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conduzem, de forma implícita ou explícita, as ações na comunidade dos cientistas
sociais. Nesse sentido, Gerring defende que uma abordagem unificada seria útil
para estabelecer um “chão” relativamente comum, que sirva de base para o trabalho
e a reflexão dentro do campo de estudos de Metodologias das Ciências Sociais.
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Para isso, o autor faz orientações específicas, divididas em sessões, e se vale de
verbos de ação para conduzir tais orientações. Assim, para se “achar uma questão
de pesquisa” é importante que o(a) cientista social: Estude a tradição; Comece de
onde está; Saia do próprio “quintal” (no sentido de explorar outras áreas com as
quais não esteja tão familiarizado); “Brinque” com as ideias; Pratique a descrença;
Observe enfaticamente; Teorize amplamente; Pense adiante e Conduza análises
exploratórias.
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Assim, questões relativas ao desenho de pesquisa são consideradas
primárias, enquanto as questões relativas à análise de dados são consideradas
secundárias (Idem, Ibidem, p. 79). Uma analogia médica feita por Gerring é a de que
o Desenho de Pesquisa seria uma prevenção a uma doença, enquanto a Análise de
dados seria a tentativa de cura. A conclusão para tal analogia seria que um Desenho
de Pesquisa ruim não pode ser concertado por uma Análise de dados boa.
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Pesquisa Qualitativa” (tradução livre). Essa obra trata sobre pesquisa nas ciências
sociais, mais especificamente sobre o desenho de pesquisa, dentro do campo de
Metodologia de Pesquisa. Foram trabalhados, na disciplina, os quatro primeiros
capítulos da obra, os quais buscaremos explorar aqui.
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9), portanto o conteúdo são as regras, não o assunto em si, uma vez que qualquer
assunto tem a possibilidade de ser pesquisado cientificamente.
Em segundo lugar, KKV afirmam que, para nos certificarmos de que uma
teoria é falseável, devemos escolher uma teoria que seja capaz de gerar quantas
implicações observáveis forem possíveis, o que possibilitará uma maior variedade
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de dados, além de contribuir para a construção de evidência mais forte para a teoria
em questão (Idem, Ibidem, loc. cit.).
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Em Inferência Descritiva King, Keohane e Verba distinguem os termos
“Interpretação” e “Inferência”. Na Interpretação se buscaria resumos precisos de
detalhes históricos, alocando os eventos em um “contexto inteligível no qual o
significado das ações se torna ‘explicável’” (Idem, Ibidem, p. 36), como uma forma
de compreensão dos aspectos intencionais do comportamento humano. Nesse
sentido, os autores defendem que se faça uma “imersão cultural profunda” antes de
se formular as Questões de pesquisa, mas argumenta que a Inferência é um método
científico, não um método emocional, devendo, portanto, ser conduzido como tal,
para que se obtenha eficiência. Os autores defendem, ainda, a necessidade de se
distinguir quais eventos são sistemáticos e quais não o são, pois caso isso não seja
feito, há o risco de que “as lições da história se perderão, e nós não aprenderemos
nada sobre quais aspectos do nosso assunto são mais prováveis de persistirem ou
de serem relevantes para estudos ou eventos futuros” (Idem, Ibidem p. 63).
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pesquisador souber o caminho que percorreu para obter seus dados, será mais fácil
transpor os problemas gerados e seguir a diante na análise de dados ou mesmo na
coleta de novos dados.
Para tanto, o autor parte de Interesses e ideias para pesquisa: exemplos para
demonstrar de que forma os interesses ou vivências pessoais do(a) pesquisador(a)
podem se tornar Questões de Pesquisa, por meio dos exemplos concretos. Em
seguida, no tópico Assumindo uma perspectiva de pesquisa, Flick afirma que o
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passo que se segue à ideia para a pesquisa é o de assumir uma perspectiva, ou um
lugar de fala, no sentido de ponto de vista, dentro da pesquisa.
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Assim, há diferentes caminhos que podemos seguir para uma definição bem
sucedida da questão de pesquisa. Flick propõe dois caminhos: um deles seria
começar pela definição e formulação da pesquisa, seguida por sua devida aplicação,
por meio do trabalho empírico, de forma a obter uma resposta. O outro seria
começar com uma observação mais geral, seguida pelo direcionamento da pergunta
de pesquisa durante seu desenvolvimento (FLICK, 2007, p. 41).
Por fim, o autor faz uma conclusão do capítulo, na qual afirma que os passos
apresentados “são importantes para fazer funcionar um desenho e um estudo no
caso concreto”. Além disso, defende que “se deve planejar e escolher uma
perspectiva de pesquisa, e fazer o trabalho necessário na fase de planejamento de
seu projeto” (Idem, Ibidem, loc. cit.).
De acordo com Uwe Flick, Miles e Huberman (1994, p. 16-18) propõem outra
forma de distinção para os desenhos de pesquisa, de importante relevância. Tal
distinção seria entre Desenhos de Pesquisa rígidos e Desenhos de Pesquisa mais
amplos, possuindo cada um dos tipos suas devidas vantagens, conforme o projeto
concreto e as circunstâncias (FLICK, 2007, p. 45). Nesse sentido, os Desenhos de
Pesquisa rígidos teriam como principal característica as perguntas fechadas e
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restritas (respostas em sim ou não) e procedimentos de seleção de dados pré-
estruturados.
Ainda em relação à amostragem, Flick busca mostrar que esta pode tratar de
diferentes níveis, podendo abranger lugares, pessoas, eventos, grupo, materiais,
casos etc., a depender da pergunta de pesquisa e dos métodos aplicados. A nível de
conclusão, Flick afirma que “Resumindo, a amostragem é um passo crucial no
desenho da pesquisa qualitativa, dado que é aquele em que se reduz o horizonte
potencialmente infinito de materiais e casos possíveis para seu estudo a uma
seleção administrável e, ao mesmo tempo, justificável.” (Idem, Ibidem, p. 52).
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importante papel enquanto instrumento de pesquisa, sendo o “principal instrumento
para planejar a pesquisa e garantir a qualidade de seus resultados” (Idem, Ibidem,
loc. cit.). Para corroborar com esse argumento, Flick menciona Ragin, que afirma
que:
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padronização e ao controle da situação de pesquisa e às influências que ela sofre”
(FLICK, 2007, p. 87), de forma a possibilitar que o pesquisador controle e exclua
influências perturbadoras, de fora ou do próprio viés do pesquisador.
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dados; Estimular perguntas e respostar provisionais; Permitir rotulação provisória de
conceitos, se proveitoso; Descobrir as propriedades e dimensões das categorias.
As principais formas seriam a “análise linha por linha”, que possibilitaria uma
codificação teórica, uma análise “de uma frase ou parágrafo inteiro”, quando há
várias categorias e o pesquisador quer categorizar em relação a elas, e “ler o
documento inteiro e perguntar o que está acontecendo”, ou seja, tentar ter uma
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visão ampla do que está acontecendo para tentar encontrar categorias que
classifiquem adequadamente os dados que se tem.
Por último, Anselm Strauss e Juliet Corbin trazem uma seção de nome
Redigindo notas de codificação, na qual fornecem dicas de como registrar por
escrito, ou transcrever, o processo de codificação. Esse processo pode envolver,
por exemplo, memorandos e alguns programas de computador. O importante é que
cada pessoa deve encontrar qual o sistema se adequa mais às suas necessidades
ou preferências.
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categorias. Afirmam que a integração vai desde os primeiros passos da análise até o
final da redação, e que diversas técnicas podem ser utilizadas para facilitar tal
processo. Após destacado o esquema teórico, a teoria poderá ser refinada, e a
validação será feita por meio da comparação com dados brutos ou de sua
apresentação aos informantes / participantes, sendo que as reações mostrarão a
validade da teoria.
Babbie afirma que é comum que a análise de dados seja considerada mais
empolgante e desafiadora do que o desenho do survey e a coleta de dados, e
defende que, embora concorde com esse pensamento, o desenho e a coleta de
dados devem receber atenção especial, e que é de fundamental importância
escolher um desenho de pesquisa que se adeque às necessidades de cada
pesquisa, observando suas especificidades (BABBIE, 2003, p. 101).
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empírica, há muitos tipos de survey, podendo incluir, segundo o autor, censos
demográficos, pesquisas de opinião pública, pesquisas de mercado, estudos
acadêmicos, entre outros. Os objetivos do capitulo residem em: Discutir os possíveis
objetivos da pesquisa survey; examinar o conceito de unidade de análise; Fornecer
uma visão geral das estratégias disponíveis para que a pesquisa survey atinja sua
finalidade.
Babbie defende que, embora apresentados alguns tipos de survey, esses não
se esgotam, podendo ser realizadas adaptações nos tipos. Além disso, o desenho
de pesquisa geralmente se constitui de uma combinação de diferentes tipos de
survey, de forma a adaptar a que melhor se encaixa nas necessidades de cada
pesquisa.
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da universidade do Havaí; 2) Amostragem por conglomerados de professores de
escolas de medicina nos EUA; 3) Amostra por conglomerados de mulheres de
igrejas episcopais no norte da Califórnia; 4) Amostra complexa de área, projetada
para um survey de residências em Oakland, Califórnia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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