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IBÉRIA

Colonização grega e púnica transformaram a situação da Península. Fundação da


cidade de Gadir (Cádiz) entre 1100 e 1000 a.C. por parte dos fenícios, alem de
outras, principalmente na costa sul da Península e nas quais integravam aos
povoadores indígenas, gregos, fenícios e cartagineses. Estes últimos começaram
a monopolizar o comercio de metais da Ibéria e procuraram desalojar aos gregos
de este negocio. Com a batalha naval de Alalia (535 a.C.), os púnicos adquiriram a
hegemonia no Mediterrâneo ocidental, proibindo a navegação grega no estreito de
Gibraltar e adquirindo a hegemonia no sul da Península. Interessados
principalmente pelo comercio de produtos nativos, em especial os metais, os
púnicos tiveram a preocupação de realizar uma exploração dos territórios
procurando estabelecer cidades, principalmente relacionadas à exploração
mineira.
Também a presença grega em Ibéria é evidente entre s séculos IX-VIII a.C.
estabelecendo pequenas factorias ligadas ao comercio de metais, mas também
ligadas à introdução de culturas como a oliva. Com a batalha de Alalia, suas
atividades se centraram na costa oriental de Ibéria.
A primeira organização estatal indígena de Ibéria seria Tartessos, localizada no sul
da Península, controlando importantes zonas mineiras e destacando-se como
centro comercial, com uma presença no século X, mas atingindo seu maior
poderio entre o século VII e VI a.C. Tinha relações comerciais com as cidades
fenícias e com Cartago, com as cidades gregas e suas colônias, assim com o
interior da Península. Realizavam navegações com a costa ocidental da Península
e suas embarcações chegavam até as Ilhas Britânicas.
Cartago com a derrota sofrida na primeira guerra púnica e a perca de seus
territórios em Sicília, Córsega e Sardenha, procurou mudar sua política em relação
à Península e decidiu estender seus territórios e explorar seus recursos, com a
finalidade de controlar e obter metais que serviam para pagar aos mercenários do
exercito, obter novas fontes de homens para seu exército e para trabalharem nas
minas. Com esse objetivo em 327 a.C., os cartagineses desembarcaram na
Península sob a direção de Amílcar e começaram a ocupar o sul e leste do
território, o qual já tinha estado sob a sua influencia, mas que aproveitou para
independizar-se de seu controle. Essa nova mudança da política dos cartagineses
os levou a enfrentar constantes guerras contra os indígenas e contra as fatorias
gregas do leste. Com a morte de Amílcar, os cartagineses seriam comandados por
Asdrúbal que iniciou uma política pacifista, procurando estabelecer laços pacíficos
com os indígenas e firmando o tratado do Ebro com os romanos em 226 a.C., com
o qual estes reconheciam a influencia cartaginesa até a desembocadura do rio
Ebro, prejudicando principalmente aos gregos de Marselha. Já com Aníbal como
dirigente dos cartagineses, a política mudou e começou a relizar campanhas no
interior da Península até desembocar no ataque e toma de Sagunto, em 219 a.C.,
povo aliado a Roma e que ocasionaria a segunda guerra púnica.

ROMA
Auge de Roma significou um deslocamento do centro de gravidade do mundo
clássico da Grécia para Roma, assim como um dinamismo maior em relação ao
modo de produção iniciado em Grécia. A cidade manteve a sua importância, seu
poder político e sua característica aristocrática. Num processo longo, a nobreza da
Republica, que incluía nos começos só aos patrícios, incorporou, a partir de 366
a.C., aos setores enriquecidos da plebe e principalmente dentro do poder político.
Esse poder lhes permitiu concentrar paulatinamente a propriedade da terra e
converter aos camponeses livres em servos por dividas e apoderar-se das terras
comunitárias ou ager publicas. Roma e outras cidades de Itália conquistadas,
concentraram as grandes massas de proletarii que migravam desde o campo e se
estabeleciam como clientes dos grandes proprietários e comerciantes que
residiam nas cidades principalmente. Ao mesmo tempo a ampliação da cidadania
romana para toda a Itália conquistada, principalmente para os membros das
aristocracias locais, significava uma grande vantagem. Por um lado os proletarii,
elementos sem propriedades e ofícios, começaram a serem integrados como
soldados no exercito romanos e por outro lado, as aristocracias obtiveram como
compensação contingentes de escravos provenientes das conquistas e a
possibilidade de adquirir novas terras em outros territórios.
A Republica romana juntou por primeira vez a grande propriedade com o trabalho
de escravos a grande escala. As guerras de expansão foram as que alimentaram
as necessidades de mais escravos, mas ao mesmo tempo significaram a ruína
dos camponeses livres, que foram mobilizados para as guerras e ao retorno foram
incapazes de manter as propriedades.
A expansão colonial romana enfrentou problemas diferentes na Gália e na
Hispánia, zonas povoadas por populações celtas, com predomínio da propriedade
comunitária e com extensos territórios internos que não tinham sido helenizados.
Em esses territórios foi que apresentou suas vantagens o latifúndio rural
escravista. Para isso foi necessário aproveitar a rede de cidades que tinham
estabelecido as colônias gregas e púnicas, além de estabelecer outras cidades
principalmente no interior. A colonização portanto significava, a diferencia da
colonização nas regiões helenizadas do Mediterrâneo oriental, uma progressiva
romanização. Uma das manifestações desse processo será a expansão do direito
civil romano, principalmente a partir do desenvolvimento do conceito de
propriedade privada, a diferença da idéia de posse, conseqüência da crescente
mercantilização das relações comerciais e da importância dos escravos.
O significado da mudança da República para o Império deve ser entendido como
conseqüência da incapacidade da nobreza citadina romana de dominar um
império de proporções mediterrânicas. Reforma do exercito feita por Augusto:
outorgou terras a soldados desmobilizados, outorgou uma pensão equivalente aos
anos servidos e que era paga com impostos recolhidos das classes possuidoras,
redução dos anos do serviço militar e do número de soldados. O proletariado
urbano foi favorecido com grandes distribuições de grãos, com a construção de
obras publicas nas cidades e com a regulamentação do pagamento dos tributos,
principalmente nas cidades. Melhorou o policiamento nas cidades, se
estabeleceram tribunais de justiça regulares e se deram leis que evitavam os
abusos.
O apoio das aristocracias italianas não romanas ao Império significou a
incorporação destes setores dentro da ordem senatorial. Isso posteriormente se
estendeu a outras aristocracias, principalmente as ocidentais, através da outorga
da cidadania romana por Caracalla em 212 d.C. Esse processo é conhecido como
“provincianização” do poder central dentro do império.
Problemas do modo de produção escravista: não tinha um mecanismo interno e
natural de auto-reprodução, a oferta de mão de obra dependia principalmente da
guerra. A produtividade do trabalho dos escravos era limitada, dependia
principalmente da incorporação de mais trabalho, mas de que em investimentos
de capital, na exploração da terra ou no uso de novas tecnologias ou novas
formas de organização.
Crise do império entre 235 a 284, uma crise política interna e uma crise externa
produto das invasões dos bárbaros. Recuperação a finais do século III do império
baixo a direção de imperadores militares. Diocleciano, em 284, reorganizou o
exercito, restabelecendo o serviço militar novamente e incorporando nas suas
fileiras a bárbaros. Alem disso se reorganizarão as províncias e se estabeleceu um
novo sistema tributário. A crise gerada pelo sistema escravista afetou
principalmente ao ocidente do império, gerando o deslocamento do centro
socioeconômico do mesmo para o Oriente. Mas o mesmo não aconteceria com o
poder militar do império que se deslocou para as regiões fronteiriças,
principalmente para as regiões danubianas e balcânicas, zona que servia de ponte
entre o ocidente e o oriente do império. O poder político continuaria com a
aristocracia latifundiária de ocidente, o seja de Itália, Hispánia, Gália e o norte da
África. Isto significava uma separação entre o poder político do militar.
O imperador Constantino inicia o processo de cristianização do império, processo
que paralelo à ampliação de ampliação do senado, introduzindo novos elementos
nas suas fileiras, significou uma reforma radical do próprio estado. Introdução da
burocracia religiosa cristã dentro do estado significou o aumento do peso
burocrático dentro do próprio estado.
Contração da economia, que não conseguiu recuperar-se da crise atravessada no
século III. Crescimento demográfico se deu só em algumas cidades,
principalmente ligadas a alguma iniciativa política e administrativa; deu-se um
abandono das cidades de setores pobres para dirigir-se aos latifúndios. O
comercio e a industria urbana decaiu e se produz uma tendência à ruralização do
império na sua parte ocidental. Em relação ao trabalho escravo, este começou a
decair na sua importância e foi adscrito à terra. Os escravos foram locados em
terrenos perto da finca do proprietário, enquanto que as terras periféricas foram
divididas em parcelas e distribuídas aos servos, os quais as tinham a troca de dar
ao proprietário uma parte do produto da mesma. Aparição do colonus, arrendatário
camponês, dependente da propriedade do senhor, que pagava a troca da parcela
de trabalho rendas em espécies ou/e em trabalho. Ao mesmo tempo, os latifúndios
patrocinaram ou deram proteção às aldeias de pequenos produtores e parcelas de
pequenos arrendatários. O imperador Diocleciano adscriviu os arrendatários a
suas aldeias e dependentes dos grandes proprietários. Valentiniano I proibiu a
venda de escravos agrícolas separados da terra que trabalhavam. A escravidão
diminuiu, mas existiu um deslocamento da importância dos escravos, dos
latifúndios para o estado, e manteve a sua importância nos latifúndios ocidentais
do império. O importante é centrar a atenção na progressiva importância do
colonato como sistema econômico articulado na relação entre o produtor rural
dependente, o senhor e o estado. Na primeira metade do século IV aumentaram
os impostos sobre a terra, sobre os camponeses livres e arrendatários, ao tempo
que aumentaram as taxas fiscais urbanas e a Igreja era isenta das mesmas, ao
tempo que esta somava na conta do estado sua carga burocrática.
No século IV surgem com mais forças um conjunto de rebeliões camponesas no
ocidente, principalmente na Gália e na Hispánia. Estas rebeliões tiveram como
base social grupos de escravos fugitivos e de coloni arruinados e foram
mobilizações tanto contra o decadente sistema escravista como contra o colonato.
SOBRE O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO
(segundo Blázquez)

Para Mommsen (O mundo dos cézares, História de Roma), Espanha foi o território
do Império que sofreu com maior força o processo de romanização, ainda que não
de forma homogênea, sendo de cima para baixo. Para L. Pareti (Storia de Roma),
afirma que se bem não foi um processo rápido, mas foi profundo. Para este último
autor, as causas de essa romanização se deveram à presença do exercito
romano, à instalação de centros urbanos itálicos e logo depois de colônias, à
concessão da cidadania romana, à administração, a construção de vias, o uso do
latim. Já para Blázquez, se devem somar a essas causas às relações dos
indígenas com os romanos dentro do próprio exercito, o comércio e o papel de
certas personagens. Tem de ser destacado esse processo de romanização não é
um processo que se restringe só ao período do império, mas ele continua ainda
depois da queda do mesmo, como afirma Martinez Santa-Olalla

Sobre o papel do exercito.


Já Estrabão afirmava sobre a importância das legiões estabelecidas no norte da
Península por Augusto, já que eles não só pacificavam, mas também civilizavam
(III 2, 8). Se bem a intenção inicial dos romanos foi invadir a Península para cortar
a logística do exército cartaginês que se encontrava no norte da Itália, já para o
200 a.C. era evidente pelas decisões do Senado da intenção de apoderar-se da
Península, principalmente na intenção de delimitá-la em duas províncias, a Citerior
e a Ulterior. Ao mesmo tempo, a constante e feroz resistência dos indígenas,
expressada nas guerras numanticas (154-133 a.C.) e lusitanas (155-136 a.C.),
levou a que na Espanha fosse o primeiro território onde fosse necessário a
presencia permanente de um exército, precisando constantemente um aumento
de soldados. Uma vez terminadas estas guerras, novamente se terá um grande
contingente de soldados na época da guerra civil, onde a Península
desempenharia papel importante.
O processo de romanização através do exército se dará de uma forma
importante através do processo de estabelecimento de quartéis de inverno onde
os exércitos passavam longas temporadas. Também são importantes as
guarnições que foram colocadas em cidades com a finalidade garantir a sua
segurança, controlar aos indígenas e, no caso das guerras civis, controlar aos
partidários contrários.

Centros itálicos e colônias.


Num começo não existe uma política de criação de cidades ou colônias latinas na
Península, existem só alguns pontos importantes, onde se criam cidades, mas que
juridicamente não são reconhecidas como cidades latinas. Devido também ao
pouco numero de colonos romanos nos anos de 170 a.C., se optou por criar
cidades povoadas também por indígenas romanizados, aos quais também lhes
repartia terra. A primeira colônia estabelecida fora da Itália seria Carteia, fundada
na Península, em 171 a.C., onde 4.000 soldados romanos licenciados, junto com
suas esposas indígenas e seus filhos, repartindo-se terras e sendo regidos pelo
direito latino. Muitas das colônias estabelecidas serviam como forma de pagar os
serviços prestados pelos soldados nas diversas guerras e com a finalidade de
diminuir as pressões sociais. Existiam colônias que foram fundadas com a
finalidade de proteger-se de piratas estabelecidos nas ilhas Baleares, como o caso
de Palma, fundada em 123 a.C. Outras tinham a finalidade de proteger áreas ricas
em metais das incursões dos indígenas, como a cidade de Metellinensis que foi
fundada em 79 a.C. para proteger as regiões dos lusitanos. Na época de César,
este concedeu o status a varias cidades hispanas, repartindo aproximadamente 80
mil cidadãos pelos territórios, repartindo terras através de fincas, nas quais seus
proprietários não moravam e se nas cidades próximas. Mas dentro de todas as
cidades, a que se destaca mais dentro desse processo de romanização é Cádiz,
que alem de ter-se mantido fiel a César, que foi a primeira a adotar o direito latino
e o latim, e desde o século I a.C. já tinha um governo de tipo romano.
Já García-Bellido destaca o papel militar das colônias que se estabeleceram nos
territórios dos lusitanos assim como próximas dos territórios dos cántabros e os
astures, os quais tinham uma localização militar importante procurando controlar
os passos, as cabeceiras dos rios, os caminhos e regiões produtoras de metais.
As colônias fundadas na Hispánia em tempos de César e Augusto foram feitas no
território da Bética principalmente. Segundo Plínio (NH 3,2) na Bética existiam 9
colônias, 10 municípios romanos 27 latinos, as restantes cidades eram indígenas,
3 eram federadas e 120 eram estipendiárias. Já no século I a.C., em tempos do
César chegam 20.000 colonos, cidadãos romanos de diversas categorias, de
filhos de senadores e cavalheiros e outros, acompanhados por seus escravos,
confirmando-se a idéia de Rostovtzeff de ser a Hispánia a região que recebeu
mais colonos no século I a.C. Também rapidamente estes colonos começaram a
apropriar-se de propriedades rentáveis como das minas, de fábricas e de terras,
principalmente de aquelas cidades que resistiram mais aos romanos.

O direito à cidadania.
No caso da Península, a aparição da outorga da cidadania está ligada ao
processo da conquista, ainda que num numero reduzido, onde se outorga a
cidadania a membros escolhidos dos nativos com a finalidade de garantir o seu
apoio nas guerras contra os cartagineses e estabelecer alianças duradouras. Logo
depois, ela se encontra associada às guerras civis e a constituição de partidos
contrários. César outorga a cidadania a seus aliados hispanos, alem de outorgar-
lhes cargos administrativos. No caso da Bética, é alto o numero de cidadãos
romanos nessa província, como no caso de Cádiz que se destacava por seu alto
número de cavaleiros romanos.
Para Blázquez os meios mais poderosos do processo de romanização no século I
foram a fundação das cidades, a presença de muitos romanos e a concessão do
status jurídico romano. Para ele, a romanização constitui uma enorme vantagem
para os nativos.

Assentamentos de indígenas e reparto de terras. As instituições indígenas


Foi um meio utilizado para pacificar, civilizar e romanizar às populações indígenas.
Os romanos também utilizaram do deslocamento dos indígenas para outros
territórios com a finalidade de controlá-los melhor ou de fazer com que não
estivessem tão próximos de regiões econômicas claves. Mas o principal problema
dos indígenas, principalmente, era a falta de terras. Muitas das revoltas contra os
romanos, assim como a resistência dos indígenas a eles, se fundamentavam
nessa carência de terras. As revoltas como as de os lusitanos tinham como origem
a escassez de terra produto da concentração de elas nas mãos de uma
aristocracia gentílica e no processo de expansão dos latifúndios romanos que
tinha expulsado aos indígenas de suas terras.
O processo de diferenciação social dentro dos indígenas levou a que muitos de
reis ibéricos e de suas aristocracias apoiaram aos romanos devido a que eles
eram uma garantia da ordem interna frente às constantes incursões dos indígenas
que sofriam do problema da terra.
Ao mesmo tempo, uma vez já conquistada a Península, as instituições nativas das
gentilidades e da gens são mantidas com a finalidade de preservar uma
organização social ao nível da família e das tribos.

O latim
Já a partir do século II a.C. é comum encontrar documentos escritos em latim na
Península. Principalmente é nas regiões do sul e de leste onde se encontram as
evidências do uso do latim nas cidades. São os comerciantes também membros
importantes na difusão da língua, que se evidencia na não acunhação de moedas
bilíngües a partir de 45 a.C. Também na interiorização do comercio foi importante,
porque foi através do latim que se estabelecia os contatos com os indígenas para
realizar as compras dos produtos.
AS INVASÕES

O período das invasões da península pode ser definido desde o verão de


409 com a penetração dos suevos até a batalha de Vouillé em 507. Esse período
pode se caracterizar pelo fim do domínio romano na península através de uma
substituição progressiva e violenta deste poder pelo visigodo.
Debilidade dos invadidos: baixo nível demográfico, má administração, falta
de solidariedade nos elementos dirigentes do império, italianização do governo do
império e que originou um movimento de resistência das províncias e de suas
elites, autonomia dos interesses da aristocracia e clero em relação aos imperiais e
procura de pactos com os invasores.
Causa das migrações. Câmbios sóciopolíticos e econômicos nos germanos,
ligados também a mudanças na tecnologia bélica. Por um lado, formação de
agrupações políticas mais amplas, tipo confederações, acompanhadas por a
formação de novas classes dirigentes ligadas por laços de parentesco e de
assistência mutua. Na tecnologia bélica, mudanças ligadas ao predomínio de
cavaleiros. Tinham jurisdição sobre escravos e sobre semi-livres ou lites, os quais
podiam ser utilizados tanto para o trabalho na terra quanto em ações bélicas. Ao
mesmo tempo se constituem séqüitos (gefolge) formados por nobres, que
mediante um juramento de fidelidade e ajuda mútua. Um aspecto importante
destas invasões o constituem as stammesbildung ou formação de grandes
unidades populares e nacionais.
Duas oleadas principais de invasores. A primeira esteve formada por godos,
vândalos e burgundios, se caracterizou pela amplidão de seus movimentos e por
não ser de caráter massiva. A segunda, formada por grupos de etnogenese mais
recente, como os francos, alamanes, bávaros, anglos e saxões. Eles
representaram uma incursão contínua e massiva. Uma terceira e posterior oleada
estaria formada pelos lombardos e outros povos da Europa central, como os
ávaros. Alem disto é importante destacar os movimentos dos bárbaros que
moravam dentro das fronteiras do império como os vascos, os britanos e os
escotos.
visigodos.

409 a 507 penetram povos de origem germânico na Península.

Suevos, vândalos e alanos penetram em 409. Assim como tinham devastado a


Gália, farão da mesma maneira na Península.
418 visigodos estabelecem um “foedus” com o Império com a finalidade de
legalizar sua permanência, assim como o tinha feito com outras tribus germânicas.
Interesse do Império de evitar saqueios e de controlar e conter aos outros povos
germânicos. O foedus tem a finalidade de assentar aos bárbaros em terra evitando
que comecem suas incursões marítimas, onde o Império ainda mantinha um
controle absoluto das comunicações.

Conseqüências:
(1) prolongação da situação que já se desenvolvia no espaço romano desde
finais do s. II, que é a constituição de um regime senhorial.
(2) A impossibilidade dos povos invasores de aproveitar-se da estrutura de
governo do Império romano, em questões como as comunicações.
(3) Aparição e consolidação da Igreja através de um processo de
evangelização.

Visigodos penetram na Península em 415. 456 derrotam aos suevos. Em 470


campanha contra os suevos com a finalidade de expulsá-los até a Galecia.
Em 475-6 com a queda do Império de Ocidente, se formaliza de fato a existência
de um estado visigodo independente.
Com a queda do Império de Ocidente e a conversão de Clodoveo, rei dos
galorromanos, aumenta a migração dos visigodos para a Espanha entre 490 a
506, coincidindo com a pressão dos galorromanos.
A proporção dos visigodos na Península era mínima, só chegava
aproximadamente ao 80 ou 100.000 habitantes de um total de 4 milhões de
hispanoromanos. Preferência de povoar a zona central da Península e que pode
ser explicada por o aumento da importância da zona rural: o aumento da
importância dos latifúndios e da sujeição dos camponeses a seus senhores.

Entre 500 a 700, sobre a sociedade dos visigodos ela pode ser caracterizada:
(1) progresso da grande propriedade como unidade de produção. Seus
proprietários são nobres visigodos e hispanorromanos, mas também a
igreja e os mosteiros. Produção orientada ao consumo.
(2) Escassez do comercio interior e debilidade do exterior. Ainda contando com
as calçadas romanas, o comercio não fluía devido à escassez de
mercadorias, desestimulado por uma produção para o próprio consumo.
Esta situação levava também ao domínio de parte de outros estados das
rotas comerciais que antes eram utilizadas.
(3) Empobrecimento do consumo interno devido ao pouco interesse por
consumir produtos mais sofisticados.

Essa sociedade em crise, produto de invasões, de incursões de rapina, podem ser


periodizada em 4 fases:
(1) entre 490 – 554. tendência hispanorromana de abandonar as cidades e
instalar-se no campo que se junta à preferência dos visigodos de
estabelecer-se na área rural, tem como conseqüência o aumento da
produção agrícola.
(2) Entre 554 – 628, presença dos bizantinos no sul da Espanha que permite
uma reativação do comercio, principalmente de produtos luxuosos. A partir
do 600 se apresenta um progressivo declive, aprofundando ainda mais a
ruralização e a interiorização o periferização do Estado.
(3) Entre 628 – 680, período de inércia econômica .
(4) A partir de 680 aprofundamento da crise agravada nas cidades pela peste e
por plagas na zona rural. Queda demográfica que provoca fuga de servos e
uma maior exploração dos mesmos.
Queda do Império Ocidental junto com as crises provocadas pelas incursões dos
germânicos levou a uma progressiva ruptura dos laços de relação entre os
súbditos e o poder público de Estado romano. Se estabelece um conjunto de
novas relações de solidariedades pessoais de caráter privado. Os pequenos
proprietários rurais entregam suas terras e sua liberdade a aqueles que podiam
garantir a sua segurança, principalmente um grande proprietário seja laico ou
eclesiástico. O grande proprietário se fortalece como senhor de terras e de
homens, mediante a apropriação de privilégios fiscais e judiciais, obtém a
imunidade frente às poucas autoridades estatais convertendo suas grandes
propriedades em um senhorio.

A própria segurança que estava obrigado a proporcionar aos homens, fazia com
que se viesse obrigado na necessidade de constituir um próprio exercito,
principalmente com homens que não tinham nenhuma relação com a terra ou com
outros senhores.

Dois processos se desenvolvem paralelamente. Primeiro o fortalecimento das


aldeias em relação às cidades e às vilas, lugar privilegiado do assentamento das
populações migrantes das cidades e fonte da mão de obra para todo tipo de
exploração que depois estabelecerá relações solidariedade em base a terras,
rebanhos e florestas. Segundo, o declínio da escravidão, seja pelo alto custo para
manter ao plantel quanto pela quebra de remessas de escravos.

O século VI a VIII se caracterizada por o crescente fortalecimento dos vínculos da


dependência pessoal que se evidencia em que passa de ser vitalício para ser
hereditário. O senhor começa a entregar terras a seus colonos com a finalidade de
que estes cumpram suas obrigações, principalmente as militares.

A fusão dos elementos visigodos com os hispanorromanos se configurará


principalmente em relação a questões da posse ou não das terras, e não por
motivos étnicos, onde as elites estabeleceram relações entre a nobreza visigoda
assentada principalmente na posse das terras e a outra, a hispanorromana,
assentada em funções burocráticas ou administrativas.

A sociedade se encontrava atravessada por uma serie de conflitos sociais, como o


caso dos vascones, que tinham resistido também à dominação romana e às
tentativas de evangelização, realizando constantes incursões desde as montanhas
cantabricas para os vales, o que levou aos diferentes estados a estabelecer
conjunto de praças e fortificações de defesa. A conversão dos visigodos ao
cristianismo em 589 com motivo do III Concilio de Toledo levará também ao inicio
de outros conflitos com outros movimentos espirituais como a resistência dos
priscilianistas em Galicia.

A conversão leva a um novo problema em relação à constituição do Estado, a


interferência da Igreja dentro do Estado com a finalidade de defender o status
social e político da hierarquia eclesiástica que coincide com o status da nobreza.

Teoria de Isidoro de Sevilha sobre o Estado. Para ele os reinos unidos pela fé não
constituem necessariamente um Império, mas constituem a Igreja. Aos príncipes
correspondem apoiar aos sacerdotes em questões que eles não conseguem impor
pela predicação. Portanto, o poder dos reis se subordina ao poder da Igreja e
passa a cumprir tarefas de evangelização.

Processo de feudalização a partir de 680:


(1) Tendência a uma economia natural e auto-suficiente.
(2) Confusão entre propriedade e autoridade que leva a que os antigos
administradores tomem como sua propriedade grandes extensões de
terras.
(3) Confusão de funções militares e fiscais, públicas e privadas que se unem
na pessoa dos grandes proprietários.
(4) Diminuição dos bens do Estado e que se procura paliar através do outorgar
aos grandes proprietários a manutenção dos próprios exércitos.
Fatores que aceleram a crise do reino:
(1) As malas colheitas, as pragas e a peste.
(2) Esforço da nobreza por reter a maior quantidade de servos dentro de suas
propriedades que leva a uma perca de homens e aumento de fugitivos.
(3) Enfrentamento entre setores da nobreza.

Invasão dos árabes e bereberes:


(1) Akhila, filho do rei Vitiza, solicita apoio aos árabes para enfrentar a setores
da nobreza.
(2) Desentendimento entre do Julian, governador de Ceuta, e don Roderico por
causa da filha.

Caerols, José Joaquín. El encuentro entre godos e hispanorromanos (un análisis


filológico), Roma, 2001, pp. 199-238. Encuentro, 2002.
Garcia de Cortázar, J. La época medieval. Madrid, 1983.
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1986.
Harodl Livermore. Orígenes de España y Portugal. Barcelona 1988.
Fontaine, J., Isidoro de Sevilla. Génesis y originalidad de la cultura hispánica en
tiempos de los visigodos. Madrid.
Sánchez Albornoz, Claudio. Estudios visigodos. Roma, 1971.
Thompson, E. A. Los godos en España, Madrid, 1971.
Uma nova forma de conceito monárquico
1. Importância de Leovigildo (572-586)
- Inicia-se processo de centralização e da afirmação da
autoridade real em Toledo. Tanto no plano político quanto no
religioso. Conseqüência:
- Política de imitação dos usos imperiais.
- Associação ao poder de seus descendentes. Qual intenção?
- Incrementar prestigio da instituição monárquica: Toledo
como sede real, fundação de cidades, pompa do soberano.
Toledo se converte em urbs regia. Sede da corte e
também dos concílios do reino.
Leovilgildo é o primeiro em apresentar-se antes os
nobres e ante o povo com toga, cetro, insígnias imperiais, etc.
Quebra com a tradição de ser o seberano primus inter pares.
2. Conversão ao catolicismo.
Recaredo (586-601) conversão no III Concilio em 589. De
monarquia gótica a monarquia católica. Foi a própria
conversão que permitiu a Recaredo pôr-se encima da
nobreza.
Idéia de um poder temporal como procedente da divindade já
tem precedentes em Agustinho.
Recaredo se compara a Constantino (Nícea) e a Marciano
(Calcedônia). Para os visigodos a religiao era uma questão
de identidade e de diferenciação. Toma do primeiro, o gesto
de somar a seu nome, o de Flavius.
Recaredo é visto como escolhido para governar em nome de
Deus, é o pastor de seu povo, para cuidar da fé de seus fieis,
para expandir a ortodoxia. Ele mesmo assume que lhe
correspondem tarefas temporais quanto espirituais, mas
também ao próprio governo: tanto juizes quanto sacerdotes
são responsáveis por combater a idolatria, os bispos podem
negar a comunhão a aqueles que se desviam do caminho.
Assume a formula: in Dei nomine, toda ação de governo
responde aos anseios de Deus. Os sacerdotes ungem ao rei
com óleos sagrados. Duas interpretações: primeiro, expressa
a supremacia do sacerdócio sobre o rei (Barbero / Ullman) e
segundo, ela reforça a autoridade do rei.
Para Isidoro, a igreja passa a ser agora a união dos povos, e
já não o Império, juntos numa única fé. Os príncipes estão
dentro dela para apoiar aos sacerdotes em aquilo que não
podem impor pela força.
Problema de Suintila (621-631) e Sisenando (631-636). IV
Concilio em 633. Política de centralização e anti-nobreza do
primeiro, trouxe os ódios da aristocracia e sua queda. Pedido
ao concilio para que legitimasse seu governo. Sua
legitimação significa a sua unção. Para Ullman, esses simples
signos significam a passagem de um governo estabelecido
pelos laços de sangue e parentesco para um que se sustenta
na graça e na intervenção divina, de um rei germano a um rei
cristão.
Idéia de Isidoro do rei como reger, como corrigir. O poder
político surge como produto do pecado original, o rei forma
parte do plano divino, o rei como terapeuta, a monarquia
como necessária e benéfica para o povo, o rei não governa
mais para os godos, mas agora para os creentes (Reydellet).
Assim como o sacerdócio, a monarquia se concebe como
oficio ou ministério. Do caráter privado ou pessoal ao público:
necessidade de educar aos monarcas, de indicar seus
atributos e virtudes: Espelho do príncipe.
Diferencia entre rei e tirano. Para Isidoro, tirano pode ser
aquele que exerce o poder de forma despótica ou também
aquele que se apodera do poder de forma ilegal. Sisenando
não é um tirano porque, seu antecessor, renuncia ao trono.
Isidoro comparte a idéia de Agostinho de que cada povo tem
o monarca que merece, os reis maus são enviados como
forma de castigar ao povo por seu tipo de vida desregrada
A igreja como arbitro na sucessão, ele tem o interesse de
garantir uma sucessão pacifica e manter a estabilidade
política, coisa que era improvável no sistema germânico de
sucessão.
Os árabes.

Conquista da península por árabes em 711 pode ser vista


como parte das disputas nobiliárias dos visigodos (Akhila,
filho do rei Vitiza contra Rodrigo) ou parte da expansão os
árabes que tinha começado faz 80 anos.
1. Nascimento de Al-Andalus.
Se inserta dentro da expansão árabe pelo norte da África:
Cartago (698) e 700 penetração em Marrocos. Ocupação da
península entre 711 e 755.
a) Controle militar. Campanhas de Tarik, Muza e Abd-al-Aziz.
Facilidade no avanço devido a política de pactos com
aristocracia visigoda. Tentativas de penetrar em território
franco (718), toma de Perpiñán e Narbona em 720, mas não
de Toulouse. Derrota em 732 por C. Martel em Poitiers.
b) Contato com povoação. Predominam as capitulações e os
pactos, em relação aos enfrentamentos. Cristãos e judeus
tinham seus direitos reconhecidos, mas estavam obrigados a
tributar e a reconhecer à nova autoridade.
c) Instalação dos invasores. Conversão da milícia móbil em
classe proprietária agrária. Expropriação de terras da igreja e
de proprietários fugitivos, permitiu a posse de terras pelos
árabes, alem de entrar em parceria com antigos proprietários.
Conflitos entre árabes e berberes devido a situação
privilegiada dos primeiros. Problema de instalação dos
mercenários, se optou por outorgar parte dos tributos a troca
de seus serviços militares.
Conseqüências dos primeiros anos: rápido processo de
islamização e crescente importância das cidades, partindo
primeiro de agrupamentos militares.
2. Relação campo-cidade.
Mosaico social e étnico: árabes, berberes, judeus,
hispanogodos; muladies e mozárabes. Del s. VIII al XI:
a) Diversificação de base étnica. Soma-se os escravos
sudaneses e europeus (eslavos).
b) Migrações exteriores. As contínuas migrações dos
berberes. Mozárabes primeiro migram pás as cidades para
logo, a medida que avança a reconquista, migram
voluntariamente para o norte ou são expulsos.
c) Migrações internas. Fortalecimento das posições sociais
dos árabes frente aos berberes. Abandono destes da zona
norte da península. Ampliação das cidades espanholas:
Córdoba (100 mil), Toledo (37 mil), Granada (26 mil), etc.
Fundação de novas cidades por razões militares: Calatayud,
Calatrava, Madri, Medinaceli, etc. Importância para estas
cidades da prosperidade por causa do ouro sudanês, da
instalação de uma burocracia.
d) Predomínio da cidade sobre o campo. Cidades feitas para
o comercio, divididas em bairros. Não existe autoridade
municipal.
3. O comércio.
Importância das cidades obriga a uma reativação da zona
rural. Se insere dentro do circuito transcontinental islâmico.
a) Predomínio de economia agrícola de tendência autárquica.
Entre 711 e 830 (Abd-al-Rahman II) seja em mãos de
proprietários nativos ou dos árabes, o que se procura é
garantir uma renda da terra através de parcerias e mantendo
aos árabes longe da terra.
b) economia comercial de base monetária. Entre 830 (Abd-al-
Rahman II) a 925 (Abd-al-Rahman III). Concentrações em
cidades. Fomento à exploração de madeira, de produtos
alimentícios como o trigo e o arroz, de sistemas de rego, de
vestidos e culturas de algodão e linho, assim como a seda.
Apertura de circuitos com a França e norte de África, alem do
interno.
c) Fortalecimento de comércio abastecedor de centros
urbanos. Entre 925 e 1008. Aumento da tributação dos
cristãos do norte e da própria população de Al-Andalus.
Importância do Estado como primeiro consumidor e criador
de postos de trabalho.
Crise produto da expansão dos fatimis e do corte do comércio
de ouro.
4. Diversi
Formação da nacionalidade no espaço ibérico.

Importância do século XII dentro do processo de formação de nações


dentro da península. Se desenvolve um processo de apropriação de poderes de
natureza publica e sua utilização na organização e gestão de domínios e
senhorios, principalmente por membros da aristocracia nobre e em áreas próximas
aos centros políticos, em especial Leão. Esse processo se estende também
paulatinamente para a setores inferiores da aristocracia, com uma ligação muito
mais forte com a terra e ocasionando um processo de regionalização política.
Este processo chamado de “revolução feudal” terá como peculiaridades na
península a construção de mecanismos que compensassem essa fragmentação
política se procurasse novas formas de articulação entre os senhores e os reis,
principalmente através de uma estrutura que ligasse ao rei às bases fundiárias,
principalmente com os conselhos que se distribuíam principalmente nas regiões
de fronteira. Nesse sentido a autoridade da coroa se apresenta como menos
dependente dos poderes dos senhores, com os quais estabelece um conjunto de
alianças, e se sustenta sobre sua própria estrutura através da constituição de uma
burocracia e na qual os conselhos o consideram o seu senhor.
Crise depois da morte de Afonso VI de Leão (1109) e com a invasão dos
almoravides, permite apreciar importantes modificações: Primeiro, a
institucionalização dos vínculos feudo-vassálicos que permite uma melhor
estruturação da nobreza, este processo se viu favorecido pela introdução de
modelos francos. Segundo, a consolidação de poderes senhoriais em algumas
cidades. Terceiro, a formação de alianças regionais em Galiza, Leão e Castela que
negociaram com a autoridade regia, principalmente com o governo de sua filha D.
Urraca. Estes conflitos, alem das tentativas das cidades de sacudir-se do jugo dos
senhorios, permitiu que os senhores ganhassem terreno dentro das estruturas
administrativas da coroa, proporcionando uma estabilidade ao frágil reino.
Para J. Mattoso é a partir de do século XII que é possível falar de
“nacionalidades” na península. É com a formação de uma aristocracia senhorial
que se criam condições apropriadas para a articulação de determinadas
autoridades políticas com o espaço ocupado, em que se constituem espaços
regionais diferenciados, produto muito de eles da possibilidade de alianças de
poderes regionais incapazes antes de estabelecer essas uniões.

Emergência de uma unidade política e a conquista da autonomia (1096-1139)


Importância política e religiosa da chegada de cavaleiros e monges francos,
principalmente do mosteiro de Cluny. Raimundo de Borgonha casasse com D.
Urraca, filha de Afonso VI, pelo qual foi nomeado conde de Galiza e Portugal.
Devido a seu desastre para defender o território de condado da invasão
almorávida, é designado seu parente Henrique para apoiá-lo. Devido a seu
desempenho contra os mouros, o rei Afonso entrega sua filha D. Teresa em
casamento e o nomeia conde de Portucale e de Coimbra (1093-1112). No estudo
do governo de Henrique se estabelecem certos problemas historiográficos: sobre
a concessão do condado portucalense era um fato de caráter feudal e
excepcional, prestava vassalagem a Afonso VI e era franco ou borgonhês e sobre
o caráter da separação entre Galiza e Portugal. Na sua administração do condado,
outorgou cartas forais a cidades que tinham importância como centros comerciais
e também cartas de couto a mosteiros e outros domínios senhoriais.
Com a morte de Afonso VI, surgem três partidos diferentes, dois
relacionados a fortes interesses regionais, tanto na Galiza como no condado
Portucale, e um terceiro em Aragão, com Afonso I, que procura atrair-se o apoio e
aqueles que queriam acabar com o jugo de Leão.
Chegada a maioridade de idade de Afonso Henriques, o qual recebe o
apoio da nobreza portucalense que se tinha rebelado contra D. Teresa e os
membros da nobreza galega e do arcebispo de Compostela, que tinham como
planos juntar os condados e Galiza e Portugal num só reino. Batalha de São
Mamede em 1128 e derrota de Teresa. Entre julho de 1139 e maio de 1140, ele
adotou o titulo de rei, data que marca a independência do reino de Portugal.
A monarquia guerreira (1139-1190)
Afonso Henriques, com a mudança de sua sé de Guimarães para Coimbra,
originou uma não dependência política e militar dos senhores do norte que o
tinham apoiado, e recebeu o apoio principalmente dos cavalheiros de Coimbra,
que eram cavaleiros vilãos dos conselhos e comunidades rurais do centro. Estes
setores que não pertenciam à nobreza, dominavam grandes extensões do país
onde o regime senhorial não tinha ainda penetrado, principalmente nas regiões de
fronteiras, o que lhe permitiu a Afonso Henriques contar com uma importante base
de sustentação social que fizesse a contrabalança à nobreza aristocrática do norte
e, além, estabelecer o seu poder estatal nessas novas regiões. Esta ampliação de
seus poderes estatais se viu favorecido pelo caráter urbano da cidade de Coimbra,
que era um importante centro comercial, que lhe asseguro utilizar uma economia
monetária. O caráter fronteiriço de Coimbra e a conquista posterior das cidades de
Santarém e Lisboa, permitiu uma ampliação dos territórios reais e as conexões
entre o norte e o centro e sul, onde territórios com economias diferentes permitem
a ampliação dos fluxos comerciais e o aumento do numero de cidades
importantes. O país se constituirá em torno destas três grandes cidades,
reduzindo a importância da região de Entre Douro e Minho.
Conseqüências da reconquista em tempos de Afonso Henriques: avanço da
fronteira permitiu um equilíbrio demográfico entre as regiões do país, o maior
domínio da economia de caráter urbano e monetário.
Cronologia dos descobrimentos portugueses.

 1415- Toma de Ceuta por D João I.


 1418- Descoberta da ilha do Porto Santo nas ilhas Madeira.
 1424 começa a colonização das ilhas Madeira.
 1427- Descoberta das ilhas Açores, orientais e centrais.
 1434- Gil Eanes dobra o cabo Bojador.
 1441- Viagem ao cabo Branco em que Gonçalo Afonso acompanha Nuno
Tristão. Incursões no Rio de Ouro. Estabelecimento em Lagos do depósito
de Guiné-Minas.
 1443- Nuno Tristão chega a Arguim.
 1444- Dinis Dias descobre o cabo Verde e a ilha de Palma, onde se
cultivará o algodão.
 1445- Álvaro Fernandes ultrapassa o cabo Verde.
 1446- Realizam-se três expedições à Guiné.
 1452- Diogo de Teive descobre as ilhas de Flores e Corvo (Açores
ocidentais).
 1456- Cadamosto descobre ilhas do arquipélago de Cabo Verde. Chegada
a Lisboa do primeiro carregamento de açúcar das ilhas Madeiras.
 1458- Tomada do Alcácer Ceguer.
 1471- João de Santarém e Pedro Escobar vão do golfo da Guiné à foz do
Níger. Conquista de Arzila.
 1482- Construção da fortaleza de São Jorde da Mina.
 1483- Segunda viagem de Diogo Cão à costa africana, durante a qual
atinge o rio Zaire.
 1488- Bartolomeu Dias dobra o cabo da Boa Esperança.
 1497-1499- Vasco da Gama chega à Índia e regressa.
 1500- Pedro Álvares Cabral aporta à costa brasileira.
 1500-1501- Gaspar Corte Real atinge a Terra Nova.
 1511- Francisco Serrão atinge as Molucas.
 1514- Jorge Álvares chega a China.
 1543- Chegada dos primeiros portugueses ao Japão.
Questões de controle de matéria História Ibérica
Prof. Ms. Luis Alberto

1. Em que condições socioeconômicas encontraram a Península os


romanos no momento da invasão?
2. Que tipo de sociedade pode-se encontrar na Península já dentro
do Império Romano?
3. Explique sobre a situação dos camponeses e dos escravos
durante os últimos tempos do Império e os tempos do governo
dos visigodos na Península.
4. Existe ou não uma continuidade entre os romanos e os
visigodos. Explique.
PROVA PARCIAL DE HISTÓRIA IBÉRICA
Prof. Ms. Luis Alberto

1. Uma história das origens, uma história da singularidade, uma história de um


destino. Em que sentido, essas “histórias” podem servir para entender a história
da história de Portugal.
2. Oliveira Martins afirma “…o domínio cartaginês não tem, pois, outro valor
histórico; e é agora, ao despontar da ocupação romana, que a história da
Espanha propriamente começa”. Comente a expressão de Oliveira Martins
pensando na idéia da formação da nacionalidade.
3. Como avalia a idéia de fazer uma “História de Espanha”, uma “História de
Portugal” ou uma “História ibérica” antes do século XII. Relacione em função
das leituras realizadas.
4. Alexandre Herculano afirma “à força de aproveitar algumas verdades e muitas
fábulas, e ao mesmo tempo de atribuir a diversos fatos um valor que eles não
tinham, a gente portuguesa achou-se em breve uma das mais antigas do
universo, descobrindo o seu berço nas cimas do Ararat, de onde os filhos de Noé
desceram a repovoar a terra”. Comente a partir desta crítica a forma de fazer a
história de Portugal desde suas origens.
PROVA FINAL DE HISTÓRIA IBÉRICA
Prof. Ms. Luis Alberto

1. Fale sobre a forma como estava organizada a península antes da


chegada dos romanos. Qual é a importância das influências grega e
romana. Que elementos nativos você destacaria para poder pensar o
problema da ruptura e a continuidade depois da conquista romana.
2. Quais são elementos que se destacam na incorporação da península
ao império, principalmente se comparados com a parte oriental do
Mediterrâneo. Porque com o passar dos séculos é possível falar de
uma sociedade hispano-romana. Qual é a situação dos escravos
dentro da península no período do século II d.c. e que novas forças
aparecem no panorama do Império.
3. Que fatores facilitaram o ingresso dos bárbaros na península. É
possível falar de uma ruptura. Em que elementos é possível falar de
uma continuação. Porque com o passar dos séculos é possível falar
de uma sociedade hispano-goda. Como se organiza essa sociedade
em relação às instituições vassalicas.
4. Que significam os árabes dentro da península. Qual é a importância
do processo de islamização na população da península. Como se
organiza a vida entre cristãos e muçulmanos.
5. Como se desenvolve o processo de formação de Portugal. Qual é o
papel da coroa nessa formação. Qual é o papel dos senhores e dos
conselhos neste processo. As instituições feudais são as que dirigem
o processo de formação do Portugal.
6. Qual é a importância das interpretações sobre o Portugal. Herculano,
Oliveira e Sergio. Qual é o papel dos lusitanos. Porque são
importantes as instituições municipais no processo de formação de
Portugal. Qual é a importância do comercio a longa distancia e dos
estrangeiros. Qual seria a interpretação de Mattoso.

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