre a
incorporação ou não de medicamentos ao SUS[2].

Tese proposta pelo Min. Edson Fachin:

propôs os seguintes parâmetros: a) prévio requerimento administrativo, que pode ser suprido pela oitiva de
ofício do agente público por parte do julgador; b) subscrição realizada por médico da rede pública ou
justificada impossibilidade; c) indicação do medicamento por meio da Denominação Comum Brasileira ou
DCI – Internacional; d) justificativa da inadequação ou da inexistência de medicamento ou tratamento
dispensado na rede pública; e e) laudo, formulário ou documento subscrito pelo médico responsável pela
prescrição, em que se indique a necessidade do tratamento, seus efeitos, e os estudos da medicina baseada em
evidências, além das vantagens para o paciente, comparando-o, se houver, com eventuais fármacos ou
tratamentos fornecidos pelo SUS para a mesma moléstia[3].

Posteriormente, houve pedido de vista do então Min. Teori Zavascki. Em razão da tragédia aérea que vitimou
Sua Excelência, o STF não poderá continuar o julgamento destes casos até a nomeação de novo membro para o
Tribunal. Somente após a sua posse é que poderá haver continuidade dos julgamentos acima mencionados.

Por isso, há muita expectativa em relação ao novo nome que sucederá a vaga deixada pelo Min. Teori. Espera-se
que o Presidente da República consiga nomear alguém que reúna as mesmas condições éticas e jurídicas que
materializavam a conduta do Ministro sucedido.

Assim, a expectativa é que ainda em 2017 retome-se o julgamento a fim de definir a posição final do STF sobre
estes temas especialmente relevantes para a sociedade brasileira.

Notas e Referências:

[1] Brasil. Supremo Tribunal Federal. Pedido de vista adia julgamento sobre acesso a medicamentos de alto custo
por via judicial. Acesso em 29 de janeiro de 2017. Disponível em
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=326275

http://emporiododireito.com.br/leitura/a-judicializacao-da-saude-no-stf-em-2017-por-clenio-jair-schulze 1/2
25/09/2018 A judicialização da saúde no STF em 2017 – Por Clenio Jair Schulze - Empório do Direito

[2] Brasil. Supremo Tribunal Federal. Pedido de vista adia julgamento sobre acesso a medicamentos de alto custo
por via judicial. Acesso em 29 de janeiro de 2017. Disponível em
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=326275

[3] Brasil. Supremo Tribunal Federal. Pedido de vista adia julgamento sobre acesso a medicamentos de alto custo
por via judicial. Acesso em 29 de janeiro de 2017. Disponível em
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=326275

Imagem Ilustrativa do Post: stethoscope // Foto de: Markus Spiske // Sem alterações

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