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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL - MI

SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS – SRH COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO


SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA - CODEVASF

DRENAGEM COMO INSTRUMENTO DE DESALINIZAÇÃO E PREVENÇÃO DA SALINIZAÇÃO DE SOLOS


DRENAGEM COMO INSTRUMENTO
DE DESALINIZAÇÃO E
PREVENÇÃO DA SALINIZAÇÃO
DE SOLOS

MINISTÉRIO DO MINISTÉRIO DA GOVERNO


MEIO AMBIENTE INTEGRAÇÃO NACIONAL FEDERAL
Trabalhando em todo Brasil
Ministério do Meio Bamiente - MMA Ministério da Integração Nacional - MI
Secretaria de Recursos Hídricos - SRH Companhia de Desenvolvimento dos Vales
do São Francisco e Parnaíba - CODEVASF

DRENAGEM COMO INSTRUMENTO


DE DESSALINIZAÇÃO E PREVENÇÃO
DA SAILINIZAÇÃO DE SOLOS

Manuel de Jesus Batista


Engenheiro Agrônomo Msc,
especialista em drenagem - CODEVASF

Fabio de Novaes
Engenheiro Agrônomo Msc,
especialista em irrigação e drenagem - SRH/OEA

Devanir Garcia dos Santos


Engenheiro Agrônomo Msc,
especialista em irrigação e drenagem - SRH/OEA

Hermínimo Hideo Suguino


Engenheiro Agrônomo PhD,
especialista em irrigação e drenagem - CODEVASF

Brasília, DF março de 2002


Ministério do Meio Ambiente Ministério da Integração Nacional
Ministro José Sarney Filho Ministro Ney Suassuna

Secretaria de Recursos Hídricos Companhia de Desenvolvimentos dos


Secretário: Raymundo José Santos Garrido Vales do São Francisco e do Parnaíba
Presidente: Airson Bezerra Locio
Diretoria do Programa de Implementação
Diretor: Júlio Thadeu Silva Kettelhut
Diretoria de Operação e Produção
Diretor: Guilherme Almeida Gonçalves de
Secretaria de Recursos Hídricos - SRH
Oliveira
SGAN Qd. 601 Bl. I - Ed. Dep. Manoel
Novaes
CODEVASF
Cep: 70830-901 Brasília-DF
SGAN Qd. 601 Bl. I - Ed. Dep. Manoel
Fone: (61) 225-4949 / 3317-1456
Novaes
Fax: (61)3226-9370
Cep: 70830-901 Brasília-DF
E-mail: dgsanto@mma.gov.br
Fone: (61) 223-2797
Fax: (61) 226-2468
E-mail: gabinete@codevasf.gov.br
Home-Page: www.codevasf.gov.br

É permitida a reprodução desta obra desde que citada a fonte.

Nota: Nossos especiais agradecimentos aos Engenheiros Agrônomos Antônio José Simões e
Walter Caldas Junior, técnicos da Codevasf, que muito contribuiram para o desenvolvimen-
to da drenagem agrícola no semi-árido do vale do São Francisco, especialmente na região
Petrolina-Juazeiro. Nossos agradecimentos também ao Técnico da FAO, Matias Prieto-Celi,
pelo trabalho feito no Brasil na área de drenagem agrícola.

Projetos Gráfico e Capa: Formatos design e informática


Fotos (Capa): Valdiney Bizerra de Amorim - Codevasf
Normalização Bibliográfica: Biblioteca Geraldo Rocha - Codevasf
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Geraldo Rocha - Codevasf
Tiragem: 1000 exemplares

BATISTA, Manuel de Jesus; NOVAES, Fabio de; SANTOS, Devanir Garcia dos et.al.
Drenagem como instrumento de dessalinização e prevenção da salinização de solos.
2ª ed., rev. e ampliada. Brasília: CODEVASF, 2002
216 p. il. (Série Informes Técnicos)
1. Drenagem 2. Dessalinização I. SUGUINO, Hermínio Hideo. II. Título III. Série.
626.862.423.5 B333d
SUMÁRIO

1. Introdução, 09

2. Drenagem Superficial, 11

3. Drenagem Subterrânea - Considerações Gerais, 29

4. Salinização de Solos, 35

5. Noções de solo, classificação de terras para irrigação e drenagem interna, 48

6. Drenos Subterrâneos - Envoltórios, 55

7. Topografia, 69

8. Estudo do lençol freático, 89

9. Condutividade Hidráulica - conceituação e aspectos gerais, 97

10. Condutividade Hidráulica - teste de infiltração por permeâmetro de anel, 102

11. Condutividade Hidráulica - teste de furo de trado em presneça de lençol freático, 111

12. Condutividade Hidráulica - teste de furo de trado em presneça de lençol freático, 130
12.1. Método de Winger, 130
12.2 Método de Porchet, 144

13. Coeficiente de drenagem subterrânea ou recarga, 148

14. Cálculos de espaçamento entre drenos e dimensionamento de drenos subterrâneos, 151

15. Dimensionamento de estruturas de drenagem, 160

16. Terminologia e simbologia em drenagem agrícola, 166

17. Máquinas e custos diversos, 172

18. Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto executivo de sistema de


drenagem subterrânea, 196

20. Exemplo de projeto de drenagem subterrânea, 196

21. Manutenção de drenos, 209

22. Avaliação de desempenho de drenos subterrâneos, 212

ANEXOS - Plantas-Tipo, 217


PREFÁCIO

A drenagem agrícola é uma prática significativa para o sucesso de projetos de irrigação, prin-
cipalmente para aqueles situados em regiões de acentuada deficiência hidroclimática.
A drenagem subterrânea, em nosso país, praticamente não existia até meados da década de
80, mesmo em projetos de irrigação e drenagem situados na região semi-árida do Brasil, inclu-
sive do Vale do Rio São Francisco.
Antevendo essa necessidade, a Codevasf decidiu implantar, de maneira experimental, drenos
subterrânes em seus projetos de irrigação. Em 1984 foram implantados os primeiros drenos
subterrâneos entubados em 2,2 ha, na região semi-árida do Vale do Rio São Francisco e pos-
teriormente, conduzidos estudos semelhantes em outras áreas de projetos públicos de irriga-
ção, com a finalidade de se avaliar o desempenho dos drenos estubados e assim desenvolver
critérios de drenagem para os diversos tipos de solos.
Atualmente, considerando apenas o semi-árido do Vale do Rio São Francisco, existem cerca
de 5600 ha com drenagem subterrânea, incluindo áreas de de projetos privados, o que mostra
a credibilidade alcançada por esse tipo de técnica.
A Codevasf, através desta publicação, que sintetiza os conhecimentos adquiridos e desenvol-
vidos pelos seus técnicos co-autores da Secretaria de Recursos Hídricos - SRH, acredita estar
dando importante contribuição para a implantação de sistemas de drenagem agrícola, princi-
palmente para a região semi-árida do país.

Brasília, março de 2002

Airson Bezerra Locio


Presidente da Codevasf
COMENTÁRIOS À OBRA

A drenagem agrícola constitu uma parte essencial dos projetos de aproveitamento hidroagrícola,
pois traz, entre seus objetivos, o de facilitar o manejo do solo ao evitar os indesejáveis
encharcamentos deste, além de inibir processos de salinização.

Curiosamente, apesar da importância que tem esse tipo de projeto, os pleitos de outorga de
direito de uso da água para irrigação,, no Brasil, são acompanhados do projeto de engenha-
ria de derivação e de aplicação da água, raramente apresentando o necessário projeto de
drenagem.
A questão é tanto mais grave no caso da região semi-árida onde os ganhos hauridos através de
um bom projeto de irrigação podem ser desperdiçados pela falta de uma orientação segura
para a drenagem. Assim, a drenagem agrícola constitui fator de incremento da produtividade
no uso do solo e, portanto, deve ser alvo da preocupação primeira dos gestores de recursos
hídricos em relação ao aproveitamento hidro-agrícola.

Este trabalho, da lavra dos engenheiros agrônomos Manuel Batista, Fabio de Novaes, Devanir
Garcia e Hermínio Suguino, reúne, em vinte um capítulos, um relevante conjunto de conheci-
mentos e informações teórico-práticas capazes de tornar a tarefa do projetamento da drena-
gem agrícola algo a um só tempo simples e objetivo, criando as condições para resultados
promissores no que se refere à utilização racional dos recursos hídricos e do solo.
De especial interesse, pelo caráter prático contido na abordagem dos autores, destaquem-se
os capítulos do 13 ao 21. Para o técnico já experimentado, aliás, a leitura pode ser iniciada
por esses capítulos, ficando o estudo dos demais para o momento imediatamente seguinte.

A Secretaria de Recursos Hídricos se sente honrada em ter colaborado para a elaboração


deste livro e recomenda que os ensinamentos no mesmo contidos sejam observados, princi-
palmente, pelos técnicos e especialistas que, no campo da gestão do uso da água, se ocupam
do exercício do mecanismo de outorga.

Brasília, março de 2002.

Raymundo José Santos Garrido


Secretário de Recursos Hídricos
Introdução

1. INTRODUÇÃO

É comum a existência nas áreas que além de permitir a incorporação


destinadas a agricultura, de condições de áreas mal drenadas ao processo
desfavoráveis de drenagem natural . produtivo, evita que ocorram
inundações, encharcamento e
Nas áreas de sequeiro, principalmente salinização de solos.
quando são baixas e formadas por solos
rasos ocorrem com frequência Quando de caráter superficial, tem
inundações ou encharcamentos durante a função de remover o excesso de água
o período de grandes chuvas, o que da superfície do solo, enquanto que
pode causar perdas na produção a drenagem subterrânea visa a remoção
agrícola, dificuldades de manejo do do excesso de água do perfil do solo,
solo e até perdas materiais. com a finalidade de propiciar aos
cultivos condições favoráveis de
Nas áreas irrigadas, além dos danos umidade, aeração, manejo agrícola e
acima mencionados pode haver de prevenir a salinização ou remover
salinização, principalmente na região o excesso de sais. Dessa forma a
semi-árida, com seus efeitos daninhos drenagem interna facilita a melhoria
sobre o solo e, em consequência, sobre das condições fisicas, quimicas e
as culturas, o que torna a necessidade biológicas do solo, criando condições
de drenagem ainda maior, favoráveis para o aumento e a melhoria
considerando-se que os investimentos da produtividade/qualidade dos
em infra-estrutura são altamente produtos.
significativos.
A drenagem agrícola, fundamentada em
A drenagem agrícola é uma prática bases técnicas e em experiências
adquiridas no país, já vem sendo
praticada em escala apreciável, entre
nós, o que reflete os avanços
alcançados nessa área.

No momento em que os projetos de


irrigação e drenagem começam a se
libertar do empirismo, até há pouco
prevalescente, espera-se que esta
publicação de cunho prático e base
técnica, contribua para o
desenvolvimento da drenagem agrícola
neste pais.
Drenagem Superficial

2. DRENAGEM SUPERFICIAL

2.1. Escoamento Superficial

É a parte da precipitação total, em uma área, que 2.1.1. Fórmula racional


escoa sobre a superfície do terreno.

Existem muitas fórmulas que permitem fazer


estimativas das descargas máximas de escoamento Q = Vazão (m3/seg.)
superficial em função das características da bacia,
do seu uso e da intensidade máxima de preci- C = Coeficiente de escoamento que é a razão entre
pitação para a duração e recorrência desejados. o volume de água escoado superficialmente e o
Como base deste trabalho foi escolhida a fórmula volume de água precipitado (adimensional).
racional por ser de usos simples e prático. Esta I = Intensidade máxima de chuva (mm/h)
fórmula, por outro lado, fornece resultados altos A = Área da bacia (ha)
para bacias maiores que 50 ha. O motivo principal
da obtenção de vazões altas é o fato da fórmula Tempo de concentração (Tc)
admitir em seus princípios que a chuva é
uniformemente distribuída em toda a área da bacia, É o tempo de deslocamento de uma partícula de
o que geralmente não acontece quando a chuva é água do ponto mais distante de uma bacia até o
do tipo convectiva, que comumente é bastante ponto de saída desta. Neste momento toda bacia
localizada, de alta intensidade e baixa duração. estará contribuindo simultaneamente na formação
da descarga máxima de escoamento.
Para bacias maiores que 50 ha, pode ser usada a
fórmula de McMath (9) que contém fator de Supõe-se, para efeito de cálculo, que a preci-
correção de área, evitando assim que a vazão pitação é uniforme em intensidade, em toda a
aumente na mesma proporção que a área da bacia. bacia considerada quando a duração da chuva é
igual ao tempo de concentração.
Por outro lado, a fórmula fornece valores muito
baixos para bacias grandes, digamos, aleatoria- Existe também um grande número de fórmulas de
mente, da ordem de 800 ha. cálculo do tempo de concentração (Tc); apresenta-
se a seguir a fórmula de Kirpich, utilizado pelo
Valores mais confiáveis para bacias maiores que U.S. Bureau of Reclamation.
50 ha podem ser obtidos utiliz ando o método das
curvas-número, desenvolvido pelo Serviço de Tc = 0,0195 K0,77
Conservação de Solos dos EEUU.

Há ainda a possibilidade de uso da fórmula


Cypress-creek que também será apresentada neste Tc = tempo de concentração (minutos)
trabalho. L = comprimento máximo percorrido pela água
(m)
H = diferença de altura entre o ponto mais distante
e o ponto de saída da bacia (m)

11
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

A declividade geral da bacia é dada pela fórmula S Os projetos de drenagem superficial são conce-
= H/L. bidos geralmente para tempo de recorrência
superiores a 5 anos. A decisão quanto ao período
Outra fórmula recomendada, por levar em de recorrência de uma determinada chuva deveria
consideração a altitude média da bacia, é a de ser feita em função de um balanço econômico entre
Giandotti, a seguir: os prejuízos anuais previstos, provenientes de
perdas agrícolas e danos a estruturas e os custos
anuais de escavação de drenos e construção de
S = superfície da bacia – Km2 estruturas de maior capacidade.
L = compromento da linha do talvegue – Km
Hm = altitude média da bacia – m
Ho = altitude no final do trecho – m Intensidade máxima de chuva (I)

De uma maneira geral, os valores de precipitações


Duração das chuvas pluviométricas disponíveis no Brasil são proveni-
entes de leituras feitas com o emprego de
Tempo utilizado para a determinação da chuva pluviômetros, que fornecem somente leituras
de projeto em bacias que possuam áreas de acumu- diárias.
lação da água. Pode ser igual ao tempo de
concentração ou ao tempo de drenagem. Nos cálculos de vazões de escoamento superficial
é comum necessitar-se de valores de precipitação
A duração das chuvas pode ser igual ou superior para durações que vão de frações de hora a
ao tempo de concentração, dependendo da algumas horas. Este tipo de dado é fornecido por
existência de área de acumulação de água dentro pluviógrafos, que registram as alturas de precipi-
da bacia e também da tolerância da cultura à tações em função do tempo. Neste caso, de posse
inundação. de registros de várias estações para uma série de
anos, pode-se preparar tabelas ou curvas de
Algumas culturas podem permanecer inundadas intensidade-duração-frequência de chuvas.
por períodos de tempo que variam de algumas horas
a dias, como a cultura do arroz que tem mostrado tole- Pfafstetter (4) a partir de dados provenientes de
rar períodos maiores podendo chegar a 6 dias, em- pluviógrafos preparou, para muitas áreas do Brasil,
bora não sejam conhecidas pesquisas nesse sentido. uma série de curvas de alturas de precipitação para
diversas durações e tempos de recorrência. Pode
Na grande maioria das vezes a duração das ocorrer que a área a ser estudada não esteja coberta
chuvas, para efeito de projeto, é igual ao tempo pelo seu trabalho e nem disponha de leituras
de concentração. provenientes de pluviógrafos. Neste caso, se os
únicos dados disponíveis forem de leituras de
Tempo de recorrência pluviômetros, é necessário que sejam empregados
artifícios de cálculo para transformar valores de
Tempo de recorrência ou período de retorno é o chuvas diárias em chuvas com duração de 24 horas
período em que uma determinada chuva apresenta e chuvas de períodos inferiores, inclusive frações
a probabilidade de ocorrer pelo menos uma vez. de hora.
A título de ilustração, uma chuva de 1 hora de
duração e tempo de recorrência de 10 anos deverá Torrico (7) desenvolveu um método capaz de fazer
ocorrer em torno de 10 vezes para cada 100 anos. as transformações desejadas no preparo de tabelas

12
Drenagem Superficial

Fig. 1 - Isozona de igual relação

ou curvas, que permitam obter intensidades de Para a conversão das chuvas máximas diárias em
chuvas para diversas durações e freqüências. chuvas com duração entre 6 minutos e 24 horas,
Segundo Torrico, a metodologia a ser adotada é a adota-se a seguinte metodologia.
seguinte:
• Converte-se a chuva de um dia em chuva de 24
• Compilam-se para cada ano os dados das chuvas horas, multiplicando-se a primeira pelo fator 1,10.
máximas diárias dos postos pluviométricos da • Determina-se, através da Figura 1, a isozona na
região do projeto. qual a área do projeto se situa.
• Os projetos que abranjam regiões muito extensas, • Na tabela 1 fixam-se, para a isozona do projeto
com climas diferentes, ou que contenham micro- e para o tempo de recorrência previsto, as
lima, deverão ser subdivididos em sub-regiões. percentagens para 6 minutos e 1 hora.
• Calcula-se, empregando qualquer método • A partir dos percentuais para 1 hora e para 6
estatístico (Hazen, Gumbel, Person, etc.) e, para minutos, obtidos na mesma tabela e da chuva de
cada estação meteorológica, a chuva máxima de 24 horas (100%), calcula-se as alturas de preci-
um dia para o tempo de recorrência desejado. pitação para 6 minutos e para 1 hora.

13
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 1-
Valores para converter alturas de chuva de 24 horas
em chuva de 1 hora e chuva de 6 minutos

Fig. 2 - Alturas de chuvas versus tempo de duração em horas

14
Drenagem Superficial

• Delimitam-se, Figura 2, as alturas de chuva para de cada sistema de drenagem. Não é indicado
24 horas, para 1 hora e para 6 minutos de duração. também para que condições da Espanha a fórmula
• Liga-se a seguir os pontos para obter as alturas foi desenvolvida.
de chuva versus duração em horas. Pode-se assim
obter as alturas de chuvas para qualquer tempo de Tendo-se calculado o tempo de concentração (Tc)
duração entre 6 minutos e 24 horas. e tendo-se escolhido o tempo de recorrência
• A partir da altura de chuva e sua duração obtém- desejado (5, 10, 15, 20, 25 anos etc.) que é uma
se a intensidade de precipitação em mm/h. função do risco assumido para a estrutura projetada,
calcula-se com base nos registros de precipitações
Uma outra forma de solucionar o problema é aquele da região a intensidade máxima de chuva em mm/
que consiste em estimar diretamente a intensidade h.
máxima de chuva a partir, segundo Pires (3), de
valores da precipitação máxima diária para o
período de recorrência desejado, o que pode ser Coeficiente de escoamento (c)
feito empregando-se a fórmula:
Este coeficiente depende de vários fatores como
-0,55
I = 2,31p Tc solo, cobertura vegetal, grau de saturação do solo
Onde: e declividade geral da bacia.
I - Intensidade máxima de chuvas (mm/h)
p - Precipitação máxima diária (mm) O ideal é que fosse obtido através de dados
Tc- Tempo de concentração em minutos. experimentais, colhidos na própria bacia ou então
que fosse proveniente de bacias próximas, mas que
Esta fórmula, recomendada por Pizarro para as apresentem condições similares.
condições da Espanha, vem, de acordo com Pires,
dando bons resultados na drenagem de várzeas do É comumente obtido em função de fatores como
Estado de Minas Gerais. O autor, no entanto, não textura predominante da área, declividade geral
apresenta uma análise dos resultados obtidos, da bacia e tipo de cobertura vegetal, utilizando-
considerando as recorrências utilizadas nos se para isso tabelas existentes, como a tabela 2 a
dimensionamentos dos drenos, áreas das bacias seguir:
drenadas e períodos decorridos após a implantação

Tabela 2 - Valores do coeficiente de escoamento superficial (c).

DECLIVIDADE% SOLOS ARENOSOS SOLOS FRANCOS SOLOS ARGILOSOS


FLORESTAS
0-5 0,10 0,30 0,40
5 - 10 0,25 0,35 0,50
10 - 30 0,30 0,50 0,60
PASTAGENS
0-5 0,10 0,30 0,40
5 - 10 0,15 0,35 0,55
10 - 30 0,20 0,40 0,60
TERRAS CULTIVADAS
0-5 0,30 0,50 0,60
5 - 10 0,40 0,60 0,70
10 - 30 0,50 0,70 0,80

15
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tendo-se obtido os valores de C, I e A, calcula-se dente a uma recorrência igual a 1:2,3 ou aproxima-
a vazão Q empregando-se a fórmula Q = CIA/ damente 1:3 anos.
360. Em função da descarga obtida, dimensiona-
se a obra desejada que pode ser a seção de um Usando esta tabela a seleção da chuva seria feita
dreno, um bueiro ou um outro tipo de estrutura da seguinte maneira:
desejado. N = fn
N = número de anos de registro de chuvas.
Várias outras fórmulas poderão ser usadas para o f = freqüência ou recorrência desejada.
cálculo do escoamento superficial sendo que a es- n = número de ordem, na coluna, de valores anuais
colha desta ou daquela vai depender das informa- decrescentes de chuvas.
ções hidrológicas existentes, da dimensão e forma
fisiográfica da área e do grau de precisão desejado. Exemplo:

Seleção de chuvas a) Registro de chuvas para período de 31 anos.


N = 31
Os dados de chuvas podem ser apresentados em b) No caso de querermos uma recorrência de 10
tabelas, onde as intensidades máximas de anos.
precipitação de cada ano e para cada duração f = 10
escolhidas, são colocados em colunas decres- c) N = fn n = N/f = 31/10 = 3,1 @ 3
centes.
Neste caso, os valores de precipitação situados na
Na tabela 3 são apresentados a título de exemplo, 3ª linha apresentam probabilidade de se repetirem
Luthin (1), valores tabulados de um posto dos a cada 10 anos.
E.U.A. para precipitações máximas de 31 anos,
ocorridas no período de 1904 a 1934 inclusive. Para tempo de concentração ou duração de 30 mi-
nutos e recorrência de 10 anos encontra-se, na ta-
Não são apresentados os dados em ordem bela 3, o valor 34,5 mm. Como na fórmula o valor
decrescente até ao 31º pelo fato de que o décimo de "I" é tomado em mm/h, basta então multiplica-
número da coluna já representa o valor correspon- lo por 2; obtêm-se então I = 69,0 mm/h.

Tabela 3 - Alturas máximas de precipitação anuais para diversas durações

DURAÇÃO
(minutos) 5 10 15 30 60 90 120
ORDEM ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec. ano prec.
1 1908 21.6 1908 30.5 1908 35.6 1908 43.7 1908 54.6 1908 62.5 1919 75.4
2 1921 19.3 1915 26.4 1915 30.0 1904 49.4 1904 48.8 1915 60.5 1908 66.8
3 1915 18.5 1921 23.6 1904 28.2 1915 34.5 1915 43.2 1904 54.4 1904 59.8
4 1934 18.3 1904 22.4 1921 26.2 1921 31.0 1926 36.8 1921 46.0 1921 53.9
5 1929 16.8 1926 21.3 1926 24.6 1926 30.0 1921 35.6 1926 41.9 1926 46.5
6 1926 15.8 1934 20.3 1934 23.4 1931 28.0 1914 33.8 1914 38.1 1917 41.7
7 1931 13.0 1929 19.8 1929 22.7 1934 26.1 1931 31.8 1931 35.6 1914 39.4
8 1904 11.4 1931 17.3 1931 20.8 1929 25.7 1934 30.5 1917 34.5 1931 38.4
9 1917 9.1 1911 13.2 1911 17.0 1911 24.1 1929 29.0 1934 34.0 1934 37.1
10 1914 7.1 1917 13.0 1917 15.8 1917 21.1 1911 28.2 1929 32.3 1929 35.8
11 1911 5.3 1914 8.9 1914 12.7 1914 20.1 1917 27.7 1911 31.2 1911 34.0

16
Drenagem Superficial

Muitas vezes são preparadas tabelas que apresen- curvas estão correlacionadas as alturas de
tam os valores de precipitação de uma dada região, precipitação, em milímetros, com as durações e
em mm/h, em função do período de retorno e do os tempos de recorrência.
tempo de concentração (ver Tabela 4) . Neste caso
basta determinar o tempo de concentração e Também são apresentadas fórmulas empíricas e
assumir qual o período de retorno desejado para tabelas que visam definir precipitações máximas
obter-se intensidade de precipitação diretamente em função da duração e do tempo de recorrência.
em mm/h.
Uma outra fórmula e que é bastante utilizada nos
Para algumas áreas existem curvas como aquela Estados Unidos, é a fórmula Cypress Creek (10).
da Figura 3, que correlacionam a precipitação,
em milímetros, com a duração em horas, para 2.1.2. Fórmula Cypress-Creek
determinadas curvas de recorrência. Neste caso, Q = 0,00028 C A5/6
após estimar-se a duração da chuva, entra-se no Q = descarga (m3/se g.)
gráfico e acha-se a altura da lâmina d’água A = área da bacia (ha)
precipitada para a duração considerada; a seguir, C = coeficiente que engloba características de solo,
calcula-se a precipitação ou intensidade (I) de cobertura vegetal, declividade e condições de
precipitação em mm/h. precipitação.

A obra intitulada "Chuvas Intensas no Brasil" de O valor "C" pode ser obtido diretamente na área a
autoria do Engenheiro Otto Pfafstetter (4) apresenta ser drenada ou nas imediações desta.
grande quantidade de curvas provenientes de
leitura de pluviógrafos de postos de serviços de Para obter-se o valor desejado é preciso que
meteorologia do Ministério da Agricultura. Nas existam bueiros ou pontilhões sob estradas ou

Tabela 4 -
Intensidade de precipitação em mm/h para o posto " x " em função
do tempo de concentração e período de retorno.

TEMPO DE
CONCENTRAÇÃO PERÍODO DE RETORNO (ANOS)
(MIN.)
2 5 10 15 20 25 50 75 100
5 123,6 159,0 182,4 195,4 202,8 221,8 233,4 246,0 255,0
10 102,0 127,8 144,6 154,2 160,2 167,4 182,4 191,4 198,6
15 85,8 110,4 126,6 136,2 141,6 147,6 162,6 171,6 177,6
20 76,2 98,4 112,8 121,8 126,0 131,4 144,6 153,0 158,6
25 67,2 86,4 99,0 106,2 110,4 114,6 126,6 133,8 138,6
30 61,2 78,0 89,4 96,0 99,6 103,8 114,6 120,6 124,8
40 51,6 66,6 76,2 81,6 85,2 88,8 97,8 103,2 106,8
50 45,0 58,2 67,2 72,6 75,0 78,6 87,0 91,8 95,4
60 39,6 52,8 61,2 66,0 69,0 72,6 80,4 85,2 88,8
75 32,4 43,2 50,4 54,6 57,0 60,0 66,6 70,8 73,2
90 27,6 37,2 43,2 46,8 48,6 51,0 57,0 60,0 62,4
105 24,0 31,8 37,2 40,2 42,0 43,8 48,6 51,6 54,0
120 21,6 28,2 33,0 35,4 37,2 39,0 43,2 45,6 47,4

17
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig.3: Curva de altura - duração -frequência de chuvas para o posto meteorológico de piaçabuçu

canais, e que se disponha de plantas topográficas sistema de drenagem superficial do projeto Senador
para delas obter-se as áreas das bacias que Nilo Coelho- Petrolina - Pe, com área de 25.000 ha.
contribuem para cada ponto de deságüe. De posse
desses valores, adicionados do conhecimento, A partir de estimativas de vazões máximas
mesmo que aproximado, do tempo de existência ocorridas em bueiros de estradas que cortam a área,
de cada estrutura e após obter-se informações, na observando marcas de nível d’água deixados, foi
área, sobre o funcionamento de cada estrutura possível obter um valor "C" razoavelmente
considerada, se já houve transbordamento, quantas confiável, que no caso foi igual a 35.
vezes e quando, pode-se então determinar o valor
do coeficiente "C" com razoável segurança. 2.1.3. Fórmula de McMath
Q = 0,0091 C i A4/5 S1/5
O valor "C" é empregado para obter-se a descarga Q = vazão (m3/seg.)
máxima para determinada recorrência. Só pode C = coeficiente de escoamento de McMath
ser extrapolado para áreas que apresentem i = intensidade de chuvas (mm/h)
condições de solo, topografia e clima semelhantes. A = área da bacia (ha)
S = declividade no talvegue principal = metro/metro
O Serviço de Conservação de Solos dos Estados
Unidos apresenta uma série de tabelas e curvas Na tabela 5 são apresentados os coeficientes de
que visam a obtenção do coeficiente desejado. McMath, sendo o valor "C" a soma dos três coefi-
Para fazer uso das curvas precisa-se, no entanto, cientes selecionados para caracterizar a bacia.
de uma série de informações que geralmente não
existem em nossas condições, o que limita entre Esta fórmula foi obtida em função da fórmula
nós o uso da fórmula. racional, sendo que o valor da intensidade de
chuvas é obtido da mesma forma que para a fórmula
Esta fórmula foi utilizada no cálculo de vazões do citada. Possui um fator de redução de área que

18
Drenagem Superficial

Tabela 5 - Valores representativos de média ponderada de características de bacias,


necessários para o cálculo do coeficiente de McMath.

CONDIÇÕES DE TIPO DE TIPO CONDIÇÕES


ESCOAMENTO COBERTURA VEGETAL DE SOLO TOPOGRÁFICAS DA BACIA
baixa área coberta de gramíneas 0,08 areia 0,08 área plana 0,04
moderada cobertura vegetal intensa 0,12 textura leve0,12 ligeiramente ondulada 0,06
média cobertura razoável a rala 0,16 textura média 0,16 ondulada a montanhosa 0,08
alta cobertura rala a esparsa 0,22 textura pesada (argilosa) 0,22 montanhosa a escarpada 0,11
muito alta cobertura esparsa e solo textura pesada escarpada0,15
descoberto0,30 a área rochosa0,30

evita um aumento linear e irreal das vazões em pela CODEVASF para bacias de contribuição
função da áreas de contribuição. maiores que 50 ha.

2.1.4. Cálculo da vazão de escoamento superficial O fluxograma da figura 4 abaixo indica como
pelo método das curvas-número proceder no uso do método, enquanto que as
É um método prático que aparentemente tem tabelas 6,7,8 orientam como obter os dados
resultado na obtenção de valores confiáveis de necessários para os cálculos de que trata o
escoamento superficial. É o método mais utilizado fluxograma.

Fig. 4 - Fluxograma para cálculo da


vazão de escoamento superficial

19
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 6
Dados da Bacia
Grupos de solo segundo o potencial de escoamento superficial (*)

GRUPO CARACTERÍSTICAS

A Baixo potencial de escoamento. Solos que possuem altas taxas de


infiltração ainda em condições completamente úmidas. Neste grupo se
classificam os solos arenosos e muito bem drenados.

B Solos que tem taxas de infiltração moderadas quando úmidos.


Compreendem principalmente solos profundos e moderadamente
profundos, drenagem boa e moderada. Textura de moderadamente fina
a moderadamente grossa. São solos que possuem taxas moderadas de
transmissão de água.

C Solos que tem infiltração lenta quando completamente úmidos e consistem


principalmente de solos com uma camada que impede o movimento
descendente da água, ou que possuem texturas finas a moderadamente
fina. Estes solos tem uma lenta transmissividade de água

D Alto potencial de escoamento. Solos com uma baixa taxa de infiltração


quando completamente molhados. Consistem principalmente de solos
argilosos com um alto potencial de expansão, solos com um lençol freático
alto e permanente. Solos com fragipan (barreira) ou camada argilosa
superficial, e solos muito superficiais sobre uma camada impermeável.
Estes solos tem taxa de transmissão de água muito baixa.

(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 105

20
Drenagem Superficial

Tabela 7
Curvas-número (cn) representando escoamento superficial para as condições de solo, cobertura vegetal
e umidade abaixo apresentadas (condições de umidade ii e ia = 0,2 S) (*)

COBERTURA GRUPOS DE SOLO


USO DA TERRA TRATAMENTO CONDIÇÃO * A B C D
OU PRÁTICA HIDROLÓGICA NÚMERO DA CURVA
CURVA

Cultura em fileiras Fileiras retas Ruim 72 81 88 91


(milho, algodão,
tomate, etc.) Fileiras retas Boa 67 78 85 89

Fileiras em contorno Ruim 70 79 84 88


Fileiras em contorno Boa 65 75 82 86
Anterior + terraças Ruim 66 74 80 82
Anterior + terraças Boa 62 71 78 81
Culturas em fileiras Fileiras retas Ruim 65 76 84 88
estreitas. (trigo, arroz) Fileiras retas Boa 63 75 83 87
Fileiras em contorno Ruim 63 74 82 85
Fileiras em contorno Boa 61 73 81 84
Anterior + terraças Ruim 61 72 79 82
Anterior + terraças Boa 59 70 78 81
Leguminosas em Fileiras retas Ruim 66 77 85 89
fileiras estreitas ou Fileiras retas Boa 58 72 81 85
forrageiras em rota- Fileiras em contorno Ruim 64 75 83 85
ção(também hortali Fileiras em contorno Boa 55 69 78 83
ças) Anterior + terraças Ruim 63 73 80 83
Anterior + terraças Boa 51 67 76 80
Pastagens Ruim 68 79 86 89
(pastoreio) Regular 49 69 79 84
Boa 39 61 74 80
Fileiras em contorno Ruim 47 67 81 88
Fileiras em contorno Regular 25 59 75 83
Fileiras em contorno Boa 6 35 70 79
Pastagens (feno) Boa 30 58 71 78
Floresta Ruim 45 66 77 83
Regular 36 60 73 79
Ou Bosque Boa 25 55 70 77

* Boa - Cobertura em mais de 75% da área


Regular - entre 50 e 75%
Ruim - menor de 50% da área
Ia = água inicial retida (plantas, empoçamento e água que se infiltra antes do início do escoamento superficial.

(*) Segundo Shwab et al. Soil and water conservation engeneering - pag. 104

21
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 8 -
Fatores de conversão de curvas-número para as condições I e III para Ia = 0,2 S (*)

CURVA-NÚMERO PARA FATOR DE CONVERSÃO DE CURVA NÚMERO II PARA:


A CONDIÇÃO II CONDIÇÃO I CONDIÇÃO III
10 0,40 2,22
20 0,45 1,85
30 0,50 1,67
40 0,55 1,50
50 0,62 1,40
60 0,67 1,30
70 0,73 1,21
80 0,79 1,14
90 0,87 1,07
100 1,00 1,00

(*) segundo Schwab et al. Soil and water conservation engineering - pag 106

Valores de curva-número para as condições anterio- •Precipitação total que escoa =


res de precipitação podem ser obtidos utilizando-
se os fatores constantes da tabela 8.

Precipitações dos 5 dias anteriores


a chuva considerada
Condição (mm)
I 0 - 35 • calculo de vazão de escoamento superficial
II 35 - 52 Q = C A5/6 x 10-3
III Mais de 52

2.1.5. Exemplo de cálculo de


escoamento superficial Q = 13.7 X 4005/6 X 10-3 = 2,0m3/s
Bacia de 400 ha.

a) Método - curvas-número b) Fórmula Cypress-Creek


•Grupo hidrológico - B
•CN = 75. Q = 0,00028 C A5/6
•Infiltração potencial Para 0,00028 C = 0,01, obtido a partir de estima-
•Tempo de concentração tivas de campo provenientes de estruturas
existentes em área com condições que, mais ou
Tc = 0,0195 K0,77, sendo menos, se aproximam da área do projeto formoso
Para L = 4 770m e H = 6,5m, de Irrigação, obtêm-se:
Tc = 168 minutos = 2 h e 50 min. ou 2,8 horas. Q = 0,01 x 4005/6
•Para Tc = 2 h e 50 min. e TR = 10 anos, a Q = 1,47 m3/s
precipitação total estimada para a área é P = 44
mm.

22
Drenagem Superficial

c) Fórmula de McMath c) Fórmula de McMath

Q = 0,0091 C i A4/5 S1/5 Q = 0,0091 x 0,38 x 5,04 x 10.0004/5


6,5m
S = declividade em m/m . . S = x (7,7/18.400)1/5 = 5,85m3/s
4770m
Esta fórmula não deve ser recomendada principal-
Q = 0,0091 x 0,38 x 15,7 x 4004/5 x (0,00136)1/5 = mente para áreas grandes.
1,75m3/s
Q = 1,75m3/s
2.1.5.3. Cálculo para duração maior que o tempo
d) Fórmula Racional de concentração

Área de várzea argilosa contendo 120ha de arroz


Irrigado. Assume-se:
Q = 6,1 m3/s - valor muito alto. Não é recomen- •Tolerância da cultura do arroz à submersão = 6
dado o seu uso para áreas maiores que 50 ha. dias.
•Perdas de água das chuvas por infiltração,
evaporação e transpiração = 15%
2.1.5.2. Bacia de 10.000 ha
Q = CIA/360
a) Método das curvas-número:
Área = A = 120 ha
0,77
•Tempo de concentração-Tc = 0,0195 k Duração da chuva = 6 dias ou 144 horas.
Recorrência assumida = 10 anos

•para 144 horas de duração e 10 anos de


-25,4 = 8,47cm = 84,7mm recorrência encontra-se, na figura 3, uma lâmina
de chuva de 245 mm.
•Precipitação total para a duração escolhida
P = 64 mm Intensidade -
•Total da precipitação que escoa
O coeficiente de escoamento superficial é a
relação entre o volume escoado e o volume
precipitado; como 15% da água precipitada se
•Coeficiente de escoamento infiltra e evapora, restam, para escoar, 85% do
total ou

• Vazão do dreno
Q= C A5/6 x 10-3 = 9,8 x 10.0005/6 x 10-3= 21,1m3/s
•A vazão neste caso pode também ser estimada
da seguinte forma:
b) Fórmula Cypress - Creek
Q = 0,01 A5/6
Q = 0,01 (10.000)5/6 = 21,5m3/s
Q = 21,5m3/s

23
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Neste caso o método racional pode ser usado para Na Figura 5 é apresentado desenho esquemático
áreas maiores que 50 ha, desde que haja segurança de dreno trapezoidal, onde:
quanto ao cálculo estimativo da lâmina de chuvas
do período considerado, mesmo ocorrendo chuvas
convectivas que geralmente cobrem áreas
pequenas.

Em função das condições especificas de dedução Fig. 5 - Seção Trapezoidal de dreno


de cada fórmula ou método de determinação da
vazão de escoamento superficial e suas limitações A = bh + h²z
e não existindo uma fórmula especifica ou P = b + 2h
adaptada para as condições da área a ser estudada, b = base menor - m
recomenda-se: h = altura considerada - m
1- Áreas de até 50 ha - usar o método ou fórmula z = talude - m
racional. p = perímetro molhado - m
2- Para áreas de 50 ha até cerca de 400 ha, utilizar
valores médios obtidos entre a fórmula de McMath A vazão de um dreno é igual a sua sessão vezes a
e o método das curvas-número, tomando valores velocidade média de fluxo, onde:
nunca inferiores aos obtidos pela fórmula racional Q = VA
para área de até 50ha.
3- Para áreas de bacias situadas entre 400 e V = velocidade - m/seg.
2000ha, usar preferencialmente os valores da curva
que une dados obtidos para 400ha e o valor obtido Seção mais eficiente de um dreno
através do método das curvas-número para bacia
de contribuição de 2000ha. É aquela que mais se aproxima da forma semicir-
4- Na falta de dados de chuvas e em última opção, cular, no entanto, em drenagem dificilmente pode-
poderá ser usada a fórmula Cypress Creek, desde se seguir este princípio, tendo em vista os seguintes
que sejam obtidas informações confiáveis no campo. fatos:
5- Para áreas de contribuição maiores que 2000ha, •Talude - é uma função das características do solo
usar método das curvas-número. a ser drenado.
6- Para áreas maiores poderá ser usado, como •Profundidade - é definida em função da posição
opção, hidrograma de escoamento superficial. da área em relação ao ponto de descarga; da
profundidade da camada que apresente resistência
ao corte ou ainda em função da necessidade ou
2.2. Dimensionamento de Sistemas não de drenar também o perfil do solo.
de Drenagem •Largura - geralmente de 0,50 m; 0,80m; 1,00m;
1,50m ou 2,00m, dependendo da profundidade e
O dimensionamento dos sistemas de drenagem é vazão de projeto e também do tipo de equipamento
comumente feito utilizando-se a fórmula de de escavação disponível.
Manning onde:
Para o dimensionamento de drenos abertos são
Q = vazão - m³/seg. apresentados nas tabelas 9, 10 e 11 valores de
n = coeficiente de rugosidade coeficientes de rugosidade, velocidades de fluxo
R = raio hidráulico - A/P da água e taludes compatíveis com os diversos
S = declividade do dreno = m/m tipos de solo.
A = área do dreno - m²

24
Drenagem Superficial

Tabela 9 - Coeficientes de rugosidade de Manning

CARACTERÍSTICAS DOS DRENOS COEFICIENTES


Drenos cortados em rocha, trechos retos e regulares 0,035
Drenos retos, bem limpos e regulares 0,023
Drenos de seção grande e bem limpo 0,032
Drenos largo, profundo escavado em solo
Drenos em solo aluvial e com vegetação pouco densa 0,030
Drenos com vegetação intensa 0.040
Drenos com pequena seção 0,040
Drenos com pouca irregularidade e limpos 0,035
Drenos de seção média, fundo e taludes irregulares e vegetação densa 0,045
Drenos escavados com draga, talude e fundo irregulares e com vegetação rala 0,045
Drenos com paredes irregulares, escavados com draga e muita vegetação em seu leito 0,080

Tabela 10 - Velocidades máximas de fluxo d’água recomendadas em função


do tipo de solo

TEXTURA DO SOLO VELOCIDADES(m/s).


Argiloso (argila 1:1 fortemente cimentada, tipo argilito) 1,8
Argilosa (argila 1:1) 1,2
Argilosa (argila dispersiva) 0,4*
Franco argilosa 0,8
Franca 0,9
Franco arenosa e areia fina 0,7
Cascalho fino 1,5
Cascalho grosso 1,8
Velocidade mínima para evitar deposição de silte ou areia fina 0,3
Mínima para evitar a germinação de ervas daninhas 0,5
Mínima para inibir o crescimento de ervas daninhas 0,8
* sugerido em função de problemas encontrados. Não existem valores experimentais.

Tabela 11 - Taludes de drenos recomendados em função do tipo de solo

TIPO DE SOLO TALUDES (V-H)


Solo turfoso 1: 0 a 1 : 0,25
Argiloso pesado 1: 0,5 a 1: 1
Argiloso e franco siltoso 1: 1 a 1: 1,5
Franco arenoso 1: 1,5 a 1: 2
Areia 1: 2 a 1:3
* Para argilas dispersivas não existem dados. Supõe-se que o melhor é implantar o dreno e vegetar
artificialmente as suas paredes para protegê-las da erosão principalmente pelo impacto das águas da chuva.

25
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Dreno parcelar A subsidência é também devida a perda de suporte


do solo com a eliminação de água.
É um dreno raso que tem como finalidade principal
coletar os excedentes de irrigação do lote ou Observações feitas em solos orgânicos da Europa
parcela. Tem em geral a forma de "V" com talude e Estados Unidos indicam que há em média um
que de um lado pode ser por exemplo, de 1:1. Do rebaixamento de ordem de 2,5 cm/ano e que a
outro, o talude deve ser suave, podendo ser de subsidência é uma função da espessura da camada
1:10 ou mais. De início a sua construção pode drenada ou profundidade do lençol freático
fazer parte das obras de preparo do lote para a
irrigação. É um dreno que pode ser destruído e Nos primeiros anos após a drenagem a subsidência
refeito após cada cultivo, principalmente quando é maior devido a compactação inicial sofrida pelo
se trata de irrigação por gravidade, em sulcos. Pode solo drenado.
ter profundidade ligeiramente superior à dos sulcos,
devendo ser reconstruído pelos ocupantes do lote, Onde não existam dados referentes a subsidência,
após cada cultivo, empregando sulcadores pode-se assumir que haverá, com o tempo, um
apropriados, enxada, motoniveladora etc. rebaixamento da ordem de 25 a 35% em relação
a profundidade inicial dos drenos.
De uma maneira geral, as atribuições de um
engenheiro de drenagem terminam quando começa
o dreno parcelar, sendo que a drenagem de projeto Escavação de drenos
vai obrigatoriamente até esse nível.
É feita com emprego de dragas, para drenos de
Obras complementares grandes dimensões ou retroescavadeira, para
drenos menores.
Bueiros, quedas, pontes, pontilhões são as obras
complementares mais comuns. São projetadas É conveniente, sempre que os drenos forem de
geralmente em escala 1:50, devendo a topografia dimensões pequenas confeccionar e utilizar na
do local de cada obra ser feita a nível de detalhe. retroescavadeira uma concha de forma trapezoidal.
Na parte referente a anexos são apresentadas
plantas-tipo para diferentes obras. A implantação de drenos pode ser também manual,
o que torna o serviço em geral muito caro e
Drenagem de áreas com altos teores de matéria demorado, só se justificando para trabalhos de
orgânica. pequena monta e quando não existe máquina na
proximidade da área a ser drenada. Para pequeno
Nestas áreas é comum o fenômeno da subsidência, volume de trabalho, o transporte de uma máquina
podendo haver, em casos especiais, rebaixamento situada a grande distância pode tornar o seu
de até 50 cm. emprego economicamente inviável, devido
principalmente a componente relativa a custo de
Freqüentemente as valas são abertas e após o transporte.
rebaixamento do material, devido à oxidação são,
então, aprofundadas. Deve-se ter sempre em mente que os trabalhos de
escavação de drenos jamais devem ser feitos sem
A oxidação da matéria orgânica se dá após a acompanhamento topográfico, com checagem de
drenagem e ocupação pelo ar dos poros do solo, cotas de fundo, para que a sua escavação seja
devido a ação de bactérias aeróbicas, que conver- feita de acordo com a declividade do projeto. No
tem a matéria orgânica em dióxido de carbono. anexo I é apresentado um perfil tipo de dreno aberto.

26
Drenagem Superficial

Nota: Limite da Área do projeto:

Fig. 6 - Desenho esquemático mostrando a nomenclatura do sistema de drenagem

Nomenclatura dos drenos

As denominações de cursos d’água existentes, de Para drenos secundários, terciários e quaternários,


fluxo temporário ou permanente, devem ser o número correspondente ao dreno deve estar em
mantidas. ordem crescente, de jusante para montante.
Quando dois drenos desaguarem em um mesmo
A nomenclatura, sempre que se tratar de rede de ponto, a numeração será crescente da esquerda
drenagem de grande porte, deve ser codificada para a direita.
conforme segue:
1º Espaço - Letra D (maiúscula) Existem todavia situações em que não é possível
2º Espado - Letras P,S,T ou Q, identificando enumerar os drenos principais (DP) de acordo com
respectivamente, o dreno principal, secundário, o esquema proposto. Nesses casos, sugere-se que
terciário ou quaternário. o DP 01 seja o de maior porte e os demais sejam
3º e 4º Espaços - Número correspondente ao dreno enumerados no sentido horário. A Figura 6 exem-
principal, ou zero, caso não haja mais de um dreno plifica o procedimento proposto.
considerado como principal;
5º e 6º Espaços - Número, a partir de 01,
correspondente ao dreno secundário; Conservação e manutenção de drenos
7º e 8º Espaços - Número, a partir de 01,
correspondente ao dreno terciário; O ideal é que cada dreno, imediatamente após a
9º e 10º Espaços - Número, a partir de 01, sua escavação, tivesse as suas paredes cobertas
correspondente ao dreno quaternário. com vegetação de porte rasteiro para evitar a
erosão de seus taludes.
O dreno DPO1 será sempre aquele cujas águas
desembocam mais a jusante do maior coletor Em áreas úmidas e de solos férteis em profundi-
natural (rio, riacho ou talvegue). Os demais drenos dade, essa cobertura é feita espontaneamente por
principais serão denominados de jusantes para plantas nativas em curto período de tempo. Em
montante segundo a ordem de deságüe. áreas menos favorecidas pelas condições

27
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

climáticas e de solo, as paredes dos drenos se 3 - PIRES, Elias Teixeira. Informações mínimas para
mantém parcialmente desnudas ou desprotegidas drenagem de várzea. Belo Horizonte:
por longos períodos de tempo, o que facilita a EMATER (MG), 1982. 30p.
erosão de seus taludes.
4- PFAFSTETTER, Otto. Chuvas intensas no Brasil;
O plantio de gramíneas ou leguminosas de relação entre precipitação, duração e
pequeno porte em taludes de drenos, com fins de freqüência de chuvas com pluviógrafos. SP:
protegê-los, não tem sido feito até o momento em DNOS, 1975.419 p. il.
nosso país por ser uma prática muito onerosa,
mesmo sendo empregado o processo da hidros- 5- RHODIA S.A. Drenos; princípios básicos e
semeadura. sistemas drenantes. São Paulo: 1978. 64 p.
il.
O problema de proteção de taludes se torna mais
necessário em áreas onde há predominância de 6- SCHWAB, Glenn O. et al. Precipitation. In:
argila expansiva tipo 2:1 (Teor de argila natural SOIL AND WATER CONSERVATION ENGI-
baixo). NEERING. 2ed. New York: John Wiley & Sons,
1966.
Em casos como esses, tudo indica que a melhor
opção é proteger as paredes do dreno, imedia- 7- TABORGA, JAIME JOSÉ TORRICO. Práticas Hi-
tamente após a sua escavação, por meio do plantio drológicas. Rio de Janeiro: TRANSCON,
de vegetação apropriada. 1974. 120p.

Quanto a limpeza de vegetação, é geralmente feita 8- TEIXEIRA, Antônio Libânio. Cálculo estimativo
manualmente através de roçagem. Esta deveria, de hidrograma de cheia. Belo Horizonte:
para drenos de seções maiores, ser sempre feita 1969. 14 p. il.
com o emprego de máquinas apropriadas,
constituídas de ceifadeira hidráulica de braço 9- USDA BUREC. Drainage manual; a water
móvel e ajustável, acoplada a trator de roda, que resources technical publication. Denver:
poderia roçar não só as paredes como também o 1978. 268 p. i l.
fundo do dreno.
10- U.S. DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. Soil
No caso de desassoreamento, este também pode conservation service; drainage of agri-
ser feito manualmente, para drenos pequenos, ou cultural land. Washington: 1971 1v. il.
mecanicamente para drenos maiores sempre que (National engineering handbook, section 16).
a operação for julgada necessária.
11-VILLELA, Swami M., MATTO, Arthur. Hidrolo-
gia aplicada. São Paulo McGraw-Hill do
Bibliografia Brasil, 1975. 245p. il.

1- LUTHIN, James N. Drainage engineering. New 12-WILKEN, Paulo Sampaio. Engenharia de


York: Robert E. Engineering, 1973. 250p. il. drenagem superficial. São Paulo: 1978. 478
p. il.
2- MILLAR, Augustin A. Drenagem de terras
agrícolas; princípios, pesquisas e cálculos.
Petrolina: SUDENE, 1974. 1v. il.

28
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais

3. DRENAGEM SUBTERRÂNEA –
CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. Introdução

As primeiras referências sobre drenagem subter- corrugado de material plástico perfurado, com a
rânea foram feitas no ano 2 AC, na antiga Roma, finalidade de coletar e escoar o excesso de água
onde já era recomendada a abertura de valas que do subsolo.
eram preenchidas com cascalho. O cascalho
atuava ao mesmo tempo como meio coletor de Enquanto a drenagem superficial visa à remoção
água do solo e condutor desta para fora da área do excesso de água da superfície do solo ou piso
drenada. A próxima referência data do ano de 1620, construído, a drenagem subterrânea visa à remoção
onde, pela primeira vez, em um convento da do excesso de água do solo até uma profundidade
França, foi feita drenagem subterrânea através de predeterminada.
tubos de barro, sendo a prática depois repetida na
Inglaterra em 1810. Em regiões úmidas e muito úmidas, com precipi-
tações médias anuais maiores que 1.000 mm, a
De uma maneira geral, pode-se afirmar que o drenagem subterrânea visa evitar o encharcamento
grande avanço da drenagem subterrânea, por meio do solo por período de tempo prolongado, que
de condutores subterrâneos, ocorreu nas últimas venha a prejudicar, de maneira significativa, o
quatro décadas. Este fato deu-se devido à grande rendimento econômico das plantas cultivadas.
demanda de alimentos causada pela explosão
demográfica, considerando-se que a população do No aumento da produção de alimentos a drenagem
planeta dobrou nos períodos de 1500 a 1900 e de contribui não só como fator de aumento da
1900 a 1950, bem como de 1950 até por volta de produtividade, como de incorporação de terras
1970 apesar das duas grandes guerras mundiais. encharcáveis ao processo produtivo.

A drenagem subterrânea tem por finalidade No Brasil esta técnica tende a expandir-se,
rebaixar o lençol freático através da remoção da principalmente em função dos trabalhos desenvol-
água gravitativa localizada nos macroporos do vidos pelo Programa Nacional de Aproveitamento
solo. Propicia, em áreas agrícolas, melhores Racional das Várzeas e, também, em função da
condições para o desenvolvimento das raízes das crescente salinização dos solos irrigados no
plantas cultivadas. Em regiões semi-áridas e semi- nordeste brasileiro, onde a irrigação começou a
úmidas evita o encharcamento e também a ser feita em maior escala a partir da década de
salinização de solos irrigados. 70.

De uma maneira geral os projetos de irrigação e Da mesma maneira, como tem acontecido em
drenagem têm sido implantados sem que sejam quase todos os países, a drenagem é uma prática
feitos os estudos necessários da parte relativa à que vem sempre a reboque da irrigação em
drenagem subterrânea dos solos, o que tem decorrência do surgimento de problemas de
propiciado condições favoráveis ao encharcamento encharcamento e/ou salinização.
e salinização de grande parte das áreas irrigadas.
A implantação de projeto de irrigação sem que
No presente momento a drenagem subterrânea é seja dada a devida atenção ao fator drenagem,
feita utilizando-se mais comumente o tubo decorre muitas vezes da falta de conhecimento

2 9
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

ou descuido, nesta área, dos técnicos envolvidos Nas regiões do Nordeste Brasileiro e do Vale do
nos estudos e preparo do projeto. Rio São Francisco estima-se que existam um
mínimo de 50.000 ha com teores médios a altos
Felizmente já existe uma maior conscientização de salinização, onde a instalação de drenos
quanto à importância da drenagem subterrânea subterrâneos é prática indispensável.
em relação aos cultivos e à preservação dos solos.
Somente na região do sub-médio São Francisco
existem em torno de 15.000 ha salinizados.
2. Estimativa de Áreas que
Requerem Drenagem Subterrânea Esses solos começaram a ser irrigados a partir dos
anos 50, motivo porque se tornaram salinos, o que
A drenagem subterrânea é importante para evitar tem redundado no abandono de muitas áreas e sub-
o encharcamento em regiões de baixo ou nulo utilização de outras, tornando evidente, na região,
déficit hídrico e para evitar o encharcamento e que solos rasos e de textura leve a média, irrigados
também a salinização em zonas de alto déficit com baixa eficiência, são salinizadas em poucos
hídrico, como na maioria das áreas do Nordeste anos de irrigação. Nos perímetros Maniçoba e
Brasileiro. Curaçá, situados em Juazeiro/BA, muitas áreas se
tornaram encharcadas, já nas primeiras irrigações
São muitas as áreas de terras do Brasil, irrigadas e a seguir, em período aproximado de 5 anos de
ou não, que necessitam de drenagem subterrânea, irrigação, se tornaram salinos o que, sem dúvida,
tendo, dentre elas, as várzeas úmidas e todas as reflete o quadro esperado para as zonas nordestinas
demais áreas cultivadas que apresentam problemas de baixas precipitações pluviais e má drenabi-
de drenabilidade de perfil. lidade.

A incorporação de várzeas não exploradas ou Como nas regiões semi-úmidas e semi-áridas do


pouco produtivas a um processo de exploração Brasil, norte de Minas e parte do Nordeste, muitas
intensa depende da instalação de sistema de áreas estão sendo irrigadas pela iniciativa privada
drenagem subterrânea. e pública, é de se prever que a necessidade de
fazer drenagem subterrânea seja cada vez maior,
Em nosso país, o Programa Nacional de Aprovei- principalmente para prevenir processos de
tamento de Várzeas - PROVÁRZEAS promoveu a salinização.
drenagem e sistematização de 768.000 ha, entre
os anos de 1973 e 1987. A drenagem dessas áreas
foi em quase sua totalidade feita através de valas 3. Drenagem Subterrânea
abertas. com Fins não Agrícolas

As valas abertas têm o custo de instalação mais 3.1. Drenagem de rodovias e ferrovias
baixo, mas por outro lado as perdas de áreas de
terra, os custos elevados de manutenção e a maior É constituída de drenos subterrâneos interceptores
dificuldade oferecida por este sistema ao trabalho e rebaixadores do lençol freático nas proximidades
das máquinas agrícolas fazem com que, a médio e/ou sob a obra. São drenos instalados geralmente
prazo, a drenagem subterrânea por valas abertas em trechos em cortes ou em trechos de baixada
se torne mais dispendiosa do que aquela efetuada onde haja formação e ascensão do lençol freático
através dos condutos subterrâneos. a níveis que possam comprometer a capacidade
de carga do sistema.

3 0
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais

3.2. Drenagem subterrânea de áreas de 3.5. Drenagem subterrânea


recreação, residenciais, comerciais de pistas de aeroportos
e parques industriais
São obras que visam, em áreas sujeitas ao
É a drenagem subterrânea de praças de esporte, encharcamento, evitar que haja elevação do
como campos de futebol, tênis, etc, bem como a lençol freático a níveis que possam comprometer
drenagem de áreas baixas, residenciais ou a capacidade de carga da pista.
industriais, para melhorar as condições fitossani-
tárias de uso e/ou de suporte dos solos e de cultivo
de plantas ornamentais. 3.6. Drenagem de fossa através
de “sumidouro horizontal ou vala
Aqui se inclui também a drenagem permanente de infiltração”
de proteção das edificações situadas em zona de
flutuações do lençol freático onde sejam construí- Trata-se de um caso atípico onde a drenagem da
das dependências a nível de subsolo como fossa é feita através de um sistema de valas de
garagem, etc. infiltração. Neste caso o sistema de sumidouro por
tubos perfurados instalados em valas tem função
inversa daquela da drenagem subterrânea ou seja:
3.3. Drenagem de áreas de jardinagem tem a função de perder água e não de captar.

É a drenagem subterrânea de floreiras ou jardins O sistema é instalado de forma idêntica aos casos
internos e externos, concebidos em leito confinado anteriores tendo, no entanto, a finalidade de criar
de edificações. Evita o encharcamento prolongado uma grande área de infiltração e assim facilitar o
do solo, propiciando condições de umidade fluxo de água da fossa para o solo.
favorável às plantas e a obra.
É uma prática de baixo custo e bastante eficiente,
principalmente em se tratando de solos profundos
3.4. Drenagem temporária e permeáveis como os latossolos. Em áreas de solo
com fins construtivos que possuam a camada impermeável situada
próxima da superfície ou zonas que possuam o
Consiste na instalação, nas proximidades de uma lençol freático alto é mais eficiente que o sistema
obra, de sistema de drenagem subterrânea com a de sumidouro tipo cisterna.
finalidade de interceptar e rebaixar temporaria-
mente o lençol freático para permitir que os O sistema fornece ainda condições favoráveis a
trabalhos se desenvolvam normalmente. realização de sub-irrigação de plantas, principal-
mente quando instalado em regiões sujeitas a
É o tipo de drenagem chamada comumente de períodos de seca prolongados. Apresenta também
ponteira vertical ou horizontal. No caso da ponteira a vantagem de propiciar a fertilização do solo pela
horizontal a água é coletada através de tubos ferti-irrigação que automaticamente se processa.
perfurados ou condutos subterrâneos, tendo ao seu
redor um envoltório de cascalho, brita ou manta
sintética. 4. Drenagem subterrânea
com fins agrícolas
De uma maneira geral, a água captada é escoada
da área por bombeamento. É a drenagem que tem como finalidade propiciar
às raízes das plantas cultivadas condições

3 1
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

favoráveis de umidade, aeração e balanço de sais. Apresentam as desvantagens de:

Em regiões úmidas e muito úmidas, com precipita- • Perda de área na sua abertura o que, em solos
ções médias anuais maiores que 1.000 mm a de alto valor econômico e com culturas intensivas,
drenagem subterrânea visa evitar o encharcamento tem grande importância;
do solo por período de tempo prolongado que • Dificulta o trabalho de máquinas - manejo do
venha a prejudicar, de maneira significativa, o solo;
rendimento econômico das plantas cultivadas. • Custo do espalhamento do material ou alto custo
do descarte como bota-fora, quando não apropri-
Em regiões semi-áridas a drenagem subterrânea é ado para ser espalhado;
utilizada para evitar o encharcamento e também • Alto custo de manutenção devido ao crescimento
a salinização de solos irrigados. de ervas daninhas terrestres em seus taludes, e
aquáticas em seu leito.
É importante lembrar que tanto para a drenagem
superficial como para a drenagem subterrânea, a O talude adequado e bem construído evita
existência de ponto de descarga próximo da área desmoronamento.
a ser drenada é de fundamental importância,
podendo as condições de acesso e distância a esse A seguir apresenta-se uma estimativa prática para
ponto inviabilizarem a implantação de sistema a escolha de taludes, de acordo com o tipo de
de drenagem subterrânea de determinada área. solo:

Tipo de Solo Talude Usual (V:H)


5. Tipos de Drenos Arenoso até 1:3
Franco arenoso 1:2
Drenos são condutos abertos ou subterrâneos, Franco com cascalho 1:1,5
tubulares ou de material poroso, destinados a Siltoso 1:1 a 1:1,5
remover o excesso de água proveniente de sua Argiloso + cascalho 1:1
área de influência. Argiloso 1:0,75 a 1:0,5

Ao comentarmos sobre sistemas de drenagem, a 5.2. Drenos subterrâneos


nível de parcela, podemos abordar o assunto sobre
dois modos diferentes ou dois métodos distintos, Condutos subterrâneos utilizados para coletar e
com suas vantagens e desvantagens. No primeiro conduzir, por gravidade, a água proveniente do
método utilizamos as valetas ou drenos abertos e lençol freático de sua área de influência.
no segundo método os drenos subterrâneos ou
drenos cobertos. Apresentam a vantagem de dispensar a manuten-
ção tradicional.

5.1. Drenos a céu aberto (valas abertas)


5.3. Drenos toupeira
Nas regiões úmidas este método tem sido o mais
comum na drenagem. Apresenta a dupla finalidade São drenos subterrâneos não revestidos, abertos
de coleta e transporte das águas de drenagem artificialmente no sub-solo.
superficial e subterrânea. São mais favoráveis à
drenagem superficial por apresentarem maior A construção é efetuada com um subsolador
velocidade de escoamento. equipado com torpedo que permite a sua cons-

3 2
Drenagem Subterrânea -
Considerações Gerais

trução, normalmente na profundidade de 50 a 70 o que resulta em maior desgaste destas, trabalho


cm com diâmetro de 7 a 10 cm. de pior qualidade e perda de áreas de solo.

Como não há revestimento a durabilidade deste • Diminuição da incidência de focos de mosquitos.


dreno é, via de regra, de um ano.
Isto se dá pela ausência de água empoçada por
Em solos argilosos e turfosos a eficiência e vida muito tempo na área.
útil desse tipo de dreno é maior.
• Custo de manutenção mais baixo.
Para a construção do dreno-toupera o solo deve
possuir condições adequadas de umidade e lençol Comparado com as valas abertas, que em nossas
freático baixo o suficiente para possibilitar o condições devem ser limpas de um a duas vezes
deslocamento do trator equipado com o subsolador ao ano, a manutenção de um sistema de drenagem
e torpedo. subterrânea por tubos tem um custo muito reduzido.

Para dar maior capacidade de tração e evitar o


atolamento o trator deve ser equipado com rodado 7. Tipos de Condutos Subterrâneos
duplo ou ser de esteira.
• Cascalho ou brita;
• Bambu em feixes de 15 a 25 unidades;
6. Vantagens da Drenagem • Telha canal, tijolos perfurados, etc.;
Subterrânea Através de Tubos • Manilhas de cimento;
• Manilhas de barro;
• Economia de área. • Tubos de PVC liso perfurado;
• Tubos corrugados de materiais plásticos.
Como exemplo de perda de área verifica-se que a
implantação de um sistema de drenagem subter- Tubos de drenagem de barro, de concreto e mesmo
rânea, através de valas abertas, utilizando os de material plástico liso, já tiveram seu emprego
seguintes parâmetros: em drenagem subterrânea superado em muitos
países, o que atualmente está acontecendo
Profundidade média ....... 1,20 m também no Brasil devido a introdução de tubos
Talude ................ 1:1 (H:V) corrugados para drenagem. Cascalho ou brita
Espaçamento entre valas ... 30 m, empregados como condutores de águas de
drenagem é prática superada e antieconômica.
resulta em perda significativa, pois cada dreno
com base mínima de 0,30 m, terá uma base superior O uso de bambu pode ser econômico em casos
de 2,70 m. Ao adicionarmos uma faixa sem cultivo muito especiais quando o bambu situar-se na
de 0,50 m de cada lado do dreno, teremos um periferia da área a ser drenada e a mão de obra for
total de 3,70 m perdidos ao longo de cada vala, o de custo baixo.
que resulta em 12% de perdas de superfície de
solo. A drenagem empregando telha canal, tijolo, etc,
é uma prática pouco técnica e econômica, não
• Facilidade no trabalho de máquinas agrícolas. devendo ser recomendada.

O sistema evita que as máquinas tenham que Os tubos corrugados oferecem vantagens em termos
trabalhar dando voltas em faixas estreitas de terras, técnicos e econômicos, como: custo de aquisição

3 3
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

e instalação mais baixo; alta resistência a deforma- Bibliografia


ções e ao ataque químico; facilidades de transporte
e instalação, razão pela qual dominaram o 1- LUTHIN, James N. Drainage engineering. New
mercado de todos os países desenvolvidos. No York: Robert E. Engineering, 1973. 250p. i l.
Brasil a produção deste tipo de conduto teve início
no ano de 1988, propiciando um grande impulso à 2-EGGELSMANN, Rudolf. Subsurface drainage
prática da drenagem subterrânea. instructions. Hamburg/Berlin: Parey, 1984.
293p. il. (Bulletin/German Association for
Water Resources and Land Improvement, 6)

3 4
Salinização de Solos

4. SALINIZAÇÃO DE SOLOS

1. Salinidade

O termo salinidade se refere a existência de níveis possuam precipitações pluviais médias de até
de sais no solo que possam prejudicar de maneira 1.000 mm/ano. Como exemplo temos o projeto
economicamente significativa o rendimento das São Desidério/Barreiras Sul, cujas chuvas situam-
plantas cultivadas. se em torno de 1.000 mm/ano e onde existe
salinização, em solos rasos e outros solos situados
A sensibilidade à existência de maiores ou menores em áreas de baixadas, de má drenabilidade. A
teores de sais no solo é uma característica de cada irrigação por sulco de baixíssima eficiência, é um
tipo de planta. Umas toleram concentrações altas fator que tem contribuído com grande intensidade
como a cevada e o algodão, enquanto que outras, para a evolução do processo.
como o feijão e a cenoura, são bastante sensíveis,
mesmo a teores baixos. Nas regiões norte, sul, centro-oeste e quase todo o
sudeste os solos são muito pouco sujeitos de se
A salinização ocorre, de uma maneira geral, em tornarem salinos, mesmo que tenham deficiência
solos situados em regiões de baixas precipitações de drenagem subterrânea. Nessas áreas o grande
pluviais, alto déficit hídrico e que tenham volume de água das chuvas lava os sais que
deficiências naturais de drenagem interna. venham a se acumular durante a irrigação, sendo
que o mesmo não acontece no nordeste e parte do
No Brasil, levando-se em consideração tão norte de Minas Gerais, por se tratar de região
somente as precipitações pluviais e a distribuição climática propicia à salinização dos solos quando
destas ao longo do ano, pode-se separar as regiões irrigados.
em:

• Semi-áridas - com período de seca igual ou 1.1. Como um solo se torna salino
superior a 6 meses por ano e precipitações médias
anuais menores que 800 mm; nesta classe situa-se A água das chuvas, quase pura ao cair e penetrar
50% da área do Nordeste Brasileiro. no solo, solubiliza e arrasta consigo íons de Ca++.
• Semi-úmidas - período de seca de 4 a 5 meses Mg++, Na+, Ka+, bem como radicais CO3- -, HCO3-
por ano. , SO4- - e outros, transformando-se então em uma
• Úmidas - período de seca de 1 a 3 meses por solução, que flui para formar os rios e lagos.
ano.
• Muito-úmida - sem seca. Ao se irrigar um solo de drenabilidade deficiente
a nula, situado em região de baixas precipitações
Quanto menor o valor das precipitações médias médias anuais e alto déficit hídrico, este se torna
anuais de uma região e maior a evapotranspiração salino em período de tempo bastante curto, porque
potencial, maior é a possibilidade de salinização as plantas removem basicamente H2O do solo,
de seus solos quando irrigados, tendo em vista que enquanto que a maior parte dos sais fica retida.
o déficit hídrico é maior. Nestas condições o solo tende a se tornar salino
caso não seja drenado artificialmente o que vem
Tem-se observado que a salinização, onde há ocorrendo nas regiões semi-áridas do nordeste
irrigação, ocorre mais comumente nas zonas que brasileiro.

35
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

No passado o homem desconhecia as causas que A salinidade afeta as culturas de duas maneiras:
levavam um solo a se tornar salino com a irrigação;
hoje a salinização ocorre pela negligência dos • Pelo aumento do potencial osmótico do solo.
órgãos e pessoas envolvidas com a irrigação, uma Quanto mais salino for um solo, maior será a
vez que suas causas são bem conhecidas, assim energia gasta pela planta para absorver água e
como os meios de evitar esse tipo de degradação com ela os demais elementos vitais.
dos solos. • Pela toxidez de determinados elementos,
principalmente o sódio, o boro, e os bicarbonatos
O laboratório de salinidade dos Estados Unidos da e cloretos, que em concentração elevadas causam
América classifica os solos quanto à salinidade distúrbios fisiológicos nas plantas.
em função da condutividade elétrica do extrato
da saturação (CE), da percentagem de sódio Na tabela 1, é mostrado o percentual de perda de
trocável (PST) ou da relação de absorção de sódio produtividade de uma cultura em função da
(RAS) e do pH em: condutividade elétrica do extrato de saturação do
solo, desde que todos os outros fatores de produção
SOLO CE RAS pH sejam favoráveis.
(mmhos/cm) (%)
NORMAL < 4 < 13 < 8,5 Os fatores que contribuem para a salinização dos
SALINO >4 < 13 < 8,5 solos são:
SÓDICO <4 > 13 ≥ 8,5 • clima - deficit hídrico climático acentuado;
SALINO/SÓDICO > 4 > 13 < 8,5 • irrigação em solos rasos ou solos de má
drenabilidade;
• irrigação com água de má qualidade - teores
elevados de sais;
• baixa eficiência de irrigação;
• manutenção inadequada do sistema de
drenagem ou ausência de sistema de drenagem
superficial e/ou subterrânea.
* No caso do PST o valor é igual a 15.

para o cálculo do RAS, as concentrações obtidas


em milequivalente por litro (mE/1) do extrato de
saturação do solo.

CE = Medida com condutivimetro a partir do


extrato de saturação;
pH = Acidez do solo medida com peagâmetro ou
outro método.

36
Salinização de Solos

Tabela 1 -
Níveis de Tolerância a Teores de Sais
no Solo e na Água de Irrigação (*)

Produtividade Potencial
100% 90% 75% 50% 0%
CEes CEi CEes CEi CEes CEi CEes CEi CEes (máximo)
CEVADA 8,0 5,3 10,0 6,7 13,0 8,7 12,0- 18,0 28
FEIJÃO 1,0 0,7 1,5 1,0 2,3 1,5 3,6 2,4 07
MILHO 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10
CANA AÇÚCAR ** 3,0 5,0 8,5
ALGODÃO 7,7 5,1 9,6 6,4 13,0 8,4 17,0 12,0 27
AMENDOIM 3,2 2,1 3,5 2,4 4,1 2,4 4,9 3,3 07
ARROZ INUNDADO 3,0 2,0 3,8 2,6 5,1 3,4 7,2 4,8 12
GIRASSOL 5,3 3,5 6,2 4,1 7,6 5,0 9,9 6,6 15
SORGO 4,0 2,7 5,1 3,4 7,2 4,8 11,0 7,2 18
SOJA 5,0 3,3 5,5 3,7 6,2 4,2 7,5 5,0 10
TRIGO 6,0 4,0 7,4 4,9 9,5 6,4 13,0 8,7 20
BETERRABA 4,0 2,7 5,1 3,4 6,8 4,5 9,6 6,4 15
BROCOLI 2,8 1,9 3,9 2,6 5,5 3,7 8,2 5,5 14
REPOLHO 1,8 1,2 2,8 1,9 4,4 2,9 7,0 4,6 12
MELÃO (CANTALOUPE) 2,2 1,5 3,6 2,4 5,7 3,8 9,1 6,1 16
CENOURA 1,0 0,7 1,7 1,1 2,8 1,9 4,6 3,1 08
PEPINO 2,5 1,7 3,3 2,2 4,4 2,9 6,3 4,2 10
ALFACE 1,3 0,9 2,1 1,4 3,2 2,1 5,2 3,4 09
CEBOLA 1,2 0,8 1,8 1,2 2,8 1,8 4,3 2,9 08
PIMENTA 1,5 1,0 2,2 1,5 3,3 2,2 5,1 3,4 09
BATATINHA 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9 10
RABANETE 1,2 0,8 2,0 1,3 3,1 3,1 5,0 3,4 09
ESPINAFRE 2,0 1,3 3,3 2,2 5,3 3,5 8,6 5,7 15
BATATA DOCE 1,5 1,0 2,4 1,6 3,8 2,5 6,0 4,0 11
TÂMARA 4,0 2,7 6,8 4,5 10,9 7,3 12,3 17,9 32
TOMATE 2,5 1,7 3,5 2,3 5,0 3,4 7,6 5,0 13
ABACATE 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 3,7 2,4 06
FIGO 2,7 1,8 3,8 2,6 5,5 3,7 8,4 5,6 14
UVA 1,5 1,0 2,5 1,7 4,1 2,7 6,7 4,5 12
LARANJA-LIMÃO 1,7 1,1 2,3 1,6 3,2 2,2 4,8 3,2 08
PÊSSEGO 1,7 1,1 2,2 1,4 2,9 1,9 4,1 2,7 07
MORANGO 1,0 0,7 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 04
ALFAFA 2,0 1,3 3,4 2,2 5,4 3,6 8,8 5,9 16
CAP. BERMUDA 6,9 4,6 8,5 5,7 10,8 7,2 14,7 9,8 23

(*) - Segundo Ayers e Westcot, 1976 - Irrigation and Drainage paper, nº 24 - FAO; CROP
WATER/REQUIREMENT
** Adicionado.
CEes = Cond. Elet. do extrato de saturação do solo em mmhos/cm ou dS/m.
CEi = Cond. Elet. da água de irrigação em dS/m

37
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

1.2. Evolução da salinização V = 10.000 m2 x 1,20m x 0,38 = 4.560 m3 de


solução por hectare;
Para se ter uma idéia hipotética de como e quanto f) Quantidade de sal necessário, por hectare, para
tempo um solo pode levar para se tornar salino, que o solo seja considerado salino.
consideremos uma irrigação nas seguintes condi- • 4.560 m3 de solução/ha x 2,56 Kg de sal/m3 =
ções: 11.674 Kg de sal/ha;
g) Número de anos de irrigação necessário para
Condição 01: que um solo comece a ser considerado salino.
• Solo de drenabilidade nula e sem implantação
de sistema de drenagem subterrânea;
• Região de clima semi-árido;
• Aplicação de uma lâmina de água de 1.200 mm/ Condições 02:
ano; • Emprego de água do Rio Jaguaribe - CE, com
• Latossolo com barreira a 1,20 m de profundidade; uma condutividade 500 micromhos/cm; de
• Emprego de água do Rio São Francisco, contendo qualidade C2 S1;
uma condutividade elétrica de cerca de 80 • Mantendo todas as demais condições;
micromhos/cm; Tem-se:
• Assumindo-se que CE x 640 = ppm ou g/m3; a) 0,5 mmhos/cm x 640 = ppm = 320 g de sal/m3;
• Assumindo-se que um solo já começa a se tornar b) Quantidade de sal adicionado
salino quando a condutividade elétrica do extrato • 12.000 m3/ha/ano x 0,32 Kg/m3 = 3.840 Kg de
de saturação atinge um valor equivalente a 4 sal/ha/ano;
mmho/cm; c) Número de anos de irrigação necessários para
• Desprezando todo o conteúdo de sal existente salinizar o solo
no solo.

Tem-se então:
a) conteúdo de sais da água de irrigação. Condições 03:
CE x 640 = ppm ou 0,08 mmhos/cm x 640 = 51,2 Cálculo estimativo da evolução do processo de
ppm = 51,2 g/m3 (51 gramas de sal por metro cúbico salinização dos vertissolos do perímetro Tourão,
de água); situado próximo da cidade de Juazeiro/BA, através
b) volume anual de água aplicada por ha. da irrigação da cana de açúcar.
1.200 mm/ano = 1,2 m/ano x 10.000 m2 = 12.000
m3/ha/ano; A área, de 10.548 ha é constituída em sua quase
c) quantidade de sal adicionada. totalidade de vertissolos, existindo nos talvegues
12.000 m3/ano x 0,0512 Kg de sal/m3 = 614,4 Kg pequenas manchas de solos bruno não cálcicos
de sal/ha/ano; que já se encontram parcialmente salinizados pela
d) quantidade de sal que a solução do solo deve irrigação.
conter para que este seja considerado salino.
4 mmhos/cm x 640 = 2.560 ppm = 2,56 Kg/m3 de Assume-se as seguintes condições:
solução; • Drenabilidade nula dos solos;
e) volume de solução no solo, por hectare, • Região de clima semi-árido;
assumindo-se que em um dado momento todo o • Aplicação de uma lâmina de água de 1.500 mm/
perfil estaria saturado. ano;
• Alta eficiência de condução e distribuição de
• Solo constituído de 38% de espaço poroso, 60% água;
de matéria mineral e 2% de matéria orgânica; • Solo de 3,0 m de profundidade (solo e subsolo

38
Salinização de Solos

até o impermeável); (45% nitrogênio) e que o elemento nitrogênio não


• Solo não salino na superfície e em profundidade entra como agente que incrementa o grau de
ao iniciar o processo de irrigação; salinização do solo. Sabendo-se que a uréia
• Emprego de água do Rio São Francisco contendo (basicamente amina) não contém componentes
condutividade elétrica de 80 micromhos/cm ou que contribuam para a salinização do solo, pode-
51,2 ppm; se então estimar a quantidade do radical sulfato
• A curto e médio prazo a concentração de sais adicionado anualmente ao solo através da
da água do Rio São Francisco será mantida; adubação com sulfato de amônia.
• As chuvas da região não causam lavagem
significativa de sais do solo; (NH 4 ) 2 SO 4 a 20% ou 50 Kg de nitrogênio
• Condutividade elétrica do estrato de saturação correspondem a 250 Kg de (NH4)2 SO4 e sabendo-
(CE) x 640 = ppm; se que:
• O solo já começa a se tornar salino, para a cana 134 Kg de (NH4)2 SO4 ............... 96 Kg de SO4
de açúcar, quando a condutividade elétrica do 250 Kg de (NH4)2 SO4 ............... x
estrato de saturação atingir valor de 3 mmhos/cm; x = 179 Kg de SO4
• A cana será queimada e despontada no campo,
só sendo removidos os colmos na base de 110 ton/ • Fósforo - Superfosfato Simples Ca H4 (PO4)2 +
ha/ano; Ca SO4 . 2H2O
• A aplicação anual de adubo será feita na base 20 Kg de P2 O5 .............. 100 Kg Ca H4 (PO4)2 + Ca SO4
de: 100Kg de P2O5 .............. y
100 Kg de N y= 500 kg de sal
100 Kg de P205
50 Kg de K20 • Potássio
• A fertilização com vinhoto adicionará cerca de KCl a 60% de K2O e 47% de Cl
30 Kg de sal/ha/ano. 60kg de H2O .......... 100 kg de kcl
50kg de K20 ........... Z
A partir das informações existentes e das condições Z = 83 Kg de KCl (sal)
assumidas tem-se:
Total de sal adicionado com a adubação = 762 Kg
a) Conteúdo estimado de sal da água de irrigação
= 0,08 mmhos/cm x 640 = 51,2 ppm ou 51,2 g de e) Quantidade de sal que a cana retira/ano
sal/m3 de água; Remoção de colmos da área = 110 ton/ano
Peso seco = 040 x 110 ton = 44 toneladas
b) Volume de água aplicado por hectare irrigado Conteúdo mineral (sais totais) = 2,2% ou 0,022 x 44
por ano 1,5 m x 10.000 m2 = 15.000 m3/ha/ano; ton = 968 Kg.
Percentual de silicatos (SiO2) = 40% da cinza ou
c) Quantidade de sal adicionado com a irrigação 968 Kg x 0,4 = 387 Kg
= 15.000 m3/ha/ano x 0,0512 Kg/m3 = 768 Kg/ha/
ano; f) Balanço anual de Sais/ha
• Adição pela irrigação = 768 Kg
d) Quantidade aproximada de sal introduzida na • Adição pela adubação = 762 Kg
área por hectare, através da adubação anual: • Adição na aplicação de vinhoto = 30 Kg
Total adicionado = 1.560 Kg/ha/ano
• Nitrogênio - Assume-se que a adubação
nitrogenada será feita com a adição de 50% de • Minerais retirados da área com a remoção dos
(NH4)2 SO4 ( 20% de nitrogênio) e 50% de uréia

39
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

colmos da cana de açúcar = 581 Kg/ha/ano altas podem nunca se salinizarem ou se salini-
Aporte anual de sal zarem em períodos bastante maiores.
1.560 Kg - 581 = 979 Kg/ha/ano

g) Quantidade de sal que a solução do solo deve 1.3. Como evitar a salinização
conter para que este seja considerado levemente
salino para a cultura de cana de açúcar. Todo solo situado em regiões climáticas caracte-
3 mmhos/cm x 640 = 1.920 ppm = 1,92 Kg sal/m3 rizadas por baixas precipitações e altos déficits
solução hídricos climáticos e que ao mesmo tempo possua
má drenabilidade, tende a se tornar salino, com a
h) Volume de solução no solo, por hectare, irrigação, mesmo que esta seja feita com água de
assumindo-se que em um dado momento todo o boa qualidade.
perfil estaria na capacidade de campo.
• Solo constituído de 48,2% de espaço poroso, Somente irrigar terras de boa drenabilidade, ou
51,5 de matéria mineral e 0,3 matéria orgânica; seja, áreas selecionadas tendo como base estudos
V = 10.000 m2 x 3,00 x 0,48 = 14.400 m3 de solos ou classificação de terras para irrigação
que se baseie em parâmetros adequados para a
i) Quantidade de sal necessário por hectare, para região, principalmente no que se refere à
que o solo já seja considerado como levemente profundidade do impermeável.
salino:
14.400 m3 de solução/ha x 1,92 Kg de sal/m3 = Solos com menos de 1,0 m de profundidade não
27.648 Kg/m3 devem ser irrigados a não ser em condições muito
especiais e quando se tratar de região semi-arida,
j) Número de anos de irrigação necessário para terão que contar coma implantação de sistema de
que o solo atinja um estágio de salinização que drenagem subterrânea.
prejudique significativamente o desenvolvimento
da cultura da cana de açúcar: A evolução do processo de salinização pode ser
evitada, em caso mais favoráveis, através de uma
irrigação eficiente ou por meio da instalação de
sistema de drenagem subterrânea e coletores, para
desta forma facilitar a percolação profunda de parte
No que se conclui que para a condição 01 os solos das águas das chuvas ou excedentes de irrigação
começariam a apresentar queda de produtividade e assim promover a lavagem de sais do solo.
apreciável devido a salinização, após 19 anos de
irrigação. Na condição 02 bastariam 3 anos de Fazer manutenção adequada do sistema de
irrigação, enquanto que na condição 03 levariam drenagem - coletores e subterrânea.
28 anos.
A salinização comumente se manifesta primeiro
nas partes mais baixas do terreno, porque o lençol 1.4. Recuperação de solos
freático nestas áreas fica mais próximo da afetados por sais
superfície. Desta forma o solo apresenta área
salinizadas em período bem inferior ao estimado, Um solo se torna salino pela irrigação quando
conforme vem ocorrendo nos projetos Maniçoba e possui deficiência de drenagem interna e situa-se
Curaçá, situados no semi-árido, próximo da cidade em região cujas condições climáticas são
de Juazeiro/BA. Por outro lado, devido a este favoráveis a evolução do processo.
mesmo fenômeno, as áreas situadas nas partes mais

40
Salinização de Solos

Recuperação de solo salino CEesi = concentração inicial de sais no solo, dada


pela c. elétrica do extrato de saturação - mmhos/
Para recuperar um solo salino, basta instalar um cm ou dS/m.
sistema adequado de drenagem subterrânea e lavá- CEesf = condutividade elétrica final prevista para
lo com a irrigação ou deixar que se recupere o extrato de saturação - após a lavagem do solo -
naturalmente pela lavagem causada pelas águas dS/m
das chuvas. p = profundidade da zona das raízes - m

Para solos argilosos com abundância de microporos, A recuperação de um solo salino pode levar dias e
estudos de campo tem demonstrado que a lavagem até meses, dependendo da sua drenabilidade e da
através de inundação por período longo é menos lâmina de lavagem necessária.
eficiente que quando são feitos inundações
periódicas, onde o solo é inundado por um certo Os íons e radicais mais comumente encontrados
período de tempo e a seguir deixado secar. no solo são Ca++ , Mg++, Na+, K+, Cl-, SO4- -, CO3-
-
HCO3-, NO3- e NH4-, sendo que em um solo
Este processo tende a promover uma melhoria na normal o complexo do solo é composto de 80%
estrutura do solo com melhoria da condutividade de íons Ca++ e em torno de 5% Na+.
hidráulica.
Como regra geral de lavagem dos solos aplica-se
Uma outra vantagem deste processo é que uma lâmina de água igual a três (3) vezes a
desestimula o desenvolvimento de microorga- profundidade do solo a ser recuperado.
nismos que diminuem a condutividade hidráulica.
Para uma eficiente lixiviação do solo um sistema
Este processo aumenta a eficiência de lixiviação de drenagem apropriado deve ser instalado. Em
pelo fato de que, na medida em que o solo seca, certos casos, linhas adicionais e provisórias de
os microporos, que em condição de saturação não drenos (linhas que poderão ser de fácil deterio-
estavam conduzindo água, passam a fazê-lo. Desta ração), podem ser instaladas para atender a uma
forma, a água salina dos microporos é substituída maior descarga durante o período de recuperação.
e os sais gradativamente carreados. Em condições
de saturação, o único meio de reduzir a concen- Recuperação de solo salino-sódico
tração de sais dos microporos seria por difusão, o
que é mais demorado. A estrutura e aparência dos solos salino-sódicos é
muito similar à dos solos salinos. Se nesses solos o
Por meio de ensaios de campo, em pequenas excesso de sais solúveis for lavado, a porcentagem
parcelas, pode-se acompanhar a evolução do de sódio trocável aumentará e, como conse-
processo de dessalinização com a conseqüente qüência, o solo poderá se tornar sódico e ter sua
lixiviação dos sais. estrutura destruída.

O cálculo da lâmina de lavagem a ser aplicada, A recuperação deste tipo de solo deve ser feita
pode ser feito com o uso da seguinte fórmula: com a lavagem do excesso de sais, ao mesmo
tempo em que são aplicados corretivos de cálcio
com a finalidade de substituir o sódio do complexo
do solo.
Onde:
L = lâmina de água requerida para lixiviar o solo - A substituição do sódio por cálcio deve ser feito
mm antes que a lavagem produza a difusão das

41
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

partículas do solo. Com a substituição do sódio 1.4.1. Cálculo da quantidade


pelo cálcio e sua posterior eliminação pelas águas de gesso a aplicar
de percolação, o solo vai gradativamente
melhorando a sua estrutura e consequentemente a O gesso devido ao fato de ser comumente
sua condutividade hidráulica. encontrado no mercado, além de ser de custo
relativamente baixo e de boa solubilidade é o
Em casos extremos de difusão a argila pode, corretivo mais usado na recuperação dos solos
eventualmente, percolar e formar uma camada sódicos. É aplicado ao solo e incorporado por meio
impermeável. de uma aração para em seguida ser adicionada
água que servirá de meio nas reações de troca e
Recuperação de solos sódicos como veículo no carreamento do sódio para fora
da zona das raízes. Na recuperação de solos
É necessário instalar drenos subterrâneos, aplicar sódicos, o valor final da PST (porcentagem de sódio
corretivos que provoquem uma recuperação na trocável) deve ser estimada. O valor escolhido
estrutura do solo e promover lavagens, principal- dependerá tanto da tolerância da cultura como da
mente de parte do sódio existente no solo. resposta do solo em função das suas condições
físicas.
Vários produtos químicos podem ser empregados
na recuperação de solos sódicos, dependendo da O gesso é adicionado dissolvido na água; neste
disponibilidade no mercado, do preço, da caso deve-se proceder da seguinte maneira:
eficiência do produto e do tipo de solo e seus
componentes químicos. São agrupados em três 1) Calcula-se a relação de adsorsão de sódio (RASsw)
grupos: da solução solo-água requerida para ser alcançado
o valor da porcentagem final de sódio trocável
a) Sais de cálcio solúveis, desejada: (PSTf)
• cloreto de cálcio, CaCl2)
• gesso (CaSO4 , 2H2O)
b) Ácidos ou formadores de ácido,
2) Calcula-se a quantidade de gesso a ser
• enxofre,
adicionado à água de irrigação em função do
• ácido sulfúrico,
RASsw obtida. Não sendo consideradas as possíveis
• sulfato de ferro ou alumínio
precipitações ou dissolução de CaCo3 no solo,
• óxido de cálcio.
pode-se estimar grosseiramente a quantidade de
c) Sais de cálcio de baixa permeabilidade,
gesso, em me/1, a ser adicionado à água de
• carbonato de cálcio,
irrigação de modo a se obter uma RASiw = RASsw
• derivados de fábrica de açúcar.
da seguinte forma:

Os produtos mais comumente empregados para


substituir o sódio do complexo do solo por cálcio
são o gesso (CaSO4 , 2H2O) e o enxofre.
A aplicação de enxofre é recomendada para solos
sódicos que apresentem cálcio no corpo do solo.

Na = concentração de sódio da água de Irrigação


- mE/l
RASiw = relação de adsorsão de sódio da água de
irrigação.
x= quantidade de gesso - me/1.
42
Salinização de Solos

Ci= concentração inicial de Ca + Mg na água de que o restante da água percola através dos
irrigação (obtido de análise) - me/1. macroporos podendo ser considerada como não
reativa, daí ser mais eficiente a lixiviação do solo
3) Calcula-se a quantidade total de (Ca + Mg) através de aspersão (onde o solo pode ser mantido
necessária para recuperar um solo sódico pela próximo da capacidade de campo) ou então a
fórmula: inundação intermitente - inundar e deixa secar em
fase alternadas.

Exemplo:
PSTi = percentagem inicial de sódio trocável - %
PSTf = percentagem final de sódio trocável - % Deseja-se recuperar os primeiros 50 cm de um solo
CTC = capacidade de troca de cátions - mE/100g sódico usando o processo de inundação:
h = profundidade de solo a melhorar - cm A percentagem inicial de sódio trocável (PSTi) é
da = densidade aparente do solo - g/cm3 . de 25, devendo a PSTf ser equivalente a 5%; os
A percentagem de sódio trocável deve ser reduzida demais parâmetros são:
de acordo com tabelas de tolerância. • Densidade aparente = 1,8 g/cm3
• Capacidade de troca de cátions = 20 mE/100 g
4) Calcula-se a lâmina de água requerida para • Água de irrigação contendo 12 mE/1 de sódio e
suprir a quantidade de (Ca + Mg) necessária para 3 mE/1 de (Ca + Mg), ou Ci=3
a recuperação do solo pela fórmula:
Deseja-se saber:
Lâmina = = mm, sendo 1 - A relação de absorção de sódio da solução
(Ca + Mg) = eq/ha solo-água
Ci = eq/1 2 - A quantidade de gesso que tem que ser
adicionado a água de irrigação
5) Calcular-se a quantidade de gesso em Keq/ha 3 - A quantidade de (Ca + Mg) necessária em keq/
através da a fórmula: ha
4 - A lâmina de água necessária para recuperar o
(Ca + Mg) = Keq/ha de gesso solo.
5 - A quantidade de gesso necessária em keq/ha
(Ca + Mg) = Keq/ha 6 - A quantidade de gesso em kg/ha.
x = mE/1
Resposta:
6) Calcula-se a quantidade de gesso (CaSO4 . 1) Para estimar a RAS da solução solo-água a partir
2H2O) em kg/ha multiplicando o seu valor em keq/ da porcentagem final de sódio trocável (PSTf)
ha pelo peso equivalente do corretivo a ser usado, desejada usa-se a seguinte equação:
conforme tabela que segue.

A quantidade de gesso necessário deve ser


corrigida considerando qualquer quantidade de 2) A quantidade de gesso a ser adicionada à água
gesso existente inicialmente no solo. de irrigação para se obter este valor é de:

É interessante considerar que somente uma


pequena fração da água adicionada é retida a
potencial equivalente a capacidade de campo e 3) Cálculo da quantidade de (Ca + Mg) necessária

43
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

(Ca + Mg) = (PSTi - PSTf)/100 x CTC x da x h kg/ha = Keq/ha x Pe (g/eq).

(25 − 5)
(Ca + Mg) = x 20 mE/100g x 1,8 g/cm3 x Como o equivalente grama do
100
50 CaSO4 . 2H2O = 86.0g/eq

= Ca + Mg = 360 Keq/ha Tem-se:


313.8 Keq/ha x 86.0 Kg de gesso/ha
4) A lâmina de água necessária para recuperar o
solo admitindo-se uma eficiência de lixiviação de Calculando-se a quantidade de gesso necessária e
100% é de: usando-se a tabela 1 obtém-se a quantidade
equivalente de um outro produto químico que possa
lâmina de água = ser usado como corretivo.

=
1.4.2. Lâmina de lixiviação
Ci = concentração inicial de Ca + Mg na água de para balanço de sais
Irrigação,
Onde: (Ca + Mg) = eq/ha É a fração da água de irrigação que deve atravessar
(Ci + x ) = eq/1 a zona das raízes.

5) A quantidade de gesso necessária em Keq/ha é A fração da água de irrigação a ser lixiviada vai
de: depender do nível de salinidade desta e da
tolerância das plantas cultivadas.

6) A quantidade de gesso em Deve ser aplicada uma lâmina de água suficiente

Tabela 1
Corretivos de aplicação direta no solo ou dissolvidos na água
de irrigação e suas capacidades relativas de fornecimento de cálcio ao solo.

Corretivo Peg/eq Toneladas equivalentes a 1 ton de gesso


100% material puro
gesso (CaSO4 . 2H2O)* 86 1.00
enxofre (S) ** 16 0,19
ácido sulfúrico (H2SO4)* 49 0,16
cloreto de cálcio (CaCl2 . 2H2O)* 73 0,86
nitrato de cálcio (Ca (NO3) . 2H2O)* 69 1,06
sulfato férrico (Fe2(SO4) . 9H2O)** 185 1,09
cal-enxofre (9% Ca + 24% S)* - 0,78 /Pe/86
Sulfato de alumínio Al2(SO4)3-18H2O 111 1,29
Carbonato de Cálcio CaCo3 50 0,58

*
aplicando diretamente no solo
ou com água de irrigação.
**
somente adicionado ao solo.

44
Salinização de Solos

Tabela 2
Tolerância de várias culturas à porcentagem de sódio trocável (PST)

Tolerância a PST e faixa Cultura Resposta da cultura de acordo com as


condições do solo em que a planta é afetada
muito sensíveis (2 a 10) plantas cítricas, sintomas de toxidade a valores baixos de PST
abacateiro, etc.
sensíveis (10 a 20) feijão reduz seriamente o desenvolvimento da
cultura mesmo que as condições estruturais
do solo estejam boas.
moderadamente tolerantes centeio, arroz redução séria da produção devido a
(20 a 40) problemas nutricionais e também à
deterioração das condições do solo.
tolerantes (40 a 60) trigo, algodão, redução séria da produção devido a
alfafa, cevada, deterioração física do solo.
tomate, beterraba
muito tolerante PST > que 60E capim Rhodes redução séria do desenvolvimento devido a
deterioração física do solo.

- Segundo a publicação SALT-AFECTED SOIL, LECTURE NOTES. BY J.J. Jurinak - 1978, Utah State
University. USA

para satisfazer as necessidades da cultura, • a quantidade de sais removido pelas culturas;


adicionada da lâmina de lixiviação. • a precipitação de sais no solo;
• a quantidade de sais existentes no solo;
"A parte inferior da zona das raízes terá a • a profundidade da zona das raízes e o teor de
concentração máxima de sais, que será igual à umidade do solo.
concentração da água de drenagem, quando a
aplicação da lâmina de irrigação for uniforme. Segundo Luthin página 159, este tipo de raciocínio
tem provado ser bastante útil.
O aumento da concentração de sais na água de
drenagem é uma conseqüência do uso consuntivo Lixiviação é a relação entre a lâmina de água
de água pelas plantas, que extraem muita água, drenada e a lâmina aplicada. Pode também ser
ao mesmo tempo em que a quantidade de sais obtida pela relação entre a condutividade elétrica
retirada do solo é mínima; somando-se a isto tem- da água de drenagem e a condutividade elétrica
se a evaporação. Pode-se dizer que as plantas da água de irrigação.
extraem a água deixando os sais, tal a pequena
quantidade de sais extraída.

No cálculo da lâmina de lixiviação é assumida Onde:


uma irrigação uniforme, sendo que muitas vezes
as chuvas não são consideradas nos cálculos. RL = requerimento de lixiviação
Também não são considerados: Ld = lâmina de água a ser drenada;
Li = lâmina de água de irrigação;
• a adição de sais com a adubação;
45
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

CEi = condutividade elétrica da água de irrigação tividade elétrica na zona das raízes de 8 mmhos/
em mmhos/cm a 25oC. cm e usando-se uma água de irrigação de, 0,50
CEd = condutividade elétrica da água de drenagem. mmhos/cm e excluindo as águas das chuvas, a
lâmina de lixiviação será de:
Para ser mais realista toda a água que infiltra deve
ser considerada, o que implica em adicionar toda
a precipitação efetiva. Assim sendo,
Este valor de 6% é bastante conservador tendo em
vista que as precipitações naturais podem, por si
só recuperar o solo, desde que um sistema
CE ( i + c) = condutividade elétrica das águas de adequado de drenagem subterrânea seja instalado.
irrigação e chuvas. Na realidade, toda a água que penetra no solo e
Lc = lâmina de chuva. atravessa a zona das raízes deve ser considerada
CEc = condutividade elétrica da águas de chuva nos cálculos.
em mmhos/cm a 25oC.
Cálculos da lâmina de água a ser aplicada
Os valores da CEd são obtidos a partir de tabela
de tolerância à salinização para diversas culturas, É necessário conhecer os tipos de plantas a serem
sendo que o valor da condutividade elétrica cultivadas e uso consuntivo de cada uma delas.
assumida para a água de drenagem vai depender
do nível de redução da produção assumido para a A lâmina de água a ser aplicada será então igual
cultura. ao uso consuntivo adicionado da lâmina a ser
drenada ou:
Quando existem várias culturas juntas, pode-se
assumir como guia um decréscimo de 25% de Li = Luc + Ld; como Ld = RL x Li, tem-se:
produção para a cultura menos tolerante. Li = Luc + RL x Li. Dividido por Li resulta:

Exemplo de cálculo da fração de lixiviação como

Assumindo-se que as culturas principais de uma


área são:
Luc = lâmina de uso consuntivo
Tomate CEd = 5
Feijão = 2,3 Como o emprego desta fórmula obtém-se a lâmina
Milho = 3,8 de água a ser aplicada, a fim de não ser
ultrapassado o teor máximo de sais tolerado na
A concentração de sais na água de irrigação e zona das raízes das plantas cultivadas. A essa
chuvas (média) é de 320 ppm que divididos por lâmina (líquida) adicionar as perdas do sistema
640 resulta na obtenção de 0,50 mmhos/cm. (eficiência) para obter a lâmina bruta de irrigação.

Aplicando a fórmula tem-se:


Exemplo de uso da fórmula
ou 22%; para a água do
A condutividade elétrica da água de irrigação (CEi)
Rio São Francisco RL= 0,08/2,3 = 0,034 ou 3,4% é igual a 0,5 mmhos/cm. A cultura é capaz de
tolerar, sem prejuízos apreciáveis, uma condu-
Para o caso de cultura que tolere valor de condu-
46
Salinização de Solos

tividade elétrica na zona das raízes igual a 4 Madrid: Institute Nacional de Reforma y
mmhos/cm. Se o uso consuntivo é de 7 mm/dia, Desarrollo Agrário, 1986. 239 p i1.
calcular a lâmina líquida de irrigação.
4 - BATISTA, Manuel de Jesus. Drenagem
a) A lâmina bruta de Irrigação Subterrânea por Tubos Corrugados. Brasília:
b) A lâmina de percolação profunda ou lâmina de 1989. 26 p.
drenagem
c) o requerimento de lixiviação 5 - NIMER, Edmon. Climatologia do Brasil. Rio de
Janeiro: IBGE/SPREN, 1970 p. 353-358.
a)
6 - MELLO, Aristóteles Fernandes de. PROJETO
b) Ld = Li - Luc = 8,9 - 7,0 = 1,9 mm/dia; TOURÃO. IN: ESTUDOS GEOLÓGICOS
GEOTÉCNICOS NOS PROJETOS CURAÇÁ,
c) MANIÇOBA, TOURÃO. 1978. Brasília:
CODEVASF, 1978. (Item C.)
Para a irrigação com água do Rio São Francisco, o
requerimento de lixiviação seria de: 7 - ORLANDO FILHO, José. Coord. Nutrição e
adubação de cana-de-açúcar no Brasil.
a) Piracicaba: IAA/PLANALSUCAR, 1983. 368
p. i1.
b) Ld = Li - Luc =7,25 - 7,00 = 0,25 mm/dia;

c)

Para culturas onde uma grande quantidade de


massa é removida da área de cultivo, a quantidade
de elementos químicos (sais) removidos poderia
ser deduzida quando do uso da fórmula, o que
resultaria em uma menor lâmina de drenagem. Este
refinamento pode ser justificado para o caso de
cultura de cana de açúcar, sendo que neste caso a
redução da RL pode situa-se em torno de 1/3 do
valor obtido.

Bibliografia

1 -BUREAU of Reclamation. Drainage Manual; A


Water Resources Technical Publication.
Washington: 1978. 268 p.

2 - MANUAL de adubação. São Paulo: Associação


Nacional para Difusão de Adubos. 1971. 265
p.

3 - MARTINEZ BELTRAN, Julián. Drenaje agrícola.

47
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

5. NOÇÕES DE SOLOS,
CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM INTERNA

1. Introdução
científica e preparar mapa de classes de terras para
O conhecimento de solos é bastante importante irrigação, que é uma classificação técnica.
para todo técnico de drenagem agrícola. As
características de perfil de solo indicam as condi- 2. Classes pedológicas principais
ções de drenabilidade no ponto descrito.
2.1. Latossolo
Por se tratar do líquido, água, a ser drenado de
São solos muito profundos (mais de 2,0 m de
um meio poroso, solo, o conhecimento das
profundidade), de cor vermelha, alaranjada ou
características de drenabilidade deste é muito
amarela, muito porosos, com textura variável, baixa
importante. As condições de drenagem interna e
capacidade de troca de cátions e fortemente
a forma fisiográfica de uma área indicam a
intemperizados. Os teores de óxidos de ferro e
necessidade de drenagem agrícola que, em zonas
alumínio são elevados.
úmidas, tem a finalidade de evitar o encharcamento
e/ou acúmulo da água na superfície do terreno; As características morfológicas mais marcante são
nas regiões semi-áridas indicam a necessidade a grande profundidade, porosidade e a pequena
de drenagem como instrumento para evitar o diferenciação entre horizontes, com transição gra-
acúmulo de água na superfície do solo, por tempo dual ou difusa e textura praticamente uniforme em
prolongado, ou o seu encharcamento ou a profundidade.
salinização.
São destituídos de horizonte “B” de acúmulo de
O conhecimento dos tipos de solo da área a ser argila. São encontrados mais comumentes nas
estudada dá uma idéia da ordem de grandeza dos regiões de clima tropical-úmido, sendo solos
estudos a serem feitos. Cada classe de solo possui bastante envelhecidos, estáveis e intemperizados.
características próprias de drenabilidade e dentro
de uma mesma classe pedológica podem existir
áreas com deficiências de drenagem interna e 2.2. Solos Podzólicos (Argissolos,
áreas de boa drenabilidade. Alissolos, Luvissolos e Plintossolos)

Nos estudos de solos patrocinados pela Companhia São solos de profundidade mediana (1,5 a 2,0 m),
de Desenvolvimento do Vale do São Francisco com perfis bem desenvolvidos, moderadamente a
(CODEVASF) visando a implantação de projeto de bem intemperizados, apresentando comumente dife-
irrigação e drenagem, são feitos estudos pedoló- renciação marcante entre os horizontes. Possuem
gicos e de classificação de terras para irrigação. um horizonte “B” vermelho a vermelho-amarelado,
que mostra claramente a acumulação de argila trans-
Os estudos de classificação de solos identificam locada do horizonte “A” pela ação da água gravitativa.
parâmetros pedogenéticos. Para a classificação
de terras para irrigação são levantados, na mesma Ocorrem em regiões de florestas, de clima úmido,
etapa dos estudos, parâmetros adicionais, próprios sendo mais encontrado no Brasil o podzólico
e necessários para este fim, o que permite mapear vermelho-amarelo que freqüentemente ocorre
as classes pedológicas, que é uma classificação associado a Latossolo. Ocorre em situação de

48
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna

relevo mais acidentado que o Latossolo além de Regolíticos)


possuir melhor fertilidade natural, sendo este
grande grupo derivado de gnaisses e granitos. São solos de textura arenosa (com menos de 15%
de argila) e que possuem minerais primários de
fácil intemperização, como mica e feldspato.
2.3. Vertissolos
Variam em profundidade de pouco a muito
São solos de textura argilosa, normalmente de cor
profundos, uniformes e soltos, apresentando-se em
escura, com elevado teor de argila do tipo
início de formação.
montmorilonita, que tem a propriedade de se
expandir com o umedecimento e se contrair em
Possuem a seqüência de horizontes “A”-”C”, sendo
condições de pouca umidade, o que provoca a
o relevo normalmente constituído de colinas com
formação de fendas com profundidades situadas
declives suaves e vegetação variada desde campos
em torno de 50 cm.
com arbustos a florestas.

Apresentam estrutura em blocos angulares com


2.7. Areias Quartzosas (Neossolos
superfícies de fricção entre agregados, denominada
Quartzenicos)
slickenside.

São solos muito profundos desenvolvidos a partir


No semi-árido normalmente possuem um horizonte
de sedimentos muito arenosos (menos de 15%
“A” com espessura de cerca de 1,5 m, assentado
de argila), compostos quase que exclusivamente
sobre o horizonte “C” ou regolito, esbranquiçado e
de grãos de quartzo, contendo consequentemente
bastante delgado, tendo como substrato a rocha
pequena quantidade de minerais primários
calcária.
intemperizáveis.

2.4. Solo Aluvial (Neossolos Flúvicos) Apresentam a seqüência de horizontes “A”-”C”,


sendo em geral ácidos.
São solos desenvolvidos sobre sedimentos
recentes, geralmente de origem fluvial, constituídos
de camadas alternadas e, freqüentemente, de 2.8. Solos Brunos não-cálcicos
classes texturais distintas. (Luvissolos)

Apresenta o horizonte “A” assentado diretamente São solos moderadamente rasos (0,50 a 1,00 m),
sobre o horizonte “C”, composto de estratos das situados geralmente nas regiões de transição entre
decomposições sedimentares. florestas e campinas. Apresentam horizonte
superficial de coloração marrom não muito escuro.
2.5. Cambissolos O horizonte “B” geralmente tem cor vermelha e
evidências de acumulação de argila que tem alta
São solos com “B” incipiente ou câmbico, sem capacidade de troca de cátions. O conteúdo de
evidências de iluviações de argila e sem cimen- cálcio, magnésio e potássio é alto.
tação. Podem apresentar baixo gradiente textural.
São comuns no semi-árido brasileiro, onde as
São solos intermediários entre os poucos e os bem chuvas escassas, mal distribuídas e de altas
desenvolvidos, sendo geralmente profundos (1,0 intensidades e baixas durações, contribuem para
a 1,5 m). que sejam rasos, por dificultar a decomposição
das rochas enquanto que as chuvas intensas

2.6. Regossolos (Neossolos 49


Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

provocam forte erosão. Contrasta-se com as áreas cinzentas onde o ferro


encontra-se reduzido.
2.9. Solos Litólicos (Neossolos
Litólicos) 3. Classes de terra para irrigação

São solos com horizonte A ou "O" (orgânico), com A classificação de terras para irrigação é um arranjo
menos de 40 cm de espessura, assentados sistemático das terras em classes, baseado na
diretamento sobre a rocha ou horizonte "C" ou sua aptidão para a agricultura irrigada.
sobre material com mais de 90% do volume de
sua massa, constituída por fragmento de rocha A classificação é baseada em uma série de
maior que 2mm de diâmetro e contato lítico dentro parâmetros conforme o constante do exemplo
de 50 cm da superfície do solo. esquemático abaixo e da tabela 1.

2.10. Planossolos

São solos minerais com horizonte A ou E eluviais,


de textura leve, que contrasta com horizonte B
imediatamente subjacente, adensado e com
assentuada concentração de argila,
frequentemente de estrutura prismática ou colunar
(B plânico), constituído por vezes em um horizonte
"pã", responsável pela detenção de lençol d'água
sobreposto, de existência periódica.

Uso da terra
2.11. Solos Hidromórficos
Serve para determinar as atuais condições de
cultivo. É indicado pela primeira letra no
São solos que se desenvolvem sob a influência de
denominador do símbolo da classe de terra. São
lençol freático alto, estando a maior parte do tempo
utilizados os seguintes símbolos para separarem
saturados.
áreas de diferentes usos:

Ocorrem comumente em regiões de clima úmido,


C - cultivada com irrigação;
em áreas planas e nas encostas adjacentes a rios
L - cultivada sem irrigação;
e lagos ou depressões fechadas.
B - capoeira, mata ou floresta;
G - pastagem permanente.
Em caso extremo de excesso de umidade há um
grande acúmulo de restos de vegetais e formação
Produtividade da terra
de solos orgânicos, sendo neste caso de coloração
É o resultado da interação entre rendimento da
escura.
cultura e custos de produção. Os fatores de solo,
tais como textura, estrutura, profundidade,
Quando os solos são minerais com o ferro reduzido
alcalinidade, salinidade, fertilidade, capacidade de
e removido do perfil, possuem coloração acin-
água disponível e permeabilidade são elementos
zentada. É comum, também, o aparecimento do
importantes a se considerar. As características
horizonte “B” contendo manchas de coloração
topográficas de declividade, forma e tamanho das
vermelha, onde há concentração e oxidação do
áreas a irrigar influenciam a capacidade produtiva
ferro, denominadas de mosqueado, o que indica a
e são de grande importância em sua avaliação.
ocorrência de oscilações do nível do lençol freático.

50
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna

Resumindo, a produtividade é avaliada em função Refere-se à quantidade de água a ser empregada


da vegetação nativa e dos dados físicos e químicos numa determinada área. A letra é colocada logo
dos perfis analisados. Aparece como primeiro após o símbolo para custo de desenvolvimento,
número, no denominador do símbolo de classe. É no denominador:
definida pelos símbolos: A- baixa;
1 - produtividade alta; B - média;
2 - produtividade média; C - alta.
3 - produtividade baixa.
Drenabilidade das terras
Custo de desenvolvimento É representada pelos símbolos (X, Y ou Z), logo
É avaliado em função do nível de complexidade após o símbolo da necessidade de água, no
das operações para o preparo da terra (siste- denominador. A drenabilidade é estimada em
matização, eliminação de vegetação, etc), função da condutividade hidráulica. Ao colocarmos
distribuição de água (canais, etc), drenagem o símbolo Z no denominador, automaticamente
(drenos abertos ou fechados, etc), melhoramento nossa classe será 6. Os símbolos X e Y não afetam
do solo (fertilizantes, subsolagens, etc). O custo as classes e podem ser associados com qualquer
de desenvolvimento aparece como o segundo uma das classes:
número no denominador do símbolo da classe. É X - boa;
representado pelos símbolos: Y - moderada;
1 - baixo; Z - pobre.
2 - médio;
3-alto. Na Tabela 1, a seguir, são apresentados
quantitativos para classificação de terras para
Demanda de água irrigação
3.1. Avaliações adicionais

TABELA 1. QUANTIFICAÇÃO DE PARAMETROS POR NIVEL DE ESTUDO DE CLASSIFICAÇÃO


DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO

NOTAS: Em áreas de solos aluviais deverão ser executados levantamentos ultra-detalhados com
requisitos a serem especificados. Poderão ser dispensadas as análises de densidade
global ou densidade e curva de retenção, dos solos a priori considerados não irrigáveis.

51
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Restrita adequabilidade para a agricultura irrigada,


São os símbolos de deficiências que aparecem à devido à deficiência de solos, topografia e drenagem
direita da linha de divisão, entre o numerador e o mais intensas que para a classe 2. As terras
denominador do símbolo da classe de terra. São podem ter topografia irregular, concentrações
usados para o indicar o porque do aparecimento salinas de moderada a alta ou drenagem restrita,
de classes e subclasses diferentes. São suscetíveis de correções a custos relativamente
diretamente relacionados às deficiências de solo, altos. Têm um restrito número de culturas
topografia e/ou drenagem. A deficiência de solo adaptáveis e com manejo próprio.
aparece em primeiro lugar, seguida da deficiência
de topografia e da deficiência de drenagem. Classe 4
Terras de uso especial: apresentam sérias
Deficiência do solo (s) limitações de solo, topografia e/ou drenagem. O
y - baixo nível de fertilidade natural; desenvolvimento dessas terras requer estudos
q - baixa capacidade de retenção da água disponível; especiais de engenharia de irrigação e avaliação
k - pequena profundidade; economica para que se possa decidir quanto à
n - consistência desfavorável da camada arável; sua irrigabilidade, pois apresentam deficiências
susceptíveis de correção, porém a altos custos.
p - baixa permeabilidade. Podem também apresentar deficiências que
limitam sua utilização para culturas específicas
Deficiência de topografia (t) (mais adaptáveis), tais como pastagem, fruticultura,
g - declividade superior a 2%; silvicultura, etc. Apresentam capacidade de
u - microrrelevo e ondulação. pagamento baixa, mas que pode ser exeqüível.

Classes de terra para irrigação por gravidade Classe 5


segundo a declividade Terras não aráveis nas condições naturais:
0 - 2% - classe 1; requerem estudos especiais de agronomia,
2 - 4% - classe 2; economia e engenharia para determinar sua
4 - 6% - classe 3. irrigabilidade. Podem ter deficiências específicas
como salinidade excessiva, topografia irregular ou
Deficiência de drenagem (d) drenagem inadequada, com necessidade de
f - risco de inundação; trabalhos de proteção contra alagamento.
o - bacia fechada;
w - presença de lençol freático. Classe 6
Terras não aráveis, que não apresentam os
Classe 1 mínimos requisitos para o desenvolvimento da
Terras sem restrições na utilização da agricultura agricultura irrigada. Podem ser destinadas à
irrigada, com alta capacidade de pagamento, muito conservação da fauna e da flora, ou utilizadas como
produtivas, cuja adaptação ao manejo com agri- pastagens de sequeiro.
cultura irrigada se dá com modificações simples.

Classe 2 3.2. Características de Drenabilidade


Apresenta algumas limitações ao desenvolvimento
da agricultura irrigada e são inadequadas para Nos estudos de solos e classificação de terras
alguns tipos de culturas, devido à deficiência de para irrigação, as caracterísitcas de drenabilidade
solo, topografia ou drenagem. juntamente com as características morfológicas
Classe 3 da área, dão uma idéia das condições gerais de

52
Noções de solo, classificação de terras para irrigação
e drenagem interna

drenagem interna dos solos e superficial da área subsídios para a eliminação de áreas não irrigáveis.
estudada. A CODEVASF, utilizando critérios básicos de
A profundidade da barreira, em relação à superfície classificação de terras para irrigação, desenvolvidos
do terreno, a presença de mosqueado, pelo Bureau of Reclamation e Critérios de
principalmente quanto a quantidade e contraste, a Drenabilidade para solos do semi-árido,
presença de cores indicativas de condições de oxi- desenvolvidos pela CODEVASF / Companhia
redução e de concreções, dentre outras, Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) preparou
complementadas com os valores de condutividade o constante das tabelas 2 e 3 anexas e dados
hidráulica de campo, são decisivos na indicação complementares.
de classes de drenabilidade, além de fornecerem 3.3. TESTES COMPLEMENTARES

Tabela 2. CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO


OU IRRIGAÇÃO LOCALIZADA

(1) – Impermeável escavável;


(2) - Comum a abundante, distinto a proeminente;
- Conceituação em função da TABELA 3.
Nota: Terras com características que não atendam aos critérios estabelecidos na tabela 2, mas que
apresentem potencial para atividades específicas (pastagem, arroz, frutas e etc), serão consideradas
da classe 4. Para estas terras serão estabelecida critério de classificação pertinentes.

TABELA 3. PARÂMETROS PARA REAVALIAÇÃO DA CLASSE DE DRENABILIDADE POBRE EM


FUNÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA (M/DIA) E DA PROFUNDIDADE DA BARREIRA.

53
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

experiência da CODEVASF, sempre que


Em áreas de solos com drenabilidade pobre, possuírem o horizonte "c"ou saprolito situado em
geralmente dos tipos Cambissolos Vérticos, profundidade igual ou inferior a 2,5 m e espessura
Podzólicos, Planossolos e outros, onde haja mínima, do saprolito, de 30 cm.
suspeita da existência de más condições de
drenagem subterrânea, principalmente pela
presença de barreira a pouca profundidade, deverão 3.5. APRESENTAÇÃO
ser realizados testes de condutividade hidráulica,
cujos resultados fundamentarão a classificação de Nos levantamentos detalhados deverão ser utilizado
drenabilidade segundo as especificações como material básico mapas em escala 1: 5.000
utilizadas pela CODEVASF, conforme a TABELA ou 1: 2.000, com curvas de nível de 0,25m a 1,0m,
3. sendo que todos os locais de investigações como
tradagem, trincheiras e testes de condutividade
3.4. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES hidráulica deverão ser locados com o uso do Global
Positioning System (GPS).
As áreas que durante os estudos de solos se
situarem dentro das classes de drenabilidade boa
e restrita não necessitarão de informações
adicionais de drenabilidade, bem como aquelas Bibliografia
que forem classificadas como críticas, que devem
ser descartas para fins de irrigação. 1- MOREIRA, Henrique José da Costa. S.A.A.C.I.
Sistema agroclimatológico para o
Os solos classificados como de drenabilidade acompanhamento das culturas irrigadas:
pobre, com a presença de mosqueado, plintita ou manual prático para o manejo da
cores perceptíveis de redução, em profundidade irrigação. Brasília: SENIR, 1992. 86 p. il.
inferior a 0,80 m ou C. E > 1,5 dS/m, podem ser
divididos em drenáveis e descartáveis, conforme 2- LEPSCH, Igo. Solos: formação
consta da tabela 3 acima. e conservação. SP: Melhoramentos 1976.
160p.il.
A classificação nesta ou naquela categoria fica na
dependência dos valores obtidos em testes de 3- OLIVEIRA, J. Bertoldo. Classificação de solos.
condutividade hidráulica lateral ou vertical de São Paulo: USP, 1979. 1 v.
campo, em condições de saturação, associados
à profundidade da barreira e em condições mais 4 - CHESF. Critérios para aproveitamento de
criteriosas, à recarga normativa ou coeficiente de lotes com limitações nos projetos com
drenagem subterrânea. obras de engenharia. Recife: 1996. 15p.

Para a classificação da drenabilidade (tabela 2)


deve-se considerar o parâmetro mais desfavorável.

A área deve ainda possuir condições favoráveis para


ser drenada por gravidade, tanto para a drenagem
superficial quanto para a drenagem subterrânea
ou seja: possuir ponto de descarga próximo.

Solos do tipo vertissolo são drenáveis, seguindo a

54
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

6. DRENOS SUBTERRÂNEOS -
ENVOLTÓRIOS

1. Introdução

Envoltório é todo material mineral, sintético ou


vegetal, colocado ao redor do tubo de drenagem, Em solos de baixa ou nula estabilidade estrutural,
com a finalidade de propiciar condições para que o carreamento, pela água, de partículas do solo
o gradiente hidráulico na interfase solo-envoltório para o interior do tubo-dreno pode redundar no
seja mantido baixo. Deve facilitar o fluxo da água, colapso do sistema, o que deve ser evitado com o
do solo para o dreno, permitindo que sua emprego de envoltório apropriado quanto ao tipo
velocidade, nos poros, se mantenha baixa, e que e ao dimensionamento.
a desagregação do solo e o carreamento de
partículas para o interior do dreno sejam mínimos. O emprego de envoltório ao redor do dreno, foi
concebido, durante muitos anos, como material
Diversos tipos de material são colocados ao redor filtrante (10), o que contrasta com os conheci-
de drenos entubados com a finalidade de evitar o mentos atuais, que mostram que a função principal
carreamento de partículas do solo para o seu do envoltório é facilitar o fluxo da água do solo
interior. O carreamento pode causar entupimento para o tubo-dreno.
do dreno ou até mesmo do envoltório, quando este
não é bem selecionado e, com isso, levar o sistema O envoltório não deve atuar como filtro pelo fato
de drenagem ao completo fracasso. de que todo filtro tende a se entupir com o tempo,
o que resulta na elevação do lençol freático e no
Como envoltório pode ser empregado material conseqüente aumento do gradiente hidráulico na
sintético ou manta, material orgânico natural ou interface solo-envoltório. Isto pode provocar erosão
material de origem mineral. interna do solo ou o fenômeno de tubificação (2)
pelo arraste de grande quantidade de finos do solo
São apresentadas formas de, em função do tipo de para o interior do dreno.
solo, prever a necessidade de envoltório e também
a metodologia adotada pelo Serviço de Conservação A tubificação (piping) pode resultar na formação
de Solos dos Estados Unidos, para sua seleção, de cavernas no solo e como conseqüência no
bem como exemplo prático do seu emprego. desalinhamento de drenos e falha da linha afetada.

Solos bem estruturados, com grande poder de A ocorrência deste fenômeno é comum em solos
coesão de suas partículas, como os podzolos e pouco ou não estruturados (6), principalmente
latossolos, podem dispensar o uso de envoltório, naqueles com texturas variando de siltosa grosseira
enquanto que para solos não coesivos, do tipo a areia média.
siltoso, solos com predominância de areia fina e
aqueles com alta incidência de argila expansiva O material colocado ao redor do tubo deve
e/ou grande capacidade de dispersão, o emprego funcionar como "envoltório", devendo sempre
de envoltório é indispensável. possuir condutividade hidráulica muito superior
àquela do solo a ser drenado e área de fluxo, na
Envoltórios de cascalho, brita ou areia grossa interfase solo-envoltório, suficientemente grande
lavada são tecnicamente os mais recomendáveis para que a velocidade da água seja suficien-
para uso na drenagem de qualquer tipo de solo. temente pequena, nessa zona de transição, para

55
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

evitar a desagregação e carreamento de partículas Empregando-se a fórmula de Darcy para o fluxo


do solo para o envoltório e tubo-dreno. Dessa de água em um solo saturado tem-se:
forma o envoltório e o tubo condutor não correrão Fluxo no ponto de área A1 -Q1 = Ki1 A1
o risco de se tornarem assoreados e até mesmo Fluxo no ponto de área A2 -Q2 = Ki2 A2
entupidos pelo material carreado.
Q1 = Vazão por metro linear de tubo no ponto de
Um envoltório (8) para ser bastante eficiente deve área A1
preencher três condições fundamentais que são: K = Condutividade hidráulica do horizonte do solo
ser formado de material bastante permeável, propi- em contato com o envoltório
ciar grande área de fluxo para o dreno e ser durável. i1 = Gradiente hidráulico no ponto A1
A1= Área de fluxo por metro de superfície cilíndrica
É desejável que tenha também a vantagem de Q2 = Vazão no ponto A2
facilitar o alinhamento do dreno e melhorar a sua i2 = Gradiente hidráulico no ponto A2
base de apoio. A2 = Área de fluxo por metro de superfície
cilíndrica
De acordo com o Serviço de Conservação de Solos
dos EE.UU. (11) o uso de envoltório pode propiciar Como Q1 tem que ser igual a Q2 e a condutividade
condições do dreno trabalhar com velocidades hidráulica é a mesma para ambos os pontos, por
mínimas de fluxo da água, não havendo pratica- trata-se de mesmo solo, tem-se:
mente limitação de velocidade quando é empre- i1 A1 = i2 A2
gado envoltório de areia grossa lavada ou cascalho
porque a presença de suspensões na água, possíveis Assumindo-se A1 = 2A2 resulta
de decantar, deverá ser mínima. 2A2 i1 = ia2 A2
i2 = 2i1

2. Gradiente hidráulico O que mostra que o gradiente hidráulico aumenta


nas proximidades do dreno e que, aumentando-se
A convergência de fluxo, nas imediações do dreno, o raio efetivo do dreno, diminui-se o gradiente
faz com que haja um aumento do gradiente hidráu- hidráulico nas suas imediações.
lico, conforme ilustrado na figura 01, assumindo-
se: Como Ki=V, sendo V a velocidade de fluxo de
• solo homogêneo uma lâmina de água através da seção "A", tem-se
• lençol freático acima do dreno ao mesmo tempo para a condição pré-fixada que
• dreno trabalhando cheio V2=2V1
• fluxo uniforme ao redor do dreno
3. Área efetiva de fluxo para o dreno

O fluxo da água do solo para o interior do tubo


dreno ocorre pela interface solo-área, perfurada
do tubo ou pela interface solo-envoltório. A área
efetiva de fluxo é obtida em cm2 por metro de
tubo.
Raio A função do envoltório é facilitar a captação e fluxo
da água do solo para o tubo, enquanto que este
Fig. 1 - Desenho esquemático de dreno entubado tem a função principal de conduzir o excesso de
com envoltório de cascalho. água para fora da área a ser drenada.

56
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

Quanto maior for a área de fluxo, maior será a satisfatoriamente porque dentro das corrugações o
capacidade de captação de água pelo dreno. solo não é naturalmente compactado. Nesses
intervalos a permeabilidade se mantém alta,
Drenos com área de captação reduzida podem resultando em uma área efetiva de fluxo que em
levar o sistema de drenagem a funcionar de alguns solos pode ser suficiente, o que não aconte-
maneira inadequada ou a um completo fracasso ce com manilhas de argila ou tubos de pvc de
devido à resistência enfrentada pela água para paredes lisas.
atingir o interior do tubo, o que resulta na elevação
do lençol freático. A seguir são mostradas representações esque-
máticas de áreas de fluxo para diversos tipos de
Em solos de boa estabilidade estrutural o emprego tubos e envoltórios, conforme ilustrações constan-
de tubo corrugado, sem envoltório, pode funcionar tes das figuras 2 a 8 a seguir:

Área de fluxo = 0,50% da área externa do tubo ou 15,7 cm2 por metro tubo
Fig. 2 - Manilha de argila sem envoltório

Área de fluxo __ 0,64% = 20,0 cm2 / m de tubo


Fig.3 - Tubo de pvc liso recortado ou perfurado e sem envoltório.

Fig. 4 - Tubo de pvc ou polietileno corrugado sem envoltório


Área de fluxo __ 0,51% = 15,6 cm2 / m de tubo. Neste caso, devido ao tipo de contato do solo com as corrugações
internas, o fluxo é bem mais facilitado que nos casos anteriores, o que se traduz em uma convergência de fluxo
bastante menor que a relação entre áreas total e perfurada. Neste caso o solo não é adensado dentro das corrugações
situadas principalmente na metade inferior do tubo, oque eleva a área efetiva de fluxo para algo ao redor de 20 a
30% da área externa do tubo

Área de fluxo __ 50% - em relação ao diâmetro externo do tubo.


Fig. 5 - Tubo de plástico corrugado com envoltório de material sintético

57
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Área de fluxo = 100% da área externa do envoltório.


Fig. 6 - Tubo com envoltório de cascalho, brita ou areia grossa lavada

Área efetiva de fluxo = 100% da área externa do envoltório.


Fig. 7 - Tubo corrugado com envoltório de fibra de coco

Área de fluxo = 100% da área externa do envoltório.


Fig. 8 - tubo de pvc liso com esferas de STYROPOR coladas com cola PVA diluída em água a 50% e envoltório
sintético.

4. Avaliação da Necessidade de Uniformidade de Distribuição das partículas (U)


Envoltório
É assumida a relação U = d60 / d10, sendo que
Solos de baixa ou nula força de coesão, por d60 corresponde ao diâmetro máximo das partículas
possuírem textura arenosa ou siltosa, como as do solo onde uma peneira deixa passar 60% do
areias quartzosas, regossolos e aluvionais leves, material e d10 o diâmetro máximo das partículas
bem como solos dos tipos vertissolos e solos onde somente 10% do solo passa em uma
aluvionais, que contenham altos teores de argila determinada malha. Assim, a tendência de
expansiva, além dos solos dispersivos do tipo sedimentação, no dreno, de partículas carreadas
bruno não cálcico, necessitam de envoltório como do solo, seria dada pelas seguintes faixas de
forma de minimizar o carreamento de partículas valores:
do solo para o sistema de drenagem.
U 15 - sem tendência a sedimentação
Já tem sido feitas algumas tentativas para avaliar U - 5 a 15 - pouca tendência a sedimentação
a necessidade do emprego de envoltório (4, 11) U 5 - alta tendência a sedimentação
em drenos subterrâneos conforme segue:

58
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

A relação argila/silte Após meia hora de agitação o conteúdo das


se > 0,5 - baixa possibilidade de sedimentação peneiras é analisado para determinação do peso
dos agregados em cada peneira e avaliação da
Índice de plasticidade (IP) estabilidade estrutural dos agregados.
IP > 12 - sem tendência a sedimentação
IP - 6 - 12 - pouca tendência a sedimentação Teste de desintegração ou dispersão do solo em
IP < 6 - alta tendência a sedimentação água, em repouso

Avaliação da necessidade com base na textura Esse teste dá uma idéia geral da estabilidade
do solo estrutural da amostra e ou da erodibilidade do solo,
de acordo com o grau de desintegração da amostra
A necessidade do emprego de envoltório seria deixada em água por horas ou dias (5). Trata-se de
avaliada com base em dados constantes da tabela um método simples, prático e barato de se avaliar
1, anexa, preparada pelo Serviço de Conservação a necessidade do emprego de envoltório na
de Solos dos Estados Unidos, onde é feita recomen- drenagem de um determinado horizonte de solo.
dação para o emprego de envoltório tomando Para o teste são necessários dois vasilhames (figura
como base a textura do solo. 9) , concêntricos, preferentemente de plástico
transparente. O interno com cerca de 10 cm de
Teste de estabilidade dos agregados do solo, em diâmetro e 5 a 10 cm de altura e o externo, com
água, com agitação cerca de 20 cm de diâmetro e altura semelhante.

Consiste em analisar amostras quebradas a mão e O recipiente interno deverá ter, para entrada da
secas ao ar, empregado conjunto de peneiras água, perfurações pequenas no fundo, situadas
acopladas de 2,0; 1,0; 0,5; 0,25; e 0,01 mm de próximas das paredes deste, conforme figura 9,
malha que é colocado dentro de um recipiente devendo ser colocado no centro do vasilhame maior
com água. A amostra de terra é despejada na e sobre 3 pontos de apoio que permitam que a
peneira superior, de 2,0 mm , sendo o conjunto água, ao ser adicionada lentamente no recipiente
de peneiras agitado mecanicamente sob a água. externo, penetre neste de baix o para cima.

Fig. 9 - Esquema do equipamento e teste

59
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 1
Avaliação da Necessidade de Envoltório em Função do Tipo de Solo (*)

DESCRIÇÃO DO SOLO NECESSIDADE VELOCIDADE DE FLUXO


DE ENVOLTÓRIO DA ÁGUA NO DRENO
Arenosos com granulometria uniforme
Arenosos cascalhentos

Arenoso-siltosos
Silto-arenosos com granulometria uniforme Sim Sem restrição
Siltosos inorgânicos e areias finas
Solos pulverulentos siltosos ou argilo-arenosos
finos com baixa plasticidade

Micáceos
Solos siltosos
Siltosos Expansivos

Cascalhentos de granulometria não uniforme Sujeito a avaliações Sem restrição quando


Arenoso cascalhento com nenhum ou pouco fino de estabilidade empregado envoltório.
Areno argiloso ou argilo arenoso de granulometria não estrutural in-loco
uniforme

Areno argiloso
Argilo siltoso de granulometria não uniforme Deve ser mínima de
0,30 m/s quando não é
empregado envoltório.
Cascalhento siltoso
Siltoso argilo cascalhento de granulometria
não uniforme

Areno siltoso
Silte arenoso de granulometria não uniforme

Cascalhento argiloso ou argiloso cascalhento Sem restrição para solos


Argilo arenoso cascalhento de granulometria com pouca quantidade de
não uniforme finos

Argiloso orgânico de média a baixa plasticidade

Arenosos com predominância de areia grossa Quando for usado


Arenosos cascalhentosCascalhentos tubo flexível pode
de granulometria não uniforme ser necessário

Cascalhentos uniformes Com tubos de superfície Para solo com apreciável


Arenosos cascalhentos com poucos finos lisa é sempre necessário quantidade de finos
Arenoso uniformes a velocidade mínima
deve ser de 0,30 m/s
Solos inorgânicos
Argila expansiva (fat clay)

Siltosos orgânico de baixa plasticidade


Argiloso siltoso orgânico de baixa plasticidade
Argilo orgânico de média e alta plasticidade
Turfosos

(*) Segundo o U.S. Department of Agriculture - Drainage of Agricultural Land

60
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

No centro do recipiente interno são colocados técnica de instalação de drenos apropriada para
fragmentos da amostra do solo a ser testado. A este tipo de solo.
seguir adiciona-se água suavemente ao cilindro
externo, até que esta, após penetrar no cilindro Este método, embora prático e simples, necessita
interno, através dos furos situados na parte inferior, de repetições com amostras de solo provenientes
cubra totalmente a amostra. Anota-se então o de áreas drenadas onde a decantação de partículas,
tempo e dá-se o teste por iniciado. tanto no tubo dreno como no envoltório, tenha sido
quantificada para serem então feitas comparações
Deve ser observado o comportamento dos quantitativas entre a estabilidade dos agregados
agregados, ao serem inundados e acompanhadas destes solos em água e a decantação ocorrida no
as alterações posteriores até que seja atingido um campo, considerando-se os tipos e dimensão dos
equilíbrio. envoltórios dos solos estudados.

Na tabela 02 são apresentados resultados de


São então feitas leituras das alterações, nos agrega-
análise visando definir a estabilidade estrutural de
dos, provocadas pela água, a qual , deve ter quali-
6 amostras de solo.
dade próxima daquela a ser usada na irrigação.

Considerações
De início, as leituras podem ser feitas a cada 5 a
10 minutos, passando para intervalos de 1,0 hora
Até o momento não existe nenhum método,
e depois para intervalos maiores, que podem ser
consagrado internacionalmente, de avaliação da
superiores a 12 horas, ou a critério do condutor do
necessidade de envoltório em drenos subterrâneos.
teste. O importante é que todas as alterações sejam
anotadas. Para as 6 amostras de solos estudadas, nenhum
dos métodos ou parâmetros sugeridos foi efetivo
Se a água, ao penetrar no recipiente interno não na avaliação da necessidade do emprego de
desagregar ou desagregar parcialmente os envoltório em drenos subterrâneos. Com base no
fragmentos do solo é porque o mesmo possui alta exposto, acredita-se que não servirão de base para
estabilidade estrutural, o que dispensa o emprego avaliar a estabilidade estrutural dos solos tropicais
de envoltório como forma de evitar a desagregação encontrados no Brasil.
e carreamento de partículas para o dreno.
Com relação ao teste de dispersão do solo em água,
Quando a água se mantiver límpida, mesmo que em repouso, considerando a sua praticidade e
ocorra desagregação total da amostra, o solo pode custo, este pode ser muito útil. Há necessidade de
ser considerado como regular ou não problemático maiores estudos visando definir valores quantita-
em termos de drenagem subterrânea podendo, no tivos e assim consagrá-lo como método confiável.
caso dos solos podzólicos, ser dispensado o uso
de envoltório como forma de reter finos do solo. Em nosso caso é sabido que os latossolos testados
Tratando-se de solos com altos teores de argila apresentam alta estabilidade estrutural enquanto
expansiva, o emprego de envoltário é que o solo bruno não cálcico é instável em água.
recomendável. Quanto ao podzolo testado, o sistema de drenagem
implantado na área há mais de 5 anos, com
Para solo que se desagregue, com a formação de envoltório de cascalho, apresenta-se quase que
suspensão de partículas, criando turbidez na água totalmente isento de finos do solo, o que indica
e posterior decantação do material, fica evidente que o emprego de envoltório, como forma de evitar
que o mesmo não possui estabilidade estrutural. a desagregação e carreamento de partículas, é
Neste caso é indispensável o uso de envoltório e dispensável.

61
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Quanto aos vertissolos, crê-se que não haverá Mandacarú, onde a drenagem subterrânea foi
problema quando empregado envoltório de cascalho instalada com condições especiais para o tipo de
fino ou areia grossa lavada, desde que o material solo.
de aterro seja razoavelmente compactado para
diminuir os vazios e assim reduzir a possibilidade 5. Escolha do envoltório
de esboroamento do solo quando umedecido. O
envoltório de cascalho ou areia deve, por medida A escolha do envoltório deve, de uma maneira
de segurança, ser coberto com uma lâmina de geral, ser feita em função do custo final do material
polietileno. Esse tipo de envoltório em vertissolo, colocado no local da obra, custo de instalação e
bem como envoltório sintético de poliester agulhado efetividade do material como envoltório.
está funcionando satisfatóriamente no Projeto
Em casos de drenos onde o envoltório não

Tabela 2 - Análises de Amostras de Solo Visando Definir Estabilidade dos


Agregados
ANÁLISE DE AMOSTRAS DE SOLO - FÍSICA E QUÍMICA
Nr. da Tipo GRANULOMETRIA ANÁLISE QUÍMICA
Amostra de Solo Argila Silte A.Fina A.Grossa Classif. pH Ca+Mg M.O. pg/l K H+AL Estabilidade
Textural H20 me/100ml g/l (%) dos Agregados Índice de Estabilidade dos
em água Plasticidade Agregados em
(com agitação) (IP) água (em repouso)
01 VERTISSOLO 49 18 20 13 Argiloso 8,3 38,7 0,4 3,2 32 0 1,30 27,48 Amostra se desagregou
(Mandacarú) lentamente (quase
3 horas)A água se
manteve límpida.
02 VERTISSOLO 26 11 25 38 F. 8,9 27,6 0,4 4,3 21 0 3,17 27,63 Amostra se desagregou
(Tourão) Arenoso totalmente em
40 minutos. Água
límpida.
03 BRUNO 72 20 05 03 M. 9,1 11,7 0,3 1,9 43 0 0,45 12,34 Amostra se desgregou
NÃO Argiloso cerca de 40% em 1,30
CÁLCICO Argiloso horas ao mesmo tempo
(Juazeiro) em que houve
dispersão. Na próxima
leitura (17 horas após),
a amostra estava toda
desagregada. A água se
tornou totalmente turva
em ambos os
vasilhames devido a
intensa dispersão de
partículas do solo que
se decantaram
formando uma lama.
04 LATOSSOLO 67 09 13 11 M.Argiloso 5,2 0,2 1,6 0,3 4 2,0 2,58 12,82 A amostra se
(Brasilia-Via rompeu parcialmente
Estrutural) em blocos sem que
tenha se evidenciada
uma desagregação.
Água límpida.
05 LATOSSOLO 39 15 17 29 Argiloso 5,6 0,6 1,1 0,4 16 0,7 3,82 13,66 A amostra se rompeu,
(Brasília- Arenoso dividindo-se em blocos
Asa Norte) menores. Água límpida.
06 PODZOLO 18 8 52 15 Franco 5,3 Em contato com a água
(Bebedouro) Arenoso os agregados, secos ao
ar, se desagregaram
rapidamente (menos de
1minuto). Não houve
dispersão. Água límpida.

62
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

funcionou satisfatoriamente (14), o problema foi Para a drenagem de solos com altos teores de
resolvido com a eliminação das partículas finas e argila expansiva admite-se ser fundamental o uso
o conseqüente aumento da condutividade hidráu- de envoltório de brita fina ou areia grossa lavada
lica, o que reforça a importância de trabalhar-se como forma de reduzir o gradiente hidráulico na
com envoltório de material de alta condutividade interface solo-envoltório e assim evitar a
hidráulica. desagregação e o arraste de partículas do solo
para o dreno.
O envoltório pode ser de material sintético ou
natural. Tratando-se de solos de baixíssima estabilidade dos
agregados, como solos dispersíveis, tudo indica que
Como envoltório sintético, podem ser empregados, a drenagem subterrânea pode ser muito problemá-
mantas de nylon, de poliester ou outro material tica; neste caso somente envoltório de brita fina
apropriado. ou areia grossa lavada cobertos com lâmina de
material plástico, poderia ser apropriado.
Como envoltório natural podem ser empregados
fibra de casca de coco, palhas, sabugo de milho, Em solos ricos em ferro e manganês, não é
areia grossa lavada, cascalho, ou brita ou ainda recomendado o emprego de envoltório de fibra de
outros materiais de alta permeabilidade. vidro (15) e também de material orgânico (11) pelo
fato de entupirem-se com facilidade devido à ação
A seleção do tipo de envoltório a ser utilizado vai dos óxidos desses metais, sendo que fibra de vidro
depender do conhecimento de vários fatores, tais não resultou em bom evoltório.
como:
Fibra de vidro mostrou, com o tempo ser um
• Perfil do solo nas imediações do dreno. material não recomendado para uso como
• Disponibilidade de material apropriado nas envoltório porque se degrada facilmente devido a
proximidades da área a ser drenada, incluindo ataques químicos.
custo de transporte e limpeza.
• Tipo de tubo-dreno a ser instalado. Disponibilidade de material
• Características pluviométricas da região.
Muitas vezes não existe material apropriado nas
Tipos de solo imediações da área a ser drenada. Desta forma o
custo do envoltório natural pode ficar muito alto
Nos Estados Unidos (9) existem milhares de devido aos custos de coleta, limpeza e transporte.
hectares de terras drenadas, com resultados Isto pode ser ainda agravado pelas condições
satisfatórios, sem o emprego de qualquer tipo de oferecidas por terrenos baixos e úmidos como as
envoltório. Não são feitas no entanto, referências várzeas, onde geralmente é problemática a
aos tipos de solo. movimentação de máquinas ou equipamentos que
transportem cascalho, areia ou brita. Em situações
Solos com predominância de areia fina são os mais como essas, o emprego de envoltório sintético ou
difíceis de drenados (3), vindo a seguir os solos de material orgânico pode ser bem mais prático e
siltosos. Para estes solos o emprego de envoltório econômico.
é indispensável, sendo mais indicados envoltórios
de cascalho, brita, areia grossa lavada ou material Tipos de dreno
selecionado, segundo método do SCS dos
Estados Unidos, por resultarem em raio hidráulico Para drenos formados por tubos corrugados,
alto. principalmente aqueles que apresentem perfura-

63
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

ções em todas as corrugações, o envoltório de solo representativa de uma área ou setor,


sintético apresenta condições satisfatórias, enquan- prepara-se a curva de distribuição granulométrica.
to que não é recomendável o seu uso quando se Calcula-se então os limites granulométricos
trabalha com manilhas de argila ou cimento ou máximo e mínimo que o material deverá ter para
tubo plástico liso perfurado para este fim. ser utilizado como envoltório. O cálculo é feito
tomando-se como base o valor do diâmetro de
O emprego de manilhas em drenagem subterrâneas partículas de solo que corresponde a 50% da massa
é atualmente uma técnica totalmente superada. submetida a análise granulométrica. Este é o
diâmetro em que, teoricamente, uma peneira ou
tamis deixaria passar somente 50% da amostra de
Influência do clima terra preparada para este fim.

É importante considerar as condições climáticas O valor D50 proveniente da curva granulométrica


quando se pretende empregar envoltório orgânico. é então multiplicado pelos números 12 e 58, para
Em regiões temperadas este tipo de material muitas se obter os limites mínimos e máximos de
vezes funciona satisfatoriamente, enquanto que em diâmetro que 50% da massa de solo pode ter
regiões tropicais se deteriora com muita facilidade, para ser uilizada como envoltório.
podendo se transformar em uma massa relativa-
mente impermeável em curto período de tempo, A seguir, toma-se o valor D15 que representa o
o que dificulta o fluxo de água para o dreno e, em diâmetro em que somente 15% do solo passa pelo
conseqüência, pode causar o fracasso do sistema. tamis e multiplica-se por 12 e por 40, obtendo-se
Em sistema de drenagem por tubos corrugados, assim os limites que um envoltório deverá
instalado com envoltório de fibra de coco em solo apresentar em sua fração fina de 15%.
do tipo latossolo arenoso do projeto Bebedouro,
situado no semi-árido, o envoltório se decompos As especificações podem ser representadas da
em proporções estimadas de 90% na parte superior seguinte forma:
e 10% na parte inferior, após 22 meses da D50 envoltório
= 12 a 58 (1)
implantação do sistema (junho/88) embora os D50 solo
drenos continuassem funcionando satisfatoriamente D15 envoltório
= 12 a 40 (1)
. As precipitações da área são da ordem de 410 D15 solo
mm/ano e a umidade relativa de cerca de 65%.

Seleção do material para envoltório Para solos e envoltórios com partículas distribuídas
com base em análise granulométrica uniformemente, poderá ser utilizada a seguinte
relação:
A seleção do material pode ser feita com base nos D15 envoltório
< 5 (3)
princípios adotados pelo Serviço de Conservação D85 solo
de Solos dos EEUU (11) procedendo-se da seguinte
maneira: Faz-se a análise granulométrica de
amostra representativa do horizonte do solo situado Ainda, segundo a mesma fonte, todos os
na profundidade pretendida para a instalação do envoltórios devem ser formados de material com
sistema de drenagem. O número de amostras a diâmetros inferiores a 1 1/2" sendo, 90% com
serem coletadas vai depender da uniformidade dos diâmetro inferior a 3/4" e não mais que 10% do
solos nos locais dos drenos. material deve passar através da peneira nº 60
(aprox. 0,2 mm).
De posse da análise granulométrica da amostra

64
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

Exemplo Prático O método de seleção do tipo de envoltório natural


adotado pelo Serviço de Conservação de Solos dos
A análise granulométrica de uma amostra de solo, EEUU é importante, considerando-se que, com
conforme a figura 10, revelou que 50% de sua fração base nos seus princípios, pode muitas vezes ser
é formada de partículas com diâmetro igual ou selecionado para envoltório, material de jazidas
inferior a 0,0058 mm (D50 < 0,0058), e que a fração situada nas imediações da área a ser drenada.
correspondente aos últimos 15% da amostra tem
diâmetro igual ou inferior a 0,0008 mm. Empre- Quando empregado envoltório natural, deve ser
gando-se as equações (1) e (2) obtêm-se os limites colocada ao redor do dreno (11) uma camada
máximos e mínimos para as frações D50 e D15 do mínima de 3 polegadas, sendo mais recomendado
envoltório, conforme segue: 4 polegadas. Também, segundo o Bureau of
Reclamation (12), uma camada de 3 polegadas
Tomando-se (1) tem-se: de espessura pode funcionar satisfatoriamente,
D50 envoltório = 12 x D50 solo (limite inferior) sendo no entanto, por motivos práticos, mais
D50 envoltório = 58 x D50 solo (limite superior) conveniente colocar 4 polegadas.

Onde: Como a maior parte do fluxo da água para o dreno


D50 envoltório = 12 x 0,0058 = 0,070 mm se dá principalmente pela parte inferior e pelas
D50 envoltório = 58 x 0,0058 = 0,336 mm laterais (10), ou praticamente dobra na metade
inferior do dreno (1), conclui-se que o desempenho
A fração D50 do envoltório tem que se situar entre da porção inferior do envoltório é bem maior que
os valores 0,070 e 0,336 mm de diâmetro das o da parte superior, o que pode resultar em
partículas. economia de material, quando utilizado envoltório
natural, pela redução da espessura do envoltório
Tomando-se (2) tem-se: sobre o dreno. Nas proximidades da área a ser
D15 envoltório = 12 x D15 solo (limite inferior) drenada pode existir material apropriado para
D15 envoltório = 40 x D15 solo (limite superior) envoltório como cascalho, areia grossa ou outro
material grosseiro. O material poderá ser utilizado
Donde: em estado natural, se estiver limpo, ou após lavado
D15 envoltório = 12 x 0,0008 = 0,01 mm ou peneirado, se contiver quantidades prejudiciais
D15 envoltório = 40 x 0,0008 = 0,032 mm de finos do solo.

A fração D15 do envoltório deve situar-se entre os Areia grossa lavada, cascalho ou brita não
valores 0,01 mm e 0,032 mm. apresentam restrições técnicas de uso como
envoltório, por funcionarem adequadamente para
Na Figura 10 é apresentada curva proveniente de qualquer tipo de solo. A existência de qualquer
resultados reais de análise granulométrica de um um destes materiais, a preços competitivos, dispen-
solo denominado delta, onde são plotados os sa a necessidade de serem feitas análises mecânicas.
limites para D50 e D15 de material julgado
apropriado para envoltório. É importante considerar-se que uma adequada
seleção do envoltório deve ser acompanhada de
Considerações uma instalação também adequada. É essencial que
a instalação de drenos, principalmente em solos
Com base no exposto, é de se notar que um solo problemáticos, seja feita em ausência de lençol
siltoso pode teoricamente servir como envoltório freático.
de tubo-dreno instalado em solo argiloso. A deposição de partículas do solo nos tubo-drenos

65
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 10 - Exemplo de envelope segundo o U.S.SCS.

geralmente se dá imediatamente depois do aterro 3. Em solos ricos em ferro e manganês, envoltórios


da vala (7) quando não é feita uma ligeira orgânicos são problemáticos devido à formação
compactação do material colocado sobre o dreno. de óxidos que podem levar, em curto período de
tempo, a uma grande redução da permeabilidade
Nos projetos da CODEVASF a compactação tem do envoltório e conseqüente falha do sistema.
sido feita manualmente, em camadas de 40 cm
de aterro, sendo finalizada pela simples passagem 4. Envoltórios sintéticos apresentam melhores
das rodas de patrol ou retro-escavadeira, devendo condições de funcionamento quando são instalados
ser deixada uma pequena elevação para com drenos corrugados com perfurações em todas
compensar o acamamento do solo, o que as corrugações. Para manilhas de barro ou cimento
aparentemente tem dado bons resultados. ou tubo liso perfurado de pvc este tipo de
envoltório não funciona.

6. Conclusões 5. Não havendo disponibilidade, nas proximidades


da área, de material apropriado para envoltório,
1. Em solos bem estruturados, a não utilização de ou em caso do preço do transporte ser muito alto,
envoltório pode dar resultados satisfatórios sendo, ou ainda quando não existam condições de acesso
no entanto, aconselhável o seu uso para facilitar o do material para a área, o emprego de envoltório
fluxo da água do solo para o tubo, o que pode sintético é economicamente bem mais vantajoso.
resultar em aumento do espaçamento entre drenos.
6. Tanto podem funcionar satisfatoriamente
2. O emprego de envoltório orgânico em solos de envoltórios formados de material uniforme, como
clima tropical não é recomendável porque o material aqueles que apresentem gradações compatíveis
se decompõe com facilidade, podendo por em com o tipo de solo considerado.
risco todo o sistema de drenagem.

66
Drenos Subterrâneos -
Envoltórios

7. Envoltório de cascalho, brita ou areia grossa drainage envelopes. In: NATIONAL SYM-
lavada são os que apresentam melhores resultados POSIUM, 3, 1976. Chicago. Proceedings. St.
técnicos, por serem bastante permeáveis e, ao Joseph: American Society of Agricultural
mesmo tempo, poderem aumentar Engineers, 1977 p. 31-33. il.
significativamente o raio efetivo do dreno; por outro
lado envoltório de manta sintética é o tipo 2- BATISTA, Manuel de Jesus. O gradiente
dominantemente utilizado por razões práticas e hidráulico de falha em relação a outros
técnico-econômicas. parâmetros do solo e sua influência na
determinação do diâmetro efetivos dos
drenos. In: CONGRESSO NACIONAL DE
7. Recomendações IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 5., 1980. São
Paulo. Anais. Brasília: ABID, 1980. v. 2 p.16-
• O material colocado ao redor do dreno deve ser 47.il.
sempre concebido como envoltório, por ter a
função de facilitar o fluxo da água do solo para o 3- BROUGHTON, R. S. et al. Tests of filter material
dreno e nunca como filtro. for plastic drain tubes. In: NATIONAL
DRAINAGE SYMPOSIUM, 3, 1976, Chicago.
• Em zona de clima tropical o emprego de Proceedings. St. Joseph: American Society
envoltório orgânico pode comprometer todo o of Agricultural Engineers, 1977. p. 34-39 il.
sistema de drenagem, devendo o assunto ser melhor
e mais especificamente avaliado. 4- DIELEMAN, P. J., TRAFFORD, B.D. Drainage
testing. Rome: FAO, 1984. p. 99-107 (FAO
• Mesmo em solos de alta estabilidade estrutural, Irrigation and Drainage Paper, 28).
o emprego de envoltório ao facilitar o fluxo da
água, do solo para o dreno, melhora a drenagem e 5- FEYEN, J. Drainage of irrigated land. Katho-
pode propiciar um aumento no espaçamento entre liekeUniversiteit Leuven: Center of Irrigation
drenos. Engin., s.d. p. 56-61.

• Pode ser adotado como envoltório material que 6- GULATI, O.P. et al. Control of sediment flow
se enquadre dentro dos critérios adotados pelo SCS into subsurface drains. Journal of the
dos Estados Unidos, desde que o seu emprego seja Irrigation and Drainage Division, Procee-
economicamente mais vantajoso. dings, New York, 96 (IR 4) : 4237/449. Dec.
1970.
• Brita, cascalho ou areia grossa lavada são os
melhores materiais para envoltório de qualquer 7- IRWIN, R.W. Drain problems. Ontario: Ministry
solo, desde que as condições econômicas sejam of Agriculture and Food, May 1977. 3 p.
vantajosas.
8- LUTHIN, James, N.. Drainage of agricultural
• O uso de envoltórios sintéticos é muito prático e land. Madison: American Society of
de baixo custo, além de funcionar satisfatoriamente Agronomy, 1957. 620 p. il. (Ser. Agronomy,
em tubos corrugados para a maioria dos nossos 7).
solos.
9- LUTHIN, James, N. Drainage engineering.
New York: Robert. E. Engin., 1973. 250 p. il.
Bibliografia

1- BENZ, L.C. et al. Evaluation of some subsurface


67
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

10- MAIERHOFER, R. Drainage of irrigated lands


- some performance developments and
problems. In: WINTER MEETING ASAE,
1965. Chicago. Anais. Chicago: ASAE, 1965.
10p.il.

11- U.S. DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Soil


conservation service; drainage of agricul-
tural land. Washington: 1971. il. (National
Engineering Handbook, section 16.)

12- U.S.DEPARTMENT OF INTERIOR. Bureau of


Reclamation. Drainage Manual: a water
resource technics publications. Washington:
1978. 286 p. il.

13- WILLARDSON, Lyman, S. et al. Entry velocity


control limits drain sedimentaion. Journal of
the irrigation and Drainage Division.
Proceedings. New York, 94 (IR 4): 455-463,
Dec. 1968.

14- WINGER, J.R. Ray, RIAN, William, F. Gravel


envelope for pipe drains - design. In.:
WINTER MEETING ASAE, 1970. Anais. St.
Joseph: ASAE, 1970. 20 p. il.

15- DESIGN and Construction of subsurface drains


in humid areas. Agricultural Engineers
Yearbook. St. Joseph, Michigan, 1976.

68
Topografia

7. TOPOGRAFIA

1. Levantamento Topográfico

Levantamento topográfico é um processo de As cotas podem ser reais, tendo como base o nível
medição que permite reproduzir em mapas todas médio das marés ou arbitrárias quando são tomados
as características físicas de um terreno. Quando planos de referência arbitrários. Cotas reais refletem
direcionado para drenagem, possibilita orientar a as altitudes dos pontos cotados, que são as distân-
concepção e a instalação dos sistemas de drenos. cias verticais em relação ao nível médio das marés.

Quanto a finalidade, os levantamento se dividem A determinação das cotas usado-se o nível do enge-
em: nheiro, são feitas através de duas regras básicas:
• Levantamento Topográfico Planimétrico: Visa
representar o contorno da área em estudo. A 1ª - A altura do instrumento ou plano de referencia
representação gráfica deste levantamento é a é igual a soma da visada de ré com a cota do
planta planimétrica. ponto onde a mesma foi feita. (PR = cota + leitura
• Levantamento Topográfico Altimétrico: Visa deré).
representar as alturas da área em estudo em relação
a um plano topográfico. A representação gráfica 2ª - A cota de um ponto, em função do plano de
deste levantamento é o PERFIL. referencia, é a diferença entre tal plano e a visada
• Levantamento Topográfico Planimétrico - a vante lida no mesmo ponto. (ver caderneta 1 e
Altimétrico: Visa representar o contorno da área Figura 1)
em estudo e as suas alturas em relação a um plano
topográfico. A representação gráfica é a PLANTA Além de ser usado no nivelamento, o nível do
TOPOGRÁFICA. engenheiro pode ser também utilizado, com baixa
precisão, para a determinação de ângulos. No uso
Atualmente os sistemas de medição baseados em deste aparelho para este fim deve-se preferen-
dados fornecidos por satélites em órbita tem tido cialmente (visando aumento da precisão) deter-
grande expansão no Brasil. Paralelamente, a evolu- minar apenas ângulo inteiros, o que é a razão do
ção tecnológica devido ao "laser" tem ampliado sucesso do emprego do aparelho no levantamento
sobejamente a capacidade e precisão dos teodo- em quadriculas (nivelamento geométrico das
litos e niveis. Trataremos, no entanto da descrição arestas). Pode ser também utilizado no levan-
e procedimentos dos aparelhos convencionais. tamento por irradiação, porém apenas para a
elaboração de um esboço, pois o erro na deter-
Os instrumentos ainda mais usados na execução minação dos ângulos é sempre grande.
dos levantamentos topográficos são:
• Nível de engenheiro O uso intensivo do aparelho poderá reduzir a
• Teodolito precisão dos dados obtidos. Faz-se então neces-
sária, periodicamente, a inspeção e testes do
O Nível do Engenheiro é um aparelho largamente mesmo com o intuito da aferição.
utilizado para o estudo do relevo do solo. Com ele
determinamos as distâncias verticais ou diferenças Passos para a aferição do aparelho:
de nível dos diversos pontos que os definem, • Escolher local plano
calculando suas cotas ou altitudes. • Bater dois piquetes, distância de 40 metros.

69
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

• Instalar e nivelar o aparelho no centro do 2ª Leitura Ponto 01 = 1,300 m


espaçamento e proceder a leitura das duas miras (± 10,0 m) Ponto 02 = 0,799 DN = 0,501
localizadas nos piquetes (01 e 02), anotando as
leituras. Como os pontos 01 e 02 são os mesmos com a
mudança do aparelho as leituras serão diferentes
Observação: Qualquer inclinação das miras pode pois os plano horizontal mudou, porém a diferença
mascarar os resultados. de nível entre ele deverá ser a mesma.

• Transferir o aparelho para aproximadamente 10,0 No exemplo a DN das Leituras variou 0,001 m o
m de distância do piquete 01 e proceder as leituras. que é admissível, podendo-se, portanto, confiar no
Teremos então: aparelho.
1ª Leitura Piquete 01 = 1,500 m
(± 20,0 m) Piquete 02 = 1,000 m DN = 0,500 m

CADERNETA 1 -
Exemplo de Caderneta de Nivelamento

70
Topografia

Fig. 1 - Nivelamento Geométrico (Nível de Luneta) ESCALA - V = 1:200


H = 1:1000

1.1. Materiais utilizados Referências de nível (RN)


São imprescindíveis a qualquer levantamento
Piquetes topográfico altimétrico. Podem representar uma
São pequenos pedaços de madeira, natural ou altitude se sua cota tiver como referência o nível
lavrada, com cerca de 2,5 x 2,5 cm de seção ou médio do mar ou simplesmente uma cota, quando
diâmetro, ficando o comprimento em função do servir de marco para um levantamento localizado.
tipo de solo. Uma de suas extremidades deve ser
reta e a outra pontiaguda. São de fundamental Por definição são referenciais localizadas em
importância nos levantamentos, pois é sobre eles pontos estratégicos de uma área, em nº variável
que marcamos exatamente o ponto onde é colo- que permitem, a qualquer tempo reconstruir um
cada a baliza na determinação do ângulo levantamento altimétrico.
(deflexão) e é exatamente sobre este ponto que é
instalado o aparelho. Sendo assim, devem ser feitas com material mais
duradouro possível. Podem ser utilizados encaba-
Estacas çamentos de ponte, soleiras de casas etc, porém
São também chamadas de testemunhas, são na falta destes pode se lançar mão de piquetes
importantes para: com dimensões maiores e cravadas em pontos os
• Localização do piquete. mais protegidos possíveis. Suas dimensões deverão
• Numeração dos piquetes ser suficientes para que eles permaneçam firmes
• Marcação de cortes e aterros no solo durante a execução dos trabalhos.

O material poderá ser de madeira lavradas, roliça


ou bambu. Comprimento em torno de 0,5m 1.2. Levantamento planialtimétrico
utilizando nível de engenheiro
Deverão ser cravadas firmemente ao lado do
piquete a uma distâncias de aproximadamente 20 É o levantamento mais utilizado na drenagem.
cm. Consiste no lançamento de uma poligonal aberta

71
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

piqueteada em espaçamento uniformes (20 x 20 A distância entre o RNO e o RNI não deve ser
ou 40 x 40m etc) e transversais formado quadrículas inferior a 5m.
de lado igual ao espaçamento dos piquetes da linha
básica. Todas as estacas da linha básica deverão ser
numeradas com tinta não lavável.
O levantamento é executado com o nível de
engenheiro e as deflexões devem ser sempre com c) Lançamento das transversais
ângulos iguais a 90º. Com o nível instalado sobre um dos piquetes da
linha básica (sobre o ponto topográfico), visa-se a
a) Colocação das RN’s baliza instalada sobre o ponto topográfico de outro
As RN’s devem ser cravadas no solo, sobre o piquete da linha básica e zera-se o aparelho.
alinhamento estabelecido, sobressaindo-se cerca
de 10 cm em local protegido contra tratos culturais, Gira-se a luneta até um ângulo de 90o 00 a direita
pisoteio de animais, passagem de pedestre etc. A e procede-se a medição das distâncias e alinha-
referencias de nível poderão ser de madeira de lei mento das estacas até o limite da área a ser
ou cimento. levantada e repetindo-se a mesma operação para
a esquerda.
Em cada RN deve ser marcado o PONTO TOPO-
GRÁFICO com auxilio de prego ou tachinha Caso o contorno não coincida com a estaca inteira,
cravado na sua cabeça. A falta do ponto deverá constar a fração em metros na caderneta
topográfico nas RN’s impede a reconstituição do de campo, bem como observação concernente;
levantamento. Deve ser cravada uma estaca limite da várzea, divisa interna, divisa externa,
testemunha para cada RN. depressões, córregos etc.

b) Levantamento da linha básica d) Nivelamento das arestas


Esta deve ser lançada no sentido do maior Após o lançamento da malha, procede-se à leitura
comprimento da área e após piqueteada deve-se de todas as estacas das linhas transversais. Para
fazer o nivelamento e o contra nivelamento da tal deve se observar o seguinte:
mesma. Para tal, procede-se como se segue:
• As leituras de ré deverão ser efetuadas nos RN’s
• Instalar o nível no RNO ( em cima do ponto ou nos piquetes da linha básica (os quais foram
topográfico) visar o centro da baliza, colocada nivelados e contra-nivelados).
sobre o RN1 (em cima do ponto topográfico). A • É desaconcelhável leituras a distâncias
linha básica irá coincidir com a linha de colimação superiores a 200m.
do aparelho. • É imprescindível a leitura dos níveis de água,
• Com auxilio da luneta orientar a colocação dos margem e fundo dos cursos d’águas existentes, bem
piquetes da linha básica no espaçamento pré- como das lagoas, depressões etc.
determinado marcando em todos eles o ponto
topográfico. e) Caderneta de campo
• A seguir utilizando-se da trena (corrente do Esta deve ser confeccionada à medida que se
agrimenssor, corda, etc) marca-se o espaçamento materializa os pontos topográficos no terreno. Dela
escolhido, orientando o alinhamento até o final deverá constar descrição suscinta dos pontos
da linha básica. notáveis, croquis da área (no verso) e observações
• Quando necessário pode-se mudar o rumo da relevantes. Também deverá ser bem organizada e
linha básica mais sempre através de ângulos de legível para que assim possa permitir o seu
90o. manuseio por outras pessoas.

72
Topografia

Além das observações de campo ela deve conter Para o cálculo das cotas procede-se conforme
dados da propriedade, proprietário, localização, descrito no item 2.1 do capítulo I.
área, data do levantamento, executor do trabalho
etc.
f) Conferência do nivelamento
O preenchimento das colunas referentes a estacas A nível de campo, para se certificar da exatidão
e observações deve ser feito simultaneamente à do levantamento, procede-se ao contra-nivela-
materialização das linhas básica e transversais, o mento da linha básica e compara-se, para cada
que torna o trabalho mais produtivo e reduz os piquete, com o resultado encontrado no nivela-
enganos. mento. O resultado dessa comparação será medido
de acordo com a precisão desejada.
O campo "ESTACAS" é preenchido normalmente
com dois números, sendo o primeiro correspondente No escritório a aferição é feita da seguinte forma:
ao piquete da linha básica e o segundo referente a • Somam-se todas as rés.
distância em que o ponto se encontra da linha • Somam-se todas as vantes com ré correspondente.
básica e o sinal + ou - indica respectivamente se Neste caso considera-se como vante da primeira
para direita ou esquerda da linha básica. ré a última vante da caderneta.
• Subtrai-se a última cota calculada da primeira
Exemplo - 10+20 estaca situada a 20m a direita (cota real ou arbitrária da RN).
do piquete 10 da linha básica. 10-20 estaca situada • Se os resultados das duas subtrações forem
a 20m a esquerda do piquete 10- da linha básica. idênticas, significa que os cálculos estão certos.

Com estes dados confecciona-se a planta plani- Trata-se apenas de uma conferência dos cálculos,
métrica da área. não implicando, contudo, que o levantamento
esteja correto. (ver caderneta 3)
Para o levantamento altimétrico, instala-se o
aparelho em qualquer ponto da área (o mais
próximo possível das estacas a serem lidas) faz-se g) Elaboração do mapa
uma leitura inicial chamada leitura de ré num dos Escolhida a escala, que deve ser de 1:1000 ou
RN’s ou num dos piquetes da linha básica e proce- 1:2000, inicia-se a locação dos pontos da linha
de-se à leitura de todas as estacas que se localiza- básica e das transversais. O mapa base é elaborado
rem num raio máximo de 200m, anotando-se estas em papel milimetrado opaco, locando-se todos os
como leituras a vante. Sempre que houver neces- acidentes e pontos notáveis contidos na caderneta
sidade de mudar o aparelho de local é necessário de campo.
a determinação de um novo plano de referência,
o que é feito através de uma nova leitura de ré. É necessário constar na legenda do mapa dados
da propriedade, proprietário, escala, área, data,
etc.
No preenchimento das cadernetas, é importan-
tíssimo que as leituras de vante de um determinado
plano de referência sejam anotadas em sequência 1.3. Levantamento planimétrico
logo após a anotação da leitura de ré originária do utilizando-se teodolito
plano e nunca após o estabelecimento de outro
plano, o que normalmente causa confusão, Para a medida de ângulos usa-se a bússola ou limbo
principalmente por parte de terceiros. (ver horizontal do teodolito. Para a medida de distância
caderneta 2) ela pode ser feita direta ou indiretamente. É feita

73
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

CADERNETA 2 -
Exemplo de Caderneta de Nivelamento

74
Topografia

CADERNETA 3 -
Aferição da Caderneta

75
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 2 - Sentido de notação para limbos graduados Fig. 3 - Regra para soma ou subtração das
de 0o a 90o deflexões para limbos graduados de 0o a 90o

diretamente quando se usa a trena, o fio invar ou Procedimento utilizando teodolito de bússola em
corrente do agrimenssor e é indireta quando se faz quadrantes :
a leitura através dos fios estadimétricos do retículo
e a mira falante. Os rumos são contados a partir do norte e do sul,
para leste (E) ou oeste (W ou O) cujos valores
A poligonal aberta é um método largamente variam de 0o a 90o.
utilizado no levantamento de cursos d’água e para
drenagem superficial. Neste caso, os rumos magnéticos deverão ser
acompanhados do quadrante a que pertenceram.
O lançamento da Poligonal previamente estudada
será ao longo do curso d’água, estaqueada de 20 Exemplo: 55o20’ NE, 87o15’ SE, 89o10’ SO.
em 20m.
Para valores entre 0o e 90o é indiferente a notação
Como a linha poligonal é aberta, o método aqui do 0o NO ou 0o NE, para o norte ou de 0o SO ou 0o
descrito será o caminhamento pelos ângulos de SE, para o sul bem como 90o NE ou SE se para
deflexões. Neste caso a bússola passa a funcionar leste e 90o NO ou SO se para oeste. (ver Figura 2)
como elemento controlador das operações de
campo. O cálculo do rumo magnético é feito através da
soma ou subtração da deflexão ao rumo anterior,
Se o teodolito empregado for dotado de bússola, de acordo com a regra contida na Figura 3.
cujo limbo é graduado de 0o a 360o, deve-se
relacionar a deflexão medida de um alinhamento Ou seja, deve-se somar as deflexões quando estas
com o azimute magnético do alinhamento anterior, forem contadas no mesmo sentido do rumo do
para se ter o azimute calculado, porém, se o alinhamento anterior, ou subtrair quando registradas
instrumento possui bússola em quadrantes, o em sentido contrário.
relacionamento permitirá proceder aos cálculos dos
rumos magnéticos dos alinhamentos considerados. No cálculo dos rumos magnéticos, ao utilizar as
regras aqui estabelecidas, é preciso não esquecer
Seguem exemplos de procedimentos utilizando que estes elementos não podem ter valores superior
teodolito dotado de bússola em quadrantes e a 90o.
bússola de limbo graduado de 0o a 360o.

76
Topografia

Quando as operações fornecem resultados Quando o resultado da aplicação das regras for
superiores a 90o deve se contar o rumo a partir do negativo, o rumo deverá ser contado no quadrante
outro extremo da linha N-S. oposto, com valor positivo. Por exemplo:
1 - RM = 45oNE - 75oE = -30oNE = 30NO
Seja por exemplo, calcular o rumo do alinhamento 2 - RM = 60o30’NO - 92o10’D = -31o40’NO =
2-3 cuja deflexão é de 70o 20’ D e o rumo do 31o40’NE
alinhamento 1-2 á de 45o 15’. (ver figura 4) 3 - RM = 15o30’SE - 30o30’D = -15oSE = 15o SO
4 - RM = 50o10’SO - 70o20’E = -20o10’SO = 20o10’SE
RM = (2-3) = 45o15’NE + 70o20’D
RM = (2-3) = 115o35’ Segue exemplo de um trecho do levantamento de
uma poligonal aberta utilizando o método de
Como o resultado foi maior do que 90o, o rumo caminhamento pelos ângulos de deflexões. (ver
deve ser contado a partir do sul para leste (SE) e o figura 5)
seu valor numérico é determinado subtraindo de
180o o valor encontrado, isto é: Cravado o piquete inicial e marcado o ponto
RM = (2-3) = 180o - 115o35’ topográfico com uma tachinha, centraliza-se e
RM = (2-3) = 64o25’SE nivela-se o teodolito sobre esse ponto; feita a
coincidência dos zeros do limbo e vernier dá-se a
Se a soma do rumo anterior for maior do que 180o, direção do primeiro alinhamento e lê-se no circulo
o rumo deverá ser contado no sentido SO e o seu graduado da bússola do instrumento, o rumo
valor numérico será determinado, subtraindo do magnético de 30o20’NE, que é o ângulo indicado
valor encontrado de 180o. pela ponta norte da agulha imantada.
RM = (2-A) = 45o15’ + 148o30’ = 193o45’
RM = (2-A) = 193o45’ - 180o = 13o45’SO Em seguida mede-se, no alinhamento com uma
trena de boa precisão, as distâncias de 20m 20
No mesmo desenho (figura abaixo) o cálculo do metros, nesses pontos colocam-se piquetes e ao
rumo do alinhamento 3-4 cuja deflexão é de lado deles, testemunhas com a devida numeração.
132o30’E e o rumo anterior de 64o25’SE será.
RM = (3-4) = 64o25’SE + 132o20’E Na estaca 03 houve necessidade de modificar o
RM = (3-4) = 196o55’ alinhamento (curva do curso d’água) então o
aparelho é transportado e centralizado na estaca
nº 03, feitas as operações preliminares, inverte-se
a luneta e visa a baliza de ré, colocada no piquete
02. A seguir prende-se o parafuso do movimento
geral, e atua-se no parafuso de chamada até obter
a coincidência do fio vertical do retículo com o
eixo da baliza. Isto feito volta-se a luneta à sua
posição normal, obtendo-se assim o prolongamento
do alinhamento anterior. O operador, voltado de
Fig. 4 - Desenho do alinhamento 2– 3 para ilustrar o
costa para a estação de ré, solta o movimento do
cálculo do rumo.
limbo e visa a baliza de vante colocada na estação
04. Prende o parafuso do movimento do limbo e
Como resultado foi maior que 180º, deve se subtrair atua no parafuso de chamada correspondente, até
dele dois ângulos retos para se ter o rumo do obter a incidência do fio vertical com o eixo da
alinhamento 3-4 contado no sentido NO daí vem: baliza. Em seguida procede se a leitura do ângulo
RM = (3-4) = 196º55’- 16º55’NO de deflexão do alinhamento 3-4.

77
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Como o deslocamento da luneta foi para a direita cálculo do azimute do alinhamento BC será:
do operador, a deflexão será de 70o00’D. Em
seguida, mede-se no alinhamento com a trena as Az mc (BC) = Az m (AB) + D
distâncias de 20 em 20m e assim por diante. Az mc (BC) = 50o20’ + 72o40’= 122o60’ = 123o

A diferença entre o rumo calculado e o rumo lido Em seguida dada a deflexão de 118o15’, à
não deve ultrapassar a certos limites de tolerância. esquerda, para determinar o ponto D, o cálculo do
Pequenas variações poderão ser aceitas, uma vez azimute do alinhamento CD, será:
que se trata de pequenas influências magnéticas
locais. Porém, as grandes diferenças são motivadas Az mc (CD) = Az m (BC) - E
geralmente por erros grosseiros na leitura dos Az mc (CD) = 123o00’ - 118o15’ = 4o45’
ângulos de deflexões, devendo-se, neste caso,
proceder-se a uma revisão nas determinações dos Ver exemplo de uma caderneta de levantamento
respectivos ângulos. com teodolito cujo lmbo é graduado de 0o a 360o.
(ver caderneta 4)
30o20’NE + 70o00’D = 100o20’NE 180o-100o20’NE
= 79o40’SE
79o40’SE + 51o00’ E= 130o40’SE 180o-130o40’SE = Passos complementares do levantamento:
49o20’NE
Nivelamento e contranivelamento geométrico dos
Procedimento utilizando teodolito cujo limbo é piquetes da poligonal base, sendo a tolerância para
graduado de 0o a 360o. (ver Figura 6) a diferença de cotas de cerca de 1 a 3 cm/Km.

O levantamento é idêntico ao descrito anterior- • Seções transversais em todos os piquetes da


mente, apenas para cálculo do azimute de um poligonal base , onde o curso d’água deverá ser
determinado alinhamento, é que se deve somar amarrado planimetricamente à mesma.
ao azimute do alinhamento anterior ao ângulo de
deflexão à direita, ou dele subtrair a deflexão à As distâncias horizontais deverão ser medidas com
esquerda, isto é: trena e os ângulos horizontais de preferência
deverão ser normais á poligonal base.
Az mc = Az ma + D ou Az mc = Az ma - E
• Seções batimétricas do curso d’água em média
Exemplo: Na figura abaixo, conhecido o azimute equidistantes de 200 em 200 metros, amarradas plani-
de alinhamento AB = 50o20’ e dada a deflexão de altimétricamente a poligonal base, determinando
72o40’ a direita para visar o ponto topográfico e o nível de margem, nível de água e nível de fundo.

Fig. 5 - Poligonal aberta - Caminhamento pelos ângulos de deflexões

78
Topografia

• Seções transversais estaqueadas de 40 em 40 seções transversais identificando os mesmos.


metros nivelados e contra nivelamento até o limite • Cadastramento de todas as propriedades
da área, em média equidistantes de 200 em 200 existentes com suas respectivas divisas, como
metros. Caso haja estreitamentos da área, dentro também, locação das casas, pontes, rede de
da faixa de 200 metros, deverão ser lançadas energia, etc. (ver Figura 7).

CADERNETA 4 -
Caderneta usada no levantamento com teodolito. Limbo de 0o a 360o

Fig. 6 - Procedimento utilizando teodolito com limbo graduado de 0o a 360o

Fig. 7 - Exemplo de mapa da área

79
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

1.4. Levantamento altimétrico As diferenças de níveis neste caso são determi-


utilizando-se teodolito nadas através da fórmula:

O nivelamento estadimétrico é aquele feito com dn = mg (sen 2a / 2) + I - 1


o teodolito. A diferença de nível entre dois pontos m = Estadia (fio superior - fio inferior)
é dada usando-se no cálculo o ângulo vertical de g - número gerador (maioria dos aparelhos igual a 100)
inclinação e a distância não reduzida entre os dois a - ângulo vertical
pontos. É o processo comumente usado para I - altura do aparelho (fio médio)
levantamento planialtimétrico.

Fig. 8 - Levantamento altimétrico utilizando-se teodolito

Dados: m = FS - FI \ m = 1,00 metro ; a = 6o 30’; i = altura do instrumento = 1,5 metro; l = FM = 1,50 metro

+ i -l ⇒ dn = 11,24m

CADERNETA 5 -
Caderneta usada para levantamento estadimáetrico

80
Topografia

Determinar a diferença de nível entre os pontos A ortogonal, sendo a terceira dimensão, o relevo,
e B da Figura 8: representando ou não, dependendo do objetivo a
que se destina o desenho.
• Instala-se o aparelho no ponto A e após nivelado
e zerado, mede-se a sua altura (do ponto A ao Os desenhos podem ser classificados em:
eixo da luneta). Esta medição é feita com o uso
da mira. Planimétrico
• A seguir visa-se a mira colocada no ponto B e Quando representa simplesmente o resultado de
faz-se a leitura da estadia (fio superior menos fio um levantamento planimétrico. É utilizado na
inferior). descrição de qualquer porção do terreno em que
• Por último, faz-se a coincidência do fio médio não é preciso mostrar o relevo, recebendo
com a leitura igual à medida encontrada para a denominação de planta planimétrica.
altura do instrumento:
Altimétrico
Exemplo - altura do instrumento - 1,50, fio médio Quando representa o resultado de um levanta-
1,5 e procede-se a leitura do ângulo vertical mento altimétrico. É chamado perfil do terreno,
colocando-se o sinal + para leituras situadas em ou desenho de perfil.
pontos mais elevados e menos para aquelas em
pontos mais baixos. Desenho plani-altimétrico
Quando representa a planimetria e altimetria de
Calcula-se a diferença de nível, a qual se for região levantada recebendo a denominação de
positiva será somada à cota do ponto anterior e se planta topográfica, onde se descreve a posição dos
negativa será dela subtraída. Este nivelamento não acidentes naturais e das obras feitas pelo homem,
dá uma boa precisão, por isso, o seu uso deverá se como também o relevo representado em geral pelas
restringir às situações mencionadas anteriormente. curvas de nível.

O nivelamento estadimétrico pode ser utilizado O acabamento de um desenho consiste na adoção


(quando necessário) em conjunto com os levanta- de convenções para representação dos acidentes
mentos por irradiação e poligonal aberta e fechada. naturais e artificiais existentes na área levantada,
Para tal basta apenas adaptar a caderneta. na devida orientação do desenho, bem como a
distribuição correta dos quadros das legendas ,
Para a execução do nivelamento estadimétrico descrições da planta e do traçado de curvas de
usa-se o modelo da Caderneta 5. nível, conforme levantamento.

O fato de coincidir a leitura do fio médio com a Usar para o desenho:


altura do aparelho elimina a parte final da fórmula • Réguas graduadas de boa qualidade.
e esta passa a ser: Dn = mg ( sen 2a / 2) • Esquadros graduados
• Régua escala ou duplo decímetro
• Transferidores graduados de boa qualidade com
2. Traçado de Plantas e Perfís aproximação de minutos.
• Compasso de boa qualidade
O desenho dos trabalhos topográficos consiste na • Lápis n.º 2 ou lapiseira grafite 0,5 mm
reprodução geométrica dos diferentes dados • Borracha macia ou lápis borracha
obtidos nas operações de campo, referentes ao • Papel de boa qualidade, opaco ou milimetrado
levantamento executado no terreno. O desenho e papel vegetal.
topográfico é representado em uma única vista

81
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Feito o estudo dos métodos e dos instrumentos Assim uma escala de 1:1000 indica que o
empregados nas transferências dos ângulos e das comprimento de uma dimensão no terreno e mil
distâncias passa-se agora à execução do desenho. vezes maior que sua homóloga na planta. Quando
De posse da caderneta de campo devidamente maior for denominador, tanto menor será a escala
preparada, transfere-se para o papel os ângulos e e menor o desenho, sendo menos o número de
distâncias que definem as posições dos pontos pormenores a figurar na planta. Estabelecida a
topográficos levantados. escala, determina-se o comprimento que devem
ter as linhas do desenho, multiplicando-se a escala
Para obtenção da planta definitiva, do levanta- pelo Exemplo: 400 metros na escala 1:2000
mento realizado, o desenho topográfico passa por
duas fases: 0,20 ou 20cm

1ª - Rascunho
Onde o desenho topográfico é feito à lápis e à Exemplo: 20 cm no desenho feito na escala 1:2000
mão, em papel opaco, podendo ser simples (tipo M = m x n M = 20 cm x 2000 = 40.000 cm = 400
canson) ou papel milimetrado. Geralmente, por metros
não dispor-se de um tecnígrafo, e por trabalhar-se
com levantamento em quadrículas, prefere-se o A Escala em função de sua utilização no desenho,
papel milimetrado, cujas linhas verticais serão pode ser classificada em:
representativas da direção do meridiano magnético • Escala numérica
e do formato das quadrículas evitando-se traçado • Escala Gráfica
paralelos.
A escala, para maior facilidade de emprego, é
2ª - Desenho Original representada por uma fração ordinária, tendo o
Que é uma cópia minuciosa a naquim do rascunho numerador a unidade de medida (metro) e por
concluído na fase anterior. Esta fase e realizada denominador um número que indica em quantas
pelo desenhista em papel transparente, que poderá partes foi dividido o metro, afim de poder ser
ser o papel tela ou papel vegetal, colocado sobre representado no desenho. Esta concepção nos leva
o rascunho para então proceder-se a cópia. a determinar o que chama-se de fator de escala a
ser empregada, para reduzir as distâncias medidas
no terreno, é suficiente multiplicá-las pelo
2.1. Escala respectivo fator. Para se obter os alinhamentos no
terreno correspondentes as medidas do desenho, é
A escala de um desenho, é a razão constante entre necessário apenas dividir estas medidas pelo fator
o comprimento (m) de uma linha medida da planta escala.
e o comprimento (n) de sua medida homóloga no
terreno. Exemplo: 125 m terão que medida gráfica na
escala 1:500?
Exemplo: escala Exemplo = M.F = 125 m x 2 mm = 250 = 25 cm
Exemplo 19 cm em um desenho feito na escala de
m = 0,20 cm do desenho 1:2500, terão que medida no terreno?
n = 200 m no terreno

82
Topografia

Escalas numéricas usadas e que podem ser Observação: Os acidentes, cujas dimensões forem
consideradas preferenciais nos métodos topo- menores que a leitura mínima permitida (quadro
gráficos anterior) não figuração no desenho. Logo, nas
escalas 1:500 1:1000 1:2000 e 1:5000 não podem
Escala Distância Leitura mínima ser representados detalhes de dimensões inferiores
Terreno Papel a 10 cm 20 cm 40 cm e 1 m respectivamente.
1:500 5 m 1 cm 1 mm = 0,5 m
1:1000 10 m 1 cm 1 mm = 1,0 m Escala gráfica é uma figura geométrica represen-
1:2000 20 m 1 cm 1 mm = 2,0 m tativa de determinada escala numérica, sendo
geralmente empregada em desenho feito com
escala numérica, cujo denominador é um número
Os detalhes de projetos e perfis do terreno serão elevado. Daí ser muito utilizado em desenho
desenhadas em escala normal 10 vezes menor que cartográfico.
as acima referidas:
• ESCALAS 1:500 As escalas gráficas podem ser simples ou com-
1:100 postas, sendo as compostas conhecidas como
1:200 Escalas Transversais.

No Quadro seguinte indicamos as Escalas com O emprego das escalas gráficas nas determinações
respectivos fatores: de distâncias naturais requer as seguintes opera-
ções:
ESCALAS FATOR ESCALA • Tomar na planta as distâncias gráficas que se
1:10.000 0,1 mm pretende medir
1:5.000 0,2 mm • Transportar estas distâncias para a escala gráfica
1:2.500 0,4 mm • Proceder a leitura dos resultados.
1:2.000 0,5 mm
1:1000 1,0 mm
1:500 2,0 mm 2.2. Perfil topográfico
1:200 5,0 mm
1:100 1,0 cm O perfil topográfico é a projeção do terreno como
1:50 2,0 cm ele se apresenta ao longo dos alinhamentos de uma
poligonal (ver figuras 9 e 10). No desenho
topográfico os perfis são traçados de acordo com
Escolha da Escala as seguintes normas básicas:
Não existem normas rígidas para escolha de uma
escala para determinado desenho. Compete ao 1) Embora seja uma linha curva irregular, visto
topógrafo sua determinação de acordo com a como segue as irregularidade do solo, é sempre
natureza do trabalho. Na escolha dessa, o topógrafo representada por segmentos retíneos entre as
deve observar estacas, formando uma linha quebrada.
• Extensão do terreno a representar
• Extensão da área do terreno levantado comparada 2) Essa linha é desenhada planificada ou desen-
com as dimensões do papel, formato padrão volvida segundo um plano curvo que é o desenho.
• Natureza e número de detalhes que se pretende
figurar na planta, com clareza e precisão. Os elementos básicos para o traçado dos perfis
• Precisão gráfica com que o desenho será vem do campo "do nivelamento", cujo resultados
executado. são consignados em caderneta, sob a forma de

83
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

interdistâncias de estacas e suas respectivas cotas. Papel


O papel utilizado para o traçado dos perfis deve
Sob o ponto de vista do traçado, os perfis não são ser o papel milimetrado, que facilita a execução
mais que "gráficos" cartesianos ortogonais onde as do perfil, bem como permite uma leitura rápida e
abcissas são as distâncias que separam cada perfeita de sues elementos métricos.
"estaca" na poligonal base e as ordenadas são as
"cotas" dessas mesmas estacas. No caso particular Observação: As dimensões gráficas, no papel
de perfis topográficos, em face dos elementos ou milimetrado nem sempre coincidem com as que
grandezas que geralmente neles se representam e são dadas pelo "duplo decímetro" ou pela régua
das variadas funções que podem desempenhar na escala, sendo portanto de suma importância não
prática, convém que se atende para algumas transportar segmentos de cartas para o papel
particularidades que irão distinguir perfis longi- milimetrado e vice versa, com uso de compasso
tudinais dos transversais. Para maior eficiência do ou outro dispositivo. Este transporte deve ser feito
trabalho diversas operações a serem realizadas lendo a grandeza no papel milimetrado e
devem ser ordenadas como segue: marcando-a com a régua graduada no desenho
da carta, na escala correspondente.
Escala
É desejável que os perfis sejam bem nítidos,
salientando e até mesmo exagerando o relevo do 2.3. Cálculo de áreas
solo, para dele tirar-se dados mais precisos com
facilidade. Não se deve adotar uma única escala São empregados na avaliação de áreas dos
para ser aplicada em cotas e distâncias, isto porque polígonos topográficos processos geométricos,
o perfil irá se constituir de retas que formam entre analíticos e mecânicos.
si ângulos muitos pequenos principalmente em
terrenos poucos acidentados. É desejável que os O processo geométrico é a decomposição do
perfis sejam bem nítidos. Salientando e até polígono topográfico em figuras geométricas.
exagerando o relevo do solo, e que para tal se Consiste esse processo em dividir a área a ser
empregue duas escalas, uma para medidas da avaliada em triângulos, retângulos e trapézios e
distâncias horizontais chamada "H" e outra para calcular-se as áreas destas figuras com as
as medidas da cotas ou distâncias verticais dimensões do desenho pelas fórmulas conhecidas,
chamada "V" e que deve ser 5 a 10 vezes maior tais como:
que a primeira.
• Trapézios
Assim o perfil representado será adequadamente
desenhado quando se emprega-se as escalas: • Triângulos

H = 1:1000 H = 1:2000 • Retângulos S = Bxh


V = 1:100 V = 1:200
As somas destas áreas parciais, assim determi-
Espaço disponível nadas, dará a área total do desenho do polígono
É o espaço a ser ocupado pelo desenho a fim de topográfico. Neste processo cabe ao topógrafo, em
providenciar o papel, que deverá ter o formato de vista da dificuldades apresentadas em cada caso,
um retângulo cuja base terá o comprimento total escolher a forma de decomposição mais conveni-
da poligonal na escala "H" e cuja altura será igual entes, a forma de que as medidas das alturas dos
a diferença entre as cotas máxima e mínima triângulos e bases dos trapézios sejam as mais
lançada na caderneta, na escala "V". precisas possíveis.

84
Topografia

Fig. 9 - Traçado do Perfil de Locação de um Dreno Fig. 10 - Eixo das Ordenadas - Cotas do
Terreno

Representadas a área do desenho do polígono meio das coordenadas retangulares dos vértices,
topográfico, para que se tenha a área do terreno, sem que seja necessário recorrer ao desenho.
basta multiplicar-se a área encontrada do desenho,
em centímetros, pelo quadrado do denominador No processo mecânico usa-se:
da escala em que foi feita o desenho.
• Vidro ou papel transparente quadriculado
Exemplo: (método das quadrículas).
S = Terreno = S = (desenho) x denom. Escala)
S = (terreno) = 33 cm2 x 20002 Para aplicação deste método, basta colocar um
S (terreno) 132000000 cm2 = 13200 m2 = 1,32 ha papel milimetrado transparente sobre a planta do
S (desenho) = 33 cm2 terreno, e contar o número de centímetros e
denominador Escala = 2.0002 = 4.000.000 milímetros quadrados encerrados pela linha do
contorno da figura que representa a área de tal
• As demais fórmulas matemáticas estão a seguir, desenho.
apenas citadas por se tratar de processo pouco
utilizado, em relação aos demais. Exemplo:
Se contarmos 2.350 quadrículas = 2.350mm2 =
• Fórmula de Bezout ou dos Trapézios 23,50cm x (1000)2 = 23,50 x 1000000 = 23500000
cm2 = 0,23ha

• Fórmula de Simpson S = d (BA + HG) • Planímetro que é um instrumento que permite,


com rapidez e eficiência, avaliar mecanicamente
• Fórmula de Poncelet a área de uma superfície plana, limitada por um
contorno qualquer. É o principal e mais corrente
• Segmentos Parabólicos S = 2/3 C x F onde: método empregado na avaliação de áreas dos
C = Corda polígonos topográficos.
f = flecha

• Equivalência Geométrica 2.4. Convenções topográficas

O processo analítico consiste na avaliação da São os símbolos empregados nas plantas topo-
superfície do polígono topográfico levantado por gráficas para representar os acidentes naturais e

85
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

artificiais existentes na área levantada. O autor de • Convenções para representar os elementos


uma planta deve selecionar os acidentes a serem hipográficos, ou a altimetria da área estudada.
representados, a fim de não sobrecarregar uma
planta com detalhes desnecessários. A principal As cores ajudam também a distinguir os símbolos
regra da convenção deve ser simples e distinta, ou convenções de um desenho, sendo a cor preta
pequena e fácil de desenhar, de modo que dispense indicativa de acidentes natural, a cor vermelha
até legenda. acidente artificial em construção ou projeto, a cor
azul os elementos hipográficos, a cor verde os
De um modo geral, uma planta topográfica elementos de vegetação e a cor marrom o relevo
completa deve trazer as seguintes indicações: da água.

- As linhas indicativas dos limites das divisões


políticas ou particulares. São linhas limítrofes do 2.5. Curvas de nível
Estado, município, distritos e entre propriedades.
Significado
• A posição relativa dos acidentes naturais e Em topografia curva de nível é a interseção da
artificiais superfície do solo com um plano horizontal de cota
• Os elementos indicativos das condições de água conhecida. São as linhas que representam o relevo
e vegetação do terreno. Por meio dessas curvas pode-se
• A representação do relevo ou as indicações de representar com suficiente precisão o relevo do
elevação e depressões. solo de qualquer terreno e obter delas todos os
• A direção e comprimento de cada linha dados que interessam ao conhecimento desse
• A localização dos marcos encontrados ou relevo, tais como:
colocados
• Os nomes dos proprietários das terras confron- • Elevação do terreno
tantes • Depressões do terreno
• Uma legenda esclarecendo nome da proprie- • Espigões e vales
dade, nome do proprietário, localização, escalas
desenho, áreas do projeto em unidades do sistema Dos exemplos apresentados podemos concluir
métrico decimal, data do levantamento, nome e algumas regras ou preceitos básicos sobre traçado
assinatura do autor e número de Carteira do Crea. de curvas de nível como:
• Orientação topográfica completa com as
posições representativas dos meridianos verdadeiro a) As curvas de nível são sempre fechadas.
e magnético (se necessário).
• Anexa à planta, caderneta de campo ou A existência de curvas abertas em cartas
planilhas de cálculo, certificando o levantamento geográficas significa apenas que elas se fecham
topográfico realizado. fora dos limites do desenho.

As convenções topográficas se dividem em quatro b) As curvas de nível não se cortam, quando no


categorias: máximo podem se superpor ou tangenciar.
• Convenções para representar os elementos
planimétrico ou acidentes artificiais Cada curva representa um plano horizontal
• Convenções para representar os elementos diferente logo não se encontram.
hidrográficos ou tudo que relacione com água.
• Convenções para representar os elementos de Existem casos parecem cruzarem-se, isto é devido
vegetação, matas, culturas e pastagens. a inclinação negativa do terreno.

86
Topografia

c) Quanto mais próximos entre si, as curvas de Tabela para Interpolação


nível, mais inclinado será o terreno (Figuras a e b) de Curvas de Nível

d) Se em direção perdincular a uma serie de curvas


de nível as cotas crescem, trata-se de um terreno
em aclive ou rampa, em caso contrário trata-se de
um declive ou ladeira.

e) Quando seguindo a direção acima mencionada


as cotas de curva de nível decrescem para direções
opostas, trata-se de um vale ou talvegue. Se
crescem , em idênticas condições representam um
espigão ou linha de cumeada.

As curvas de nível são traçadas de modo a


determinar entre si uma diferença de cotas, sempre
constante, de valor prefixado. As curvas são
desenhadas por pontos e estes são obtidos por meio
de dados colhidos nos desenhos dos perfis e das
seções transversais. Escala adotada 1 : 1.000

Quanto as convenções habitualmente usadas no Na relação 4/3 escala 1 : 1000, encontra-se na


traçado de curvas de nível, pode-se criar: tabela 8,5mm, solução: no primeiro caso a curva
passará a 10mm, isto é, no meio das cotas, e no
• Curva de nível em linha continua, fraca ou segundo caso passará a 8,5mm do ponto cuja
média, traçada a mão ou com tira linhas. diferença for menor relação a curva de nível 300,
logo a 8,5mm de 270.
• Linhas mais fortes nas curvas correspondentes a
cotas cujo valor seja múltiplo de 5 ou cujo valor A definição das curvas a serem interpoladas por
represente múltiplo inteiro de 5 metros. meio do cálculo baseia-se no emprego de regra
• Quando necessário acrescente-se curvas de nível detrês.
suplementares entre curvas contínuas
• A cota de uma curva de nível é indicada pelo O exemplo abaixo esclarece o procedimento de
numero correspondente, o qual deve acompanha- cálculo:
la sempre: Se a curva não se fecha nos limites da
carta deve ter a cota escrita sobre ela mesma. Sejam as cotas de dois pontos
• Quando a curva de nível atravessa uma região 980 . . 930
do levantamento em que não pode ser ali 20m
determinada (leito do rio, casa etc.) deixa de ser
traçada ou é figurada por linhas interrompida. Interpolar a curva 970.
• Quando o desenho é colorido, as curvas de nível
são traçadas com tinta forte misturadas com 1) Determinar a diferença entre as cotas, no caso
nanquim preto. igual a: 980 - 930 = 50
que corresponde a diferença de nível entre os dois
Os processos para traçado de curvas de nível, pontos na distância de 20 m.
consistem no emprego de tabelas e fórmulas.

87
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Traçar uma curva de nível entre as cotas


320, 280, 340 e 270 no alinhamento AB.
Curva a ser traçada = Curva 300

Na relação de 1:1 na escala 1:1.000


encontra-se o valor 10 mm
340 - 300 = 40
300 - 270 = 30
8,5 mm

Fig. 11 - Exemplo do Emprego da Tabela (escala adotada 1:1.000)

2) Determinar a diferença entre a maior cota e a Bibliografia


cota a ser interpolada
980 - 970 = 10 1- ESPARTEL L E LUDERITZ J. - Caderneta de
3) Estabelecer a regra de três: campo. Porto Alegre: Editora Globo, 1975.
50 — 20
10 — x x=4m 2- EUCLYDES H.P. Trabalhos necessários ao estudo
e projeto de saneamento agrícola. Belo
4) Marcar 4 metros a partir do ponto de maior cota. Horizonte: Fundação Rural Mineira, 1982.
980 . . 970 . . 930 81 p.
4m 16m
3- EUCLYDES H.P. Curso de topografia. Uberlân-
dia:1978. 11 p.

4- EUCLYDES H.P., CARDOSO F.A - Informações


sobre utilização prática do nivelamento
estadimétrico e trigonométrico. Viçosa: Uni-
versidade Federal de Viçosa, 1976. 21 p.

5- SANTOS A C.S. - Roteiro para levantamento


Topográfico no Provárzeas. Pouso Alegre:
1978. 10 p.

88
Estudos do Lençol Freático

8. ESTUDOS DO LENÇOL FREÁTICO

1. Introdução

Estudos do lençol freático são normalmente feitos De uma maneira geral, poços de observação do
utilizando-se furos de trado ou poços de observação lençol são instalados em uma malha retangular,
do lençol freático, onde são medidas as flutuações espaçados de tal forma que permitam obter leitura
dos níveis de água visando detectar a existência do nível freático que forneçam uma configuração
de áreas mais propícias ao encharcamento e inden- do comportamento do lençol da área.
tificar as causas de sua ascensão.
Não existem regras que regulem o espaçamento
Poço de observação do lençol freático são entre poços de observação. Cada área a ser
instalados em toda a área a ser estudada ou em estudada apresenta características próprias.
pontos específicos da mesma, onde o lençol
freático apresente maiores possibilidades de Em áreas onde as condições de solo, subsolo e
ascender à níveis críticos que venham a causar recarga são idênticas, a forma da superfície do
danos às plantas cultivadas. lençol tende a ser uniforme.

A princípio deve ser assumido um determinado


2. Onde instalar poços espaçamento, podendo o número de poços ser
ampliado, em função dos resultados obtidos, como
• Áreas com lençol freático ou com características no caso de detectar-se um poço com água ao
de solo indicativas da ascensão do lençol. lado de outro seco ou mudanças bruscas de
• Áreas a serem monitoradas quanto a possível gradiente indicando área de recarga ou descarga.
ascensão do lençol freático. Nesses casos a interpolação não é recomendada.
• Em locais apropriados para o estudo do compor-
tamento de sistema de drenagem subterrânea.
• Próximos a canais de irrigação a fim de 4. Profundidade
identificar vazamentos.
É recomendável atingir a camada indicativa de
oxi-redução, representada por mosqueados ou
3. Localização e espaçamento concreções, ou então atingir cerca de 3,0 m de
profundidade. Fora da camada de oxi-redução
De preferência, quando permanentes, os poços dificilmente há formação de lençol freático.
devem ser localizados próximos de cerca, estradas
de serviço ou estruturas permanentes para que De uma maneira geral lençol abaixo 3,0 m de
fiquem protegidos dos tratos culturais. Poços profundidade não é indicativo de problema de
situados dentro das áreas de cultivo são um drenagem, donde se conclui que comumente não
empecilho ao trabalho das máquinas. Nestas é necessário instalar poços com profundidades
condições devem ser protegidas por uma ou duas superiores a esta.
estacas de madeira, fortes e com um mínimo de
1,0 m de altura. A profundidade da camada impermeável é outro
fator limitante, não devendo o poço ultrapassar
essa camada.

89
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Quando executados na estação seca ou em área devendo ser feitos cerca de 30 cortes por metro de
onde a irrigação esteja suspensa, por período que tubo.
corresponda a rebaixamento significativo do lençol
freático, os poços devem penetrar cerca de 1,0 m Na parte superior do tubo ou poço deve ser fixada
na zona indicativa de flutuações do lençol uma luva liso-rosca onde é atarraxado um tampão,
freático. Se efetuados na estação úmida, é tipo plug, conforme Figura 1.
recomendável que penetrem aproximadamente 1,0
m na zona do lençol.

5. Instalação do poço

Para cada poço a ser instalado deve ser feita uma


descrição do perfil, devendo ser anotados a data
de instalação, localização, cor das camadas de
solo, textura, estrutura, consistência, presença de
mosqueado, concreções, altura do lençol estabi-
lizado e possível presença de barreira, quando
atingida ou conhecida, conforme ficha anexa.

Poço provisório
Fig. 1 - Desenho esquemático de um poço de
Em se tratando de solos estáveis e estudo observação do lençol freático
temporário, pode simplesmente ser feito um furo
de trado para servir como poço de observação. Se
nos estudos for necessário o preparo de mapa de 6. Leituras dos poços
fluxo do lençol é recomendável instalar piquetes e equipamentos utilizados
próximo da boca de cada poço, os quais deverão
ser cotados. Podem ser diárias, semanais, quinzenais ou
mensais, dependendo da utilização a ser dada às
Para leituras de curto período, em solo instável, o informações requeridas.
poço pode constar de um furo de trado onde é
colocado um tubo tipo esgoto, de 50 mm, contendo Em casos de estudos de flutuações do lençol
perfurações ou cortes de serra de 2 mm para permitir freático em áreas onde se deseja avaliar o
que sejam feitas leituras, mesmo que ocorra o desempenho do sistema de drenagem subterrânea
desmoronamento das paredes do furo de trado. podem, inclusive, ser feitas várias leituras por dia.

Poço permanente Para estudos de comportamento do lençol freático,


em áreas irrigadas, as leituras podem ser semanais
Pode constar de um furo de trado revestido com ou mensais, sendo mais comum fazer leituras
tubo, tipo esgoto, de 50 mm de diâmetro interno, mensais por período de alguns meses, ou de acordo
ou tubo de 32 mm, do tipo usado para encana- com o ciclo da planta, ou então completar um
mento doméstico. ciclo de um ano.

O tubo deve ser recortado, com serra de 2 mm, Em anexo são apresentados modelos de fichas de
até um máximo de 1,0 m da superfície do terreno, cadastro, leituras e de anotação das profundidades

90
Estudos do Lençol Freático

e cotas do lençol freático. O critério adotado tem como orientação enumerar


de cima para baixo (primeiro) e da esquerda para
A maneira mais prática de fazer leituras é com a a direita.
utilização de um "plop" fixado a uma trena de
fibra de vidro, fita métrica ou equivalente. Ao
baixar o "plop" no poço, cuja ponta passa a
corresponder ao zero da trena, este ao tocar a água
produz um som característico, daí a denominação.
O "plop" é nada mais que um peso suficiente para
manter a trena esticada, cuja característica
principal é a de produzir o referido som que indica
o nível da superfície d’água.

Pode ainda ser utilizado equipamento munido de


dispositivo elétrico que ao tocar a água permite
medir a profundidade do lençol. Este equipamento Fig. 2 - Nomenclatura de poços de observação do
não é prático como o anterior, razão porque não lençol freático.
se recomenda o seu uso.
Poços situados em cima das linhas limites superior
Esses equipamentos medem a profundidade do e esquerdo de uma quadrícula passam a pertencer
lençol em relação ao topo do poço. De posse deste a esta.
dado e tendo-se a cota da plataforma do poço ou
do piquete, situado junto ao furo, obtêm-se a O poço nº 1 fica no extremo superior do quadro
profundidade do lençol em relação à superfície de confluência das coordenadas número e letra e
do terreno e também a cota do lençol freático, o no lado esquerdo quando houver mais de um poço
que permite preparar hidrogramas do lençol, seção no mesmo nível de altura.
transversal de linhas de poços, bem como mapa
de isoprofundidade (isóbata) e mapa de fluxo do A seguir, por ordem de prioridade, vem o poço situado
lençol (isohipsa). imediatamente em posição inferior àquele já clas-
sificado, e assim por diante, conforme figura nº 2.

7. Normas para denominação


8. Hidrogramas
Colocar letras no eixo das abcissas (x) e números
no eixo das ordenadas (x), conforme a Figura 2. São representações do nível da água em função
do tempo. Hidrogramas de variações dos níveis
Seguir preferencialmente a direção das coorde- freáticos, em função de possíveis fontes de excesso
nadas geográficas, caso constem do mapa. de água, podem auxiliar no diagnóstico da
drenagem.
Colocar letras e números no meio de cada faixa
correspondente. A informação é pontual, podendo ser feitas leituras
diárias, semanais, quinzenais ou mensais.
Colocar a inicial "p" (de poço) seguida das letras e
números correspondentes, conforme exposto a Em um só gráfico podem ser incluídos, como forma
seguir: de visualizar o problema, os diagramas do poço e
das fontes de recarga.

91
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

9. Seção transversal do lençol 12. Tolerância das culturas


a lençol freático alto
Serve para dar uma idéia do gradiente hidráulico,
indicar zonas de recarga e descarga e indicar onde A maior ou menor tolerância a lençol freático alto
instalar drenos interceptores. é uma característica de cada tipo de cultura.

O efeito danoso da presença de lençol na zona


10. Mapa de fluxo do lençol (Isoypsas) das raízes é uma função do tempo em que o lençol
permanece alto, da freqüência de flutuações do
Indica a direção de fluxo do lençol. lençol, do tipo de solo, da interação ciclo da
cultura - lençol freático alto e das condições
Confecciona-se interpolando as cotas do lençol climáticas reinantes durante o período de lençol alto.
freático obtidas através de leituras dos poços de
observação. O lençol próximo da superfície do terreno cria
condições de oxi-redução, na zona das raízes, com
A escala vai depender do nível de estudos e do a conseqüente formação de gás metano, gás
material cartográfico existente. sulfídrico e sulfato ferroso, devido a ação de
bactérias anaeróbicas sobre a matéria orgânica, o
Em estudos a nível de projeto básico ou a nível de que além dos efeitos tóxicos provoca deficiência
detalhe pode-se trabalhar com escala 1:2.000, de nitrogênio no solo.
5.000, 10.000 ou 1:25.000 e isolinhas de 0,20, 0,50
ou 1,00 m. Em anexo é apresentado exemplo Na Tabela 1 são apresentadas tolerâncias de
ilustrativo de mapa de fluxo (Figura 3). algumas culturas à presença de lençol freático
alto.

11. Mapa de isoprofundidade (Isóbatas) Infelizmente são poucos os dados disponíveis sobre
o efeito do lençol freático alto sobre a produ-
É preparado a partir de dados da profundidade do tividade dos cultivos, no que se conclui pela
lençol em relação à superfície do terreno, obtidos necessidade de mais pesquisa nessa área. Alguns
a partir de leituras dos poços de observação. dos dados apresentados parecem refletir rendi-
mentos obtidos de cultivos submetidos a sistemas
Pode também ser preparado marcando-se a de sub-irrigação ao invés do efeito da elevação
intersecção das linhas de fluxo do lençol freático do lençol freático por excesso de irrigação, o que
com as cotas da superfície do terreno, quando pode ser observado quando ocorre decréscimo de
superpostos. A seguir une-se pontos de mesmas produtividade com o aumento da profundidade do
profundidades e obtêm-se linhas de mesma lençol freático.
profundidade do lençol em relação à superfície
do terreno. Como exemplo, pode-se trabalhar com A título de ilustração pode-se afirmar que na região
faixas de profundidades de planos de níveis freáticos de Mendoza, Argentina, é norma considerar que
que vão de 0- 0,50 m; 0,50 a 1,00; 1,00 a 1,50; para a cultura de uva o lençol deve ser mantido
1,50 a 2,00 m. A partir da escala pré-fixada são a 1,5 m de profundidade; por outro lado, na
feitas interpolações para a obtenção das isóbatas. Fazenda Milano, situada no semi-árido, próximo
da cidade de Petrolina - PE, a uva, tipo itália,
Na Figura 4 é apresentado mapa de isoprofun- produzia em 1985 cerca de 30 ton/ano, em duas
didade. Este é o mapa mais importante para mos- safras, em solo do tipo podzólico inclinado com
trar áreas com problemas de drenagem subterrânea. lençol a 50 cm de profundidade. Na área foi

92
Estudos do Lençol Freático

Fig. 3 - Mapa de fluxo do lençol freático e esoprofundidade

93
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 4 - Mapa de fluxo do lençol

94
Estudos do Lençol Freático

implantado sistema de drenagem subterrânea, por ao tipo de solo, como por exemplo, se o terreno
valas abertas com 7,0 m de espaçamento e a 50 for arenoso a irrigação deve ser feita por aspersão
cm de profundidade. ou gotejamento.
• Trabalhar com alta eficiência de irrigação,
evitando perdas de água.
13. Como evitar ascensão do lençol • Construir sistema de drenagem superficial e/ou
subterrânea sempre que houver indicativo de locais
Em áreas não irrigadas de acumulação de águas superficiais ou o solo
Fazer drenagem superficial, para evitar o apresentar características de má drenabilidade do
enxarcamento do terreno ou drenagem subterrânea perfil.
quando somente a drenagem superficial não for • Dar manutenção adequada ao sistema de
capaz de resolver o problema. drenagem existente.
• Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados exemplos
Em áreas irrigadas de fichas de instalação, leitura e computação das
• Trabalhar com sistema de irrigação adequado cotas de profundidade do lençol.

Tabela 1 - Rendimento Relativo de Alguns Cultivos


em Função da Profundidade do Lençol Freático

CULTURA TIPO DE SOLO PROFUNDIDADE DO NÍVEL FREÁTICO (cm)

30 60 90 120 150
Trigo* Argiloso - 77 95 - 100
Sorgo Argiloso 86 100 -
Milho Franco argilo siltoso 55 70 100 -
Franco arenoso 41 85 85 -
Areia franca 100 83 ? - -
Ervilha Argiloso - 90 100
Feijão Argiloso - 84 90 94
Soja Franco arenoso 63 100 - -
Tomate Franco argiloso 47 60 100 -
Franco arenoso 47 60 100 -
Batatinha Argiloso - 100 95 ? -
Repolho Franco arenoso 80 *** -
Abóbora Franco 48 65 90 100
Feijão** 40 90 99
(40 cm)
Batatinha 90 100 94 ? 32 ?
(40 cm)
Beterraba - 84 92 - 100 ?
Algodão**** 45 80 95 97
Pastagem 50 80 91 100
Trigo 50 76 86 93

* = Decio Cruciani (Drenagem na Agricultura - pag. 24)


** = Agustin Millar (Drenagem de Terras Agrícolas - pag. 28)
*** = 100% de produtividade a 45 cm.
**** = Dados aproximados extraídos de gráficos - Aldo Norero y Miguel Aguire - Procedimientos para estimar la
influencia de la napa freática em la productividad de los cultivos - CIDIAT - apartado 219 Mérida, Venezuela.
? = avaliação errônea; é comum pesquisadores/professores misturarem sub-irrigação com efeito do lençol freático.
Nota: Lençol freático profundo, não afeta a produtividade; o que afeta neste caso é a falta de humidade devido à
irrigação inadequada.

95
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 2 - ficha para leituras de nível freático

Projeto: Localidade:

Operador: Data:

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


Número do Cota Leitura do Cota do Cota do Profundidade Profundidade
Poço(NPO) do Topo Lençol Lençol Terreno do Lençol do Poço(PPO)
do Tubo(CTT) Freático(LLF) Freático(CLF) Natural(CTN) Freático(PLF)

Tabela 3 - Ficha de Campo para Leitura do Lençol Freático

DATA NÚMERO LEITURA OBSERVAÇÕES


DO POÇO

Responsável pela Leitura Visto

Bibliografia

1- MILLAR, Augustin A. Drenagem de terras 3- NORERO, Aldo, AGUIRE, Miguel. Proce-


agrícolas; princípios, pesquisas e cálculos. dimientos para estimar la influência de la
Petrolina: 1974. lv. il. napa freática em la profundidad de los
cuetivos - CIDIAT - Apartado 219 Mérida,
2- CRUCIANI, Decio Eugênio. A drenagem na Venezuela. Venezuela: CIDIAT, s.d. 1v.
agricultura. São Paulo: Nobel, 1980. 333p.
il.

96
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais

9. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA -
CONCEITUAÇÃO E ASPECTOS GERAIS

Condutividade hidráulica é a propriedade de um Quanto ao valor h este é facilmente obtido


meio poroso, o solo no caso, de se deixar atravessar (estimado) em função do tipo de cultura e da
pela água. profundidade escolhida para instalar o sistema de
drenagem. Do exposto, concluí-se que em todo
Na drenagem subterrânea é importante o conheci- estudo de drenagem subterrânea é indispensável
mento da condutividade hidráulica do solo, quando o conhecimento dos valores da condutividade
saturado, por ser um dos valores empregados no hidráulica dos solos a serem drenados.
cálculo do espaçamento entre drenos. A título de
ilustração, apresenta-se na Figura 1, a fórmula de São muitos os teste de campo empregados para
Hooghoudt para cálculo de espaçamento entre medir a condutividade hidráulica de um solo ou
drenos, sendo ela, dentre muitas outras, a mais amostra de solo. Esses testes são às vezes
comumente empregada pela praticidade e por denominados de teste de infiltração, teste de
fornecer resultado satisfatórios. permeabilidade ou teste de condutividade
hidráulica.

Infiltração, permeabilidade e condutividade


hidráulica têm significados idênticos porque
refletem a capacidade de um solo se deixar
atravessar pela água; cada denominação é
geralmente empregada com o fim específico
como:

Fig. 1 - Representação esquemática dos valores Infiltração - movimento vertical descendente de


utilizados na fórmula de Hooghoudt água em um meio poroso.
Permeabilidade - característica de um meio de se
L2 = 8K2 dh/R + 4K1 h2 /R deixar atravessar pela água
L = espaçamento entre drenos (m) Condutividade hidráulica saturada - movimento
K1 = condutividade hidráulica da camada situada acima da água em um solo saturado.
do dreno (m/dia) Todo teste de condutividade hidráulica é baseado
K2 = condutividade hidráulica da camada situada abaixo nos princípios da lei de Darcy para o movimento
do dreno (m/dia) da água em solo.
R = lâmina d’água a drenar ou recarga projetada (m/dia)
d = profundidade efetiva da barreira (m) Segundo Lei de Darcy, o fluxo da água através de
h = altura assumida para lençol freático no ponto médio um solo saturado é diretamente proporcional à
entre drenos (m) carga hidráulica e inversamente proporcional à
coluna do solo, onde:
Nota-se que existem na fórmula 3 (três) parâmetros Q=KiA
fundamentais para o cálculo do espaçamento entre Q = descarga em cm3 / h
drenos, que são a condutividade hidráulica, que é K = condutividade hidráulica em cm / h ou m / dia
uma característica inerente ao solo, a profundidade A = área de fluxo em cm2
da barreira e a lâmina de água diária a ser drenada. i = gradiente hidráulico

97
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

A condutividade hidráulica pode ser obtida em A obtenção da condutividade hidráulica de


laboratório ou diretamente no campo. A Figura 2 laboratório com amostras deformadas era prática
ilustra a forma de determinação da condutividade comumente empregada em estudos de solos e em
hidráulica em laboratório. classificação de terras para irrigação. Na Codevasf
este tipo de teste não é mais pedido nem seus
resultados utilizados por serem irreais e portanto
inúteis.

Valores de condutividade hidráulica de laboratório


obtidos a partir de amostras fragmentadas não
refletem as condições de campo, não devendo
sequer servir para dar uma idéia da permeabilidade
da camada testada, a não ser em solo de textura
arenosa. A seguir, a título de ilustração, são
apresentados, na Tabela 1, valores de conduti-
Fig. 2 - Exemplo esquemático de determinação da vidade hidráulica de campo e laboratório obtidos
condutividade hidráulica em laboratório. pela firma PROTECS - Projetos Técnicos Ltda., em
estudos de Levantamento e Reconhecimento de
Empregando-se a fórmula de Darcy, têm-se: Solos e Classes de Terras para Irrigação.

Q = K i A ou Valores médios de condutividade hidráulica


K = QL / AH obtidos em laboratórios por meio de amostras em
L = altura da coluna de solo em cm estado natural, coletadas em cilindros apropriados,
A = área de fluxo em cm2 podem ser utilizados no cálculo do espaçamento
H = carga hidráulica em cm. entre drenos. Os valores obtidos não são,
entretanto, de grande confiabilidade, conside-
Para a obtenção do valor “ K “, no campo, existem rando-se que as amostras testadas são pequenas
vários tipos de testes, como: em volume e que o teste é grandemente influencia-
• Teste de furo de trado em presença de lençol do pela possível presença de orifícios provocados
freático. por raízes, rachaduras ou pedras. Para o cálculo
• Teste de furo de trado em ausência de lençol do espaçamento entre drenos é conveniente que
freático. os valores de “ K “ sejam obtidos no campo.
• Teste de piezômetro.
• Teste de anel permeâmetro. Na Figura 3 é mostrado, com fim ilustrativo, um
outro exemplo de obtenção do valor K a partir de
Os três primeiros medem a condutividade amostra fragmentada de solo, empregando o
hidráulica horizontal, enquanto que o teste de anel método do nível constante, onde:
mede a condutividade hidráulica vertical.
Detalhes sobre esses testes de campo serão dados
em outro capítulo.
sendo A a área interna do cilindro e L o compri-
Na determinação da condutividade hidráulica de mento da amostra de solo percorrido pela água.
laboratório podem ser utilizados tanto amostras
fragmentadas como amostras em estado natural. A condutividade hidráulica saturado é uma
Amostras em estado natural são coletadas em característica inerente do meio poroso, no caso a
cilindros sem que seja destruída a sua estrutura. amostra de solo fragmentada.

98
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais

Fig. 3 - Esquema de cálculo da condutividade


hidráulica

Tabela 1 - Relação, para um Mesmo Solo, Entre a


Condutividade Hidráulica de Campo e Laboratório

C. HIDRÁULICA
(m/dia)
SOLO PROF. CAMPO LABORAT. RELAÇÃO
E ESPESSURA (*) CAMPO/LAB.
CAMADA (m)
Podzólico Vermelho-Amarelo
Eutrófico. Textura Argilosa 100 - 180 0,03 5,0 1/167

Podzólico Vermelho-Amarelo
Eutrófico. Textura Argilosa 80 - 150 0,82 6,0 1/7

Cambissolo Eutrófico.
Textura muito Argilosa 90 - 150 0,24 2,1 1/8,5

Cambissolo Eutrófico.
Textura Argilosa 20 - 100 1,17 6,8 1/6

Cambissolo Vértico.
Textura muito Argilosa 100 180 0,06 1,8 1/30

Cambissolo Vértico Argiloso 70 - 140 0,07 5,0 1/71

Areia Quartzosa 90 - 170 2,34 6,4 1/3

(*) = Amostra fragmentada

99
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Observa-se que a vazão coletada em função do nos poros. Com o tempo este ar vai sendo
tempo é diretamente proporcional à condutividade eliminado caso não haja a ação de outros fatores
hidráulica do meio poroso, a área de fluxo e a atuando em sentido contrário.
carga hidráulica é inversamente proporcional à
distância a ser percorrida pela água. Nota: A condutividade hidráulica é igual à
velocidade de fluxo no solo quando o gradiente
Alterações dos valores de H, L e A (área de fluxo hidráulico é igual a unidade, sendo:
dentro do cilindro, sempre que mantido o mesmo Q = K i A Se i = 1, Q = KA
meio poroso, leva a alterações nos valores de Q = VA
descarga, sem alterar o valor de K; por outro lado,
sendo mantidos os valores de H, L e A, os valores Estabelecendo a igualdade, tem-se:
de “Q” só se alteram se a amostra de solo for VA = KA donde:
substituída por outra de valor “K” diferente da V=K
anterior, o que prova que a condutividade V = K i = Velocidade de avanço de uma lâmina
hidráulica é uma característica do meio poroso. de água no solo.

A condutividade hidráulica de um solo sofre Como se trata de fluxo em um meio poroso, têm-
influência de uma série de fatores tais como: se que a velocidade média de avanço da água
nos macro poros do solo, , sendo “P”a po-
• Qualidade da água utilizada - Em solos salinos rosidade drenável.
o teste deve ser conduzido também com água
salina.
Fórmulas para cálculo da condutividade hidráulica
• Viscosidade da água - Deve ser feita correção horizontal e vertical em solos estratificados
de viscosidade sempre que a temperatura da água
variar em valor igual ou superior a 2º C. A Figura 4 abaixo mostra esquematicamente o
padrão de fluxo horizontal em solo estratificado.
• Textura, estrutura e consistência - O parâmetro
textura, quando avaliado em separado, pode levar
a erros imensos porque solos de mesma textura
podem apresentar estrutura e consistência bem
diferentes. Um solo de textura argilo arenosa, de
estrutura maciça e bastante adensado ou
cimentado pode ser praticamente impermeável.

• Efeito da ação de microorganismos - Muitas


vezes um solo apresenta valores de condutividade
hidráulica altos no início do teste e após ser
atingido o estado de saturação. Com o tempo este
valores começam a declinar, o que é atribuído a
ação de microorganismos que se desenvolvem e
morrem entupindo poros do solo. Fig. 4 - Fluxo horizontal em solo estratificado

• Presença de ar nos poros do solo - Sempre que é Para facilitar a dedução da fórmula toma-se a
iniciado um teste, em solo não saturado, este sofre sessão retangular tendo um lado igual a unidade.
a influência da presença de ar que é confinado

100
Condutividade Hidráulica -
conceituação e aspectos gerais

Tem-se que: Tem-se que:


Q1 = A1V1 = K1. Dh1 / L1.A1
Dh1 = Q1 L1 / k1 A1
Q2 = A2V2 = K2.Dh2 / L2.A2
Dh2 = Q2 L2 / K2 A2
Q3 = A3V3 = K3.Dh3 / L3.A3
Dh3 = Q3 L3 / k3 A3

Fazendo-se Q = Ka∑ di(∅1 − ∅ 2 ) / L onde: Adicionando-se:


Q= soma Q1 + Q2 + Q3 ou vazão total Dh1 + Dh2 + Dh3 =
Ka= média ponderada da condutividade hidráulica; Q1 L1 / K1 + Q2 L2 / K2 + .... + Qn Ln / Kn
Igualando as duas últimas operações resulta:
Dhi = Q (L1 / K1 + L2 / K2 + .... + Ln / Kn)

Como Q = K /
Condutividade hidráulica média vertical em solo
estratificado

A Figura 5 mostra como se dá o fluxo vertical


através de solo formado de várias camadas com
diferentes espessuras e diferentes condutividades
hidráulicas.

K= média de Ki =

Bibliografia

1- CODEVASF. Baixio de Irecê: levantamento de


reconhecimento de solos e classes de terras
para irrigação; anexo IV: características físi-
co-hídricas. Brasília : Protecs, 1980. 1 v. il.
Fig. 5 - Fluxo vertical em solo estratificado

2- Notas de aulas.
Assume-se que:
1) A lei de Darcy é aplicada a cada camada.
2) A1 = A2 = A3 = A = 1
3) Q1 = Q2 = Q3 = Q

101
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

10. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA - de um solo saturado é diretamente proporcional a


TESTE DE INFILTRAÇÃO POR carga hidráulica e inversamente proporcional a
PERMEÂMETRO DE ANEL coluna de solo, donde:
Q = K i A ......................................................(1)
1 - INTRODUÇÃO Sendo
Q = descarga (cm³/h)
O teste é comumente empregado com a K = condutividade hidráulica (cm/h)
finalidade principal de se detectar a presença de A = área de fluxo (cm²)
barreiras ao fluxo vertical, em condições de I = gradiente hidráulico, que de acordo com a
saturação, em estudo de classificação de terras figura 1 é igual a H/L .................(2)
para irrigação, bem como em investigações de H = carga hidráulica (cm)
drenabilidade. Na sua condução são empregados L = altura da coluna de solo testada (cm)
geralmente dois anéis, nos quais são fixadas bóias
do tipo usado em caixa d'água doméstica, para Tomando -se (1) e (2) tem-se:

manutenção do nível constantes da água. O


fornecimento de água aos cilindros é feito por meio
de vasilhames de plástico com capacidade de Calculando-se para "K", tem-se:

40 a 100L. O vasilhame alimentador do cilindro


interno deve conter uma escala calibrada para
leituras em litros, com subdivisões de 250ml.
Dependendo do material, o teste poderá estender- Fig. 1, Desenho esquemático de teste de
se por um período de 1 a 3 dias, sendo de 8 horas condutividade hidráulica vertical.
a duração mínima.
2- ESTIMATIVA DO NÚMERO DE TESTE, LOCAIS
São feitas leituras com intervalos de uma E PROFUNTIDADES.
hora, duas horas ou em períodos maiores,
dependendo da disponibilidade de tempo. Pode- O teste é comumente conduzido em camadas de
se trabalhar com intervalos entre leituras solo situadas entre 0,30 e 1,0m de profundidade.
superiores a 12 horas, nos casos em que as Pode ser conduzido em qualquer profundidade,
leituras são suspensas durante a noite e sendo no entanto pouco prática e dispendiosa a
continuadas no dia seguinte, sem que no entanto sua condução além de 3.0m. Nesses casos é
seja interrompido o fluxo contínuo de água para o recomendada a sua substituição por teste de furo
teste. Logo que forem feitas, após a saturação, de trado em presença ou ausência de lençol
três leituras de no mínimo 0,5 horas de intervalos freático, obtendo-se dessa forma a condutividade
e cujos valores possam ser considerados hidráulica lateral, que dará uma idéia da ordem de
constantes, o teste pode ser dado como concluído. grandeza da c. hidráulica vertical.
O teste de condutibilidade hidráulica de A presença de barreira pode, por outro lado, ser
campo baseia-se, em seus princípios gerais, na identificada durante os estudos pedológicos e
lei de Darcy para o movimento de água através de classificação de terras para irrigação ou
um meio saturado. drenabilidade, simplesmente pela resistência
A figura 01 mostra desenho esquemático oferecida por uma camada de solo a tradagem ou
de corte de um cilindro interno em operação. a abertura de trincadeira, podendo ser um fragipan,
Tensiômetros e piezômetros podem ser instalados argilito, rocha maciça ou outros.
para confirmar o preenchimento dos requisitos da O teste pode ser conduzido em diferentes
lei acima mencionadas. profundidades de uma mesma camada de solo,
Segundo a Lei de Darcy, o fluxo de água através desde que o anel fique inteiramente dentro da

102
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel

camada. Conforme a figura 02 os valores de c. hidráulica nos locais 1 e 2 devem ser idênticos.

.
.

Fig. 2, Testes de anel em diferentes profundidades de uma mesma camada de solo.

O número de teste a ser conduzido em uma área e a escolha dos locais de condução vai depender da
uniformidade e extensão de cada tipo de solo ou mancha, bem como do nível de estudo desejado.
Para uma camada argilosa que pareça possuir baixa c. hidráulica e seja uniformemente distribuída
numa área vasta, dois ou três teste com repetição podem ser suficientes, desde que os resultados
sejam consistentes.
.
1- MATERIAIS E MÉTODOS.

A quantidade e o tipo de material a ser utilizado em cada teste é definida de acordo com as condições
específicas de cada área a ser estudada.
- Pick-up para carregar o material, servir de transporte de pessoal e conduzir água para abastecer
os testes.
- Vasilhames alimentadores, sendo um deles calibrado, para alimentar o cilindro interno. Quando
for usada pick-up para carregar água é muito útil dispor-se de vasilhames adicionais para o
reabastecimento dos testes.
- Funil para facilitar o abastecimento dos vasilhames utilizados nos testes.
A seguir mostra-se esquema de um teste em operação, conforme a figura 3, conduzido em uma camada
de solo situado próxima da superfície do terreno.

Fig.3 - Teste em operação, vendo-se cilindro interno, cilindro externo, bóias e vasilhames alimentadores.

103
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Quando a permeabilidade da zona a ser A esse cilindro devem ser soldadas alças de
testada for alta, ou quando os intervalos de leituras vergalham de ½ polegada, que são bastante úteis
forem longos é aconselhável unir dois vasilhames para facilitar a operação de desenterra-lo e também
alimentares ao cilindro externo por meio de um para tornar o seu transporte mais prático.
"T" de ½ polegadas acoplado a três bicos de Batente de cilindro interno. Deve ser feito
torneira de jardim. Esse procedimento também da chapa espessa e circular, com 35cm de
pode ser necessário para testes que passem de diâmetro, tendo um outro disco ajustado á parte
uma dia para o outro sem que sejam feitas leituras inferior, com diâmetro ligeiramente inferior ao
durante a noite. diâmetro do cilindro interno para que o batente se
Atualmente são usados vasilhames de ajuste ao mesmo.
plástico, de 40, 50 ou 100L. Na parte central desse disco, solda-se um
Para a colibragem o vasilhame é colocado tubo galvanizado de uma polegada de diâmetro e
em cima de um suporte com altura suficiente para 60cm de comprimento, que servia como condutor
ser coletar-se a água por meio de proveta, ou frasco guia da peça móvel utilizada como soquete. Essa
tarado para a remoção de água em volumes de ½ peça deve pesar em torno de 30kg e ser feita
litros. Enche-se o vasilhame para a seguir retirar- utilizando-se um disco de aço com furo no centro.
se a água em volumes de 1/2L. Para cada volume Nele será soldado um tubo que se ajuste ao tubo
de água drenado marca-se, na fita, o traço guia da parte fixa. O diâmetro interno desse tubo
correspondente ao nível do menisco no vaso deve ser de 1.1/4. Na figura 4 apresenta-se um
comunicante. São então feitas numerações nos esquema de batente em corte lateral, onde são
traços com divisões de litro e de 1/2L. indicadas as dimensões aproximadas das peças
Pode-se depois fazer as marcações componentes.
intermediárias correspondentes ás frações de Na construção do batente deve ser levado
250ml, o que é menos trabalhoso. em consideração que uma serie de opções podem
A água é drenada por meio de sifão de tubo plástico ser feitas quanto a forma do mesmo e tipo de chapa
de ½", que por ser pouco denso, é amarrado a empregado, desde que o peso do soquete situe-
pedaço de vergalhão para ser mantido no interior se em torno de 30kg e também que a parte fixa do
do reservatório, devendo ser deixado um pequeno conjunto se ajuste ao cilindro a ser introduzido no
espaço para decantação de impurezas da água. solo.
É conveniente que o vasilhame alimentador Deve ser deixado um espaço entre o soquete (parte
do cilindro interno seja nivelado, o que é facilitado móvel) e a extremidade da chapa base do batente
com a utilização de três peças de madeira para para que o operador possa colocar os pés;no caso
apoio de aproximadamente 15cm, de comprimento do nosso desenho esse espaço é de 9cm.
por 8 cm² de seção. As chapas poderão ser unidas por meio de solda ou
- Cilindro interno, de chapa nº14, reforçado parafusos, sendo que no caso de se usar parafusos, estes
na parte superior com anel de chapa nº 3 ou 5 de devem ficar encaixados onde as superfícies forem atritantes.
aproximadamente 8 cm de largura. O diâmetro
interno do cilindro deve ser de aproximadamente
30cm e a altura de 45cm.
Deve-se fazer um furo de 2,7cm, a uma
distância de 34cm da base do cilindro, para
adaptar-se o suporte de bóia ou válvula.
Aparte inferior do cilindro é afiada, em bisel,
através de desbaste na parte externa.
- Cilindro externo de chapa nº13 ou 14, com
aproximadamente 60cm de diâmetro. Fig. 4- Desenho esquemático de um batente.

104
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel

O diâmetro da escavação deve ser igual ou


superior a 60cm, devendo ter o fundo nivelado.
· Batente, conforme descrito, pode ser Cuidados especiais devem ser tomados para não
substituído por uma travessa de madeira dura, pisotear a área onde será instalado o cilindro
de 12cm x 8cm x 50cm e uma marreta de 8ª interno:
10g. Dessa forma são aplicadas pancadas na Os cilindros são então marcados a 15cm e
madeira acima das paredes dos cilindros, a 30cm da base. Depois
batendo e girando gradativamente a madeira de marcados são introduzidos no solo até a
para que os cilindros percorram um eixo vertical primeira marca. É importante que o cilindro interno
ao ser introduzido no solo, principalmente o seja mantido em nível durante todo o tempo em
cilindro interno. que for introduzido no solo para percorrer um eixo
· Tubo plástico flexível incolor (tubo cristal) de perfeitamente vertical. Quanto ás pancadas, estas
½. devem ser firmes para evitar vibrações. Neste
· Conjuntos de válvulas ou bóias do tipo usado trabalho o operador deverá ficar em cima da parte
em caixa d'água doméstica, tendo cada fixa do batente, devendo manter o seu peso bem
conjunto um bico de torneira de jardim de1/2 distribuído, conforme a figura 05.
polegada.
· Nível de pedreiro para nivelar o tambor calibrado
antes de cada teste.
· Trena de aço de 2 ou 3m para os trabalhos de
marcação dos cilindros e também para medir
a profundidade dos testes.
· Pranchetas escolar e fichas de anotações dos
testes.
· Marretas de 8 a 10kg com cabo de ferro.
· Pedaço de lamina plástica para cobrir o cilindro
interno e evitar a evaporação. Fig. 5- Desenho esquemático do batente e cilindro.
· Areia lavada fina, para ser colocada no interior
do cilindro interno. Depois de introduzir o cilindro até a profundidade
· Pedaço de vergalho de 1/8 de diâmetro e desejada, o solo em contato com as paredes
1,5metros de comprimento para comprimir, internas e externa deste é comprimido levemente
quando necessário, a terra junto da parede com uso de um pedaço de vergalhão de 1/8, para
interior do cilindro interno. evitar o movimento de água entre o solo e as
· Planta da aérea com as marcações prévias paredes do cilindro. A seguir coloca-se 2,5cm de
dos locais dos teste. areia fina e limpa dentro do cilindro para evitar a
Enxadão, enxada, chibança e pá. O material formação de suspensão durante a colocação de
deve ser de uso pratico e fácil aquisição. água.
Muitas vezes algumas improvisações podem O uso de um cilindro externo é aconselhável
ser feitas sem prejudicar a precisão dos testes. para testes conduzidos próximos da superfície do
terreno. O cilindro externo é também marcado a
2- INSTALAÇÃO E CONDUÇÃO DO TESTE 15 e 30cm da base, porque será introduzido no
solo na mesma profundidade que o interno,
3.1- Instalação do Teste. devendo trabalhar com a mesma altura de lâmina
Depois de escolhidos os locais de testes e suas d'água. Caso não seja usado cilindro externo, em
profundidades, serão feitos a escavação e a caso de trincheiras mais profundas, faz-se uma
instalação do equipamento. adaptação para fixar o suporte de válvula ao cilindro
Nos trabalhos de escavação alguns entalhes
devem ser considerados como:

105
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

interno ou a uma estaca fincada no fundo da escavação.

3.2- Condução do teste.

É mantida uma lâmina de água de aproximadamente 15cm durante todo o período do teste,
tanto no cilindro interno, como no externo.
São feitas a seguir leituras com intervalos que dependerão da velocidade de infiltração e do
tempo disponível do operador.
Os intervalos de tempo podem variar desde ½ hora até valores superiores a uma hora, como
acontece quando é conduzido mais de uma teste ao mesmo tempo.
Sempre que necessário completa-se o volume de água dos vasilhames alimentadores, não devendo
faltar água em nenhum momento.
Terminando o teste, escava-se ao redor do cilindro interno para vira-lo, a fim de verificar se na
parte inferior do mesmo existem canais feitos por raizes. rachaduras, fragmentos de rocha de volume
apreciável, ou qualquer outra anormalidade que possa influir significativamente no resultado da c.
hidráulica.

5 - CÁLCULO DA VAZÃO AJUSTADA

Podem ser feitas correções de viscosidade da água com base em valores constantes da tabela1, para
oscilações de temperatura superiores a 2ºC. Em nossas condições esse procedimento pode, na maioria
das vezes, ser dispensados.

Tabela 1- Viscosidade da água em centipoise.

106
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel

Os ajustes são relativos a viscosidade da água na primeira leitura feita após a estabilização do teste.
No exemplo abaixo, tabela 2, parte-se da vazão "Q", obtida nas leituras de campo e chega-se ao "Q",
ajustado.

Vazão Lida Temp. da água Viscosidade da água Q Ajustada


(l/h) ( °C) (Centipoise) (l/h)

14,25 19,0 1,0299 14,25


14,97 23,0 0,9358 13,60
15,63 25,0 0,8637 13,58

Tabela:2 Valores de vazão lida e ajustada.

Pode-se dar o teste por encerrado após três leituras consecutivas e que apresentem valores
iguais ou muito próximos. Conserva-se a primeira leitura e faz-se as correções de viscosidade das duas
seguintes em relação á esta.
Para corrigir a segunda leitura, procede-se da seguinte forma:

Q obtido = 14,97 litros


visc. da água da vazão a ser ajustado
Q ajustado = Q obtido x __________________________________________
visc. da água da primeira leitura após a estabilidade

Q ajustado 13,60 l/h

Para a correção seguinte basta repetir o mesmo raciocínio.

6- Cálculo da Condutividade Hidráulica.

É feito utilizando-se a seguinte fórmula: , sendo:

K = C. hidráulica (cm/ h)
Q = vazão ajuntada cm³/h)
L = altura da coluna de solo testada(cm)
A = área da base do cilindro (cm²)
H = altura da lâmina de água incluindo a camada de solo (cm)

É apresentado em anexo, a titulo de ilustração, resultado de teste conduzido na área do projeto de


Irrigação de Mandacaru, conforme a tabela 3.

107
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

7- LIMITAÇÕES QUANTO AO USO DO TESTE.

· Solo situado imediatamente abaixo da camada a ser testada deve possuir uma condutividade
hidráulica igual ou superior a C.H. desta.
· Qualquer camada de permeabilidade inferior aquela do material a ser testado deve situar-se a
uma profundidade que permita que um fluxo constante seja alcançado, no mínimo por um período três
leituras consecutivas, antes que o lençol d'água formado atinja a parte inferior do anel interno.
· Um fluxo constante não é alcançado quando as camadas inferiores aquela testada vão se tornando
progressivamente mais compactadas. Nessa condição a condutividade hidráulica diminui, á medida
que o teste continua.
· o teste não pode ser conduzido em camadas com cascalho ou material rochoso devido a
dificuldade de se introduzir o cilindro, que, neste caso, tanto pode ser danificado, como também pode
facilitar a formação de rachaduras na camada de solo situada no seu inferior.
· o teste é muito demorado quando feito em material de baixa permeabilidade, podendo levar ate
dois dias para que sejam obtidos valores confiáveis.

8 - CONCLUSÕES.

Este teste, comparado com o teste de furo de trado em ausência de lençol freático é mais demorado e
mais trabalhoso, o que o torna mais oneroso. É muito útil na obtenção da condutividade hidráulica
vertical, necessária para se identificar a presença de barreira ao fluxo vertical saturado.
A amostra testada é bastante volumosa e o procedimento descrito evita ao máximo alterar as condições
naturais do solo; desta forma obtém-se resultados coerentes e seguros.
Geralmente o teste é feito para camadas mais argilosas e adensadas de solo, quando há suspeita de
condutividade hidráulica muito baixa.
Em projetos de irrigação e drenagem julga-se suficiente conduzir de 2 a 3 testes por camada de solo
que se queira obter a c hidráulica vertical; caso a extensão dos diversos tipos de solo em estudos seja
muito grande ou se repita muito dentro da área em estudo, a condução de mais testes pode ser
vantajosa.

108
Teste de Infiltração por
Permeâmetro de Anel

8- BIBLIOGRAFIA.

1- LUTHIN, James N., ed. Drainage of.


agricultural lands. Madison, American Society of
Agronomy, 1957. 620p. il. (Ser. Agronomy, 7).
2- THORNE, D.W. & PETERSON, H.B.
Irrigated soils: their fertility and management. s.n.t.
3- WINGER, Jr., R.J. In place permeability
tests used for subsurface Drainage investigation.
Denver, Colorado, Divison of. Drainage and
Groundwater Engineering, 1965. Lv. i.l.

4- WINGER Jr., R.J. Field determination of


hydraulic conductivity above a water table. Denver,
Colorado, office of. Drainage and Groundwater
Engineering, Bureau of Reclamation, 1956. 13fl. Il.

109
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

110
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

11 . CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA -
TESTE DE FURO DE TRADO EM
PRESENÇA DE LENÇOL FREÁTICO

O teste mede a condutividade hidráulica foi de fundamental importância, tendo em vista que
horizontal de camadas de solo situadas em os testes de laboratório não fornecem valores
presença de lençol freático, cujos valores são apropriados para fins de projetos de drenagem
empregados principalmente no cálculo de subsuperficial por que as amostras medidas são
espaçamento entre drenos. pequenas e em geral fragmentadas, sendo assim
alteradas características importantes como
Um furo de trado é feito até penetrar em profun- estrutura e consistência, que exercem grande
didade suficiente na camada da qual se quer medir influência na permeabilidade do meio poroso.
a condutividade hidráulica. Durante o preparo do
furo é feita uma descrição sucinta do perfil do solo. O método de teste de furo de trado em presença
de lençol freático foi idealizado por Diserens (6),
A condução do teste, após a estabilização do em 1934, tendo sido posteriormente aperfeiçoado
lençol freático e remoção da água é rápida, por pesquisadores como Hooghoudt, Kirkhan, Van
podendo ter duração mínima de cerce de 30 Bavel, Ernst e Jonson.
segundos, para solos de textura leve e muito
permeáveis e de um máximo de 36 horas para solos Valores de condutividade hidráulica obtidos por
argilosos e muito consistentes. meio deste método (2) são em geral aproximados
dos valores computados a partir de medidas de
É um teste prático, rápido e de baixo custo, sendo vazões de drenos, o que indica que o método é
necessário no máximo duas pessoas para a sua bastante confiável, sendo uma das maneiras mais
condução. simples e práticas de se medir a condutividade
hidráulica de uma camada de solo "in loco". Muita
O equipamento utilizado na sua condução é experiência já foi acumulada por meio da
simples e de fácil preparo e transporte. condução de milhares deste tipo de teste.

É indicado nos estudos de drenagem de áreas que


l. Introdução apresentem o lençol freático situado próximo da
superfície do terreno.
Muitos avanços tem sido feitos no que se refere às
leis de fluxo de fluidos através de meio poroso. Propicia a obtenção da condutividade hidráulica
horizontal de camadas de solo situadas em
Sob o ponto de vista da engenharia, o problema presença de lençol freático.
principal reside em aplicar os princípios teóricos
na medição da condutividade hidráulica dos solos Os valores obtidos refletem a condutividade
com fins de empregar os valores obtidos na projeção hidráulica da camada de solo que se estende desde
de sistemas apropriados de drenagem subterrânea. a superfície estática do lençol freático até o fundo
do furo, quando este se assenta sobre o imper-
O desenvolvimento de um método de campo para meável, ou desde a superfície do lençol até um
medir condutividade hidráulica em presença de pouco abaixo do fundo do furo de trado, quando o
lençol freático prático e ao mesmo tempo confiável impermeável se situa em profundidade inferior.

111
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Os valores de condutividade hidráulica obtidos por caso, inclui (7) o perfil abrangendo a zona das
meio deste método são utilizados principalmente raízes e as diversas camadas ou formações
no cálculo de espaçamento entre drenos, podendo geológicas.
também ser utilizados em estudos de perdas de
água provenientes dos canais de irrigação. Geralmente a escolha dos locais de testes é feita
"a priori" após a análise dos dados de perfis do solo
O equipamento utilizado na condução do teste é da área e o conhecimento do posicionamento do
muito simples de preparar e de baixo custo. Para a lençol freático.
sua condução são geralmente necessários dois
homens. O período de duração de um teste vai Praticamente não existem limitações no que se
depender das características da camada testada, refere ao acesso de materiais á área do teste, tendo
podendo em casos de camadas bastante permeá- em vista que este é bastante simples, podendo ser
veis ser de um mínimo de 60 segundos e de um todo transportado por um só homem.
máximo de 36 horas em solos muito adensados
(consistentes) ou solos muito argilosos, principal-
mente naqueles com predominância de argila 2:1, 3. Profundidade, espessura
como é o caso dos vertissolos. da camada e número de testes

Para a condução do teste basta fazer um furo até a Profundidade total do furo
profundidade desejada com o uso de trado manual,
perfurando na zona do lençol freático e na camada A profundidade do furo vai depender das caracterís-
da qual se deseja obter o valor da condutividade ticas das camadas do perfil do solo que se deseja
hidráulica. testar, como espessura, profundidade e distribuição
destas. Se o solo for homogêneo em todo o perfil,
Após a estabilização do lençol freático, a altura como é geralmente o caso de latossolos, basta
da lâmina de água é medida e a quase totalidade tradar aproximadamente 70 cm em zona de lençol.
desta é removida do furo. A ascensão do nível de Para solos heterogêneos, é necessário fazer furos
água no furo de trado é medida utilizando-se uma a diferentes profundidades para se determinar a
bóia fixada a um suporte (trena de aço, fita lisa, condutividade hidráulica de cada camada.
etc) onde as distâncias entre leituras em função
do tempo são lidas ou marcadas. Com base nas Para o cálculo de espaçamento entre drenos, os
leituras e empregando fórmulas e nomógrafos testes são comumente conduzidos em camadas
calcula-se o valor da condutividade hidráulica. situadas entre 0,80 e 2,0m de profundidade.

No presente trabalho inclui-se desenho com Para profundidades superiores a 6,0m, a condução
detalhamento de um novo equipamento para a deste tipo de teste é muito trabalhosa, devendo
condução deste tipo de teste. então ser substituído pelo teste de piezômetro.

Espessura da zona de teste


2. Escolha de locais para
a condução de testes É um valor que vai depender principalmente da
textura do material a ser testado.
Na escolha dos locais para condução dos testes é
importante o conhecimento de informações de solo Se o material apresentar características de ser
e geologia, bem como da profundidade do lençol muito permeável, a base do furo de trado deve
freático e fontes de recarga. O termo solo, neste estar no máximo a 90m abaixo da superfície do

112
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

lençol. Em geral, a escavação de 30 a 50m em 4. Material necessário


zona de lençol é suficiente para camadas que
apresentem altos valores de condutividade Para locação do teste, preparo do furo de trado
hidráulica, devido ao pequeno intervalo de tempo e descrição do perfil
para se fazer as leituras.
• mapa da área em escala apropriada para o nível
Número de testes de estudos desejado;
• Prancheta escolar;
É bastante difícil definir qual deve ser o número • ficha de descrição do perfil (pode ser dispensá-
de testes a ser conduzido em uma área, o que vai vel);
depender dos tipos e uniformidade das unidades • enxada;
de solos, bem como da extensão da área a ser • trados de 3 e 4 polegadas de diâmetro para solos
estudada. Para uma seleção eficaz do número de de textura média, leve e pesada, acompanhados
testes a ser conduzido é importante que sejam de haste (manivela) e extensões;
conhecidos "a priori" as características dos solos. • martelo de borracha;
• trena de aço de 3,0m;
O número de testes vai depender também do nível • Capas protetoras de tubo rosqueadas e "bailer"
de estudo a ser conduzido. Geralmente um mínimo de metal para tradagem em camadas instáveis e
de 2 a 3 testes por horizonte ou camada de solo saturadas. As capas podem ser de tubo plástico de
que apresentem características similares pode ser parede espessa para permitir conexão sem uso de
suficiente, desde que os resultados não sejam luva. Seu diâmetro interno deve ser ligeiramente
discrepantes. superior ao diâmetro externo do "bailer", o qual é
empregado como trado. O corpo do "bailer" poderá
Para estudos detalhados, visando a implantação ser de 80cm, tendo na parte superior encaixe para
de sistema de drenagem é aconselhável conduzir ser conectado com a haste ou extensões.
uma média de l teste por hectare (6).
Para a condução do teste
Em geral existem variações nos valores de
condutividade hidráulica obtidos para um mesmo • "Bailer" que, para furo feito com trado de 3",
tipo de solo, mesmo para testes conduzidos em pode ser preparado utilizando tubo de plástico
pontos situados próximos, donde conclui-se ser rígido e parede delgada, DN50, com 2,0m de
necessária a condução de vários testes em uma comprimento, o qual deve ter em sua parte inferior
mesma unidade de solo ou em uma mesma uma válvula que facilite ao máximo a entrada de
camada, com fins de estimar-se um valor médio água quando o tubo é introduzido no furo de trado.
de "K" que represente a ordem de magnitude da O "bailer" deve ser capaz de remover toda a água
condutividade hidráulica de cada camada testada. desejada em no máximo duas operações.
É importante que seja obtido um valor médio de • cronômetro ou relógio de pulso;
condutitividade hidráulica para cada tipo de • ficha de computação do teste;
camada de solo. • sistema medidor de ascensão do lençol, que pode
ser composto de suporte com roldana onde é presa
uma fita registradora contendo em uma extremi-
dade uma bóia que no momento do teste é jogada
no fundo do furo de trado. Na outra extremidade,
a fita é ligada a um contrapeso, conforme Fig.1.

113
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

É mais comum o uso de trena de aço de 2 a 3m galvanizado de 1/2 polegada previamente


de comprimento, onde em uma de suas extremi- preparadas para este fim com aproximadamente
dades é fixada uma bóia no momento do teste, 1,20m de comprimento
enquanto que a caixa na qual esta é enrolada fica • tubo tela protetor - é necessário o uso de tela
presa a um suporte (Fig.2). Os valores são lidos à protetora de paredes de furo de trado somente para
medida que esta se desloca em movimento vertical testes em solos instáveis. A tela deve ter diâmetro
ascendente. ligeiramente superior ao diâmetro de escavação
do trado, tendo em vista que o trado trabalhará
Pode-se também usar uma peça rígida presa a uma dentro desta. À medida que o furo vai sendo
bóia onde a ascensão do lençol em função do tempo escavado, a tela vai sendo pressionada para o seu
é marcada na mesma, a medida que esta se eleva, interior e portanto a espessura da parede da tela
tendo um ponto como referência fixa. tubo deve ser mínima. A área de fluxo da tela
protetora ou tubo perfurado protetor deve ser de
Detalhes sobre os sistemas de medição são dados no mínimo 10% de sua área total (8). Isto pode ser
no Capítulo 6: obtido fazendo-se em torno de 350 cortes por metro
linear de tubo, utilizando serra de 2mm e corte de
• lanterna - pode ser necessária para observações 2,5cm de comprimento. O ideal é adquirir tubo
no interior do furo e auxiliar na medição do seu tela apropriado;
diâmetro; • escarificador de parede de furo de trado - para
• lona protetora contra ventos fortes - pode ser solos muito argilosos ou argilo siltosos, a sua
necessária sua utilização como quebra-vento para utilização pode facilitar o fluxo da água para o
testes em regiões onde a velocidade dos ventos interior do furo, tendo em vista que o seu uso visa
seja muito intensa de modo a perturbar a condução eliminar superfícies de vedação provocadas pelo
do teste. A lona é presa a estacas de cano atrito do trado com o solo.

Fig. 1 - Esquema do sistema utilizado pelo U.S.Bureau of Reclamation em corte e vista de cima.

114
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

Fig. 2 - Vista esquemática do sistema de medição de ascensão do lençol onde é utilizada trena de aço.

No seu preparo podem ser utilizados dois pedaços tratar-se de variável importante na computação
de escova presos a um suporte que se adapte à da condutividade hidráulica.
haste do trado.
Um medidor de diâmetro pode ser improvisado
Pode-se também utilizar um cilindro de madeira utilizando-se o princípio de abertura empregado
confinado dentro de um pedaço de tubo de metal em compassos. Para isso, pode-se utilizar duas
com perfurações (Figura 3), com aproximadamente chapas que deverão ter as extremidades de contato
9cm de diâmetro e 7,5cm de comprimento (1). com o solo achatadas para aumentar a sua base
de contato, evitando assim a penetração destas
Em seguida, prendem-se cabeças de pregos nº 18, pontas no solo e conseqüentemente a obtenção
com folga entre o cilindro de madeira e as paredes de informações errôneas.
internas do tubo, com as pontas projetando-se para
fora. O conjunto é preso a um suporte adaptável à
haste de trado; 5. Preparo do furo
de trado e descrição do perfil de solo
• medidor de diâmetro de furo de trado - o uso do
medidor é dispensável quando se utilizam trados Em uma primeira etapa faz-se um furo de trado
cujos diâmetros dos furos produzidos são conheci- para descrever o perfil do solo e anotar as
dos. Geralmente, isto ocorre quando se trabalha profundidades da barreira e do lençol, após a sua
com os mesmos trados. Deve-se observar o fato de estabilização. A seguir é feito outro furo para a
que com o uso prolongado do trado, as lâminas se realização do teste, utilizando-se preferencial-
desgastam, reduzindo o diâmetro dos furos por eles mente trados de 3 polegadas de diâmetro nominal,
feitos. Quando não se sabe previamente qual o que podem ser do tipo holandês ou Riverside. Em
diâmetro do furo feito, este deve ser medido, por solos argilosos ou material mais consistente, é

115
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 3 - Desenho esquemático do escarificador em planta e corte

aconselhável (5) escavar primeiro com o trado de 6. Condução do teste


3 polegadas e depois com o trado de 4" ou trado
de 2"e a seguir de 3", visando diminuir a fricção e Após a perfuração do furo de trado até a profun-
a conseqüente vedação parcial das paredes internas didade desejada e tendo descrito o perfil, deixa-
do furo. se que o nível de água dentro do poço equilibre
com o nível estático do lençol freático. Em solos
O furo deve seguir um eixo vertical, para evitar o de média a alta condutividade hidráulica uma
surgimento de problemas no momento da condução espera de 10 a 30 minutos é suficiente. Para solos
do teste. As lâminas cortantes ou as pontas do trado com permeabilidade da ordem de 0,10 m/dia, são
devem fazer o corte com um diâmetro ligeiramente necessárias algumas horas para o lençol atingir a
superior ao do corpo deste para evitar o alisamento estabilização.
e a conseqüente vedação das paredes do furo,
facilitando também os trabalhos de tradagens. Quando muitos testes precisam ser feitos em uma
mesma área, é boa prática fazer-se a tradagem,
Devem ser empregados trados apropriados para descrever o perfil, escarificar as paredes do furo,
cada camada de solo a ser perfurada, existindo se necessário, e a seguir drenar a água uma ou
trados para textura leve, média e pesada. duas vezes. Essa retirada da água tem como
finalidade reduzir uma possível obstrução parcial
A terra deve ser disposta sobre a superfície do dos poros das paredes do furo. A seguir trada-se
terreno preferencialmente em camadas que em outro ponto, seguindo-se o mesmo roteiro e
representem cada 30cm de escavação. Em seguida, assim sucessivamente. Em outra etapa de serviço
são anotadas a profundidade, a cor, a textura, a conduz-se os testes.
consistência, presença de mosqueado e concre-
ções para cada camada, devendo ser registrada Antes de remover a água do furo de trado, o
qualquer informação julgada de importância para equipamento de medição deve ser instalado em
a interpretação dos resultados a serem obtidos. uma posição apropriada, devendo estar pronto para

116
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

que a bóia seja jogada no interior do furo o mais Vantagens


rapidamente possível após a retirada da água. É • É o método mais simples no que se refere ao
essencial diminuir ao máximo o espaço de tempo transporte do material e à instalação do teste.
entre a remoção da água e o início das leituras,
com fins de diminuir a influência da curvatura do Desvantagens
lençol nas imediações do furo, principalmente para • Em presença de ventos fortes o método é
testes em camadas muito permeáveis (Figura 4). problemático, o que pode ser evitado instalando
protetor de ventos;
Podem ser utilizados vários sistemas para medir a • Para profundidades de testes abaixo de 2m da
velocidade de ascensão da água no furo de trado. superfície do terreno é pouco apropriado.
Apresenta-se 2 sistemas de condução, sendo que
a opção de escolha vai depender das condições
gerais de trabalho e facilidade de preparo do 6.2. Método que utiliza
material. Ambos apresentam vantagens e desvan- fita lisa para registro
tagens que devem ser consideradas.
É o sistema utilizado pelo U.S.Bureau of Recla-
mation. Consiste de tripés do tipo utilizado como
6.1. Método que emprega trena de aço suporte de aparelhos de topografia. Uma tábua de
aproximadamente 30cm de comprimento por 10cm
É comumente utilizado no Reino dos Países Baixos. de largura e 5cm de espessura é presa na mesa do
Consiste de um suporte de ferro cilíndrico e tripé por meio de um parafuso rosqueado situado
pontiagudo medindo em torno de 5Ocm de em uma de suas extremidades. Na outra extremi-
comprimento por l,5cm de diâmetro que é dade são feitas duas cavidades, sendo que uma
introduzido no solo próximo ao furo. Na extremida- serve para fixar uma pequena roda de nylon que
de superior deve ter uma fenda no sentido vertical pode ser do tipo usado em pés de cadeira, por sobre
e um parafuso para prender a ponta do braço ajus- a qual a fita se desloca, e a outra serve para
tável que nela é introduzida no momento do teste. encaixar um cronômetro no momento do teste. A
fita deve ter no mínimo l,50m de comprimento e,
O braço móvel desloca-se no sentido horizontal e no máximo, 1cm de largura (o que também
contém um encaixe para fixar o invólucro de uma depende da largura da roda de nylon), devendo o
trena de aço e um orifício guia que ao mesmo material ser resistente e fácil de ser riscado.
tempo serve de referência para as leituras e por
onde a trena passa. O braço deve ser de chapa Em uma das extremidades da fita é fixado um frasco
resistente com 25cm de comprimento por 2,5cm de plástico de 6 a 8cm de diâmetro por meio de
de largura e aproximadamente 2mm de espessura. barbante ou fio de nylon. Este frasco funcionará
Na ponta da trena é fixada uma bóia de frasco como bóia e deverá ter a forma cilíndrica e a parte
plástico ou isopor com um peso na parte inferior, superior não angulosa. Esta forma é para diminuir
a qual é jogada dentro do furo após a retirada da possível atrito do frasco bóia com as paredes do
água. A bóia deve ter a parte superior bem furo à medida que esta se eleva movida pela
abaulada para diminuir o atrito com o terreno ascensão do lençol freático. A bóia deverá ser
quando é elevada pela água. A medida que a trena ligeiramente mais pesada na sua parte inferior (o
sobe, faz-se as leituras (fazendo marcas na trena que pode ser feito adicionando-se areia ou um
com caneta de ponta poroso, tinta lavável), fixando- pouco de água no seu interior) ou ainda, da forma
se previamente um intervalo de tempo. permanente, com a fixação de um pouco de arga-

117
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 4 - Desenho esquemático mostrando que o valor da condutividade hidráulica diminui a medida que o teste se
prolonga. Neste caso SD
SDY = ¼ Yo.

118
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

massa para provocar a sua queda no furo sempre inclusive ser feitas as leituras e anotações, por
em posição vertical. Na outra extremidade da fita um único operador. Para maior conveniência o
prende-se um contra-peso que pode ser idêntico intervalo de leitura é previamente fixado, o que é
ao que serve de bóia, devendo no entanto ser feito em função do conhecimento da camada a
ligeiramente mais leve que este. Desta forma a ser testada. No fim de cada intervalo são feitas
fita se mantém esticada durante todo o teste e ao marcas na trena ou fita, dependendo do sistema
mesmo tempo fica sensível a qualquer movimento de registro utilizado, até se observar que o intervalo
da água no furo de trado. entre estas vão se tornando menores.

As marcações na fita são feitas em relação a um Em função deste encurtamento, que representa uma
ponto fixo, situado na direção do suporte do eixo redução da vazão de entrada de água no furo,
da roda. (Figura 4) suspende-se a tomada de leituras, dando
esta fase por encerrada. O inicio de redução do
Vantagens: intervalo entre as marcas coincide em geral com
• os resultados são bastante precisos; uma altura de recuperação de água no furo
• pode ser utilizado para testes em camadas correspondente a aproximadamente 25% da altura
profundas. total da lâmina d'água removida, ou seja, se for
Desvantagens: retirada uma lâmina de 40cm (Yo = 40), 25% da
• o material é mais difícil de ser transportado; altura total retirada corresponderá 10cm. As
• é afetado por ventos, o que pode ser superado anotações que vão até este ponto são consideradas
com a instalação de quebra-ventos. confiáveis. Esta faixa varia em função do diâmetro
efetivo do trado usado, sendo que para furos de
A Figura 5 mostra desenho esquemático do sistema. 8cm de diâmetro esse valor pode ir a 30%,
enquanto que para diâmetros maiores que l2cm
Em ambos os métodos é, em geral, necessária a essa altura deve ser menor que 25%. Na Figura 5
atuação de dois homens experientes. é apresentado desenho esquemático da zona de
teste.
A confiabilidade dos resultados é maior quando
são utilizados, na computação da condutividade Observa-se que geralmente há uma discrepância
hidráulica, resultados de leituras provenientes da do primeiro intervalo em relação aos demais após
recuperação da altura da lâmina de água do poço a retirada da água do furo, sendo praticamente
até a metade da altura original da água ou valor inevitável porque a bóia ao cair provoca agitação
H. Os intervalos de leituras dependem da permea- da água por certo período de tempo.
bilidade da camada testada, geralmente variando
de 5 a 30 segundos. Caso sejam observados espaços irregulares durante
o período de leituras ou após o seu término, o teste
Imediatamente após a retirada da água por uma deve ser repetido, bastando para isso esperar que
pessoa, a outra desloca rapidamente em movi- o lençol freático se estabilize.
mento horizontal a parte móvel do sistema medidor
para a direção do eixo do furo. Instantaneamente 7. Cálculo da condutividade hidráulica
a bóia é liberada, caindo no seu interior. Nesse
momento é feita a primeira leitura ao mesmo Tendo-se a profundidade total do furo (D) e a pro-
tempo que se inicia a cronometragem. Em fundidade da barreira em relação à superfície do
camadas de baixa condutividade hidráulica estas terreno, obtém-se a profundidade da barreira em
operações podem ser mais demoradas, podendo relação ao fundo do furo (S), conforme Figura 6.

119
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig.5 - Desenho esquemático da zona de teste

H = altura total do lençol - nível estático (cm).


C = profundidade total do furo.
Yo = lâmina de água que corresponde à distância entre a primeira marca feita com a bóia no nível
estático e à segunda marca do nível mínimo após remoção da água (cm).

120
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

Para o caso específico de estudos de camadas intervalos de tempo entre as leituras. (ver Fig. 6)
ou horizontes de solo, barreira é toda camada que
restringe o movimento vertical da água no solo. A próxima etapa consiste em calcular os valores
de Y, Y/r e H/r. De posse destes valores e
De acordo com o U.S.Bureau of Reclamation conhecendo-se a distância do fundo do furo à
(5),"barreira é toda camada cuja condutividade barreira, obtém-se diretamente a condutividade
hidráulica é igual ou inferior a 1/5 da condutivi- hidráulica em metros por dia, empregando-se a
dade hidráulica média das camadas superiores." fórmula onde o valor da constante "C" é obtido
utilizando-se um dos nomogramas de Ernst
O U.S.Soil Conservation Service (4) assume que, apresentado por Millar (3), para as condições S=0
para que uma camada se constitua em barreira, a ou S>1/2 H conforme Figuras 7 e 8. O valor de C
sua condutividade hidráulica deve ser inferior a 1/ é uma função de Y, H, r e S.
10 da condutividade hidráulica do material que
sobre esta se assenta. Van Beers (6) assume que Existem gráficos específicos preparados por Ernst
barreira é toda camada cuja permeabilidade se para furos de raio igual a 4 e 6cm e também para
situa em torno de 1/10 da permeabilidade das as condições de S = O e S>1/2H (6). Estes não são
camadas que a ela se sobrepõe. apresentados porque dificilmente trabalha-se com
trados que perfurem exatamente nesse diâmetro e
Quando a seleção dos locais de condução de tes- também porque os nomogramas apresentados
tes, feita com base nos estudos pedológicos e satisfazem plenamente.
geológicos da área, em geral a barreira já é
conhecida antes do teste. É no entanto necessário O manual de drenagem do U.S.Bureau of Reclama-
fazer um furo de trado com fins de checagem, tion (5) também apresenta nomogramas para
quando houver indicação de que esta camada obtenção do valor C, que são 100 vezes maiores
encontra-se próxima daquela a ser testada. Quando que aqueles apresentados nos nomogramas de Ernst.
não se tem informações que possibilitem uma Dessa forma, a condutividade hidráulica é obtida
estimativa da possível presença de barreira, deve- diretamente em pés/dia, quando o valor "C" é
se fazer um furo de trado que ultrapasse a multiplicado por , sendo 'y em pés e 't em
profundidade da camada a ser testada até no segundos.
mínimo de 0,5H.
Apresenta-se, a título de ilustração, (Figura 9) um
Da condução do teste obtém-se os valores de altura modelo de ficha de computação utilizado pelo U.S.
total da lâmina de água removida do furo (Yo) bem Bureau of Reclamation. Nela são anotadas as
como os valores das distâncias entre leituras, em distâncias entre leituras e os tempos correspon-
função de um tempo prefixado, que são anotados dentes, ficando assim registradas todas as
na ficha de computação do teste. informações.

Estima-se então o valor de DY, que em geral, A primeira leitura neste caso foi desprezada por
corresponde a 1/4 de Yo. Este valor é indicativo problemas de precisão de medição, devendo-se
do ponto onde os espaços entre as leituras evitar que isto aconteça.
começam a se tornar mais próximos um do outro.
Toma-se um determinado número de espaços a Apresenta-se também ficha de computação da
partir da primeira leitura ou marcação, que somados condutividade hidráulica (Figura 6) contendo
resultem em um valor próximo do valor de DY valores obtidos em um teste realizado em material
estimado. Assim obtém-se o DY medido e, como de alta permeabilidade. A mesma ficha contém
conseqüência o valor de Dt que é a soma dos desenho esquemático do teste.

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

FICHA DE CÁLCULO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA


Teste de Furo de Trado em Presença de Lençol Freático

Projeto: J. Márcio ________ Data: __ / Junho / 86 Teste nº: 02


Locação: 68m dreno noroeste e 3 m limite sudoeste
Executor : Manuel J. Batista
Profundidade da Barreira: ____desc. m

Fig. 6 - Ficha de campo para computação do valor K

122
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

Quando não existem nomogramas disponíveis, A condutividade hidráulica é calculada para cada
podem ser usadas fórmulas para a computação camada em ordem de condução dos testes. A
da condutividade hidráulica; entretanto, o emprego condutividade hidráulica calculada para cada teste
dos nomogramas apresentados é mais prático do consecutivo representaria um valor médio de con-
que o cálculo feito através de fórmulas. Os dutividade hidráulica de toda a camada, desde a
resultados obtidos com uso dos nomogramas são superfície estática do lençol até a profundidade
também mais precisos, com uma margem de erro total do furo em cada teste. A permeabilidade de
de no máximo 5% enquanto que, com o uso de cada camada individual ou de diferentes trechos de
fórmulas, este pode ser de até 20%, razão pela uma mesma camada é obtida através da fórmula:
qual a apresentação das fórmulas torna-se
dispensável.
Kn.x= condutividade hidráulica a ser obtida - m/
Nas medições da altura da lâmina d'água (H) e do dia;
raio do furo (r) devem ser tomados cuidados Kn= condutividade hidráulica obtida na seqüência
especiais. Erros de 1 cm, no valor de H, quando de teste - m/dia;
este for de 50cm (6) podem causar diferenças de dn= espessura da camada em ordem de condução
2% no valor da condutividade hidráulica (K). Para do teste - m;
o caso do raio do furo de trado, qualquer erro pode Dn= profundidade total do teste em ordem de
ser bastante significativo, tendo em vista que dife- condução, tomando como referência o nível
rença de apenas 1 cm na medição pode causar estático do lençol freático - m;
erros na obtenção do valor da condutividade n = número do teste;
hidráulica da ordem de 20%. x = ordem de seqüência de testes.

Se for obtido algum resultado negativo, o teste


8. Testes em diferentes deve ser conduzido novamente. Se o fenômeno se
camadas de um mesmo perfil repetir, este teste então deverá ser substituído por
teste de piezômetro.
Muitas vezes é necessário obter-se a condutividade
hidráulica de diversas camadas de um mesmo
perfil. Com isso pode-se saber qual a variação de 9. Limitações quanto ao uso do teste
permeabilidade em função da localização do teste
no perfil de solo, conduzindo-se o teste de furo de Para camadas sob condições artesianas os
trado em diferentes profundidades. No entanto, resultados não são validos.
para testes em camadas mais profundas, o método
de piezômetro se adapta melhor. O resultado pode ser inteiramente mascarado se
na camada testada houver um horizonte de
Os testes podem ser conduzidos a diferentes material arenoso incrustado.
profundidades e em um mesmo furo ou em furos
de trado diferentes, desde que bastante próximos. Não pode ser conduzido se o lençol freático estiver
Para testes em um mesmo furo (Figura 10), a no mesmo nível do terreno ou superior a este.
tradagem é inicialmente feita até uma distância
de no máximo 7,5 a 10 cm da camada imediata- Em camadas profundas o teste é muito difícil de
mente inferior. Conduzido o teste, o furo é então ser conduzido, como por exemplo, camadas a
perfurado até a próxima camada observando a 6,0m.
mesma distância e assim sucessivamente até a
última camada a ser testada.

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Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Em camadas formadas de material rochoso ou O equipamento utilizado na sua condução é


cascalhento, o teste é impraticável, devido às bastante prático, simples e de baixo custo.
dificuldades de tradagem e a obtenção de um furo
de diâmetro uniforme. Dependendo do material a ser testado, uma equipe
de 2 homens pode preparar o furo de trado,
descrever o perfil, conduzir o teste e computar o
10. Conclusões valor da condutividade hidráulica em período
inferior a uma hora.
O teste fornece valores bastante confiáveis da
condutividade hidráulica lateral do solo, sendo a O número de testes a serem conduzidos em uma
maneira mais adequada de se obter estes valores área vai depender das condições pedológicas e
para camadas de solo em presença de lençol geológicas desta, bem como do nível de estudo
freático e situadas em profundidades menores que requerido.
6,0m.
É importante que sejam obtidos valores médios
É mais comumente empregado para obtenção do representativos da condutividade hidráulica dos
valor "K" em camadas situadas em torno de l,5m. diversos tipos de solo ou camadas de solo de uma
área, tendo em vista que os valores podem variar
É utilizado em praticamente todo estudo de muito, mesmo para pontos situados próximos uns
drenagem subterrânea a nível de implantação de dos outros em uma mesma camada. É essencial
drenos, sendo o teste mais importante para este não se basear em valores pontuais, mas em valores
fim. Em estudos a nível de viabilidade de implan- médios de condutividade hidráulica.
tação de projeto de irrigação e drenagem é também
bastante importante.

124
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

Fig.7 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático.

125
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 8 - Nomograma para obtenção do valor C para cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol
freático

126
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

FURO NÚMERO E-4 LOCAL: Sample Farm

EXECUTOR: A.P.B. DATA: 08 outubro de 1974

FURO COM TELA X SEM TELA DIÂMETRO DO FURO 4 POLEGADAS

0 - 11 pés - Marrom claro, franco arenoso (SL), r=0,167 pés


friável, não plástico, granular. úmido até 5 pés. D=9,0 pés
Tudo indica que possui boa condutividade
hidráulica. W=4,8 pés
H=4,2 pés
0 - 12 pés - Argila cinza azulada, (C) plástico, sem Yo=3,15 pés
estrutura. Tudo indica que é impedimento. 0,8Yo=2,52 pés

TEMPO Dt Yn Dy
SEGUNDOS Yn = = 2,82 pés
0 - - -
13 13 3,15 Yo DY = = 0,11 pés
23 10 3,04 0,11
33 10 2,93 0,11 Dt = 10 segundos
43 10 2,82 0,11 H
= = 25,15
53 10 2,70 0,12 r
63 10 2,59 0,11 Yn
0,8Yo 73 10 2,49 0,10 = = 16,89
r
83 10 2.40 0,09 C = 390 ( do nomograma )
93 10 2,31 0,09
K=C = 4,3 pés/dia

NOTA: A primeira leitura foi desprezada por problemas de medição

Fig. 9 - Dados e computação de condutividade hidráulica em teste de furo de trado em presença de lençol
freático, segundo o U.S.Bureau.

127
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 10 - Exemplo de cálculo da condutividade hidráulica de camadas específicas de solo, segundo o U.S.Bureau
of Reclamation. Os valores são apresentados nas unidades originais.

128
Condutividade Hidráulica -
teste de furo de trado em presença de lençol freático

Bibliografia

1 - BATISTA, Manuel de Jesus. Teste de furo de


trado em ausência de lençol freático.
Brasília: CODEVASF, 1981. 37p. il.

2 - DE BOER, Darrell W. Comparison of three field


methods for determining saturated hydraulic
conductivity. Transactions of the ASAE.
Local, v.22, n.3, p.569-572, may/june 1979.

3 - MILLAR, Agustín A. Drenagem de terras


agrícolas; princípios, pesquisas e cálculos.
Petrolina: SUDENE, 1974. v. 1. il. (IICA.
Publicações miscelâneas, 124).

4 - U.S.DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. Soil


Conservation Service. Drainage of agricul-
tural land. Washington: 1971. 1v. il.
(National engineering handbook, section 16).

5 - U.S.DEPARTAMENT OF THE INTERIOR. Bureau


of Reclamation. Drainage Manual; a water
resources technical publication. Wa-
shington: 1978 - 286 p. il.

6 - VAN BEERS, W.F.J. The auger hole method; a


field measurement of the hydraulic con-
ductivity of the soil below water table.
Holland: International Institute for Land
Reclamation and Improvement, 1970. 31p.
il. (Bulletin, 1).

7 - WINGER, Jr., R.J., LUTHIN, J.N. Guide for


investigation of subsurface drainage pro-
blems on irrigated lands. Michigan:
American Society of Agricultural Engineers,
S.D. 1 v. il. (Special publication Sp - 04 -
66).

8 - WINGER, Jr., R.J. In place permeability tests


used for subsurface drainage investigations.
Denver, Colorado: Division of Drainage and
Groundwater Engineering, 1965. l v. il.

129
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

12. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA –


TESTE DE FURO DE TRADO EM
AUSÊNCIA DE LENÇOL FREÁTICO

12.1. MÉTODO DE WINGER método são somente menores em cerca de 15%.


Para se obter um valor mais representativo é
1. Introdução recomendável realizar o teste dentro de uma única
camada de solo de cada vez, o que nem sempre é
O teste foi desenvolvido por Winger (3) para ser possível quando as camadas são delgadas.
conduzido em camadas de solo situadas na
ausência de lençol freático. É empregado em Com base nos valores obtidos por meio do teste
estudos a nível de projeto de drenagem subterrânea pode-se também identificar presença de barreira.
e em estudos de drenagem para classificação de
terras para irrigação. Em estudos de drenagem subterrânea assume-
se, em geral, que barreira é toda camada cuja
Mede a condutividade hidráulica horizontal da condutividade hidráulica é igual ou inferior a 1/10
camada de solo testada. Os resultados são válidos da condutividade hidráulica média das camadas
para o fluxo da água após ser atingido o estado de superiores.
saturação. Os valores de condutividade hidráulica
"k" são utilizados principalmente para cálculo do Para a condução do teste são empregados trados
espaçamento entre drenos; podem também ser tipo holandês ou caneco, válvula reguladora de
importantes para estudos de classificação de terras fluxo, reservatórios para abastecimento e
para irrigação, onde analisados em conjunto com transporte de água e viatura tipo pick-up.
outros fatores, auxiliam na definição das classes
de terra. Na computação dos valores de condutividade
hidráulica podem ser utilizadas fórmulas, ou
O teste é conduzido dentro de um furo de trado, nomógrafos, obtendo-se os valores em litros por
sendo fixada, na profundidade desejada, uma válvula hora ou em metros cúbicos por dia.
conectada com um reservatório calibrado, onde o O período de condução do teste é de no mínimo
volume de água consumido é medido. 06 (seis) horas, considerando-se que deve ser
alcançado o estado de saturação do solo nas
Quando conduzido em zona do perfil, onde existir imediações da zona testada.
mais de uma camada de solo, mede a condu-
tividade hidráulica de toda a zona testada, porém
o resultado obtido reflete, principalmente, a 2. Escolha de locais de execução
condutividade hidráulica da camada mais dos testes
permeável. Segundo De Boer (1) dados experi-
mentais mostram que os valores médios de Os testes são conduzidos em áreas que possuam
condutividade hidráulica obtidos por este método condições pobres de drenagem interna ou
são 47% inferiores aos valores obtidos com o teste suspeitas de virem a apresentar, no futuro,
de furo de trado de presença de lençol freático. problemas de drenagem, provocados pela prática
Segundo Winger (1), os valores médios de da irrigação.
condutividade hidráulica obtidos através deste No estudo de uma área faz-se a seleção das

130
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

camadas de solo cuja condutividade hidráulica se função do grande número e variação das camadas
deseja obter. Essa escolha é a princípio feita em do solo.
escritório, com base nas descrições de perfis Na definição do número de testes o mais
provenientes de estudos de solo, devendo ser importante é a experiência do técnico de drenagem
também levadas em consideração as condições e o conhecimento dos solos da área.
de acesso e distâncias aos cursos de água ou
pontos de abastecimento.
4. Material Necessário
Em mapas topográficos, ou mesmo em aerofoto-
grafias da área, marcam-se "a priori", os locais de É necessário contar-se com uma quantidade
possíveis testes. Uma seleção final é geralmente apreciável de material, conforme segue:
feita"in-loco".
Para perfuração do furo de trado
É sempre interessante o conhecimento da e descrição do perfil
disposição das camadas superficiais da área do • enxada para limpar a área;
trabalho, porque as camadas a serem testadas • trados para solos de textura leve, média ou
podem apresentar-se onduladas e, então, caso isto pesada; deve-se contar com trados preferencialmente
aconteça, pode-se localizar os testes em pontos de 3 a 4" de diâmetro;
onde os horizontes do solo, a serem testados, • manivela ou haste de trado;
apresentem profundidades e espessuras mais • extensões de 1,0 m;
convenientes. • martelo de borracha;
• sacos plásticos e etiquetas, caso haja
Locais de fácil acesso devem ser preferidos, devido necessidade de coletar amostras;
a necessidade de se transportar todo o material e • prancheta escolar e ficha de descrição do perfil.
água para o local escolhido. No mínimo é
necessário que haja acesso para uma pick-up. Para condução do teste
• Escarificador para eliminar compactação e
superfícies que se tornem lisas devido aos
3. Número de testes movimentos do trado, o que prejudica a penetração
normal da água nos poros.
O número de testes vai depender principalmente
do nível de estudos, das dimensões do projeto e • Capa protetora, do mesmo tipo indicado para o
das dimensões de cada unidade de solo dentro do caso anterior, para testes a serem realizados em
projeto. camadas de solo instáveis, o que ocorre principalmente
em solos siltosos, solos de textura arenosa fina e
Deve-se fazer, de um modo geral, dois a três testes solos com predominância de argila do tipo
com repetição, para cada camada ou horizonte de montmorilonita, como é o caso dos vertissolos. O
solo a ser estudado. filtro serve para evitar o desmoronamento da parede
do furo de trado com a conseqüente alteração do
A nível de projeto executivo, é recomendável diâmetro interno desta.
conduzir de 2 a 3 testes para cada 5 a 25 hectares,
o que vai depender também da extensão da área e Para testes em camadas instáveis, abre-se o furo
da uniformidade das unidades de solo. com trado de 4 polegadas e usa-se capa de 3
polegadas, enchendo-se o espaço situado entre
Em solos aluvionais geralmente é necessária a o furo e o cilindro com areia grossa lavada. Com
condução de um maior número de testes em isso consegue-se manter a cavidade original do

131
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

furo do trado.

O uso de capa protetora pode ser substituído, e • Mangueiras de plástico flexível, de aproxima-
com grande vantagem de ordem prática, principal- damente 6,0 m de comprimento e de 1,0 a 1,5
mente quando se trabalha com camadas de solo polegadas de diâmetro interno, para abastecer de
de baixa condutividade hidráulica, pelo enchimento água os tambores a serem usados no teste.
do furo de trado, até a parte superior da vávula
reguladora de fluxo da água, com areia grossa • Vasilhames com capacidade para conter de 50 a
lavada ou cascalho fino, conforme Figura 1. A areia 200 litros de água.
é colocada no furo até atingir a altura definida para
a bóia, que a seguir é fixada no ponto Pode-se usar um único tanque alimentador, como
predeterminado e coberta com o mesmo tipo de também, conectar dois deles para serem usados
areia. em conjunto, conforme Figura 2. Quando o
consumo de água é grande, o uso de dois
• Estopa para ser colocada no fundo do furo e vasilhames ao mesmo tempo facilita a obtenção
pressionada (socada) para evitar a formação de de uma descarga contínua. Neste caso, antes de
suspensões ao colocar-se água no furo, quando a completar o volume de um deles (zerar), deve-se
água for inicialmente liberada. tomar nota do volume gasto e, ao mesmo tempo
em que o registro de um tambor é fechado, o
• Uma pick-up munida de vasilhames para o registro do outro é aberto.
transporte de água.

Fig. 1 - Esquema de teste onde é utilizada areia para manter a parede do furo estável.

132
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

• Relógio para medir os intervalos de leitura.

A conexão entre vasilhames é feita por meio de • Trena de aço para medir a profundidade do furo e
um "T" de ½" munido de bicos de torneira de jardim, a altura da lâmina de água neste.
de preferência de metal, nas quais conectam-se
as mangueiras. • Ficha de anotação e computação do teste.

• Uma válvula com bóia para regular o fluxo de • Lanterna para eventuais necessidades de
água e manter seu nível constante no interior do observações no interior do furo e possíveis leituras
furo de trado. noturnas.

A válvula deve se ajustar, com folga, ao furo de • Varetas de vergalhão enferrujado, de preferência,
trado, fornecer a vazão necessária, e controlar o para medir, com maior precisão, a altura da lâmina
nível de água. de água.

É fixada e mantida na altura desejada através de • Tubo plástico incolor para conectar o tambor à
arame ou barbante preso a um suporte atravessado bóia, devendo ser de ½ polegada de diâmetro
na "boca do furo" – pedaço de pau roliço e fino de interno.
1,0 a 1,5 cm de diâmetro.
• "T" de ½ polegada com três nipes e três pontas

Fig. 2 - Desenho esquemático de um teste onde são usados dois tambores e "T" para conexão.

133
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

de torneira de jardim. polegada, sendo dispensada a fixação de torneira


ao mesmo, conforme Figura 4.
• Um nível de pedreiro para nivelamento aproximado A mangueira, de 1/2", que abastece o teste é
dos tambores. mantida no interior do vasilhame preferencialmente
com o uso de vergalhão de 4,2 mm, amarrada
• Barbante forte e que não seja de material sintético, com uso de barbante.
para prender o suporte da bóias à tábua que fica
na "boca do furo" e para vedar as uniões dos tubos
6. Preparo da válvula
de pvc flexível com o tambor e bóia carburador.
reguladora do fluxo de água
Deve ser usado preferencialmente molhado.

Uma maneira simples e prática de preparar uma


• Fita crepe.
bóia para teste de furo de trado, consiste do
seguinte material:
• Um funil bastante grande e um balde de 20 litros
de capacidade podem ser úteis no caso de haver
a) um pedaço de tubo de plástico, DN 50, tipo
dificuldades para encher totalmente os tambores
esgoto, de pvc rígido e parede delgada, com 15 a
por gravidade.
20 cm de comprimento;

b) dois tampões de pvc rígido, DN 50.


5. Preparo do tambor calibrado
c) uma válvula completa, de ½ polegada, do tipo
A um vasilhame de plástico de 50 ou 100litros de usado em caixa d’água doméstica;
capacidade é fixada uma fita crepe. Na parte
externa e sobrepondo a fita ajusta-se, como visor, d) um bico de torneira de jardim de metal.
um tubo comunicante de material plástico flexível
e transparente, de ¼ de polegada de diâmetro • Perfura-se um dos tampões de pvc e a ele fixa-
interno, que se comunica com a parte interna do se a válvula de ½ polegada;
tambor, tendo uma das pontas presa a uma vareta
de vergalhão ou qualquer material pesado, que • o segundo tampão é perfurado com broca fina,
mantenha a ponta da mangueira amarrada próxima permanecendo com aspecto de chuveiro, sendo a
do fundo do vasilhame. seguir fixado ao tubo;

Para a sua calibragem o vasilhame é colocado • o braço ou alavanca de bóia é cortado e fixado,
sobre uma mesa, onde deve ser nivelado. A seguir em linha, com parte móvel da bóia.
enche-se totalmente o vasilhame, o qual deve ser O conjunto deve ser ajustado para que o curso da
mantido nivelado. Em um determinado ponto da parte móvel da válvula seja suficiente para liberar o
parte superior do mesmo, marca-se na fita o ponto máximo de água sem sair da cavidade guia.
"ZERO" com um lápis preto. Daí em diante, com o
emprego de uma proveta ou um frasco tarado, A operação seguinte consiste em fechar o conjunto,
retira-se a água de 250 em 250 mililitros, até encaixando-se primeiro a parte móvel da válvula,
que o vasilhame fique completamente calibrado. para depois ajustar-se a parte que confina a bóia.
Para evitar-se que o conjunto se solte, usa-se um
Daí a mangueira ascende esticada margeando a parafuso próprio para unir chapas de ferro. Na tampa
fita crepe onde é a seguir feita a calibragem. Neste superior é fixada uma alça para pendurar o conjunto
caso o vasilhame abastece o teste por meio de dentro do furo de trado. Ao conjunto fixa-se um
água sifonada, com uso de mangueira de ½ bico de torneira de jardim de ½" , conforme Figura 5.

134
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

A válvula é pendurada na posição desejada e


conectada, por meio de tubo plástico flexível de
1/2", ao tambor previamente calibrado, o qual deve
ter sido nivelado grosseiramente e ter o seu volume
de água conhecido.

• Solos instáveis

a - Emprego de tela e areia como forma de proteção


da geometria do furo.
Fig. 4 - Esquema do tambor calibrado sem uso de Coloca-se a tela no interior do furo e, então,
régua fixa e torneira. preenche-se o espaço entre este e a parede do
furo com areia grossa lavada e, a seguir, procede-
se da mesma forma anteriormente citada.
7. Condução do teste
b - Emprego somente de areia como forma de
Dois homens são suficientes para instalar e
proteção da geometria do furo.
conduzir o teste. De preferência, o furo deve
primeiro ser escavado com um trado manual de 3
Fixa-se a válvula na posição desejada e a seguir
polegadas sendo, a seguir, alargado com outro de
preenche-se toda a zona do teste com areia grossa
diâmetro um pouco maior, devendo ser atingida a
peneirada e lavada, ao mesmo tempo em que é
profundidade predeterminada para o teste. É feita
feita uma pequena compactação da areia.
a descrição do perfil, dando ênfase à cor, textura,
Procede-se assim até cobrir a bóia quase que
estrutura, mosqueado, presença de concreções e
totalmente.
consistência. Essas informações auxiliam, em
muito, na interpretação dos resultados obtidos
O furo deve, então, ser cheio de água até o ponto
pelos testes.
onde a válvula mantenha um fluxo de água
constante.
Depois de feito o furo de trado até a profundidade
desejada, este deve ser escarificado, na zona do
Logo que a válvula indicar que a lâmina de água
teste, para minorar os efeitos de compactação e
atingiu o equilíbrio entre a recarga e a infiltração
alisamento da parede pelo trado. Em solos de
checa-se a altura da mesma e, caso esta esteja
textura leve bem como em solos de textura média,
mais ou menos no ponto desejado, anota-se a
pouco adensados e cujo teor de umidade seja
data, hora e, então, faz-se a primeira leitura do
inferior a capacidade de campo, o uso de
volume consumido em litros. Toma-se em seguida
escarificador é dispensável. Depois do furo
a temperatura da água e dá-se o teste por iniciado.
escarificado, coloca-se na sua parte inferior um
Se o nível de água no furo estiver fora do desejado,
pouco de estopa para proteger o solo do impacto
faz-se o ajuste necessário alterando a posição da
da água e assim evitar a formação de suspensões.
válvula para o ponto pré-determinado.

Estando o furo de trado pronto para o teste, Depois de iniciado o teste cobre-se a "boca do
procede-se da seguinte forma: furo" para evitar a penetração de quaisquer objetos
ou animais.
• Solos estáveis

135
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

O tanque alimentador deve ser checado e o volume de leitura em horas. Os intervalos de leitura são
de água completado sempre que necessário. determinados em função do material testado,
podendo variar de 15 minutos a algumas horas. O
Em uma ficha de "leitura do teste" deve-se anotar importante é que sejam tomadas leituras que
as leituras feitas de modo que seja obtido o volume apresentem valores mais ou menos constantes
de água consumido em litros, para cada intervalo após a saturação.

Fig. 5 - Desenho esquemático de conjunto regulador de fluxo (bóia). A) Em perspectiva, tampa de pvc rígido
de 50 mm com válvula de ½" de metal do tipo usado em caixa d’água doméstica. Do lado oposto fica um bico
de torneira de jardim; b) Em corte, parte vedante da válvula e bóia preparada de isopor, conforme a figura; c)
Planta de parte inferior do conjunto mostrando as perfurações de saída da água; d) Corte do conjunto
mostrando todas as partes.

136
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

Fig. 6 - Desenho esquemático do fluxo depois da saturação na zona do teste.

8. Cálculo da Como K = c x q temos:


condutividade hidráulica K ( m/dia ) = 0,0039 X q X [ Ln (h / r) - 0,31 ] / h2

Antes de usar fórmulas ou nomógrafos para o


cálculo da condutividade hidráulica, é preciso saber Condição II
qual a profundidade da barreira ou lençol freático,
conforme ilustrado através da Figura 8. A barreira
formada, neste caso, pode ser de material rochoso,
camada de textura pesada, camada adensada ou
camada de material cimentado.
onde:
h = altura da lâmina de água no furo de trado (m);
De posse deste dado pode-se definir a condição
r = raio do furo (m);
do teste para efeito de cálculo da condutividade
q = volume de água consumido no período (l/h)
hidráulica, ou seja:

Condição I: Tu > 3h e Condição II: Tu ≤ 3h , sendo


• Uso de nomógrafo
"Tu" a distância que vai do fundo do furo de trado
ao lençol freático ou a barreira (m).
São apresentados 2 nomógrafos, conforme Figuras
9 e 10, que permitem obter os valores de
Emprego de Fórmulas
condutividade hidráulica "K" para as condições I e
II. Basta então estar de posse dos valores de "Q",
Condição I
"h/r" e "h", para obter-se o valor da Condutividade
Como a vazão "q" é obtida em litros por hora,
Hidráulica "k" em "cm/h", que multiplicado por 0,24
conforme leitura no tambor, esta tem que ser
resulta no valor "k" em m/dia.
transformada em metros cúbicos por minuto para
ser usada na fórmula. Para essa conversão, basta
Na Tabela 1, em anexo, apresenta-se ficha com
multiplicar o valor de "q" por 1,68 x 10 -5.
resultado de teste conduzido, para fins de
q (m3 / min) = q (l / h) X 10-5
classificação de terras para irrigação no município
O valor de " C " pode ser calculado pela fórmula:
de Jequitaí, Estado de Minas Gerais.
C = 1440{[ Ln (h / r) - 0,31 ] / (6,28 X h2)}

137
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 7 - Teste em operação com tambor alimentador e válvula.

138
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

Cond. I:Tu>3h Cond. II:Tu ≤3h

Tu

O teste não deve ser conduzido próximo a áreas


9. Cálculo da vazão ajustada de formigueiro ativos, do tipo saúva, ou mesmo
extintos, devido a riscos de cortar galeria sem que
Para o cálculo da vazão ajustada, é feita a correção se perceba, e então obter-se valores irreais.
das viscosidades, conforme tabela 2, sendo os
ajuste feitos em função da viscosidade da água na
primeira leitura, após a estabilização aparente do 11. Conclusões
teste. Valores de viscosidade para temperaturas
da água de 0 a 37oC podem ser obtidas através da O teste mede a condutividade hidráulica horizontal
tabela 3. de camadas situadas acima do lençol freático,
podendo substituir o teste de furo de trado em
presença de lençol freático.
10. Limitações quanto ao uso deste
teste Em solos formados por várias camadas, pode ser
usado para obter a condutividade hidráulica de cada
Uma das principais limitações diz respeito ao uma delas.
tempo empregado na sua execução que é de
aproximadamente 12 horas e, também, à grande O número de testes por área depende dos tipos
quantidade de material usado. Um volume de solos encontrados, suas extensões e do nível
apreciável de água é também requerido, quando de investigação desejado.
se trabalha em solos de textura mais leve, bem
estruturado e pouco compactado.

Quando à zona do teste contém alta percentagem


de sódio, a água a ser usada deve conter 1.500 a
2.000 ppm de sais, preferivelmente sais de cálcio.

Em solos cascalhentos há dificuldade de se obter


uma superfície regular da parede ou diâmetro regular.

A relação h/r deve ser igual ou superior a 10 (dez).

139
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 1 - Resultados de Teste de Furo de Trado em Ausência de Lençol


Freático
FURO TP4 - DATA: 06.02.72 -
PROJETO DV/J - LOCAÇÃO: 20m Oeste de T5
EXECUTOR: M. BATISTA
Tu= Distância da Superfície da Água ao Lençol Freático ou à
D = Profundidade Total do Furo - 2,30m
Camada Impermeável: desconhecida m.
r = Raio do Furo - 5,8cm
Distância da Superfície do terreno ao Lençol Freático ou à
h = Altura da Camada de Água - 75,0cm
Camada Impermeável: desconhecida m.
Relação h / r = 75,0 / 5,8 = 12,5

INICIAL FINAL Tempo LEITURA Vol. Temp. Vazão Visc. Vazão K


(litros) Água Ajust.

Data Hora Data Hora Horas Inicial Final (1) (ºC) (1/h) (Cent.) (1/h) (m/dia)

06/09 16:45 06/09 17:45 1,0 0,00 29,25 29,25 28,5 29,25 - - -
06/09 17:45 06/09 18:45 1,0 29,25 44,00 14,75 28,0 14,75 - - -

06/09 18:45 06/09 19:45 1,0 44,00 59,00 15,00 27,0 15,00 - - -

06/09 19:45 06/09 20:45 1,0 59,00 72,75 13,75 27,0 13,75 0,8545 13,75 -
06/09 20:45 06/09 21:45 1,0 72,75 85,75 13,00 27,0 13,00 0,8545 13,00 -

06/09 21:45 06/09 22:45 1,0 0,00 13,75 13,75 26,0 13,75 0,8737 13,75 0,19

Obs.: O teste foi realizado em uma camada situada entre 110 e 230 cm de profundidade,
apresentando textura franco argilosa. Mosqueado fraco a partir de 270 cm.
Presença de concreções ferruginosas leves.

Tabela 2 -
Vazão ajustada em função da viscosidde da água na primeira leitura após a
estabilização.

Q(1/h) TEMP. ÁGUA (ºC) VISCOSIDADE Q. AJUST.(l/h)

DA ÁGUA (CENTIPOISE)

14,25 19,0 1,0299 14,25

14,97 23,0 0,9358 13,60

15,63 25,0 0,8937 13,58

Q. AJUSTADO = 14,97 × 0,9358 / 1,0299 = 13,60 l / h

Q. AJUSTADO = 15,63 × 0,8937 / 1,0299 = 13,58 l / h

140
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

Tabela 3 -
Valores da viscosidade de água
para temperaturas em graus centígrados
e Farenheit. (*)

TEMP.ºC TEMP.ºF VISCOSIDADE TEMP.ºC TEMP.ºF VISCOSIDADE


0 32,0 1,7921 20 68,0 1,0050
1 33,8 1,7313 21 69,8 0,9810
2 35,6 1,6728 22 71,6 0,9579
3 37,4 1,6191 23 73,4 0,9358
4 39,2 1,5374 24 75,2 0,9142
5 41,0 1,5188 25 77,0 0,8937
6 42,8 1,4728 26 78,8 0,8737
7 44,6 1,4284 27 80,6 0,8545
8 46,4 1,3860 28 82,4 0,8360
9 48,2 1,3462 29 84,2 0,8180
10 50,0 1,3077 30 86,0 0,8007
11 51,8 1,2713 31 87,8 0,7840
12 53,6 1,2363 32 89,6 0,7679
13 55,4 1,2028 33 91,4 0,7523
14 57,2 1,1709 34 93,2 0,7371
15 59,0 1,1404 35 95,0 0,7225
16 60,8 1,1111 36 96,8 0,7085
17 62,6 1,0828 37 98,6 0,6947
18 64,4 1,0559
19 66,2 1,0299

(*) Notas da aula - de acordo com Binghan e Jackson, Bull. Bur. Stds. 14, 75 (1918).

141
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 9 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation

142
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

Fig. 10 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation

143
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

12.2 . MÉTODO DE PORCHET Q = K A, sendo a área do fluxo do furo de trado


dada pela equação A = 2prh+pr2 , onde r = raio do
O teste de Porchet mede a condutividade furo de trado e h = altura de lâmina de água.
hidráulica, no campo, em ausência de lençol
freático. Consiste em fazer um furo de trado, até Tem-se então Q = K(2prh+pr2) ou
penetrar o suficiente na camada a ser testada, adi- Q = 2pKr(h + r/2)
cionar água e medir o rebaixamento do seu nível
no furo. Ao mesmo tempo tem-se que a vazão no furo de
trado Q = -pr2dh/dt; igualando as duas expressões
Da mesma forma que o teste desenvolvido por obtém-se:
dh
Winger, permite determinar os valores de 2pkr (h + r/2) = -pr2 ou
dt
condutividade hidráulica de camadas distintas de
um mesmo solo, bastando para isso aprofundar o 2pkrdt = -pr2
furo de trado sucessivamente, limitando-se a
interromper o mesmo dentro do estrato que se Integrando-se os dois lados resulta:
queira estudar. As medições em diferentes
camadas de solo podem também ser feitas em
furos distintos e que se situem próximos. 2k (tn-to) = -r [Ln(ht + r/2) - Ln (ho + r/2)]

Para se obter valores de condutividade hidráulica K=


mais próximos do real e portanto, mais confiáveis,
faz-se necessário um pré-umedecimento do solo Como Lnx = 2,3 Log. x, tem-se:
no local do furo, através da adição de água a este, Log(h 0 + r / 2) − Log(h t + r / 2)
K = 115
, r
para que o teor de umidade atinja ou se aproxime tn − t0
da saturação, para que as forças de tensão nas onde: k = condutividade hidráulica – cm/s
proximidades do furo sejam anuladas ou r = raio do furo de trado – cm
minimizadas. ho = altura inicial do nível de água – cm
ht = altura do nível d’água correspondente
O equipamento utilizado na medição do rebaixa- ao tempo tn – cm
mento do nível de água pode ser o mesmo descrito tn = tempo correspondente a altura do
anteriormente para o teste de furo de trado em nível d’água ht - s .
presença de lençol freático, composto de suporte, to = tempo correspondente ao início do
trena e boia. teste – s

A dedução da fórmula de cálculo da condutividade Utilizando-se papel semi-log e plotando-se ht + r/


hidráulica é feita tomando como base a fórmula de 2 no eixo “y” e o tempo no “x”, deve-se obter uma
Darcy para fluxo em meio saturado onde: Q = K i linha reta, cuja inclinação é dada pela expressão:
A, sendo:

Q = vazão; K = condutividade hidráulica; i = ou K = 1,15 r tan a = (expresso em cm/s).


gradiente hidráulico e A = área de fluxo.
O furo de trado é enchido com água e deixado
O método, também chamado de inverso do auger- drenar livremente, o que deve ser feito por muitas
hole, considera que o gradiente hidráulico se vezes, até que o solo, nas imediações do furo,
iguala à unidade, quando o solo atingir o estado fique úmido o suficiente para que os valores de
de saturação ou próximo deste, o que resulta em infiltração se tornem relativamente constantes.

144
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

A seguir são medidos valores de rebaixamento da O exemplo na tabela a seguir mostra dados de
lâmina de água (h+r/2) e os tempos correspon- um teste, conforme Oosterban(3) onde o valor da
dentes, que são plotados em papel semi-log, no condutividade hidráulica encontrado, para r = 4cm
que o gráfico deve resultar em uma linha reta. Caso e ho= 18cm foi de 0,55 m/dia.
seja obtida uma linha curva, deve-se dar continui-
dade ao processo de umedecimento e plotagem t Ht* ht ht + r/2
dos dados obtidos, até que o resultado seja 0 71 19 21
satisfatório.Calcula-se então a condutividade 140 72 18 20
hidráulica da camada testada, utilizando-se a 300 73 17 19
equação acima men-cionada, ajustada para 500 74 16 18
fornecer valores da condutividade hidráulica em m/ 650 75 15 17
dia, podendo-se trabalhar com logarítimo de base 900 76 14 16
decimal ou neperiano, logo:
*Distância da lâmina de água em relação à
referência.

ou Os dados provenientes da tabela acima foram


plotados, conforme a figura 1 abaixo, o que resultou
em uma relação linear entre os valores de ht+ r/2,
em centímetros e o tempo em segundos.

ht + r/2 = cm
O teste de Porchet, quando comparado com o
teste de furo de trado em ausência de lençol
freático, desenvolvido por Winger, é prático e
simples de ser conduzido, ao mesmo tempo em
que reduz drasticamente o consumo de água, bem
como a quantidade de material necessário para a
sua condução.

Para facilitar o processo de pré-umedecimento


da zona a ser testada, utiliza-se válvula de nível
semelhante àquela utilizada no teste de furo de
tempo=s
trado em ausência de lençol freático, que se
Fig. 1 - Medidas de leituras do rebaixamento do nível
adeqüe a furo de trado de 3”; na sua confecção
de água plotados em função do tempo.
é usado tubo de pvc rígido, tipo esgoto, DN 50 e
reservatório para abastecimento de água. Após a
pré-saturação, remove-se a válvula e utiliza-se o
Foi então calculada a condutividade hidráulica
equipamento medidor do rebaixamento do nível da
utilizando-se a fórmula:
água. O período de pré-umedecimento depende
do tipo de camada de solo no que se refere a onde:
textura, estrutura e consistência. Para solo de
textura arenosa, muito permeável, um período de
1/2 hora ou inferior, pode ser suficiente enquanto to = 140s; ho + r/2 = 20 cm e ln (ho + r/2) = 2,996.
que para solos de textura argilosa pouco permeável tn = 650s; ht + r/2 = 17 cm e ln (ht + r/2) = 2,833,
esse período pode ser superior a 1 dia luz. o que resultou em K = 0,55 m/dia.

145
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Teste conduzido em solo de textura arenosa franca tn = 300 s


do Projeto de Irrigação Rodelas R 4/5, lote 138- ho = 80 cm
BA, após um pré-umedecimento, resultou na ht = 25 cm
obtenção de K = 6,4 m/dia, tendo como base os /dia
dados abaixo apresentados; valor idêntico foi
obtido através de teste de furo de trado em É apresentada, conforme a figura 02, ficha de teste
presença de lençol freático. conduzido no projeto Nupeba - CODEVASF -
r = 4,0 Barreiras, BA
to = 0

TESTE DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM AUSÊNCIA DE LENÇOL


FREÁTICO
(MÉTODO DE PORCHET)

146
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático

Há que se considerar que os valores de conduti- 7- WINGER, Jr., R.J. In place permeability tests
vidade hidráulica obtidos através deste método são used for subsurface drainage investigations.
aproximados, pelo fato de ter sido assumido na Colorado: Divison of Drainage and Groundwater
sua concepção que o gradiente hidráulico é Engineering, 1965. 1 v. il.
unitário, o que só ocorre para fluxo vertical, sendo
que no teste o fluxo é dominantemente horizontal. 8- Winger, Jr., R.J. LUTHIN, J.N. Guide for
Por outro lado os resultados obtidos com esse investigation of subsurface drainage
tipo de teste tem sido bastante compatíveis com problem on irrigated lands. Michigan:
as características físicas das camadas de solo American Society of Agricultural Engineers, s.d.
testadas (textura, estrutura e consistência de 1 v. il. (Special publication Sp-04-66).
campo o que indica que o teste, sempre que bem
conduzido, produz resultados confiáveis. 9- WINGER, Jr., R.J. Subsurface drainage.
Madrid: International Commission on Irrigation
and Drainage. 1960. lv . il.
Bibliografia

1- BELTRÁN, Julian Martinez. Drenaje agrícola,


Madrid: Ministério de Agricultura, Pesca y
Alimentacion, 1986. V. 1 cap. 5: características
hidrológicas de los suelos. p. 116 – 118 (Manual
Técnico, 5).

2- DE BOER, Darrel W. Comparison of three field


methods for determining saturated hydraulic
conductivity. Transactions of the ASAE. v. 22,
n. 3, p. 569-572, may/june 1979.

3- OOSTERBAAN, R. J., MIJLAND, H. J.


Drainage principles and applications. 2. ed.
In: Determining the saturated hydraulic conduc-
tivity. Holanda: ILRI, 1994. v. 4 p. 457 – 465.

4- PIZARRO, F. – Drenaje y recuperación de


suelos salinos. 2 ed. Madrid: Agrícola Espanola
SA, 1985.

5- SMEDEMA, Lambert K., RYCROFT, David.


Land drainage; planning and design of
agricultural drainage systems. London: BT
Batsford Ltd, 1988. 376 p. Cap. 16: Determination
of the hydraulic conductivity. p. 354 – 355.

6- U.S. DEPARTMENT OF THE INTERIOR. Bureau


of Reclamation. Drainage Manual: a water
resource technical publication. Washington:
1978 . 286 p. il.

147
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

13. COEFICIENTE DE DRENAGEM


SUBTERRÂNEA OU RECARGA

1. Introdução

Coeficiente de drenagem subterrânea é a taxa de rânea do Projeto Mandacaru, Juazeiro - Ba, pelo
remoção do excesso de água do solo, expressa em fato desse solo possuir baixíssimo valor de
altura de lamina de água por dia - m/dia. É utilizado condutividade hidráulica saturada.
para o cálculo do espaçamento entre drenos
quando são empregadas fórmulas de fluxo De acordo com Luthin (1), a recarga em regiões
contínuo. úmidas varia de 0,003 a 0,025 m/dia, dependendo
da altura das precipitações, em função do tempo
O cálculo estimativo do coeficiente de drenagem e das características de solo e topografia.
subterrânea depende de informações de solo, clima
e condições de irrigação ou chuvas.
2. Cálculo da recarga
Em regiões áridas o cálculo da recarga é feito em
função da irrigação que, por necessidade, é Não sendo conhecido um coeficiente de drenagem
aplicada em excesso, para que seja feita uma subterrânea usado e apropriado para a região e
lavagem da zona das raízes, a fim de evitar a quando se depara com condições específicas de
salinização do solo. Em nossas condições acredita- solo, este pode ser determinado conforme o
se que essa prática não é necessária porque as exemplo abaixo:
precipitações naturais são suficientes para lavar o
solo, desde que o mesmo possua boa drenabilidade
ou sistema de drenagem subterrânea. 2.1. Infiltração potencial.

O cálculo da recarga é então feito tomando como • Chuva máxima de 3 dias consecutivos e
base dados de chuvas da região do projeto, recorrência de 5 anos = ll8,6mm, conforme Quadro
informações sobre o perfil do solo a ser drenado e 1, anexo.
tipo ou tipos de cultivos existentes ou previstos. • Retenção pela cobertura vegetal, incluindo
plantas e cobertura morta: assumidos 5%
Na região de Petrolina/Juazeiro existiam cerca de • Escoamento Superficial - assumidos 30%.
2.000 ha com drenagem subterrânea (dez/96), onde
era normalmente utilizada recarga de 0,006 m/ I = 118,5mm - ( 118,5 x 0, 05) - ( 118,5 x 0,3)
dia, para solos dos tipos latossolo e solos podzó- I = 77,0 mm
licos, de textura média a arenosa. Atualmente os
drenos para esses solos estão sendo projetados com
recarga de 0,004 m/dia, tendo em vista a redução 2.2. Retenção de umidade pelo solo
dos custos da drenagem subterrânea, o que resulta
em sistemas menos eficientes mas que poderão É a lâmina de água necessária para elevar o teor
apresentar uma melhor relação custos/benefícios. de umidade atual do solo até capacidade de
campo, ou lâmina retida.
Para vertissolo o coeficiente é da ordem de 0,0005 No cáluclo da lâmina de chuva a ser retida pelo
m/dia, obtido com base em trabalho experimental solo assume-se:
conduzido em área piloto de drenagem subter-

148
Coeficiente de drenagem subterrânea
ou recarga

QUADRO1 - Chuvas Máximas de 3 e 4 dias consecutivos -


Estação meteorológica de Cabrobó-PE. Lat. 8o 30’; Long. 39o 19’ W (*)

Número Ano Ocorr. Ano Ocorr. Chuvas Máx. 3 dias Chuvas Máx. 4 dias Seleção da Chuva de Projeto
Ordem 3 dias 4 dias Decrescente Decrescente
1 1963 1963 248,9 286,6 N = fn
2 1941 1941 209,3 228,8 N = num. de anos de registro
3 1916 1940 196,6 227,6 f = frequência desejada
4 1940 1916 192,1 220,9 n = número ordem na coluna
5 1969 1924 146,8 162,6
6 1955 1969 137,8 158,9 Para:
7 1912 1937 137,2 156,5 f = 5 anos
8 1914 1955 126,7 146,3 N = 54
9 1966 1914 126,0 142,0 n = N/f
10 1937 1960 119,0 141,7 n = 54/5 = 11
11 1947 1921 118,6 140,0
12 1924 1912 118,5 137,2 Para chuvas de 3 dias = 118,6 mm
13 1964 1929 118,2 127,6 Para chuvas de 4 dias = 140,0 mm
14 1954 1966 116,2 126,0
15 1967 1913 115,7 119,0 Para:
16 1921 1947 112,0 118,6 N = 10
17 1913 1964 111,5 118,2 n = 54/10 = 5,4 = 6
18 1960 1915 109,2 117,5
19 1970 1954 106,4 116,2 Para chuvas de 3 dias = 137,8 mm
20 1915 1967 103,7 115,7 Para chuvas de 4 dias = 158,9 mm
21 1952 1952 102,8 113,1
22 1926 1918 99,8 110,0
23 1922 1970 99,0 106,4
24 1965 1926 98,7 103,3
25 1929 1922 93,0 99,0
26 1918 1965 93,0 98,7
27 1920 1965 91,8 97,0
28 1945 1945 87,9 96,1
29 1917 1920 85,5 91,8
30 1938 1950 79,0 87,9
31 1927 1917 77,3 85,5
32 1944 1944 74,8 84,6
33 1951 1953 72,4 80,6
34 1953 1929 70,3 79,7
.35 1928 1927 69,7 77,3
36 1959 1951 68,4 76,4
37 1968 1968 67,1 76,1
38 1958 1936 67,0 68,4
39 1936 1959 66,9 68,4
40 1949 1930 65,2 68,1
41 1925 1949 64,0 67,8
42 1961 1958 58,4 67,0
43 1946 1948 57,4 65,4
44 1930 1925 57,2 64,0
45 1939 1946 56,6 62,0
46 1956 1961 56,5 58,4
47 1943 1939 48,0 56,6
48 1950 1956 46,5 56,5
49 1919 1943 35,0 48,0
50 1942 1919 33,7 35,0
51 1948 1942 32,9 33,7
52 1923 1923 25,5 25,5
53 1962 1962 14,7 20,9
54 1911 1911 12,8 12,8
(*) Fonte: Dados básicos - Instituto Nacional de Meteorologia do MA.

Área com sistema de drenagem subterrânea e O espaçamento estimado entre drenos, usando a
drenos situados a 1,30m de profundidade e com fórmula de Hooghoudt simplificada onde:
altura do lençol freático em relação aos drenos -
h= 0,l0m. Nesse caso, a profundidade do lençol e
freático seria 1,20m.

149
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

recarga proveniente da irrigação, que é a recarga mesmo tempo em que contribui para a elevação
que antecede às chuvas, seria de 15,54m, tendo do lençol freático é utilizada pelas plantas. Ocorre
como base os seguintes parâmetros: comumente que as precipitações, no caso a soma
• Camada de solo homogêneo até a barreira; de três dias consecutivos de chuvas são, na maioria
• Drenos instalados a 1,30m de profundidade; das vezes fracionadas, com evapotranspiração
• Profundidade da barreira em relação ao fundo concomitante durante e nos intervalos das
dos drenos - D = 1,70m; precipitações.
• Condutividade hidráulica de campo - K = 0,30m/
dia; Lâmina a drenar = 57,6 mm - 12,0 mm = 45,6 mm
• Recarga assumida - R = 0,001 m/dia.
• Altura assumida para o lençol no ponto médio
entre os drenos - h = 0, l0 m; 2.6 Ascensão do lençol freático
• Área de fluxo para o dreno - p = 0, l03m, para
tubo corrugado DN 65, com envoltório sintético e É obtida tomando como base o valor da porosidade
trabalhando a meia seção. drenável, considerando-se a camada de solo
Considerando-se que a água disponível é de 5,4 % uniforme até 1,30 m de profundidade.
e assumindo-se um teor de unidade atual de 70%
da água disponível, obtem-se:

Lâmina de chuva a ser retida pelo solo = 1,20 m x lâmina de saturação


Ascensão do lençol =
porosidade drenável
0,054 x 0,30 = 19,4 mm.

Ascensão do lençol =
2.3. Lâmina potencialmente drenável
2.7 Cálculo estimativo do coeficiente de
77,0 mm - 19,4 mm = 57,6 mm drenagem subterrânea ou recarga

Assumindo-se que o lençol freático deva ser


2.4. Evapotranspiração rebaixado, em 3 dias, de 37cm para 80 cm em
relação à superfície do solo, a recarga será de:
Da infiltração potencial subtrai-se a evapotrans-
piração assumida para as plantas cultivadas; essa Profundidade do lençol = 1,30 m - (0,10 m + 0,83m)
água contribue para o rebaixamento do lençol = 0,37 m;
freático, sem no entanto ser escoada pelo sistema Rebaixamento do lençol = 0,80 m - 0,37 m = 0,43m
de drenagem subterrânea.
Recarga=
Para evapotranspiração de 4 mm/dia tem-se:

ETC= 4,0 mm/dia x 3 dias = 12,0 mm Bibliografia

1- CODEVASF/GEEPI/CHESF. Drenagem Subterrâ-


2.5 Lâmina a ser escoada nea do Projeto Caraibas: Setor 01 - agrovilas
pelo sistema de drenagem 01 e 02. Brasília: 1994. 1v. il.

Da lâmina de saturação deduz-se a evapotrans- 2- LUTHIN, james, N. Drainage Engineering. New


piração, pelo fato de que esta lâmina de água, ao York: robert e. Engin., 1973. 250 p. il.

150
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos

14. CÁLCULOS DE ESPAÇAMENTO


ENTRE DRENOS E DIMENSIONAMENTO
DE DRENOS SUBTERRÂNEOS

1. Cálculo de espaçamento entre drenos D - Distância entre a superfície da água, na vala


ou tubo de drenagem e a barreira - m
Existem muitas fórmulas para o cálculo do R - Coeficiente de drenagem subterrânea ou
espaçamento entre drenos. A escolha da fórmula recarga - m/dia.
a ser usada vai depender das características do
perfil do solo da área a ser drenada, principalmente
no que se refere a profundidade da barreira e às
características dos horizontes ou camadas de
solo.

As fórmulas mais comumente empregadas são: Fig. 1 - Desenho mostrando os parâmetros da fórmula
• Fluxo contínuo do Donnan
Donnan (fluxo horizontal)
Hooghoudt (fluxo horizontal e radial) Se a vala ou tubos de drenagem estiverem sobre o
Ernst (fluxo vertical, horizontal e radial) impermeável a fórmula fica reduzida a:
• Fluxo variável
Glover-Dumn (fluxo horizontal)
Boussinesq (fluxo horizontal)
Esta fórmula é mais recomendada para solos rasos a
serem drenados por valas abertas com bases inferiores
1.1 Fórmulas de Donnan
situadas próximo da barreira.

Foi desenvolvida para fluxo horizontal proveniente


1.2 Fórmula de Hooghoudt
de Irrigação, tendo sido empregada com êxito no
Vale Imperial da Califórnia - EUA.
Foi desenvolvida por Hooghoudt, na Holanda, para
Condições de uso;
fluxo horizontal e radial. Utiliza as mesmas
• Fluxo permanente com lençol freático constante;
suposições que a fórmula de Donnan, tendo após
• Fluxo somente horizontal;
sua dedução sido incluído o fluxo radial.
• Solo homogêneo até a barreira;
• Sistema de drenos paralelos e infinitos;
Dedução formula
• Recarga homogeneamente distribuída.
O Cálculo do espaçamento entre drenos e dado
A dedução da fórmula baseia-se nos seguintes
pela fórmula:
princípios:
,
- Fluxo de água contínua, com drenos
paralelos e equidistantantes.
onde os parâmetros são ilustrados através da figura
- Gradiente hidráulico em qualquer ponto do
1, sendo:
terreno igual à inclinação do lençol freático sobre
L - Espaçamento entre drenos - m
o ponto considerado - dy / dx.
K - Condutividade hidráulica - m/dia
Esse principio baseia-se na hipótese de
B - Altura do lençol freático em relação ao
Dupuit - Forchheimer que considera que o fluxo
impermeável, no ponto médio entre drenos - m

151
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

ocorre em trajetória horizontal, o que na realidade


não ocorre, principalmente nas imediações dos qx = R x
drenos onde as linhas de fluxo são notadamente
curvas; entretanto para os pontos onde a declividade
da superfície do lençol for pouco inclinada, a Aplicando-se a lei de Darcy, pode-se obter uma
hipótese de D F pode ser considerada como válida segunda equação para o fluxo de água, ou seja:
para:
qx = K i A = K
- Solo homogêneo, portanto com um único
valor de condutividade hidráulica representativo do
perfil do solo. Igualando-se as equações tem-se:
- Fluxo da água em solo saturado segundo
os princípios da Lei de Dary.
- Existência de barreiras abaixo das linhas Rx
de dreno a uma profundidade - d.
- Existência de uma recarga contínua - R.
- Origem das coordenadas (referência)
tomada sobre a barreira, situada abaixo das linhas K y dy = R dx dx
de dreno.
Esquema para dedução da formula, concebido por
A equação pode ser integrada entre os
Houghoudt é apresentado na figura 01 abaixo.
limites:

X = 0 e Y= D (para fins práticos despreza-se o


valor "b"por ser muito pequeno).

X = L/2 e Y = B = D + h.

Fig. 01 - Desenho ilustrativo da dedução da formula


de Hooghoutt para o calculo do espaçamento entre K
drenos subterrâneos.

Observa-se que um plano vertical, que


passe pelo centro, entre dois drenos consecutivos,
K
divide a figura acima em duas partes iguais com
dois sentidos de fluxo.
Toda água que penetre no solo pelo lado
esquerdo do plano flue para o dreno situado deste
lado, o mesmo ocorrendo para o lado oposto.

Ao considera-se uma seção situada entre


o dreno e o plano divisor de fluxo, tem-se que o
volume de água que passa por essa seção ou plano
vertical, tendo como limites a superfície do lençol
e a barreira, considerando - se uma largura unitária,
é igual a recarga (R) multiplicada pela distância
entre essa seção e o plano situado entre os drenos
ou:

152
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos

K1

K2

L2=

L2 = Fig.2 - Desenho mostrando os parâmetros utilizados


na fórmula de Hooghoudt

L - Espaçamento entre drenos - m;


L2 =
K1 - Condutividade hidráulica acima do nível dos
drenos - m/dia ;
A formula aplica-se para drenos K2 - Condutividade hidráulica abaixo do nível dos
subterrâneos, tipo vala aberta ou drenos tubulares. drenos - m/dia ;
A formula de Hooghoudt, a principio, não h - Altura do lençol freático no ponto médio entre
considerava o fluxo radial que ocorre abaixo da drenos - m ;
linha dos drenos, no que o seu emprego resultava D - Espessura da camada de solo saturado entre
em grandes distorções para o espaçamentos o fundo do dreno e a barreira - m;
maiores quando a barreira se encontrava mais d - Espessura do estrato equivalente - m;
profunda. R - Coeficiente de drenagem subterrânea - m/dia.
Para barreira situada a 2,0m abaixo das
linhas de dreno o erro já era significativo. Estrato equivalente:
Para resolver o problema foi introduzido, Na fórmula de Hooghoudt foi introduzido um fator
pelo autor, o concerto de profundidade equivalente de resistência radial, representado pela letra "d"
da barreira (d) onde os valores das distancias entre ou espessura do estrato equivalente, para
o fundo dos drenos e a barreira (D) são compensar a resistência ao fluxo que ocorre nas
substituídos, na formula, por valores menores proximidades dos drenos.
obtidos através de tabela ou cálculos.
A espessura do estrato equivalente é uma função
É recomendada para solos homogêneos, ou da espessura real da camada de solo, situada
seja, com uma única camada ou horizonte até a entre o dreno e a barreira, representada pela letra
barreira, ou para solos com dois horizontes onde D, do espaçamento entre drenos L e do raio do
os drenos ficariam situados na transição destes, tubo r. Pode ser calculada pela seguinte expressão:
conforme ilustrado na figura 2, sendo:

Sendo D, d e p expressos em metros - m , onde p


Para representa o perímetro molhado do tubo ou da vala.
Para drenos entubados o perímetro molhado p = ‡
Para d = 0, r para o dreno trabalhando a meia seção.

Com fins ilustrativos, a tabela 1 mostra valores de


espessura do estrato equivalente d, segundo
Hooghoudt, obtidos para tubos de 0,10 m de raio.

153
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

O cálculo do valor d e consequentemente, de L, Obtensão da espessura do estrato equivalente:


pode ser feito conforme segue:
2
• Estima-se um valor para L, atribuindo-se a d um d =10,40 m (assumidos)
valor menor que D
• Com o valor obtido para L, obtém-se outro valor (2d + 0,5) = 75 (2d + 0,5) = 15,73 m
para d
• Com o valor obtido para d, calcula-se um novo 0,96
valor para L e assim sucessivamente, até que os
valores se tornem constantes; desta forma chega-
se aos valores finais de d e do espaçamento entre
drenos L

Exemplo de uso da fórmula


• Drenos instalados a 1,30m de profundidade e d L
lençol a 0,80 m da superfície do terreno: 1 ,40 15,73
• K = condutividade hidráulica = 0,3 m/dia; 0,96 13,46
• h = altura do lençol freático no ponto médio entre 0,89 13,09
drenos = 0,50 m; (1,30m - 0,80m) 0,88 13,02
• R = coeficiente de drenagem subterrânea
= 0,008 m/dia; • d=Espessura do estrato equivalente= 0,88m
• D = espessura da camada de solo situada entre • L=Espaçamento calculado entre drenos= 13,02m
o fundo do dreno e a barreira = 1,70m;
• p = raio hidráulico do tubo = 0,103 m.

TABELA 1 -
Profundidades Equivalentes de Barreira - d
D(m) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 ì
L(m)
20 1.41 1.67 1.81 1.88 1.89
25 1.51 1.83 2.02 2.15 2.22 2.24
30 1.57 1.97 2.22 2.38 2.48 2.54 2.57 2.58
35 1.62 2.08 2.37 2.58 2.70 2.81 2.85 2.89 2.91
40 1.66 2.16 2.51 2.75 2.92 3.03 3.13 3.18 3.23 3.24 3.24
45 1.70 2.23 2.62 2.89 3.09 3.24 3.35 3.43 3.48 3.55 3.56
50 1.72 2.29 2.71 3.02 3.26 3.43 3.56 3.66 3.74 3.84 3.88
55 1.74 2.34 2.79 3.13 3.40 3.60 3.75 3.86 3.97 4.13 4.18
60 1.76 2.39 2.86 3.23 3.54 3.76 3.92 4.06 4.18 4.39 4.49
65 1.78 2.43 2.93 3.32 3.66 3.90 4.08 4.24 4.38 4.67 4.79
70 1.79 2.46 2.98 3.41 3.76 4.02 4.24 4.42 4.57 4.93 5.09
75 1.80 2.49 3.04 3.49 3.85 4.14 4.38 4.57 4.74 5.20 5.38
80 1.81 2.52 3.08 3.56 3.94 4.25 4.51 4.72 4.90 5.44 5.68
85 1.82 2.54 3.12 3.62 4.02 4.36 4.64 4.86 5.06 5.66 5.97
90 1.83 2.56 3.16 3.67 4.10 4.45 4.75 5.00 5.20 5.87 6.26
95 1.84 2.58 3.20 3.73 4.17 4.54 4.85 5.12 5.34 6.07 6.54
100 1.85 2.60 3.24 3.78 4.23 4.62 4.95 5.23 5.47 6.25 6.82
110 1.87 2.62 3.30 3.87 4.35 4.77 5.13 5.44 5.71 6.60 7.36
120 1.88 2.65 3.35 3.94 4.45 4.90 5.29 5.63 5.92 6.93 7.91
130 1.88 2.68 3.39 4.00 4.55 5.03 5.44 5.80 6.11 7.22 8.45
140 1.89 2.70 3.42 4.06 4.63 5.13 5.56 5.95 6.28 7.50 9.00
150 1.90 2.72 3.46 4.12 4.70 5.22 5.68 6.09 6.45 7.76 9.55
200 1.92 2.79 3.58 4.31 4.97 5.57 6.13 6.63 7.09 8.84 12.20
250 1.94 2.83 3.66 4.43 5.15 5.81 6.43 7.00 7.53 9.64 14.70

154
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos

1.3 Fórmula de Ernst

Condições de uso
Foi desenvolvida para condições de solos que contenham dois ou mais horizontes, onde a fórmula de
Hooghoudt não possa ser aplicada.

O princípio geral de desenvolvimento da fórmula consiste na divisão das perdas de carga hidráulica
durante o fluxo da água em 3 componentes, conforme ilustrado na figura 3.
h = hh + hv + hr
h - Perda total de carga hidráulica - m
hh - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo horizontal - m
hv - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo vertical - m
hr - Perda de carga hidráulica devido ao componente de fluxo radial - m

o que resulta em uma equação de 2º grau, do tipo ax2 + bx + c = 0, sendo:


L - Espaçamento entre drenos - m
R - Coeficiente de drenagem subterrânea - m/dia
Dv - Espessura da camada onde ocorre fluxo vertical - m
Kv - Condutividade hidráulica da camada onde ocorre fluxo vertical - m/dia
h - Altura do lençol freático no ponto
médio entre drenos - m.
Kr - Condutividade hidráulica da camada onde ocorre fluxo radial - m/dia
Dr - Espessura da camada onde ocorre fluxo radial m
a - Fator geométrico para fluxo radial = 4,2 (nomograma xv, pág. 189 - Millar, 1988).
p - Perímetro molhado do dreno - m.

Exemplo

Lâmina a ser drenada devido ao rebaixamento do lençol freático de 74,4 cm


para 80 cm de profundidade em período de 3 dias;
h = Altura do lençol freático no ponto médio entre drenos = 0,50 m;
R = (55,6 cm - 50 cm) x 0,10/3 = 0,19 cm/dia = 0,0019 mm/dia;
L = Espaçamento entre drenos - m;
Kv = Condutividade hidráulica para fluxo vertical = 1,0 m/dia;
Kr = Condutividade hidráulica na camada com fluxo radial = 1,0 m/dia;
Dv = Espessura da camada onde ocorre fluxo vertical = 0,50 m/dia;
Dr = Espessura da camada onde ocorre fluxo radial = 0,30 m/dia;
a = Fator geométrico para fluxo radia l = 4,2, obtido da figura 4 ou nomograma
de Ernst para K2 / K1 = 0,15 e D2/ D0 = 4,7;
p = Perímetro molhado = 0,13 m.

155
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Figura 3 - Desenho esquemático mostrando os parâmetros da fórmula de Ernst

9 9 9

95+
0,50 = 0,0009 7 2 + 0,0013L
+ 0,00044L 7L

0,00047L 4 - 0,50 = 0
0,0004L2 + 0,0013L

L = 34m

Fig. 4 - Nomograma para a determinação do fator geométrico “ a “ da fórmula de Ernst para o cálculo da resistência radial (Wr).

156
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos

1.4 Fórmula de Glover-Dumm - fluxo necessário implantar posteriormente linhas


variável intermediárias.

As fórmulas de fluxo variável não trabalham Para o caso deste trabalho julga-se conveniente
diretamente com valores de recarga e sim com os implantar o sistema com espaçamento entre
valores de porosidade drenável e tempo estimado drenos de 20,0 m e observar o seu desempenho
de rebaixamento do lençol freático até uma para as chuvas de projeto.
profundidade prefixada. Porosidade drenável é o
volume de poros de um volume de solo, saturado,
que fica livre de água quando submetido a uma
tensão de 6 kPa (59,2 cm de coluna de água). A
porosidade drenável pode ser obtida em mesa de
tensão, em laboratório, o que é trabalhoso e
dispendioso, razão pela qual é obtida, normalmente
em função da média dos valores de c. hidráulica
saturada de campo, com o uso da fórmula.
V2=k(m/dia)/100 Fig. 5 - Desenho mostrando os parâmetros da
fórmula de Glover-Dumn
Foram desenvolvidas considerando que a irrigação
não é um processo contínuo a sim aplicada por Neste caso, por se tratar de fluxo variável, a
um determinado período e intervalo de tempo. A fórmula de Glover-Dumm é mais adequada.
figura 5 ilustra o emprego da fórmula a seguir

, onde: 1.5. Fórmula de Boussinesq

A fórmula é apropriada para barreira situada


K = Condutividade hidráulica = 0,3 m/dia;
próxima da zona radicular, onde o dreno, por
t = Tempo de drenagem = 3 dias;
problema de profundidade da barreira, deve ser
V = Porosidade drenável = 0,055;
situado sobre a mesma, para que seja aproveitada,
ho = Altura máxima assumida para o lençol freático
ao máximo, a profundidade efetiva do solo. O seu
no ponto médio entre drenos = 0,93 m;
uso é idêntico ao da fórmula de Glover-Dumn,
ht = Altura assumida para o L freático, no ponto
conforme ilustrado na figura 6, com exceção da
médio entre drenos, após um determinado tempo
existência de fluxo radial.
= 0,50 m;
d = Profundidade do estrato equivalente
= 0,88 m.
h = (ho + ht)/4 = 0,36m

L = 16,14

As recomendações contidas na literatura sempre


apontam para um ajuste no espaçamento entre
Fig.6 - Esquema mostrando os parâmetros da
drenos para valores maiores, havendo inclusive
fórmula de Boussinesq
sugestões para dobrar o espaçamento e se

157
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Exemplo de cálculo: Especificações técnicas para fins de implantação


de drenos subterrâneos entubados exigem que não
L - Espaçamento entre drenos - m; ocorram afastamentos do eixo vertical de projeto
K - Condutividade hidráulica= 0,27 m/dia; de mais de 1,0 cm por cada 3,0 m e que esses
hi - altura do lençol antes do início das irrigações valores não sejam cumulativos.
ou das chuvas.
ho - Altura máxima estimada para o lençol freático O cálculo do comprimento máximo do tubo pode
no ponto médio entre drenos = 1,24 m ; ser feito conforme segue:
ht - Altura estimada para o lençol freático no ponto
médio entre drenos após o tempo de drenagem a) Cálculo da capacidade do tubo dreno
estimado = 0,60 m; Como o fluxo de água nos drenos se dá a pressão
t - Tempo de drenagem assumido 3 dias; atmosférica, o cálculo da vazão ou descarga e
v - Porosidade drenável = 0,052. feita pela fórmula de Manning onde:

Q = 1/n A r2/3 S1/2 sendo:


Q = descarga (m3/s ou l/s)
L = 9,0 m
n = coeficiente de rugosidade de Manning
A = área molhada (m2 )
O espaçamento do projeto dever ser de 10 ou 15 m,
R = raio hidráulico (m)
com a finalidade de reduzir custos de implantação
S = declividade do tubo (m/m)
do sistema.

No caso dos tubos corrugados de drenagem o


coeficiente de rugosidade, n = 0,016; em função
2. Dimensionamento
deste valor e empregando-se a fórmulas acima
O dimensionamento de drenos subterrâneos na citada chega-se às seguintes fórmulas simplifi-
realidade se resume ao cálculo dos comprimentos cadas:
das linhas de drenos, tendo em vista que obriga-
toriamente tem-se que trabalhar com os tubos de • Dreno trabalhando a ½ seção.
drenagem existentes no mercado. O primeiro passo Q = 10 D8/3 S1/2, sendo “D” o diâmetro interno do
consiste então em conhecer os tipos tubo existentes tubo
na praça para então, com base em cálculos,
definir-se qual a extensão a ser adquirida de cada • Dreno trabalhando a ¾ de seção.
tipo de tubo no que se refere a diâmetro interno e Área de fluxo - A = 0,63 D2
nominal. Perímetro Molhado - P = 2,09 D
Raio Hidráulico - R = 0,30 D
De uma maneira geral é recomendado que os tubos Q = 17,5 D8/3 S1/2
de drenagem trabalhem, para recarga de projeto, Para tubos corrugados de PVC, DN 65, o diâmetro
a ½ seção ou no máximo ¾ de sua capacidade, o interno é de 58,5 mm; para tubo de polietileno DN
que permite que mesmo após um pequeno 75, é de 67,0 mm; para tubo de PVC DN100 é de
assoreamento a linha ainda funcione satisfa- 91,4 mm e para DN 110, de 101,4 mm.
toriamente. Um outro motivo dessa folga se deve
ao fato de se trabalhar com tubos de pequeno Exemplo: Para tubo de PVC, DN 65, trabalhando
diâmetro e em função de dificuldades em instalar a ½ seção e com declividade de 0,4% ou
linhas de drenagem com alinhamento vertical 0,004m/m tem-se:
perfeito, onde sempre ocorre pequenos desalinha-
mentos. Q = 10 x (0,0585)8/3 x (0,004)1/2 = 0,0003 m3/s

158
Cálculos de espaçamento entre drenos
e dimensionamento de drenos subterrâneos

b) Cálculo da recarga unitário (q)


Para um coeficiente de drenagem subterrânea de
R = 0,004 m/dia e espaçamentos entre drenos de
L = 30,0 m, conforme a figura 7, tem-se:

q = 30,0 m x l,0 m x 0,004 m/dia


q = 0,120 m3/dia x m
q = 1,389 x 10-6 m3/s x m

c) Cálculo do comprimento do tubo:


O comprimento do tubo é obtido dividindo-se a
capacidade de projeto deste pela quantidade de
água a ser captada a cada metro de linha ou recarga
unitária.

Entende-se que a linha ao atingir 216 m estará,


para as condições acima mencionadas, traba-
lhando a ½ seção.

Fig. 7 - Representação esquemática de área unitária


de captação de água por um dreno.

Bibliografia

1- CODEVASF/GEEPI?CHESF. Drenagem subter-


rânea do Projeto Caraíbas: setor 01-
agrovilas 01 e 02: Brasília: 1994. 1v. il.

2- MARTINEZ BELTRAN, Julián. Drenaje Agrícola.


Espanha: Instituto Nacional de Reforma e
Dessarollo Agrário, 1986. 239p. il.

3- MILLAR, Augustin A. Drenagem de terras


agrícolas; princípios, pesquisas e
cálculos. Petrolina: SUDENE, 1974. lv., il.

159
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

15. DIMENSIONAMENTO DE
ESTRUTURAS DE DRENAGEM

As estruturas de drenagem agrícola em geral são Q = vazão - m3/s


as seguintes: u = coeficiente de vazão
• pontilhão λ = comprimento do vertedouro - m
• passagem molhada com e sem bueiro g = aceleração da gravidade - 9,81 m/s2
• bueiro H = altura do nível d’água assumido a montante
• quedas do vertedouro - em relação ao nível da passagem
• junções molhada, ou carga hidráulica - m
• proteção de curvas hc = altura crítica da água sobre a passagem
• caixa de inspeção molhada - m
• caixa de inspeção - junção
• proteção de ponto de descarga de dreno Os valores de u variam segundo a largura da
subterrâneo soleira do vertedouro e a carga hidráulica,
Aqui são apresentadas maneiras simplificadas de conforme a tabela 1 abaixo.
cálculos; para maiores detalhes recomenda-se
consultar a literatura própria ou técnico especialista Na figura - 1 é apresentado desenho esquemático
na área. de vertedouro enquanto que na tabela 1 são
apresentados valores de u para diferentes larguras
Pontilhão: de soleira e cargas hidráulicas, que para o caso
• Pode ser de madeira, de concreto armado ou em pauta devem ser aumentados em 10%.
outro material.
Neste caso deve se feito o cálculo da área de fluxo
necessária sob o pontilhão, o que é feito empre-
gando-se a fórmula de Manning e o cálculo ou
dimensionamento das estruturas, o que requer um
especialista em cálculo estrutural.

Passagem molhada:
• Passagem molhada sem bueiro
É uma passagem por dentro do leito do dreno ou
Fig. 1 - desenho esquemático do fluxo em vertedouro
talvegue, com revestimento na parte inferior e talu-
de base larga
des suaves do trecho da passagem, conforme a
planta-tipo em anexo. A fórmula acima apresentada pode ser simplificada
• Passagem molhada com bueiro para:
É calculada utilizando-se fórmulas próprias para o
Q = 4,43uλh3 / 2
dimensionamento de vertedores de soleira espessa
retangular, onde, de maneira simplificada pode-
As figura 2 e 3 apresentam desenho esquemático
se utilizar a seguinte fórmula.
do vertedouro, como base da passagem molhada,
sendo. em perspectiva e um corte de passagem molhada.

160
Dimensionamento de estruturas
de drenagem

Tabela 1 -
Valores de u

Carga Larguras da soleira - s (m)


(m) 0,15 0,23 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,20 1,50 3,00 4,50

0,06 0,349 0,343 0,335 0,327 0,317 0,309 0,304 0,297 0,292 0,310 0,334
0,12 0,364 0,349 0,339 0,329 0,325 0,324 0,322 0,317 0,312 0,319 0,337
0,30 0,414 0,391 0,371 0,343 0,332 0,329 0,330 0,333 0,334 0,334 0,328
0,60 0,414 0,413 0,411 0,378 0,355 0,344 0,339 0,334 0,330 0,329 0,328
1,20 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,383 0,348 0,337 0,329 0,32
1,50 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,414 0,383 0,348 0.329 0,328

Bueiro
Bueiros podem ter forma circular ou retangular,
neste caso denominados de bueiro celular. Podem
ser dimensionados para trabalhar com fluxo livre,
sob pressão atmosférica; neste caso é utilizada a
fórmula de Manning.

Fig. 2 - representação esquemática de vertedouro base Em função do tipo de talvegue pode ser mais
de passagem molhada elevada - com bueiro. vantajosa a utilização de bueiro celular, que não
necessita de um recobrimento mínimo de 60 cm
de solo; neste caso, a parte superior do bueiro
celular (armada) pode funcionar como pista de
rolamento, o que pode evitar, em casos menos
favoráveis, maior aprofundamento do dreno em
λ
longo trecho.

Q = 1/n AR2/3 S1/2


Fig. 3 - Corte de passagem molhada com bueiro
Q = vazão - m3/s
Na parte jusante da passagem molhada devem ser R = Raio hidráulico - m
colocadas pedras, em blocos de diâmetro superior S = declividade do bueiro - m/m
a 0,30, para quebrar a energia da água, enquanto A = área molhada do bueiro - m2
que o bueiro deve ser constituído fora do eixo da
mesma para evitar queda de água sobre essa O valor n, para bueiro circular de concreto é de
estrutura. Deve ser dimensionado para a vazão 0,015; a velocidade máxima de fluxo é de 2,5 m/
mais freqüente e ter diâmetro mínimo de 0,80m. s, sendo V= 1/n R2/3 S1/2
Em condições especiais onde exista talvegue bem
definido, pode-se assentar o bueiro sob a base da
passagem molhada protegendo-o adequadamente.

161
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Quando o bueiro puder ou tiver que trabalhar mento temporario da água. Pode também existir
afogado, conforme mostrado na figura 4, deve ser condições favoráveis à elevação do nível d’água
dimensionado usando-se a seguinte fórmula: a jusante ou ambas as condições.

Q = C A (2gDh)1/2 onde: Em anexo, são apresentadas plantas de passagens


3
Q = vazão - m /s molhadas com bueiro tubular, situado fora do eixo
C = coeficiente de descarga = 0,60 de talvegue e também com bueiro celular.
A = área do bueiro - m2
g = aceleração da gravidade - 9,81 m/s2 Junção de drenos e curvas
Dh = diferença entre níveis de entrada e saída do O revestimento como forma de proteção de junção
bueiro - m de drenos e curvas pode ser feito com pedra
argamassada, conforme planta-tipo em anexo, ou
com concreto levemente armado onde o próprio
terreno, após ser rebaixado no local da junção,
serve de forma para a concretagem.

Fig. 4 - Detalhes dos níveis de água em bueiro afogado De uma maneira prática recomenda-se, para solos
de baixa estabilidade estrutural, revestir, no caso
de junção, o equivalente a altura da lâmina d’água
De uma maneira geral, pode ser usado um de projeto (1H) a montante e 2H a jusante,
máximo de 3 bueiros circulares; caso não sejam conforme mostra a figura 5; no caso de curvas
suficiente, usar bueiro celular ou capeado revestir o equivalente a 1H.
(pontilhão).
Solos ou horizontes de solo de textura siltosa,
Por motivo de resistência a carga, o bueiro deve arenosa, ou com predominância de argila
ser coberto com uma camada de no mínimo de expansiva, como horizonte vértico, ou argila
0,60 m de terra. dispersiva, como solo bruno não-cálcico, devem
receber proteção nas junções e curvas sempre que
Para boeiros múltiplos o espaçamento mínimo as velocidades de fluxo de projeto possam, nesses
entre boeiros deve ser de 0,45m. pontos ser erosivas.

Exemplo de cálculo de bueiro para vazão de De uma maneira Geral, para solos que apresentem
2,0 m3/s boa estabilidade estrutural, as junções e curvas
• para D = 1,0 m; A = pr2 = 0,79 m2 não devem ser revestidas. As velocidades de fluxo,
(Dh)1/2 = = Q/CA (2g)1/2 x Dh ) = 0,92m de é que devem ser não erosivas para o tipo de solo.
submergência
• para d = 1,20; Dh = 0,44 m
•Dividindo a vazão por 2 bueiros de 1,0 m ou
Q = 1,0 m3 /s; Dh = 0,23 m de submergência para
ambos os bueiros

Podem ser projetados bueiros para trabalhar


afogados, em locais onde o nível de água a Fig. 5 - junção de drenos
montante possa se elevar, como em condições de
bueiros situados sob dique ou estrada ou onde A figura 6 mostra através de desenho esquemático
sejam criados condições favoráveis ao represa- detalhes de uma queda inclinada com ressalto.

162
Dimensionamento de estruturas
de drenagem

Fig. 6 - Desenho esquemático de queda com ressalto

Caixa de inspeção; caixa de inspeção-junção e Dados:


proteção de pontos de descarga de drenos Q, vo , seção do dreno a montante (b, yo , Z).
subterrâneos. 'h, v3, seção a jusante (b, y3, Z).
Nestes casos as dimensões são geralmente padroni- onde: Q= vazão (m3/s); b=base do dreno na parte
zadas, podendo ser seguidas as plantas-tipo em ane- revestida (m); yo= altura da lâmina d’água;
xo e fazer ajustes locais quando julgados necessários. Z=talude do dreno; vo= velocidade de fluxo de
projeto (m/s); 'h= altura da queda em relação ao
Quedas fundo do dreno a montante e jusante;
São projetadas quedas em drenos com a finalidade de v3 = velocidade a jusante da estrutura após a
evitar que a velocidade de fluxo da água se torne ero- estabilização, em regime laminar (m/s).
siva para o tipo de solo ou camada de solo cortados.
Determinar: LB e 'h’
A seguir é apresentado roteiro de dimensionamento
de quedas inclinadas, com e sem degrau. 1 – Cálculo da largura média da seção transversal
do dreno.
Bm = ½ [b + (b + 2Zyo)]= b + Zyo (m)
1. Roteiro para dimensionamento de
quedas inclinadas 2 – Cálculo da vazão por metro de largura.
q = Q/Bm + 20% (m3/m)
Serão utilizados os métodos e teorias apresentadas
pelo Prof. Paulo Sampaio Wilken, na publicação 3 – Cálculo da altura crítica (yc) e da velocidade
intitulada Engenharia de Drenagem Superficial, crítica vc
capitulo 4, páginas 401 a 435. yc = q2/3/g1/3 ; vc = (gyc)1/2 ; g = aceleração da
gravidade = 9,8 m/s2
Os cálculos serão baseados na teoria do ressalto
hidráulico, e terão como base as condições abaixo, 4 – Cálculo da altura do degrau (Dh’). Adota-se
sendo que os cálculos indicarão a necessidade ou inicialmente Dh’ = 0; sendo Dh’ a profundidade
não de bacia de dissipação de energia: da bacia de dissipação (m).
• quedas inclinadas (1:1,5)
• sem degrau ('h’ = 0)
• com degrau ('h’ ≠ 0)

163
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

5 – Cálculo da energia específica mínima (HM) 10 – Cálculo definitivo de H1


na entrada da bacia (ponto M) H1 = H1(provisório) - hf
HM = yc + v2c/2g = 3/2 yc
11 – Cálculo definitivo de y1
6 – Cálculo da energia específica mínima no H1 = y1 + q2/2gy12
início do ressalto (ponto 1). Valor provisório H1.
H1 = HM + Dh + Dh’ 12 – Cálculo do
“Fator Cinético da Vazão Entrante” l1
7 – Cálculo da profundidade da lâmina d’água no l1 = (yc/y1)3 = F12 ; onde F1 é o número de Froude
início do ressalto (conjugado menor). Atribui-se
inicialmente um valor provisório para y1 e através Compara-se o valor de l1 calculado com os
da fórmula abaixo obtém-se, por tentativa, um “valores” da tabela 2 abaixo:
novo valor de y1.
1ª Alternativa:
Se o ressalto hidráulico for da forma “a” , “b”, “d”
8 – Cálculo da altura cinética no início do ressalto. ou “e”, asssume-se o valor de Dh já adotado
Entra-se com o valor provisório de y1; caso a (Dh’ = 0) e o y1 já calculado.
equação não se iguale, atribui-se um novo valor
para y1 e volta-se à equação anterior e assim 2ª Alternativa:
sucessivamente até que o valor atribuído de y1 Se o ressalto hidráulico for da forma “c”, aumenta-
satisfaça a igualdade. se Dh’ e recalcula-se y1 até que o ressalto seja da
v12/2g = H1 - y1 forma “d”.

9 – Cálculo da perda de carga no degrau 13 – Cálculo da profundidade no fim do ressalto


hf = lv12/2g, sendo que os valores de lâmbda (l) (conjugado maior ) y2.
para os taludes abaixo são: Tendo-se y1 definitivo, calcula-se y2 pela fórmula
l = 0,10 para rampa de 1,5:1 (V:H) adimensional xy (x + y) = 2, onde x = y1/yc e
l = 0,21 para rampa de 1:6,0 (V:H) y = y2/yc. ou y2=y x yc
l = 0,18 para rampa de 1:0,0 (V:H) ou 90o
Entra-se com x na tabela 3 e obtém-se y, e
consequentemente y2.

Tabela 2 -
Formas típicas de ressalto hidráulico*

Designação Valores limites Observações


da forma l1 F1
“a” 1,5 a 2,5 1,22 a 1,58 falso ressalto - ondulações
“b” 2,5 a 6,0 1,58 a 2,45 pré-ressalto - produz apenas pequena dissip.de energia
“c” 6,0 a 20,0 2,45 a 4,47 forma comum - instável - produz ondas perigosas no canal
“d” 20,0 a 100 4,47 a 10,0 ressalto estabilizado - dissipação de 40 a 70% de energia -
forma mais econômica
“e” >100 >10 Caudal muito veloz - irregular - cheio de ondas -
forma antieconômica - bacia muito profunda - muro de
arrimo muito alto
*De Engenharia de Drenagem Superficial

164
Dimensionamento de estruturas
de drenagem

Tabela 3 -
Valores de "y" em função de valores de "x".

x y x y x y x y x y x y

0,01 14,137 0,18 3,245 0,35 2,222 0,52 1,718 0,69 1,392 0,86 1,154
0,02 9,990 0,19 3,151 0,36 2,184 0,53 1,695 0,70 1,376 0,87 1,142
0,03 8,150 0,20 3,064 0,37 2,147 0,54 1,673 0,71 1,360 0,88 1,130
0,04 7,051 0,21 2,983 0,38 2,112 0,55 1,652 0,72 1,345 0,89 1,119
0,05 6,300 0,22 2,907 0,39 2,078 0,56 1,630 0,73 1,330 0,90 1,107
0,06 5,744 0,23 2,836 0,40 2,045 0,57 1,610 0,74 1,315 0,91 1,096
0,07 5,310 0,24 2,769 0,41 2,013 0,58 1,589 0,75 1,300 0,92 1,085
0,08 4,960 0,25 2,706 0,42 1,982 0,59 1,570 0,76 1,286 0,93 1,073
0,09 4,669 0,26 2,647 0,43 1,952 0,60 1,550 0,77 1,272 0,94 1,063
0,10 4,422 0,27 2,590 0,44 1,923 0,61 1,531 0,78 1,258 0,95 1,052
0,11 4,209 0,28 2,536 0,45 1,895 0,62 1,513 0,79 1,244 0,96 1,041
0,12 4,023 0,29 2,485 0,46 1,868 0,63 1,494 0,80 1,231 0,97 1,031
0,13 3,858 0,30 2,436 0,47 1,841 0,64 1,476 0,81 1,218 0,98 1,020
0,14 3,710 0,31 2,390 0,48 1,815 0,65 1,459 0,82 1,206 0,99 1,010
0,15 3,577 0,32 2,345 0,49 1,790 0,63 1,442 0,83 1,192 1,00 1,000
0,16 3,456 0,33 2,302 0,50 1,766 0,67 1,425 0,84 1,179 - -
0,17 3,346 0,34 2,261 0,51 1,742 0,68 1,408 0,85 1,167 - -

*Fonte: Engenharia de Drenagem Superficial, pág.405

14 – Cálculo do comprimento da bacia de Bibliografia


dissipação LB
1- SCHWAB, Glenn O. et al. Precipitation In: soil
Fórmula de Wittmann and water conservation engineering. 2. ed.
LB =5 yc (Dh + Dh’)/y3 (m) New York: John Wiley & Sons , 1966. capt. 2,
p. 18-58.
Fórmula do Bureau of Reclamation
LR = 6,9 (y2 - y1); onde LR é o comprimento da 2- VEN TE CHOW. Open channel hydraulics. New
bacia York: McGraw-Hill Book Company, 1959. 1
v.il.
WILKEN sugere ainda usar LB = 0,6 LR.
3- WILKEN, Paulo Sampaio. Engenharia de
drenagem superficial. São Paulo: Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental,
1978. 478 p. il.

165
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

16. TERMINOLOGIA E SIMBOLOGIA


EM DRENAGEM AGRÍCOLA

1. Introdução 2.6. Coeficiente de drenagem


subterrânea ou recarga:
Neste capítulo são apresentadas as definições e Taxa de remoção do excesso de água do solo,
os símbolos mais comunmente utilizadas em dre- expressa em altura de lâmina de água por dia (m/
nagem agrícola, o que contribui para a uniformi- dia).
zação da linguagem entre os técnicos da área. As
definições e símbolos aqui utilizados constam de 2.7. Coletor:
uma relação parcial extraída da NBR 14145, es- Condutor aberto ou subterrâneo destinado a receber
tando portanto sujeitas a modificações sempre que as águas de outros drenos e conduzi-las ao ponto
a norma citada for revisada. de descarga.

2.8. Condutividade hidráulica


2. Terminologia - definições saturada (k):
Propriedade hidráulica de um meio poroso saturado
2.1. Área de influência do dreno: que determina o fluxo em função do gradiente
Área efetiva da qual a água em excesso é captada hidráulico (m/dia):
e removida pelo dreno.
2.9. Dique:
2.2. Base de drenagem: Obra hidráulica, de terra ou concreto, de proteção
Cota mínima ou cota de chegada de um sistema contra inundações.
de drenagem. Indica se a área será drenada por
gravidade ou bombeamento. 2.10. Drenagem:
Processo de remoção do excesso de água da
2.3. Caixa de inspeção: superfície do solo e/ou subsolo.
Estrutura intercalada na linha de dreno subterrâneo
entubado para facilitar a inspeção e a manutenção 2.11. Drenagem agrícola:
do sistema. Processo de remoção do excesso de água da
superfície do solo e/ou subsolo visando o
2.4. Camada impermeável ou barreira: aproveitamento agrícola.
Camada de solo cuja condutividade hidráulica
vertical saturada é igual ou inferior a 1/10 da média 2.12. Drenagem natural do solo:
ponderada da condutividade hidráulica saturada Escoamento natural do excesso de água do solo e/
das camadas superiores. ou subsolo.

2.5. Carga hidráulica: 2.13. Drenagem superficial:


Potencial de pressão expresso em altura equiva- Processo de remoção do excesso de água da
lente a uma coluna de água em relação a um plano superfície do solo para torná-lo adequado ao
de referência (mca) aproveitamento agrícola.

166
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola

2.14. Drenagem subterrânea: 2.22. Escoamento superficial:


Processo de remoção do excesso de água do solo, Fração da água de precipitação ou irrigação que
com a finalidade de propiciar condições favoráveis alcança os cursos d’água através do fluxo de
de umidade, aeração, manejo agrícola e prevenir superfície.
a salinização ou remover excesso de sais.
2.23. Fluxo:
2.15. Dreno: Volume de água que atravessa uma dada seção
Condutor aberto ou subterrâneo, tubular ou de transversal de solo por unidade de tempo.
material poroso, destinado a remover o excesso
da água proveniente de sua área de influência. 2.24. Franja capilar:
Faixa do solo acima do nível freático onde o valor
2.16. Dreno interceptor: da tensão da água é inferior a 6 Kpa.
Dreno que tem por finalidade interceptar fluxo
superficial e/ou subterrâneo de áreas adjacentes 2.25. Gradiente hidráulico:
situadas à montante. Expressão numérica da variação da carga hidráulica
por unidade de distância (adimensional).
2.17. Dreno de encosta:
Dreno interceptor situado em pé-de-morro ou 2.26. Infiltração:
encosta . Movimento vertical descendente da água no solo
(cm/h).
2.18. Dreno subterrâneo:
Conduto subterrâneo utilizado para coletar e 2.27. Infiltração básica:
conduzir, por gravidade, a água proveniente do Lâmina de água que flui através de um solo, por
lençol freático de sua área de influência. unidade de tempo, após a estabilização do fluxo
(cm/h).
2.19. Dreno vertical:
Condutor vertical através de camada impermeável, 2.28. Linhas de isoprofundidade (isóbatas):
pelo qual a água de drenagem da superfície ou Linhas que unem pontos de mesma profundidade
subsuperfíce é escoada. do lençol freático.

2.20. Duração de chuvas: 2.29. Linha piezométrica:


Tempo utilizado para a determinação da chuva Linha que representa a distribuição da pressão ao
de projeto em bacias que possuam áreas de acumu- longo de condutos ou meios porosos.
lação de água. Pode ser igual ao tempo de concen-
tração ou ao tempo de drenagem. 2.30 Macro drenagem:
Sistema de drenos escavados para coletar os
2.21. Envoltório: excedentes de águas de chuvas e subterrâneas de
Material mineral, sintético ou vegetal, colocado sua área de influência.
ao redor do tubo de drenagem com a finalidade
de facilitar o fluxo da água para o seu interior e 2.31. Nível freático:
minimizar a desagregação e o carreamento de Medida da profundidade da supefíce freática num
partículas do solo. determinado ponto do perfil do solo.

167
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

2.32 Permeabilidade: 2.42. Sistema de drenagem subterrânea:


Propriedade do solo de conduzir água. Conjunto de drenos subterrâneos, coletores,
estruturas e equipamentos, que tem por finalidade
2.33. Piezômetros: controlar o nível de ascensão do lençol freático
Tubo de medição pontual da pressão piezométrica de sua área de influência.
(hidrostática) de aqüífero subterrâneo. Indica a
direção do movimento vertical da água no solo. 2.43. Sistema de drenagem superficial:
Conjunto de drenos, estruturas e equipamentos
2.34. Poço de observação do interligados, visando o escoamento do excesso de
lençol freático: água superficial de sua área de influência.
Furo de trado no solo, revestido ou não por tubo
perfurado, com a finalidade de medir o nível 2.44. Superfície freática:
freático. Superfície da água livre no solo ou na sua super-
fície, submetida à pressão atmosférica.
2.35. Ponto de descarga:
Ponto final de um sistema de drenagem, onde 2.45. Tempo de concentração:
ocorre o deságüe por gravidade. Tempo que a água de escoamento superficial leva
para se deslocar do ponto mais distante da bacia
2.36. Porosidade drenável: de captação até ao ponto de descarga.
Volume de poros de um volume de solo, saturado,
que fica livre de água quando submetido a uma 2.46. Tempo de drenagem:
tensão de 6 KPa. Tempo de escoamento de toda a água acumulada
em uma área.
2.37. Porosidade total:
Relação entre o volume de poros e o volume total 2.47. Tempo de recorrência ou
de solo, expressa em porcentagem. período de retorno:
Período, em anos, que uma chuva de intensidade
2.38. Pressão artesiana: igual ou superior, apresenta a probabilidade de
Pressão hidráulica existente em um aqüífero ocorrer pelo menos uma vez.
subterrâneo confinado, como conseqüência da
situação do nível freático do arquifero em ponto 2.48. Vazão:
mais elevado. Volume de um fluido que atravessa uma seção
transversal por unidade de tempo (m3/s).
2.39. Queda:
Estrutura que visa a dissipação de energia da água 2.49. Velocidade de escoamento
em ponto localizado. superficial:
Velocidade com que a água escoa sobre uma dada
2.40. Rede de fluxo: superfície do terreno.
Representação gráfica das linhas de fluxo e das
linhas equipotenciais. 2.50. Talude:
Inclinação das paredes de dreno.
2.41. Sistema de drenagem:
Conjunto de drenos, estruturas e equipamentos
interligados visando o escoamento do excesso de
água de sua área de influência.

168
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola

3.Simbologia - representação 3.10. Açude

3.1. Talvegue ou dreno natural

3.11. Dique de proteção


3.2. Dreno ou coletor superficial aberto

3.3. Dreno subterrâneo entubado 3.12. Estação de Bobeamento

3.4. Caixa de inspeção 3.13. Canal de irrigação

3.14. Regadeira

3.5. Caixa de inspeção -


junção de dreno subterrânea e coletor entubado.
3.15. Adutora

3.6. Caminho de serviço-estrada

3.16. Tubulação de pressão

3.7. Bueiro

3.17. Curvas de nível

3.8. Ponte

3.18. Isóbata - Isoprofundidade do lençol

3.9. Passagem molhada

169
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

3.19. Isoípsa - Curva de nível do lençol 3.27. Limite de propriedade

3.28. Limite de área de projeto


3.20. Lago ou lagoa perene

3.29. Cerca

3.21. Lago ou lagoa periódica

3.30. Tradagem

3.22. Mangue
3.31. Trincheira

3.23. Área inundável 3.32. Poço de observação do lençol freático

3.33. Teste de condutividade hidráulica


3.24. Pântano

3.34. Camada impermeável ou barreira de


drenagem
3.25. Córrego

3.26. Rio

170
Terminologia e simbologia
em drenagem agrícola

3.35. Cores propostas para planta de


isoprofundidade de lençol freático (isóbata) ou
representações gráficas:

• 0-50 cm - Vermelho

• 50-100 cm - Azul

• 100-150 cm - Laranja

• 150-200 cm - Verde

• 200 - + cm - Sem cor

Observação: as dimensões dos símbolos podem variar


em função da escala adotada em cada projeto.

Bibliografia

ABNT. NBR 14145, Drenagem agrícola -termino-


logia e simbologia. Rio de janeiro, 1998. 6p.

171
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

17. MÁQUINAS E CUSTOS DIVERSOS

1 - Máquinas

Escavação de drenos abertos. • Patrol ou moto-niveladora - É a melhor opção


• Dragas para a limpeza de eixo de drenos subterrâneos a
• Escavadeiras hidráulicas serem instalados.
• Retro-escavadeiras
Draga (drag-line):
Escavação de valas para drenagem subterrânea. são usadas para a escavação e o desassoreamento
• Escavadeiras hidráulicas de rios, drenos ou outro tipo de canal de grandes
• Retro-escavadeiras dimensões. Possuem sistema de acionamento
mecânico através de engrenagens e cabos de aço.
Escavação e implantação de drenos subterrâneos. Deslocam-se sobre esteiras, sendo que em solos
• Valetadeiras contínuas montadas sobre trator de de baixa sustentabilidade devem ser usados
pneus - ( Drain-Trencher ) pranchões.
• Conjunto valetador ( Trench Machine)
Escavadeiras hidráulicas:
Desassoreamento e limpeza de vegetação de fundo são máquinas de grande porte que deslocam-se
de drenos abertos. sobre o eixo do dreno, para a escavação de drenos
• Dragas novos, ou lateralmente, para o caso de rebaixamento
• Escavadeiras hidráulicas de drenos já escavados. Também trabalha lateral-
• Retro-escavadeiras mente para a limpeza e/ou o desassoreamento de
valas abertas; possuem angulo de giro de 360o.
Desbaste ou roçagem de vegetação dos taludes e Existem no mercado nacional vários fabricantes e
fundos dos drenos. muitas marcas comerciais. Em terrenos de baixa
• Roçadeiras acopladas a tratores de pneus. sustentabilidade podem trabalhar também sobre
pranchões.
Desassoreamento de drenos subterrâneos entubados.
• Implemento jateador de alta pressão, montado Retroescavadeiras:
sobre chassis, rebocado e acionado por trator de são geralmente constituída de um trator de pneus
rodas. onde são instalados pá-carregadeira e sistema
retroescavador. São usadas para trabalhos mais
Limpeza de vegetação de locais ou eixos de drenos leves, no caso, na escavação de valas de menores
a serem escavados. dimensões. Para a escavação de drenos de maior
• Tratores de esteira com lâmina frontal. São porte o seu uso é economicamente menos
usadas para a remoção de vegetação pesada de vantajoso que quando usada escavadeira hidráulica.
locais onde serão escavados drenos abertos.
• Tratores de pneus com lâmina frontal. São usados Valetadeiras continuas:
para a remoção de vegetação leve de locais no momento existe um único fabricante no país
destinados a escavação de drenos abertos ou de um modelo montado sobre trator, que é um
drenos subterrâneos. tipo de retroescavadeira dotada de lâmina frontal.

172
Máquinas e custos diversos

Equipamento leve do tipo valetador equipado com • Material de 3ª categoria ( detonar e remover ) -
raio lazer, acoplável a trator de pneus, pode ser R$ 40,00 a 50,00/m3.
adquirido no exterior, bem como grandes
máquinas valetadeiras. 5 – Bota fora - R$ 3,50/m3 .
Roçadeiras de drenos:
São implementos semelhantes aos usados na 6 – Argamassa traço 4:1 - R$ 120,00/m3
limpeza de vegetação marginal de estradas.
Equipamentos mais apropriados e sofisticados 7 – Alvenaria de pedra argamassada - R$120,00/m3.
são encontrados no mercado externo.
8 – Concreto simples - R$ 160,00/m3.
Nota - Para o conhecimento de características de
trabalho e demais informações sobre máquinas e 9 – Concreto armado fck = 18 MPa - R$ 350,00/m3.
implementos usados em trabalhos de drenagem agríco-
la é conveniente consultar os fabricantes ou seus repre- 10 – Fornecimento e assentamento de bueiro tipo
sentantes mais próximos. CA II.

Diâmetro Custo por Custo das testeiras


metro instalado
2. Custos sem testeiras
(m) (R$) (R$)
0,60 80,00 330,00
Os custos de instalação de sistema de drenagem
0,80 120,00 520,00
vão depender dos preços dos insumos na região 1,00 150,00 900,00
do projeto; dos custos da hora máquina e 1,20 250,00 1500,00
disponibilidade; das condições da área a ser
escavada, como área baixa encharcada e/ ou 11 – Pontilhão de madeira de 4.00 x 1,60m com
coberta de vegetação de custo alto de remoção e apoio para as vigas construídAs de argamassa ou
do tipo de material a ser escavado. pedra argamassada - R$ 500,00/unidade.

Drenagem Superficial
Os custos das obras poderão ser estimados em Drenagem subterrânea
função dos seguintes parâmetros: Custos a nível de parcela, não incluindo os custos
de escavação dos coletores e suas obras, que já
1 – Custo dos estudos e projeto - 1 a 5% do valor constam do item anterior.
da obra, o que depende das dimensões do projeto
e dos níveis de dificuldades. 1 – Limpeza do eixo da vala.
É feita preferencialmente com motoniveladora ou
2 – Levantamento topográfico no caso da impossibilidade de seu uso, com trator
• Sem abertura de picadas - R$ 120,00/km munido de lâmina frontal, em uma faixa de
• Com abertura de picadas - R$ 200,00/km 3,0m de largura ao longo de todos os drenos a serem
escavados. - R$ 0,14/m.
3 – Projeto de drenos coletores com preparos de
perfis a partir da caderneta - R$ 150,00/km. 2 – Escavação mecânica da vala tomando como
base uma profundidade média de 1,20 m e largura
4 – Escavação de valas. de 0,40m. - R$ 0,80/m.
• Material de 1ª categoria - R$1,50/m3
• Material de 2ª categoria - R$1,80/m3

173
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

3 – Aquisição de tubos. O custo pode ser rezudido em cerca de 40% se a


Tubo corrugado de PVC ou polietileno flexível e implantação for direta, com máquinas próprias, ou
bobinável. ser ainda mais reduzido se utilizada valetadeira
• PVC DN 65 - R$ 2,30/m contínua, tipo drain trencher com emprego de raio
• Polietileno DN 75 - R$ 3,50/m laser.
• PVC DN 110 - R$ 4,50/m

4 – Envoltórios: Outros custos


• Cascalho ou seixo rolado lavado e peneirado, • Trator de esteira de 100 CV, com lâmina frontal
na base de 0,07 m3/m, colocado na vala - R$ 1,60/m. - R$ 45,00/hora
• brita 2 - R$ 2,00/m • Retro - avanço de 150 a 250m por dia de 10
• Sintético tipo bidin XT-4 ou equivalente, em horas para vala de 1,30 x 0,40 m - R$ 30,00/hora.
faixa de 26cm (para tubo DN 65) já instalado -R$ 0,50/ • Escavadeira hidráulica PC 150, PC 200 ou FH
m. 200 ou similar - 500 a 800m/dia de 10 horas para
vala de 1,30 x 0,40 m - R$ 65,00/hora.
5 – Caixa de inspeção (uma para cada 250 m de • Draga - avanço 5,0m/h e escavação na base de
dreno) - de tijolo maciço 20 x 10 x 5cm, ou perfurado 20m3/h - R$100,00/h.
(lajota), de 0,60x0,60m internamente e 1,20m de • Motoniveladora - R$ 45,00/h.
altura, emboçada na parte interna e fundo de 5,0 • Valetadeira contínua - drain trencher, avanço
cm de concreto ou argamassa e tampa armada de de até 300 m/h para vala 1,40 x 0,19 m; custo do
0,80x0,80x0,07m de espessura ou anéis circulares equipamento e trator - R$ 42,00/h.
pré-moldados de 0,60 m de diâmetro interno e • Levantamento plani-altimétrico com quadricu-
5,0cm de espessura, com tampa armada pré- lado de 20x20m e preparo de planta na escala
moldada e fundo de cimento - R$70,00/unidade. 1:5:000, com curvas de nível de 0,5 em 0,5 m-
R$ 40/ha;
6 – Caixa de inspeção - junção para o caso de para área com caatinga ou mata rala - R$ 65,00/
dreno coletor ser entubado - R$ 70,00. ha.
• Desmatamento, tipo laminada R$ 250,00/ha
7 – Aterro das valas - R$ 0,24/m.
Nota: Os custos incluem Bonificações de Despesas
8 – Compactação do aterro - Com uma passagem Indiretas (BDI) e são referentes a agôsto de 1997,
de rodas de trator, retro ou patrol sobre o eixo da para 1 R$ = 1 US$.
vala para o caso de valas escavadas com largura
de 0,30 ou 0,40 m - R$0,08/m

Bibliografia
9 – Construção de estruturas de proteção do deságüe
do dreno subterrâneo no coletor aberto, em 1- Informações textuais e verbais colhidas na Su-
argamassa ou pedra argamassada ou solo-cimento. pervisão de Irrigação e Drenagem da
Aproximadamente uma para cada 200m de dreno CODEVASF - Administração Central (Brasília).
- R$ 30,00/unidade.
2- SANTOS, José Mauro dos, VIEIRA, Dirceu Brasil,
Custo por metro de dreno subterrâneo instalado por TELES, Dirceu D´alkmin. Drenagem para
firma contratada - dreno DN 65 e envoltório fins agrícolas. Brasília: ABID,[198-]. 187 p.
sintético, incluindo topografia e projeto - R$ 4,75/m. il.

174
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola

18. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA


ESTUDOS E ELABORAÇÃO DE
PROJETO EXECUTIVO DE SISTEMA
DE DRENAGEM AGRÍCOLA

1. Objetivo

O objetivo destas especificações técnicas é esta- serão consideradas as chuvas registradas na estação
belecer normas, critérios e condições contratuais climatológica de ............., para período de retorno
que permitam a elaboração de proposta, seleção de 10 anos e duração da chuva igual ao tempo de
e contrato de empresa projetista para a execução concentração. Para bacias com áreas de até 50
de estudos e elaboração de projeto executivo do ha, utilizar a fórmula racional. Para bacias com
sistema de drenagem agrícola dos projetos de áreas superiores a 50 ha e inferiores a 400 ha utilizar
irrigação ............. Estas especificações são parte valores médios entre os obtidos por McMath e pelo
do contrato, juntamente com os termos de referên- método da Curva-Número, do U.S Soil Conser-
cia, o edital e demais elementos do processo de vation Service. Para valores entre 400 e 2.000 ha,
licitação. usar valores obtidos pela curva que une os valores
obtidos para 400 ha e o valor obtido pela curva
número para área de 2.000 ha; para áreas maiores
2. Drenagem superficial que 2.000 ha usar o método da curva número, não
devendo, no entanto, ser adotado nenhum valor
O comprimento de cada dreno será definido a partir de vazão inferior ao obtido pela fórmula racional
do seu ponto de deságüe, pelo traçado contínuo para bacias de até 50 ha.
de maior extensão, dentro da área do projeto.
De uma maneira geral, os coletores quando
2.1. Levantamento topográfico dimensionados para atender aos sistemas de
drenagem subterrânea ficam naturalmente
Os dados de levantamento topográfico poderão ser superdimensionados. Neste caso, poderão ser
retirados de um mapa da área com curvas de nível. dispensados cálculos de escoamento superficial
Caso não exista o mapa, deve-se então fazer o para coletores, estruturas de obras de arte, a critério
levantamento topográfico conforme itens 3.2.1 e da fiscalização.
3.2.2.
Os coletores deverão ter profundidades suficiente
2.2. Cálculo da vazão e para que a rasante fique no mínimo 30 cm abaixo
dimensionamento hidráulico dos drenos da cota de deságüe do dreno subterrâneo,
permitindo assim a descarga livre da água.
Uma vez selecionado o lay-out definitivo, do
sistema de drenagem superficial e coletores de b) Dimensionamento hidráulico, detalhamento
drenagem subterrânea, serão então elaborados os dos drenos, obras especiais e tipo.
seguintes dimensionamentos hidrológicos e Com base nas vazões dos escoamentos superficiais,
hidráulicos: nos perfis do terreno natural, nos caminhamentos
dos drenos coletores, nas características de
a) Cálculo do escoamento superficial horizontes dos solos a serem escavados e nas
Para o cálculo dos escoamentos superficiais das profundidades dos drenos subterrâneos, será então
bacias contribuintes dos drenos coletores abertos, feito o dimensionamento hidráulico detalhado do

175
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

sistema de drenagem incluindo as obras especiais Os perfis de dreno projetados poderão ser
etipo. apresentados em papel vegetal ou feitos em
planilhas eletrônicas.
Para os locais dos drenos possíveis de serem
erodidos, nos pontos dos taludes onde haja concen- 2.3. Nomenclatura dos drenos
trações de fluxo superficial de chegada, quedas,
junções, curvas acentuadas e bueiros deverão ser Os drenos indicados no lay-out deverão receber a
feitos projetos para a proteção contra a erosão. seguinte nomenclatura:

Só revestir junções e curvas de drenos quando as As denominações de cursos d’água existentes e


informações de solo-fluxo da água evidenciarem de fluxo temporário ou permanente, devem ser
essa necessidade. O projeto deve se encarregar mantidas.
das velocidades para que não sejam erosivas.
A nomenclatura do sistema de drenagem superfi-
De uma maneira geral as curvas dos drenos devem cial e coletores entubados deve ser codificada
ser ajustadas às condições naturais de talvegues conforme segue:
das áreas cortadas e também a limites de proprie- 1º. Espaço - Letra D (maiúscula);
dades, devendo ser avaliadas a necessidade de 2º. Espaço - Letra P,S,T ou Q, identificando
proteção das mesmas quando o solo possuir baixa respectivamente, o dreno principal, secundário,
estabilidade estrutural, sendo que geralmente é dis- terciário ou quaternário;
pensável. Onde as condições forem propicias, o 3º e 4º. Espaços - Número correspondente ao dreno
raio mínimo das curvas deverá ser igual ou superior principal, ou zero, caso não haja mais de um dreno
a 8 vezes a largura da lâmina de água do projeto. considerado como principal;
5º e 6º. Espaços - Número, a partir de 01,
Para o dimensionamento dos drenos coletores correspondente ao dreno secundário;
abertos, deverá ser utilizada a fórmula de Manning 7º e 8º. Espaços - Número, a partir de 01,
e ser adotado coeficiente de rugosidade n = 0,030, correspondente ao dreno terciário;
ou outro justificado pela projetista. 9º e 10º. Espaços - Número, a partir de 01,
correspondente ao dreno quaternário;
A velocidade d’água permissível deverá ser no
mínimo de 0,30 m/s até um máximo de 1,0 m/s O dreno DPO1 será sempre aquele que desaguar
para solos argilosos. A velocidade poderá ser mais a jusante do maior coletor natural (rio, riacho
maior em materiais de 2a ou 3a categoria, de ou talvegue). Os demais drenos principais serão
maneiras que não provoque erosão. denominados de jusantes para montante segundo
a ordem de deságüe.
Quedas serão utilizadas quando for necessário
dissipar a energia e consequentemente diminuir a Para drenos secundários, terciários e quaternários,
velocidade de fluxo da água. o número correspondente ao dreno deve estar
também em ordem crescente, de jusante para
Nos trechos em que haja cruzamento dos coletores montante. Quando dois drenos desaguarem em um
abertos com o sistema viário ou de irrigação deverá mesmo ponto, a numeração será crescente da
ser verificada a conveniência de serem instalados esquerda para direita.
bueiros, galerias, passagens molhadas ou outra obra
que se justifique. A denominação dos drenos subterrâneos, a nível
de parcela ou lote, não seguem esta nomen-
clatura. Deverá ser apresentado exemplo prático

176
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola

do procedimento exposto acima, comforme a A terra escavada deverá ser disposta sobre a
Figura 5 constante do Capítulo 2. superfície do solo, sempre em camadas correspon-
dentes cada 30 cm de escavação. Cada tradagem
2.4. Medição e pagamento será reaterrada após a descrição do perfil, nunca
A medição será feita mediante a apresentação dos utilizando o material escavado.
perfis e por quilometro de drenos coletores
totalmente projetados, incluindo as estruturas b) Medição e Pagamento
complementares. A medição será feita por tradagem efetivamente
executada, descrita e localizada em planta, escala
O pagamento será efetuado por quilometro de 1:5000. Após aprovada pela fiscalização o
drenos coletores projetados com base no preço pagamento será efetuado com base nas planilhas
unitário para esse serviço, constante na planilha de custos obedecendo o cronograma de desem-
de acordo com o cronograma de desembolso, da bolso da seguinte forma:
seguinte forma: • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
• 80% com a apresentação dos trabalhos de campo • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
• 20% após a entrega e aprovação do relatório Final.
final.
3.1.2. Trincheiras
a) Execução
3. Drenagem subterrânea Deverão ser escavadas, manual ou mecanica-
mente, com a finalidade principal de detectar a
3.1. Estudos complementares de solo profundidade do impermeável em locais onde isso
não for possível através de Tradagens, de forma a
3.1.1. Tradagens fornecer os parâmetros mencionados no sub-item
Serão feitos a nível de propriedade, tomando como anterior.
base plantas planialtimétricas, em escala de
1:5000, contendo curvas de nível, de metro em Suas dimensões serão de 1,20 x 0,80 metros, com
metro, sistema viário e parcelamento com a profundidade até encontrar o impermeável ou
identificação dos pontos investigados na gleba, máxima de 1,50 metros.
lote ou setor.
O número de trincheiras será em média de uma
a) Execução para cada 15,0 ha, ou a critério da fiscalização.
Deverão ser executadas com trado de diâmetro
mínimo de 3”, do tipo holandês ou caneco. Quando necessário, serão feitas tradagens a partir
do fundo das trincheiras, com uma profundidade
Deverá ser feita em média de 1 (uma) tradagem adicional até atingir a barreira ou máxima de 1,50
para cada 2,0 ha, até atingir a barreira ou o máximo metros.
de 4,0 metros de profundidade.
Após atestados pela fiscalização, todas as
As descrições de perfil do solo deverão dar ênfase trincheiras deverão ser reaterradas.
aos parâmetros indicativos de má drenabilidade
como: cores de oxi-redução, presença de b) Medição e Pagamento
mosqueado, plintita, laterita, concreções e pre- A medição será feita por unidade de trincheira
senças de barreiras tais como: fragipan, rocha ou efetivamente executadas, descrita e localizadas
qualquer material que restrinja o fluxo vertical em plantas na escala 1:5.000, bem como reaterrada
descendente da água. conforme os termos desta especificação e aprovada

177
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

pela fiscalização. O pagamento será efetuado com O Pagamento será efetuado com base na planilha
base no preço unitário proposto para este serviço de custos de cada tipo de teste, obedecendo o
e no cronograma de desembolso, da seguinte forma: cronograma de desembolso, da seguinte forma:
• 80% com a aprovação dos trabalhos de campo • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
• 20 % após a entrega e aprovação do Relatório • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
Final. Final.

3.1.3. Interpretação das Informações 3.2. Estudo de alternativas do lay-out


Provenientes das Tradagens e Trincheiras dos drenos coletores
a) Execução
A interpretação será feita com base nos parâmetros O Lay-Out preliminar será traçado em plantas na
de classificação de drenabilidade escala 1:5000, com curvas de nível de metro em
metro, levando-se em consideração o loteamento,
b) Medição e Pagamento as redes de condução e distribuição de águas de
Esta atividade não é objeto de medição, e os seus irrigação, os talvegues naturais, o sistema viário e
custos deverão estar diluídos nos preços cotados outros.
para os itens tradagens e trincheiras.
Em seguida será efetuado o reconhecimento de
3.1.4. Testes de Condutividade Hidráulica campo deste Lay-Out para identificação de even-
a) Execução tuais interferências, tais como, edificações, cercas,
Quando da ocorrência de lençol freático, etc., de forma a serem feitos os devidos ajustes.
recomenda-se conduzir um máximo de 1 (um) teste
de “furo de trado” em presença de lençol freático” Deverão ser previstos coletores entubados em
para cada 4,0 ha, ou, no caso da inexistência de trechos onde o sistema viário venha a ser
lençol, conduzir um máximo de 1 (um) teste de prejudicado por coletores abertos, entre lotes ou
“furo de trado em ausência de lençol freático” do em outras situações que se julgue necessário.
tipo Porchet ou do tipo desenvolvido por winger
para cada 4 a 10,0 ha, de acordo com a uniformi- Após os ajustes iniciais do Lay-Out preliminar,
dade dos solos, cujos resultados só serão válidos e serão executadas investigações geotécnicas e
aceitos para medições feitas após a região do teste nivelamento topográfico dos prováveis drenos
ter atingido teor da umidade apropriada, que no coletores, já identificados em planta.
caso do teste de winger é o ponto de saturação.
No caso de Porchet o valor deve ser igual ou estar Os prováveis drenos deverão ser locados em
próximo da saturação. No caso do teste do teste campo, com base nas informações indicadas para
de winger os resultados obtidos devem ser o seu traçado ( coordenadas dos PIs, ou ângulos e
multiplicados por 1,25. distâncias).

Poderão ser extrapolados valores de condutividade As investigações geotécnicas terão como objetivo,
hidráulica de campo de um lote ou área para outro, caracterizar os perfis do terreno até a profundidade
sempre que as condições de solo forem idênticas. de projeto, principalmente para identificar e
quantificar volumetricamente as camadas
b) Medição e Pagamento rochosas ao longo dos traçados.
A medição será feita por teste realizado, localizado
em planta, escala 1:5000, após apresentação das Com base nessas investigações poderão ocorrer
fichas de campo calculadas e aprovadas pela outros ajustes dos traçados, a critério da
fiscalização. fiscalização.

178
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola

Os levantamentos topográficos não serão restritos Deverá ser elaborado o cálculo das cadernetas e
ao Lay-Out preliminar, podendo sofrer modifica- entregue cópia destas à fiscalização.
ções decorrentes de impedimentos identificados
em campo, ou de melhores alternativas topográ- A tolerância altimétrica será de 1 (um) centímetro
ficas, sempre a critério da fiscalização. por quilometro (1 cm / km) não cumulativos e
deverá ser utilizada a RN do IBGE.
A medição e pagamento destes serviços deverão
ser diluídos na composição dos preços propostos Os levantamentos dos drenos deverão ser
para levantamento topográfico e investigações materializados, através de piquetes de madeira
geotécnicas. de 20 em 20 metros, e piquetes e estacas nos locais
dos PI’s e obras tipo e especiais. O Levantamento
3.2.1. Abertura de picadas para é feito de jusante para montante, ou seja, a estaca
levantamento topográfico zero no ponto de deságüe do dreno.
a) Execução
Nos locais em que o levantamento topográfico não b) Medição e Pagamento
possa ser feito por causa da vegetação, deverá ser A medição do levantamento dos drenos coletores
feita a abertura de picada por processos manuais, será feita por quilometro efetivamente executado
com 2 metros de largura de modo a permitir a exe- e quantificado nas cópias das cadernetas de campo
cução do levantamento. Neste item deverão estar entregues à fiscalização.
incluídos os eventuais, serviços de abertura e re-
composição de cercas que as picadas interceptarem. O pagamento será efetuado com base nos preços
unitários para este serviço, constantes na planilha
b) Medição e Pagamento e o cronograma de desembolso da seguinte forma:
A medição desse serviço será feita por quilômetro
de picada efetivamente aberta com aproximação • 80% com a aprovação dos trabalhos de campo
de decâmetros e confrontada com o levantamento • 20 % após a entrega e aprovação do Relatório
topográfico. Final.

Não serão medidas picadas executadas fora de 3.2.3 Investigações Geotécnicas


alinhamento dos drenos, para efeito de amarração a) Execução
de locação ou outras atividades necessárias. Deverão ser feitas sondagens por processo manual
ou mecânico, ao longo dos caminhamentos dos
3.2.2. Levantamentos Topográficos dos Eixos dos drenos coletores, a cada 40 metros, até atingir a
Drenos Coletores rocha, ou as cotas das rasantes estimadas para os
a) Execução drenos para fins de identificação dos materiais a
O levantamento topográfico dos eixos dos drenos serem escavados; os drenos serão então projetados
coletores será feito com nivelamento, contra- tomando como base os resultados destas sondagens
nivelamento e estacas a cada 20 (vinte) metros. que devem ser indicados nos perfis dos drenos.

Os PI’s do caminhamento deverão estar amarrados NOTA: Em regiões ou locais de trechos da obra
ao sistema de coordenadas UTM , sempre que onde a projetista tenha conhecimentos que
possível. indiquem tratar-se de substrato rochoso profundo,
que não tenha possibilidade de ser cortado pelo
Todos os pontos notáveis tais como, cruzamentos dreno, esse procedimento é dispensavel.
com estradas, cercas, adutoras, etc, deverão estar
identificados neste levantamento.

179
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

b) Medição e Pagamento que minorem o problema da drenagem nesses


A medição destes serviços será feita por metro de pontos.
sondagem efetivamente realizada.
3.3. Dimensionamento
O pagamento será efetuado por metro de sondagem dos drenos subterrâneos
levantado, com base no preço unitário para este
serviço constante na planilha, bem como no 3.3.1. Critérios e Metodologia
cronograma de desembolso da seguinte forma: No dimensionamento dos drenos poderão ser
• 80% com a aprovação dos trabalhos de campo usadas fórmulas de fluxo intermitente, como
• 20 % após a entrega e aprovação do Relatório Glover-Dumn ou Boussinesq para chuvas de 4 dias
Final. de duração e recorrência de 5 anos ou usar fór-
mulas de fluxo continuo como Hooghoudt e Ernst,
3.2.4. Levantamento topográfico dos eixos dos utilizando, para as condições do semi-árido, recar-
drenos subterrâneos e preparo de perfis gas de 0,003 m/dia para solo de textura argilosa a
Como se trata de estudos de projeto onde haverá franco argilosa e 0,004 m/dia para textura franco
outra licitação para execução das obrasnem argilo arenoso, franco arenoso e areia franca.
preparar perfis dos, não é necessário fazer levanta-
mento topográfico dos drenos subterrâneos, Os drenos deverão ser dimensionados para
mesmos, o que deverá ser feito somente no trabalhar no máximo até ¾ de suas seções e serem
momento da implantação dos mesmos. É implantados, preferencialmente, no sentido do
suficiente indicar em quadro anexo os números maior declive.
dos lotes ou glebas a serem drenadas e suas
localizações, as denominações dos drenos em Deverão ser usados no projetos tubos corrugados
relação ao lote, de jusante para montante, ou seja perfurados de drenagem, flexível e envoltório
dreno entubado 1 DE 1, DE2 e assim sucessiva- sintético agulhado de poliester ou polipropileno.
mente, somente para fins de indentificação durante Só deve ser usados tubos que tenham sido
a implantação, seus comprimentos, espaçamentos, fabricados de acordo com especificações técnicas
profundidades médias, diâmetro dos tubos, da ABNT.
declividade média prevista para cada linha, e
demais informações pertinentes. 3.3.2. Medição e Pagamento
A medição será feita mediante a entrega do
Os drenos subterrâneos devem preferencialmente, Relatório Final, devidamente aprovado pela
ser dispostos no sentido da maior pendente; em fiscalização.
projeto de irrigação já implantado a disposição do
sistema ou Lay-out pode basear-se em plantas O pagamento será efetuado com base nas planilhas
contendo parcelamento e curvas de níveis e de custo, obedecendo o cronograma de desem-
também considerar os cultivos existentes, no caso bolso.
de frutículas. seus ângulos em relação aos
deságües nos drenos coletores devem ser de 90º 3.4. Projetos estruturais
justos. Quando isso não for conveniente, os ângulos das obras especiais
em relação aos pontos de descarga devem ser
explicitados com precisão de até segundos. 3.4.1. Metodologia
Deverão ser levantadas as informações topográ-
Quando os drenos, em casos excepcionais, tiverem ficas e geotécnicas necessárias para a elaboração
que cortar a barreira, em trechos curtos, devem dos projetos detalhados de todos as obras especiais
ser indicados procedimentos técnicos e econômicos etipo.

180
Especificações técnicas para estudos e elaboração de projeto
executivo de sistema de drenagem agrícola

Esses levantamentos específicos deverão ser todos os pontos notáveis. A estaca 0 (zero) deve
executados com nível de detalhe suficiente para corresponder sempre ao ponto de descarga do
uma perfeita caracterização da obra em questão. dreno; Não é necessário apresentar os elementos
das curvas de caminhamento;
A necessidade e o nível de detalhe desses serviços • Os perfis poderão também ser apresentados em
de campo deverão ser definidos em conjunto com planilhas eletrônicos ou em escala mais
a fiscalização. apropriada as condições da área/projeto.
• Quadro com a denominação de todas as
3.4.2. Medição e Pagamento características de projeto de cada coletor.
A medição será feita mediante a entrega do • Quadros com detalhes técnicos da drenagem
Relatório Final, devidamente aprovado pela subterrânea, (anexar modelo);
fiscalização. • Desenhos detalhados das obras especiais e tipo
das redes coletoras e parcelares;
O pagamento será efetuado com base nas planilhas • Quantitativos e composição de custos para as
de custo, obedecendo o cronograma de desem- obras civis, serviços, materiais, equipamentos e
bolso. acessórios.
• Cronograma físico - financeiro de implantação
do sistema de drenagem proposto;
4. Apresentação do relatório técnico • Especificações técnicas para a implantação do
com projeto de drenagem sistema de drenagem proposto, onde todas as obras,
serviços e equipamentos necessários para à
O relatório final deverá ser apresentado em original implantação do sistema de drenagem deverão estar
e 3 cópias, mecanografado com encadernação especificados a nível de aquisição e execução;
simples e deverá conter: • Memória de cálculo contendo os métodos,
critérios e fórmulas utilizadas, inclusive alterna-
• Memorial descritivo; tivas estudadas, todas as fichas de tradagens,
• Quadro com dados e cálculos hidrológicos de trincheiras e testes de condutividade hidráulica,
cada bacia de contribuição; com respectivas localizações em campo e demais
• Planta geral da área na escala 1:10.000, com a informações que a contratante julgar necessárias.
disposição do sistema de drenagem coletora • Recomendações de como proceder na manuten-
projetada e obras existentes, tais como: sistema ção e conservação do sistema de drenagem e no
viário, agrovilas, parcelamento, sistema de monitoramento da evolução de eventuais
irrigação, etc.; problemas de drenagem e salinidade.
• Planta em escala 1:5.000, ou outras mais
conveniente, com curvas de nível de metro em
metro com Lay-Out do sistema de drenagem
coletora, e indicação das obras especiais e tipo; Fonte consultada:
Nessa planta, para a rede parcelar deverá ser Supervisão de Irrigação e Drenagem - DO/OM
indicado apenas o sentido do fluxo dos drenos da CODEVASF Administração Central - (Brasília)
subterrâneos;
• Perfis longitudinais dos drenos coletores, com
cotas do terreno natural, cotas de projeto, indicação
de obras de arte previstas, caminhamento do dreno
com coordenadas dos PI’S, indicação do perfil
rochoso, escala vertical 1:100 e horizontal 1:2000,
volumes de escavação, estruturas e indicação de

181
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

19. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA


IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE
DRENAGEM AGRÍCOLA

1. Finalidade

As presentes especificações têm por finalidade Todo material que não cumpra as especificações,
apresentar as condições gerais que deverão ser ou que por qualquer motivo tenha sido rejeitado,
obedecidas na execução de obras e serviços de será retirado da obra imediatamente.
drenagem no projeto de irrigação(nome do projeto).
As mesmas farão parte integrante do contrato, De um modo geral, são válidas todas as prescrições
juntamente com o projeto, termos de referência, dos fabricantes, especificações ou normas oficiais
edital e outros elementos do processo da licitação. que regulamentem a recepção, o transporte, a
manipulação ou emprego de cada material que
NOTA: O exemplo deste capítulo retrata um caso venha a ser utilizado nas obras dos Projetos.
específico de uma obra pública a ser licitada; para
contratos ou acordos entre organizações privadas Equipamentos
deverão ser feitos os ajustes para as condições Independente das condições particulares ou
reinantes. específicas que se exijam dos equipamentos
necessários para executar os serviços e obras, todos
eles devem cumprir as seguintes condições:
2. Condições gerais dos materiais,
equipamentos e serviços • Deverão estar disponíveis com suficiente
antecedência para o início dos trabalhos e
Materiais possuírem características compatíveis em relação
Todos os materiais a serem utilizados nas obras ao tipo e volumes de serviços a serem executados
deverão obedecer as normas e especificações da no prazo estabelecido no cronograma da obra;
ABNT, além das condições estabelecidas nesta • As manutenções necessárias no decorrer dos
especificações, que se comprovarão mediante serviços deverão ser programadas e realizadas em
ensaios correspondentes e deverão ser aprovados prazos compatíveis com os planos de execução
pela fiscalização. das obras e de forma a não interferir no prazo final;
• Os equipamentos que se apresentarem, durante
A aceitação em qualquer ocasião de um material a execução da obra, como inadequados à
não será obstáculo para que possa ser rejeitado no finalidade inicialmente proposta, seja por alteração
futuro, se forem verificados defeitos de qualidade das condições de trabalhos ou qualquer outro
ou uniformidade. motivo, deverão ser substituídos por outros que com
melhores desempenhos atendam às novas
Os materiais serão armazenados de forma que seja condições.
assegurada a conservação de suas características
e aptidões para o seu uso na obra, devendo ser Execução dos serviços e obras
facilitada a sua inspeção pela contratada. Todos os serviços e obras compreendidos nos
projetos serão executados de acordo com estas
especificações, normas, instruções, plantas do
projeto e ordens da fiscalização, a qual resolverá

182
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

as questões que se apresentarem referentes às A contratada deverá colocar uma placa na entrada
interpretações das plantas e condições de exe- dos canteiros ou outro local, a critério da
cução. fiscalização, indicativa das obras e onde deverá
constar o nome do órgão contratante, nome da
Os serviços deverão seguir a um plano de contratada , valor e prazo de obra.
execução que deverá ser apresentado á fisca-
lização para seu “de acordo”. Este plano de Serão de inteira responsabilidade da contratada
execução deverá contemplar os prazos dos diversos os prejuízos que possam vir a ser causados ao
serviços compatíveis com o cronograma de obra. sistema de distribuição de água do projeto e suas
estruturas, bem como aos usuários e terceiros, por
O plano deverá conter a programação mensal dos qualquer motivo ou deficiências nas medidas de
serviços a serem executados, com indicação das execução ou de segurança no desenvolvimento
obras a serem iniciadas, para possibilitar a dos trabalhos.
articulação precisa com os usuários do projeto
quando esses serviços e obras interferirem com as Os custos de instalação e mobilização estão
áreas dos lotes e consequentemente com os limitados ao valor máximo de 6% do valor da
interesses dos usuários. proposta.

O pagamento será efetuado em duas ocasiões da


3. Controle de qualidade dos serviços e seguinte forma: 75% quando concluídas as
obras instalações e mobilização e após a aceitação pela
fiscalização; 25% por ocasião da medição final
A fiscalização poderá solicitar os ensaios dos serviços.
necessários e que julgar oportuno para o controle
de qualidade da obra e terá acesso a qualquer fase
dos ensaios, inclusive naqueles que se realizarem 5. Execução dos serviços
fora da área do projeto, assim como às instalações
auxiliares de qualquer tipo e, para tanto, a Locação das obras
contratada deverá proporcionar toda facilidade Com base nos “lay out” dos projetos do sistema de
para as inspeções ou interveniências da fiscali- drenagem coletora e subterrânea, as equipes de
zação. topografia da contratada executarão (e compro-
varão) os serviços de locação, que inclui a locação,
Para o controle dos serviços e obras a contratada o nivelamento dos eixos e linhas de bases,
deverá fazer, às suas custas, todos e cada ensaio verificação de pontos de referência de nível
que venha ser prescrito pela Fiscalização além constantes no projeto, bem como os demais
daqueles de prática usual para as características serviços de apoio topográfico necessários à
dos serviços e obras. execução das obras, sua quantificação e medição.

Medição e pagamento
4. Instalação e mobilização Os serviços topográficos e de apoio necessários a
locação, quantificação e medição das obras não
A contratada deverá mobilizar-se e instalar-se de serão objeto de medição e pagamento devendo,
acordo com planos próprios e sob sua responsabi- desta forma, seus custos estarem diluídos nos
lidade. As instalações contemplarão todo o grupo preços unitários dos serviços e obras a eles
físico indispensável à conclusão dos serviços e inerentes.
obras.

183
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Desmatamento e limpeza de faixas A limpeza deverá ser efetuada com máquina de


para escavação dos drenos coletores lâmina apropriada às condições do serviço, sendo
que os materiais dessa limpeza deverão ser
Consiste nas operações de desmatar, destocar, queimados ou removidos para locais previamente
limpar e remover todo o material resultante da determinados pela fiscalização.
limpeza, bem como eventuais cercas e benfei-
torias localizadas nas faixas de construção dos Também está incluído nesse serviço a remoção e
drenos coletores. Inclui também a reposição de reposição de eventuais cercas que tenham sido
cercas eventualmente afastadas ou removidas por removidas para a execução do serviço ou
força das obras. movimentação das máquinas.

Em princípio, as faixas a desmatar e limpar Medição e pagamento


corresponderão as larguras dos “off-set” das
escavações ou, a critério da fiscalização, serão A limpeza será medida tomando-se como unidade
estabelecidas outras larguras de faixa quando o o metro quadrado e o pagamento de acordo com o
procedimento geral não for possível de ser seguido. preço unitário que figure na planilha de preços
para esse serviço, considerando a unidade e
O desmatamento, a destocar e a limpeza deverão quantidade de serviço efetivamente executado.
ser efetuados com equipamentos adequados à
natureza dos serviços.
Escavação de drenos tipo
Os materiais provenientes da limpeza deverão ser vala aberta e coletores entubados
queimados ou removidos para locais previamente
indicados pela fiscalização. As escavações serão realizadas segundo os greides
e taludes indicados nas plantas. Serão executadas
Medição e pagamento por procedimento mecânico e/ou manual, com a
O desmatamento, destoca e limpeza das faixas utilização de equipamentos apropriados, sempre
para escavação dos drenos coletores serão medidos, de jusante para montante, com o emprego de
tomando-se como unidade o metro quadrado de escavadeira hidráulica (S-90, Poclain, FH 200 ou
área efetivamente limpa. similar) seguindo o eixo dos drenos projetados. Nos
drenos coletores superficiais as conchas dos
O desmatamento e a limpeza serão pagos de equipamentos deverão ter seção trapezoidal, com
acordo com o preço unitário que figure na planilha ângulos compatíveis com os taludes das seções a
para o tipo de serviço, considerando a unidade e escavar; as valas para os coletores entubados serão
quantidade dos serviços efetivamente executados. feitas com seção retangular, b= 0,40 m e altura
conforme projeto. A contratada deverá respeitar
as seções de projeto de cada dreno e tomar todas
Limpeza das faixas de construção para as precauções e medidas necessárias para não
escavação ocorrer alteração das seções. Toda escavação
dos drenos coletores de águas superficiais realizada em excesso, em relação aos perfis dos
drenos, por qualquer motivo, exceto aqueles
Este serviço será executado nas faixas onde os previamente determinados pela fiscalização, será
drenos coletores cortem limites de lotes ou situem- feita às expensas da contratada.
se adjacentes às estradas, áreas essas anteriormente
já desmatadas e onde poderá existir apenas A tolerância máxima admitida para os cortes será
eventual vegetação de porte. de + ou - 3,0 cm em relação às cotas de projeto

184
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

de fundo do dreno. Para este fim o controle deve, de prévia escarificação, realizada por equipamento
preferencialmente, ser feito com uso de gabarito. específico acoplado a escarificador de dente.
Quando feito utilizando off-set (base maior do
dreno) como referência de corte, utilizando na Serão também considerados como material de 2ª
marcação corda ou cal virgem, as conchas da categoria os blocos ou fragmentos de rocha cuja
escavadeira deverão ter seções trapezoidais com dimensão mínima seja de 0,15 m e não exceda a
inclinações precisas e neste caso, a faixa de 1,00 metro.
escavação deve ser totalmente limpa para que a
c) Material de 3ª categoria
corda ou a cal fique bem visíveis sobre o solo.
Inclui toda rocha que só possa ser extraída com o
uso de explosivos e aqueles blocos ou fragmentos
Se durante a execução dos serviços, julgar-se
de rocha cuja dimensão mínima exceda a 1,00
necessário ou conveniente modificar taludes,
metro. Nenhum material exceto blocos ou
greides e seções das escavações, alterando
fragmentos de rocha se classificará nesta categoria,
aquelas inicialmente previstas, tal modificação
se a sua extração for possível sem uso de explosivo,
deverá ser realizada sem que a contratada tenha
barrilete (Pixotes), cunhas ou métodos similares.
por isso direito a qualquer composição adicional
em relação aos preço unitário estabelecidos na
Medição e pagamento
proposta para o serviço.
As escavações dos drenos coletores superficiais e
O material proveniente das escavações será, coletores entubados serão medidas, tomando-se
prioritariamente, depositado em local afastado de, como unidade o metro cúbico de material
pelo menos, 1,00 m da borda do dreno, ou a juízo escavado, usando-se o método da média das áreas
da fiscalização, removido para área de bota-fora extremas entre posições ou estações espaçadas no
previamente escolhida. máximo de 20 metros.

As escavações serão classificadas como a seguir: Posteriormente às operações de limpeza da faixa


de escavação dos drenos, os perfis do terreno serão
a) Material de 1ª categoria
obtidos pela topografia da contratada, observada,
É como todo depósito solto ou moderadamente
acompanhada e confirmada pela fiscalização,
coeso, tais como cascalhos, areias, siltes ou argilas
antes de se iniciarem as escavações.
ou quaisquer de suas misturas, com ou sem
componentes orgânicos, formado por agregação Por área de escavação entende-se a compreendida
natural e que possam ser escavado com ferramentas entre a linha do terreno natural e a linha do projeto
de mão ou com máquinas convencionais para este para a seção correspondente. Não serão considera-
tipo de serviço. das para efeito de pagamento os excessos de
escavações.
Considera-se também como material de 1ª
categoria a fração de rocha, pedra solta, As escavações serão pagas de acordo com os
pedregulhos etc. que tenha isoladamente diâmetro preços unitários que figurem na proposta de preços
igual ou inferior a 0,15 m. do contrato, considerando o critério de medição
estabelecido e a classificação do material.
A contratada poderá utilizar, desde que respeitados
os perfis e as seções de projeto, o método de Nestes preços devem estar compreendidos os
escavação que considerar mais conveniente, a fim custos de todas as operações necessárias à
de obter melhor produtividade, uma vez que este correta execução das escavações, inclusive o
fato por si só não influi na classificação do material. depósito, ao lado dos drenos, dos produtos
escavados.
b) Material de 2ª categoria
É todo material que para ser escavado necessite

185
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Destino do material escavado nos fiscalização considerando que, prioritariamente,


drenos coletores de águas superficiais os materiais proveniente das escavações deverão
permanecer amontoados ou ser espalhados ao
a) Espalhamento ao longo dos drenos longo dos drenos, conforme especificado no item
ou dentro do lote anterior. A distância média para o transporte dos
Em geral não será necessário o transporte do materiais está estimada em 3 km.
material proveniente das escavações para locais
de bota-fora. Este poderá ser espalhado e Medição e pagamento
regularizado, com máquina de lâmina, ao longo Os materiais de escavação efetivamente transpor-
dos drenos, em camada sensivelmente horizontal tados para locais de bota-fora, independentemente
e uniforme, ou na área do lote, de forma a evitar o de sua classificação e previamente autorizados
represamento de águas dos drenos naturais ou o pela fiscalização, serão medidos tomando-se como
arraste do material para dentro dos drenos unidade o metro cúbico, usando-se como volume
escavados. aqueles medidos nas escavações dos drenos
coletores, tomando como base as seções das
Em áreas onde o material escavado não possa escavações e sem considerar qualquer efeito do
permanecer amontoado ao lado do dreno e nos empolamento.
casos em que o procedimento acima descrito não
seja possível, como em áreas de lotes irrigados O pagamento será efetuado de acordo com o preço
com cultivos ou onde a operação anterior unitário que conste na proposta de preços do
prejudique o lote, o material escavado deverá ser contrato para este serviço e o critério de medição
transportado para locais de bota-fora previamente citado acima.
indicados pela fiscalização.

Medição e pagamento Implantação de drenos


Os materiais efetivamente espalhados e regulari- subterrâneos parcelares
zados como descrito acima, serão medidos,
tomando-se como unidade o metro cúbico, usando- Será feita de acordo com o projeto. Consiste na
se os mesmos volumes escavados e medidos instalação de tubos corrugados de PVC flexível ou
conforme critério estabelecido para as escavações, em polietileno de alta densidade, DN 65, 75, 100
sem computar o empolamento. e DN 110, através das operações adiante discrimi-
nadas:
O pagamento será efetuado de acordo com o preço
unitário que conste na proposta de preços para este a) Limpeza das faixas de instalação dos drenos
item de serviços, considerando-se o critério de A limpeza consiste nas operações de retirada de
medição estabelecido. ervas daninhas e remoção do material resultante,
bem como de eventuais cercas que impeçam o
b) Transporte de material para locais de bota-fora desenvolvimento do trabalho; inclui também a
O transporte será realizado em veículos com carga reposição de cercas retiradas por razão da
máxima por eixo compatível com as características execução do serviço.
dos caminhos existentes. Além do transporte
propriamente dito compreende as operações de Os materiais provenientes da limpeza são
carga/descarga, regularização dos caminhos por normalmente deixados ao lado das faixas limpas;
onde será transportado o material, abertura e em casos excepcionais poderão ser removidos para
reposição de cercas etc. O bota-fora somente deve locais previamente determinados pela fiscalização.
ser realizado após prévia autorização formal da

186
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

A faixa de limpeza será de 5,00 metros ao longo semi-árido, formados por capeamento do Terciário,
dos eixos definidos para os drenos e será efetuada onde existe grande variabilidade especial de
com o uso de máquina de lâmina. profundidade do impermeável (ondulado) e onde
os drenos subterrâneos são projetados com
Esta operação deve ser feita preferencialmente com profundidades próxima dessa camada restritiva ao
moto-niveladora. É de fundamental importância fluxo vertical saturado. Em solos ou áreas onde os
para permitir que toda a terra removida da vala drenos tenham sido projetados bem acima do
volte a esta como reaterro. impermeável esse trabalho é dispensável.

b) Levantamento e nivelamento topográficos dos d) Preparo dos perfis e projetos dos drenos
eixos dos drenos subterrâneos subterrâneos.
Apartir do projeto hidráulico e civil, será feita a A contratada, deverá fornecer à fiscalização as
locação topográfica dos eixos dos drenos cópias das cadernetas de campo e desenhos
subterrâneos, seguindo os espaçamento recomen- contendo os perfis do terreno natural e da barreira.
dados, conforme “ Lay Out” existente no projeto Os perfis, desenhados em papel milimetrado ou
executivo, com nivelamento e contra-nivelamento, em planilhas eletrônicas na escala horizontal
com estacas a cada 20 m. No cálculo das 1:2000 e vertical 1:100, com referencial de nível
cadernetas de campo a tolerância altimétrica será do IBGE, ou arbitrarias , serão utilizados pela
de 1 cm por km (1 cm/km). fiscalização para o traçado dos greides dos drenos.
(Projetos dos drenos)
c) Sondagens para detectar as profundidades da
barreiras ou camada impermeável. A elaboração dos projetos dos drenos subterrâneos
Deverão ser feitas tradagens manuais, próximas poderá ser, por outro lado, atribuição da contratada
dos locais de cada piquete, a cada 20,0 m ao longo devendo, neste caso, cada perfil ser submetido à
dos eixos dos drenos, até cerca de 20 cm além das contratante para aprovação.
profundidades de projeto ou até a barreira, quanto
esta estiver em profundidade interior, utilizando e) Escavação das valas para instalação dos drenos
trados tipo caneco ou holandês de diâmetro mínimo subterrâneos
de 3”. Objetivam detectar, no perfil do terreno, A escavação é do tipo vala aberta e será feita
levantado pela equipe de topografia, a posição da mecanicamente ou manualmente após a limpeza
barreiras ou camada impermeável, para fins de do terreno; neste caso, com equipamentos
projeto quanto a profundidade e declividade ou apropriados e respeitando as seções de projeto.
greide dos drenos. Caso seja detectada a presença
de lençol freático, a informação deverá ser A escavação será feita manualmente em áreas de
também registrada. Na impossibilidade serem lotes cultivados com fruticultura e onde, a juízo
feitas tradagens manuais devido a impedimentos da fiscalização, a execução com equipamento não
as perfurações causadas pela presença, no perfil seja recomendada. Também será feita manualmen-
do solo, de cascalho, calhau ou outros, deverão te nos pontos em que as escavações interfiram com
ser feitas escavações com o emprego de retro, redes de distribuição hidráulica ou componentes
após autorização pela fiscalização. Os resultados destas.
deste serviço deverão ser apresentados em
planilhas que identifiquem os lotes e drenos Em camadas de solo instável não deve ser feita
subterrâneos, pelo fato de que serão utilizados nos escavação em zona de lençol freático alto, sob
projetos de cada dreno subterrâneo. pena de ocorrer desmoronamento, que poderá
impossilitar o trabalho ou resultar em serviço de
NOTA: Este trabalho é importante para solos do má qualidade e até perda do trabalho.

187
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

As escavações serão executadas com 0,40 metro não tecido, de poliester ou polipropileno de
de largura por ... metro de profundidade, em média, gramatura ou densidade 150 g/m2 , em bobinas de
sempre no sentido jusante para montante do dreno ... metros de largura por 300 metros de compri-
a ser implantado. O material resultante da mento. No envelopamento o recobrimento da
escavação será colocado ao lado das valas, de manta será de 2 centímetros. A manta será presa
forma a facilitar as operações de nivelamento e ao tubo com fio de nylon nº 50 ou 60 de forma
manuseio da tubulação que será instalada na vala, espiral. O fio de amarração, bem como a manta e
bem como o seu reaterro. os tubos serão fornecidos (no caso pela contratada);
também é atribuição desta o transporte dos tubos
A escavação deve coincidir o máximo possível e bobinas de manta do local onde se encontrem
com as cotas de projeto, para que sejam evitados depositados no projeto até aos locais da obra.
aterros de regularização de níveis de fundo da
vala, o que pode comprometer o sistema se a Está ainda incluída entre as atividades deste item
camada de regularização for espessa e, ao mesmo a união dos tubos, que será feita com luvas
tempo se o material de regularização não estiver fornecidas pela (contratante ou contratada). Na
úmido e não for levemente compactado, o que falta de luvas, os tubos serão unidos fazendo-se
pode causar rebaixamento do tubo dreno no um corte de cerca 10 cm, transversal à seção de
trecho. jusante, a fim de proporcionar condição de
superposição dos mesmos. A união deverá ser
Nas escavações terá que ser feito, obrigatoria- amarrada com fio de nylon de forma a garantir o
mente, o acompanhamento rigoroso das cotas de manuseio da tubulação por ocasião de sua
projeto de fundo das valas, através do uso de instalação.
gabarito e linha de nylon presas às estacas, que
devem estar localizadas longitudinalmente a 1,8 g) Instalação dos drenos
m dos eixos de cada dreno a ser escavado, onde o A tubulação preparada e envelopada nas condições
gabarito deve tocar levemente a linha sempre pela especificadas no item anterior, será devidamente
parteinferior. posicionada nas valas previamente escavadas e
niveladas. Rigoroso acompanhamento do greide
O alinhamento dos eixos das valas poderá ser feito da tubulação deve ser efetuado nessa ocasião para
com a utilização de cal, ou outro método julgado evitar qualquer elevação que dificulte o fluxo das
conveniente e aprovado pela fiscalização. águas drenadas. No acompanhamento das
profundidades de instalação dos tubos e seus
Todo o material proveniente das escavações declives, deverão ser usados gabaritos e ser
deverá retornar, obrigatoriamente, às valas para instalada longitudinalmente à vala escavada, uma
evitar futuro rebaixamento do aterro e a formação linha de nylon para servir de referencial de nível
de via preferencial de fluxo das águas superficiais, para aferição do greide da tubulação após
o que pode causar a falência do sistema. posicionada na vala.

A escavação das valas possivelmente atingirá, em Apoio topográfico deverá estar a disposição para
casos de lotes cultivados, o lençol freático e nesse os trabalhos necessários à perfeita instalação da
caso, a escavação somente pode ser executada se tubulação de drenagem, não podendo haver
o solo for estável. desvios verticais da tabulação em relação ao
greide dos drenos superiores a 1 cm para cada 3
f) Envelopamento dos tubos corrugados metros de tubos, não cumulativos.
O envelopamento dos tubos consiste no envolvi-
mento destes com manta sintética, tipo geotextil

188
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

h) Fornecimento e instalação de tubos de PVC ou brita, devendo ao se removida após reaterro da


rígido parede delgada (classe esgoto) para os vala deixar uma coluna mínima de 10cm do
pontos da descarga nos coletores abertos. material acima da altura da camada impermeável.
Ao final de cada linha de drenagem subterrânea
parcelar será instalada um terminal de deságüe j) Reaterro com solo cimento compactado nos
de 2,0 m de comprimento, formado por tubo de locais dos pontos de deságüe nos drenos coletores
PVC rígido, classe esgoto, de 75 mm de diâmetro abertos
ou 125 mm, para drenos de DN 65 ou DN 110. Tem como finalidade fazer a contenção do reaterro
Tem a finalidade de efetuar o deságüe das águas da vala junto ao dreno coletor e proteger o terminal
drenadas através da tubulação corrugada no dreno de deságüe de provável erosão interna.
coletor aberto. A extremidade do deságüe deve
estar “sempre” em nível superior e no mínimo a Será confeccionado usando-se o material da
30 centímetros acima da base do dreno coletor, escavação, previamente preparado com a
no ponto de deságüe. Por ocasião do reaterro da eliminação de torrões, materiais orgânicos e pedras
vala no local desse terminal, cuidados especiais e misturado de forma uniforme com cimento na
devem ser tomados para evitar o seu desacopla- proporção de 3 sacos de cimento por metro cúbico
mento com o tubo corrugado. de reaterro, para traço 9:1. O material preparado
deve ser colocado na vala em camadas de 30 cm,
A contratada nesta operação será também que devem ser compactadas manualmente até
responsável pelo fornecimento da tubulação de atingir o nível do terreno natural, em uma distância
PVC necessária. aproximada de 0,5 m da borda superior do coletor.
A estrutura deve ser construída antes de ser feito o
i) Reaterro das valas reaterro da parte final da vala, na sua proximidade,
O reaterro das valas será feito com material o que só poderá ser feito após aprovação pela
proveniente das escavações, inicialmente de forma fiscalização.
manual até compor uma camada de 40 centíme-
tros, que deverá ser compactado; a seguir será Medição e pagamento
adicionada uma segunda camada de aterro, A implantação dos drenos subterrâneos parcelares
também de 40 cm, compactada manualmente; em será medida tomando-se como unidade o metro
seguida a complementação do reaterro poderá ser linear de drenos instalados e aprovados pela
feita mecanicamente com a compactação feita fiscalização.
pela de passagem dos pneus da máquina, ou
manualmente, a critério da contratada e concor- O pagamento será feito de acordo com o preço
dância com a fiscalização. unitário que figure na planilha para este serviço,
considerando a quantidade de serviço efetivamente
Quando as valas, em condições especiais, tiverem executado.
que cortar camadas impermeáveis do solo e
somente nesta condição, por ocasião do reaterro, No preço unitário devem estar compreendidos os
serão confeccionados pontos de fuga da água para custos de todas as operações e fornecimentos
os drenos afastados cerca de 5,0 m. Esses pontos necessários à correta instalação dos drenos
serão executados utilizado-se como fôrma pedaço subterrâneos, conforme especificado neste ítem e
de tubo de 200 mm de diâmetro, recortado na parte sub-itens “a” a “j”.
inferior para se encaixar no dreno subterrâneo. Essa
fôrma deverá ser preenchida com seixos rolados

189
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fornecimento e instalação altura variável e dimensões de 70 x 70 cm. A


de caixas de inspeção tampa deve ficar sob a superfície do terreno a cerca
60 cm.
As caixas de inspeção serão confeccionadas em
concreto armado no canteiro de obras, ou em No custo de construção das caixas deverão estar
fábricas especializadas em pré-moldados, neste incluídos os serviços de escavação, reaterro e a
caso observados os detalhes e ferragens da planta posterior retirada de entulhos decorrentes desse
do projeto. trabalho.

Terão diâmetro interno de 0,60m, altura média de Medição e pagamento


0,75m e profundidade média de sua parte superior Serão medidas considerando como unidade a caixa
de 0,60 m em relação à superfície do terreno; serão construída conforme descrito acima e pagas de
formadas de anéis pre-fabricados em concreto acordo com o preço unitário que figure na planilha
armado com paredes de 5 cm de espessura. O fundo de preços, considerando a quantidade efetivamente
da caixa deverá ser móvel, em forma de disco, construída.
armado e com 5 cm de espessura. A tampa deverá
ser também armada, com diâmetro de 0,75 m e 5
cm de espessura, devendo ser instaladas nos locais Construção de estrutura com alvenaria
indicados no projeto ou a critério da fiscalização. de pedra argamassada

O custo de instalação deverá compreender os As alvenarias de pedra argamassada serão


serviços de escavação, reaterro e a retirada de utilizadas na execução de obras de arte ou
restos de materiais ou entulhos do local de trabalho. especiais, definidas em projeto; deverão ser
executadas seguindo as especificações e por mão
Medição e pagamento de obra experiente.
Serão medidas considerando como unidade a peça
confeccionada e instalada como especificado A pedra a ser utilizada deve ser dura, compacta,
anteriormente. de textura homogênea, isenta de crosta decomposta
e possuir dimensões compatíveis com as espessuras
O pagamento será efetuado de acordo com o preço das alvenarias.
unitário que figure na planilha para o fornecimento
e instalação das caixas, considerando a quantidade Antes do inicio das alvenarias deve-se regularizar
efetivamente instalada e aprovadas pela fiscaliza- as escavações para definir a geometria e parâmetro
ção. das obras, dentro de tolerância admissível. Somente
após a aprovação desta etapa á que as alvenarias
poderão ser executadas.
Construção de caixas de junção/inspeção
As pedras devem ser selecionadas, devendo,
Estas caixas de junção/inspeção serão construídas quando necessário, serem feitos os desbastes e
nos pontos de junção dos drenos coletores cortes a martelo. As pedras serão assentadas em
subterrâneos com os drenos parcelares. Serão argamassa o bastante para que quando comprimi-
construídas com tijolos de olaria maciços, fundo das esta reflua pelos lados, sendo calçadas com
em concreto e tampa em concreto armado com 5 lascas de pedra dura. A primeira fiada do inicio
cm de espessura. Serão revestidas internamente ou reinicio do serviço será constituída de pedras
com argamassa de cimento e areia traço 1:4. As maiores, assentadas sobre leito de argamassa. As
paredes das caixas terão espessura de 11,5 cm, pedras serão assentadas em camadas respaldadas

190
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

horizontalmente e verticalmente, se for o caso, Fornecimento e assentamento de


devendo haver o necessário travamento ou tubos de concreto tipo CA-II.
amarração entre pedras de cada fiada. A alvenaria
formará um maciço sem vazios ou interstícios. Os tubos a serem fornecidos e instalados para a
construção de bueiros terão diâmetro de 600 e 800
A argamassa de ligação deverá ser de cimento e mm. Serão instalados em valas escavadas até a
areia grossa traço 1:4, preparada em masseiras. rasante dos drenos em locais definidos no projeto.
Quando, no fundo da vala, for encontrado material
Medição e pagamento de 3ª categoria, a escavação deverá baixar no
A medição será feita tendo como unidade o metro máximo 0,10 m, que será completado com lastro
cúbico, calculado com base no projeto. de concreto magro e com alvenaria de pedra
argamassada; em outras condições obedecer o
O pagamento será efetuado considerando o preço constante da planta tipo. Deverão ser assentados
unitário estabelecido na planilha de preços do de forma a garantir o perfeito funcionamento e
contrato e os volumes medidos. concordância com os greides dos drenos.

O preço inclui os custos de escavação, pedra, Tubos que apresentem avarias provenientes de
cimento, agregados, mão-de-obra, transporte de carga, descarga, transporte e instalação ou que
materiais, acabamento de superfícies e qualquer apresentem defeitos, ou rachaduras, serão
outro trabalho necessário para a conclusão da obra, recusados. Antes de serem instalados os tubos
inclusive reaterro e limpeza da área de construção. deverão ser limpos e mantidos livres de destritos
estranhos.

Construção de revestimento A fiscalização examinará cuidadosamente cada


com pedras argamassadas tubo antes do seu assentamento na posição
definitiva, o que não isenta a contratada de
O revestimento de pedra argamassadas deverá ser satisfazer às condições destas especificações.
executado com a mesma técnica e orientações
do item anterior e em atendimento aos parâmetros Os tubos deverão ser baixados cuidadosamente até
e linhas do projeto. o fundo da vala com guindaste ou outro meio
aprovado pela fiscalização. Cada tubo será
Medição e pagamento colocado diretamente sobre a camada de
A medição será feita tomando-se como unidade o assentamento. Uma vez baixado, deverá ser feita
metro cúbico, calculado com base no projeto da sua colocação e o perfeito alinhamento com os
obra. adjacentes. Deverá ser seguida a declividade de
projeto do fundo do dreno ou a declividade de
O pagamento será efetuado considerando o preço projeto da obra tipo, caso exista. Os tubos e valas
unitário estabelecido no contrato e o volume deverão ser mantidos livres de água, que deverá
medido. ser esgotada com bombas ou por meio de saídas
na escavação, caso seja necessário. Quando for
O preço inclui todos os materiais e serviços preciso interromper a colocação dos tubos,
necessários para se conseguir um revestimento de deverão ser tampados os extremos livres para
perfeito acabamento. impedir a entrada de água ou corpos estranhos.

O reaterro poderá ser feito com o próprio material


da escavação, desde que sirva para esse fim,

191
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

ficando a critério da fiscalização a sua utilização junção/inspeção, locais de deságüe dos drenos
ou não. Deverá ser disposto em camadas de no subterrâneos.
máximo 0,20 m e já com teor de umidade
apropriada. Cada camada deverá ser compactada Os drenos coletores entubados, em geral,
com compactador vibratório, tipo sapinho ou desaguarão em drenos coletores superficiais tipo
similar, ficando a cargo da fiscalização, através vala aberta, onde deverão ser construídas estruturas
de avaliação táctil, identificar o grau de de proteção contra erosão utilizando alvenaria de
compactação desejado. Quando os bueiros pedras.
cruzarem estradas, a última camada deverá ser
de revestimento primário ou cascalho. Os serviços e fornecimentos, caracterizados a
seguir, necessários para a construção dos drenos
Medição e pagamento coletores subterrâneos, serão medidos considerando
Nos custos unitários deverão estar incluídas todas como unidade, o metro de tubo fornecido e
as despesas, tais como aquisição dos tubos, instalado. Deverá compreender toda mão-de-obra,
materiais, transportes, mão-de-obra, uso de o transporte e distribuição dos tubos e o eventual
equipamentos, reaterro, leito de concreto e outros. fornecimento de areia para o preparo de leitos,
quando o assentamento correr em vala escavada
A medição será feita por metro de tubos assentados em rocha e também os custos de estruturas de
e devidamente reaterrados, conforme o diâmetro deságüe no coletor aberto.
indicado nos projetos, incluindo eventual leito de
concreto e o reaterro. Somente considerar-se-á concluído estes serviços
quando todas as caixas de junção/inspeção
O pagamento será feito pelo preço unitário de tubo estiverem concluídas conectadas aos drenos
fornecido e instalado, conforme conste na planilha subterrâneos e as valas devidamente reaterrados.
de custo apresentada pela contratada, consideran-
do o critério de medição estabelecido. O pagamento será efetuado considerando o critério
de medição acima apresentado, bem como os
diâmetros dos tubos e preços unitários constantes
Fornecimento e instalação de tubos nas planilhas para este serviço.
para a construção de
drenos coletores entubados
Reaterro dos drenos
Serão utilizados tubos de PVC de ... e ... mm de coletores entubados
diâmetros iternos, respectivamente, que serão
fornecidos pela ..... . Os tubos serão armazenados, Os reaterros serão feitos inicialmente de forma
transportados e distribuídos para os locais de manual e posteriormente com equipamentos. O
instalação pela ..... . Serão instalados em valas es- material do reaterro, que em principio será o
cavadas com seção retangular e largura de 0,40 m. proveniente das escavações, com execução
daqueles trechos em que as escavações forem
Serão assentados seguindo os greides executados em rocha, devem estar isentos de
estabelecidos em projeto, acoplados através da pedras e materiais que a critério da fiscalização
união das pontas e bolsas, alinhadas. No caso de sejam indesejáveis. Os reaterro deverão ser
instalação sobre trechos escavados em rocha, os convenientemente compactados de forma a todo
tubos serão assentados sobre um colchão de areia o material da escavação retorne as valas.
de altura mínima de 5 cm. A tubulação deve ficar
ajustada e perfeitamente ancorada nas caixas de

192
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

Medição e pagamento a) Rendimento da máquina ou equipamento para


A medição do volume de reaterro, efetivamente cada unidade de serviço;
executado conforme especificado acima, será feita b) Consumo de material para cada unidade de
considerando como unidade a metro cúbico e serviço especificado na planilha;
tomando-se como base o volume de escavação c) Consumo de mão-de-obra para cada unidade
da vala. da serviço especificado na planilha;
d) Custos de mão-de-obra, onde deverão ser
O pagamento do volume de reaterro será efetuado respeitadas as leis nacionais, os custos de transporte
considerando o critério de medição estabelecido a alimentação.
e o preço unitário que conste na planilha para este e) Custos do B.D.I. (Bônus de Despesas Indiretas)
serviço.

8. Da responsabilidade do construtor
6. Disposição do sistema implantado
(lay-out) A responsabilidade do construtor é integral para a
obra contratada nos termos do Código Civil
Toda e a qualquer alteração feita no projeto, por Brasileiro.
ocasião da sua implantação, deverá constar do
Lay-out definitivo da obra, a ser preparado e O construtor será também responsável por todos
apresentado, no final da mesma, pela contratada, os serviços relacionados com a construção,
na mesma escala e forma de apresentação do manutenção, mobilização e desmobilização de
projeto motivo do contrato. todas as instalações do canteiro de obras e
acampamentos que venham a ser necessários ao
No caso dos drenos coletores entubados e suas andamento dos serviços, assim como, o transporte,
caixas de junção – inspeção, essas obras deverão montagem e desmontagem de todos os equipa-
ser sempre amarradas (locadas) e ter seus ângulos mentos, máquinas e ferramentas.
medidos até segundos e as distâncias medidas com
precisão de até duas casas decimais; quanto às A presença da fiscalização da contratante na obra
profundidades das partes superiores das caixas de não exime a responsabilidade do construtor.
inspeção junção, em relação à superfície do
terreno, essas deverão ter aproximação correspon- É de inteira responsabilidade do construtor a
dente a uma casa decimal. reconstituição de todos os danos ou avarias
causados em obras existentes como, caiação,
Medição e pagamento urbanismo, edificações, rede elétrica e rede de
Os custos não serão motivo de pagamento, irrigação e drenagem e conservação e manutenção
devendo estar diluídos nos custos gerais das obras. de obra objeto do contrato até a sua entrega
definitiva à empresa contratante.

7. Composição de custos A fiscalização da contratante poderá exigir a


retirada imediata de qualquer operário do canteiro
O concorrente deverá apresentar uma composição de serviços cuja mão-de-obra seja classificada
de preços em planilha financeira, de acordo com inferior à exigida pela contratante, conforme
os itens especificados. A esta everá ser anexada a julgamento desta.
memória de cálculo de cada item com detalhes
dos cálculos e englobando os custos diretos e O construtor é responsável pela retirada do local
indiretos, conforme segue: da obra, dentro de quarenta e oito horas a partir da

193
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

notificação do fiscal da contratante, de todo e 10. Informações adicionais


qualquer material impugnado pelo mesmo.
Qualquer dos itens constantes da planilha de custos
A guarda e a vigilância dos materiais necessários que deixar de ser apresentado desclassificará
à obra, assim como dos serviços executados, é de automaticamente a proponente. Na composição
total responsabilidade do construtor que tem a de preços unitários, cada proponente poderá
obrigação de inspecionar a área onde serão apresentar modelo próprio.
executados os serviços, não podendo sob pretexto
algum alegar desconhecimento do local. Fazem parte das especificações os seguintes
documentos, que estarão disponíveis para consulta
A contratada é obrigada a manter na obra, durante e/ou reprodução - listar os documentos conforme
o seu período de execução e cumprido jornada de exemplo abaixo:
trabalho diario, um engenheiro registrado no CREA,
com responsabilidade geral de condução da obra. • Fichas de descrição de perfis;
Para efeito da liberação do 1º faturamento à • Fichas de testes de condutividade hidráulica
fiscalização somente o fará mediante a apresen- horizontal saturada;
tação de cópia autenticada da ART no CREA. • Levantamento topográficos dos eixos dos drenos
coletores superficiais e entubados;
• Projeto Executivo/básico do sistema de drenagem
9. Recebimento definitivo dos serviços superficial/subterrânea (relatório final)
• Perfis executivos do sistema de drenagem
Após o término dos serviços, a contratada requererá coletora superficial e subterrânea;
o recebimento definitivo das obras. • Plantas gerais e obras de arte (especiais);
a) Disposição geral dos estudos de drenagem
A fiscalização fará a vistoria e se os serviços subterrânea em escala ...... (Localização dos
estiverem de acordo com as especificações, pontos de testes de condutividade hidráulica,
efetivamente não tendo nenhuma observação a tradagens e perfis pedológicos);
fazer, será lavrado o Termo de Encerramento Físico b) Lay out geral do sistema de drenagem
do Contrato. superficial e subterrânea;
c) Bueiro - Tipo para cruzamento com estrada
Na hipótese de correções, a contratada terá um ou canal;
prazo de 30 (trinta) dias para regularização das d) Junção de drenos;
mesmas. Só após a realização das correções, e e) Caixa de inspeção e caixa de junção-
estando a fiscalização de acordo, será lavrado o inspeção;
Termo de Encerramento Físico do Contrato, que f) Perfil tipo de dreno coletor entubado;
permitirá a liberação da caução contratual, sendo g) Estrutura de deságüe e proteção de dreno
que o termo deverá ser lavrado por representantes subterrâneo;
da contratante e da contratada.

A última fatura de serviços será encaminhada para 11. Considerações finais:


pagamento após emissão do Termo de Encerra-
mento Físico do Contrato e recebimento pela As obras e serviços que serão executados de acordo
contratante. com estas especificações se desenvolverão em
perímetro irrigados em operação (no caso) e por

194
Especificações técnicas para
implantação de sistema de drenagem agrícola

isso, necessitarão de planos específicos de Junto ao último faturamento de serviços a contrata-


execução sincronizados com os interesses da da deverá apresentar os comprovantes de quitação
contratada e dos usuários. de todos os encargos trabalhistas, previdenciários
e fiscais com relação aos serviços e obras execu-
Antes de iniciar qualquer serviço de escavações tadas.
ou movimentação de equipamento, a contratada
deverá ter pleno conhecimento de todas as
variáveis que possam interferir no desenvolvimento
e conclusão dos serviços.
Fonte consultada:
Deverá observar possível interseção das obras com Supervisão de Irrigação e Drenagem – DO/OM
tubulações do sistema adutor, ou de distribuição – CODEVASF – Administração Central - Brasília
de água do projeto, para evitar danos e,
consequentemente, prejuízos aos usuários. É
Importante que qualquer interferência com
tubulações do sistema de distribuição seja
sinalizada para a perfeita caracterização do local
e alerta aos operadores de equipamentos. Será de
responsabilidade da contratada os ônus decorrentes
de danos nos sistemas de distribuição decorrentes
de ações falhas de operários ou equipamentos
utilizados na execução da obras.

Eventuais interseções de drenos com o sistema


adutor ou distribuidor de água do projeto que
venham exigir obras específicas, não contempladas
no projeto, serão objeto de contratação especí-
ficas.

A contratante manterá em campo equipe com o


objetivo de acompanhar e fiscalizar o andamento
e a qualidade dos serviços, bem como efetuar
medições e resolver pendências decorrentes do
projeto ou métodos e critérios executivos
especificados. A fiscalização, quando necessário,
poderá também fazer o detalhamento de obras
visando uma melhor execução.

A contratada deverá arcar com todos os encargos


trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
resultantes da execução da obra, não poderia
transferir à contratante a responsabilidade de
qualquer vínculo por seu pagamento. Também é
proibida a DAÇÃO do presente contrato de
execução dos serviços, como garantia de qualquer
transação da empresa executora ou contratada.

195
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

20. EXEMPLO DE PROJETO DE


DRENAGEM SUBTERRÂNEA

1. Empresa: fluxo vertical saturado a uma profundidade média


Solamberger Agrícola (fictício) de 1,70 m da superfície do terreno.

2. Localização: 9. Coeficiente de drenagem subterrânea


Perímetro de Irrigação de Maniçoba - Juazeiro/BA ou recarga de projeto:
No seu cálculo estimativo foi tomada recarga
3. Área do Projeto: proveniente de chuvas, por ser esta a maior fonte
11 ha geradora de encharcamento dos solos da área.
Foram ainda considerados os seguintes parâmetros:
4. Cultura Prevista:
Uva • Precipitação total estimada para a duração de 3
(três) dias consecutivos e recorrência de 1/10 anos
5. Solo: = 160 mm, conforme tabela 1 anexa.
Podzólico vermelho amarelo eutrófico, latossólico, • Retenção de chuva pelas plantas e cobertura
com “A” franco, muito ácido em profundidade, vegetal morta = 8 mm
coloração dominante amarela, muito profundo, • Escoamento superficial na base de 30% do total
concreções lateríticas a 170 cm. Textura leve precipitado = 160 mm x 0,30 = 48 mm
sobre média a pesada. Infiltração potencial = 160 - (48+8) = 104 mm
• Evapotranspiração = 12 mm em 3 dias
6. Relevo: • Retenção de umidade pelo solo. Para o seu
Plano cálculo foi assumido:

7. Condutividade Hidráulica: • Profundidade do sistema de drenagem = 1,20 m.


Na área foram conduzidos 4 testes de condutividade Este valor tem-se mostrado adequado, na região,
hidráulica em presença de lençol freático, para a cultura da uva em solos de textura média a
conforme as figuras anexas 1, 2, 3, e 4, sendo leve.
obtido valor médio de 3,5 m/dia. • Espaçamento entre drenos = 30,0 m
• Profundidade equivalente de fluxo = 0,5 m
8. Profundidade da Barreira: • Condutividade hidráulica média = 3,5 m/dia
Avaliações feitas com base em resultados de • Profundidade do lençol freático no ponto médio
tradagens e em informações de solo da área entre drenos, com a irrigação e imediatamente antes
permitiram constatar a presença de barreira ao da chuva de projeto = 1,05 m, conforme Figura 01

Prof Textura Capacidade de Campo Água Disponível


(cm) (%) (cm)

0 - 25 Franco arenosa 6,73 0,54


25 - 50 Franco argilo arenosa 12,07 1,35
50 - 105 Argilo arenosa 14,80 3,13
Total = 5,02

196
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

• Dados do solo, segundo perfil tipo constante da • Retenção até a capacidade de campo =
tabela 2 em anexo. 50,2 mm x 0,40 = 20 mm
• Recarga ou percolação profunda:
104 - (12 + 20) = 72 mm

Espessura de solo saturado pelas chuvas


Sabendo-se que a porosidade drenável pode
também ser obtida indiretamente em função da
condutividade hidráulica e assumindo-se um solo
uniforme ate 1,20 m de profundidade e que o valor
médio da condutividade hidráulica é representativo
de todo o perfil tem-se:

Porosidade drenável = v
Fig. 1- Profundidade do lençol antes das chuvas de
projeto Sendo K = 3,5 m/dia: tem-se que v = 18,71%
ou, segundo curva do USBR, µv = 19%
No cálculo estimativo da altura do lençol freático,
sobre os drenos, foram consideradas recargas de Ascenção do Lençol =
0,0025 m/dia e de 0,0030 m/dia para irrigação por
gravidade, em sulcos, com baixa eficiência de
irrigação, tendo-se empregado a fórmula de
Hooghoudt para camada de solo uniforme ou K1 = Altura da zona de saturação para a condição mais
K2, obtendo-se: crítica do projeto - h = 53 cm, conforme Fig. 2.

ou

ou:

Para R = 0,0025 m/dia - h = 0,14 m


Para R = 0,0030 m/dia - h = 0,16 m
Assume-se então que o lençol freático, imedia-
tamente antes das chuvas de projeto, estaria a Fig. 2 – Esquema de sistema de drenagem
1,05m. No caso de irrigação por aspersão esse com lençol a diferentes profundidades
valor seria inferior porque a percolação profunda
poderia situar-se entre 0,0010 a 0,0015 m/dia. Sendo h0 = 15 cm assumidos + 38 cm obtidos = 53 cm
A retenção de umidade corresponde à lâmina de
água necessária para levar o solo, na profundidade
de 105 cm, do estágio de unidade atual, imedia- Lâmina de água a ser drenada
tamente antes da chuva de projeto, até a capaci- no período de 3 dias
dade de campo, assumindo-se que o teor de O sistema de drenagem foi projetado para a
umidade média da camada considerada seria instalação de drenos a 120 cm de profundidade e
equivalente a 60% do total da água disponível. para trabalhar, na condição crítica de projeto, com

197
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

carga hidráulica “h” de 53 cm ou com lençol, no v = fração drenável ou espaço poroso drenável (%)
ponto médio entre drenos, a 67 cm da superfície ho = altura máxima assumida para o lençol no
do terreno. ponto médio entre os drenos (m)
ht = altura do lençol freático após o período
Assumiu-se que o lençol freático, imediatamente considerado para o rebaixamento (m)
antes das chuvas de projeto estaria a 1,05 m de p = perímetro molhado do tubo dreno (m), conforme
profundidade devendo, após receber a recarga, figura 3
ascender para 67 cm abaixo da superfície do solo,
para ser então rebaixado para 80 cm em um período *D = d + ho/2 segundo o US Bureau of Reclamation
de 3 dias, o que resulta em um rebaixamento de
13 cm. Se d/ho < 0,1 – o espaçamento pode ser calculado
como se o dreno estivesse sobre a barreira
Obtêm-se então a lâmina de água a ser drenada No caso Do = d por se tratar de solo raso onde Do
pela seguinte expressão: é menor que a unidade
Percolação profunda ou lâmina de água a ser
drenada = camada saturada x porosidade drenável Valores utilizados:
L = 13 cm x 0,19 = 2,47 cm
K = 3,5 m/dia
A Recarga ou Coeficiente de Drenagem Subter- P =0,46 m (tubo DN 64 e envoltório de cascalho)
rânea é então de: ho = 0,53 m
R = 24,7 mm/3 dias = 8,2 mm/dia Do = d = 0,50 m
ht = 0,40 m
D = 0,73 m
10. Cálculo do Espaçamento Entre Drenos t = 3 dias
L2 = 2 x 3,5 x 0,73 x 3/0,19 x ln
Foram empregadas as fórmulas de Glover Dumn e (1,16 x 0,53/0,40) = 929 m2
Hooghoudt. L = 30,5 m Þ L = 30,0 m

a) Cálculo pela formula de Glover Dumn


L2 = p2 KDt/v.ln (1.16 ho /ht)
D = d + (ho + ht )/4, onde

Sendo:

L = espaçamento entre drenos (m)


K = condutividade hidráulica da camada
de solo (m/dia) Fig. 3 – Dreno com Envoltório de cascalho
D = espessura da camada de solo onde ocorre
fluxo total (m)
Do = espessura da camada de solo situada entre o Como o espaçamento obtido está na faixa do valor
fundo do dreno e a barreira (m) inicialmente estimado, não há necessidade de
d = espessura onde ocorre fluxo equivalente (m) recalcular o valor inicial de h.
t = tempo estimado para rebaixamento do lençol
(dias)

198
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

b) Cálculo pela Fórmula de Hooghoudt, conforme • Tubo trabalhando a ¾ de seção


ilustrado na figura 4. É regra bastante generalizada dimensionar-se a
L2 = 8 K2 dh/R + 4K1 h2/R tubulação para trabalhar a ½ seção, o que permite
Como K2 = K1 = K, tem-se que que mesmo após um assoreamento, de até a
L2 = 4 K h/R (2d + h), sendo: metade de sua seção, esta ainda funcione a
K = 3,5 m/dia contento, permitindo assim maior intervalo entre
d = 0,50 m limpezas quando se tratar de solos com altos teores
h = 0,40 m de silte, areia fina ou outros solos de baixa
R = 0,008 m/dia estabilidade estrutural.
L = 31,3 m Þ L = 30,0 m
Como a tubulação de drenagem trabalha à pressão
atmosférica, no seu dimensionamento é empre-
gada a fórmula de Manning onde:
Q = 1/n A R2/3 S1/2
A= área do tubo em m2
R= A/P em m
S= declividade em m/m
No caso n = 0,016 para tubos corrugados de
material plástico (PVC ou polietileno)

Fig. 4 - Espaçamento segundo a fórmula de Hooghoudt


Para tubo trabalhando a 1/2 seção a fórmula fica
reduzida a: Q = 10 D8/3 S1/2
D= diâmetro interno do tubo em m
Atualmente, quando do emprego da fórmula de
Hooghoudt e para solos de textura leve a média,
Para trabalho a 3/4 de seção tem-se:
está sendo usada para a região de Petrolina/
Área de fluxo = A = 0,63 D2
Juazeiro, recarga de 0,004 m/dia. Os resultados
Perímetro molhado = P = 2,09 D
tem sido, aparentemente, satisfatórios tendo em
R. Hidráulico = 0,30 D
vista que a melhor drenagem não é a mais eficiente
Capacidade do tubo = Q = 17,5 D8/3 S1/2
e sim a mais econômica.
No dimensionamento dos comprimentos das linhas
de drenagem, mesmo que o princípio de cálculo
11. Cálculo do Comprimento seja o trabalho à ½ seção, o sistema pode, por
das Linhas de Dreno motivo prático e econômico, trabalhar com trechos
acima desta capacidade, como se verá a seguir.
Leva-se em conta a recarga de projeto, a declivi-
dade de instalação da linha de drenagem e as No dimensionamento dos comprimentos dos tubos
características do tubo, como coeficiente de considera-se os seguintes fatores:
rugosidade e altura da lâmina de água consumida
ou seja: • Altura da lâmina d’água no tubo ou seção de
:
fluxo assumida
• Tubo trabalhando a ½ seção • Características hidráulicas do tubo
• Declividade de projeto, no caso S = 0,004 m/m

199
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

a) Cálculo das vazões (Q) para tubos trabalhando à 1/2 e 3/4 de seção

b) Cálculo da Recarga Unitária, conforme figura 5

• Coeficiente de drenagem subterrânea – R = 0,008 m/dia


• Espaçamento entre drenos – L = 30,0 m

Fig. 5 – Esquema de cálculo do comprimento de drenos

c ) Comprimento máximo do tubo

C = Q (m3/s)/q (m3/s.m)

DN Comprimento (m)
1/2 Seção 3/4 Seção
65 118 205
75 169 295
100 385 677

Como serão instaladas linhas de drenos de 500 Nas Figuras 8 a 11 são apresentadas fichas com
m, conforme Figuras 6, selecionou-se o tubo DN resultados dos testes de condutividade hidráulica
100 para os primeiros 250 m e DN 75 para os de campo.
250 m à montante. Nos pontos de mudança de
diâmetro deverão ser instaladas caixas de Nota: É de fundamental importância que as especi-
inspeção, conforme Figura 7 em anexo. ficações técnicas, para fins de implantação das obras,
façam parte do projeto que deverá conter também
Neste caso não se opta pelo tubo de DN 65 porque plantas-tipo das obras, como caixas de inspeção,
este não atingiria os 250 m, nem trabalhando a ¾ proteções dos pontos de descarga dos drenos
de seção. O seu emprego implicaria na construção subterâneos nos coletores abertos e outras obras
de mais uma caixa de inspeção por linha, o que julgadas necessárias.
não seria economicamente vantajoso em função
dos custos dos diferentes tipos de tubo na época
do projeto.

200
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

Tabela 1 -
Chuvas máximas de três dias Estação Mandacaru - Juazeiro - BA (*)
Lat. = 9o 24’ S ; Long. = 40o 26’ W

Ano Nov Dez Jan Fev Mar Abr Máximas Nº de Precipitações


ordem máximas
1965 45,9 5,0 - - - - -

1966 33,2 21,6 42,7 75,3 41,1 56,0 75,3 1 166,5

1967 36,3 56,7 11,5 17,8 84,8 19,7 84,8 2 160,0

1968 83,8 19,7 9,9 30,6 56,0 4,0 83,8 3 153,8

1969 16,0 59,1 80,4 148,3 116,2 7,0 148,3 4 148,3

1970 55,2 21,8 81,6 30,5 6,5 - 75,6 5 144,8

1971 22,0 22,8 35,9 21,0 32,2 75,6 75,6 6 128,2

1972 - 166,5 36,9 44,9 67,0 33,4 166,5 7 117,7

1973 9,1 15,6 15,7 33,4 99,1 61,7 99,1 8 110,7

1974 9,0 22,0 30,4 73,4 26,4 84,6 84,6 9 103,1

1975 9,8 9,6 70,2 16,6 160,0 50,5 160,0 10 99,1

1976 92,5 13,0 5,9 103,1 4,6 2,5 103,1 11 84,8

1977 48,5 89,5 20,1 15,6 128,2 45,0 128,2 12 83,8

1978 46,4 63,3 84,6 153,8 25,8 41,6 153,8 13 84,6

1979 26,1 6,1 73,3 50,8 12,8 52,9 73,3 14 81,6

1980 117,7 61,5 108,9 100,9 9,3 45,8 117,7 15 75,6

1981 7,2 16,5 13,6 1,5 110,7 18,9 110,7 16 75,5

1982 - 73,7 0,7 22,1 75,5 47,3 75,5 17 75,3

1983 47,9 13,2 15,0 144,8 30,5 0,4 144,8 18 73,3


(*) Fonte: Dados básicos - INEMET.

Frequência de chuvas.
N = fnN = nº de anos registro f = frequência desejada n = nº de ordem na coluna
Para: f = 10 N = 18 Toma-se uma chuva de 160mm

201
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Tabela 2 -
Resultado de análises de solos segundo levantamento pedológico
realizado pela Sondotécnica S.A. - perfil 21, unidade PV1,
projeto Maniçoba - BA, 1973/74.

202
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

Fig. 6 - Disposição do Sistema de Drenagem

203
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Fig. 7 - Planta-Tipo de Caixa de Inspeção

204
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

Ficha de cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol freático


Projeto: Maniçoba (BA) Data: 09/Abril/86 Teste nº: 01
Locação: Área de plantio de uva
Executor : Manuel J. Batista/Hermínio H. Suguino
Solo: PV1 - Podzólico vermelho amarelo Eutrófico latossolo

Fig. 8 – Ficha de teste de Condutividade Hidráulica

205
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Ficha de cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol freático


Projeto: Maniçoba (BA) Data: 09/ Abril/86 Teste nº: 02
Locação: Área de plantio de uva
Executor : Manuel J. Batista / Hermínio H. Suguino
Solo: PV1

Fig. 9 – Ficha de teste de Condutividade Hidráulica

206
Exemplo de projeto de drenagem subterrânea

Ficha de cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol freático


Projeto: Maniçoba (BA) Data: 11/Abril/86 Teste nº: 03
Locação: Área de plantio de uva
Executor : Manuel J. Batista / Hermínio H. Suguino
Solo: PV1

Fig. 10 – Ficha de teste de Condutividade Hidráulica

207
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Ficha de cálculo da condutividade hidráulica em presença de lençol freático


Projeto: Maniçoba (BA) Data: 11/Abril/86 Teste nº: 04
Locação: Área de plantio de uva
Executor: Manuel J. Batista/Hermínio H. Suguino
Solo: PV1

Fonte:
Supervisão de Irrigação e drenagem - DO/OM -
Fig. 11 – Ficha de teste de Condutividade Hidráulica CODEVASF - Administração Central (Brasília).

208
Manutenção de drenos

21. MANUTENÇÃO DE DRENOS

Uma boa manutenção de drenos é muito impor- roçadeiras especiais para este tipo de serviço é
tante para o funcionamento adequado do sistema de uso mais restrito, tendo em vista que este tipo
de drenagem. de equipamento não é produzido no pais, o que
cria entraves quanto a aquisição; por outro lado o
Os drenos logo após serem escavados, principalmente custo deste tipo de mão de obra ainda é baixo
nos dois primeiros anos, são comumente invadidos entre nós.
por vegetação variada, além de se tornarem asso-
reados em maior ou menor tempo, dependendo da Vegetação do tipo arbustiva ou árvore deve ser
estabilidade do solo escavado e do tipo de prá- eliminada do dreno por arranquio ou corte na
ticas agrícolas realizadas na sua área de influência. região do colo; nesse caso é feita aplicação de
Chuvas de intensidade e duração superiores àque- herbicida, como TRIBUTON D, com uso de pincel,
las de projeto podem causar danos ao dreno e suas na proporção de 5% de TRIBUTON para 95% de
estruturas e ao mesmo tempo o seu assoreamento. óleo diesel, ou outro produto cuja eficiência tenha
sido comprovada e que esteja ao mesmo tempo
Para o bom desempenho do sistema de drenagem aprovado pelos orgãos ambientais para este tipo
é importante que seja feita uma manutenção de uso.
sistemática dos drenos, visando impedir que a vege-
tação de seu leito e o assoreamento atinjam níveis A roçagem deve ser feita, preferencialmente, até
que prejudiquem o seu funcionamento hidráulico. uma faixa de cerca de 3,0 m do talude do dreno
ou limite de cerca, cultivo ou estrada.
A vegetação controlada manual ou mecani-
camente, com uso de foice ou equipamento Dessassoreamento
mecânico roçador, é extremamente importante na Quanto ao desassoreamento, este pode ser feito
proteção dos taludes dos drenos, para que assim manualmente, com o uso de pás e enxadas, para
seja mantida a sua geometria de projeto e drenos de pequenas seções ou mecanicamente,
construção. para drenos maiores, podendo ser usadas retro-
escavadeiras, escavadeiras hidráulicas ou dragas,
É importante salientar ser totalmente desacon- dependendo das dimensões do dreno.
selhável fazer capinas em taludes de drenos onde
a vegetação, quando apropriada e bem mantido, A decisão de quando fazer o desassoreamento de
é importante para protege-los contra erosão. um dreno vai depender do nível de assoreamento
e sua interferência no desempenho do mesmo.
Roçagem Deve ser tomada em função de observações visuais
Os drenos devem ter a sua vegetação de feitas durante inspeções de rotina ao sistema de
gramineas e outras, de porte herbáceo, roçadas ou drenagem. A periodicidade deste serviço é difícil
aparadas e removidas do seu leito com uso de de se prever, tendo em vista depender de uma serie
garfos especiais, duas vezes ao ano, dependendo de fatores, conforme anteriormente mencionados,
do tipo de clima da região, tipo de solo cortado e suas interações. De uma maneira geral pode-se
pelo dreno e tipo de vegetação plantada ou prever um desassoreamento ou limpeza de fundo
invasora. A roçagem mecânica com uso de a cada 5 anos.

209
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Durante o desassoreamento são também obriga- Controle mecânico


toriamente feitas as limpezas dos bueiros e outros Normalmente é feito com o uso de escavadeira
tipo de obras do sistema. hidráulica, que apresenta a desvantagem de
aprofundar o dreno a cada limpeza, pela remoção
Deve ser sempre dada ênfase ao método mais da taboa e terra do fundo do mesmo o que, cada
prático e econômico, tanto de fazer o desassorea- vez mais, propicia condições favoráveis para o
mento como também para a roçagem, secagem e desenvolvimento desta.
remoção do material do leito do dreno.
Controle com emprego de herbicida
Remoção de vegetação aquática O controle da taboa, com o emprego de herbicida,
submersa e/ou flutuante não tem sido feito por falta, no mercado nacional,
A remoção deste tipo de vegetação ainda é de um herbicida apropriado para ser usado em
problemática entre nós por não existir no mercado meio aquático no controle deste tipo de praga.
nacional equipamento apropriado para este fim,
formado por um tipo de lancha com caçamba- Devido aos males causados aos drenos pela
reboque e equipamento hidráulico contendo infestação de taboa e aos custos do controle
concha- rastelo próprios para uso aquático. manual e suas dificuldades ou do controle
mecânico e seus danos ao dreno, a CODEVASF e
Na CODEVASF este tipo de problema só existe a EMBRAPA montaram um experimento tendo em
nos projetos de Irrigação do baixo São Francisco. vista a seleção de um herbicida eficiente para o
São portanto áreas baixas que sofrem influências controle da taboa e que ao mesmo tempo cause
das marés e onde, em alguns casos, a drenagem é danos mínimos ou praticamente nulos ao meio
também feita por bombeo. ambiente.

Não foi até o presente momento adquirido ou O experimento já se encontra em sua etapa final
desenvolvido equipamento adequado porque a visando a aprovação e liberação de registro
amplitude dos problemas não justifica. As limpezas definitivo de uso pelo IBAMA. Trata-se de um
tem sido feitas com o uso de improvisações. herbicida conhecido comercialmente como
ARSENAL NA, cujo principio ativo é o IMAZAPIR.

Controle de taboa Drenagem por bombeo


Sempre que exista drenagem por bombeo, deve
A taboa, planta do gênero typha, geralmente vegeta também ser feita a manutenção das bombas,
em drenos onde a velocidade de fluxo da água é conforme recomendações dos catálogos destas, do
baixa e onde exista comumente uma lâmina de sistema elétrico-eletrônico, da casa de bombas e
água que se eleva na medida em que o dreno é demais componentes do conjunto.
tomado por este tipo de vegetação.
Proteção e recuperação de taludes e estruturas
Controle manual componentes de drenos
É feito através de roçagem e remoção do material Devem ser feitas inspeções em todo o sistema de
do leito do dreno e posterior abertura de um sulco drenagem, principalmente após a ocorrência de
ou pequena vala no interior do dreno, quando este é chuvas intensas, visando detectar danos e fazer
de grande porte, conforme tem ocorrido em drenos os reparos necessários.
do projeto Gorutuba, situado próximo da cidade de
Janaúba-MG. Também tem sido feitas limpezas No caso de ocorrência de erosões nos taludes dos
manuais em drenos dos projetos Estreito e Ceraíma. drenos, a recuperação pode ser refeita com a

210
Manutenção de drenos

colocação de terra de boa qualidade nos locais administração da área irrigada ou perímetro de
erodidos, que deve ser levemente compactada e irrigação, devendo os seus custos ser incluídos nas
coberta, preferencialmente , com placas de gramí- taxas de operação e manutenção pagas pelos
neas nativas; as estruturas deverão ser recuperadas usuários ou associados.
em conformidade com o projeto original.
A manutenção dos drenos entubados é feita com
Para evitar e diminuir este tipo de danos é reco- equipamento especial munido de bomba de alta
mendável que drenos escavados em solos ou pressão, mangueira e bico jateador composto de
horizontes de estrutura instável, como solo com um jato na parte frontal e três voltados para traz,
camada siltosa, arenosa fina, solos do tipo bruno com ângulo de aproximadamente 45 graus. A alta
não cálcico e outros, sejam protegidos com o pressão imprimida ao jato de água e a distribuição
plantio de vegetação graminóide apropriada para deste faz com que a mangueira seja arrastada dreno
o tipo de clima e solo da região, onde os taludes “adentro” e o material decantado ou raízes por-
dos drenos devem ser capeados por camada de ventura desenvolvidas dentro do mesmo, sejam
solo preparada para este fim. A seguir devem ser arrancados e arrastados para fora do tubo em
colocadas placas de grama ou capim apropriado direção ao coletor aberto.
ou ser feita semeadura e irrigações, até que a
cobertura se estabeleça, o que não tem sido feito Esta operação deve ser feita ao constatar-se que o
devido aos altos custos envolvidos. sistema se encontre parcialmente comprometido,
devido a presença de lençol freático alto na área,
Manutenção de drenos subterrâneos entubados acima do previsto em projeto, ou ainda e também
Um sistema de drenagem subterrânea, para através de observações nos pontos de descarga dos
funcionar adequadamente, necessita: drenos entubados nos coletores. Só deve ser feita
com o lençol freático alto - acima do nível dos
• Ser bem concebido,a partir de critérios e drenos, ou seja, drenando. Em condições de lençol
parâmetros apropriados para a área a ser drenada. freático baixo o trabalho será inútil.
• Ser bem implantado, tomando como base
critérios e detalhes de implantação próprios desta
atividade e adequados ao tipo de solo e condições
reinantes na área do serviço. Fonte Consultada:
• Ter o sistema de coletores bem mantido, que
permita sempre a descarga livre dos drenos. Supervisão de Irrigação e Drenagem - DO/OM -
• Ter os drenos subterrâneos mantidos livres de CODEVASF - Administração Central (Brasília).
assoreamento que comprometa o bom funcio-
namento.

Atribuições quanto à manutenção


A manutenção de drenos não coletivos, em trechos
que se situem dentro de uma única propriedade e
atendam somente a esta, deve ser de responsabi-
lidade do proprietário, seja este micro ou macro
empresário.

Drenos de uso coletivo ou aqueles que atendam a


várias propriedades devem ser mantidas pela
coletividade por eles servida, representada pela

211
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

22. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO


DE DRENOS SUBTERRÂNEOS

INTRODUÇÃO lençol freático ocorre em função da


drenagem subterrânea, natural ou
Avaliação de desempenho de sistema de artificial e também devido ao cosumo
drenagem subterrânea é feita através de medições de água sob a forma de
de profundidades, formas e flutuações do lençol evapotranspiração, que é a drenagem
freático, medições de descargas de drenos e de para a atmosfera, ou drenagem vertical
avaliações dos níveis de salinidade da água e solo. ascendente.
O desempenho de um sistema de drenagem Os resultados obtidos em avaliações de
subterrânea depende da precisão dos parâmetros e desempenho podem variar significativamente em
concepção utilizados no preparo do projeto e dos uma mesma área, em função do tipo de solo e de
critérios técnicos utilizados na sua implantação. sua uniformidade.
Na elaboração de projetos de drenagem Perfís do lençol freático de área aluvional (1)
subterrânea são utilizados parâmetros cujos valores mostraram a existência de grandes variações nos
são muitas vezes aproximados, médios ou níveis do lençol freático, o que é reflexo da grande
estimados, em função de tratar-se de drenagem de variabilidade espacial de textura, estrutura e
um meio poroso, solo, que raramente é homogêneo consistência que normalmente ocorre nesses solos.
e isotrópico. Estudos conduzidos em vertissolo (2) formado
No funcionamento do sistema de drenagem por um horizonte A, normalmente muito profundo,
podem ocorrer obstruções, parciais ou totais de seguido de uma camada de saprolito, situada entre
drenos entubados, devido a assoreamento causado este e o substrato rochoso, forneceu dados bem
por deficiências de projeto, de implantação e de mais uniformes do que no caso anterior, por trata-se
manutenção dos coletores tipo valas abertas. Podem de área com menores variações nas características
surgir também obstrução devido ao cultivo de deperfil.
gramíneas ou de plantas hidrófilas sobre drenos
entubados, o que causa "embuchamento" de tubos
por raizes. ROTEIRO DOS ESTUDOS
Avaliações de desempenho são normalmente
feitas em áreas onde o sistema de drenagem 1- Medições das profundidades e flutuações do
subterrânea não esteja, aparentemente, funcionado lençolfreático
bem, tomando como base informações sobre a
existência de áreas encharcadas por longo período É feita através de furos de trado, ou da
de tempo, o que pode ocorrer com a irrigação ou, instalação de poços de observações do lençol
mais comumente, em função de chuvas de maior freático em toda a área afetada, até cerca de 30cm
intensidade e duração. abaixo da profundidade média de instalação dos
A existência de manchas de solo salinizadas drenos subterrâneos, em quadrícula com
em áreas drenadas artificialmente é também um espaçamento de 50m, ou de acordo com a
indicativo, e grave, de que o sistema foi complexidade e dimensão da área.
subdimensionado ou mal implantado. Quando se tratar de solo estruturalmente
É importante lembrar que o rebaixamento do estável, a avaliação das flutuações do lençol freático

212
Avaliação de desempenho de
drenos subterrâneos

é feita através de simples furos de pela queda de blocos de solo ou rocha;


trado ou, se o solo for instável, · Tubos assoreados por material resultante de
através de furos de trado e colocação tubificação ou fuga de material do reaterro, quando
simples nestes de tubos de PVC, tipo esgoto, de este não é adequadamente compactado. Pelo
40mm de diâmetro. Os tubos devem ser recortados mesmo motivo comumente ocorrem depressões nos
na parte inferior, em cerca de 50cm de extensão, eixos das valas, com a formação de linhas de fluxo
com o uso de cerra de 2mm. preferencial para o escoamento superficial, o que
Deverão ser feitos aproximadamente 40 cortes facilita o processo de erosão do reaterro, com
de 1,0cm, em linhas de cortes situadas em planos conseqüências graves para o sistema de drenagem
alternados. No fundo do tubo deverá ser fixado um subterrânea.
pedaço de manta de poliéster ou de polipropileno
proveniente de sacaria. 2) Avaliação do funcionamento de drenos
Quanto a poço permanente, a experiência tem subterrâneos, individualmente.
demostrado que não funciona bem porque, ou são
destruídos pelo irrigante durante os trabalhos Para se avaliar o funcionamento de drenos
mecanizados ou então são instalados em locais subterrâneos é necessário que sejam feitas linhas
pouco representativos da área para que fiquem fora de poços de observação do lençol freático,
do alcance das máquinas agrícolas. Neste caso é transversais aos mesmos , em no mínimo dois
recomendado o uso de tubos rígidos de paredes pontos.
espessas, do tipo usado em encanamento Os poços ou furos de trado deverão ser feitos
doméstico, de 25mm, munidos de luvas liso-rosca com a seguinte disposição: um sobre o dreno; outro
e tampões roscáveis e perfurados. Cada poço a 0,5m deste, vindo os seguintes a 1,5m; 3,0m e
permanente deve ser impermeabilizado na sua parte 5,0m distantes do dreno e outro no meio do
superior, com material argiloso compactado, devendo espaçamento entre drenos e assim sucessivamente
ainda ser locado e ter suas cotas determinadas. até atingir o próximo dreno, podendo o trabalho cobrir
As leituras dos níveis do lençol freático nos toda a área mal drenada ou a critério do técnico
poços deverão ser feitas com o uso de plop, uma responsável pelos estudos.
antes da irrigação e as demais, diárias, até a próxima Os locais dos poços ou furos de trado deverão
aplicação de água. ser, preferencialmente, estaqueados, piquetados e
cotados, utilizando-se cotas arbitrárias.
As causas do lençol freático alto podem ser: Os poços deverão ultrapassar em cerca de
30cm a profundidade média de instalação dos drenos
a) irrigação em excesso, com recarga superior subterrâneos, com exceção daquelas situados sobre
à de projetos; os tubos drenos.
b) sistema de drenagem subterrânea sub- As leituras dos níveis do LF deverão ser feitas
dimensionado; uma antes da irrigação, outra 4 horas após e as
c) sistema de drenagem subterrânea mal demais diárias durante o intervalo de rega, até a
implantado, conforme segue: próxima irrigação e uma ultima cerca de 4 horas
após. Ao mesmo tempo em que são feitas leituras
· Drenos com trechos em depressão, o que dos poços, devem ser coletadas amostras de água
facilita o entupimento pela decantação de solo; dos drenos para determinação das vazões e lâminas
· Drenos implantados em terras lamacentas, de drenagem; deve-se ainda medir a condutividade
onde o envoltório se torna colmatados com finos do elétrica das água coletadas e esporadicamente,
solo; coletar amostras para análises de laboratórios (Ph,
· Drenos com trechos em aclive; C E, Ca, Mg, Na e K.).
· Tubos danificado no momento do reaterro, Deverão ser estimadas, pelo meio mais prático

213
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

e ao mesmo tempo confiável, as lâminas freático e a lâmina de água


de irrigação aplicadas. Em período correspondente liberada pelo solo sob
chuvoso estimar ou medir as forma de drenagem e evapotranspiração
precipitações. ou:
Deverão ainda ser estimadas as variações nos
níveis de salinidade das terras irrigadas no que é
conveniente: Por outro lado tem-se que a
- Identificar e locar, com estaca demarcatória, ascensão do lençol em um solo de
um mínimo de três pontos de cada lote (local mais drenagem interna nula é dada pela
alto, local representativo da maior parte da área e expressão:
local abaciado) para coleta de amostras de terras. Ascensão do lençol =
- Coletar, amostra de terra nas proximidades
Ex: Se a porosidade drenável de um solo
de cada ponto estaqueado (de 0,30 em 0,30m até
franco arenoso for igual a 17% (m=0,17), tem-se
ao impermeável) ou 1,20m de profundidade e fazer
que uma lâmina percolada de 40mm causaria uma
análise granulométrica e determinações de pH, em
ascensão do lençol freático de 23,5cm ou:
água, condutividade elétrica e dos teores de cálcio,
magnésio, sódio e potássio. m = = 23,5cm.
- Periodicamente (a cada 3 meses) coletar
novas amostras de terra para determinações, em
laboratório, do pH, CE, e dos teores da Ca, Mg, Na · A recarga do sistema de drenagem (R)
e K. O volume de água coletado no dreno ou drenos,
De posse dos resultados de campo pode ser estimado para o período de medições é transformado
feita uma comparação entre os dados obtidos e os em lâmina diária drenada no mesmo período; dessa
de projetos, o que possibilita verificar se o sistema forma obtêm-se á recarga do sistema onde:
de drenagem funciona conforme projetado. Dessa
Recarga (m/dia)=
forma pode-se estimar:

A porosidade drenável (m m) · O valor da carga hidráulica no ponto médio


Pode ser obtido em função do rebaixamento do entre drenos (h).
lençol freático e da lâmina de água correspondente É calculada subtraindo-se o valor da profundidade
a esse rebaixamento. média obtida para o lençol freático, no ponto médio
A lâmina de rebaixamento do lençol freático é entre os drenos, da profundidades média destes.
formada pela soma da lâmina de água consumida Podem ser feitos gráficos utilizando-se valores
pela evapotranspiração, adicionada à lâmina de de "R" no eixo das ordenadas e "h" (m) no eixo das
drenagem obtida através de medições do volume de abcissas, o que indica a regularidade dos valores
água coletado nos drenos, assumindo-se que os obtidos e a precisão na coleta dos dados.
fluxos subterrâneos para a área e desta para os seus
limites se neutralizam ou são inexpressivos. · O valor da condutividade hidráulica (k).
A porosidade drenável corresponde ao volume Pode ser obtido, neste caso, trabalhando-se de
de água liberado pelos macroporos do solo ao maneira inversa, com a mesma fórmula utilizada no
ocorrer alterações nos teores de umidade entre a cálculo do espaçamento entre drenos, após a
capacidade de campo e o ponto de saturação, ou obtenção, no local, de todos os demais parâmetros
conforme definidos no capítulo 15, item 3.41. da fórmula:
A porosidade drenável pode então ser obtida Ex: Tendo sido utilizada a fórmula de
através da relação entre o rebaixamento do lençol Hooghoudt simplificada para solo formado por um
único horizonte, determina-se o valor de "K" conforme

214
Avaliação de desempenho de
drenos subterrâneos

segue: * Segundo Dieleman e Trafford (3)

2
L = = Um envoltório de drenos, adequado para o
tipo de solo, deve propiciar condições para que a
O espaço entre drenos (L) corresponde ao carga hidráulica, em suas imediações, seja mínima
afetivamente implantado; o valor da profundidade ou nula.
equivalente de fluxo (d) é estimada ou conhecida e Existem equipamentos de limpeza ou
os valores (R e h) são determinados conforme desassoreamentos de drenos entubados, tipo
explicado acima; resta obter o valor da condutividade jateadores de alta pressão, que inclusive indicam
hidráulica. pontos onde possam ocorrer obstrução por
O mesmo pode ser feito para fórmulas de fluxo estrangulamentos do tubo dreno.
variável, tendo em vista que o valor da porosidade A partir dos resultados dos estudos pode-se
drenável foi estimado. obter:
Para solos com mais de uma camada e - Planta de isoprofundidade do lençol freático da
portanto com mais de um valor de "K" no mesmo área estudada.
perfil, a checagem permite somente obter um valor - Planta de fluxos do lençol.
médio de "K" das camadas drenadas. - Hidrograma de poços.
Dieleman (3), pág.74, sugere o preparo de - Representações gráficos das seções
gráfico onde valores obtidos da relação R/h (dia-1 x transversais do lençol, incluindo poços e drenos.
10-2 ) são lançados no eixo "y' contra valores de - O valor da descarga média de cada dreno
h(m) no eixo "x", o que resulta em uma reta de ângulo subterrâneo estudado e, em conseqüência, a
"m" com a abscissa "x", A tangente desse ângulo recarga para o dreno em m/dia.
ou tan m = , fornece o valor da condutividade - Valor da carga hidráulica no ponto médio entre
drenos.
hidráulica, uma vez que o valor L é conhecido.
- Valor médio da condutividade hidráulica.
- O valor médio diário correspondente ao
· A resistência ao fluxo de entrada da água
rebaixamento do lençol freático.
no dreno
- O valor estimado da porosidade drenável.
A resistência ao fluxo de entrada da água no
- Dados indicativos de mudanças de níveis de
dreno, ou perda de carga hidráulica nas imediações
salinidade de solo e da água
deste, pode ser dada pela relação he/h, sendo he(m)
- Resistência ao fluxo de entrada de água nos
a carga hidráulica sobre o dreno, em relação ao nível
drenos.
d' água livre dentro do mesmo e h(m) a carga
hidráulica no ponto médio entre os drenos, em
relação ao plano de instalação destes.
O quadro a seguir fornece indicativos de
desempenho de linha de dreno em função da perda
de carga de entrada da água no tubo, conforme
segue:

Perda de carga * Desempenho envoltório/


(he/h) dreno
menor que 0,2 bom
0,2 - 0,4 moderado
0,4 - 0,6 pobre
maior que 0,6 muito pobre

215
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos

Pode-se então concluir, comparando ANEXOS:


os dados obtidos nos estudos, com
aqueles utilizados no projeto, se Plantas-Tipo:
os drenos avaliados apresentam
deficiência de funcionamento. Em • Bueiros com e sem testeiras
caso positivo deverão ser indicadas • Junção de drenos abertos, com queda e sem
as causas e ao mesmo tempo, queda
apresentadas alternativas de • Quedas em concreto armado e em pedra
solução. argamassada
• Passagem molhada sem bueiro
Bibliografia: • Passagem molhada com bueiro celular
• Desenho esquemático de passagem molhada
1- BATISTA, Manuel de Jesus et al. Análise com bueiro tubular situado fora do eixo natural do
técnico econômica do comportamento de drenos talvegue.
entubados empregando envelope somente de • Caixa de inspeção
cascalho e de cascalho com manta sintética. In: • Caixa de junção-inspeção subterrânea
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA • Estrutura de deságüe e proteção de dreno
AGRICOLA. 14, Fortaleza. Brasília: subterrâneo
CODEVASF,1984. 19p il.

2- BATISTA, Manuel de Jesus, CALDAS


JÚNIOR, Walter. Drenagem Subterrânea de
Vertissolo. In: CONGRESSO NACIONAL DE
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM,11. Campinas.
Anais...Campinas: ABID,1996.652p.p.581-598

3- DIELEMAN, P.J. TRAFFORD, B.D.


DRAINAGE TESTING. Roma: FAO,1984. 172p. il.9
(FAO Irrigation and Drainage Paper,28).

216
TESTEIRA REVESTIDA
30cm O TUBO
m C/ PEDRA ARGAMASSADA
30c

30cm

SOLO 60cm
MÍNIMO

ATERRO

50% DO OC
30cm NOMINAL 30cm
15cm 15cm

1,50m BERÇO DE AREIA

40cm 40cm
VARIÁVEL VARIÁVEL VARIÁVEL

SEÇÃO A-A SEÇÃO B-C - TIPO SIMPLES

O TUBO O TUBO
1,5m B
30cm

0,5 60cm
26,3 o MÍNIMO
4

ATERRO PEDRA ARGAMASSADA


1:Z 1,0

NOMINAL 30cm
15cm

BERÇO DE AREIA
A A 40cm 45cm 40cm

SEÇÃO B-C - TIPO DUPLO

C
30
cm

PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
DRENO BUEIRO ELEVAÇÕES (m)
PROJETISTA DES. DATA
COMPR. DIÂMETRO SIMPLES, ESPAÇAM. ALT. CORTE ALT. CORTE
TALUDE VAZÃO N.o BASE BASE / /
N.o 3 ESTACA BUEIRO BUEIRO DUPLO, ENTRE
MANILHAS
MONTANTE
DO BUEIRO
JUSANTE
DO BUEIRO VERIFICAÇÃO DATA
(Z) (m/s) OBRA (m) (m) ETC MONTANTE JUSANTE
(m) (m) (m) / /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
0,45
BUEIRO TIPO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO BUEIRO1.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
B C

NOTAS :
Cb - COMPRIMENTO DA BASE
ESTRADA
Cm - COMPRIMENTO ENROCAMENTO À MONTANTE
Cj - COMPRIMENTO ENROCAMENTO À JUSANTE

60cm Ct - COMPRIMENTO TOTAL


1:Z
MÍNIMO Z - DISTÂNCIA HORIZONTAL NO TALUDE
Lr - LARGURA DO ENROCAMENTO
A A b - EXTENSÃO DO ENGASTAMENTO IGUAL AO
O EXTERNO DO TUBO
O
30cm

BERÇO DE AREIA TUBULAÇÃO DE CONCRETO


C/ ARMADURA MÍNIMA

SEÇÃO CC

B C

PLANTA

O TUBULAÇÃO
EIXO DA ESTRADA
TERRENO NATURAL
C
1% 1%
1
Z

DIREÇÃO DE FLUXO 1
A B 1

CAPEAMENTO DE PEDRA
30cm 30cm 30cm 30cm ARGAMASSADA

Cm Cb Cj TRANSIÇÃO b

Ct QUANDO OCORRER Lr
BASE DRENO> O BUEIRO
PROJETO DATA
/ /
SEÇÃO AA SEÇÃO BB PROJETISTA DES. DATA
/ /
DRENO BUERO (m) ELEVAÇÕES VERIFICAÇÃO DATA
/ /
TALUDE VAZÃO N.o TALUDE
N.o 3 ESTACA BASE DIÂMETRO Cm Cb Cj Ct Lr b A B C APROVAÇÃO VISTO DATA
(Z) (m/s) OBRA (Z) / /

BUEIRO TIPO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO BUEIRO.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
JUNÇÃO DE DRENOS COM QUEDA JUNÇÃO DE DRENOS SEM QUEDA
N.o JUNÇÃO L1 L2 L3 b1 b2 Z ELEVAÇÕES N.o JUNÇÃO L1 L2 L3 b1 b2 Z ELEVAÇÕES
DRENO ESTACA DRENO ESTACA
OBRA C/DRENO (m) (m) (m) (m) (m) A B C OBRA C/DRENO (m) (m) (m) (m) (m) A B

L2 L1 L2 L1

A A

b1 b1

b2

b2
L3 L3
A A

PLANTA BAIXA - JUNÇÃO COM QUEDA PLANTA BAIXA - JUNÇÃO SEM QUEDA

ELEV.A 30cm ELEV.A 30cm

1 1 ELEV.C
Z 1
Z 1
ELEV.B Z ELEV.B Z
PEDRA
30cm PEDRA
ARGAMASSADA
ARGAMASSADA
30cm

SEÇÃO A-A SEÇÃO A-A PROJETO DATA


/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /

JUNÇÃO DE DRENO
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO JUNÇÃO.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
ELEV. C

2
ho 1
NA ELEV. A NA

8cm
ELEV. B h 1,5 38cm
d h'+8cm 1
h' h'
30cm
N5ø4.2-VAR N5ø4.2-VAR
VER DETALHE 1 L
8cm 20 20
b
N6
8cm 20 8cm 20 20
VAR N2ø4.2-VAR 20 ø4.2-VAR
N2ø4.2-VAR
20 N3ø4.2-VAR
20 N4ø4.2-VAR
20
20
CORTE A-A CORTE B-B

QUADRO DE FERROS

COMPRIMENTO
POSIÇÃO (mm) QUANTIDADE
UNITÁRIO(m) TOTAL(m)
EIXO DO DRENO
A A N1 4,2
N2 4,2
N3 4,2
N4 4,2
20cm N5 4,2
N6 4,2
20cm

QUADRO DE RESUMO
DETALHE 1
BITOLA COMPRIMENTO PESO TOTAL(m)
AÇO
(mm) (m) (kg/m) (kg)
CA50A 4,2

8cm 8cm
L 2 =2,0m Lb L1=2,0m

PLANTA BAIXA - QUEDA INCLINADA EM CONCRETO ARMADO PROJETO DATA


/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
DRENO DIMENSÕES DA QUEDA ELEVAÇÕES VERIFICAÇÃO DATA
8cm / /
2cm o TALUDE VAZÃO N.o APROVAÇÃO VISTO DATA
N. 3 ESTACA ho h d L Lb b h' A B C
(Z) (m/s) OBRA / /

20cm
QUEDA TIPO PARA DRENOS
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO QUEDACON-ARMADA.DWG
DETALHE 1 ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
ELEV. C

Z
ho
NA ELEV. A NA 1
1,5
h 1 30cm
ELEV. B
h'+30cm d 60cm

h'
PEDRA 30cm
ARGAMASSADA
30cm L b

30cm 30cm

CORTE A-A CORTE B-B

EIXO DO DRENO
A b A

30cm 30cm
L 2 =2,0m Lb L 1=2,0m

PLANTA BAIXA - QUEDA INCLINADA EM PEDRA ARGAMASSADA PROJETO DATA


/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
DRENO DIMENSÕES DA QUEDA ELEVAÇÕES VERIFICAÇÃO DATA
/ /
TALUDE VAZÃO N.o APROVAÇÃO VISTO DATA
N.o 3 ESTACA ho h d L Lb b h' A B C
(Z) (m/s) OBRA / /

QUEDA TIPO PARA DRENOS


DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO QUEDAALV.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
J M

30cm
ENGASTE DE 30x30cm 60cm

30cm
CORTE A-A CORTE B-B

A C B
A A
L

EIXO DO DRENO

Cr

Ct

PLANTA BAIXA
PROJETO DATA
/ /
DRENO ESTRUTURA (m) ELEVAÇÕES PROJETISTA DES. DATA
COMPR. LARGURA ALT. LÂMINA / /
TALUDE VAZÃO N.o BASE INCLINAÇÃO
COMP. PARTE
N.o 3 ESTACA PASSAGEM PASSAGEM ÁGUA DE REVESTIDA * A B C VERIFICAÇÃO DATA
(Z) (m/s) OBRA (m) (Z) Ct L PROJETO Cr / /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /

PASSAGEM MOLHADA TIPO

SEM BUEIRO
* - COM REBATIMENTO. PEDRA ARGAMASSADA TRAÇO 1:4 (CIMENTO : AREIA E PEDRA DE 20 a 30cm) DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
EM UMA EXPESSURA DE 30cm, COM ENGASTE A JUSANTE E A MONTANTE, CONFORME CORTES. NOV/98 PADRÃO MOLHADA.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
DRENO ESTRUTURAS ELEVAÇÕES
N.o BASE TALUDE VAZÃO INCLINAÇÃO N.o CORTE ATERRO CONCRETO PEDRA
N.o ESTACA PASSAGEM C Ce Cd h Lc Lt Cm Cj ARGAMASSADA A B C D
OBRA (m) (Z) 3
(m/s) (Z) CÉLULAS (m3) (m3) (m3) 3
(m )
SIMPL. ARMADO

B PILARETES (m) FUNDAÇÃO QUADRO DE FERROS


COMPRIMENTO
Lc h a b c POSIÇÃO BITOLA QUANTID.
UNITÁRIA TOTAL

N1 3/8 39 178,5 69,61

DRENO
0,75 0,75 0,20
C N2 5/16 19 600,0 114,00

Cm
TN TN QUADRO RESUMO
Cd Ce
A B C QUANTID.
AÇO BITOLA PESO (kg)
TOTAL(m)
L
D 3/8 69,61 38,56
ESTRADA
CA-50A
5/16 114,00 44,00
A A
CORTE B-B
PEDRA
Cj
ARGAMASSADA
PEDRA
15
ARRUMADA

30

Lt=2,10 m
Lt

B
NOTAS:
PLANTA BAIXA
Lx=6,0 m 1- LAJE DE CONCRETO ARMADO COM 15 cm
DE ESPESSURA.
NOTA 1 2- CONCRETO SIMPLES COM 20 cm DE ESPES-
SURA TRAÇO 1:2:4 (CIMENTO:AREIA:BRITA).

Z
3- DO DETALHE 1:
Lt 1 - O CÁLCULO DA LAJE FOI FEITO PARA
LARGURA DA CÉLULA DE 0,75 m CADA
12,5 E LARGURA DA ESTRADA DE 6,0 m.
PEDRA
ARGAMASSADA 2,5
VER 2 O5/16 C/30
NOTA 2
DETALHE 1 7 O3/8 C/15
Lc

CORTE A-A

a Lc

N1-39 ø3/8 C/15-178,5


N2-19 ø5/16 C/30-600

CONCRETO CONCRETO
SIMPLES SIMPLES PROJETO DATA
h / /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
c
/ /

FUNDO DO DRENO
PASSAGEM MOLHADA COM BUEIRO CELULAR
PEDRA ARGAMASSADA DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
b PADRÃO PASSMOLH2.DWG
DETALHE 1 - NOTA 3 ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
Z1
Cd C
A B Ce C

L
Z
1

A D A

PEDRA
PEDRA ARRUMADA
ARGAMASSADA

PLANTA BAIXA

PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
CORTE A-A VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
DRENO PASSAGEM ELEVAÇÕES / /
VAZÃO TALUDE CORTES
N.o VAZÃO DIÂMETRO INCLINAÇÃO VAZÃO DESENHO ESQUEMÁTICO DE PASSAGEM
N.o ESTACA 3
DERIVAÇÃO BUEIRO E ATERRO 3 Cd C Ce L A B C D
OBRA (m/s) 3
(m/s) (m) PASSAGEM(Z ) 1 (Z) (m/s)
MOLHADA COM BUEIRO TUBULAR SITUADO
0,60 8 FORA DO EIXO NATURAL DO TALVEGUE
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
PADRÃO PASSMOLH.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
FERRO DE 1/4'' e 65cm
DE COMPRIMENTO
A CADA 10cm

A A

PLANTA
TRAÇO DO CONCRETO - 1:2:3
(CIMENTO, AREIA, BRITA), EM VOLUME

NÍVEL DO SOLO

NOTA:
* - DE ACORDO COM O DIÂMETRO EXTERNO DE
PROJETO DO TUBO. PARA TUBO CORRUGADO
DN 65, DOMINANTEMENTE UTILIZADO, 7cm
50cm ATENDE PERFEITAMENTE.

74cm FERRO DE 1/4'' E 45cm


DE COMPRIMENTO

3,5cm
1,5cm

27cm

7cm *

PROJETO DATA
7cm / /
35cm PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
B 5cm B APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /
70cm
CORTE B-B CAIXA DE INSPEÇÃO TIPO
50cm
DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
5cm 5cm
NOV/98 PADRÃO CAIXAINS.DWG
CORTE A-A ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
3cm 80cm 3cm

5cm 3,5cm
1,5cm
CONCRETO ARMADO

VARIÁVEL*

OBS.: ARMADURA DA TAMPA COM FERRO DE 1/4''


- DEZ PEÇAS DE 72cm POR TAMPA
- TRAÇO DE CONCRETO 1:2:4 (CIMENTO/AREIA/BRITA)
- TRAÇO ARGAMASSA PARA REJUNTE DO TIJOLO -
1:4 (CIMENTO/AREIA)
- TAMPA DA CAIXA COM PROFUNDIDADE, EM RELAÇÃO
VARIÁVEL*
SUPERFÍCIE DO TERRENO, DE CERCA DE 60cm.
15cm
- * DEPENDENDO DO DIÂMETRO E DO TIPO DE DRENO
COLETOR.

30cm TIJOLO PERFURADO


DE 20x20x10cm

5cm CONCRETO SIMPLES


80cm

CORTE A-A

PLANTA

TUBO CORRUGADO
DE DRENAGEM
O VARIÁVEL

A A

PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /

10cm 60cm 10cm CAIXA DE JUNÇÃO/INSPEÇÃO SUBTERRÂNEA


DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO CAIXAJUN.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA
NOTAS:
1- LARGURA DA VALA ESCAVADA PARA A INSTALAÇÃO
DO DRENO SUBTERRANÊO, EM GERAL DE 40cm
TUBO CORRUGADO 2- SOLO-CIMENTO TRAÇO 14:1 (2 SACOS DE CIMENTO
CAMALHÃO DE PROTEÇÃO DO 3
POR m DE SOLO)
NOTA 3 PONTO DE DESCARGA
3- JUNÇÃO TUBO CORRUGADO COM TUBO LISO
TUBO LISO, TIPO ESGOTO, AFASTAMENTO DA BORDA
PEÇA DE 3,0m DE A DO DRENO COLETOR - 0,30m
COMPRIMENTO
ALTURA - 0,30m
LARGURA - 0,60m
0,50m COMPRIMENTO - 1,50m

30cm
TERRENO NATURAL TERRENO NATURAL

NOTA 2

VARIÁVEL 20cm 1
N

NOTA 1
40cm
~30cm
A 10cm

CORTE A-A

PLANTA BAIXA

PROJETO DATA
/ /
PROJETISTA DES. DATA
/ /
VERIFICAÇÃO DATA
/ /
APROVAÇÃO VISTO DATA
/ /

ESTRUTURA TIPO DE DESAGUE E

PROTEÇÃO DE DRENO SUBTERRÂNEO


DATA PROJETO NOME DO ARQUIVO
NOV/98 PADRÃO DESAGUE.DWG
ESCALA DESENHADO N.o DO DESENHO
S/ ESCALA

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