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INTRODUCAO A LOGICA MATEMATICA 37 Prof, Antonio de Almeida Pinho 5. Validade e Invalidade. Os métodos de dedugdo que examinamos sdo capazes de mostrar a validade de um argumento, através de uma seqiiéncia de eqiiivaléncias e inferéncias, que, a partir das premissas, produz uma série de conclusGes parciais, até chegar a conclusao final do argumento. Esse processo, no entanto, ndo serve para provar a invalidade de um argumento; de fato, se, durante © processo de dedugdo, no conseguirmos chegar & conclusti, niio podemos inferir que no possivel obter tal conelusdo; talvez apenas nao saibamos como chegar a ela. Portanto, para mostrar a invalidade de um argumento, necessitamos de um outro método. Um argumento é, na verdade, uma operagdo de condicionamento. Se o argumento for valido, essa condicional ¢ tautolégica, isto é, é verdadeira para qualquer combinagdo possivel de valores igicos das proposigdes que constituem 0 argumento; se, no entanto, existir pelo menos uma combinago de valores légicos das proposig6es que tome a condicional falsa, 0 argumento é invalido, Ora, em que condigdes uma condicional ¢ falsa ? $6 existe uma possibilidade: quando o antecedente € verdadeiro e o conseqiiente & falso. Mas, em um argumento, 0 antecedente ¢ uma conjungdo de premissas, ¢ 0 conseqilente & a conclusdo; entdo, para que o antecedente seja verdadeiro, & necessirio que todas as premissas sejam verdadeiras, e para que 0 conseqilente seja falso, ¢ necessério que a conclustio seja falsa Entdo, para mostrar que um argumento & invatido, & suficiente encontrar uma combinagio de valores I6gicos para as proposigdes simples envolvidas, de forma que tome cada premissa verdadeira, ¢ a conclusao falsa. Considere o seguinte argumento: Se José comprar agGes ¢ o mercado baixar, ele perderd seu dinheiro, © mercado nao vai baixar. Logo, ou José compra ages ou perdera seu dinheiro. Simbolicamente, o argumento fica representado por paqor “4 pvr onde: _p — José comprar ages q- o mercado baixar = José perder dinheiro Para mostrar sua invalidade devemos fazer as premissas verdadeiras e a conclusdio falsa; isto &: a) Vi [page] =V ») VLIsal ©) VL[pyr]=F De (b) vem VL [ q] =F; substituindo em (a ), temos &) VLIpAFor]=V INTRODUCAO A LOGICA MATEMATICA 38 Prof, Antonio de Almeida Pinho ©) VL[pvr]=F Como VL [pa F ]= F qualquer que seja p, de (d ), vem VL [r] =F; substituindo em (e), vem: ) VL[pvF]=F © que implica em VL [p ]=F Temos entiio que, para 0 conjunto de valores légicos a condicional & falsa, o que significa que o argumento ¢ invilido. Um outro exemplo; considere o argumento u estudo ou trabalho ou vou 4 praia; se estudo sou aprovado; nao trabalho, Logo, sou aprovado. Se fizermos: _ p —estudo = trabalho r= vou d praia $— sou aprovado © argumento fica representado simbolicamente por pvqvyr pos a4 Ks Para que o argumento seja invalido & necessétio: a) VL[pvqvr]=V b) VLIpssI=V © VL[-aq]=V a) VL[s]=F De(¢)e(d) vem, imediatamente, VL [q]=Fe VL [s] =F; substituindo em (a) e(b), vem &) VL[pvFyvr ) VL[p>FI=V De(£), vem VL [ p] =F; substituindo em (¢), vem VL [r]=V Encontramos uma combinagdo de valores que satisfazem a condigio de invalidade. O argumento é, portanto, invalido, Se no for possivel atribuir valores verdade aos enunciados simples dos componentes de argumento, de modo que suas premissas se tornem verdadeiras © sua conclusio falsa, entio 0 argumento é INTRODUCAO A LOGICA MATEMATICA 39 Prof, Antonio de Almeida Pinho vilido. Embora isso decorra da prépria definigao de validade, tem conseqtiéncias curiosas. Observe © seguinte argumento: Se eu for aprovado, vou para os Unidos nem fiquei aqui. Logo, stados Unidos; se ndo, vou ficar aqui. Nao fui para os Estados i para a Argentina, Simbolicamente poaq apor aqanr Ks onde: p ~ ser aprovado :stados Unidos 47 ir para os ficar aqui s~ ir para a Argentina Temos entio a) VLIp>q b) VL[apor]=V ) VL[sqasr]=V a) VL[s]=F De(c), vem VL[ q]=Fe VL [1] =F; substituindo em (a) e(b), vem: &) VL[poF]=Vv 9) VL[ap3FI=V De (e) vem VL [ p] =F, ¢ de (f), vem VL [ p ] = V, 0 que caracteriza uma contradi esté ocorrendo ? 0. O que Ora, néo & possivel fazer as premissas verdadeiras, independentemente da conclusio, porque as premissas so incoerentes entre si, o que toma sua conjungdo contraditéria, Portanto, o argumento é valido, pois ndo ha possibilidade de atribuirmos o valor F 4 condicional que o representa, Embora o argumento seja valido, ndo é possivel (nem necessério) deduzir sua conclusdo a partir das premissas, porque a conclusdo nada tem a ver com as premissas. Podemos chamar esse tipo de validade de Validade por Contradigdo de Premissas. Mas esse nio é o tinico caso estranho, Observe o argumento: Se eu for a festa, nao chego cedo no trabalho, Se eu for ao cinema, nao you a festa. Nao vou ao cinema. Logo, ou eu chego cedo ao trabalho ou ndo chego cedo ao trabalho, Fazendo p—vou a festa q—chego cedo ao trabalho r—vou ao cinema temos a seguinte forma para o argumento:

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