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Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 487 - 01/03/2009 - Pág.10 - E agora?

Terceira Civilização - E agora?

E agora, Antonio Nakamura?


Pergunta: "Na última reunião de palestra de minha localidade, alguém me perguntou se eu acreditava
em fantasma. Não consegui responder claramente à pergunta e me comprometi a buscar uma melhor
explicação para levar a essa pessoa. Como o Budismo Nitiren trata do assunto?" L.Y.I., Shizuoka —
Japão.

Prezado/prezada L.Y.I.!
Agradeço por sua questão, que certamente também deve ser uma indagação de outras pessoas.
Trata-se de um assunto de difícil compreensão, isso porque baseamos nossas crenças na cultura
filosófica e religiosa popular, especialmente do Ocidente. Espero responder satisfatoriamente, para não
deixar ainda mais dúvidas.
Quando eu era menino, morando na zona rural no interior do Paraná, comumente nos reuníamos para
contar e ouvir histórias e “causos” dos moradores da região. E, claro, contavam histórias sobre
assombrações ou coisas do gênero.
Então, o medo de assombrações ou de fantasmas se mostrava muito forte e eu sentia grande
necessidade de desvendar sua existência, para superar a sensação de medo, mesmo sem jamais ter
visto algum. Fortuitamente, encontrei no budismo respostas para esta e muitas outras questões.
Costumo dizer, durante o diálogo, quando participo de reuniões, e essa pergunta vem à tona, que é
crucial compreendermos sobre a vida e a morte, quebrando alguns paradigmas. Por exemplo, embora
“goste do Ghost”, aquele belo filme que procura mostrar a vida além da morte, falo que ele apresenta
uma visão fundamentada no espiritismo. Também, que as engraçadas histórias do Gasparzinho ou do
Penadinho — da Turma da Mônica —, apesar de divertidas, mostram uma fantasia, pois é dessa forma
que a maioria das pessoas acredita que seja.
Um diálogo do presidente Ikeda com os líderes dos jovens, sob o tema “A vida e a morte”, publicado no
BS
nº 1.577, de 28 de outubro de 2000, é bastante elucidativo e trata exatamente sobre “os fantasmas”.
Vejamos alguns trechos:
“[Pergunta]: Há pessoas que dizem ter visto um fantasma, ou que ouviram a voz de sua avó falecida.
Essas experiências são apenas sonhos ou ilusões?
“Não, essas experiências podem ser reais. Mas a pessoa não está vendo um fantasma. Pode ser que
as ondas de uma pessoa que está no estado de morte se sobreponham, por alguma razão, às ondas
da que está viva, e a pessoa viva percebe algo como uma visão ou a voz de uma pessoa já falecida. A
vida é cheia de mistérios. Poderíamos comparar isso a uma linha cruzada no telefone.
(...)
“O Sr. Toda costumava dizer que ver fantasmas ou ouvir vozes acontece quando a energia vital da
pessoa está fraca. Se as pessoas estão fracas, são sobrecarregadas por outros sinais e acabam
atuando como se fossem um receptor de rádio ou TV para esses sinais. É por essa razão que elas são
as únicas a ouvir ou ver tais coisas.
“Se sua energia vital estiver forte, isso não acontecerá. De fato, se recitarem Daimoku conseguirão
enviar as ondas do estado de Buda para essas pessoas e ajudá-las a encontrar a paz.
Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 487 - 01/03/2009 - Pág.10 - E agora?

(...)
“O som de nosso Daimoku alcança a vida das pessoas que entraram no estado de morte. E é claro que
também atinge os que ainda estão vivos. O poder do Nam-myoho-rengue-kyo ilumina tudo no Universo,
até mesmo os rincões mais distantes do estado de Inferno, lançando-lhe a luz da esperança, da paz e
da tranquilidade.
“A Lei Mística é formada pelos caracteres chineses myo e ho. Myo (mística) simboliza a morte e ho
(Lei), a vida. Juntas, formando a expressão Lei Mística, representam a unicidade da vida e da morte.
Tanto a vida como a morte são fases da existência. Apesar de a vida e a morte parecerem totalmente
separadas e independentes uma da outra, a entidade da vida existente nessa dinâmica é única e
imutável, e tem uma continuidade eterna, alternando períodos de vida e de morte”.
Num diálogo sobre a religião no século 21 — capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”, parte 9 —,
publicado no BS nº 1.517, de 31 de julho de 1999, o presidente Ikeda disse: “Não há nada como uma
entidade parecida com um espírito que flutua pelo ar. Tudo o que realmente existe é a unicidade de
corpo e mente. Quando morremos, nossa vida, num estado de não-substancialidade, torna-se una com
o Universo. Tanto a doutrina da aniquilação quanto a doutrina da eternidade são falhas. Ambas são
visões ‘deturpadas’ que consideram apenas um lado da verdade”.
A vida, no estado latente — da não-substancialidade — não pode ser visível. Ela somente é visível
quando se encontra em estado manifesto pelo fator “aparência”
(nyo-ze-so). Portanto, alguém, ao afirmar “ter visto a imagem de uma pessoa falecida”, na realidade, é
o seu próprio cérebro que projeta essa imagem a partir das lembranças gravadas na mente. E isso se
aplica também ao som da voz, que pessoas dizem ter ouvido.
Bem, L.Y.I., este é um assunto profundo e requer maior espaço para uma conclusão mais consistente e
compreensível. Espero que, de alguma forma, tenha ajudado.
Abraços,
Antonio Ioshio Nakamura

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