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DE FILOSOFIA DO DIREITO –
Resumos expandidos
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
ABRAFI
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Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
ISBN: 978-85-86480-90-4
CDU: 340.12
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
APRESENTAÇÃO
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Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
Presidente da ABRAFI
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 5
ÍNDICE ......................................................................................................................... 7
A CRISE DE LEGITIMIDADE NA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA E OS SORTEIOS ....... 17
A DEMOCRACIA DELIBERATIVA E A GOVERNANÇA SOCIAL ....................................... 23
A FUNDAMENTAÇÃO UTILITARISTA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS ............................. 29
A IDENTIDADE DO SUJEITO CONSTITUCIONAL NA (RE)INTERPRETAÇÃO DA
CONSTITUIÇÃO.......................................................................................................... 34
A IMPORTÂNCIA PARA O DIREITO DA CONCEPÇÃO DE NATUREZA HUMANA À LUZ
DAS CIÊNCIAS DA MENTE .......................................................................................... 41
A NOVA RETÓRICA SEGUNDO MANUEL ATIENZA: UMA ANÁLISE DAS CRÍTICAS
DIRIGIDAS À TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO DE CHAÏM PERELMAN EM AS RAZÕES DO
DIREITO ..................................................................................................................... 46
AS SENTENÇAS ADITIVAS À LUZ DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA ............................. 53
AS TEORIAS DA ARGUMENTAÇÃO COMO MOMENTO DO DIREITO: A EXPANSÃO DA
PUREZA KELSENIANA ................................................................................................ 59
A TEORIA TRIDIMENSIONAL E A FILOSOFIA DO DIREITO: A OBSERVAÇÃO DE MIGUEL
REALE A FAVOR DA UNIFORMIDADE DIALÉTICA ........................................................ 64
CINISMO E BIOPOLÍTICA COMO ELEMENTOS DA CRÍTICA DE ALAIN BADIOU AOS
FUNDAMENTOS DA ÉTICA DOS DIREITOS DO HOMEM ............................................. 71
CRÍTICA À ESSENCIALIDADE DO DIREITO: A RELAÇÃO OBJETIVA ENTRE RAZÃO E
MORAL ...................................................................................................................... 78
DE CARL SCHMITT A JACQUES DERRIDA: O CONFLITO E AS RELAÇÕES ENTRE O
DIREITO E A DEMOCRACIA ........................................................................................ 83
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Ariane Shermam Morais Vieira
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Rosana Ribeiro Felisberto
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Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
arianeshermam@hotmail.com.
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Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora da Faculdade Estácio de
Sá de Belo Horizonte. E-mail: roribeirof@yahoo.com.br.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradutor: Carlos Nelson Coutinho. Nova ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa. Das necessidades humanas aos direitos: ensaio
de sociologia e filosofia do direito. Belo Horizonte: Del Rey, 1999.
RECASENS SICHES, Luis. Tratado general de filosofia del derecho. 4.ed. Mexico:
1970.
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Alessandra Margotti dos Santos Pereira
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Freitrich Augusto Ribeiro Heidenreich
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Marcelo Campos Galuppo
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Graduanda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
alemargotti@hotmail.com.
2
Graduando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
freitrich.heiden@hotmail.com.
3
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. E-mail: marcelogaluppo@uol.com.br.
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valem desses meios para trazer o cidadão comum a pensar e deliberar sobre
questões que a ele atinge diretamente.
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uma vez reduzida a apatia, a corrupção seria minorada pelo controle popular,
sendo essa uma vantagem indireta do emprego desse mecanismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
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MIGUEL, Luis Felipe. Sorteios e Representação Democrática. Lua Nova, nº 50, 2000.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452000000200005&lang=pt>. Acesso em: 25 set. 2011.
MONTESQUIEU, O Espírito das Leis. Trad. Cristina Murachco. 2º ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
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Freitrich Augusto Ribeiro Heidenreich
1
Este trabalho é fruto das reuniões do Núcleo Justiça e Democracia orientado pelo Professor Doutor
Marcelo Campos Galuppo.
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Graduando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
freitrich@yahoo.com.br.
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Para justificar o terceiro princípio, Frank Cunningham, (2009) diz ser o fim
último dos democratas deliberativos a busca pelo consenso dos bens comuns.
Desta forma, foram apresentados os argumentos necessários para a comprovação
dos princípios que regem a democracia deliberativa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COHEN, Joshua. Deliberation and Democratic Legitimacy. In: Hamlin, A. & Pettit, P.
(éds), The Good Polity. Normative Analysis of the State, Oxford, B. Blackwell, 1989.
DE PLÁCIDO E SILVA, 2010. Vocabulário Jurídico. 28ª ed. Atualizado por: Nagib
Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2010.
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Eduarda Cellis da Silva Campos
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Graduanda da Universidade Federal de Juiz de Fora. eduardacellis@ig.com.br
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animais com fins alimentícios são algumas das práticas especistas com as quais
convivemos sem que haja uma reflexão sobre os malefícios e sofrimentos causados
aos animais.
matá-los para nos servirem de alimento. Em seu livro, Ética Prática,Singer refuta
tal argumento afirmando que, primeiramente, a maior parte dos animais que se
alimentam de carne não sobreviveriam de outra forma, ao passo que para os seres
humanos, a inclusão da carne animal em sua dieta seria um luxo e não uma real
necessidade. Ademais, seria um paradoxo buscarmos orientação moral nas ações
dos animais se os consideramos “selvagens” e irracionais. O ponto fundamental é
que enquanto os animais não possuem a capacidade de refletir sobre seus atos,
nós somos completamente aptos a ponderarmos sobre a ética de nossa
alimentação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SINGER, Peter. Ética Prática. . São Paulo: WMF Martins Fontes, 2002.
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Flávia Siqueira Costa Pereira
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Vinícius Silva Bonfim
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Vítor Amaral Medrado
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Marcelo Campos Galuppo
1
Graduanda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
flaviasiqueiracp@gmail.com.
2
Doutorando em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professor da
Faculdade Pitágoras e da Faculdade J. Andrade. Contato. E-mail: bonfimbh@hotmail.com.
3
Mestrando em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduado em
Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e graduando em Filosofia pela Universidade
Federal de Minas Gerais. E-mail: vitor_medrado@hotmail.com.
4
Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e da Universidade Federal de Minas
Gerais. E-mail: marcelogaluppo@uol.com.br.
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A auto-identificação da sociedade pluralista também como sociedade democrática está ligada ao fato
de o Direito ter de garantir a possibilidade de realização de projetos de vida distintos. É através, pois, da
garantia da igualdade que se pode falar em auto-identidade democrática da sociedade pluralista. Ver:
Galuppo, 2002, p. 210-211.
6
Segundo Friedrich Müller, para que uma sociedade seja, de fato, democrática, não basta a mera
participação dos cidadãos nas eleições. A partir da garantia da efetividade dos direitos humanos, de
políticas sociais para a redução das desigualdades e da forma do Estado de Direito, é preciso a
participação incessante da população, seja como resistência democrática ou como atividade
democrática. Ver: MÜLLER, 1993, p. 124-127.
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Esse processo dinâmico, aberto e que tem por objetivo negar para uma
posterior aceitação é o que Hegel denomina de dialética. Hegel utiliza deste
conceito para demonstrar como os indivíduos nas relações sociais buscam a
identidade através das diferenças. O desejo por reconhecimento impulsiona o “eu”
(self) em busca do outro, uma vez que já tenha experimentado a dor da carência,
da ausência e a incompletude. O sujeito volta-se para o outro em busca de
7
reconhecimento , após entender que a sua realização não passa pelos objetos
(HEGEL, 2008).
7
Para Axel Honneth, a identidade pessoal do indivíduo é fruto do processo de reconhecimento pelo
qual, a partir do assentimento e encorajamento de outros, o indivíduo aprende a se remeter a si mesmo
como constituído de determinas propriedades e capacidades. Ver: HONNETH, 2003, p. 272.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática dos conflitos sociais. Trad.
de Luiz Sérgio Repa. São Paulo: Editora 34, 2003.
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Pâmela de Rezende Côrtes
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Ciências do Estado – UFMG. E-mail: pamela.recortes@gmail.com.
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Contudo, não é mais possível manter esse hiato entre realidade concreta e
abstrata, sobretudo com as novas descobertas nas áreas da neurociência cognitiva,
da genética do comportamento e da psicologia evolucionista. Essas três áreas de
investigação “ trabalham para estender uma ponte entre a natureza e a sociedade,
a biologia e a cultura, em uma forma de explicação científica da mente, do cérebro
e da natureza humana.” (FERNANDEZ, 2008, p.18).
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chance de perturbar os seus desígnios, algo que nenhuma espécie jamais aspirou
fazer.” (DAWKINS, 2007, p. 40)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAWKINS, Richard. O gene egoísta. Trad. Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007.
DEL VECCHIO, Giorgio. Lições de Filosofia do Direito. Trad. Antônio Carlos. São
Paulo: Lejus, 2000.
MORIN, Edgar. A natureza humana: o paradigma perdido. 4a. ed. Lisboa: Europa-
América, 1988.
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Marco Antônio Sousa Alves
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Professor da Faculdade de Direito Milton Campos. Doutorando em Filosofia pela UFMG. E-mail:
marcofilosofia@ufmg.br.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cristiano Soares Barroso Maia
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Alexandre Araújo Costa
O presente texto trata das sentenças aditivas, categoria que tem sido
introduzida pelo min. Gilmar Mendes na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, a partir da experiência italiana. Por meio de tais sentenças, o Poder
Judiciário não interpreta um enunciado normativo, mas complementa o
ordenamento jurídico mediante a adição de uma norma.
O artigo mostra como o STF tem utilizado esse conceito nos últimos anos
para justificar uma postura de ativismo judicial e busca compreender esses
fenômenos a partir das categorias filosóficas ligadas à aplicação das normas. Em
1
Mestrando em Direito na Universidade de Brasília (UnB). E-mail: csbmaia@yahoo.com.br
2
Professor do Instituto de Ciência Política (IPol) da UnB e Coordenador do Grupo de Pesquisa em Política
e Direito da UnB. Mestre e Doutor em Direito pela UnB. E-mail: alexandrearcos@unb.br.
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Na Filosofia do Direito italiana, é marcante a distinção entre texto e norma. Cf. GUASTINI, Riccardo.
“Disposizione vs. norma” em Giurisprudenza costituzionale, Parte Seconda. Milano: Giuffrè, 1989, p. 4.;
GIANFORMAGGIO, Letizia. L’interpretazione della costituzione tra applicazione di regole ed
argomentazione basata su principi. Rivista Internazionale di Filosofia del Diritto, Giuffrè,
gennaio/marzo, IV Serie, LXII, 1985, p. 89.
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Cumpre relembrar que o Supremo Tribunal Federal editou o verbete nº 339 da súmula de
jurisprudência predominante, deixando consignado o seguinte: ”não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos, sob fundamento de isonomia”.
Assim, embora elaborada no âmbito do controle incidental de constitucionalidade, revela a posição
defensiva do Tribunal, em contradição com seus mais recentes julgados.
5
Cumpre esclarecer, desde já, que o Supremo Tribunal Federal, não obstante possuir a função de
guardião da Constituição, possui também características de órgão de cúpula do Poder Judiciário. Isso se
deve aos desdobramentos históricos pelos quais passou o STF. Num primeiro momento, foi pensado
como Suprema Corte, mais próximo do modelo norte-americano. As últimas alterações, contudo,
aproximam-no do modelo europeu. Nesse sentido, cf. SAMPAIO, José Adércio Leite. A constituição
reinventada pela jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, p. 43 e ss.
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possa proferir decisões de cunho aditivo, tal qual a Corte Constitucional italiana e
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outros órgãos de jurisdição constitucional da Europa . Afirma-se, outrossim, que só
poderá enfrentar novas situações que surgem no seu cotidiano, como a omissão
constitucional, se estiver munido de novas técnicas de decisão.
6
“Portanto, é possível antever que o Supremo Tribunal Federal acabe por se livrar do vetusto dogma do
legislador negativo e se alie à mais progressiva linha jurisprudencial das decisões interpretativas com
eficácia aditiva, já adotadas pelas principais Cortes Constitucionais europeias. A assunção de uma
atuação criativa pelo Tribunal poderá ser determinante para a solução de antigos problemas
relacionados à inconstitucionalidade por omissão, que muitas vezes causa entraves para a efetivação de
direitos e garantias fundamentais assegurados pelo texto constitucional” (trecho do voto do Min. Gilmar
Mendes na ADI 1351).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Edson Bini. 3 ed. São Paulo: 2009.
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HEIDEGGER, Martin. El ser y el tiempo. Trad. José Gaos. 2 ed. Buenos Aires: Fondo
de Cultura Econômica, 2010.
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Victor Freitas Lopes Nunes
O Direito é um objeto complexo e dinâmico, o que faz com que toda vez
que se consiga encontrar uma parcela de sua verdade, ele se transforme a partir
daquilo que foi descoberto. Lidar com um objeto em constante mutação requer a
compreensão exata dos movimentos que compõe essas mudanças.
1
Graduando pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista BIC/UFJF no
projeto “Contratos de cooperação tecnológica: o interesse de exploração econômica do agente privado,
o direito fundamental do inventor de ser reconhecido como titular da patente e o papel das instituições
científicas e tecnológicas”, sob orientação do Prof. Dr. Marcos Vinício Chein Feres. E-mail:
victorflnunes@hotmail.com.
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Não acreditava Kelsen (1998) que haveria um ponto de vista jurídico que
orientasse o processo de escolha dentro da moldura. É contra essa postura que as
teorias da argumentação, como as de Alexy e MacCormick, para citas algumas das
possibilidades colocadas por Atienza (2006), surgiram, de modo a racionalizar o
processo interpretativo. Neste mesmo sentido, Ferraz Jr. (2011) assevera que a
aplicação do direito (posto), a qual não se confunde com a interpretação, muito
embora esta seja necessária para aquela, é problema do Ser Jurídico. Tem-se,
assim, que a norma não está adstrita ao texto legal, mas sim é veiculada através
dele. Há que se encontrar, portanto, um meio jurídico para decidir.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução: João Baptista Machado. 6º ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
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Igor Alves Noberto Soares
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Pesquisa realizada em função dos estudos empenhados na disciplina de Sociologia Jurídica, ministrada
pelo Prof. Dimas Ferreira Lopes, na Faculdade Mineira de Direito – PUC Minas. O autor agradece aos
mestres Dimas Ferreira Lopes e Magda Guadalupe dos Santos, professores da Faculdade Mineira de
Direito/PUC Minas, nas respectivas cátedras de Sociologia Jurídica e Filosofia, pela semente da
indagação aqui plantada, ainda que na dispersão do meu conhecimento e apreensão do conteúdo, meu
cordial agradecimento.
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Bacharelando em Direito pela PUC Minas, campus Coração Eucarístico. E-mail:
igor.asoares@yahoo.com
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tensão resulta o momento normativo, relação que mais à frente será debatida com
mais afinco.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Rui. Oração aos moços/Anotada por Adriano Gama Kury. 5ª ed – Rio de
Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1997.
BRASIL. Código Penal. 10ªed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2008.
REALE Miguel. Teoria Tridimensional do Direito – 5ªed. rev.e aum. São Paulo:
Saraiva, 1994.
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Eder Fernandes Santana
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Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: santanaeder@gmail.com.
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A orientação ética criticada por Badiou tem como referência explícita uma
leitura da filosofia de Immanuel Kant. Um amplo, porém parcial, retorno a Kant, de
quem se conserva, essencialmente, a existência de “[...] exigências imperativas,
formalmente representáveis, que não devem ser subordinadas a considerações
empíricas ou a exames de situação” (BADIOU, 1995, p. 20). Ao que Badiou (1995)
acrescenta, do que se conserva da imagem kantiana: a referência desses
imperativos ao Mal; que um direito, nacional e internacional, deve sancioná-los e,
por consequência, os governos devem fazer figurar tais imperativos em sua
legislação, e a possibilidade de sua imposição.
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Foucault, em A vontade de saber (2006, p. 155), entende “[...] o que faz com que a
vida e seus mecanismos entrem no domínio dos cálculos explícitos, e faz do poder-
saber um agente de transformação da vida humana”.
ainda entender a vida nua como aquela despida de seu estatuto de direito, nua de
personalidade, desprovida da capacidade de contrair direitos e obrigações”
(NASCIMENTO, 2010, p. 139).
Como aspecto do niilismo, a ética dos direitos humanos oscila entre dois
desejos: um conservador, o reconhecimento da legitimidade da ordem própria à
situação ocidental, a economia objetiva selvagem imbricada ao discurso do direito;
e um desejo de catástrofe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BADIOU, Alain. Para uma nova teoria do sujeito: conferências brasileiras. Trad. de
Emerson Xavier da Silva. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
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Marcelo Corrêa Giacomini
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROCHADO, Mariá. Direito & Ética: a eticidade do fenômeno jurídico. São Paulo:
Landy, 2006.
NAGEL, Thomas. A Última Palavra. Trad. de Carlos Felipe Morais. São Paulo: UNESP,
2001.
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Bruno Meneses Lorenzetto
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Katya Kozicki
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Professor do Programa de Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Mestre em Direito
das Relações Sociais e Doutorando em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade Federal do
Paraná. E-mail: bruno_lorenzetto@yahoo.com.br
2
Mestre e Doutora em Filosofia do Direito pela UFSC. Visiting Researcher Associate no Center for the
Study of Democracy, University of Westminster, Londres, 1998-1999. Professora dos Programas de
Graduação e Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná e da Pontíficia Universidade
Católica do Paraná. E-mail: kkozicki@uol.com.br
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Luiz Augusto Lima de Ávila
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Possui Doutorado em Letras - Linguística e Língua Portuguesa pelo Programa de Pós-Graduação em
Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2010), Mestrado em Teoria do Direito (2004)
e Mestrado em Direito Internacional e Comunitário (2000) pelo Programa de Pós-Graduação em Direito
da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É graduado em Direito pela Universidade Cândido
Mendes (1994). É especialista (lato senso) em Direito Processual (1999), Direito do Trabalho (1998) e
Direito Empresarial (1997) pela Faculdade de direito do Oeste de Minas e especialista em Filosofia pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2006). É Professor Adjunto III na Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais e leciona na área de Ciências Humanas e Ciências Sociais
Aplicadas, com ênfase em Teoria do Direito (Filosofia do Direito, Lógica, Linguística, Hermenêutica,
Introdução ao Estudo do Direito e Metodologia do Trabalho Científico). Leciona a disciplina de
Metodologia do Trabalho Científico, lógica e Hermenêutica nos Curso de Pós-Graduação (Especialização)
em Direito Tributário, Direito de Empresa, Direito do Trabalho e Direito Processual junto ao IEC - Instituto
de Educação Continuada da PUC Minas. E-mail: luizavila@pucminas.br.
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A dialética antiga, assim se definindo até Hegel (1770 – 1831), tem sua
origem na Grécia antiga. O vocábulo, de origem grega, é dimensionado pelo
substantivo “logos” e pelo prefixo “dia”. “Logos” designa palavra, discurso, ou
2
mesmo razão e “dia” designa a ideia de reciprocidade e de intercâmbio. Dada a
etimologia do termo, podemos inferir que dialética é a arte da palavra ou a arte da
discussão; não no sentido de retórica cujo fundamento está na verossimilhança,
mas, sim no sentido de arte da palavra que convence e que leva à compreensão,
cujo fundamento é a probabilidade. Neste sentido abrange tanto a demonstração
quanto a refutação, a partir da adoção do princípio de contradição.
2
Dialéigein (troca de idéias, troca de palavras, conversa ou discurso); dialéktos (troca de impressões,
conversa ou discussão); dialektikós (tudo aquilo que diz respeito à discussão); dialektiké (arte de
discutir).
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proposições contraditórias, como por exemplo Todo número “n” é par e Nem todo
número “n” é par, não poderia ser verdadeira.
3
Aristóteles atribui a Zenão (490 A.C.) a descoberta da dialética, pois, a
usa, pela primeira vez na história, em defesa de seu mestre Parmênides (540-470
A.C.) que expõe uma filosofia diametralmente oposta à de Heráclito (546-480 A.C.).
Zenão não se preocupa em provar uma tese, mas, sim, destruir a tese do
adversário. Esta dialética negativa só procura demonstrar que a tese daquele com
quem se argumenta vai contra o princípio da não contradição e, por isto, sua tese é
absurda.
3
ou criação? Qual o pressuposto ou marco teórico, dada a inteligibilidade dos universais como palavras
que designam coisas, correspondente a afirmação de ser descoberta ou de ser criação? No presente
caso, o termo descoberta é o correspondente à perspectiva ideal e/ou “realista” (não empírica).
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Por exemplo: dois mais dois já não são quatro, dado o princípio de contradição, ou seja, 2+2 ≠ 4.
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A aplicação prática da dialética platônica aparece exposta na “República”, mais precisamente, nos livros
II, III, IV e V.
6
Na democracia ateniense, em que os destinos eram definidos em grande parte pela atuação dos
oradores, a arte da persuasão, como a palavra manipulada com os recursos retóricos, era um fator
imprescindível à eficácia do desempenho de um papel relevante na Cidade-Estado.
7
Em Platão, a negação do relativismo e da diversidade de opiniões para a determinação da ação humana
como correta e responsável, ou seja, que a verdade, com um poder de coerção sem violência, é mais
forte que a argumentação – o que vem a representar uma reação ao julgamento, à condenação e à
morte (execução) de Sócrates descritos em Fédon.
93
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8
Sobre esta distinção, entre verdade e opinião, nos deteremos mais adiante.
9
Trata-se de uma engenhosidade obstétrica para a parturição de idéias.
10
O que vem a ser ou o que pode vir a ser. O devir em oposição ao ser e ao dever ser.
94
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
11
parece existir e o repouso como o não-ser ou a destruição , de modo que, se nada
podemos admitir como existentes em si mesmo, as cores, por exemplo, resultariam
do encontro dos olhos com o movimento particular de cada uma e a cor por nós
designada como existente não é o olhar tão pouco a coisa olhada, mas algo
intermediário e peculiar a cada indivíduo; que os homens são a medida de todas as
coisas (Protágoras), menos o homem inteligente. O conhecimento não pode ser,
então, nem sensação, nem opinião verdadeira, nem a explicação racional
acrescentada a essa opinião verdadeira.
11
“que nenhuma coisa é uma em si mesma e que não há o que possas denominar com acerto ou dizer
como é constituída. Se a qualificares como grande, ela parecerá também pequena; se pesada, leve, e
assim em tudo o mais, de forma que nada é uno, ou algo determinado ou como quer que seja. Da
translação das coisas, do movimento e das misturas de umas com as outras é que se forma tudo o que
dizemos existir, sem usarmos a expressão correta, pois a rigor nada é ou existe, tudo devém.” (...) “De
fato, o calor e o fogo que geram e coordenam todas as coisas, são gerados, por sua vez, pela translação e
pela fricção, que também consistem em movimento.” (...) “A constituição do corpo não se deteriora com
o repouso e a preguiça e não se conserva admiravelmente bem com a ginástica e o movimento?”
(PLATÃO, Teeteto, 1988)
12
A dialética de Sócrates confundia-se com o seu próprio dialogar, ou seja, “Ao fazê-lo, Sócrates valia-se
da máscara do ‘não saber’ e da temida arma da ‘ironia’”. Pois, se “Os sofistas mais famosos punham-se
em relação aos ouvintes na soberba atitude de quem sabe tudo. Sócrates, ao contrário, punha-se diante
dos interlocutores na atitude de quem não sabe, tendo tudo para aprender. Porém muitos equívocos
foram cometidos em relação a esse ‘não saber’ socrático, a ponto de se ver nele o início do ceticismo. Na
verdade, ele pretendia ser uma afirmação de ruptura” (REALE, 1990, p. 96-97).
95
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96
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Direito
13
E dada à negação da arbitrariedade a partir do consenso, “Aristóteles, ao tecer observações sobre as
teorias de seu mestre, no lugar de um tom irônico ou destrutivo, utiliza-se de expressões próprias ao
homem de ciência que caminha em busca da superação dos antecessores e do estabelecimento de
verdades sólidas, como se pode depreender do consignado textualmente na Política (Pol., II, 6, 1265 a,
10)” (BITTAR, 2003, p. 18).
14
A mesma preocupação metafísica de seus predecessores. Se olharmos o ria, os sentidos vão mostrar
como se a gente se banhasse nas mesmas águas. Os sentidos nos mostram as coisas não como elas são.
15
Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio.
97
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pois, a coisa fecunda, cheia de vida. E assim, é a sucessão das coisas que nos deixa,
então, apreciar os contrastes, ou seja, sem a doença não haveria saúde; sem o mal,
o bem; sem a fome, a abundância; sem a fadiga, o repouso; sem o escuro, o claro;
etc. E assim, Heráclito pôde afirmar que todas as antíteses são só aparentes. TUDO
É NADA E NADA É.
Livro XV: Como as leis da escravidão civil têm relação com a natureza
do clima.
Aqueles de que se fala são negros dos pés até a cabeça; e têm o nariz
tão achatado que é quase impossível ter pena deles.
Não é possível nos convencer de que Deus, que é muito sábio, tenha
posto uma alma, especialmente uma boa alma, em um corpo todo
negro.
Pode-se determinar a cor da pele pela dos cabelos, que era, entre os
egípcios, os melhores filósofos do mundo, de tão grande
consequência, que matavam todos os homens ruivos que lhes
caíssem nas mãos.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Uma prova de que os negros não têm senso comum é que dão maior
valor a um colar de vidro do que ao de ouro, que, nas nações
civilizadas, é de grande importância.
16
Livre XV : Comment les lois de l’esclavage civil ont du rapport avec la nature du climat.
Chapitre V - De l'esclavage des nègres.
Si j'avais à soutenir le droit que nous avons eu de rendre les nègres esclaves, voici ce que je dirais :
Les peuples d'Europe ayant exterminé ceux de l'Amérique, ils ont dû mettre en esclavage ceux de
l'Afrique, pour s'en servir à défricher tant de terres.
Le sucre serait trop cher, si l'on ne faisait travailler la plante qui le produit par des esclaves.
Ceux dont il s'agit sont noirs depuis les pieds jusqu'à la tête; et ils ont le nez si écrasé qu'il est presque
impossible de les plaindre.
On ne peut se mettre dans l'esprit que Dieu, qui est un être très sage, ait mis une âme, surtout une âme
bonne, dans un corps tout noir.
Il est si naturel de penser que c'est la couleur qui constitue l'essence de l'humanité, que les peuples
d'Asie, qui font des eunuques, privent toujours les noirs du rapport qu'ils ont avec nous d'une façon plus
marquée.
On peut juger de la couleur de la peau par celle des cheveux, qui, chez les Égyptiens, les meilleurs
philosophes du monde, étaient d'une si grande conséquence, qu'ils faisaient mourir tous les hommes
roux qui leur tombaient entre les mains.
Une preuve que les nègres n'ont pas le sens commun, c'est qu'ils font plus de cas d'un collier de verre
que de l'or, qui, chez des nations policées, est d'une si grande conséquence.
Il est impossible que nous supposions que ces gens-là soient des hommes; parce que, si nous les
supposions des hommes, on commencerait à croire que nous ne sommes pas nous-mêmes chrétiens.
De petits esprits exagèrent trop l'injustice que l'on fait aux Africains.Car, si elle était telle qu'ils le disent,
ne serait-il pas venu dans la tête des princes d'Europe, qui font entre eux tant de conventions inutiles,
d'en faire une générale en faveur de la miséricorde et de la pitié? (MONTESQUIEU, 1864, p. 203-204).
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(3) A B
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Primeira premissa: B A [se os negros não são homens, então nos somos
cristãos]
17
Cuja validade podemos observar na tabela de valores abaixo:
Conc. 2ºprem 1º premissa
A B A B BA B A BA B A
V V F F V F V V
V F F V V V V F
F V V F F V V V
F F V V V V F V
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Primeira premissa: B A [se os negros são homens, então nos não somos
cristãos]
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Primeira premissa: A B [se nos somos cristãos, então os negros não são
homens]
Primeira premissa: B A [se os negros são homens, então nos não somos
cristãos]
19
Cuja validade podemos observar na tabela de valores abaixo:
2ºprem Conc. 1º premissa
A B A B AB A B A B A B
V V F F V F V V
V F F V F V V V
F V V F V V V F
F F V V V V F V
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A B A B B A BeA [B e A]
V V F F F V F
V F F V V F V
F V V F V F V
F F V V V F V
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V V F F F V F V
V F F V V F V F
F V V F V F V F
F F V V V F V F
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V F
h m [h m]
F V
[h e m] hem
A E
V F
V
F
F [h m] hm
O V
F hem [h e m]
Consideremos, no entanto, para a inteligibilidade do texto L´Esprit des Lois V
(livro XV, capítulo 5) de Montesquieu, relativo à escravidão dos negros, uma
incursão pela equivalência por substituição a partir do argumento dos escravagistas
e, assim, considerar uma hipótese para o problema de como poder conceber o
contrário e o contraditório como uma síntese dos opostos e não mais uma simples
perspectiva do princípio da não contradição.
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20
homens, então nos não somos cristãos, como demonstrado no quadro de
oposições abaixo:
F V
ba [b a]
V F
[b e a] bea
A E
V F
F
V
V [b a] ba
O F
F bea [b e a]
Assim, se há funções proposicionais cujos exemplos de substituição são V
conjunções aditivas de proposições singulares, considerada as mesmas proposições
implicadas em uma condicional relativa (se, então), então, as proposições podem
ser formadas a partir de funções proposicionais quantificadoras, de tal modo que
20
Como podemos observar na tabela de valores abaixo:
b a b a ba [b a] bea [b e a]
V V F F F V V F
V F F V V F F V
F V V F V F F V
F F V V V F F V
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uma implicação aditiva, como B e A, pode assumir o possível não ser ou não
necessariamente ser, e isso decorre do argumento de que:
(...)
isso não parece ter relação com a lógica, que como a gramática é
uma disciplina prescritiva: não diz como os homens pensam ou
raciocinam de fato, apenas como deveriam fazê-lo. (ATIENZA. 2000.
P. 37)
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F V
nh [n h]
V F
[n e h] neh
A E
V F
21
Como podemos observar na tabela de valores abaixo:
b a b a ba [b a] bea [b e a]
V V F F F V V F
V F F V V F F V
F V V F V F F V
F F V V V F F V
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F
V
V [n h] nh
O F
F neh [n e h]
Assim, a síntese dos opostos decorre do contraditório, ou mais V
especificamente, da admissibilidade do contraditório, de tal modo que as
proposições contraditórias n h e n e h sejam verdadeiras a um só tempo e
contrária à perspectiva do princípio da não contradição.
V nh n e h
F
[n e h] [ n h]
A E
V
V 110
F
F
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
[n h] [ n h]
O
neh neh
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. Lisboa: Editorial Presença, Vol. XIII, 2003.
111
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
MONTESQUIEU, Esprit des Lois. Paris. Librairie de Firmin de Didot Fréres, Filset c.
1864.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Vol. 1. São Paulo: Paulus,
2003
112
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Direito
1
Cláudia Rosane Roesler
2
Ricardo Antonio Rezende de Jesus
1
Doutora em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da
Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB). Brasilia-DF. Brasil. E-mail: croesler@unb.br.
2
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Direito, Estado e Constituição da Universidade de
Brasília (UNB). Brasilia-DF.Brasil. E-mail: ricardorezende@unb.br.
3
Para um desenvolvimento desses fatores, Cf: ATIENZA, Manuel El Derecho como argumentacion. 2ed.
Barcelona: Ariel, 2007, p. 15-19.
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4
Apesar dessa distinção entre coerência e consistência não estar muito clara na obra de Dworkin, ela
pode ser extraída da discussão que o autor faz sobre o convencionalismo. O autor sugere que o
convencionalismo se satisfaria com a consistência enquanto o direito como integridade exigiria uma
coerência de princípio. Cf. DWORKIN, Ronald. Law’s empire, p.132 e ss.
5
MacCormick trabalha com a idéia de que há uma sobreposição entre as noções de valores e princípios.
“Princípios jurídicos dizem respeito a valores operacionalizados localmente dentro de um sistema estatal
ou de alguma ordem normativa análoga” (Retórica e Estado de Direito, p. 251). Para Atienza (As razões
do direito: teorias da argumentação jurídica, p. 187), MacCormick, na verdade faz equivaler princípios e
valores, pois “ele não entende por valor apenas os fins que de fato são perseguidos e sim os estados de
coisas considerados desejáveis, legítimos, valiosos; assim, o valor da segurança no trânsito, por exemplo,
corresponderia ao princípio de que a vida humana não deve ser posta em perigo indevidamente pelo
tráfego de veículos”.
117
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Ante o exposto, temos que, para ambos os autores, a coerência deve ser
um ideal perseguido pelo ordenamento jurídico como um todo, e também pela
decisão judicial. Isso porque a decisão, com potencial para se transformar em
precedente, torna-se parte do ordenamento jurídico. Além disso, vista como um
microssistema, a decisão deve ser coerente internamente de modo que as
premissas que a fundamentem não entrem em contradição.
6
Nesse ponto, como o próprio MacCormick reconhece, a proximidade com Dworkin é marcante. Pois,
como adverte Dworkin: “Será a integridade apenas coerência (decidir casos semelhantes da mesma
maneira) sob um nome mais grandioso? Isso depende do que entendemos por coerência ou casos
semelhantes. Se uma instituição política só é coerente quando repete suas próprias decisões anteriores
o mais fiel ou precisamente possível, então a integridade não é coerência; é, ao mesmo tempo, mais e
menos. A integridade exige que as normas públicas da comunidade sejam criadas e vistas, na medida do
possível, de modo a expressar um sistema único e coerente de justiça e equidade na correta proporção.
Uma instituição que aceite esse ideal, às vezes irá, por esta razão, afastar-se da estreita linha das
decisões anteriores, em busca de fidelidade aos princípios concebidos como mais fundamentais a esse
sistema como um todo” (DWORKIN, Ronald. O Império do Direito, p. 263-264). Cf, também,
CALSAMIGLIA. Albert. El concepto de integridad em Dworkin. Doxa: cuadernos de filosofia del
derecho.n.12, 1992, p. 155-176.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DWORKIN, Ronald. Law’s empire. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1995.
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1
Joyce Karine de Sá Souza
2
Andityas Soares de Moura Costa Matos
1
Graduanda em Direito pela FEAD, atualmente no 9º período. Monitora da disciplina Filosofia do Direito
no curso de Direito da FEAD. E-mail: joyjoyteo@gmail.com.
2
Graduado em Direito, Mestre em Filosofia do Direito e Doutor em Direito e Justiça pela Faculdade de
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor Adjunto de Filosofia do Direito e
disciplinas afins na Faculdade de Direito da UFMG. Membro do Corpo Permanente do Programa de Pós-
Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UFMG. Professor Titular de Filosofia do Direito no
curso de Graduação em Direito da FEAD. E-mail: andityas.matos@fead.br
120
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Direito
121
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muito mais razão, de sua prática – não se pode sustentar que a desobediência civil
caracteriza-se como postura individual. Mahatma Gandhi foi talvez um dos
primeiros líderes políticos a convencer grandes massas populacionais a
desobedecer a ordem constituída, custasse o que custasse. É evidente que a partir
de então não se pode desconsiderar o potencial coletivo da desobediência civil,
que, tradicionalmente, sempre foi vista como contestação individual, a exemplo do
contido na clássica obra de Thoreau.
125
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126
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1
Letícia Alonso do Espírito Santo
Hitler também utilizou das técnicas disponíveis para tratar da questão da eugenia.
Desta forma, é perceptível que, tanto Hitler quanto Platão acreditavam na
interconexão entre política e fundamentos biológicos do ser humano. Habermas
também volta sua preocupação para esse aspecto, porque essas mudanças
genéticas podem alterar nossa própria autocompreensão e também nossas
relações políticas e sociais, fundamentadas na noção de iguais direitos.
Para Rawls (1996), se a questão da eugenia liberal não pode ser resolvida
como uma questão de justiça deve ser deixada ao arbítrio de cada um, de tal forma
que não haja corte entre eugenia terapêutica e de aperfeiçoamento. No entanto,
para Habermas (2004), o Estado deve intervir, nem que seja em nome do
pluralismo, pois as técnicas eugênicas são incompatíveis com o liberalismo,
tocando nas relações de simetria e igualdade entre as pessoas. Dworkin (2005) é
contrário à intervenção do Estado na relação entre os indivíduos, já para
Habermas, a partir da democracia, acredita que a relação do indivíduo para com o
Estado não possui privilégio frente à relação de indivíduos entre si.
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Direito
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HO. Mae-Wan. A morte do determinismo. Folha de São Paulo. Caderno Mais! São
Paulo: 25/03/2001, p.16-18.
RAWLS, John. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, 1996.
131
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1
Brahwlio Soares de Moura Ribeiro Mendes
Teubner, por sua vez, não ignora a problemática posta por Kelsen, mas
acredita poder superá-la por meio de uma nova compreensão ontológica trazida
pela Teoria dos Sistemas, a qual pretende denunciar a insuficiência da estrutura
semântica da velha filosofia europeia para dar conta do mundo contemporâneo.
Conceitos centrais como sujeito e objeto deveriam, no atual estágio estrutural de
diferenciação funcional da sociedade, dar lugar à distinção entre sistema e
ambiente, mudança que, por si só, já exige o repensamento da própria noção de
realidade. Hoje a questão da justiça deveria deixar de buscar seus fundamentos nos
antigos conceitos citados acima para estruturar-se pelos conceitos de assimetria,
relação sistema-ambiente e alteridade não racional. Ao propor tais mudanças a
Teoria dos Sistemas se inclui como teoria, ou seja, se reconhece como um
elemento do sistema científico que se observa e observa seu ambiente. Isso
significa o reconhecimento de sua posição social, fato que evidencia suas
limitações, negando qualquer possibilidade de imposição de um sentido à toda
realidade, restringindo-se apenas à estruturação conceitual autopoiética.
133
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134
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135
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Por meio de toda uma novidade semântica, Teubner vai além de Kelsen
por relacionar a justiça jurídica à forma específica de diferenciação sistêmica da
atualidade. Entretanto, de certa maneira, Teubner concretiza o objetivo kelseniano,
que nos parece ser a não petrificação da justiça em fórmulas ahistóricas
desconectadas da realidade social na qual se encontram. Com isso, por meio da
proposta de uma semântica adequada à atualidade, parece ser possível relacionar
de forma mais adequada a autonomia do direito, traduzida em sua autopoiese,
com os desejos sociais, traduzidos na justiça como auto-observação jurídica em
relação com seu ambiente, constituindo uma justiça como auto-subversão.
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1
Vìtor Amaral Medrado
1
Mestrando em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduado em
Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e graduando em Filosofia pela Universidade
Federal de Minas Gerais. E-mail: vitor_medrado@hotmail.com.
137
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resposta desta pergunta, outra: como devemos proceder à educação? E por fim:
qual o lugar do Direito na pedagogia kantiana?
2
O imperativo categórico é possível porque diante da pressuposição da idéia da liberdade tomamos
conhecimento que fazemos parte também de um mundo inteligível, possuindo, por isto, uma vontade
que, sendo pura, pode ser lei para si mesma (razão prática), i.e, uma vontade autônoma. Todavia, a
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
vontade possui também realidade sensível, logo, não necessariamente está em consonância com a lei
moral, daí se explica a necessidade do imperativo categórico, que ordena o cumprimento do dever. Ver:
KANT, 2002b, p. 84-87.
139
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Por todo exposto, pode-se concluir, juntamente James Scott Johnston, que
o processo educacional tem por finalidade o ensino da própria autonomia ao
educando. (JOHNSTON, 2007, p. 244).
140
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141
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A educação moral, por sua vez, guarda íntima relação com o Direito. Em
primeiro lugar o Direito está relacionado com a Disciplina, i.e., com a educação
negativa. Nesse sentido, o Direito atua como limitador da liberdade externa do
indivíduo (aspecto liberal).
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
142
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
JOHNSTON, James Scott. Moral Law and Moral Education: Defending Kantian
Autonomy. Journal of Philosophy of Education Society of Great Britain. Published by
Blackwell Publishing, 9600 Garsington Road, Oxford OX4 2DQ, UK and 350 Main
Street, Malden, MA 02148, USA, Vol. 41, p. 233-245, 2007.
KANT, I. Anthopology from a pragmatic point of view. Tradução do alemão por Lyle
Dowdell. Carbondale & Edwardsville, Southern Illinois University Press, 1996a.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Tradução de Edson Bini. Bauru: Edipro, 2003a.
143
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1
Loisima B. B. M. Schiess
2
Lossian B. B. Miranda
1
AMB – Secretaria de Assuntos da Mulher Magistrada. E-mail: loisima.schiess@gmail.com.
2
IFPI – Coordenação de Matemática, Piauí. E-mail: lossian@oi.com.br.
144
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145
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
146
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Direito
148
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Direito
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
149
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
PIRES, A. S. T. Evolução das idéias da física. São Paulo - Livraria da Física Editora,
2008.
ROVIGHI, SOFIA VANNI. História da filosofia moderna. São Paulo: LOYOLA, 1999.
150
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Direito
1
Eder Fernandes Santana
1
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: santanaeder@gmail.com.
151
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
152
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
regulada, que supõe um sentido único para as regras estabelecidas pelo sistema
parlamentarista; o que coloca a questão da ambigüidade das regras e das
diferentes interpretações para um sistema complexo de regras gerais.
153
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154
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Direito
155
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
A via subtrativa, afirma França Neto (2009b, p. 656) “não nega a existência
de identificações”, reconhece-lhes o caráter precário e busca “garantir a existência
de um sujeito”, e o universal estaria “no que, em diagonal, provocaria uma
brecha”, “desfazendo a totalização da situação”. Um universal que se dá pela
subtração aos predicados identitários impostos por uma pretensão de Tudo-dizer.
Sob essa luz, cabe persistir na vinculação entre a política, a ética e o direito
na formulação de uma metodologia inserta no pluralismo anti-legalista evidenciado
pela teoria crítica. E seguir na resistência ao “monismo legislativo – ou absolutismo
legalista” a que se refere António Hespanha (2007, p. 51). Hespanha (1998, p. 15)
discorre que a história do direito, como saber formativo, tem como missão
“problematizar o pressuposto implícito e acrítico das disciplinas dogmáticas, ou
seja, o de que o direito dos nossos dias é o racional, o necessário, o definitivo”.
156
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BADIOU, Alain. Ética e política. In: GARCIA, Célio. Conferências de Alain Badiou no
Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p. 37-45.
BADIOU, Alain. Oito teses sobre o Universal. Revista Ethica. Trad. de Norman R.
Madaratz. Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 41-50, 2008. Disponível em
www.revistaethica.com.br. Acesso em 11.01.2011.
157
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FONSECA, Márcio Alves da. Michel Foucault e o Direito. São Paulo: Max Limonad,
2002.
GALANTER, Marc. A justiça não se encontra apenas nas decisões dos tribunais. In:
HESPANHA, António Manuel. Justiça e litigiosidade: história e prospectiva. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1993, p. 59-117.
158
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
LOPES, Mônica Sette. Os juízes e a ética do cotidiano. São Paulo: LTr, 2008.
MILNER, Jean-Claude. Desvios pelas chicanas do Todo. In. O amor da língua. Trad.
de Ângela Cristina Jesuíno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987, p. 44-52.
159
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
1
Flavianne Fernanda Bitencourt Nóbrega
1
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: flavianne@gmail.com.
160
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Direito
161
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
162
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
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Direito
banalização daquelas que foram chamadas para fundamentar (justificar) toda sorte
de decisões. Isso acaba por transformar as cláusulas gerais num recurso estratégico
e muitas vezes retórico que alimenta um ativismo judicial, cuja qualidade é
questionável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
165
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
KAPLOW, Louis. Rules versus Standards: An Economics Analysis. Duke Law Journal,
Vol.42,N. 3, Dec., 1992, pp. 557-629.
MACKAAY, Ejan & LEBLANC, Viollete. The Law and Economics of Good Faith in the
Civil Law of Contract. In: European Law and Association Conference, Nancy, Sept.,
2008.
SCHÄFER, Hans-Bernd. Rules versus Standards in Rich and Poor Countries: Precise
norms as Substitutes for Human Capital in Low-Income Countries. Supreme Court
Economic Review. vol.14, 2006, pp.113-134.
166
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
1
Daniel Carvalho Ferreira
2
Lara Marina Ferreira
3
Maria Fernanda Salcedo Repolês
1
Faculdade de Direito da UFMG (mestrando). E-mail: azulcarvalho@gmail.com
2
Faculdade de Direito da UFMG (mestranda). E-mail: laramarinaf@gmail.com
3
Faculdade de Direito da UFMG (professora). E-mail: mariaf.salcedo@gmail.com.
167
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
O texto indicado pode ser visto como um dos marcos inaugurais do debate
sobre o tema a partir do início do século XX e que reverbera em questões atuais.
Assim, a nossa comunicação propõe-se ao resgate dessa discussão no âmbito da
relação sempre dúbia entre filosofia política, filosofia do direito e ciência do
Direito. Dúbia porque, em que pese a anunciada e repetida necessidade de se
romperem as tradicionais fronteiras entre os saberes (SANTOS, 1987), a prática
acadêmica de produzir ciência, e em especial a ciência jurídica, parece ter
dificuldade em desenvolver pesquisas que efetivamente promovam diálogos entre
disciplinas (NOBRE, 2003).
4
Sobre a classificação de questões forte e de questões fracas na modernidade, indispensável a leitura de
Santos, 2008.
168
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
169
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
Com Pierre Bordieu (2003), podemos agregar a essa reflexão o fato de que
a filosofia do direito, filosofia política e ciência do direito encontram-se em campos
que disputam o poder de nomear o mundo. Fazer a compreensão de cada um
prevalecer, como “a” interpretação do objeto estudado não é apenas um problema
epistemológico; é acima de tudo um problema político e social, que se reflete em
uma disputa pela dominação da cultura. No caso do campo jurídico, manifesta-se,
de forma típica, nas disputas entre os teóricos (professores universitário etc.s) e os
práticos (advogados etc.) em torno da prerrogativa de “dizer o direito”.
(BOURDIEU, 2003.)
170
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
171
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
172
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
LUKÁCS, Georg. História e Consciência de Classe. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
REPOLÊS, Maria Fernanda Salcedo. Afinal, para que serve uma teoria?
Fundamentos e Fronteiras do Direito, v. 1, p. x-xx, 2006.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1993.
173
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
1
Philippe Oliveira de Almeida
1
Mestrando em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais; Bacharel em Direito pela
Universidade Federal de Minas Gerais; Bacharel em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e
Teologia. E-mail: philippeoalmeida@gmail.com.
2
Termo médico que designa "dificuldade de digestão", popularmente conhecida como "indigestão".
174
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Esquecer não é uma simples vis inertiae [...], mas uma força inibidora
ativa, positiva no mais rigoroso sentido, graças à qual o que é por nós
experimentado, vivenciado, em nós acolhido, não penetra mais em
nossa consciência, no estado de digestão (ao qual poderíamos
chamar “assimilação psíquica”), do que todo o multiforme processo
da nossa nutrição corporal ou “assimilação física”. [...] – eis a
utilidade do esquecimento, ativo, como disse, espécie de guardião da
porta, zelador da ordem psíquica, da paz, da etiqueta: com o que
logo se vê que não poderia haver felicidade, jovialidade, esperança,
orgulho, presente, sem o esquecimento! O homem no qual esse
aparelho inibidor é danificado e deixa de funcionar pode ser
comparado (e não só comparado) a um dispéptico – de nada
consegue “dar conta”... Precisamente esse animal que necessita
esquecer, no qual o esquecer é uma força, uma forma de saúde forte,
desenvolveu em si uma faculdade oposta, uma memória, com cujo
auxílio o esquecimento é suspenso em determinados casos – nos
casos em que se deve prometer: não sendo um simples não-mais-
poder-livrar-se da impressão uma vez recebida, não a simples
indigestão da palavra uma vez empenhada, da qual não conseguimos
dar conta, mas sim um ativo não-mais-querer-livrar-se, um
prosseguir-querendo o já querido, uma verdadeira memória da
vontade [...] (NIETZSCHE, 1998, p. 47-48).
177
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
178
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
3
Abundante literatura moderna mostra que, em sua busca por
legitimidade, o Bispo de Roma utilizou diversos documentos falsos – dentre os
quais os mais conhecidos são os Decretos de Pseudo-Isidoro e a Doação de
Constantino –, na tentativa de vindicar sua filiação ao Império. Como, certa feita,
disse Nietzsche: “Quando não se tem um bom pai, é preciso inventar um”. Opondo-
se à anarquia feudal, a Igreja, mais e mais burocratizada e uniformizada, muitas
vezes ocultou, sob a bandeira do “retorno às origens”, o esforço de invenção de
uma Antiguidade que viesse ao encontro de suas aspirações sociais. Porém, tais
empreitadas não desprivilegiam o papado medieval; antes, acentuam a dimensão
de politicidade que ele tentou conferir à “consciência histórica”. Enquanto dinastias
e clãs marcavam seus domínios pela força das armas, a Igreja procurava
fundamentar seu projeto de transformação do mundo temporal na lembrança do
Direito Romano, abandonado quando o sistema coercitivo que subsidiava o
Império desmoronou. Seja traduzindo, seja transcriando, no presente cristão, o
pensamento jurídico-político dos pagãos, a Igreja não repudia, mas acolhe a razão
greco-romana, em seu aspecto mais concreto: no âmbito da eticidade do Direito.
Sobre as falsificações, poderíamos dizer, parafraseando La Rochefoucauld: “A
hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”.
3
Por todos, v. DÖLLINGER, Ignaz von. O papa e o concílio. Tradução de Rui Barbosa. São Paulo: Saraiva,
1930.
179
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
4
apta a interpretar e comentar a técnica jurídica implantada . Como conseqüência
desse empreendimento, a Baixa Idade Média assistiu ao renascimento do Direito
Romano e da razão grega. Referido renascimento, porém, foi antecedido de um
diálogo, jamais interrompido, entre as elites pensantes da Alta Idade Média e o
saber dos antigos. A tradição judaico-cristã não derrotou o paganismo, mas se
apropriou de estruturas da cultura greco-romana para satisfazer suas pretensões
holísticas e sobreviver em uma Europa caracterizada pelas cisões decorrentes das
migrações dos povos bárbaros. A progressiva transferência do poder legislativo no
seio da Igreja, que passou dos concílios ao papa, demandou a inclusão de
mecanismos do passado. Há uma dialética de continuidade-descontinuidade entre
a Antiguidade e o Medievo, irredutível ao esquema ternário que representa o
período medieval como Idade das Trevas, oco de onda entre duas cristas”
(BRAGUE, 2010, p. 51). A demanda precede a oferta: o renascimento medieval do
século XII e o renascimento humanista do século XIV não procurariam o modelo
dos antigos, se já não o houvessem encontrado. O encontraram, dantes, no legado
da Igreja medieval.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4
Acerca do tema, recomendamos a leitura de BERMAN, Harold J. Direito e revolução: a formação da
tradição jurídica ocidental. Tradução de Eduardo Takemi Kataoka. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2006.
180
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Direito
DÖLLINGER, Ignaz von. O papa e o concílio. Tradução de Rui Barbosa. São Paulo:
Saraiva, 1930.
181
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1
André Almeida Villani
1
Faculdade de Direito da UFMG. andre.villani@gmail.com
182
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Direito
184
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Direito
185
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Por fim, deve-se lembrar que não há, neste trabalho, a pretensão de se
resolver o problema exposto, mostrando um caminho para o que está contido na
norma jurídica, bem como uma solução para o processo decisório, mas justamente
apontar essas questões e esclarecê-las, expondo-as por meio de uma análise
comparativa de teorias já consolidadas na doutrina jurídica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
187
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 8º ed., 2009.
KELSEN, Hans. Teoria Geral das Normas. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1986.
188
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
1
Gabriel Lago de Sousa Barroso
1
Mestrando em Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. E-
mail: gabriellago@hotmail.com; lagobarroso@gmail.com.
189
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
2
DIELS, Hermann; KRANZ, Walther. Die Fragmente der Vorsokratiker: Gorgias. Vol II. 10ª ed. Berlin:
Weidmannsche Verlagsbuchhandlung, 1961, fr. 06.
191
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
como decisão, cuja expressão é o decisionismo; e, por fim, pensar o direito como
ordem concreta, posição que Schmitt defende e apresenta como predominante na
tradição alemã.
É ela que
192
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
193
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
3
Ver: SCHMITT, Carl. Politische Theologie: Vier Kapitel zur Lehre von der Souveränität. 8ª ed. Berlin:
Duncker & Humblot, p. 19.
194
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIELS, Hermann; KRANZ, Walther. Die Fragmente der Vorsokratiker: Gorgias. Vol II.
10ª ed. Berlin: Weidmannsche Verlagsbuchhandlung, 1961.
LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de Filosofia II: Ética e Cultura. 4ª ed. São Paulo:
Loyola, 2004.
PLATÃO. Diálogos. Protágoras, Górgias, Fedão. Trad. Carlos Alberto Nunes. 2ª ed.
Belém: EDUFPA, 2002.
PLATÃO. Protágoras. Trad. Carlos Alberto Nunes. 2ª ed. Belém: EDUFPA, 2002.
SCHMITT, Carl. Politische Theologie: Vier Kapitel zur Lehre von der Souveränität. 8ª
ed. Berlin: Duncker & Humblot.
SCHMITT, Carl. Sobre los tres modos de pensar la ciencia jurídica. Trad. Montserrat
Herrero. Madrid: Tecnos, 1996.
195
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4
Arnaldo Afonso Barbosa
Quanto à justiça do direito objetivo, pode-se dizer que tem sido o tema
mais recorrente da literatura jurídica em matéria filosófica, seja para afirmá-la
como elemento interno, estruturante, do direito objetivo, no âmbito de uma
Ontologia Jurídica, seja para afirmá-la como elemento externo do direito objetivo,
de caráter político, norteador do direito objetivo, no âmbito de uma Axiologia
Jurídica. Em ambos os casos, ou o direito objetivo como ente de justiça ou o direito
objetivo como função da justiça.
4
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
arnaldoafonso@taskmail.com.br.
196
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
não dos atos da inteligência. Não cabendo, pois, predicar a justiça da ciência, não
caberia predicá-la à Ciência do Direito. Em outras palavras, não havendo ciência
justa ou injusta, não haveria Ciência do Direito justa ou injusta.
Por outro lado, grassa a convicção de que seria um nonsense falar-se num
“direito verdadeiro”. O que melhor lhe corresponderia à noção intencional, é a de
direito vigente, enquanto expressão da existência do direito objetivo, ou modo
próprio do existir do direito objetivo, ou do direito válido, seja formalmente, seja
materialmente, seja socialmente válido. Direito objetivo verdadeiro no sentido de
vigente ou válido, pois.
197
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5
Assumido o conceito segundo a qual o valor é um dos elementos essenciais do direito, como, por
exemplo, da concepção das teorias tridimensionais do direito.
199
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6 7 8
Desde Jesus, Platão, Aristóteles , os filósofos se perguntam
incansavelmente sobre a verdade, sedentos de um maior e melhor saber sobre sua
natureza, possibilidade e importância em todos os campos do saber. Mas os
filósofos do direito, o que nos têm revelado sobre a função e a importância da
verdade no campo do Direito-ciência?
Assim,
6
“Eu sou o caminho, e a verdade e a vida...” (João, 14:6).
7
“Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso é aquele que as diz como não são."
(Crtas.,385b;v.Sof.,262 e; Fil.,37c).
8
"Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é,
é a verdade." (Met.,IV,7,1011b 26 e segs.;v.V,29.1024b 25).
200
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Termino essas reflexões, em sua grande parte bem verdes ainda reflexões,
para dizer aos filósofos dessa Jornada, que continuo acreditando que fora da
realidade não há saída para a Humanidade. Que a única via de acesso racional à
realidade é a verdade. Que a verdade, no que concerne ao direito e ao Direito-
ciência, é função da justiça. Que há uma Ciência do Direito a construir com base na
verdade e em função da justiça, e que há uma Tecnologia do Direito a construir
com base nessa Ciência do Direito, e não independentemente dela, o que seria a
nossa ruína.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 6ª. ed. rev. amp.
Atlas: São Paulo, 2008.
202
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
9
Thiago Álvares Feital
10
Victor Hugo Criscuolo Boson
9
Graduando em Direito pela UFMG. E-mail: thiagoalvaresfeital@yahoo.com.br.
10
Graduando em Direito pela UFMG. E-mail: victorhboson@hotmail.com.
203
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205
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mestres’. Era isso o que ensinavam todos os professores de arte havia vinte ou
trinta anos.”
206
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Assim é que, brevemente, numa síntese das diversas doutrinas cuja matriz
seja vinculada à idéia do formalismo, o aparte entre direito e moral fora
responsável historicamente pela condução de uma arbitrariedade identificável,
ausente de quaisquer parâmetros substancialmente racionais.
Mas ainda que a cultura ocidental tenha se abatido pelo mito jurídico da
arbitrariedade do soberano, podemos dizer, com Bobbio que, em sentido oposto
ao da matriz juspositivista – que analisa o jurídico abrindo mão de seu conteúdo
axiológico – o filósofo do direito não se contenta em conhecer a realidade empírica
do direito, mas quer investigar o problema do valor do direito, com base no qual se
julga o direito passado e se procura influir no direito vigente.
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Direito
209
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1
Rodrigo A. Suzuki D. Cintra
1
Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie – Campus Campinas.
Doutorando em Filosofia e Teoria Geral do Direito na USP. E-mail: rodrigodiascintra@gmail.com.
210
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
de ser, trás consigo toda uma maneira trágica de entender o mundo da vida. O
conceito de justiça no período elisabetano é de uma verdadeira expressão da
ordem do cosmos. Como explica Mcginn (SISSON, 1963, p. 13), uma espécie de
justiça cósmica controla a sequência de eventos, de modo que tudo leva ao melhor.
Existe um motivo maior, mais profundo, para as coisas acontecerem da maneira
como acontecem. Vale dizer: o que acontece, deveria acontecer. O que implica em
uma visão moralizante de causalidade. O dramaturgo escrevia, em suas peças, um
posicionamento em que a justiça humana refletia sua concepção de justiça divina
(SISSON, 1963, p. 02). Podemos ler em Shakespeare que quando as coisas vão mal,
caminhando para a injustiça, não é somente a sociedade organizada que sai
perdendo, mas tudo se passa como se a própria natureza estremecesse.
Mas claro que esse modo de pensar também implica em uma certa
moralidade específica. Shakespeare era um grande moralista neste sentido. Hazlitt,
sobre o assunto, escreve que, em certo sentido, Shakespeare não era, de forma
alguma, um moralista; e, em outro sentido, ele foi o maior de todos os moralistas.
Ele foi um moralista no mesmo sentido em que a natureza também é (HAZLITT,
2006, p. 175). Shakespeare, como reforça Mcginn, traz a moralidade para o coração
de seu drama porque a moralidade, ela mesma, é parte da natureza. É parte do que
nós chamamos, comumente, de natureza humana, nossa natureza como pessoas
responsáveis e autônomas (HAZLITT apud McGINN, 2006, 178).
partir da leitura das grandes obras. Somente alguns gênios da história de uma
cultura compartilhada podem tornar isso possível. Shakespeare é um deles.
214
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
ordem e a justiça voltam a prevalecer. É uma certa ideia de trágico que organiza o
mundo da política e do jurídico de maneira conjunta, portanto, reconhecemos, sim,
uma ordem justa a servir de horizonte final das tragédias de Shakespeare. Claro
que isso não vai significar um final feliz, na medida em que se tratam de tragédias,
mas, pelo menos, apontará para um final em que a justiça foi restabelecida e o
poder volta, de alguma maneira, a obedecer o direito, ou seja, a ter uma
legitimidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIS, John E. Introductory: Shakespearean poetry and politics. In: ALVIS, John E.;
WEST, Thomas G. (orgs.). Shakespeare as a political thinker. Durham: Carolina
Academic Press, 2000.
MURLEY, John A.; SUTTON, Sean D. Poetry and politics: an introduction and
retrospect. In: MURLEY, John A.; SUTTON, Sean D. (orgs.). Perspectives on politics
in Shakespeare. Oxford: Lexington books, 2006.
SISSON, C. J. Shakespeare´s tragic justice. London: Methuen & Co. LTD, 1963.
215
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
216
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
1
Ana Clara Matias Brasileiro
2
Clara Souza Garcia Saar
3
Marcelo Campos Galuppo
1
Graduanda do 3º período do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail de
contato: ana_clara_932@hotmail.com.
2
Graduanda do 3º período do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
clarasaar@ufmg.br.
3
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. E-mail: marcelogaluppo@uol.com.br.
217
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de um fato que é suposto – não precisa ser provado nem enunciado – para chegar
a um fato desconhecido, que se presume (Malatesta, 2005, p. 194).
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
termo do Min. Adaucto Cardoso (Betanho, Moura, & de Moraes, 2004, p. 432). Da
mesma forma, é vista a relativa força probante do flagrante impróprio e
presumido, uma vez que não é encontrada em nenhum desses a mesma certeza
visual observada no flagrante próprio. Nesses casos, tem-se que o percurso
verdade – certeza – convencimento visto no processo, deverá ser feito baseando-se
na conexão do sujeito ao fato por meio da imaginação; presunção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTAR, E. C.; DE ALMEIDA, G. A. Curso de Filosofia do Direito. São Paulo: Atlas S.A
2002.
222
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. In: Vade Mecum Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2011.
223
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1
Lucas Macedo Salgado Gomes de Carvalho
1
Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: lucassalgado.s@hotmail.com.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
deste modo ele facilitaria a própria morte como querem seus inimigos. Além disso,
afirma que seria vergonhoso caso Sócrates morresse, pois o povo acharia que
tendo a possibilidade de pagar para salvar seu amigo da prisão, Críton teria
escolhido poupar seu dinheiro. Por fim, Críton ainda pondera que ele seria privado
para sempre da companhia de seu amigo caso ele morresse, e que, ao aceitar a
punição, Sócrates iria deixar seus filhos órfãos e abandonados.
A primeira parte se inicia com Sócrates afirmando que não devemos levar
em consideração as opiniões daqueles que são insensatos e ignorantes, pois destas
só poderá sobrevir o mal, a injustiça e a ruína. Devemos somente ouvir aquele que
sabe o que é justo e o injusto, e este único juiz é a verdade. O segundo argumento
de Sócrates é o de que jamais devemos cometer injustiças, ainda que sejamos
vítimas delas, pois todas as injustiças são em si mesmas, indignas e maléficas, diga
o que disser a multidão, decorram delas o bem ou o mal.
violência contra o último, muito mais ímpio é praticá-la contra a pátria. Por fim,
elas afirmam que as atitudes de Sócrates, ao longo da vida, demonstram que as leis
de Atenas sempre lhe agradaram e lhe pareceram justas. Ao permanecer na cidade
pelos seus setenta anos Sócrates demonstrou concordar com a maneira de a
cidade administrar a justiça, e, deste modo, assumiu o compromisso de cumprir as
leis, não sendo justo desobedecê-las, mas somente tentar persuadi-las caso estas
lhe pareçam injustas.
226
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
pois seu fundamento não será externo, mas sim interno, a livre vontade do
cidadão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
227
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
LACERDA, Bruno Amaro. Direito Natural em Platão. Curitiba: Juruá Editora, 2009.
ROMILLY, Jacqueline de. La ley en la Grecia clásica. Buenos Aires: Biblos, 2004.
228
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Direito
1
João Andrade Neto
1
Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); analista judiciário lotado no
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG); aluno do Núcleo Acadêmico de Pesquisa (NAP), da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). E-mail: andradeneto.joao@gmail.com.
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da situação social que a lei favorece; que ela é benéfica à maioria da população e
atende aos interesses da sociedade como um todo; e que, diante da gravidade do
problema social que se pretendia resolver, não havia outra opção. Nesses termos, o
debate público se constrói entre aqueles que apoiam a medida, apesar das
restrições à liberdade que ela implica, e aqueles que a desaprovam porque ela
restringe desarrazoada, inútil ou desnecessariamente a liberdade de ação dos
indivíduos. Raramente se problematiza, porém, a premissa de que a promulgação
de uma lei proibitiva limita a liberdade.
230
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Direito
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Uma vez que “Toda lei prescritiva diminui uma liberdade como licença,
antes disponível para os cidadãos [...]” (DWORKIN, 2007, p. 405), admitir que o
sistema jurídico garante essa liberdade a priori leva ao paradoxo de que nenhuma
liberdade é garantida, pois a própria existência do Direito, e dos direitos e deveres
individuais que o compõem, nega a possibilidade de os indivíduos agirem com
licenciosidade. A liberdade juridicamente reconhecida é, portanto, aquela
entendida como o direito de independência (ou não submissão). Nesse sentido,
nem todas as leis proibitivas ameaçam a liberdade individual. Ao contrário, grande
parte delas é necessária para protegê-la. Só violam a liberdade aqueles atos
legislativos que desrespeitam o direito dos indivíduos de serem tratados com igual
consideração, o que ocorre em “[...] situações nas quais os homens fossem [são]
impedidos de fazer alguma coisa que [...] devem [poder] fazer” (DWORKIN, 2007, p.
412), ou seja, nos casos de restrições “[...] a atos particulares considerados
232
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
No caso da Lei Seca, portanto, não têm razão aqueles que alegam que a
baixa concentração de alcoolemia exigida dos condutores pelo inciso III do art. 5º
da Lei 11.705/2008 (BRASIL, 2008b) e pelo Decreto 6.488/2008 (BRASIL, 2008a) é
desarrazoada, inútil e desnecessária. Os argumentos nesse sentido erram, na
medida em que pressupõem a existência de um conflito entre as novas proibições
legais e o direito de liberdade como licença – direito que, na verdade, não existe.
233
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERLIN, Isaiah. Dois conceitos de liberdade. In: Estudos sobre a humanidade: uma
antologia de ensaios. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
234
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
BRASIL. União. Decreto 6.488, de 19 de junho de 2008. Brasília, DF, Diário Oficial da
União, 20 jun. 2008a, p. 6.
BRASIL. Lei 11.705, de 19 de junho de 2008. Brasília, DF, Diário Oficial da União, 20
jun. 2008b, p. 1.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução Nelson Boeira. 2. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
235
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
1
Sandrelise Gonçalves Chaves
1
Graduada em Direito pela FEAD. Especializada em Consultoria Jurídica Empresarial pelo PRAETORIUM.
Mestranda em Direito e Justiça no Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da
UFMG. Linha de Pesquisa: Direito, Razão e História. Projeto de Pesquisa: Hermenêutica como
Instrumento de Realização da Justiça, sob orientação do Professor Doutor Andityas Soares de Moura
Costa Matos. Advogada. E-mail: sandrelise@hotmail.com.
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Seminário apresentado no dia 26/10/2011.
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Disciplina ministrada pelo professor Doutor Andityas Soares de Moura Costa Matos.
236
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
4
HUPPFER, 2006, p. 290.
237
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
238
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
5
SOUZA, 1978, p.73.
6
SOUZA, 1978, p. 92.
7
MATOS, 2011, p. 100.
8
SOUZA, 1978, p. 94.
239
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
9
SOUZA, 1978, p. 92.
10
Do site da OAB colhe-se a informação atualizada de que “existem hoje nada menos que 1.174 cursos
de direito em todos os estados – um aumento de 612% em relação aos 165 credenciados em 1991”
(OAB, 2011).
11
“Um para mim vale mil, se for o melhor” (DK 22 A 49)
12
“Heráclito afirma que o universo é gerado não segundo o tempo, mas segundo a reflexão” (DK 22 A 5)
13
MATOS, 2007, p.119
240
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
14
o mundo em que vivemos” e dali advém (ou deveria advir) os egressos capazes de
lutar pela Justiça – fim maior do Direito.
14
MATOS, 2007, p. 39.
15
“Destes logos sendo sempre os homens se tornam descompassados quer antes de ouvir que tão logo
tenham ouvido; (...)” (DK 22 B 1).
16
SOUZA, 1978, p. 102.
17
MATOS, 2011, p.96.
241
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
18
MATOS, 2011, p. 96.
19
“O combate é de todas as coisas pai, de todas rei (...)” (DK 22 B 53)
20
“ (...) o contrário é convergente e dos divergentes nasce a mais bela harmonia, e tudo segundo a
discórdia” (DK 22 B 8)
21
SOUZA, 1978, p.102
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. “É mesmo o ser e o pensar”: notas sobre
realidade e linguagem no pensamento grego originário. Revista Ética e Filosofia
Política, n° 14, volume 2, Outubro de 2011, p. 87-102.
243
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
ÍNDICE REMISSIVO
Atienza, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 62, Conflito de direitos fundamentais,
109, 118 231
244
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Crítica, 22, 28, 72, 173, 174 Educação, 90, 138, 143, 244
Direitos Fundamentais, 35, 121, Heráclito, 92, 98, 99, 238, 239,
231 240, 241, 242, 243, 244
245
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
Hermenêutica, 54, 55, 59, 90, 231, Kelsen, Hans, 61, 62, 133, 134,
238, 240 136, 137, 173, 183, 184, 185,
186, 187, 188, 209
Hermenêutica Filosófica, 54, 55
Legitimidade, 10, 17
Hermenêutica jurídica, 183
Lei, 20, 22, 55, 56, 57, 64, 145,
História Efeitual, 34, 38, 39 193, 226, 232, 233, 235, 236,
Idade Média, 175, 177, 180, 181, 237
182 Lei da inércia, 145
Identidade, 34 Liberdade, 15, 138, 231, 236
Igualdade, 15, 40, 128, 129 Licença, 231
Imaginação, 219 Linguagem, 113, 183
Impiedade, 145 Lógica, 90
Independência, 126, 231 Metodologia Jurídica Pluralista,
Indissociabilidade do 152
ensino/pesquisa/extensão, 238 Miguel Reale, 65, 66, 70, 71
Integridade, 114 Moldura kelseniana, 60
Jurisdição Constitucional, 54 Momentos do Direito, 60
Justiça, 12, 23, 55, 121, 133, 160, Moral, 28, 79, 138, 143, 144, 150
198, 226, 230, 237, 238, 243
Moralidade, 212
Kant, Immanuel, 43, 74, 131, 138,
139, 140, 141, 142, 143, 144, Natureza humana, 42
222
246
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
Poder, 15, 22, 38, 54, 56, 57, 122, Relativismo, 133
212, 231, 232, 234, 236
Representatividade, 23
Política, 54, 84, 98, 168, 173, 190,
191, 195, 237, 245 Schmitt, Carl, 84, 190
senciência, 30, 31
Ponderação, 231
247
Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
Sócrates, 43, 93, 94, 95, 96, 193, Teoria Tridimensional do Direito,
226, 227, 228, 229, 244 65, 66, 68, 71
248
Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
ÍNDICE DE AUTORES
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Belo Horizonte, 24 a 26 de novembro de 2011.
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Anais da V Jornada Brasileira de Filosofia do
Direito
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