Quando falamos da essência, da natureza ou da substância de uma coisa, estamos a tomar esta por três lados diferentes. A substância para Aristóteles é aquilo que não é parte, acção ou qualidade de um outro, portanto, é aquilo que pode ser concebido em si e por si mesmo. Mesmo que digamos que um gato faz parte da Natureza, a sua existência pode ser concebida sem ser como acção ou qualidade de um outro. Trata-se de um critério distintivo, e podemos dizer que a substância é um ente individual. Podemos constatar que a substância não depende do que pensamos dela e é sempre individual. A essência ou a natureza é o algo que o ente é. Alguns autores usam os termos como sinónimos, o que é aceitável fazendo uma distinção. A natureza de um ente é o que faz ele ser o que é, ao passo que a essência designa a nossa apreensão desta natureza. É uma diferença funcional, de acentuação. Podemos também chamar a natureza de algo de arquétipo, o que é apenas outra acentuação: é a natureza compreendida como origem remota e primeira, é o modelo da possibilidade do ente anterior à existência do mesmo, ou ainda, é a natureza considerada na escala das causas. Podemos chamar esta definição de arquétipo ontológico, e o arquétipo junguiano é uma imagem muito antiga sobre ele que a humanidade carrega desde o seu início. α99