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regulamentações.
RUBENS SANTANA*
A autora Helita Barreira Custódio ("O Município e a Preservação do Meio Ambiente" – Anais do
Curso Direito Ambiental e Urbanístico – 1.995), doutora em Direito pela Universidade de São
Paulo e renomada jurista-ambiental, discorrendo sobre a ampliação dos usos do espaço urbano,
anota:
É notório, entretanto, que, à exceção das cidades de maior porte, as cidades menores do território
mineiro na sua maioria sequer possuem órgão ambiental e/ou estrutura técnica municipal para
levar a cabo o controle ambiental de instalação de estações de ERBs.
Cabe aduzir, também, que o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA - "entidade dotada de poder regulamentar em razão de
expressa determinação legal" (cf. Paulo de Bessa Antunes, in "Direito Ambiental" – p. 63) -
incumbido, de acordo com a Lei Federal 6.938/81 (art. 6º, II) de deliberar sobre "... normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à qualidade de
vida", não baixou, até o momento, nenhuma normativa sobre o assunto.
Por outro lado, entendemos também que deva-se cogitar de não deixar a população totalmente
desamparada quanto a medidas preventivas e de controle com relação aos efeitos ambientais das
estações de ERBs já instaladas ou a se instalarem, por isso a necessidade da referida lei, que
disporá sobre procedimentos a ser adotados no município.
O mesmo Paulo Affonso Leme Machado (op. supra cit. – p. 283), citando Alvaro Luiz Valery Mirra,
Juiz e Mestre em Direito Ambiental pela Universidade de Estrasburgo, acentua que:
"...é bastante freqüente, na prática, que os Municípios, ao
legislarem em tema de meio ambiente, procurem diminuir o
rigor do legislador federal ou estadual e, com isso, ampliar ou
facilitar o exercício de atividades potencialmente
degradadoras do meio ambiente em seus territórios, sem o
devido respeito às restrições já anteriormente estabelecidas
pelas normas da União e dos Estados."
Em função de todas estas informações, entendemos que há necessidade do estabelecimento na
legislação, de certos levantamentos técnicos, tais como, a distância entre a torre e a possível
presença de ocupação humana, que poderia ser colocada da seguinte forma:
Toda instalação de antenas transmissoras de radiação
eletromagnética deverá ser realizada de modo que a
densidade de potência total, considerada a soma da radiação
preexistente com a da radiação adicional emitida por nova
antena, medida por equipamento que faça a integração de
todas as freqüências na faixa prevista por esta lei, não
ultrapasse 100µW/cm2 (cem microwatts por centímetro
quadrado), em qualquer local de possível ocupação
humana."
Tal artigo visa única e exclusivamente proteger o ser humano das possíveis radiações
eletromagnéticas, pois ainda não se tem um estudo acurado sobre os efeitos de tal radiação na
população, por isso a necessidade de estabelecimento da soma das freqüências, possibilitando o
estabelecimento de uma distância mínima.
ANÁLISE DO PROJETO
Da análise realizada no Projeto de Lei, foi constatada a inexistência de alguns tópicos que devem
ser dispostos no diploma, e outros que devem ser alterados, tendo em vista a necessidade e
viabilidade técnica para a administração municipal, não sendo em si, obrigatórios. No entanto,
entendemos que o mesmo deve prever, no mínimo, algumas destas exigências.
Os artigos dispostos abaixo são só um exemplo de como poderá ser, em tese, a redação para
cada tipo de assunto.
Tópicos de poderiam ser dispostos na nova redação a ser dada ao projeto, e que não
constam do projeto atual.
Prever uma normatização técnica (função que no futuro poderá ser realizada pelo Poder
Executivo), relativa à instalação de antenas transmissoras de rádio, televisão, telefonia celular,
telecomunicações em geral e outras antenas transmissoras de radiação eletromagnética, tais
como:
QUANTO AO FUNCIONAMENTO:
A densidade de potência total, no entorno habitável das fontes de emissão, não deve
ultrapassar a 100 µW/cm² (cem microwatts por centímetro quadrado), respeitados os limites dos
campos elétrico e magnético em zona de campo próximo, definidos pelas normas nacionais e
internacionais, e a critério da autoridade sanitária.
Instalada uma nova antena, a radiação proveniente da mesma passa a incorporar o nível de
radiação de fundo, para a concessão do Alvará Sanitário, que deverá especificar as condições
técnicas autorizadas para seu funcionamento, no local e período em questão.
A concessão do Alvará Sanitário deverá ser requerida anualmente, pelo responsável pela
antena, e estará condicionada à apresentação do laudo radiométrico atualizado e dos demais
documentos constantes do Anexo X, que integra esta Norma Técnica.
Deverá ser comunicada, de imediato e a qualquer tempo, toda alteração na configuração física
ou nos parâmetros de operação da antena, concomitantemente à apresentação de laudo que
demonstre as novas condições de instalação.
Não será autorizada a entrada em operação de antena em local onde a radiação de fundo
produza densidade de potência total acima do limite estabelecido nesta Norma Técnica.
Na freqüência de telefonia celular, a densidade máxima de potência é dada pela relação f/200,
onde "f" é a freqüência em MHz, e o resultado é dado em Watts por metro quadrado (W/m²).
As empresas e serviços de avaliação técnica somente poderão ter laudos reconhecidos pela
autoridade sanitária se procederem ao prévio cadastramento de serviços e responsabilidade
técnica, condicionado este à comprovação de títulos e experiência na área de radiação
eletromagnética.
O laudo radiométrico deverá ser assinado por físico ou engenheiro, com conhecimento
comprovado na área de radiação eletromagnética e conter, pelo menos, os dados especificados
no Anexo II, desta Norma Técnica.
As medidas de campo elétrico e campo magnético serão realizadas nos limites da propriedade
da instalação e nas edificações vizinhas, num raio de 200 (duzentos) metros, com o
correspondente cálculo da densidade de potência equivalente na faixa de freqüência abaixo de 50
Mhz.
As medições deverão ser feitas com equipamentos comprovadamente calibrados, dentro das
especificações do fabricante, sob certificação e responsabilidade técnica cadastrada, junto à
Secretaria Municipal de Saúde.
A realização das medições deverá ser agendada com a autoridade sanitária e confirmada
mediante ofício protocolado, informando as especificações técnicas necessárias, local, dia e
cronograma dos trabalhos.
A Secretaria Municipal de Saúde (ou outro órgão) terá 10 (dez) dias úteis para confirmar ou
reagendar a medição.
A autoridade sanitária poderá indicar pontos adicionais de medição.
Entendemos que partes das informações ou procedimentos acima devem ser disponibilizadas na
legislação que tratará do assunto, resguardando-se a administração de eventuais problemas
legais por falta de regulamentação técnica.
Tópicos que podem ser reformulados em uma nova redação a ser dada ao Projeto, e que
precisam ser alterados no atual.
No inciso IV do § 4º, inciso I do § 5º no que se refere ao inciso III do 2º artigo estão errados,
devendo ser corrigidos.
O art. 10 com a seguinte redação: “Nos locais onde a densidade de potência total ultrapasse os
limites citados no artigo 3º, as emissões deverão ser imediatamente enquadradas de forma a
atender os parâmetros estabelecidos na presente lei, sob pena de ser determinada à desativação
da antena”.
o CORREÇÕES
Quanto ao art. 9º, o mesmo deveria seguir a metodologia proposta no tópico acima, QUANTO AO
LAUDO RADIOMÊTRICO, sendo o mais didático e prático, podendo ter a seguinte redação: