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ANTINOMIA JURÍDICA

Presença simultânea de normas válidas que se excluem


automaticamente.

Consistência do sistema: revogação por


incompatibilidade (norma sai do sistema - FONTES - )

1) norma que ordena fazer algo e norma que proíbe fazê-


lo (contrariedade). Ex.: Crime de responsabilidade
pessoal e a lei que determina a responsabilidade do dono
do jornal pela ação do repórter.

2) norma que ordena fazer e uma que permite não fazer


(contraditoriedade). Ex.: Reunião pública sem prévia
comunicação e a lei que determina se comunique
previamente.

3) norma que proíbe fazer e uma norma que permite


fazer (contraditoriedade). Ex.: proíbe à greve (Código
Penal); Autoriza a greve (Constituição)

IDENTIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS


As normas devem pertencer ao mesmo ordenamento.
As normas devem ter o mesmo âmbito de validade.
Âmbito de validade: temporal, espacial, pessoal e
material

ÂMBITO DE VALIDADE: Tempo, espaço, pessoa e


matéria

Tempo: duas normas que tratam de uma mesma coisa ao


mesmo tempo.

Espaço: duas normas que se referem ao mesmo espaço.


Se uma norma proíbe fumar no restaurante e outra
permite fumar no jardim, não há incompatibilidade.

Pessoas: a que se dirigem as normas. Só haverá


antinomia se houve identidade de destinatários.

Matéria: trato diferente em relação ao mesmo conteúdo.

Antinomia: total-total, total-parcial ou parcial-parcial


(Alf Ross)
Três tipos: total-total: duas normas têm o mesmo âmbito
de validade. Ex.: é proibido fumar das cinco às sete. É
permitido fumar das cinco às sete.

Total-parcial: uma tem âmbito de validade igual ao da


outra, porém mais restrito. Ex.: É proibido fumar. É
proibido fumar somente charutos e cigarros.

Parcial-parcial: âmbito de validade em parte igual em


parte diferente. Ex.: É proibido fumar cachimbo e
charuto. É proibido fumar cigarro e charuto.

ANTONOMIA DE PRINCÍPIOS

Ex. Constituição Federal – propriedade privada e Estado


intervencionista

CRITÉRIOS PARA SOLUÇÃO

1) Cronológico – fraco – lei posterior derroga a lei


anterior
2) Hierárquico – forte – a lei superior derroga a
inferior
3) Especialidade – forte – a lei especial derroga a geral
4) liberdade do intérprete (normas contemporâneas; do
mesmo nível; ambas gerais)

Conflito entre critérios:

Cronológico: fraco

Hierárquico e especialidade: fortes

“Revista Literária do Direito” (ano III, número 16


março/abril de 1.997), o José Roberto Egydio Piza
Fontes

“Assim como dissipada pelo Judiciário a antinomia


identificada entre o princípio geral que garante o pleno
acesso à educação e as normas restritivas do exercício
desse direito, ocorreu a solução da antinomia
diagnosticada entre o princípio geral da liberdade
sindical, que encerra a vedação a qualquer interferência
ou intervenção, e a exigência legal de recolhimento da
contribuição sindical, historicamente alcunhada de
imposto sindical.
Com efeito, reza o princípio geral da liberdade sindical,
consagrado expressamente pela Constituição Federal, em
seu artigo 8º, caput e inciso I, in verbis:
“Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte:
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical”.
Por outro lado, dispõe o artigo 580 da Consolidação da
Leis do Trabalho, norma editada sob a égide do
getulismo pelego, in verbis:
“art. 580. A contribuição Sindical será recolhida, de uma
só vez, anualmente, e consistirá: I – na importância
correspondente à remuneração de 1 (um) dia de trabalho,
para os empregados, qualquer que seja a forma da
referida remuneração”.
Assim, como no caso antes narrado, o simples cotejo das
normas aqui transcritas revela a indisfarçável antinomia
entre as suas diretrizes. De um lado, o princípio geral do
direito – positivado, mesmo que despiciendamente, na
Constituição Federal (artigo 8º, caput e inciso I) –
garante a plena liberdade sindical; de outro lado, o
Estado vem interferir e intervir na organização sindical,
impondo a obrigação legal (inserta nos artigos 578 e
seguintes, especialmente o artigo 580, da Consolidação
das Leis do Trabalho) de desconto – na fonte, diga-se de
passagem – de parcela do salário do empregado, para
custear a atividade sindical, subdividindo-se o produto da
arrecadação desse “imposto” na forma estabelecida pelo
artigo 589 do mesmo diploma legal. Estabelece o
referido dispositivo que o produto da arrecadação da
contribuição sindical terá a seguinte destinação: “art.
589. (...) I – 5% (cinco por cento) para a Confederação
correspondente; II – 15% (quinze por cento) para a
Federação; III – 60% (sessenta por cento) para o
Sindicato respectivo; IV – 20% (vinte por cento) para a
Conta Especial Emprego e Salário.”
“E, DA MESMA FORMA, UTILIZANDO-SE O
CRITÉRIO HIERÁRQUICO SISTEMATIZADO POR
BOBBIO PARA A RESOLUÇÃO DA ANTINOMIA,
RESTA INDENE DE DÚVIDAS A
IMPOSSIBILIDADE DE PERSISTIREM NO
ORDENAMENTO JURÍDICO AS NORMAS
PREVISTAS NOS ARTIGOS 578 A 591 DA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, POR
CONFLITAR FRONTALMENTE COM O PRINCÍPIO
GERAL DE DIREITO, POSITIVADO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DA LIBERDADE E
AUTONOMIA SINDICAL.”

“Nesse sentido, aliás, já se posicionou o Judiciário


paulista, tanto no âmbito federal, quanto no âmbito da
esfera estadual.
Decidiu o meritíssimo juiz da 38ª Vara Cível da Comarca
da Capital, Doutor Alberto Antonio Zvirblis, julgando o
mérito da ação que buscava o reconhecimento e
dissipação da antinomia aqui demonstrada, declarar
“manifesta inconstitucionalidade da compulsória
cobrança da contribuição sindical”.

“SINDICATO - CONTRIBUIÇÃO - SINDICAL -


DESCONTO ANUAL - INADMISSIBILIDADE -
INCOMPATIBILIDADE DO ARTIGO 582 DA
CONSOLIDAÇÃO DA LEIS DO TRABALHO COM A
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA ATUAL, QUE
CONSAGROU A LIBERDADE SINDICAL, SEM
QUALQUER INTERVENÇÃO ESTATAL - RECURSO
NÃO PROVIDO.” (Relator: Vallim Bellocchi -
Apelação Cível n. 230.714-2 - São Paulo - 28.03.94)
“Cobrança – Contribuição Sindical – Não sócio –
Inadmissibilidade – Pretensão que violaria o art. 5º, XX
da Constituição da República – Recurso não provido.”
(Relator: Albano Nogueira – Apelação Cível 197.227-2 –
Bariri – 24.11.92)

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