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ROMA
Auge de Roma significou um deslocamento do centro de gravidade do mundo
clássico da Grécia para Roma, assim como um dinamismo maior em relação ao
modo de produção iniciado em Grécia. A cidade manteve a sua importância, seu
poder político e sua característica aristocrática. Num processo longo, a nobreza da
Republica, que incluía nos começos só aos patrícios, incorporou, a partir de 366
a.C., aos setores enriquecidos da plebe e principalmente dentro do poder político.
Esse poder lhes permitiu concentrar paulatinamente a propriedade da terra e
converter aos camponeses livres em servos por dividas e apoderar-se das terras
comunitárias ou ager publicas. Roma e outras cidades de Itália conquistadas,
concentraram as grandes massas de proletarii que migravam desde o campo e se
estabeleciam como clientes dos grandes proprietários e comerciantes que
residiam nas cidades principalmente. Ao mesmo tempo a ampliação da cidadania
romana para toda a Itália conquistada, principalmente para os membros das
aristocracias locais, significava uma grande vantagem. Por um lado os proletarii,
elementos sem propriedades e ofícios, começaram a serem integrados como
soldados no exercito romanos e por outro lado, as aristocracias obtiveram como
compensação contingentes de escravos provenientes das conquistas e a
possibilidade de adquirir novas terras em outros territórios.
A Republica romana juntou por primeira vez a grande propriedade com o trabalho
de escravos a grande escala. As guerras de expansão foram as que alimentaram
as necessidades de mais escravos, mas ao mesmo tempo significaram a ruína
dos camponeses livres, que foram mobilizados para as guerras e ao retorno foram
incapazes de manter as propriedades.
A expansão colonial romana enfrentou problemas diferentes na Gália e na
Hispánia, zonas povoadas por populações celtas, com predomínio da propriedade
comunitária e com extensos territórios internos que não tinham sido helenizados.
Em esses territórios foi que apresentou suas vantagens o latifúndio rural
escravista. Para isso foi necessário aproveitar a rede de cidades que tinham
estabelecido as colônias gregas e púnicas, além de estabelecer outras cidades
principalmente no interior. A colonização portanto significava, a diferencia da
colonização nas regiões helenizadas do Mediterrâneo oriental, uma progressiva
romanização. Uma das manifestações desse processo será a expansão do direito
civil romano, principalmente a partir do desenvolvimento do conceito de
propriedade privada, a diferença da idéia de posse, conseqüência da crescente
mercantilização das relações comerciais e da importância dos escravos.
O significado da mudança da República para o Império deve ser entendido como
conseqüência da incapacidade da nobreza citadina romana de dominar um
império de proporções mediterrânicas. Reforma do exercito feita por Augusto:
outorgou terras a soldados desmobilizados, outorgou uma pensão equivalente aos
anos servidos e que era paga com impostos recolhidos das classes possuidoras,
redução dos anos do serviço militar e do número de soldados. O proletariado
urbano foi favorecido com grandes distribuições de grãos, com a construção de
obras publicas nas cidades e com a regulamentação do pagamento dos tributos,
principalmente nas cidades. Melhorou o policiamento nas cidades, se
estabeleceram tribunais de justiça regulares e se deram leis que evitavam os
abusos.
O apoio das aristocracias italianas não romanas ao Império significou a
incorporação destes setores dentro da ordem senatorial. Isso posteriormente se
estendeu a outras aristocracias, principalmente as ocidentais, através da outorga
da cidadania romana por Caracalla em 212 d.C. Esse processo é conhecido como
“provincianização” do poder central dentro do império.
Problemas do modo de produção escravista: não tinha um mecanismo interno e
natural de auto-reprodução, a oferta de mão de obra dependia principalmente da
guerra. A produtividade do trabalho dos escravos era limitada, dependia
principalmente da incorporação de mais trabalho, mas de que em investimentos
de capital, na exploração da terra ou no uso de novas tecnologias ou novas
formas de organização.
Crise do império entre 235 a 284, uma crise política interna e uma crise externa
produto das invasões dos bárbaros. Recuperação a finais do século III do império
baixo a direção de imperadores militares. Diocleciano, em 284, reorganizou o
exercito, restabelecendo o serviço militar novamente e incorporando nas suas
fileiras a bárbaros. Alem disso se reorganizarão as províncias e se estabeleceu um
novo sistema tributário. A crise gerada pelo sistema escravista afetou
principalmente ao ocidente do império, gerando o deslocamento do centro
socioeconômico do mesmo para o Oriente. Mas o mesmo não aconteceria com o
poder militar do império que se deslocou para as regiões fronteiriças,
principalmente para as regiões danubianas e balcânicas, zona que servia de ponte
entre o ocidente e o oriente do império. O poder político continuaria com a
aristocracia latifundiária de ocidente, o seja de Itália, Hispánia, Gália e o norte da
África. Isto significava uma separação entre o poder político do militar.
O imperador Constantino inicia o processo de cristianização do império, processo
que paralelo à ampliação de ampliação do senado, introduzindo novos elementos
nas suas fileiras, significou uma reforma radical do próprio estado. Introdução da
burocracia religiosa cristã dentro do estado significou o aumento do peso
burocrático dentro do próprio estado.
Contração da economia, que não conseguiu recuperar-se da crise atravessada no
século III. Crescimento demográfico se deu só em algumas cidades,
principalmente ligadas a alguma iniciativa política e administrativa; deu-se um
abandono das cidades de setores pobres para dirigir-se aos latifúndios. O
comercio e a industria urbana decaiu e se produz uma tendência à ruralização do
império na sua parte ocidental. Em relação ao trabalho escravo, este começou a
decair na sua importância e foi adscrito à terra. Os escravos foram locados em
terrenos perto da finca do proprietário, enquanto que as terras periféricas foram
divididas em parcelas e distribuídas aos servos, os quais as tinham a troca de dar
ao proprietário uma parte do produto da mesma. Aparição do colonus, arrendatário
camponês, dependente da propriedade do senhor, que pagava a troca da parcela
de trabalho rendas em espécies ou/e em trabalho. Ao mesmo tempo, os latifúndios
patrocinaram ou deram proteção às aldeias de pequenos produtores e parcelas de
pequenos arrendatários. O imperador Diocleciano adscriviu os arrendatários a
suas aldeias e dependentes dos grandes proprietários. Valentiniano I proibiu a
venda de escravos agrícolas separados da terra que trabalhavam. A escravidão
diminuiu, mas existiu um deslocamento da importância dos escravos, dos
latifúndios para o estado, e manteve a sua importância nos latifúndios ocidentais
do império. O importante é centrar a atenção na progressiva importância do
colonato como sistema econômico articulado na relação entre o produtor rural
dependente, o senhor e o estado. Na primeira metade do século IV aumentaram
os impostos sobre a terra, sobre os camponeses livres e arrendatários, ao tempo
que aumentaram as taxas fiscais urbanas e a Igreja era isenta das mesmas, ao
tempo que esta somava na conta do estado sua carga burocrática.
No século IV surgem com mais forças um conjunto de rebeliões camponesas no
ocidente, principalmente na Gália e na Hispánia. Estas rebeliões tiveram como
base social grupos de escravos fugitivos e de coloni arruinados e foram
mobilizações tanto contra o decadente sistema escravista como contra o colonato.
SOBRE O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO
(segundo Blázquez)
Para Mommsen (O mundo dos cézares, História de Roma), Espanha foi o território
do Império que sofreu com maior força o processo de romanização, ainda que não
de forma homogênea, sendo de cima para baixo. Para L. Pareti (Storia de Roma),
afirma que se bem não foi um processo rápido, mas foi profundo. Para este último
autor, as causas de essa romanização se deveram à presença do exercito
romano, à instalação de centros urbanos itálicos e logo depois de colônias, à
concessão da cidadania romana, à administração, a construção de vias, o uso do
latim. Já para Blázquez, se devem somar a essas causas às relações dos
indígenas com os romanos dentro do próprio exercito, o comércio e o papel de
certas personagens. Tem de ser destacado esse processo de romanização não é
um processo que se restringe só ao período do império, mas ele continua ainda
depois da queda do mesmo, como afirma Martinez Santa-Olalla
O direito à cidadania.
No caso da Península, a aparição da outorga da cidadania está ligada ao
processo da conquista, ainda que num numero reduzido, onde se outorga a
cidadania a membros escolhidos dos nativos com a finalidade de garantir o seu
apoio nas guerras contra os cartagineses e estabelecer alianças duradouras. Logo
depois, ela se encontra associada às guerras civis e a constituição de partidos
contrários. César outorga a cidadania a seus aliados hispanos, alem de outorgar-
lhes cargos administrativos. No caso da Bética, é alto o numero de cidadãos
romanos nessa província, como no caso de Cádiz que se destacava por seu alto
número de cavaleiros romanos.
Para Blázquez os meios mais poderosos do processo de romanização no século I
foram a fundação das cidades, a presença de muitos romanos e a concessão do
status jurídico romano. Para ele, a romanização constitui uma enorme vantagem
para os nativos.
O latim
Já a partir do século II a.C. é comum encontrar documentos escritos em latim na
Península. Principalmente é nas regiões do sul e de leste onde se encontram as
evidências do uso do latim nas cidades. São os comerciantes também membros
importantes na difusão da língua, que se evidencia na não acunhação de moedas
bilíngües a partir de 45 a.C. Também na interiorização do comercio foi importante,
porque foi através do latim que se estabelecia os contatos com os indígenas para
realizar as compras dos produtos.
AS INVASÕES
Conseqüências:
(1) prolongação da situação que já se desenvolvia no espaço romano desde
finais do s. II, que é a constituição de um regime senhorial.
(2) A impossibilidade dos povos invasores de aproveitar-se da estrutura de
governo do Império romano, em questões como as comunicações.
(3) Aparição e consolidação da Igreja através de um processo de
evangelização.
Entre 500 a 700, sobre a sociedade dos visigodos ela pode ser caracterizada:
(1) progresso da grande propriedade como unidade de produção. Seus
proprietários são nobres visigodos e hispanorromanos, mas também a
igreja e os mosteiros. Produção orientada ao consumo.
(2) Escassez do comercio interior e debilidade do exterior. Ainda contando com
as calçadas romanas, o comercio não fluía devido à escassez de
mercadorias, desestimulado por uma produção para o próprio consumo.
Esta situação levava também ao domínio de parte de outros estados das
rotas comerciais que antes eram utilizadas.
(3) Empobrecimento do consumo interno devido ao pouco interesse por
consumir produtos mais sofisticados.
A própria segurança que estava obrigado a proporcionar aos homens, fazia com
que se viesse obrigado na necessidade de constituir um próprio exercito,
principalmente com homens que não tinham nenhuma relação com a terra ou com
outros senhores.
Teoria de Isidoro de Sevilha sobre o Estado. Para ele os reinos unidos pela fé não
constituem necessariamente um Império, mas constituem a Igreja. Aos príncipes
correspondem apoiar aos sacerdotes em questões que eles não conseguem impor
pela predicação. Portanto, o poder dos reis se subordina ao poder da Igreja e
passa a cumprir tarefas de evangelização.