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CONTRAPONTO IMITATIVO: FUGA

Neste bimestre abordaremos o contraponto imitativo. Esteja atento para as


instruções gerais, uma vez que as peças imitativas apresentam algumas dificuldades
particulares, que são diferentes do contraponto livre tonal do 1º semestre.

FUGA

Historicamente, a fuga é a principal forma imitativa do repertório tonal. Seu número


de vozes varia bastante, sendo mais comum fugas de 3 a 5 vozes. A elaboração de uma fuga,
como qualquer peça imitativa tonal, começa pela elaboração de um tema, que na fuga
recebe o nome específico de Sujeito.

Sujeito

O Sujeito consiste num tema recorrente ao longo de praticamente toda a fuga. Para a
elaboração do sujeito é preciso levar em conta alguns fatores:

1) O sujeito define o caráter da peça e normalmente deve apresentar características que o


tornem facilmente reconhecível (especialmente nas primeiras notas);

2) É do sujeito que derivam praticamente todos os motivos de uma fuga;

3) A duração do sujeito é variada, de meio compasso a 16 compassos, mas quanto maior for
o sujeito, maior a duração da peça;

4) O tema apresenta inflexões harmônicas, as quais normalmente são mantidas sempre que
o tema é repetido.

Observação: algumas fugas apresentam mais de um sujeito, 2 (Fuga Dupla), 3 (Fuga Tripla),
ou mesmo 4 sujeitos.

Forma

A organização geral de uma fuga divide-se em 2 partes principais: Exposição e


Divertimento.
1. Exposição

A exposição consiste da apresentação do Sujeito em cada uma das vozes. A primeira


voz começa sozinha, e é seguida pelas demais vozes, na ordem desejada pelo compositor.

O aspecto mais importante da Exposição consiste no esquema harmônico produzido


pelas entradas do Sujeito nas várias vozes, sempre alternando entre I grau e V grau. O
padrão mais comum, embora não seja o único possível, corresponde ao exemplo abaixo:

1ª Voz Sujeito (I grau) Contraponto Contraponto Contraponto


2ª Voz (pausa) Sujeito (V grau) Contraponto Contraponto
3ª Voz (pausa) (pausa) Sujeito (I grau) Contraponto
4ª Voz (pausa) (pausa) (pausa) Sujeito (V grau)

Repare que:

 As vozes entram dessincronizadas (elas não começam juntas!);


 As vozes que já apresentaram o sujeito passam a fazer contraponto (detalhe: esse
contraponto pode ser livre, ou então pode ser um contraponto fixo, que acompanha
o sujeito em toda a fuga; nesse caso, ele recebe o nome de Contrasujeito).

A entrada da segunda voz recebe o nome de Resposta e é ela quem define o caráter
harmônico da fuga. Há dois tipos de Resposta:

1) Resposta Real: Se caracteriza pela transposição literal do Sujeito para o V grau


(transposição de 5ª justa), mantendo os intervalos exatos (detalhe: isto
significa que se o sujeito está em Lá menor, então a Resposta estará em Mi
menor, e não em Mi maior).
2) Resposta Tonal: se caracteriza por uma transposição irregular do Sujeito para
o V grau, no qual alguns intervalos são modificados. Não há um padrão
específico para as alterações, mas a principal idéia é adaptar notas que no
sujeito estejam associadas à Dominante, de modo que na resposta elas
correspondam ao I grau (o que daria uma transposição de 4ª justa e não de 5ª
justa, como a maioria das notas).

Para exemplos de ambos os tipos, conferir o arquivo finale EXEMPLO DE SUJEITOS,


elaborado pela profa. Vera Cury, na pasta do 3º Bimestre.

Uma última observação: em algumas exposições a 3 ou mais vozes, nem sempre é


possível emendar diretamente a entrada de todas as vozes, devido a conflitos na harmonia
(por exemplo, a 2ª voz termina no acorde de Ré Maior, mas a 3ª voz precisa começar em Dó
Maior). Nestes casos, ao invés de modificar o sujeito, elabora-se uma Ponte, para realizar a
mudança de harmonia (ela não deve conter o sujeito completo, mas parte dos motivos
existente no sujeito).

2. Divertimento

O divertimento consiste, basicamente, de todo o restante da fuga. Ele é composto


por dois elementos básicos:

 Exposições intermediárias: apresentação do sujeito completo (e do


contrasujeito, se a fuga possuir um) em uma ou mais vozes, geralmente em
tonalidades que não fizeram parte da Exposição. O número de exposições
intermediárias não é definido.
 Episódios: trechos modulatórios, que conectam as exposições intermediárias.
Normalmente são elaborados a partir de fragmentos do sujeito (ou seja, não
apresentam o sujeito completo), comumente formando sequências e círculo
de quintas.

O Divertimento pode apresentar ainda dois outros elementos opcionais:

 Stretto: apresentação do sujeito em todas as vozes, mas de forma


encavalada, ou seja, o sujeito passa para as outras vozes antes de terminar na
primeira voz, o contrário do que ocorre na Exposição.
 Pedal: é comum a presença de pedais numa fuga. Os dois mais comuns são o
1) pedal de V, normalmente pontuando um ponto culminante final do
divertimento, ou 2) o pedal de I, nos compassos finais da fuga.

Ainda é comum em fugas a presença de um segmento final dedicado à


reapresentação do sujeito no I grau, ressaltando a resolução tonal da peça. Sua duração é
variada e a quantidade de apresentações do sujeito é diversificada. Muitas vezes, este
segmento é chamado de Reexposição.

EXEMPLOS (análise em sala):

J. S. BACH – O Cravo Bem Temperado (Fugas selecionadas estão presentes na pasta de


exemplos, 3º bimestre):

- Fuga no. 2 em Dó menor

- Fuga no. 3 em Dó # Maior

- Fuga no. 10 em Mi menor


- Fuga no. 17 em Láb Maior

- Fuga no. 22 em Bb menor

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